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1. INTRODUÇÃO A flora amazônica destaca-se pela riqueza de espécies com potencial para uso na agricultura, melhoramento genético e domesticação, incluindo es- pécies florestais, frutíferas, palmáceas, forrageiras, medicinais e industriais. O aproveitamento da variabilidade genética dessas espécies tem sido modesto em relação ao seu valor estratégico para o desenvolvimento de novos produtos na- cionais. Em função da grande diversidade das florestas tropicais, dos riscos de perdas de populações naturais e dos conhecimentos limitados sobre recursos genéticos de espécies autóctones, reconhece-se que esses ecossistemas são mais prioritários para conservação e uso econômico. O processo de conservação e exploração genética da biodiversidade amazônica foi iniciado na década de 80, com várias coletas interinstitucionais de populações naturais de espécies vege- tais promissoras e sob risco de erosão genética. Experiências acumuladas ao longo dos anos, indicam que coletas de re- cursos genéticos requerem alternativas de conservação mais sustentáveis, que reduzam perdas de acessos por pressões bióticas e abióticas e, principalmente, possibilitem a valoração da diversidade genética através dos procedimentos usuais de avaliação, caracterização e utilização das amostras de populações naturais resgatadas. Nessa perspetiva, a Embrapa Amazônia Ocidental, em parceria com Embrapa Acre e Instituo Nacional de Pesquisa da Amazônia, vem desenvolvendo ações de pesquisas com objetivos e metas convergentes para conservação e uso de recursos genéticos de espécies vegetais nativas da Amazô- nia. 2. OBJETIVOS Geral Viabilizar a conservação ex-situ de recursos genéticos de espécies vege- tais autóctones da Amazônia e evitar perdas de variabilidade genética, soman- do-se aos esforços de preservação da biodiversidade, sua exploração econômica Conservação e uso de recursosConservação e uso de recursosConservação e uso de recursosConservação e uso de recursosConservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazôniafitogenéticos da Amazôniafitogenéticos da Amazôniafitogenéticos da Amazôniafitogenéticos da Amazônia1616161616 334 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia ESPECÍFICOS 1. Avaliar metodologia estratégica de conservação em campo de espécies autóctones da Amazônia 2. Conservar, avaliar e caracterizar germoplasma de pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) 3. Conservar, avaliar e caracterizar germoplasma de caiaué (E. oleifera (Kunth), Cortés)) 4. Enriquecer, conservar, avaliar e caracterizar germoplasma de guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke 5. Implantar Banco Ativo de Germoplasma de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh 6. Implantar Banco Ativo de Germoplasma de Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) 7. Conservar, avaliar e caracterizar germoplasma de seringueiras resisten- tes (Hevea spp) 3. METODOLOGIA A conservação dos recursos fitogenéticos nos Bancos de germoplasma consistiu da execução de práticas agronômicas aplicadas a cada espécie, crian- do condições favoráveis ao desenvolvimento e à expressão de todo potencial genético das plantas, possibilitando uma criteriosa caracterização, avaliação e utilização do germoplasma. Apesar do projeto integrar ações de pesquisa convergentes, as metodologias são próprias para cada objetivo específico, correspondendo ao estudo de uma metodologia de conservação em bancos diversificados de germoplasma e de recursos genéticos de sete espécies vegetais: 1. Avaliar metodologia estratégica de conservação em campo de espéci- es autóctones da Amazônia A Embrapa Amazônia Ocidental está testando um modelo de conserva- ção alternativo, fundamentado em aspectos genético-ecológicos do ecossistema de floresta tropical. Numa área de 0.25 hectare, procura-se representar as estratégias utiliza- das pelas espécies autóctones para manterem-se em equilíbrio no ecossistema tropical: variabilidade genética - os materiais genéticos de cada espécie foram coletados em Bancos de germoplasma e, na sua ausência, em populações natu- rais e feiras livres; diversidade interespecífica - representada por 12 espécies, sendo 5 florestais dominantes - para-para (Jacaranda copaia), breu-sucuruba (Trattinicria burserifolia), cuiarana-de-caroço (Buchenavia huber) sumauma (Ceiba pentranda); e, 5 fruteiras - cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cacau (Theobroma 335 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia cacao), biribá (Rollinia mucosa), sorva (Colma utilis), pupunha (Bactris gasipaes), açaí (Euterpe oleracea) e camu-camu (Myrciaria dubia); e densidade de plantas - as florestais estão na densidade de 20 plantas/ha, as fruteiras, 6 com 80 plantas/ ha e uma com 64 plantas/ha, totalizando 644 plantas/ha. Na disposição das espécies no campo, considerou-se o nível de tolerância a sombra que, hipotetica- mente, as plantas suportam em populações naturais. Nas parcelas foram efetuadas avaliações de crescimento das espécies florestais, da capacidade produtiva das espécies frutíferas e de ocorrência de doenças e pragas. 2. Conservar, Avaliar e Caracterizar o Banco Ativo de Germoplasma de Pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) O Banco de germoplasma pupunha está implantado na Estação Experi- mental do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), localizada no Km 43 da BR-174, em Manaus. Inicialmente foi realizado um levantamento do estado atual do BAG para determinação de taxas de erosão genética e estabelecer medidas de controle de perdas de acessos através da recuperação das plantas com tratos culturais im- prescindíveis a sobrevivência das plantas como adubações e desbaste de plan- tas com perfilhos e renovação foliar de plantas sem perfilhos induzida pela derrubada. A pesquisa com recursos genéticos foi direcionada para a discrimina- ção de três raças primitivas de pupunha descritas no Brasil [Pará (Rio Amazo- nas), Solimões (baixo e médio Rio Solimões), Putumayo (alto Rio Solimões)], com indicações de que a raça Solimões poderia ser artefato de análise morfométrica. Marcadores moleculares RAPDs e AFLPs foram usados para avaliar a hipótese de três raças, utilizando-se DNA de 30 plantas de cada raça. As similaridades de Jaccard foram estimadas para agrupamento das plantas com UPGMA. 3. Conservação, Avaliação e Caracterização de Germoplasma de Caiaué (E. oleifera (Kunth), Cortés) A Embrapa Amazônia Ocidental dispõe de ampla coleção de germoplasma de caiaué ou dendê americano (E. oleifera), representada por 182 linhagens coletadas na Amazônia brasileira, ocupando uma área de 27 hectares. Está sediada na Estação Experimental do Rio Urubu, município de Rio Preto da Erva-AM. As atividades inerentes a conservação do germoplasma foram executa- das em toda a coleção. Na avaliação foi priorizada 15% da coleção, devido ao curto período de abrangência do projeto, correspondendo a 30 progênies de meios irmãos originárias de 12 locais do Estado do Amazonas (Tabela 1). 336 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia Tabela 1. Germoplasma de caiaué avaliado em dois anos de produção. As progênies estão dispostas em delineamento estatístico de blocos ao acaso, com 04 repetições e 09 plantas por parcela em espaçamento de 9 x 9 m. Foram mensuradas as variáveis número de cachos, peso total de cachos e peso médio de cachos em dois anos de produção. Estimativas de parâmetros genéti- cos foram obtidas aplicando técnicas estatísticas em dados bi-anuais tomados em nível de médias de parcelas: herdabilidade (hm), coeficiente de variação ge- nética (CVg) e índice de variação genética. A diversidade genética da coleção foi estudada com emprego das técnicas de marcadores moleculares AFLP e RFLP. 4. Conservação, Avaliação e Caracterização de Germoplasma de Guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke) O BAG de guaraná está instalado no Campo Experimental do CPAA/EMBRAPA, localizado no Km 24 da Rodovia AM-010, em Manaus-AM, contém cerca de 270 acessos. As avaliações dos acessos foram com base em aspectos vegetativos - comprimento do ramo principal, número de ramos e número de folhas - e produ- tivos - produção de sementes secas por planta, além dos aspectos de resistência a doenças e sobrevivência. Na caracterização química foi priorizada a determinação do teor de cafe- ína de 116 acessos por análises bromatológicas em amostras de sementes secas. 