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Legislação Especial Aula 10 Agente Polícia Federal

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Aula 10
Legislação Especial p/ PF - Agente - 2014
Professor: Paulo Guimarães
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 69 
AULA 10: Lei nº 6.815/1980: define a situação 
jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho 
Nacional de Imigração ± Parte IV; Lei nº 
8.072/1990: Lei dos Crimes Hediondos; Lei nº 
10.446/2002: infrações penais de repercussão 
interestadual ou internacional que exigem 
repressão uniforme. 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos 
autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, 
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá 
outras providências. 
 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e 
prejudicam os professores que elaboram o cursos. Valorize o 
trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente 
através do site Estratégia Concursos ;-) 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do 
estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de 
Imigração ± Parte III 
2 
2. Lei nº 8.072/1990: Lei dos Crimes Hediondos 29 
3. Lei nº 10.446/2002: infrações penais de repercussão 
interestadual ou internacional que exigem repressão 
uniforme 
36 
4. Resumo do concurseiro 41 
5. Questões comentadas 55 
6. Lista das questões apresentadas 65 
 
 
Olá, amigo concurseiro! Finalmente chegamos à última aula 
do nosso curso. Hoje estudaremos a parte final do Estatuto do 
Estrangeiro, e também veremos a Lei nº 8.072/1991, que dos crimes 
hediondos, e a Lei nº 10.446/2002, que trata das infrações penais de 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 69 
repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão 
uniforme. 
Espero que o curso esteja sendo proveitoso para você. Quero 
desde já agradecer a sua confiança no nosso trabalho. Sei de toda a 
expectativa que você colocou no nosso curso, mas posso tranquilizar você 
no sentido de que, se você estudou nossas aulas, fez os exercícios e fizer 
uma boa revisão, não há como ir mal na prova... - 
Estudar legislação não é fácil. As matérias não são as mais 
prazerosas, mas lembre-se de que a dificuldade está aí para todo mundo, 
e muitos, mas muitos mesmo, desistem no meio do caminho. Um bom 
UHVXOWDGR� QD� SURYD� GH� OHJLVODomR� p� XP� GLIHUHQFLDO� H� WDQWR� QR� ³MRJR´� GR�
concurso. 
 
Força! Bons estudos! 
 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 69 
1. LEI Nº 6.815/1980: DEFINE A SITUAÇÃO JURÍDICA DO 
ESTRANGEIRO NO BRASIL, CRIA O CONSELHO NACIONAL DE 
IMIGRAÇÃO ± PARTE IV 
 
1.1. Dos Direitos e Deveres do Estrangeiro 
 
Art. 95. O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos 
reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das leis. 
Este dispositivo deve ser encarado com parcimônia... acredito 
que a intenção do legislador aqui foi deixar claro que os direitos 
fundamentais são extensíveis aos estrangeiros. Estamos falando aqui de 
direitos básicos, como saúde e educação, mas não de todos os direitos. 
Temos, por exemplo, um grupo de direitos conhecido como 
direitos políticos, que, em regra, não são extensíveis aos estrangeiros. 
Estes não podem, por exemplo, candidatar-se a cargos eletivos, a não ser 
que já tenham sido naturalizados. 
Com relação a esse assunto, quero deixar uma coisa bem 
clara desde já: brasileiro naturalizado é brasileiro. Tenha isso em 
mente para entender que a naturalização importa na aquisição da 
nacionalidade brasileira. Um naturalizado, portanto, pode votar e ser 
votado, mas ainda assim há algumas restrições: brasileiros naturalizados 
não podem ocupar certos cargos, alguns eletivos (Presidente da 
República, Vice-Presidente da República, Presidente do Senado Federal, 
Presidente da Câmara dos Deputados), outros por indicação (Ministro do 
Supremo Tribunal Federal) e outros acessíveis por meio de concurso 
público (oficial das Forças Armadas, membro da carreira diplomática). 
Ainda no que se refere ao acesso do estrangeiro aos direitos 
fundamentais, quero destacar um julgado recente, mas ainda não 
definitivo, do STF. Trata-se de uma ação movida no Mato Grosso do Sul 
contra uma escola pública, cuja diretora indeferiu o requerimento de 
matrícula de duas alunas estrangeiras, por não terem apresentado 
documento que comprovasse a regularidade de sua estada no Brasil. 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
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A decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul foi no 
sentido de que o acesso à educação pública somente pode ocorrer se o 
estrangeiro foi regular. Estrangeiros que estejam no Brasil ilegalmente, 
portanto, não poderiam ser matriculados em instituições de ensino 
públicas. 
O Ministério Público, porém, recorreu ao STF, e em agosto de 
2013 foi deferida uma liminar, autorizando a matrícula das duas jovens. A 
tese adotada foi de que a educação é um direito fundamental, e por isso 
não deve ser negado, ao menos enquanto o assunto estiver sendo 
discutido no âmbito do Poder Judiciário. Ressalto que se trata apenas de 
uma liminar do STF. Isso não significa que no julgamento definitivo esse 
posicionamento será mantido, ok? 
 
 
O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos 
reconhecidos aos brasileiros. 
 
Muito bem, falamos dos direitos políticos, e mostrei a você 
também um importante julgado a respeito do direito à educação de 
estrangeiros irregulares. Mas e outros direitos? O Estatuto traz algumas 
regras específicas, e algumas delas já foram estudadas por nós nas aulas 
anteriores, mas vamos repeti-las, ok? 
Ainda no que se refere à educação, a matrícula em 
estabelecimento de ensino é permitida ao estrangeiro, assim como o 
exercício de atividade remunerada, mas apenas nos termos da lei e 
do seu regulamento. 
Como exemplo, posso dar uma restrição estabelecida pela 
própria Constituição de 1988, que apenas permite que brasileiros natos 
ou naturalizados há mais de 10 anos sejam proprietários de empresas 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
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jornalísticas e de radiodifusão. Trata-se de uma restrição ao exercício de 
atividade remunerada, não é mesmo? 
 
 
O exercício de atividade remunerada e a matrícula em 
estabelecimento de ensino são permitidos ao estrangeiro com as 
restrições estabelecidas no Estatuto e no seu regulamento. 
 
Ainda no que se refere ao exercício de atividade remunerada, 
o Estatuto o proíbe expressamente nos seguintes casos: 
a) Titulares de visto de turista ou de trânsito; 
b) Titulares de visto temporário na condição de estudante; 
c) Dependentes de titulares de quaisquer modalidades de 
visto temporário; 
d) Titular de visto temporário na condição de 
correspondente internacional, no que se refere ao 
exercício de atividade remunerada por fonte brasileira. 
Além dessas restrições, é proibido também ao fronteiriço 
(lembra dele?) estabelecer-secom firma individual, ou exercer cargo ou 
função de administrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou 
civil, bem como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de 
profissão regulamentada. 
Apenas para deixar a regra mais clara para você, relembro 
que o tratamento especial conferido pelo Estatuto ao fronteiriço (art. 21) 
tem a finalidade de possibilitar o exercício de atividade remunerada e o 
acesso aos estabelecimentos educacionais localizados no município limite. 
Por essa razão, a própria lei restringe essa atividade 
profissional. Se o fronteiriço quiser exercer uma atividade regulamentada, 
como a de engenheiro ou médico, por exemplo, precisará obter o visto 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
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adequado. No caso do estrangeiro que venha ao Brasil com visto 
temporário na condição de cientista, professor, técnico ou 
profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço 
do Governo brasileiro, é permitida a inscrição temporária nas entidades 
de fiscalização profissional. 
 
