Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Sumário Introdução 1 - BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA .......................................................................... 5 2 - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................................................... 7 3 - PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO .................................................................... 10 3 -1 Fatores internos que contribuem para a modificação do comportamento ............... 11 3 -1-1 Maturação ..............................................................................................................................11 3 -1-2 Maturidade social .................................................................................................................12 3 -1-3 Maturidade intelectual ..........................................................................................................12 3 -1-4 Maturidade emocional ...........................................................................................................13 3 - 2 Fatores externos que contribuem para a modificação do comportamento ............ 14 3 - 2-1 Ambiente social ....................................................................................................................14 3 - 2-2 Alimentação ..........................................................................................................................14 3 - 2-3 Preservação da natureza ....................................................................................................15 3 - 3 Fases do desenvolvimento humano ....................................................................... 15 3 - 3-1 Período pré natal ..................................................................................................................16 3 - 3-2 Período do recém-nascido ..................................................................................................16 3 - 3-3 Período da Infância ..............................................................................................................17 3 - 3-4 Puberdade - ..........................................................................................................................17 3 - 3-5 Adolescência ........................................................................................................................17 3 - 4 Princípios do desenvolvimento ................................................................................ 18 3 - 4-1 O desenvolvimento como processo contínuo ....................................................................19 3 - 4-2.As sequencias céfalo caudal e próximo distal ...................................................................19 3 - 4-3 Das respostas gerais às específicas ..................................................................................19 3 - 4-4.O ritmo de desenvolvimento................................................................................................20 3 - 4-5 Complexidade e inter relação de aspectos do desenvolvimento .....................................20 3 - 5 Desenvolvimento físico e motor ............................................................................. 20 3 - 6 Desenvolvimento emocional e social ........................................................................ 22 3 - 7 Desenvolvimento da personalidade em Freud ....................................................... 23 3 - 8 Estágios de desenvolvimento da personalidade .................................................... 27 3 - 8-1 Fase oral - (O a 18 meses) ...................................................................................................27 3 - 8-2 Fase anal (18 meses a 3 anos) ..........................................................................................28 3 - 8-3 Fase fálica (3 a 6/7 anos) ....................................................................................................28 2 3 - 8-4 Fase de latência (7 a 12 anos)............................................................................................29 3 - 8-5 Fase genital (12 anos até a idade adulta) ..........................................................................29 4 - DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ............................................................................. 31 4 - 1 Estágio da Inteligência sensório-motora................................................................. 32 4 - 2 Estágio da Inteligência intuitiva ou pré-operatório .................................................. 33 4 - 3 Estágio Operatório Concreto ................................................................................ 35 4 - 4 Estágio das Operações Formais ............................................................................. 37 5 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ....................................................................... 41 5 - 1 Principais teorias da aquisição da linguagem ......................................................... 42 5 - 2 Estágios do desenvolvimento da Linguagem ........................................................ 42 6 - PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E SUAS DIFERENTES CONCEPÇÕES ............ 45 6 - 1 Inatismo .................................................................................................................. 45 6 - 2 Ambientalismo ou empirismo ................................................................................... 46 6 - 3 Interacionismo ........................................................................................................ 47 7 - TEORIAS DA APRENDIZAGEM .................................................................................. 49 7 - 1 Behaviorismo .......................................................................................................... 49 7 - 2 Teoria da Gestalt .................................................................................................... 51 7 - 3 Teoria cognitiva ...................................................................................................... 53 8 - Incentivação e motivação ............................................................................................. 55 8 - 1 Incentivo ................................................................................................................. 55 8 - 2 Motivação .............................................................................................................. 56 9 - DESENVOLVIMENTO E LINGUAGEM NA VISÃO DE VYGOTSKY............................ 60 10 - INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS.................................................................................... 63 11 - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ...................................................................... 65 11 - 1 Dificuldades na linguagem oral ............................................................................ 67 11 - 2 Dificuldade na linguagem escrita ......................................................................... 68 11 - 3 Dislexia ................................................................................................................ 68 11 - 4 Discalculia ............................................................................................................ 70 11 - 5 Hiperatividade ...................................................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 72 3 INTRODUÇÃO Pesquisas revelam que os profissionais da área educacional sentem dificuldades, que são enfrentadas, pela maioria das instituições escolares, quando se trata de garantir aos alunos a igualdade de oportunidadesno processo de aprender. E para que esse processo da aprendizagem seja satisfatório, faz-se necessário levarmos em consideração as experiências de vida dos nossos alunos, suas características psicológicas, e ainda, socioculturais, que o transformam num ser individual, único, um ser qualitativamente diferente dos outros, tanto pela sua capacidade de assimilação, quanto pela apropriação das suas experiências acumuladas no decurso da história social, e ainda, na história de cada um. Quanto mais conhecimentos, nós, educadores, tivermos sobre a educação e desenvolvimento, ou aprendizagem e desenvolvimento, maiores serão as chances de melhoria das práticas pedagógicas e atuação docente em sala de aula. O objetivo aqui não é apresentar um conjunto de práticas de ensino, materiais e informações teóricas como uma receita pronta, dizendo o que fazer em sala de aula para ser um bom professor, mas sim fazer um estudo da maneira pela qual acontece o desenvolvimento e a aprendizagem, refletindo sobre como construir na interação de nossos alunos no ambiente concreto. Tendo consciência da importância das nossas ações, e acreditando que a educação e o ensino não devem esperar apenas pela maturação das funções psíquicas, mas sim estimular e promover o desenvolvimento de nossos alunos, numa visão consciente de mundo. Na construção desses fundamentos, a Psicologia contribui com alguns de seus ramos. A Psicologia do desenvolvimento esclarece quanto à sucessão das fases da vida, especialmente quanto às características da infância e adolescência. Já a Psicologia