337 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia 5. Implantação, Avaliação e Caracterização do Banco Ativo de Germoplasma de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vangh) Em 1996, a Embrapa Amazônia Ocidentl iniciou coletas de germoplasma visando a implantação de um Banco Ativo de Germopasma de camu-camu. Os acessos foram plantados em parcelas lineares de seis plantas espaçadas 3m x 3m, no delineamento experimental de blocos casualizados com três repetições. As plantas recebem os tratos culturais normalmente adotados para outras fru- teiras, inclusive, cobertura do solo com a leguminosa Pueraria phaseoloides. Aos seis meses foram efetuadas avaliações de sobrevivência e de diâmetro do caule a 10cm do solo em seis procedências. 6. Implantação do Banco Ativo de Germoplasma de Castanha- do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) As atividades foram iniciadas em janeiro de 1997 com a identificação e coleta ouriços de arvores produtivas no Estado do Acre, local de implantação do Banco de germoplasma. Paralelamente, o projeto incentivou a conservação da espécie em áreas de produtores através da enxertia das plantas identificadas para uso em sistemas agroflorestais. A coleta ocorreu em área de abrangência da Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (CAEX)’, com base em informações de extrativistas da localidade denominada Seringal Cachoeira (sitio de ocorrência natural da castanha-do- brasil), resultando na seleção de 30 árvores com produção anual superior a 10 latas (aproximadamente 100 kg de castanhas) em 10 colocações, sendo três ár- vores por colocação numa área de aproximadamente 300 ha. As árvores matrizes foram etiquetadas, coletados 03 ouriços por árvore, sendo que foram tomados os seguintes dados: (diâmetro da árvore-matriz a 1 metro do solo; diâmetro do ouriço; peso do ouriço; número de castanhas/ouriço; peso de castanhas/ouriço; peso de amêndoas/ouriço. As características avalia- das foram submetidas a análise de correlação. 7. Conservação, Avaliação e Caracterização de Germoplasma de Seringueiras Resistentes O Banco de germoplasma de seringueiras resistentes está instalado no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental e conserva 150 clones remanescentes de programas de melhoramentos desativados e 45 populações naturais de H.pauciflora, H.spruceana, H.guianensis, H.benthamiana, H.nítida e H. rigidifolia; procedências oriundas de coletas EMBRAPA/RRIM. A avaliação dos acessos se restringiu ao levantamento de ocor- rência de doenças nas amostras de populações naturais do gênero Hevea. 338 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia 4. RESULTADOS PARCIAIS 1. Metodologia estratégica de conservação de recursos genéti- cos em campo Nelcimar Reis Sousa - responsável Embrapa Amazônia Ocidental Aos 48 meses, as florestais mantiveram a performance desde avaliação de estabelecimento aos 12 meses. As espécies com valores médios superiores em altura e diâmetro a 50cm do solo foram Jacaranda copaia (15,11m e 24,11cm) e Ceiba pentranda (11,41m e 41,97cm). Por outro lado, Buchenavia huber continuou com crescimento lento em altura (6,03m) e diâmetro (8,17cm) (Figura 1). O crescimento das espécies florestais até o momento não interferiu na capacidade produtiva das espécies frutíferas, atestando a viabilidade do mode- lo para conservação de pequenas densidades de espécies florestais sob risco de erosão genética, desde que consideradas as tolerâncias à sombra das espécies frutíferas posicionadas nos estratos inferiores. As estratégias representadas na coleção (diversidade, densidade e varia- bilidade genética) não evitaram o aparecimento de doenças nas espécies com maior grau de domesticação (biribá, sorva, cupuaçu, cacau e seringueira), entre- tanto a maioria das espécies não apresentaram redução de desenvolvimento, incapacidade produtiva ou morte de plantas em níveis que comprometesse a sustentabilidade genético-ecológica da coleção. O modelo tem-se revelado num sistema que combina produção de frutei- ras e conservação de recursos genéticos florestais. A pesquisa poderá ser uma alternativa de conservação participativa, em que as frutíferas seriam selecionadas pelo usuário do modelo, enquanto a espécie a ser conservada é indicada pela pesquisa (pau-rosa, mogno ou virola). 