Art. 100. O estrangeiro admitido na condição de temporário, sob 
regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade pela 
qual foi contratado, na oportunidade da concessão do visto, salvo 
autorização expressa do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do 
Trabalho. 
Se o estrangeiro foi admitido com visto temporário em razão 
de um contrato de trabalho (art. 13, V), somente poderá exercer a 
atividade nos termos do seu contrato. Não é possível, portanto, que ele 
³GLYHUVLILTXH´�VXD�DWLYLGDGH�SURILVVLRQDO�HQTXDQWR�HVWLYHU�QR�%UDVLO� 
O mesmo se aplica ao estrangeiro a quem foi concedido visto 
permanente condicionado. Já repetimos essa regra umas trinta vezes, 
mas vou falar pela trigésima primeira para ter certeza de que você não 
vai esquecer: o visto permanente pode ser concedido a estrangeiro com 
condicionantes, que podem estar relacionadas à permanência em 
determinado local, ou ao exercício de determinada atividade, sempre pelo 
prazo máximo de 5 anos. 
Nesse caso, o estrangeiro não poderá mudar de domicílio nem 
de atividade profissional, ou exercê-la fora daquela região, salvo em caso 
excepcional, mediante autorização prévia do Ministério da Justiça, 
ouvido o Ministério do Trabalho, quando necessário. 
Mas como o Ministério da Justiça poderá acompanhar o 
cumprimento dessas obrigações? Afinal de constas, quando nós mudamos 
de domicílio, não somos necessariamente obrigados a informar o fato a 
nenhuma autoridade pública, não é mesmo? Em regra, não. Mas o 
estrangeiro é! 
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Teoria e exercícios comentados 
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Qualquer estrangeiro registrado é obrigado, por força de regra 
que consta no próprio Estatuto, a comunicar ao Ministério da Justiça no 
prazo de 30 dias sua mudança de domicílio ou residência. 
Outra obrigatoriedade no que se refere à comunicação é a que 
diz respeito à aquisição de outra nacionalidade por parte do estrangeiro. 
Imagine, por exemplo, que um norte-americano vem para o Brasil e aqui 
estabelece sua residência. 
Acontece que esse estrangeiro já há muitos anos pleiteava o 
reconhecimento de sua cidadania italiana, já que é descendente de 
imigrantes daquele país. Pois bem, se, enquanto ele estiver no Brasil, sua 
cidadania italiana for reconhecida, ele deverá comunicar o fato em no 
prazo de 90 dias, para fins de atualização de seu registro. 
 
 
O estrangeiro registrado é obrigado a comunicar ao 
Ministério da Justiça no prazo de 30 dias sua mudança de domicílio 
ou residência. Além disso, o estrangeiro que adquirir outra nacionalidade 
deverá requerer averbação do fato em seus registros, no prazo de 90 
dias. 
 
Os documentos que comprovam a regularidade da estada do 
estrangeiro em território nacional devem ser sempre apresentados por ele 
quando agentes ou autoridades públicas assim o exigirem. O Estatuto traz 
ainda algumas situações em que o documento deve ser apresentado em 
seu original: 
a) Alteração de nome do estrangeiro; 
b) Registro de firma na junta comercial; 
c) Registro do estrangeiro na condição de hóspede, locatário, 
sublocatário ou morador em estabelecimento hoteleiro, 
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empresa imobiliária ou junto ao proprietário de imóvel 
locado; 
d) Admissão do estrangeiro a serviço prestado por entidade 
pública ou privada, ou matrícula em estabelecimento de 
ensino de qualquer nível. 
 
Art. 104. O portador de visto de cortesia, oficial ou diplomático 
só poderá exercer atividade remunerada em favor do Estado estrangeiro, 
organização ou agência internacional de caráter intergovernamental a 
cujo serviço se encontre no País, ou do Governo ou de entidade 
brasileiros, mediante instrumento internacional firmado com outro 
Governo que encerre cláusula específica sobre o assunto. 
Essas modalidades de visto normalmente são concedidas para 
diplomatas e outras pessoas que vêm ao Brasil a serviço de seus países 
ou de entidades de cooperação internacional. Por essa razão não faz 
sentido que os titulares desses vistos possam exercer atividades além do 
serviço prestado ao seu país de origem ou ao organismo internacional que 
representam. 
O dispositivo abre ainda uma possibilidade para que, se for de 
interesse do Brasil, essas pessoas possam também prestar serviços ao 
governo ou a entidades brasileiras, por meio de instrumento (tratado) 
internacional que faça previsão específica dessa situação. 
No que se refere ao trabalho das embaixadas e consulados, 
até mesmo os trabalhadores responsáveis pelos serviços domésticos 
podem vir de outros países. Isso não é praxe, mas é perfeitamente 
possível, e nesse caso estarão sujeitos às mesmas limitações, apenas 
podendo exercer atividade remunerada a serviço particular de titular de 
visto de cortesia, oficial ou diplomático. 
A legislação trabalhista brasileira também não se aplica aos 
titulares de vistos oficial, diplomático ou de cortesia. 
 
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Teoria e exercícios comentados 
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Art. 105. Ao estrangeiro que tenha entrado no Brasil na condição de 
turista ou em trânsito é proibido o engajamento como tripulante em 
porto brasileiro, salvo em navio de bandeira de seu país, por viagem não 
redonda, a requerimento do transportador ou do seu agente, mediante 
autorização do Ministério da Justiça. 
Em regra, o estrangeiro que veio ao Brasil com visto de 
trânsito ou de turista não pode assumir como tripulante de aeronave ou 
embarcação em porto ou aeroporto brasileiro. Essa seria uma maneira de 
burlar a exigência de visto temporário ou permanente para exercer 
atividade remunerada no país, não é mesmo? 
Há, porém uma exceção: se o navio (ou aeronave) for do país 
de origem do estrangeiro e se a viagem não for redonda, ou seja, se não 
for uma viagem simples de ida e volta, o transportador pode requerer ao 
Ministério da Justiça que o estrangeiro seja recebido como tripulante. 
Essa regra é ultra específica, e por isso acredito que não seja 
muito importantepara a sua prova. De qualquer forma, vamos nos 
precaver, não é mesmo? 
 
O art. 106 traz uma lista de proibições dirigidas aos 
estrangeiros. Boa parte delas tem relação com o exercício de atividades 
remuneradas, e acredito que seja importante memorizar essas hipóteses. 
Elas podem tranquilamente surgir na sua prova, ok? Abaixo montei um 
quadro esquemático, adicionado dos meus comentários para auxiliar seu 
entendimento. 
 
 
 
 
 
 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
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É VEDADO AO ESTRANGEIRO... 
I - ser proprietário, armador ou 
comandante de navio nacional, inclusive 
nos serviços de navegação fluvial e 
lacustre; 
* Aplicável também aos portugueses 
Qualquer atividade relacionada ao transporte de 
cargas e passageiros é considerada estratégica, e por 
isso estrangeiros não devem exercer certas 
atividades relacionadas ao comando de navios 
nacionais. Essas atividades incluem não só a 
propriedade e o comando dos navios, mas também 
a atividade do armador, que é quem efetivamente 
opera os navios. 
A regra do item I não aplica aos navios nacionais de 
pesca. 
V - ser proprietário ou explorador de 
aeronave brasileira, ressalvado o disposto 
na legi lação e pecífica; 
VI - ser corretor de navios, de fundos 
públicos, leiloeiro e despachante 
aduaneiro; 
São outras funções relacionadas com o comércio 
internacional. 
VIII - ser prático de barras, portos, rios, 
lagos e canais; 
O prático p�XPD�HVSpFLH�GH�³PDQREULVWD´�Ge navios. 
Quando um navio se aproxima do porto, ele é o 
UHVSRQViYHO�SRU�³HVWDFLRQDU´� 
II - ser proprietário de empresa 
jornalística de qualquer espécie, e de 
empresas de televisão e de radiodifusão, 
sócio ou acionista de sociedade 
proprietária dessas empresas; 
Essa vedação se encontra expressa na Constituição 
de 1988. Trata-se de uma regra importante porque, 
numa sociedade democrática, a mídia tem um papel 
fundamental na difusão de informação. 
 