da personalidade aprofunda questões relativas ao modo de ser da pessoa, como se organiza e como funciona o chamado psiquismo. A Psicologia da aprendizagem traz sua contribuição quanto ao modo como as pessoas aprendem, as condições necessárias para uma boa aprendizagem, o que aprendem e o que fazem as pessoas com o que aprendem.. O indivíduo que você for estudar dentro da Psicologia de aprendizagem é o mesmo que você verá em processo de desenvolvimento, e o mesmo que estrutura sua personalidade dentro de processos evolutivos, É um ser que aprende, desenvolve e que 4 se constrói. Esse enorme campo de estudo precisou ser abordado de forma sucinta, devido à dinâmica do nosso curso EAD. Contamos com você, para que persistentemente, busque sempre mais e amplie os conhecimentos que estamos abordando. O único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender; que aprendeu como se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum conhecimento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento oferece uma base de segurança. Carl R. Rogers Vamos refletir.... Todos nós sabemos da grande importância que a escola assume na vida das crianças, e de como essa escola, pode afetar no desenvolvimento emocional, cognitivo e social, na formação de cada indivíduo. Baseando-se nesta afirmação, reflita e elabore um texto sobre sua opinião do que seja: Uma escola ideal Uma sala de aula ideal Um professor ideal Ao final do estudo de Psicologia da educação, retome o seu texto, e observe o que você acrescentaria ou mudaria nele. 5 1- BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA Vejamos, em linhas gerais, que na história do conhecimento humano, desde a antiguidade até hoje, na era da informática, foram de grande valia e bastante variadas as participações no campo,visando de compreender o processo evolutivo do ser humano. O período prolongado de tempo e teorias tornam difícil destacar e descrever toda a história da ciência e do conhecimento humano, sem que uma simplificação signifique comprometimento dos fatos. Mas, onde realmente se situa o início da história da Psicologia? Alguns pesquisadores da história começaram com os filósofos gregos, cinco séculos A.C. Sócrates, Hipócrates, Platão, Aristóteles, entre outros, iniciaram questionamentos sobre a natureza do ser humano. Levaríamos uma grande parte de tempo estudando e analisando essas indagações filosóficas sobre o "ser humano", que não deixa de ser de suma importância para a compreensão das complexas questões que definem a Psicologia hoje. O termo Psicologia tem origem grega "PSYQUÉ" e significa alma e logos, ou. seja, razão e estudo, ou ainda, estudo da alma, pois, para os gregos, a alma seria pensamento, desejo, amor, ódio, sensação e percepção. Sócrates evidencia a razão como uma das principais características do ser humano. Todo o seu trabalho não teve apenas o objetivo intelectual, o que pretende usando a máxima: "Conhece-te a ti mesmo" e o caminho das virtudes humanas. Platão, contemporâneo de Sócrates, concorda com sua teoria e desenvolve a dialética de Sócrates, definida como sendo um "contínuo discurso consigo mesmo". Platão defende a ideia de que o lugar da razão é na cabeça, e que na cabeça estaria a alma humana. Surgem as teorias platônicas (alma imortal e separada do corpo). Já para Aristóteles, a alma e o corpo não podem estar separados, e a "psique" seria o elemento ativo da vida, valorizando a razão no controle dos sentidos e das paixões. Suas teorias são denominadas Aristotélicas (alma mortal e ligada ao corpo). Ao final do estudo do capítulo você deverá ser capaz de : § Avaliar a contribuição dos filósofos gregos para as reflexões sobre o ser humano. § Identificar a origem do termo Psicologia § Apontar a época e o porquê a Psicologia se torna independente dos seus antecedentes filosóficos § Conceituar Psicologia. 6 Porém, a Psicologia só se tornou realmente ciência no século XIX, quando o homem utilizou a sua observação e a experimentação para um estudo mais científico da natureza humana, só então, a Psicologia ganhou independência dos antecedentes filosóficos. Para se tornar independente da filosofia, a Psicologia necessitou desenvolver métodos de estudos e técnicas para adquirir clareza e objetividade nas suas problemáticas, e, definida como a "ciência do comportamento" consegue conquistar sua independência, já no início do século XX. Durante algum tempo, predominou, nesta nova ciência, as ideias do alemão Wundt, que determinaram os métodos e objetivos, reunindo várias linhas de pensamentos que tinham forte influência da filosofia. Fonte:http://caminhodaPsicologia.webnode.com.pt/wundt/ acesso em maio 2014 Em poucos anos, começaram a surgir novos pensamentos de muitos e diferentes pontos de vista, constituindo diferentes escolas de pensamento. Essas escolas eram grupos de psicólogos que se reuniam para trabalhar por problemas comuns referentes à Psicologia. Surgem, então, várias teorias psicológicas do desenvolvimento e da aprendizagem. Atualmente a Psicologia é entendida como a ciência que estuda a personalidade, o comportamento, os fenômenos psíquicos, sempre centralizado no homem, visualizando- o de forma sistêmica. No princípio era o Verbo... É o pensamento que tudo cria e produz? Seria preciso pôr: No princípio era a Força... O espírito vem em meu auxílio! Vejo de súbito a solução e escrevo com segurança: No princípio era a Ação. (Goethe) 7 2-PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO A Psicologia da educação é um veículo a partir do qual se pode potencializar o desenvolvimento pedagógico, assim como o desenvolvimento moral e intelectual de pessoas criativas, cooperativas, autônomas e solidárias. Utilizar os princípios dos conhecimentos que a Psicologia da educação oferece constitui-se em uma das bases necessárias para o desenvolvimento e eficiência no processo educativo. O conhecimento científico psicológico ajudaa garantir as interações humanas na escola, com o intuito de viabilizar a socialização e as condições favoráveis na formação do aluno. A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais: § Compreensão do aluno O professor tem a missão principal de educar os seus alunos, contribuir através da influência de sua personalidade, estabelecendo com eles uma ligação afetiva, percebendo suas necessidades e características individuais e seu desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social. Ao final do capítulo você deve ser capaz de : § Identificar na tarefa de compreensão do aluno e do processo ensino aprendizagem os dois aspectos principais tratados pela Psicologia da educação § Valorizar as atitudes positivas do educador na condução do processo de ensino aprendizagem. § Refletir sobre o papel do educador para o aluno e a sociedade 8 § Compreensão do processo ensino-aprendizagem O professor precisa não só conhecer seu aluno, mas também compreender no processo ensino-aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou prejudicam a aprendizagem, de que maneira o aluno consegue aprender com mais eficiência, assim como perceber e fortalecer os vínculos entre aluno, professor, escola, família e meio social. Sendo assim, fica evidente a importância do papel que o educador assume na construção do desenvolvimento da aprendizagem, na vida de cada aluno. Percebe-se, então, que dominar conteúdos e ter eficiência no processo de ensino- aprendizagem são características muito valorizadas pelos alunos. Porém é de suma importância a vinculação criada em toda construção desse processo. Educadores pacientes, com atitudes democráticas e cooperadoras, que participam de atividades extraclasse as quais proporcionam oportunidades de conhecer melhor seus alunos, têm mais probabilidade de ser bem sucedidos em seu desempenho escolar. As atitudes positivas do educador levam o indivíduo não só a uma maior independência interna e autoconfiança, bem como contribui para desenvolver suas habilidades e conhecer as próprias características e os seus próprios limites.O professor não é mais visto como o dono da verdade, como mostrava a tão ultrapassada escola tradicional. Hoje o educador deve ser o mediador do conhecimento, com atitudes positivas, sem preconceitos. O professor deve ter a consciência de que ele é visto, pelos seus alunos, como um exemplo de conduta, de posturas, e principalmente como um modelo que, muitas vezes, se identifica com o professor. O professor deixou de ser o mero transmissor do conhecimento, pois o educador aprende enquanto ensina, e o aluno, enquanto aprende, também ensina. É imprescindível também que o professor tenha uma formação sólida e consciente, dada a complexidade do seu trabalho. No entanto, sabemos que o educador, muitas vezes, não recebe incentivo necessário para aperfeiçoar-se, muito menos para suprir suas necessidades básicas para o ensino, que são os recursos didáticos. Com isso, o professor fica sujeito a condições de trabalho muito precárias, ocorrendo uma contradição entre a necessidade de formação que se exige e as condições oferecidas para a prática da atuação profissional. Não havendo, no entanto, formas específicas e milagrosas de como acertar a situação do professor brasileiro, espera-se, pelo menos, que os professores tenham como princípio o hábito de refletir sobre o seu próprio trabalho, aprofundando seus 9 conhecimentos teóricos, com vistas a tornarem-se agentes transformadores e facilitadores da aquisição do conhecimento. Texto para reflexão A arte de ser professor.... Ser professor é ser artista, malabarista, pintor, escritor, doutor, psicólogo; é ser pai, mãe, irmão, avô, avó...só? É ser palhaço, bagaço, é ser paciência, ciência, informação, ação, Para uns é o próprio Cristo; para outros, o demônio. Para estes, mal visto; para aqueles, um santo. Ser professor...