2. Banco Ativo de Germoplasma de Pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) Charles R. Clement - responsável Kaoru Yuyama - colaborador Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA) Doriane B. Picanço - bolsista/PPD Nelcimar Reis Sousa - colaboradora Embrapa Amazônia Ocidental No levantamento do estado atual do BAG, verificou-se que das quase 3000 plantas conservadas, apenas 2200 (75%) possuem perfilhos. Também, foi constatada a erosão genética de 3% dos acessos e 13% de plantas, sem inclusão das espécies afins (Tabela 1). Ao final do processo de recuperação do Banco, estima-se que a taxa de erosão será acrescida, pois as plantas sem perfilhos provavelmente não lançarão perfilhos após derrubada para indução de renova- ção foliar. 339 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia FIGURA 1 – Valores médios para altura da planta (m) e diâmetro do tronco (cm) a 50cm do solo de doze espécies autóctones da Amazônia aos 48 meses num modelo de conservação de coleções diversificadas. Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, 1998. 340 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia Tabela 2. Estado original e atual do Banco Ativo de Germoplasma de Pupunha, com estimativas de erosão genética do plantio ao final de 1998 e estimativas da erosão genética provável durante o processo de recuperação do BAG. * Número de plantas com perfilhos ** Erosão provavel com base nas plantas presentes em 1998 No emprego das técnicas para analise genética de três raças primitivas descritas no Brasil [Pará (Rio Amazonas), Solimões (baixo e médio Rio Solimões), Putumayo (alto Rio Solimões)], 8 primers geraram 80 marcadores RAPDs e 6 combinações de primers geraram 245 marcadores AFLPs. Os agrupamentos das plantas foram similares nas duas técnicas de marcadores moleculares empregadas, com alguma diferença na composição de alguns subgrupos: RAPDs - o grupo da raça Pará conteve 26 Pará, 5 Putumayo, 1 Solimões; o grupo do Rio Solimões conteve 29 Solimões, 19 Putumayo, 1 Pará. AFLPs - o grupo do Alto Solimões conteve 18 Putumayo, 21 Solimões, 3 Pará; o da Amazônia central conteve 9 Solimões, 8 Pará, 2 Putumayo; o da Amazônia oriental conteve 14 Pará e 5 Putumayo. As análises genéticas sugerem que a raça Putumayo estende-se ao longo do Rio Solimões até algum lugar na Amazônia central e que a raça Pará é válida. 3. Banco Ativo de Germoplasma de Caiaué (E. oleifera (Kunth), Cortés) Edson Barcelos - responsável Raimundo Nonato V. da Cunha - colaborador Nelcimar Reis Sousa - colaboradora Embrapa Amazônia Ocidenta Bruno Nouy – colaboradorCIRRAD A coleção tem recebido os tratos culturais necessários para sua conserva- ção, avaliação e utilização em programas de cruzamentos interespecíficos (E. oleifera x E. guineensis). Atualmente, esses híbridos têm sido apontados como única opção para regiões de ocorrência de Amarelecimento Fatal, principal pro- 341 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia blema que limita a cultura de dendê (E. guineensis). No ano 1998, a coleção foi enriquecida com três populações coletadas no município de Coari, perfazendoum total de 182 linhagens conservadas. A análise de variância realizada para as variáveis número de cachos, peso total de cachos e peso médio de cachos em dois anos de produção, apresen- tou efeito significativo dos tratamentos ao nível de 1% de probabilidade, com- provando a variação entre as 30 progênies avaliadas. A variação para número médio de cachos foi de 2,79 a 7,66, com média geral de 4,99 cachos. Das cinco progênies com maior número de cachos, quatro são da origem Manicoré. A amplitude de variação para peso total de cacho foi 53,80 kg/planta e 10,48 kg/planta, correspondendo a 7,0 e 1,5 t/ha/ano, respectivamente. A mé- dia geral foi de 37,66 kg/planta, o que significa uma produção de 5,0 t/ha/ano. Também, observou-se uma variabilidade importante para peso médio de cacho, com valores extremos de 11,37 Kg e 3,57 kg. As estimativas dos coeficientes de herdabilidade foram consideradas ele- vadas para a espécie: número de cachos (hm =0,84), peso total de cachos (hm =0,80) e peso médio de cacho (hm =0,81). Os valores obtidos para coeficiente de variação genética foram número de cachos (21,6%), peso total de cachos (23,43%) e peso médio de cacho (11,09%). O índice de variação genética ficou em torno de uma unidade para todas as variáveis em estudo. Os valores das estimativas dos parâmetros genéticos pressupõem a exis- tência de uma importante variabilidade genética dos materiais analisados, o que permite vislumbrar ganhos