Também não é possível que uma empresa jornalística 
contrate um estrangeiro como consultor de conteúdo, 
por exemplo. 
IX - possuir, manter ou operar, mesmo 
como amador, aparelho de radiodifusão, 
de radiotelegrafia e similar, salvo 
reciprocidade de tratamento; e 
III - ser responsável, orientador 
intelectual ou administrativo das 
empresas mencionadas no item anterior; 
* Aplicável também aos portugueses 
IV - obter concessão ou autorização para 
a pesquisa, prospecção, exploração e 
aproveitamento das jazidas, minas e 
demais recursos minerais e dos potenciais 
de energia hidráulica; 
 
VII - participar da administração ou 
representação de sindicato ou associação 
As entidades fiscalizadoras são, além da OAB, os 
famosos conselhos profissionais. Hoje existem 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
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profissional, bem como de entidade 
fiscalizadora do exercício de profissão 
regulamentada; 
diversos conselhos de profissões regulamentadas: 
engenharia, arquitetura, medicina, enfermagem, 
fisioterapia, economia, administração, etc. 
X - prestar assistência religiosa às Forças 
Armadas e auxiliares, e também aos 
estabelecimentos de internação coletiva. 
* Aplicável também aos portugueses 
somente no que se refere às Formas 
Armadas e auxiliares. 
A prestação de assistência religiosa por estrangeiros 
poderia, em casos extremos, abrir as portas do país 
para organizações fundamentalistas e terroristas. As 
forças armadas são o Exército, a Marinha e a 
Aeronáutica. Forças auxiliares é o nome como eram 
chamadas as Polícias Militares e os Corpos de 
Bombeiros Militares. 
 
Você deve estar se perguntando por que apenas algumas 
dessas restrições são aplicáveis aos portugueses, não é mesmo? 
Vejamos! 
 
§ 2º Ao português, no gozo dos direitos e obrigações previstos no 
Estatuto da Igualdade, apenas lhe é defeso: 
a) assumir a responsabilidade e a orientação intelectual e 
administrativa das empresas mencionadas no item II deste artigo; 
b) ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional, 
inclusive de navegação fluvial e lacustre, ressalvado o disposto no 
parágrafo anterior; e 
c) prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares. 
Esse dispositivo merece uma explicação um pouco mais 
detalhada. Temos estudado ao longo das últimas aulas várias regras 
aplicáveis aos estrangeiros que vêm ao Brasil, e daqui a pouco 
estudaremos como ocorre o processo de naturalização. 
Pois bem, para os portugueses há algumas regras diferentes, 
por força do Estatuto da Igualdade, que nada mais é do que um 
tratado firmado entre Brasil e Portugal, e que garante a equivalência de 
diversos direitos entre os cidadãos dos dois países, inclusive direitos 
políticos! 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
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O Estatuto da Igualdade não está no conteúdo programático 
da sua prova, então não precisa se preocupar com ele, ok? Apenas saiba 
que as restrições normalmente impostas a estrangeiros são muito mais 
brandas para os portugueses... - 
Por essa razão, apenas algumas das proibições que acabamos 
de estudar são aplicáveis aos portugueses. 
 
Art. 107. O estrangeiro admitido no território nacional não pode 
exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta ou 
indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe especialmente 
vedado: 
I - organizar, criar ou manter sociedade ou quaisquer entidades de 
caráter político, ainda que tenham por fim apenas a propaganda ou a 
difusão, exclusivamente entre compatriotas, de idéias, programas ou 
normas de ação de partidos políticos do país de origem; 
II - exercer ação individual, junto a compatriotas ou não, no sentido 
de obter, mediante coação ou constrangimento de qualquer natureza, 
adesão a idéias, programas ou normas de ação de partidos ou facções 
políticas de qualquer país; 
III - organizar desfiles, passeatas, comícios e reuniões de qualquer 
natureza, ou deles participar, com os fins a que se referem os itens I e II 
deste artigo. 
Como você já deve estar cansado de saber, no Brasil os 
estrangeiros, em geral, não gozam de direitos políticos. Isso significa 
que eles não podem votar e nem candidatar-se a cargos eletivos, mas as 
proibições vão muito além disso. 
Na realidade, os estrangeiros não podem exercer 
atividade política, em sentido amplo. Não podem criar e nem gerir 
entidades de caráter político, mesmo que suas atividades sejam 
direcionadas apenas a seus compatriotas. 
Um norte-americano, por exemplo, não pode vir ao Brasil e 
aqui fundar uma associação que defenda os ideais do Partido Republicano. 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
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Também não podem agir individualmente na defesa de ideais 
políticos e nem participar de manifestações dessa natureza. 
Por outro lado, é permitido que os estrangeiros se associem 
para fins culturais, religiosos, recreativos, beneficentes ou de assistência, 
ou que se filiem a clubes sociais e desportivos, bem como queparticipem 
de eventos comemorativos de datas nacionais ou acontecimentos de 
significativos para seus países de origem. 
Aqui a única restrição é a seguinte: se nas entidades 
mencionadas (clubes, associações, etc.) mais da metade dos associados 
for composta por estrangeiros, será necessária autorização do Ministério 
da Justiça para seu funcionamento. 
O Estatuto também confere ao Ministro da Justiça a 
prerrogativa de impedir a realização de conferências, congressos e 
exibições artísticas ou folclóricas por estrangeiros, sempre que considerar 
conveniente aos interesses nacionais. 
Aqui uma regra importante: essas vedações não se 
aplicam ao português equiparado a brasileiro por força do 
Estatuto da Igualdade. 
 
1.2. Naturalização 
 
A naturalização é o procedimento por meio do qual o 
estrangeiro pode adquirir a nacionalidade brasileira. Quero que fique bem 
claro que brasileiro naturalizado é brasileiro! Assim, a partir do 
momento em que ocorre a naturalização, o estrangeiro deixa de ser 
estrangeiro, e passa a ser brasileiro para (quase) todos os efeitos, ok? 
Apesar de o conteúdo programático da nossa matéria prever 
apenas o estudo do Estatuto do Estrangeiro, é muito importante que você 
esteja atento às regras da Constituição de 1988 acerca da naturalização. 
Nossa Constituição tratou desse assunto com muito carinho, e, além 
disso, lembre-se de que o Estatuto é de 1980... 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Paulo Guimarães - Aula 10 
 
 
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O ato que confere a naturalização é uma portaria do 
Ministro da Justiça. Essa faculdade é exclusiva do Poder Executivo, não 
podendo ser exercida por nenhum dos outros poderes. Não é possível, 
portanto, a naturalização por meio de decisão judicial ou mesmo de outra 
lei. 
O ato por meio do qual se confere a naturalização também se 
reveste da discricionariedade. Isso significa que, mesmo que o 
estrangeiro preencha todos os requisitos legais, o pedido de naturalização 
pode ser indeferido, a juízo de conveniência e oportunidade do Ministro 
da Justiça. 
Quais são então as condições para o estrangeiro possa obter a 
naturalização? O art. 112 do Estatuto traz uma lista de requisitos, que 
devem ser bem compreendidos e memorizados por você. 
Antes de entrarmos no estudo dos requisitos, quero deixar 
bem claro para você que os portugueses que gozam de direitos no Brasil 
em razão do Estatuto da Igualdade não são naturalizados. Trata-se de 
uma situação própria, em que, mesmo mantendo a nacionalidade 
estrangeira, os portugueses podem gozar de diversos direitos próprios 
dos brasileiros, inclusive políticos. 
 
Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: 
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ser registrado como permanente no Brasil; 
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de 
quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; 
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições 
do naturalizando; 
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção 
própria e da família; 
VI - bom procedimento; 
Legislação Especial p/ PF (Agente) 
Teoria e exercícios comentados 
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VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou 
no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, 
abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e 
VIII - boa saúde. 
 
O quadro esquemático abaixo, como de costume, contém os 
requisitos e breves comentários para ajudar você a compreender cada um 
dos itens. 
 
REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA NATURALIZAÇÃO 
REQUISITOS COMENTÁRIOS 
I - capacidade civil, segundo a lei 
brasileira; 
O Código Civil estabelece como idade para aquisição 
de capacidade civil os 18 anos completos. Além 
disso, a pessoa não pode ter sua capacidade mental 
reduzida por qualquer razão. 
II - ser registrado como 
permanente no Brasil; 
Antes de adquirir a nacionalidade, o estrangeiro 
precisa ter residência no Brasil. É necessário, 
portanto, o visto de permanência e o registro. 
III - residência contínua no 
território nacional, pelo prazo mínimo 
de quatro anos, imediatamente 
anteriores ao pedido de naturalização; 
 
IV - ler e escrever a língua 
portuguesa, consideradas as 
condições do naturalizando; 
Já apareceu XPD�TXHVWmR�GH�SURYD�TXH�WURFRX�³OHU�H�
HVFUHYHU´�SRU�³IDODU�H�HVFUHYHU´����DSHVDU�GH�HX�DFKDU�
que foi um erro da banca (até porque a questão foi 
anulada), é bom ficar esperto - 
V - exercício de profissão ou posse 
de bens suficientes à manutenção 
própria e da família; 
 
VI - bom procedimento; 
VII - inexistência de denúncia, 
pronúncia ou condenação no Brasil 
ou no exterior por crime doloso a que 
Denúncia é o ato que dá início ao processo penal. 
Pronúncia é a decisão judicial que submete um réu 
ao julgamento por um júri popular, nos casos de 
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seja cominada pena mínima de prisão, 
abstratamente considerada, superior a 
1 (um) ano; e 
crimes dolosos contra a vida. Condenação é a 
decisão judicial, que pode ser definitiva ou não, mas 
apenas impede a naturalização se a pena for superior 
a 1 ano. Se o crime for culposo também não há 
impedimento. 
VIII - boa saúde. 
O estrangeiro que residir no Brasil há mais de 2 
anos não precisa comprovar boa saúde. 
 
A respeito do prazo de residência no Brasil para aquisição da 
nacionalidade, é necessário uma explicação um pouco mais detalhada. 
Primeiramente precisamos entender o que diz a Constituição de 1988 
sobre o assunto. 
Para os falantes de língua portuguesa, a Constituição exige 
apenas 1 ano de residência ininterrupta. Além disso, os estrangeiros 
que vivam no Brasil initerruptamente há mais de 15 anos e não 
tenham condenação penal podem requerer sua naturalização. 
Isso não significa, porém, que a naturalização não possa ser 
concedida com 4 anos de residência contínua, desde que sejam 
cumpridos também os outros requisitos do art. 112 do Estatuto. 
O próprio Estatuto também prevê a possibilidade de 
flexibilização desse prazo, quando o estrangeiro preencher uma das 
seguintes condições: 
a) ter filho ou cônjuge brasileiro Æ residência mínima de 1 
ano; 
b) ser filho de brasileiro Æ residência mínima de 1 ano; 
c) haver prestado ou poder prestar serviços relevantes 
ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça Æ residência 
mínima de 1 ano; 
d) recomendar-se por sua capacidade profissional, 
científica ou artística Æ residência mínima de 2 anos; 
e) ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor 
seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de 
Referência; ou ser industrial que disponha de fundos 
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de igual valor; ou possuir cota ou ações 
integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em 
sociedade comercial ou civil, destinada, principal e 
permanentemente, à exploração de atividade 
industrial ou agrícola Æ residência mínima de 3 anos. 
 
Há ainda algunscasos em que se dispensa o requisito da 
residência, sedo necessária apenas a estada no Brasil por 30 dias, 
quando se tratar de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco 
anos com diplomata brasileiro em atividade; ou de estrangeiro 
que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição 
Consular do Brasil, contar mais de 10 anos de serviços 
ininterruptos. 
 
TEMPO DE RESIDÊNCIA NO BRASIL PARA NATURALIZAÇÃO 
REGRAS DA 
CONSTITUIÇÃO 
1 ano ininterrupto de residência originários de países de língua portuguesa. 
Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de 15 
anos ininterruptos e sem condenação penal, podem requerer a nacionalidade 
brasileira. 
REGRAS DO 
ESTATUTO DO 
ESTRANGEIRO 
REGRA GERAL 
Residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo 
de 4 anos, imediatamente anteriores ao pedido de 
naturalização 
REGRAS 
ESPECÍFICAS 
O prazo de residência poderá ser reduzido se o naturalizando 
preencher quaisquer das seguintes condições: 
a) ter filho ou cônjuge brasileiro Æ residência mínima de 1 
ano; 
b) ser filho de brasileiro Æ residência mínima de 1 ano; 
c) haver prestado ou poder prestar serviços relevantes 
ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça Æ residência 
mínima de 1 ano; 
d) recomendar-se por sua capacidade profissional, 
científica ou artística Æ residência mínima de 2 anos; 
e) ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor 
seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de 
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Referência; ou ser industrial que disponha de fundos 
de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas 
de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade 
comercial ou civil, destinada, principal e 
permanentemente, à exploração de atividade 
industrial ou agrícola Æ residência mínima de 3 anos. 
Dispensa-se o requisito da residência, sedo necessária apenas 
a estada no Brasil por 30 dias, quando se tratar de: 
a) cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos 
com diplomata brasileiro em atividade; ou 
b) estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática 
ou em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 
10 anos de serviços ininterruptos. 
 
Art. 115. O estrangeiro que pretender a naturalização deverá 
requerê-la ao Ministro da Justiça, declarando: nome por extenso, 
naturalidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e ano de 
nascimento, profissão, lugares onde haja residido anteriormente no Brasil 
e no exterior, se satisfaz ao requisito a que alude o artigo 112, item VII e 
se deseja ou não traduzir ou adaptar o seu nome à língua portuguesa. 
O estrangeiro que desejar naturalizar-se deverá iniciar o 
procedimento junto ao Ministério da Justiça. Sua petição deverá ser 
assinada e juntamente com ele devem ser apresentados os documentos 
listados no regulamento. 
Essa, porém, é mais uma regra que contém exceção: será 
admitido o requerimento apenas com apresentação do documento de 
identidade para estrangeiro, atestado policial de residência contínua no 
Brasil e atestado policial de antecedentes criminais nas seguintes 
situações: 
a) estrangeiro admitido no Brasil até a idade de 5 anos, 
definitivamente estabelecido no território nacional, desde 
que requeira a naturalização até 2 anos após atingir a 
maioridade; 
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b) estrangeiro que tenha vindo residir no Brasil antes de 
atingida a maioridade e haja feito curso superior em 
estabelecimento nacional de ensino, se requerida a 
naturalização até 1 ano depois da formatura. 
Uma informação importante que deve constar no 
requerimento é a que diz respeito à tradução ou adaptação do nome do 
estrangeiro à língua portuguesa. Essa opção é importante porque o 
estrangeiro que tenha um nome muito diferente pode enfrentar 
dificuldades ao se estabelecer no Brasil. 
Eu mesmo já tive a oportunidade de atender um senhor 
vietnamita de nascimento, naturalizado brasileiro, que teve uma enorme 
dificuldade para obter vistos para alguns países porque se chamava Tran 
Nguyen Hi. Na tradição vietnamita, assim como em outros países 
orientais, o sobrenome vem antes do prenome, e, ao emitir seu 
passaporte, a Polícia Federal não fez a inversão. Para resolver a confusão 
foi necessário, depois de muita luta e vários pareceres jurídicos, mudar o 
certificado de naturalização. 
Numa caso como esse, em que é necessário modificar o nome 
ou prenome do naturalizado posteriormente à naturalização, a mudança 
só pode ser feita motivadamente, por ato do Ministro da Justiça. 
Uma vez recebido o requerimento, o Ministério processará 
uma sindicância sobre a vida pregressa do naturalizando e opinará quanto 
à conveniência da naturalização. O dirigente do órgão do Ministério que 
trata de estrangeiros poderá ordenar outras diligências (levantamento de 
documentos, por exemplo) e então o requerimento, juntamente com o 
parecer, será submetido ao Ministro da Justiça para decisão. 
O pedido poderá ser arquivado se o estrangeiro não preencher 
algum dos requisitos que estudamos até agora. Dessa decisão pode haver 
pedido de reconsideração em 30 dias, e, se a decisão não for 
reconsiderada, o estrangeiro pode recorrer ao Ministro da Justiça, 
também no prazo de 30 dias. 
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Além disso, é importante saber também que, ao longo do 
curso do processo, qualquer cidadão poderá impugnar o pedido formulado 
pelo estrangeiro, desde que o faça fundamentadamente. 
 