é ser bússola, farol, sol, luz. É impelir para o bem. Incompreendido? E muito. Defendido? Nunca. Seu filho passou de ano?... Claro, é um gênio, não passou? Foi o professor que não ensinou. Pra que ser professor? É um vício? Uma vocação? É uma e outra coisa. É ter nas mãos o mundo de amanhã. É ter nas mãos o mundo e não ter nada. Amanhã os alunos se vão e ele, o professor, fica de mãos vazias. Ainda há esperança, olhos voltados para a estrela-guia, de que, no início do próximo ano, nova turma povoará a sala de aula. Aí, novos olhinhos, ávidos de cultura. E ele, o mestre, o professor, vai ensinando - semeando - com toda ternura. Nas novas cabecinhas, que, amanhã, brilharão no firmamento da pátria...fica, fica sim, uma enorme saudade, e uma grande amizade... Ao professor, o pagamento real? Só na eternidade! Fonte do texto: http://mailisa-criativa.blogspot.com.br/2011/10/arte-de-ser-professor.html-Acesso em maio 2014 Segundo o poema não é nada fácil ser professor, um profissional muitas vezes desvalorizado, incompreendido! Mas será que ser professor é mesmo uma vocação? Professor é amor? Registre a sua opinião sobre o tema. 10 3-PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Para entendermos como a aprendizagem acontece no indivíduo, é necessário compreender como o ser humano se desenvolve. É no trabalho como professor que você perceberá a cada momento a importância do conhecimento das linhas gerais de desenvolvimento para todo o processo de formação do alunado e do ensino- aprendizagem. Essa área do conhecimento da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano, desde o seu nascimento até a fase adulta, em todos os seus aspectos: físico, motor, intelectual, afetivo, emocional e social. A abrangência deste capítulo será grande,em decorrência do tema. Desde Rousseau, a criança não é mais vista como um adulto em miniatura.Ao contrário, a criança apresenta características próprias em cada idade, e estudar o seu desenvolvimento significa conhecer essas características em cada faixa etária. Quando passamos algum tempo sem ver nossos alunos, notamos seu crescimento e a mudança de sua aparência, enquanto que os pais, que estão envolvidos com seus filhos no dia-a-dia, acabam não percebendo tais mudanças, resultantes principalmente da maturação física do organismo e que ocorre de forma lenta e contínua. A maneira da criança pensar, o seu comportamento, a sua convivência social, o conhecimento dos conteúdos escolares são mudanças que também ocorrem, resultantes, em sua maior parte, da construção da aprendizagem. É muito comum, nós, adultos, exigirmos das crianças comportamentos e respostas a determinadas situações impróprias para sua faixa etária. Precisamos nos colocar no lugar da criança e respeitar cada idade, porque, para cada fase de desenvolvimento infantil, existem padrões de comportamentos apropriados. O que uma criança faz em cada idade? Por que faz isso nessa idade? São questionamentos que normalmente são feitos no contexto educacional, assim como no contexto familiar. Uma criança com três ou quatro anos pode falar "consego" ao invés de consigo, de acordo com os padrões dos adultos. Essa maneira de se expressar pode ser considerada imatura, isto é, o indivíduo é maduro na medida em que se comporta adequadamente conforme sua faixa de desenvolvimento, entretanto pode não ser imaturo de acordo com Ao final do capítulo você deverá ser capaz de : § Identificar fatores internos e externos de modificação do comportamento § Citar e caracterizar as fases de desenvolvimento do ser humano § Indicar os princípios do desenvolvimento humano § Caracterizar o desenvolvimento físico,motor,emocional e social § Reconhecer a importância de Freud nosestudos sobre o desenvolvimento da personalidade § Identificar os estágios de desenvolvimento da personalidade. 11 os padrões infantis. Um comportamento é maduro, na medida em que for igual ao comportamento da grande parte das pessoas que têm a mesma idade. Assim,por exemplo, dizer "Onde você vamos?" aos três anos de idade é um comportamento maduro, pois a maioria das crianças dessa faixa etária pode falar dessa maneira, enquanto que aos nove anos isso representaria um comportamento imaturo. De acordo com a nossa cultura, um jovem de dezessete anos que interage com os outros por meio de empurrões e brincadeiras desagradáveis pode ser considerado um rapaz imaturo em termos de desenvolvimento social, portanto, maturidade, em termos psicológicos, é o nível de desenvolvimento em que a pessoa se encontra, em comparação com as outras da mesma idade, nos aspectos intelectual, social, emocional e físico que devem estar intimamente relacionados e coordenados. O ser humano modifica o seu comportamento de acordo com o crescimento do organismo, principalmente sob a influência de fatores internos e externos. 3-1 Fatores internos que contribuem para a modificação do comportamento 3-1-1 Maturação A maturação é um fator interno importante que influi no desenvolvimento. Esse fator consiste nas mudanças do organismo, determinadas de dentro para fora, como exemplo, aumento de altura, tamanho dos órgãos, desenvolvimento das habilidades de correr e andar, que permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que anteriormente não possuía. Um fato bem claro que comprova isso é a possibilidade de descobertas de uma criança, quando ela começa a engatinhar, andar e correr, em relação a quando essa criança estava no berço com alguns dias de vida. Um comportamento precisa, além da maturação interna, interagir com o meio para se desenvolver com harmonia. Pais e professores deveriam aproveitar mais cada momento de aprendizagem e maturidade da criança para incentivar e mediar. Uma criança de dois anos pode apresentar-se superativa por ter uma sede ilimitada de conhecimentos; é necessário dar oportunidades de saciar esses conhecimentos, pelo menos por certo tempo ela pode tender a ficar menos agitada. Quando citamos a maturação, não estamos nos referindo apenas à maturidade física, biológica, existem outros tipos de maturidade que acontecem em decorrência do outro, de forma sistêmica. 12 Nenhum desses aspectos da maturidade podem ser esquecidos pela escola, que pode e deve proporcionar aos alunos oportunidades para seu desenvolvimento como um todo. 3 -1- 2 Maturidade social Segundo Pereira(2003) citando Mouly as características de uma pessoa considerada socialmente madura são as seguintes: a) relativa liberdade com relação ao domínio de seus pais e colegas, e já não procura a segurança através da dependência infantil, nem apresenta as explosões e a rebeldia do adolescente; b) não apenas aceitação da responsabilidade pelos seus atos e por sua pessoa, mas também pelos outros; c) sensibilidade social, de forma a poder integrar suas necessidades e ações com as necessidades e direitos dos outros, além de ser capaz de comunicar-se de maneira eficiente para permitir harmonia e ação eficientes em situações sociais; d) capacidade de enfrentar várias situações, sem sacrificar seus valores básicos e padrões de conduta, apenas para "ser aceito"; e) ajustamento sexual, pois é motivado pelos aspectos morais do sexo, e não apenas pelos aspectos biológicos, têm muitos amigos íntimos de ambos os sexos; f) capacidade de avaliação crítica das questões, a partir de seu efeito a longo prazo,sobre o grupo e sobre si mesmo, e não de um ponto de vista egoísta; g) capacidade de participação efetiva de relações sociais, mas mantém o nível de participação compatível com sua personalidade, seus recursos e suas necessidades, bem como com as necessidades do grupo. 3-1- 3 Maturidade intelectual Alguns psicólogos entraram em acordo no que se refere aos aspectos do desenvolvimento mental. Vejamos esses aspectos segundo Mouly (1966). a) O desenvolvimento mental envolve a ampliação dos horizontes intelectuais, temporais e espaciais. Com o desenvolvimento, o indivíduo torna-se sempre mais capaz de compreender e de pensar o passado, o presente e o futuro. A criança pequena só tem condições de perceber e viver o presente, o ser adulto pode perceber e, até certo ponto, viver o passado e o presente, sempre mais distantes. b) Quanto ao espaço, ocorre a mesma coisa, a criança só compreende o espaço mais próximo, desenvolvendo-se, amplia sempre mais a extensão desse espaço, até incluir nele o mundo e o universo. c) O desenvolvimento mental envolve um aumento da capacidade para lidar com abstrações e símbolos. O exemplo mais característico deste desenvolvimento é o da linguagem. Por volta de dois anos, a criança usa aproximadamente 150 palavras, aos sete anos pode utilizar aproximadamente 2 500 palavras. Além da ampliação do vocabulário, sua linguagem torna-se cada vez mais complexa e rica em possibilidades de expressão de ideias. 