com seleção em um programa de melhoramento genético da espécie. Os materiais da origem Manicoré destacam-se quanto à produção de cachos em função, principalmente, do maior número de cachos produzidos. Na análise genética por marcadores AFLP e RFLP concluiu-se que a di- versidade genética presente na espécie americana Elaeis oleifera é fortemente estruturada em grupos segundo suas origens geográficas e apresenta uma im- portante divergência entre estes grupos. Os dois tipos de marcadores utilizados RFLP e AFLP, apresentaram resultados equivalentes para a estruturação da diversidade genética presente no material estudado, ressalta-se a maior praticidade e leveza da técnica AFLP para a realização de estudos desta natureza, possibilitando a análise de um número muito maior de indivíduos com um esforço muito menor. 4. Banco Ativo de Germoplasma de Guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke) Firmino José do Nascimento Filho - responsável Manoel da Silva Cravo - colaborador André Luiz Atroch - colaborador Nelcimar Reis Sousa - colaboradora Embrapa Amazônia Ocidenta 342 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia O BAG de guaraná reúne 270 acessos/clones coletados e trabalhados nos testes de avaliação e competição de clones durante a 1ª fase do programa de melhoramento da espécie. A organização dos acessos em área comum foi um dos principais resultados do projeto, os acessos foram agrupados por ano de plantio: 1ª fase (1995) - 80 acessos; 2ª fase(1996) - 75 acessos; 3ª fase (1997) - 79 acessos e 4ª fase (1998) - 36 acessos. O uso do germoplasma pode ser representa- do por 55 clones selecionados no programa de melhoramento genético da espé- cie. A variação do teor de cafeína em 116 clones de guaraná foi evidenciada pelas freqüências relativas distribuídas em quatro classes, com intervalo de 1,05%. A amplitude de variação foi de 2,85% a 6,0% e, a maioria dos clones (40,5%) concentraram teores de cafeína na faixa de 4,44% - 5,23%. A menor parte dos clones representaram as classes extremas, com 12% na classe de menor valor (2.84- 3,63)% e 10% na classe de maior valor (5,24 – 6,03)%. Os resultados preliminares são indicativos de que os clones avaliados apresentam variações para teor de cafeína, o que sugere que a característica poderá ser também explorada no programa de melhoramento da espécie. 5. Banco Ativo de Germoplasma de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vangh.) Nelcimar Reis Sousa - responsável Aparecida das Graças Claret de Sousa - colaboradora Embrapa Amazônia Ocidental As primeiras coletas foram realizadas nos municípios de Manaus e Ata- laia Norte, resultando em seis procedências/localidades: P1. Lago Capinzal, P2. Lago Jatimana, P3. Rio Javari, P4. Rio Conta P5. Praia Grande e P6. Sede do CPAA (amostra de material adaptado na terra firme). Posteriormente, foram in- corporadas mais três procedências dos municípios de Iranduba, Itapiranga e Tefé. O germoplasma coletado compõe uma coleção de 12 acessos, implantada no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Ocidental. Aos seis meses, verificou-se que a maioria das procedências resultantes das primeiras coletas tiveram taxas de sobrevivência superiores a 90%, com exceção de P3 e P4, que apresentaram taxas de 88% e 72%, respectivamente. As procedências mais variáveis em diâmetro do caule a 10 cm do solo foram P4, P5 e P6, com freqüências relativas distribuídas em quatro classes de diâmetro com intervalos de 0,36 cm, enquanto P1 e P3 concentraram-se em duas classes. O maior diâmetro foi constatado em P4, com freqüência relativa de 11,76% para o intervalo de classe (1,44 - 1,80)cm e o menor para P5 com freqüência relativa de 11,76% para o intervalo (0,00 - 0,36)cm. A maioria das procedências tiveram mais 50% de indivíduos com diâmetro entre 0,36cm e 1,08cm (Tabela 3). 343 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia TABELA 3. Distribuição de frequência relativa (%) dos intervalos de de clase da variá- vel do diâmetro do caule (cm) a 10 cm do solo de seis proprocedências de camu-camu aos seis aos meses de idade. Os resultados preliminares são indicativos de que as procedências avali- adas apresentam variações para as carcterísticas adaptativas de sobrevivência e de crescimento em diâmetro do caule. 