Art. 119. Publicada no Diário Oficial a portaria de naturalização, será 
ela arquivada no órgão competente do Ministério da Justiça, que 
emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o qual será 
solenemente entregue, na forma fixada em Regulamento, pelo juiz 
federal da cidade onde tenha domicílio o interessado. 
Honestamente, não consigo entender porque o certificado de 
naturalização é entregue pelo Poder Judiciário. Na minha opinião, isso não 
faz muito sentido, ao menos não do ponto de vista jurídico, mas isso não 
significa que a banca não vai cobrar esse conhecimento, não é mesmo? - 
Se na cidade do naturalizado houver mais de um Juiz Federal, 
o certificado será entregue pelo titular da Primeira Vara. Uma vara nada 
mais é que uma divisão da Justiça Federal. Se não houver Juiz Federal, a 
entrega será feita pelo Juiz de Direito (Justiça Estadual). 
A partir da entrega do certificado a naturalização passa a 
produzir efeitos. A partir desse momento o naturalizado poderá gozar de 
todos os direitos civis e políticos, excetuados os que a Constituição 
Federal atribui exclusivamente ao brasileiro nato. 
 
 
A naturalização passa a produzir efeitos a partir da entrega 
do certificado. 
 
 
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Art. 116. O estrangeiro admitido no Brasil durante os primeiros 5 
(cinco) anos de vida, estabelecido definitivamente no território nacional, 
poderá, enquanto menor, requerer ao Ministro da Justiça, porintermédio de seu representante legal, a emissão de certificado 
provisório de naturalização, que valerá como prova de nacionalidade 
brasileira até dois anos depois de atingida a maioridade. 
Aqui estamos diante da naturalização provisória. Trata-se de 
um tipo especial, somente aplicável ao estrangeiro menor de idade que 
tenha entrado no Brasil durante os 5 primeiros anos de vida. 
Uma vez atingida a maioridade, o naturalizado provisório 
poderá tornar-se definitivamente naturalizado, desde que confirme 
expressamente a intenção de tornar-se brasileiro em até 2 anos, por 
meio de requerimento dirigido ao Ministro da Justiça. 
 
Art. 123. A naturalização não importa aquisição da nacionalidade 
brasileira pelo cônjuge e filhos do naturalizado, nem autoriza que estes 
entrem ou se radiquem no Brasil sem que satisfaçam às exigências desta 
Lei. 
A naturalização se dá por meio de ato administrativo dirigido a 
apenas uma pessoa. O fato de um estrangeiro ter sido naturalizado não 
confere a nenhum outro (mesmo seus familiares) o direito de também 
obter a nacionalidade brasileira. 
 
1.3. Infrações e Penalidades 
 
Nessa parte final do Estatuto, temos diversos dispositivos que 
criam infrações e estabelecem a aplicação de penalidades aos 
estrangeiros. As penalidades previstas são de multa ou de detenção, e, no 
caso das multas, seus valores podem ser aumentados de duas a 
cinco vezes em razão de reincidência. 
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Vamos então conhecer quais são essas infrações por meio de 
um quadro-resumo. O problema é que o art. 125, que trata das infrações, 
faz diversas remissões a outros artigos, e isso torna a leitura da lei muito 
cansativa. Para ajudar você, do lado direito da tabela incluí meus 
comentários e também esses outros dispositivos do Estatuto. 
Muitos vão perguntar se é necessário memorizar as infrações 
e as penalidades, e a resposta para essa pergunta é um sonoro NÃO. Não 
quero com isso dizer que é impossível que a banca cobre o valor da 
multa, pois se o examinador tiver um surto de insanidade e resolver 
elaborar uma questão injusta e cruel como essa, não poderemos fazer 
nada. 
Entretanto, digo sem medo de errar que não vale a pena ficar 
memorizando cada detalhe da lei. Você tem pouco tempo, e precisa 
utilizá-lo da forma mais inteligente do ponto de vista estratégico. 
Concentre-se em saber quais são as infrações, e tenha uma noção das 
penalidades, mas não perca muito tempo tentando memorizar uma 
enorme tabela que pode nem aparecer na sua prova... 
 
INFRAÇÕES PREVISTAS NO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO 
I - entrar no território nacional 
sem estar autorizado (clandestino): 
Pena: deportação. 
Na realidade a deportação não é uma pena. Trata-se de uma 
medida administrativa para retirar do território nacional o 
estrangeiro que tenha entrado ou permanecido irregularmente. 
Isso você já está cansado de saber, não é mesmo? 
II - demorar-se no território 
nacional após esgotado o prazo 
legal de estada: 
Pena: multa de um décimo do 
Maior Valor de Referência, por dia 
de excesso, até o máximo de 10 
(dez) vezes o Maior Valor de 
Referência, e deportação, caso não 
saia no prazo fixado. 
III - deixar de registrar-se no 
órgão competente, dentro do prazo 
estabelecido nesta Lei (artigo 30): 
 
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Pena: multa de um décimo do 
Maior Valor de Referência, por dia 
de excesso, até o máximo de 10 
(dez) vezes o Maior Valor de 
Referência. 
IV - deixar de cumprir o disposto 
nos artigos 96, 102 e 103: 
Pena: multa de duas a dez vezes o 
Maior Valor de Referência. 
Art. 96. Sempre que lhe for exigido por qualquer autoridade ou 
seu agente, o estrangeiro deverá exibir documento 
comprobatório de sua estada legal no território nacional. 
 
Art. 102. O estrangeiro registrado é obrigado a comunicar ao 
Ministério da Justiça a mudança do seu domicílio ou 
residência, devendo fazê-lo nos 30 (trinta) dias imediatamente 
seguintes à sua efetivação. 
 
Art. 103. O estrangeiro que adquirir nacionalidade diversa da 
constante do registro (art. 30), deverá, nos noventa dias 
seguintes, requerer a averbação da nova nacionalidade em 
seus assentamentos. 
V - deixar a empresa 
transportadora de atender à 
manutenção ou promover a saída 
do território nacional do clandestino 
ou do impedido (artigo 27): 
Pena: multa de 30 (trinta) vezes o 
Maior Valor de Referência, por 
estrangeiro. 
 
VI - transportar para o Brasil 
estrangeiro que esteja sem a 
documentação em ordem: 
Pena: multa de dez vezes o Maior 
Valor de Referência, por 
estrangeiro, além da 
responsabilidade pelas despesas 
com a retirada deste do território 
nacional. 
Art. 27. A empresa transportadora responde, a qualquer tempo, 
pela saída do clandestino e do impedido. 
VII - empregar ou manter a seu 
serviço estrangeiro em situação 
 
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irregular ou impedido de exercer 
atividade remunerada: 
Pena: multa de 30 (trinta) vezes o 
Maior Valor de Referência, por 
estrangeiro. 
VIII - infringir o disposto nos 
artigos 21, § 2º, 24, 98, 104, §§ 1º 
ou 2º e 105: 
Pena: deportação. 
Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domiciliado em cidade 
contígua ao território nacional, respeitados os interesses da 
segurança nacional, poder-se-á permitir a entrada nos municípios 
fronteiriços a seu respectivo país, desde que apresente prova de 
identidade. 
§ 1º Ao estrangeiro, referido neste artigo, que pretenda exercer 
atividade remunerada ou freqüentar estabelecimento de ensino 
naqueles municípios, será fornecido documento especial que o 
identifique e caracterize a sua condição, e, ainda, Carteira de 
Trabalho e Previdência Social, quando for o caso. 
§ 2º Os documentos referidos no parágrafo anterior não conferem 
o direito de residência no Brasil, nem autorizam o afastamento dos 
limites territoriais daqueles municípios. 
 
Art. 24. Nenhum estrangeiro procedente do exterior poderá 
afastar-se do local de entrada e inspeção, sem que o seu 
documento de viagem e o cartão de entrada e saída hajam sido 
visados pelo órgão competente do Ministério da Justiça. 
 
Art. 98. Ao estrangeiro que se encontra no Brasil ao amparo de 
visto de turista, de trânsito ou temporário de que trata o artigo 13, 
item IV, bem como aos dependentes de titulares de quaisquer 
vistos temporários é vedado o exercício de atividade remunerada. 
Ao titular de visto temporário de que trata o artigo 13, item VI, é 
vedado o exercício de atividade remunerada por fonte brasileira. 
 