13 d) O desenvolvimento mental envolve uma capacidade de concentração por períodos mais longos. Quanto mais nova a criança, menor sua capacidade de atenção e concentração em uma tarefa. e) O desenvolvimento mental envolve um declínio do devaneio e da fantasia. Os sonhos, devaneios e fantasias infantis não constituem fuga da realidade, mas são normais e necessários para o desenvolvimento da criança. f) O desenvolvimento mental envolve o desenvolvimento da memória. Muitos podem pensar que é na infância que a pessoa tem maiores possibilidades no campo da memória. Entretanto, isso não é verdade, pois a linguagem, as experiências, as percepções e a compreensão infantil estão longe de ter atingido seu desenvolvimento máximo, e portanto, de possibilitar uma memória altamente desenvolvida. g) O desenvolvimento mental envolve um aumento da capacidade de raciocínio. O raciocínio adulto será menos ingênuo e egocêntrico que o raciocínio infantil. 3-1- 4 Maturidade emocional O que se entende por maturidade emocional? De forma simplificada podemos dizer que é um processo contínuo para conhecer e administrar as emoções . Maturidade emocional quer dizer também capacidade de usar recursos emocionais a fim de obter satisfação por coisas agradáveis; ser capaz de amar e de aceitar amor; experimentar cólera frente a contrariedades que provocariam a ira em qualquer pessoa razoável, aceitar e compreender o significado do medo que surge quando se enfrenta algo ameaçador, sem precisar usar falsa máscara de coragem, alcançar e buscar o que a vida possa oferecer, ainda que isso signifique enfrentar a possibilidade de ganho e de perda, de alegria ou de tristeza. Jersild (apud: Pfromm Netto, p.136): Podemos dar um exemplo de maturidade do aluno para o aprendizado da escrita abordando todos os aspectos enfocados. Para que o aluno consiga dominar a linguagem escrita e o ato de escrever é necessário, segundo algumas teorias, que ele tenha atingido maturidade intelectual, que é a capacidade que o indivíduo tem de pensar e também de raciocinar, ou ainda, do conhecimento que a pessoa tem de si mesmo e do mundo que o cerca. Aqui ele precisa compreender o significado dos sinais gráficos. Já a maturidade física, que se refere ao crescimento orgânico, é responsável pela manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. No caso do aluno que está aprendendo a escrever, deve ter condições de segurar o lápis e manejá-lo de maneira adequada. A maturidade social é a maneira como esse aluno reage diante das situações que envolvem outras pessoas; quantomais ela cresce, mais aceita os outros e torna-se aceita, sendo capaz de interagir no grupo de maneira satisfatória. A maturidade emocional é o modo particular como cada aluno integra as suas experiências. É o sentir vergonha, medo, e a capacidade de se concentrar nas atividades que fazem parte do aprendizado da escrita. 14 3-2 Fatores externos que contribuem para a modificação do comportamento Dentre os fatores externos modificadores do comportamento podemos destacar o ambiente social, a alimentação e os cuidados com a preservação da natureza. 3-2-1 Ambiente social O ambiente social em que a criança vive é um fator que influencia em seu comportamento; podem-se incluir aqui a escola, a família, a classe e o grupo social ao qual a criança pertence. O ambiente social em que a criança convive deverá proporcionar oportunidades para um desenvolvimento sadio. 3-2-2 Alimentação A alimentação é uma necessidade primária e, quando não saciada, pode interferir na disponibilidade da pessoa para qualquer atividade. Uma criança com fome está menos disponível para brincar, correr e, inclusive, para aprender, encontrando assim inúmeras dificuldades. Um dos aspectos fundamentais a serem discutidos são os hábitos alimentares. Uma criança precisa de uma alimentação rica e saudável para um bom desenvolvimento, mas isso só será possível na medida em que houver uma melhoria na distribuição de renda e do acesso às informações. 15 3-2-3 Preservação da natureza A sobrevivência da humanidade depende da preservação da natureza, um fator importante para o desenvolvimento humano. A poluição do ar, do solo, das águas, poluição visual e sonora podem trazer consequências para o desenvolvimento infantil, dificultando assim o rendimento escolar. Nas grandes cidades onde existe excesso de barulho, isso acarreta dificuldades de concentração, além de prejudicar o aparelho auditivo; a poluição visual pode trazer cansaço e fadiga; e a poluição do ar pode trazer problemas respiratórios. A natureza de forma geral, as espécies animais e as áreas verdes precisam ser preservadas, pois é desse equilíbrio que o ser humano necessita para sobreviver e se desenvolver de forma harmoniosa e saudável. Refletindo... Baseando-se nos estudos dos fatores internos e externos que levam à modificação do comportamento, elabore um texto sobre: "A importância dos fatores internos e externos no processo ensino-aprendizagem". 3-3 Fases do desenvolvimento humano O desenvolvimento é um processo dinâmico do organismo, e não há momentos de ruptura radicais, ou seja, vai-se completando em diferentes níveis de amadurecimento. Crianças não podem se comportar como adultos, porque resultam de níveis de amadurecimentos diferentes. Sabendo que o desenvolvimento do ser humano é contínuo, alguns estudiosos dividiram esse processo em etapas, com características próprias, a fim de facilitar o estudo. São elas: vida pré-natal, que compreende a vida intrauterina; a infância, que se estende do nascimento aos doze anos; a adolescência, compreendida entre doze e vinte e um anos; a fase adulta, dos vinte e um aos sessenta e cinco anos, e a velhice, após os sessenta e cinco anos. 16 Essa divisão foi baseada em diferentes critérios que se estabeleceram para concluir se um indivíduo ainda é criança, se já é adolescente, ou um adulto Passamos a descrever esses períodos que são: pré natal, período do recém nascido,período da infância,puberdade e adolescência. 3-3-1 Período pré natal A vida de um indivíduo não começa no momento em que ele nasce, mas no instante em que é concebido. O bebê passa nove meses no ambiente uterino, sujeito a influências, pois embora vivendo sua vida com independência de órgãos e circulação, vive também a vida de sua mãe. A vida orgânica e psíquica da mãe, a posição do feto e muitos outros fatores importantes são envolvidos nesse processo. Todas as sensações vividas no ambiente intrauterino têm um papel importante no desenvolvimento posterior do indivíduo. Para uma boa evolução do ser em formação é preciso, além de boa saúde, a boa formação psicológica e um relacionamento satisfatório dos pais. A criança deve ser concebida na alegria e não deve ser objetivo e compensação, caso contrário, acarretará problemas futuros e a mãe não terá uma gravidez satisfatória. Não há comunicação entre o sistema nervoso da mãe e do feto,mas as ansiedades ou estimulações levadas pelo sangue podem ser irritantes para o feto. As emoções da mãe, de forma indireta, através da atividade bioquímica do seu organismo, irão exercer uma poderosa influência sobre o ser em formação. A fase principal da gestação, na qual o ser está mais aberto às influências, é a dos três primeiros meses. 3-3-2 Período do recém-nascido Este período inicia-se com a passagem da vida intrauterina para o meio exterior e termina com a queda do cordão umbilical. Este período tem uma duração média de sete dias, quando se inicia a primeira infância. 17 3-3-3 Período da Infância Esse é um período longo e a caracterização de cada uma dessas etapas precisa ser detalhado. A Infância inicia-se com a queda do cordão umbilical e termina com a puberdade. Podemos classificar a infância em: Primeira infância tem início com a queda do cordão umbilical e termina com o desenvolvimento da oralidade e do caminhar. A criança já poderá se alimentar sozinha e já possui uma certa independência da mãe. No final deste período começa a desenvolver a dentição. Segunda infância - Inicia por volta dos dois anos ou com o desenvolvimento e aquisição da linguagem oral. Esta fase da infância termina aos seis anos. Meninice- Geralmente inicia com a primeira série do Ensino Fundamental e vai até a puberdade. Nesta fase a criança já se expressa socialmente com mais facilidade. 3-3-4 Puberdade - Período que, nas meninas, tem início mais cedo, geralmente por volta dos doze anos, já, no menino, em torno dos quatorze anos. É um período curto, de aproximadamente dois anos. Nesta fase há os segredos, os diários, as conversas confidenciais. No menino, a voz começa a engrossar e, nas meninas, aparece a menstruação e o crescimento dos seios. 