6. Coleta, Avaliação e Caracterização de Populações Naturais de Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) no Estado do Acre Marcelo Nascimento de Oliveira- responsável Embrapa Acre Até o final de 1997, identificou-se 30 árvores produtivas em áreas de ocor- rência natural de castanha-do-brasil com base em características de crescimento da planta matriz e de amostra de frutos, as quais apresentaram diferentes níveis de correlação (Tabela 4). Peso total do ouriço teve correlação positiva e significativa a 1% de proba- bilidade com as demais variáveis, exceção para diâmetro do tronco a 1m do solo que a correlação foi negativa (r=-0.255). A característica peso total do ouriço pode ser utilizada como critério para seleção de arvores produtivas Houve correlação negativa e significativa a 1% de probabilidade entre peso unitário da amêndoa/ouriço e diâmetro de altura do peito (DAP) 1m do solo (r=-0.180), o que pode explicar menor número de ouriços produzidos pelas árvores mais jovens (diâmetro menor) em comparação com as mais velhas (diâ- metro maior). A mesma tendência ocorreu entre as características peso da casca e DAP (r=-0.304). A correlação negativa entre número de amêndoas/ouriço e peso unitá- rio da amêndoa (r=-0.214) é importante para seleção de plantas com alta produ- ção de amêndoas, maior número de amêndoas/ouriço tende a ter peso unitário de amêndoas menor. 344 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia Tabela 4. Correlação entre as características avaliadas em árvores produtivas de cas- tanha-do-brasil no Assentamento Extrativista Cachoeira, Xapuri, Acre, 1997. *Significativo ao nível de 1%. ARV - Árvore selecionada (27 no total) OURI - Ouriços selecionados das árvores produtivas (3 ouriços/árvore) PETOT - Peso total do ouriço PEAM - Peso total das amêndoas/ouriço PESCA - Peso da casca do ouriço(PETOT - PEAM) NUAM - Número de amêndoas /ouriço PEUN - Peso unitário da amêndoa (PEAM/NUAM) RELA - Relação diâmetro horizontal/diâmetro vertical do ouriço DAP - Diâmetro de altura do peito (a 1 metro do solo) da árvore selecionada. 7. Banco Ativo de Germoplasma de SeringueirasResistentes Nelcimar Reis Sousa – responsável Embrapa Amazônia Ocidental A Embrapa Amazônia Ocidental vem dando prioridade a pesquisa com enxertia de copa, onde somente germoplasma de Hevea com resistência a doen- ças são de interesse para Amazônia úmida, devido ao mal-das-folhas e a man- cha areolada, principais doenças que limitam a expansão da cultura na região. Na última avaliação foi realizado um levantamento de sobrevivência e de incidência de doenças nas 45 procedências de Hevea. O índice de sobrevivência das procedências variou entre 54,55 a 100%, com índice médio de 78,27% Essas diferenças observadas entre procedências são atribuídas a várias causas, tais como origem, idade das sementes, estado fitossanitário, condições de transporte entre outros. A incidência de M. ulei foi baixa variando de 0 a 18,18%, com média entre procedência de 2,3%. Entre 15 procedências que apresentaram incidência zero, 13 foram de H. guianensis, espécie considerada resistente a M. ulei. A incidência de Thanathephorus cucumeris foi superior à de M. ulei, variando de 35,88% a 71,91%, com média de 55,39%. Observou-se que a intensidade de ataque do fungo foi bastante variável entre procedências e entre indivíduos da mesma procedência, contudo, não foi constatada grande queda de folhas, fenômeno normalmente 345 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia observado em situações em que os genótipos de seringueira são suscetíveis. De 45 procedências avaliadas para presença de sintomas de doenças, 33% apresentaram incidência zero de doenças, por isso esse germoplasma foi considerado promissor para uso nas pesquisas de enxertia de copa resistentes a M. ulei i e Thanathephorus cucumeris. EQUIPE Nelcimar Reis Souza; Kaoro Yuyama; Newton Bueno; Marcelo N. de Oliveira; Ana da S. L. Cavalcante; Cley Donizete Nunes; Firmino José N. Filho; Raimundo N. V. da Cunha; André Berthold; Charles Clement; Jefferson Luiz V. de Macedo; Aparecida das G.C. de Souza; Luís Antônio de A. Cruz; Teófanes Moreira Júnior; Sergio de Araújo Silva; Moacir J.A. Sarrazim; José Carlos R. Dantas; José Orlando Ferreira; e João de Deus L. de Castro. 346 Conservação e uso de recursos fitogenéticos da Amazônia
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