Art. 104. O portador de visto de cortesia, oficial ou diplomático só 
poderá exercer atividade remunerada em favor do Estado 
estrangeiro, organização ou agência internacional de caráter 
intergovernamental a cujo serviço se encontre no País, ou do 
Governo ou de entidade brasileiros, mediante instrumento 
internacional firmado com outro Governo que encerre cláusula 
específica sobre o assunto. 
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§ 1º O serviçal com visto de cortesia só poderá exercer atividade 
remunerada a serviço particular de titular de visto de cortesia, 
oficial ou diplomático. 
§ 2º A missão, organização ou pessoa, a cujo serviço se encontra 
o serviçal, fica responsável pela sua saída do território nacional, no 
prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que cessar o vínculo 
empregatício, sob pena de deportação do mesmo. 
 
Art. 105. Ao estrangeiro que tenha entrado no Brasil na condição 
de turista ou em trânsito é proibido o engajamento como 
tripulante em porto brasileiro, salvo em navio de bandeira de seu 
país, por viagem não redonda, a requerimento do transportador ou 
do seu agente, mediante autorização do Ministério da Justiça. 
IX - infringir o disposto no artigo 
25: 
Pena: multa de 5 (cinco) vezes o 
Maior Valor de Referência para o 
resgatador e deportação para o 
estrangeiro. 
Art. 25. Não poderá ser resgatado no Brasil, sem prévia 
autorização do Ministério da Justiça, o bilhete de viagem do 
estrangeiro que tenha entrado no território nacional na condição 
de turista ou em trânsito. 
X - infringir o disposto nos artigos 
18, 37, § 2º, ou 99 a 101: 
Pena: cancelamento do registro e 
deportação. 
Art. 18. A concessão do visto permanente poderá ficar 
condicionada, por prazo não-superior a 5 (cinco) anos, ao exercício 
de atividade certa e à fixação em região determinada do território 
nacional. 
 
Art. 37. O titular do visto de que trata o artigo 13, incisos V e VII, 
poderá obter transformação do mesmo para permanente (art. 16), 
satisfeitas às condições previstas nesta Lei e no seu Regulamento. 
 [...] 
§ 2º. Na transformação do visto poder-se-á aplicar o disposto no 
artigo 18 desta Lei. 
 
Art. 99. Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se 
encontre no Brasil na condição do artigo 21, § 1°, é vedado 
estabelecer-se com firma individual, ou exercer cargo ou função de 
administrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou civil, 
bem como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de 
profissão regulamentada. 
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Parágrafo único. Aos estrangeiros portadores do visto de que 
trata o inciso V do art. 13 é permitida a inscrição temporária em 
entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada. 
 
Art. 100. O estrangeiro admitido na condição de temporário, sob 
regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade 
pela qual foi contratado, na oportunidade da concessão do visto, 
salvo autorização expressa do Ministério da Justiça, ouvido o 
Ministério do Trabalho. 
 
Art. 101. O estrangeiro admitido na forma do artigo 18, ou do 
artigo 37, § 2º, para o desempenho de atividade profissional certa, 
e a fixação em região determinada, não poderá, dentro do prazo 
que lhe for fixado na oportunidade da concessão ou da 
transformação do visto, mudar de domicílio nem de atividade 
profissional, ou exercê-la fora daquela região, salvo em caso 
excepcional, mediante autorização prévia do Ministério da Justiça, 
ouvido o Ministério do Trabalho, quando necessário. 
XI - infringir o disposto no artigo 
106 ou 107: 
Pena: detenção de 1 (um) a 3 
(três) anos e expulsão. 
Art. 106. É vedado ao estrangeiro: 
I - ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional, 
inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre; 
II - ser proprietário de empresa jornalística de qualquer espécie, e 
de empresas de televisão e de radiodifusão, sócio ou acionista de 
sociedade proprietária dessas empresas; 
III - ser responsável, orientador intelectual ou administrativo das 
empresas mencionadas no item anterior; 
IV - obter concessão ou autorização para a pesquisa, prospecção, 
exploração e aproveitamento das jazidas, minas e demais recursos 
minerais e dos potenciais de energia hidráulica; 
V - ser proprietário ou explorador de aeronave brasileira, 
ressalvado o disposto na legislação específica; 
VI - ser corretor de navios, de fundos públicos, leiloeiro e 
despachante aduaneiro; 
VII - participar da administração ou representação de sindicato ou 
associação profissional, bem como de entidade fiscalizadora do 
exercício de profissão regulamentada; 
VIII - ser prático de barras, portos, rios, lagos e canais; 
IX - possuir, manter ou operar, mesmo como amador, aparelho de 
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radiodifusão, de radiotelegrafia e similar, salvo reciprocidade de 
tratamento; e 
X - prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares, e 
também aos estabelecimentos de internação coletiva. 
§ 1º O disposto no item I deste artigo não se aplica aos navios 
nacionais de pesca. 
§ 2º Ao português, no gozo dos direitos e obrigações previstos no 
Estatuto da Igualdade, apenas lhe é defeso: 
a) assumir a responsabilidade e a orientação intelectual e 
administrativa das empresas mencionadas no item II deste artigo; 
b) ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional, 
inclusive de navegação fluvial e lacustre, ressalvado o disposto no 
parágrafo anterior; e 
c) prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares. 
 
Art. 107. O estrangeiro admitido no território nacional não pode 
exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta ou 
indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe 
especialmente vedado: 
I - organizar, criar ou manter sociedade ou quaisquer entidades de 
caráter político, ainda que tenham por fim apenas a propaganda 
ou a difusão, exclusivamente entre compatriotas, de idéias, 
programas ou normas de ação de partidos políticos do país de 
origem; 
II - exercer ação individual, junto a compatriotas ou não, no 
sentido de obter, mediante coação ou constrangimento de 
qualquer natureza, adesão a idéias, programas ou normas de ação 
de partidos ou facções políticas de qualquer país; 
III - organizar desfiles, passeatas, comícios e reuniões de 
qualquer natureza, ou deles participar, com os fins a que se 
referem os itens I e II deste artigo. 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica 
ao português beneficiário do Estatuto da Igualdade ao qual tiver 
sido reconhecido o gozo de direitos políticos. 
XII - introduzir estrangeiro 
clandestinamente ou ocultar 
clandestino ou irregular: 
Pena: detenção de 1 (um) a 3 
 
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(três) anos e, se o infrator for 
estrangeiro, expulsão. 
XIII - fazer declaração falsa em 
processo de transformação de visto, 
de registro, de alteração de 
assentamentos, de naturalização, 
ou para a obtenção de passaporte 
para estrangeiro, laissez-passer, 
ou, quando exigido, visto de saída: 
Pena: reclusão de 1 (um) a 5 
(cinco) anos e, se o infrator for 
estrangeiro, expulsão. 
 
XIV - infringir o disposto nos 
artigos 45 a 48: 
Pena: multa de 5 (cinco) a 10 (dez) 
vezes o Maior Valor de Referência. 
Art. 45. A Junta Comercial, ao registrar firma de que participe 
estrangeiro, remeterá ao Ministérioda Justiça os dados de 
identificação do estrangeiro e os do seu documento de identidade 
emitido no Brasil. 
Parágrafo único. Tratando-se de sociedade anônima, a 
providência é obrigatória em relação ao estrangeiro que figure na 
condição de administrador, gerente, diretor ou acionista 
controlador. 
 
Art. 46. Os Cartórios de Registro Civil remeterão, mensalmente, 
ao Ministério da Justiça cópia dos registros de casamento e de 
óbito de estrangeiro. 
 
Art. 47. O estabelecimento hoteleiro, a empresa imobiliária, o 
proprietário, locador, sublocador ou locatário de imóvel e o síndico 
de edifício remeterão ao Ministério da Justiça, quando requisitados, 
os dados de identificação do estrangeiro admitido na condição de 
hóspede, locatário, sublocatário ou morador. 
 