3-3-5 Adolescência Não podemos estabelecer limites para a duração desse período, porque sua evolução sofre influências como hereditariedade, maneira de viver, clima, tipo de atividade, meio social, condições econômicas, entre outros fatores. Mas, de um modo geral, podemos dizer que entre os dez, doze anos até os vinte, vinte e dois anos é que acontece a fase da adolescência. O adolescente, mesmo que encontre condições de escolha para o futuro, algumas das quais podem durar para a vida toda como casamento, ter filhos e escolha de profissão, toma essas decisões num tempo crítico, sendo que isso é dificultado pela sociedade que lhe dá pouca liberdade de escolha. O adolescente perde a posição que, 18 enquanto criança, tinha como bem definida pela sociedade; e, pior, não consegue se integrar no mundo adulto. A impressão que se tem é de que a criança tem tudo de que precisa para viver no mundo social, e de repente tem que se adaptar a um mundo novo, com outra escala de valores. Pode-se inaugurar aqui um drama, além do desenvolvimento intenso nos campos biológicos, fisiológicos e psíquicos. Na puberdade é que ocorrem as mudanças físicas, variando muito o início de uma pessoa para outra. As mudanças biológicas e fisiológicas acontecem na puberdade, ou seja, o indivíduo atinge a fase genital,sente prazer nas relações sexuais e já é capaz de gerar filhos. As modificações físicas acontecem rapidamente, sem um preparo psicológico, o que torna o processo motivo de preocupações, uns acabam ficando receosos e outros, orgulhosos. Acontece um crescimento desarmonioso, deixando-os desajeitados, vítimas de críticas dos adultos e dos próprios colegas. A adolescência é mais abrangente que a puberdade e o seu início é marcado pelas mudanças fisiológicas, enquanto que o fim da adolescência depende muito do tipo de sociedade e do tipo de vida que o indivíduo leva. Cada indivíduo vive essa fase de uma forma, porque depende, também, do tipo de temperamento, influências do ambiente familiar e escolar e da história da sua infância. Podemos dizer que é uma época de problemas (físico, sexual, emocional, religioso, intelectual, social, familiar, vocacional, moral e escolar) mas que também pode ser enfrentado pelo adolescente com tranquilidade se ele souber aceitá-los e enfrentá-los com compreensão, confiança, serenidade e firmeza. 3-4 Princípios do desenvolvimento O comportamento e o desenvolvimento do ser humano nos reservam grandes surpresas, pois as pessoas são diferentes, com ideias e características próprias . Apesar dessas diferenças, podemos destacar algumas fases que acontecem no desenvolvimento 19 de todo ser humano. São etapas que obedecem a uma sequência, embora varie a idade em que cada ser humano inicia cada fase e quanto tempo permanece nela, determinadas também pelas maneiras diferentes de pensar e agir. Segundo Pfromm Netto, podemos estabelecer alguns princípios essenciais que norteiam esse estudo. 3-4-1 O desenvolvimento como processo contínuo O desenvolvimento é um processo contínuo e ordenado, marcado por uma transformação estrutural no indivíduo. De um modo geral, podemos citar quatro etapas: infância, adolescência, idade adulta e velhice. Nesta sequência, uma etapa sempre influencia a outra que vem depois. Em relação ao desenvolvimento físico das diversas partes do corpo, estas etapas são determinadas geneticamente. 3-4-2.As sequencias céfalo caudal e próximo distal O desenvolvimento segue as sequencias céfafo-caudal e próximo distal. No recém-nascido o tamanho da cabeça é desproporcional ao tamanho do seu corpo, porque há inicialmente um crescimento e desenvolvimento das partes próximas ao cérebro e, em seguida, o desenvolvimento se estende por todo o corpo. Uma criança primeiro sustenta a cabeça, depois levanta o tronco, em seguida senta, engatinha e finalmente anda. A sequência próximo-distal indica o amadurecimento das partes centrais do corpo e depois das periféricas. É o desenvolvimento de dentro para fora. Como exemplo podemos citar o fato de uma criança adquirir maior controle do braço, depois do antebraço e, finalmente dos dedos. 3-4-3 Das respostas gerais às específicas O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas específicas.O indivíduo, quanto mais se desenvolve, mais se torna capaz de respostas específicas. Em relação ao seu desenvolvimento físico, uma criança recém-nascida, quando estimulada em alguma parte do corpo, responde com todo o organismo. É o que chamamos respostas de massa. Um bebê maior, quando recebe uma picada no pé, ou seja, quando é estimulado em uma área específica de seu organismo, reagirá desviando apenas o pé que foi estimulado. Na aprendizagem da fala, um bebê emite todos os sons da fala primeiro, depois poucas palavras para dizer uma porção de coisas, depois é que fala uma palavra para cada 20 coisa específica. No que se refere à escrita da criança, primeiro ela escreve com todo o seu corpo, ela movimenta ao mesmo tempo a cabeça, tronco e membros. Depois que suas estruturas nervosas amadurecem e que exercita essa .habilidade, que os movimentos tornam-se menores é que a criança começa a utilizar somente as mãos e os dedos. 3-4-4.O ritmo de desenvolvimento Cada parte do organismo apresenta um ritmo próprio de desenvolvimento. Percebemos que a cabeça cresce de maneira acelerada e em ritmo diferente do resto do corpo, logo após o nascimento até mais ou menos os dois anos de idade, depois seu ritmo diminui. O tronco cresce significativamente até o primeiro ano de vida, enquanto que pernas e braços iniciam um crescimento mais acelerado aos dois anos. Um jovem fica muito preocupado com o tamanho de seus pés e das suas mãos, que ficaram muito grandes em relação ao restante de seu corpo, somente mais tarde é que tomam uma proporção normal. Por outro lado o ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo tende a permanecer constante. O primeiro dentinho em uma criança pode nascer aos quatro meses como pode nascer aos dez meses de idade. Uma moça pode menstruar aos 10, 14 ou 16 anos, isso vai depender do ritmo de desenvolvimento de cada ser humano, mas que pode ser perturbado por influências internas e externas, como doenças ou falta de uma alimentação adequada. 3-4-5 Complexidade e inter relação de aspectos do desenvolvimento O desenvolvimento é complexo e todos os seus aspectos são inter relacionados. Só podemos dividir o desenvolvimento do ser humano para fins de estudo, uma vez que a criança se desenvolve sempre como um todo, intelectual, física, emocional e socialmente, sendo todos esses aspectos interdependentes, ou seja, todos os processos de desenvolvimento estão em constante interação, podendo um processo interferir no desenvolvimento do outro. 3-5 Desenvolvimento físico e motor Um bebê difere de outro ao nascer, na sua estatura e peso, mas a maioria nasce com cinquenta centímetros de altura e pesa entre três e cinco quilos; normalmente os 21 meninos são maiores que as meninas. Os primeiros dois anos do bebê e o início da sua adolescência são os momentos em que o crescimento apresenta maior velocidade, havendo muitas diferenças no ritmo de crescimento de cada indivíduo. Crescimento refere-se às mudanças das dimensões corpóreas, peso e estrutura. É importante evidenciar que crescimento e desenvolvimento são processos distintos, mas inseparáveis, que produzem no homem as mudanças mentais, sociais, físicas e emocionais; ou seja, o biológico deve interagir sempre com o social e o psicológico. É preciso compreender o homem não só no seu crescimento como em seu desenvolvimento. Quando o bebê nasce, já estão presentes os sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar, e vários reflexos, tosse, preensão, vomito, sucção, inclusive o reflexo de andar e o de nadar. O desenvolvimento das habilidades motoras (movimentar, agarrar, sentar, engatinhar e andar) são muito visíveis na criança e seguem uma ordem de desenvolvimento, embora varie muito de idade. Algumas crianças andam com dez meses, outras com mais de um ano. O treinamento precoce dessas habilidades pode ser prejudicial, porque produz frustrações e também experiências negativas, bem como a privação de oportunidades, como deixar a criança sem a possibilidade de movimentos por muito tempo, ou, ainda, pode retardar seu desenvolvimento motor. Observai a natureza e segui o caminho que ela vos traça. Ela exercita continuamente as crianças; endurece o seu temperamento com provas de toda espécie; e ensina-lhes, muito cedo, o que é uma dor e o que é um prazer. Rousseau 22 Sugestão de Filme Como dado interessante porque apresenta uma reversão nas ideias sobre as fases de desenvolvimento humano sugerimos assistir e fazer uma resenha sobre o filme de Benjamin Button .que conta a história da vida de uma pessoa nasceu de forma incomum,com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos oitenta anos mesmo sendo um bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce.O filme o Curioso caso de Benjamin Button é do ano de 2009 e foi dirigido por David Finch. Ainda a respeito de cinema aconselhamos a assistir o filme Bebês(2010) de Thomas Balmés,que acompanha a vida de quatro bebês durante um ano. São tomadas cenas de um bebê na Mongólia,outro na Nigéria , outro nos Estados Unidos e outro no Japão 3-6 Desenvolvimento emocional e social Será que quando uma criança nasce, ela traz consigo sentimentos de amor, raiva, ódio, medo, etc., ou são as experiências que ela adquire com os adultos nos primeiros anos de vida é que vão estabelecer o tipo de relacionamento que elas vão ter com as outras pessoas? As atitudes positivas ou negativas que a criança adquire são o resultado da ligação afetiva que ela tem com a mãe ou com as pessoas de seu convívio? Alguns psicólogos estudaram e observaram as emoções que uma criança apresenta desde o nascimento, e, através dessas observações, John B.Watson sugeriu que a criança nos primeiros meses de vida apresenta emoções como o medo, cólera e amor. Em relação aos medos, a criança retinha a respiração; fechava os olhos, tremia, gritava, chorava e fechava as mãos em forma de garras, quando ouvia sons altos ou quando retiravam-na bruscamente de um apoio corporal. A cólera causava retenção dos movimentos espontâneos, os braços e os pés eram movimentados com violência, a criança gritava e sua face contraía. No amor, ela respondia com relaxamento muscular e uma respiração tranquila 23 quando era provocado por um contato suave, acalento ou acariciamento de algumas partes do corpo. Mas, outros estudos colocaram essa teoria em dúvida, achando difícil identificar as reações dos recém-nascidos. Para Bridges, quando uma criança nasce, ela só apresenta um comportamento emocional, ou seja, uma excitação difusa, que acontece quando há mudanças bruscas no ambiente. A partir dessa excitação é que se diferencia o prazer e o desprazer, e a partir deste desprazer identificam-se respostas de cólera e medo. Entre nove e dez meses a animação e a afeição pelos adultos são desenvolvidas a partir de satisfação ou do prazer. A afeição por outras crianças aparece com um ano e três meses; o ciúme, quando a criança já está com um ano e quatro meses, e as manifestações de alegria e risadas, quando a criança está com um ano e dez meses. Esses comportamentos aparecem graças à maturidade que, com o desenvolvimento, se manifesta na criança, podendo ser modificados. A criança aprende a expressar suas emoções, à medida que o desenvolvimento vai se processando, Quando a criança passa a usar mais a linguagem, consegue expressar suas emoções por palavras e não mais por atos. É natural uma criança em idade pré-escolar sentir ciúmes de seus brinquedos, dos seus pais, não os dividindo com ninguém. Durante o período escolar, a atenção da professora e as notas são causas de emoções, a criança já consegue se controlar ou disfarçar suas reações de desgosto. A criança muda o seu estado emocional com frequência e rapidez. Uma hora chora e imediatamente sorri, com muita facilidade, ela apresenta episódios emocionais, enquanto os adultos apresentam estados emocionais. Com Copérnico, o homem deixou de estar no centro do universo. Com Darwin, o homem deixou de ser o centro do reino animal. Com Marx, o homem deixou de ser o centro da história (que, aliás, não possui um centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de si mesmo. Eduardo Prado Coelho 3-7 Desenvolvimento da personalidade em Freud A construção da personalidade ocupa um papel de suma importância para a psicanálise, o que muito contribui para que possamos compreender a afetividade do 24 sujeito. Sem dúvida o maior nome da Psicanálise é o de Freud. SIGMUND FREUD - Fundador da psicanálise Nasceu em 06-05-1856 e faleceu em 23-09-1939. Alguns aspectos da abordagem do autor passam a ser descritas. Chama-se de aspecto energético o que coloca a conduta em movimento. A conduta é o que determina o comportamento das pessoas. Pesquisas mostram que o sujeito se desenvolve, também, em virtude do interjogo entre o sujeito e o meio ambiente, ou seja, é o resultado das operações cognitivo - afetivo, possuindo um caráter estrutural, que Piaget nos coloca muito bem, e que veremos a seguir no desenvolvimento cognitivo, e outro energético, vindo da conduta do sujeito. Observa-se a necessidade de haver uma integração entre os fatores do meio e os que o sujeito já possui. A personalidade é o ponto pacífico para que haja a aprendizagem e o desenvolvimento, uma vez que ela reúne os padrões individuais de reação e interação com os outros, reunindo o afetivo e o cognitivo. Freud expressava, em suas primeiras obras, grande convicção de que o psiquismo do ser humano se estruturava em duas partes: o consciente e o inconsciente. Para Freud o consciente era considerado como insignificante, era apenas o aspecto superficial de toda a personalidade.Já o inconsciente era encarado como o poderoso e entendido como o que contém forças ocultas, que impulsionam todo o comportamento do homem. Revendo mais tarde sua distinção sobre consciente e inconsciente, Freud apresentou do que realmente se constrói o aparelho mental: id - ego - superego. O id corresponde ao inconsciente, o qual segundo Freud é a parte primeira, à qual, temos menos acesso. Existem ali forças poderosas. Nessas forças podemos incluir nossos impulsos sexuais e instintivos. O id busca, sempre, satisfação imediata e nunca leva em conta as circunstâncias. Freud deu o nome de princípio de prazer, a atuação do id. O ego é o que ele já denominara consciente. O ego é o representante da razão. É o mediador entre o "eu" e o "mundo externo". O ego está sempre consciente da realidade, assim, Freud o chamou de princípio da realidade. Existe uma interação entre eles para que possamos manter o equilíbrio entre os impulsos do desejo e o que a realidade me exige como comportamento. 25 O terceiro componente é o superego que se desenvolve cedo na infância, através de "regras" e "limites"; o superego surge como uma censura, determinado como autocontrole. Se por um lado o ego tenta mediar as paixões e os impulsos do id, o superego inibiu por completo. São os instintos propulsores de toda a dinâmica de todo o comportamento humano, no sentido amplo de toda a atividade observável. A libido é a forma de energia na qual se manifestam os instintos da vida. Tendo em mente as explicações sobre a psicanálise em Freud,(p22 em diante) Interprete a imagem a seguir Fonte:institutoluzes.com.org-maio de 2014 Significado de Libido s.f. Busca instintiva pelo prazer sexual; desejo sexual: algumas pessoas seguem sempre sua libido. Psicanálise. Segundo as teorias Freudianas, refere-se à energia vital que está na base das modificações da pulsão sexual. Psicanálise. Segundo as teorias de C.G. Jung, força ou energia psíquica. (Etm. do latim: libidus.inis) Fonte: http://www.dicio.com.br/libido/ Acesso em maio de 2014 26 Grito de Alerta Primeiro você me azucrina Me entorta a cabeça e me bota na boca um gosto amargo de fel Depois vem chorando desculpas assim meio pedindo querendo ganhar um bocado de mel Não vê que então eu me rasgo engasgo, engulo reflito e estendo a mão E assim nossa vida é um rio secando as pedras cortando eu vou perguntandoaté quando? São tantas coisinhas miúdas roendo, comendo arrasando aos poucos com o nosso ideal São frases perdidas num mundo de gritos e gestos num jogo de culpa que faz tanto mal Não quero a razão pois eu sei o quanto estou errado e o quanto já fiz destruir Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio e que já não dá mais pra engolir Nosso caso é uma porta entreaberta Eu busquei a palavra mais certa Vê se entende o meu grito de alerta Veja bem É o amor agitando meu coração Há um lado carente dizendo que sim E essa vida da gente gritando que não Segundo a canção "Grito de Alerta", tão bem interpretada por Gonzaguinha, podemos perceber que "viver é fácil", o difícil é conviver, baseando na teoria freudiana no que se refere ao id, ego e superego, pense e interprete a seguinte frase que diz: "Há um lado carente dizendo que sim, e essa vida da gente gritando que não". 27 3-8 Estágios de desenvolvimento da personalidade O primeiro ano de vida é importantíssimo, ele dá significado à constituição do indivíduo. Assim, ao nascer, o bebê possui extrema dependência e vulnerabilidade, sendo que seu sistema nervoso está ainda inacabado e o cérebro não está pronto para funcionar no controle do comportamento. Um suprimento mais constante e adequado de oxigênio constitui-se em uma exigência importante para o desenvolvimento do cérebro. Com isto, observamos que não podemos ensinar uma criança a respirar, mas podemos oferecer-lhe os estímulos necessários para fazer funcionar importantes reflexos. Nesta fase de vida, o comportamento liga-se predominantemente aos ajustamentos orgânicos internos, a maturação do sistema nervoso do bebê só se realizará perfeitamente em condições familiares favoráveis. Assim, o relacionamento mãe-filho baseia-se em ajustamentos emocionais e sociais do bebê, cujos impulsos estarão em torno,da mãe. A resposta desperta no bebê a capacidade para o reconhecimento e a necessidade de saber e amar, forças estas que podem tornar-se tão fortes como o anseio que as trouxe à vida. Faz-se necessária também a presença do pai no início da vida do bebê, pois a sua falta poderá deixar um vácuo penoso nos sentimentos da criança. É importante também ressaltar o bom relacionamento entre os pais para que o bebê tenha uma estabilidade psicológica, pois os bebês não pensam, mas sentem, sendo que o efeito de um distúrbio emocional, logo cedo, é muitas vezes conservado na vida adulta, embora o indivíduo desconheça que tais sentimentos fazem parte de sua bagagem emocional. As principais fases do desenvolvimento da personalidade são as fases: oral,anal, fálica,latência e genital.: 3-8-1 Fase oral - (O a 18 meses) O bebê explora o mundo pela boca, sendo esta a via pela qual ele aplaca a fome, a sede, para, assim, diminuir a tensão e restabelecer o conforto. A boca passa a ser o centro do mundo para o bebê, a sua maior fonte de satisfação no processo de adaptação fora do útero. A sucção torna-se, ainda, uma função capital, pois 28 além de receber o alimento, satisfaz importantes necessidades psicológicas do bebê. A amamentação ao seio é a primeira satisfação que o bebê tem, após o nascimento, por intermédio da mãe. Desta maneira, o bebê tende a adquirir mais confiança e fé em sua mãe e, consequentemente, são mais fáceis de conduzir e orientar. Já o desmame deve ser um processo lento e gradual, quando a presença da mãe deve ser constante, para que não traga consequências drásticas ao bebê. É necessário que se evitem frustrações para o novo ser nos primeiros meses de vida, pois isso lhe causa exagerada tensão, cujos efeitos podem resultar em perturbações do comportamento. Assim, para o bebê, o princípio de prazer deve predominar e o que se pode fazer com segurança é introduzir, aos poucos, ordem em suas funções, tornando-as fáceis e satisfatórias. 