Art. 48. Salvo o disposto no § 1° do artigo 21, a admissão de 
estrangeiro a serviço de entidade pública ou privada, ou a 
matrícula em estabelecimento de ensino de qualquer grau, só se 
efetivará se o mesmo estiver devidamente registrado (art. 30). 
Parágrafo único. As entidades, a que se refere este artigo 
remeterão ao Ministério da Justiça, que dará conhecimento ao 
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Ministério do Trabalho, quando for o caso, os dados de 
identificação do estrangeiro admitido ou matriculado e 
comunicarão, à medida que ocorrer, o término do contrato de 
trabalho, sua rescisão ou prorrogação, bem como a suspensão ou 
cancelamento da matrícula e a conclusão do curso. 
XV - infringir o disposto no artigo 
26, § 1º ou 64: 
Pena: deportação e na reincidência, 
expulsão. 
Art. 26. O visto concedido pela autoridade consular configura 
mera expectativa de direito, podendo a entrada, a estada ou o 
registro do estrangeiro ser obstado ocorrendo qualquer dos casos 
do artigo 7º, ou a inconveniência de sua presença no território 
nacional, a critério do Ministério da Justiça. 
§ 1º O estrangeiro que se tiver retirado do País sem recolher a 
multa devida em virtude desta Lei, não poderá reentrar sem 
efetuar o seu pagamento, acrescido de correção monetária. 
 
Art. 64. O deportado só poderá reingressar no território nacional 
se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das 
despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o 
pagamento da multa devida à época, também corrigida. 
XVI - infringir ou deixar de 
observar qualquer disposição desta 
Lei ou de seu Regulamento para a 
qual não seja cominada sanção 
especial: 
Pena: multa de 2 (duas) a 5 (cinco) 
vezes o Maior Valor de Referência. 
 
 
Se a infração for punível com multa, será apurada por meio 
de processo administrativo conduzido pelo Ministério da Justiça. No 
caso das infrações puníveis com prisão (reclusão ou detenção), será 
aplicado o Código de Processo Penal. Quanto às penalidades de 
deportação e expulsão, serão observados os procedimentos previstos 
no próprio Estatuto. 
 
 
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2. LEI Nº 8.072/1990: LEI DOS CRIMES HEDIONDOS 
 
Um crime é qualificado como hediondo porque é considerado 
muito grave, repugnante, aviltante. O legislador entendeu que esses 
crimes merecem uma maior reprovação por parte do Estado. 
Os crimes hediondos estão no topo da pirâmide da 
desvaloração axiológica criminal. São os crimes que causam mais aversão 
à sociedade. 
A Constituição da República menciona os crimes hediondos no 
art. 5º, XLIII. 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, 
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem; 
A prática de tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo são 
mencionados especificamente pela Constituição. Esses são considerados 
crimes equiparados a hediondos. Axiologicamente, não há nenhuma 
diferença entre eles, mas Lei nº 8.072/1990, bem como a própria 
Constituição, mencionam esses crimes separadamente, de forma que não 
fazem parte do conjunto dos crimes hediondos, apesar de terem muitas 
vezes o mesmo tratamento. 
Os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos são 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. A Lei dos Crimes 
Hediondos menciona ainda, em seu art, 2º, a impossibilidade de 
concessão de indulto: 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. 
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A graça, o indulto e a anistia são formas de extinção da 
punibilidade. 
Anistia é o ato do Poder Legislativo por meio do qual se 
extinguem as consequências de um fato que em tese seria punível e, 
como resultado, qualquer processo sobre ele. É uma medida 
ordinariamente adotada para pacificação dos espíritos após motins ou 
revoluções. 
A graça, diferentemente, é concedida a pessoa determinada, 
enquanto o indulto tem caráter coletivo. Ambos, porém, somente podem 
ser concedidos por ato do Presidente da República, sendo possível a 
delegação dessa competência a Ministro de Estado, ao Advogado-Geral da 
União ou ao Procurador-Geral da República. 
A redação original do inciso II do art. 2º vedava também a 
concessão de liberdade provisória nos casos de crimes hediondos e 
equiparados. Você pode notar, entretanto, que a Constituição não fez 
qualquer menção à restrição da liberdade do acusado por tais crimes. 
Pelo contrário, o teor do art. 5º, LXVI, é no sentido de que 
³QLQJXpP�GHYH�VHU�OHYDGR�j�SULVmR�RX�QHOD�PDQWLGR��TXDQGR�D�OHL�DGPLWLU�
D� OLEHUGDGH� SURYLVyULD�� FRP� RX� VHP� ILDQoD´�� )RL� SRU� HVVD� UD]mR� TXH� R�
dispositivo foi alterado em 2007, e hoje os crimes hediondos e 
equiparados são inafiançáveis, mas o acusado apenas pode ter sua 
liberdade restringida cautelarmente quando houver decisão judicial 
fundamentada, e apenas nos casos previstos em lei (art. 312 do CPP). 
 
Mas quais são os crimes hediondos? 
 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos 
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de 
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); 
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II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, 
caput, e §§ lo, 2o e 3o); 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). 
VII-A ± (VETADO) 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticosou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 
1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 
1998). 
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de 
genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro 
de 1956, tentado ou consumado. 
Antes da alteração sofrida pelos incisos V e VI em 2009, havia 
uma grande discussão doutrinária acerca da inclusão ou não do estupro (e 
atentado violento ao pudor) em suas formas qualificadas no rol dos 
crimes hediondos, pois os dispositivos mencionados apenas tratavam do 
caput dos artigos correspondentes do Código Penal. Hoje você pode notar 
que os dispositivos tratam do caput e dos parágrafos do art. 213. 
 
 
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CRIMES HEDIONDOS CRIMES EQUIPARADOS A 
HEDIONDOS 
Homicídio por grupo de 
extermínio, e homicídio qualificado 
Tortura 
Latrocínio 
Extorsão qualificada pela morte 
Extorsão mediante sequestro e na 
forma qualificada 
Tráfico de Drogas 
Estupro simples e de vulnerável 
Epidemia com resultado morte 
Falsificação, corrupção, 
adulteração ou alteração de 
produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais 
Terrorismo 
Genocídio 
 
Já houve muita controvérsia na Doutrina acerca da 
possibilidade de progressão de regime do condenado por crime 
hediondo. Com as alterações legislativas que sofreram os parágrafos do 
art. 2º, a discussão foi sepultada de uma vez por todas. 
 
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida 
inicialmente em regime fechado. 
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes 
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois 
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), 
se reincidente. 
É interessante também saber que o juiz deve decidir 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade, caso haja 
condenação. 
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A redação anterior do §1º era de que a pena seria cumprida 
integralmente em regime fechado. 
O §1º foi recentemente declarado inconstitucional pelo STF, 
em sede de controle difuso, no julgamento do HC 111840. Abaixo 
transcrevo trecho da ementa do julgado. 
 
Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 
1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 
11.464/07, o qual determina que ³>D@� SHQD� SRU� FULPH� SUHYLVWR� QHVWH�
DUWLJR� VHUi� FXPSULGD� LQLFLDOPHQWH� HP� UHJLPH� IHFKDGR³�� Declaração 
incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da 
obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento 
de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. 
Recomendo que você tome bastante cuidado ao responder 
uma eventual questão de prova sobre esse tema, pois a banca pode ainda 
não ter incorporado a nova Jurisprudência. Cuidado também com 
expressões que façam menção diretamente à lei. Essas são as tais 
³TXHVW}HV�EOLQGDGDV´� 
 
 
É possível a progressão de regime do condenado por crime 
hediondo, sendo possível quando se der o cumprimento de 2/5 da pena 
(apenado primário), ou de 3/5 (reincidente). 
A Lei dos Crimes Hediondos determina que a pena deve ser 
cumprida inicialmente em regime fechado. Todavia, o STF já declarou 
este dispositivo constitucional em sede de controle difuso. 
 