3-8-2 Fase anal (18 meses a 3 anos) "O prazer da criança estaria voltado para a eliminação e retenção das fezes e da urina". Essa é a fase em que a criança aprende a controlar os esfíncteres, e passa a derivar prazer ou desprazer na expulsão ou retenção das fezes. Se nesta fase a criança passar por muitas frustrações, através de um controle muito severo dos esfíncteres, por exemplo, sua estrutura de personalidade poderá interferir no seu desenvolvimento. Psicanalistas atribuem a avareza, a exagerada preocupação por limpeza e a meticulosidade, às frustrações ocorridas nesta fase. 3-8-3 Fase fálica (3 a 6/7 anos) É assim denominada a fase do desenvolvimento da personalidade, na qual o pênis (falo = pênis) é o principal objeto de interesse para a criança de ambos os sexos. O interesse está nas diferenças anatômicas do menino e da menina; durante esta fase a criança demonstra desejo de mostrar e ver os genitais. A criança se interessa e também fantasia as questões voltadas para a origem dos bebês, e também o papel que os pais desempenham na procriação. Reações punitivas por parte principalmente dos pais sobre esses interesses, segundo a concepção freudiana, pode ter um efeito negativo na identificação sexual futura. 29 Segundo Freud, é a fase na qual nasceria no menino o temor à castração e na menina o desejo do pênis que lhe falta, acompanhado de um ressentimento contra a mãe que não a dotou disso. Nessa fase, acontece também o Complexo de Édipo, que recebeu este nome, tendo como referência a lenda grega, a qual relata que Édipo matou involuntariamente o seu pai, casando-se com a mãe. Nesse estágio a criança sente certa rejeição pelo progenitor do mesmo sexo, na qual vê como um rival. Posteriormente irão identificar-se com o progenitor do mesmo sexo para conquistar o sexo oposto. As figuras paternas e maternas necessitam de que seus papéis sejam determinados e seguros, pois, caso contrário, os filhos poderão desprezar suas figuras. Com o término desses três importantes estágios, a criança ingressa num outro período que Freud denominou de latência : 3-8-4 Fase de latência (7 a 12 anos) Fonte: http://matizesfeministas.blogspot.com.br/2011/08/clube-do-bolinha.html-acesso maio de 2014 No período da latência ocorre o declínio do complexo de Édipo e sua resolução. O superego assume a herança do complexo edipiano, que representa a moral que proíbe o incesto, e expressa uma vitória da espécie sobre o indivíduo. A criança também começa a escolarização durante este período, e as novas atividades absorvem suas energias quase que totalmente. Nesta fase, a interação com outras crianças é quase exclusivamente com membros do mesmo sexo. 3-8-5 Fase genital (12 anos até a idade adulta) A ligação sexual é mais madura. Algumas pessoas que não foram bem sucedidas na resolução da crise edipiana podem ter identificações confusas que alteram sua habilidade de enfrentar o reaparecimento das energias sexuais durante a adolescência. Outras não tiveram um estágio oral satisfatório e assim não têm muito claros os alicerces de um relacionamento amoroso. Tudo isso poderá interferir na completa resolução dos conflitos da puberdade. 30 31 4- DESENVOLVIMENTO COGNITIVO "Conhecer não é contemplar passivamente, mas agir sobre coisa e acontecimentos, construindo-os e reconstituindo-se em pensamento". Jean Piaget (1896 -1980) O biólogo suíço, Jean Piaget foi, sem dúvida alguma, um dos grandes gênios do nosso tempo. Escreveu mais de cinquenta livros e monografias, tendo publicado centenas de artigos. Sua preocupação mais forte foi com o sujeito epistêmico, isto é, o sujeito que protagoniza o papel central do modelo piagetiano,pois a grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem Piaget deu grande ênfase ao processo de interação indivíduo - ambiente, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Esse processo de relação com meio depende do conhecimento. Investigou cientificamente, por mais de quarenta anos, como se dá o conhecimento realizando pesquisas com crianças, principalmente suas filhas, e usando a observação direta, sistemática e cuidadosa. Sua teoria explica que o desenvolvimento cognitivo é o progresso gradativo da habilidade dos seres humanos, no sentido de obterem conhecimento e de aperfeiçoarem- se intelectualmente. Jean Piaget afirma que a inteligência não é inata nem adquirida, mas é o resultado da construção do sujeito. Ao nascer, a criança encontra-se num estado de indiscriminação entre si e o mundo externo, construindo então os níveis do desenvolvimento cognitivo. Para Piaget, todo organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação, procurando compreender as relações que ele estabelece com o meio. Nesse processo dinâmico e constante, vão surgindo novas estruturas, novas formas de conhecimento que podem causar um desequilíbrio, mas as funções do desenvolvimento Ao final do capítulo sobre o desenvolvimento cognitivo você deverá ser capaz de : · Avaliar a contribuição facilitadora de Piaget, relativas ao nosso conhecimento sobre os alunos e suas aprendizagens § Reconhecer nas ideias de Piaget os princípios de equilibração- acomodação e assimilação § Descrever características dos diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo apresentados pelo autor § Identificar as ideias piagetianas para conhecimento restrito e conhecimento amplo 32 permanecem as mesmas. Para alcançar um novo estado de equilíbrio, dois mecanismos são associados: a assimilação e a acomodação. Através da assimilação incorporamos o mundo exterior, atribuímos significações a partir de experiências anteriores, e, pela acomodação, o organismo precisa se modificar e se transformar para se ajustar às demandas impostas pelo meio. Os processos de assimilação e acomodação, ocorrendo durante anos, irão transformar as estruturas primitivas em estruturas mais sofisticadas. A natureza e a caracterização da inteligência mudam significativamente com o passar do tempo, portanto Piaget definiu alguns estágios para o desenvolvimento mental ou cognitivo, variando a idade para o aparecimento de cada um. 4-1 Estágio da Inteligência sensório-motora A criança, desde o nascimento até mais ou menos dois anos de idade, resolve seus problemas exclusivamente através da percepção e dos movimentos; percebe o ambiente e age sobre ele. Para Piaget a estimulação visual, tátil e auditiva é fundamental no desenvolvimento do bebê (uso de chocalhos, móbiles, variedade na manipulação de objetos, várias possibilidades de se movimentar, etc.). Ainda no primeiro mês de idade, o bebê passa a maior parte do tempo dormindo, só acorda quando está com fome, molhado ou incomodado com alguma coisa, encontra-se num estado egocêntrico. Os esquemas sensório-motores são construídos a partir de reflexos inatos, como o de sucção e o de agarrar, depois é que a criança passa a coordenar esses reflexos, ou seja, ele melhora com suas experiências. 33 Por exemplo, um bebê suga melhor no décimo dia do que no terceiro dia. Já com quatro meses, a criança olha para aquilo que ouve, tenta alcançar objetos, agarra-os e coloca-os na boca. Aos seis meses o bebê adquire um conceito importante para o desenvolvimento mental, chamado objeto permanente, ou seja, ela passa a entender que um objeto, mesmo escondido, existe, embora ela não possa vê-lo. A criança sabe que o desaparecimento é apenas temporário. Exemplo: brincar de esconde-esconde, uma pessoa aparece e desaparece. A criança já pode manter em sua mente a figura do objeto desaparecido, é quase que como o início da memória elementar. Depois de um ano de idade, a criança já procura meios para atingir aquilo que deseja e, por volta de dois anos, ela já evolui de uma atitude passiva em relação a tudo que a rodeia para uma atitude mais ativa e participativa. 4- 2- Estágio da Inteligência intuitiva ou pré-operatório Nesse estágio, que vai dos dois aos sete anos, aparece o desenvolvimento da capacidade simbólica, ou seja, ela já usa símbolos mentais, imagens ou palavras, que representam coisas e pessoas ausentes. O sujeito passa a ter um pensamento intuitivo, ou seja, fazem julgamentos sem usar a lógica. As comparações mentais precisam ser vistas, tocadas, mostradas. O sujeito confunde o seu pensamento com o do sujeito com quem conversa. Um dos acontecimentos mais importantes nesta fase é o aparecimento da linguagem e, em virtude dela, o desenvolvimento do pensamento se acelera. 34 Piaget evidenciou algumas características do pensamento infantil neste estágio: • Egocentrismo: revela a incapacidade de a criança se colocar no ponto de vista do outro. O centro de tudo é o próprio sujeito. Um exemplo de pensamento egocêntrico é quando a criança faz uso do jogo da imaginação e da imitação (jogo simbólico), brinca de carrinho, casinha e comidinha; aqui, neste estágio, a criança transforma sua vida real em ficção, prevalecendo aquilo que deseja. • Pensamento verbal: é a fase do pensamento em que a criança deixa o pensamento egocêntrico e passa a procurar a razão causal e finalista de tudo. Nesse momento o pensamento infantil apresenta três características: a) Finalismo: é a famosa fase dos porquês, a criança precisa e quer saber o porquê das coisas, para ela, não existe o acaso, e tudo deve ter uma causa. b) Animismo: a criança dá vida aos objetos inanimados, e acredita que esses são capazes de sentir, andar, etc. Exemplo: A Lua está triste. c) Artificialismo: a criança acredita que ela ou qualquer ser humano criou tudo que existe no mundo. Exemplo: o homem fez as estrelas e as colocou no céu.. · Pensamento intuitivo: a criança pensa da forma como ela vê, ela afirma aquilo que percebe, sem conseguir reverter uma situação.Seu pensamento apresenta traços característicos. a) Centralização: conservação de massa/quantidade. A criança é capaz de perceber os diferentes aspectos de um objeto, ou de um conhecimento, usa mais a intuição do que a lógica. Exemplo: se mostrarmos para a criança duas massas de modelar com a mesma quantidade de massa, porém com formas diferentes, ela vai achar que tem mais massa aquela que para ela aparenta formato maior. b) Dicotomia: as crianças na fase pré-operatória conseguem usar critérios definidos para executar a classificação agrupando os objetos por acaso. Para essa criança objetos de formas, tamanhos e cores se misturam. A partir dos cinco anos elas já conseguem agrupar objetos identificando tamanho, forma ou 35 cor. c) Inclusão de classe: a criança neste estágio não consegue entender que um objeto pode pertencer ao mesmo tempo a duas classes. d) Seriação: a criança pequena é incapaz de perceber as diferenças de tamanho fazendo ordenações causais. 4-3 Estágio Operatório Concreto Essas características do pensamento infantil aparecem dos sete aos onze, doze anos, quando o sujeito pensa vendo, fazendo, olhando. O sujeito pensa no que faz. Pensa fazendo e faz pensando. A criança usa sua lógica quando manipula objetos concretos, e em situações reais, e não consegue pensar em termos abstratos. Dandoum exemplo: um problema de matemática, com enunciado verbal, torna-se muito difícil porque ela só se sente capaz de resolver situações-problemas através da manipulação dos objetos. Neste estágio as crianças já estão mais preparadas para começar um processo de aprendizagem sistemático, já são capazes de trabalhar em grupo e adquirirem autonomia. Ainda neste período a criança começa a entender noções de maior, menor, esquerda e direita. Seu pensamento está se tornando mais lógico e estável, mas ela ainda não é capaz de lidar com ideias abstratas. O uso de representações mentais de eventos e coisas já permite que a criança torne-se capaz de classificar, seriar, entender os princípios de conservação. A criança já descentraliza, ou seja, é capaz de levar em conta todos os aspectos de uma situação e compreende a característica reversível da maioria das operações. O egocentrismo diminui e a criança começa perceber que é um ser distinto e separado do resto do universo. Já é capaz de se colocar no lugar de outra pessoa e efetuar julgamentos morais. Os conceitos de realismo, animismo, e artificialismo já começaram a ser descartados de seu pensamento. É importante que o professor do Ensino Fundamental tenha consciência das capacidades que as crianças desta faixa etária apresentam; sempre voltadas para o desenvolvimento das operações concretas as crianças necessitam trabalhar, com tudo que possa ser visto e manipulado. Conceitos abstratos só têm validade se forem vivenciados na prática, ou seja, de nada adianta dar definições muito teóricas. 36 Vamos ver como acontece a evolução da criança em relação à conservação(relativo ao pensamento intuitivo) que talvez seja o trabalho mais conhecido de Piaget. A capacidade que uma criança tem de conservar está presente quando ela já consegue reconhecer que duas quantidades iguais, de substância, volume ou peso, permanecem iguais, mesmo que essas quantidades sejam transformadas. Que tal realizar uma pesquisa? Para percebermos o nível de pensamento da criança, podemos aplicar as provas piagetianas, considerando sempre o ponto de vista infantil. Desenvolva uma pesquisa com duas crianças na faixa etária de 4/5 anos e outra de 8/9 anos, realizando a prova piagetiana de conservação de massa. Conservação de massa Primeiro momento - mostrar a caixa de massa de modelar nova; - pedir a criança que escolha duas cores; - pedir a criança que faça uma bola de cada cor escolhida. Perguntar à criança: - Você acha que nas duas bolinhas tem a mesma quantidade de massa? Ou alguma tem mais, alguma tem menos? (seja qual for a resposta da criança, devemos perguntar: por quê?) Nesse momento a criança deve ter a certeza de que nas duas bolinhas existe a mesma quantidade de massa, só assim poderemos seguir a prova. Segundo momento Agora, eu gostaria que você escolhesse uma cor para você. A criança escolhe uma cor e o examinador fica com a outra. Veja o que eu vou fazer com a minha bolinha.(O examinador estica sua bolinha, fazendo uma salsicha). Você acha que agora nós continuamos com a mesma quantidade? Ou alguém tem mais, alguém tem menos? (A criança responde). Perguntamos sempre, por quê? (Nesse momento ela vai responder conforme sua estrutura cognitiva permitir). Sempre voltamos a fazer a bolinha inicial e perguntamos novamente. Terceiro momento Amassar a bolinha em forma de uma pizza. Perguntar novamente a criança: - Você acha que agora nós continuamos com a mesma quantidade de massa? Ou alguém tem mais, alguém tem menos? Por quê? (Volta a fazer a bola inicial) Quarto momento Fazer umas quatro ou cinco bolinhas - E agora, você acha que nós continuamos com a mesma quantidade de massa? Ou alguém tem mais, alguém tem menos? Por quê? 37 4-4 Estágio das Operações Formais Após os doze anos, o pensamento que antes era concreto, agora passa a ser formal, abstraio. O adolescente já não precisa manipular objetos, tira suas conclusões através de hipóteses (pensamento hipotético - dedutivo) e imagina possibilidades, isto é, ele se torna capaz de tirar conclusões a partir de hipóteses. Se X é maior que J, e J é maior que Z, então X é maior que Z. No período anterior, seu pensamento operava apenas no concreto, agora desenvolve a capacidade para pensar abstratamente. isso permite que os jovens usem de flexibilidade nos problemas, pensem sobre hipóteses, testem e deduzam se ela é ou não verdadeira, ou seja, o adolescente já é capaz de raciocínio hipotético-dedutivo. À medida que esse adolescente foi crescendo, suas estruturas neurológicas também foram se desenvolvendo, seu ambiente social se ampliou e as oportunidades que ele teve de experimentação deixaram impressões sobre ele. As interações desses fatores possibilitaram que suas estruturas cognitivas amadurecessem. Ginsburg e Opper (1969) fazem um resumo dos pensamentos de Piaget no que se refere à atividade intelectual do adolescente. Na esfera intelectual, o adolescente tem uma tendência a envolver-se com questões abstratas e teóricas. Constrói elaboradas teorias políticas ou inventa doutrinas filosóficas complexas. Pode desenvolver plano para a reorganização completa da sociedade ou entregar-se à especulação metafísica. Acabando de descobrir capacidades para pensamento abstraio, ele passa a exercitá-las sem restrição. Com efeito, no processo de explorar suas novas capacidades, algumas vezes o adolescente perde contato com a realidade e julga que pode realizar tudo apenas pelo pensamento.(p.204-205) A estruturação da personalidade do adolescente é um período em que o jovem tem a necessidade de buscar sua identidade. É a fase em que se pergunta "Quem sou Eu?" Ele necessita desenvolver seus próprios valores, precisa ser amado e respeitado por outros jovens da mesma idade que a sua, tem a necessidade de descobrir o que pode fazer. De acordo com sua capacidade mental, encontra condições de construir uma realidade, elaborar projetos e colocá-los em ação, podendo trabalhar na realização destes 38 programas ou projetos de vida. Inhelder e Piaget (1976, p. 256) deixam clara a influência em relação aos projetos de vida. ...Tem uma influência real no desenvolvimento ulterior do indivíduo e pode ocorrer que encontremos em seus papéis de adolescente o esboço de ideias que efetivamente desenvolverá mais tarde. Mas em muitos outros casos, os projetos da adolescência parecem mais uma espécie de jogo superior com funções de compreensão, da participação em ambientes realmente inacessíveis, etc. Assim, o adolescente aceita orientações que o satisfazem certo tempo e são, em seguida, abandonadas. Esses projetos de vida, indispensáveis para a estruturação de uma personalidade, podem ser abandonados a partir do momento em que ele percebe que seu desempenho não condiz com aquilo que seja necessário para a construção desses projetos. Daí a necessidade de intervenção dos adultos, entre eles pais e professores, em tornar o adolescente mais realista, apesar de o fato de sonhar ser um comportamento necessário. Na vida social do adolescente, ele prefere o convívio dos amigos ao da sua família; é muito sensível às demonstrações de amizade, solidariedade e de simpatia, busca a aprovação e luta para integrar-se num grupo social, aí seu interesse em participar de sociedades políticas, esportivas, etc. Num primeiro momento, o adolescente, em contato com amigos da mesma idade, discute as reformas sociais e só mais tarde é que passa a conviver com movimentos coletivos para a construção de um mundo melhor, busca uma realização pessoal e através do estudo e do trabalho adapta-se à sociedade. O fato
Compartilhar