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Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. 
O art. 288 do Código Penal diz respeito ao crime de 
quadrilha ou bando. Quando a quadrilha ou bando tiver por objeto a 
prática de crimes hediondos ou equiparados a hediondos, haverá 
aumento de pena: a pena cominada pelo CP é de reclusão de 1 a 3 anos, 
enquanto, neste caso, será de reclusão de 3 a 6 anos. 
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à 
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, 
terá a pena reduzida de um a dois terços. 
O parágrafo único traz mais uma hipótese de delação 
premiada, aqui chamada de traição benéfica. É importante que você 
compreenda que, quanto a crimes hediondos, a delação premiada 
somente se aplica quando houver quadrilha ou bando, formada 
especificamente para o fim de cometer crimes hediondos ou equiparados. 
Caso um participante da quadrilha ou bando denuncie o grupo 
às autoridades, levando ao seu desmantelamento, sua pena será reduzida 
de 1 a 2 terços. 
Um aspecto encarado pela Doutrina é o que diz respeito à 
prova do desmantelamento da quadrilha ou bando. Obviamente é muito 
difícil fazer essa comprovação, e nada impede que, mesmo que todos os 
componentes sejam presos, eles voltem a reunir-se no futuro para a 
prática dos mesmos crimes. O Poder Judiciário deve, portanto, encarar 
com parcimônia o dispositivo legal. 
 
 
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DELAÇÃO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS 
TRAIÇÃO BENÉFICA 
- Apenas quando houver quadrilha ou bando formado 
especificamente para a prática de crimes hediondos ou equiparados 
a hediondos; 
- O participante ou associado da quadrilha ou bando precisa 
denunciá-la às autoridades, possibilitando seu desmantelamento; 
- A pena será reduzida de um a dois terços. 
 
 
3. LEI Nº 10.446/2002: INFRAÇÕES PENAIS DE REPERCUSSÃO 
INTERESTADUAL OU INTERNACIONAL QUE EXIGEM REPRESSÃO 
UNIFORME 
 
Esta é uma lei bastante simples, que trata da possibilidade de 
a Polícia Federal investigar o cometimento de infrações penais quando 
houver repercussão interestadual ou internacional que exijam repressão 
uniforme. 
 
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, 
quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija 
repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do 
Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de 
segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em 
especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à 
investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: 
I ± sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro 
(arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação 
política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela 
vítima; 
II ± formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 
8.137, de 27 de dezembro de 1990); e 
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III ± relativas à violação a direitos humanos, que a República 
Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de 
tratados internacionais de que seja parte; e 
IV ± furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens evalores, transportadas em operação interestadual ou internacional, 
quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um 
Estado da Federação. 
V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela 
internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, 
adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal). 
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o 
Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros 
casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo 
Ministro de Estado da Justiça. 
Primeiramente quero chamar sua atenção para o caput do art. 
1º. Você já sabe que a Polícia Federal é um departamento do Ministério 
da Justiça, competente para investigar certos crimes, quando estiver 
configurado o interesse da União. Digo isso para deixar bem claro que a 
regra geral é de que as polícias civis dos Estados investiguem a maior 
parte dos crimes, enquanto a Polícia Federal deve entrar em cena em 
casos específicos. 
Pois bem, para que haja a ampliação da competência da 
Polícia Federal, é necessário primeiramente que os crimes mencionados 
neste dispositivo tenham repercussão interestadual ou internacional que 
exija repressão uniforme. 
Isso significa que o crime deve ultrapassar esses limites, de 
maneira que, para responsabilizar os agentes, seja necessária uma ação 
uniforme, e aí então se justificaria a ação da polícia judiciária que pode 
atuar em qualquer estado da federação ou mesmo em outros países. 
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Nos casos previstos no dispositivo, portanto, a Polícia Federal 
pode executar as atividades investigativas, sem prejuízo da 
responsabilidade dos órgãos de segurança pública dos estados envolvidos. 
Em seguida o dispositivo traz uma lista dos crimes que podem 
ser investigados pela Polícia Federal quando tiverem repercussão 
interestadual ou internacional que exija repressão uniforme. Chamo sua 
atenção aqui para um detalhe: essa lista é meramente exemplificativa, 
como podemos concluir pela leitura do próprio caput, que utiliza a 
expressão ³dentre outras´ ao se referir às infrações penais listadas. 
Quando aos crimes mencionados, é importante memorizar 
todas as hipóteses, mas dê uma atenção especial à violação de direitos 
humanos. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 109, §5º prevê a 
possibilidade de deslocamento de competência da Justiça comum estadual 
para a Justiça Federal nesses casos. 
 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o 
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de 
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o 
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou 
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça 
Federal. 
Aqui estamos tratando da competência para julgar, e não 
exatamente da competência para investigar. Em 2005 o STJ indeferiu um 
pedido de deslocamento de competência da Justiça Estadual do Pará para 
a Justiça Federal, num caso que ficou muito conhecido: o assassinato de 
Dorothy Stang. 
À época, o STJ reconheceu que as autoridades estaduais 
estavam empenhadas na investigação do ocorrido, e, portanto, não havia 
que se falar em dúvida quanto ao cumprimento dos compromissos 
internacionais assumidos pelo Brasil em matéria de direitos humanos. Por 
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outro lado, ao indeferir o pedido, a decisão deixou claro que não haveria 
prejuízo ao inciso III do art. 1º da Lei nº 10.446/2002. 
Nossa conclusão, portanto, é de que o deslocamento da 
competência para julgar violações de direitos humanos previsto na 
Constituição não está necessariamente relacionado à possibilidade de a 
Polícia Federal investigar tais crimes. 
 
 
 
 
Quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão 
uniforme, poderá a Polícia Federal proceder à investigação, sem prejuízo da 
responsabilidade dos órgãos de segurança, dentre outras, das seguintes 
infrações penais: 
INFRAÇÃO PENAL COMENTÁRIOS 
Sequestro, cárcere privado e extorsão 
mediante sequestro (arts. 148 e 159 do 
Código Penal). 
Se o agente foi impelido por motivação 
política ou quando praticado em razão da 
função pública exercida pela vítima. 
Formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII 
do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro 
de 1990). 
 
Infrações penais relativas à violação a 
direitos humanos. 
Quando a República Federativa do Brasil se 
comprometeu a reprimir a infração em 
decorrência de tratados internacionais de que 
seja parte. 
Furto, roubo ou receptação de cargas, 
inclusive bens e valores, transportadas em 
operação interestadual ou internacional. 
Quando houver indícios da atuação de 
quadrilha ou bando em mais de um Estado da 
Federação. 
Falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais e venda, 
 
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inclusive pela internet, depósito ou 
distribuição do produto falsificado, 
corrompido, adulterado ou alterado (art. 
273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal). 
 
 
 
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4. RESUMO DO CONCURSEIRO 
 
ESTATUTO DO ESTRANGEIRO ± PARTE III 
 
O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos 
reconhecidos aos brasileiros. 
 
O exercício de atividade remunerada e a matrícula em 
estabelecimento de ensino são permitidos ao estrangeiro com as 
restrições estabelecidas no Estatuto e no seu regulamento. 
 
O estrangeiro registrado é obrigado a comunicar ao 
Ministério da Justiça no prazo de 30 dias sua mudança de domicílio 
ou residência. Além disso, o estrangeiro que adquirir outra nacionalidade 
deverá requerer averbação do fato em seus registros, no prazo de 90 
dias. 
 
 
É VEDADO AO ESTRANGEIRO... 
I - ser proprietário, armador ou 
comandante de navio nacional, inclusive 
nos serviços de navegação fluvial e 
lacustre; 
* Aplicável também aos portugueses 
Qualquer atividade relacionada ao transporte de 
cargas e passageiros é considerada estratégica, e por 
isso estrangeiros não devem exercer certas 
atividades relacionadas ao comando de navios 
nacionais. Essas atividades incluem não só a 
propriedade e o comando dos navios, mas também 
a atividade do armador, que é quem efetivamente 
opera os navios. 
A regra do item I não aplica aos navios nacionais de 
pesca. 
V - ser proprietário ou explorador de 
aeronave brasileira, ressalvado o disposto 
na legislação específica; 
VI - ser corretor de navios, de fundos 
públicos, leiloeiro e despachante 
aduaneiro; 
São outras funções relacionadas com o comércio

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