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DIREITO PENAL III ESTUDO DIRIGIDO AV1

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Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
1 
 
DIREITO PENAL III 
 
Arts. 121 ao 183 
 
 
• DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
HOMICÍDIO 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (maior de 18 anos). 
 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: A vida. 
 
Objeto material: Pessoa contra a qual recai a conduta praticada pelo agente. 
 
 
Existem os chamados crimes que deixam vestígios (crime não transuente) e os crimes que não 
deixam vestígios (crime transuente). Quando houver vestígio será obrigatório o exame de 
corpo de delito direto, sob pena de nulidade no processo penal, porém, se não houver 
vestígios recorre-se ao exame indireto, como por exemplo, prova testemunhal (Art. 158 e 167, 
CPP). 
 
É crime de forma livre, ou seja, praticado por qualquer meio de execução. 
Pode ser praticado através de ação ou omissão. 
 
Tentativa: admite-se. 
 
Momento consumativo: com a morte/óbito, comprovado através do atestado de óbito. 
 
Lei 9.434/97 - Art. 3º - "A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano 
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte 
encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes da equipe de remoção e 
transplante, mediante a utilização de créditos clínicos e tecnológicos definidos por resolução 
do Conselho Federal de Medicina." 
 
Homicídio simples 
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 a 20 anos. 
OBS! Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio é crime 
hediondo (Art. 1º, I da Lei 8.072/90). 
 
Homicídio privilegiado 
Causa de diminuição de pena 
§1º Se o agente cometer o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou 
sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um sexto (1/6) a um terço (1/3). 
 
Homicídio qualificado 
(É crime hediondo - Art. 1º, I, Lei 8.072/90) 
§2º Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo asfixia, tortura ou por outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
2 
 
DIREITO PENAL III 
 
VI - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. 
 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até terceiro grau, em razão dessa condição. 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Homicídio e crime de tortura em concurso material: 
Ex: A sujeita B a sofrimento físico através de choques elétricos e depois mata-o com um 
disparo de arma de fogo. 
 
É possível homicídio privilegiado e qualificado ao mesmo tempo? 
Depende. Uma primeira corrente entende que são situações que conflitam entre si e que o 
legislador por ter colocado o §1º do Art. 121 logo após o caput só diz respeito ao homicídio 
simples. Já na segunda corrente, muitos julgados do STF e STJ vêm entendendo que não existe 
proibição de coexistirem entre si. 
 
O homicídio qualificado privilegiado por ser considerado crime hediondo? 
A doutrina dominante, em consonância com os tribunais, tem entendido o crime de homicídio 
qualificado privilegiado como não hediondo pelo fato do elemento subjetivo do privilégio 
predominar em relação à qualificadora objetiva. 
 
OBS! O terrorismo|tráfico|tortura são crimes equiparados aos crimes hedionos. Possuem o 
mesmo tratamento dos crimes hediondos, mas não são considerados como tais (§2º da Lei 
8.072/90). 
 
Homicídio culposo 
§3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de 1 a 3 anos. 
 
O homicídio culposo é aquele considerado exceção sempre que praticado através de 
negligência, imprudência e imperícia, sendo julgado na Vara Criminal e não no Tribunal do Júri. 
 
Homicídio culposo na direção de veículo automotor: Art. 302 da Lei 9.503/97. 
OBS! Se houver homicídio doloso no trânsito, aplica-se o CP e não o CTB, pois não existe tal 
possibilidade nesse último. 
 
Aumento de pena 
(Aplica-se na 3ª fase da dosimetria) 
§4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para 
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
3 
 
DIREITO PENAL III 
 
Perdão judicial 
§5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. 
 
Crime praticado por milícia ou por grupo de extermínio 
§6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
Aumento de pena do feminicídio 
§7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: A vida. 
Elementos do tipo: Induzir (criar uma ideia); instigar (incentivar); auxiliar (fornecer um 
instrumento). 
- grave para o + grave 
Tentativa: Em regra, a tentativa não é cabível. 
Momento consumativo: Morte ou lesão corporal grave. 
 
OBS! Se resultar em lesão corporal leve não se aplica o Art. 122. 
 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 a 3 anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
Competência: julgado pelo tribuna do júri. 
 
Pacto de morte: Ex: quarto com gás aberto. 
 
1 - Havendo 1 sobrevivente: Quem abriu o gás responde pelo art. 121 e quem não abriu 
responde pelo art. 122. 
2 - Havendo 2 sobreviventes, havendo lesão corporal leve: Quem abriu responde pelo art. 121 
tentado. 
 
 
INFANTICÍDIO 
Sujeito ativo: Mãe 
Sujeito passivo: Próprio filho (recém-nascido|nascituro|bebê) 
Bem jurídico tutelado: A vida da criança. 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Tentativa: É possível. Nesse caso a mãe responde por infanticídio com causa de diminuição de 
pena, de acordo com art. 14 do CP. 
Momento consumativo: Morte do recém-nascido. 
 
Art. 123 - Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo 
após: 
Pena - detenção, de 2 a 6 anos. 
 
O estado puerperal não é sinônimo de depressão pós parto, pois esse último retira a 
consciência da ilicitude do fato. 
 
Cláusula temporal: "durante ou logo apóso parto". 
 
Critério caracterizador do "estado puerperal": 
a) Psicofisiológico (adotado pela nossa legislação) 
b) Psicológico 
 
ERRO DE TIPO: 
Responde como se houvesse praticado o crime contra a pessoa certa. 
 
Se o nascente ou o neonato já se encontrava morto? 
Ocorre crime impossível, art. 17 do CP. 
 
Se a mãe, sob a influência do estado puerperal, mata seu próprio filho adulto? 
Nesse caso não se trata de infanticídio, trata-se de homicídio. 
 
Se a mãe, erroneamente, em estado puerperal, supondo tratar-se do seu filho, mata logo 
após o parto outra criança? 
Configura-se erro de tipo, no qual a mãe responderá como se houvesse matado seu próprio 
filho. 
 
Se a mãe, em estado puerperal, mata culposamente seu próprio filho durante ou logo após o 
parto? 
a) Fato penalmente atípico (Damásio de Jesus) 
b) Responderá por homicídio culposo (Cesar Roberto Bittencourt; Julio Fabbrini Mirabete; 
Fernando Capez) 
 
Se a mãe, em estado puerperal, mata o próprio filho contando com o auxílio de terceira 
pessoa? 
A mãe responderá pelo infanticídio e o terceiro também, de acordo com a teoria monista. 
 
 
ABORTO 
Bem jurídico tutelado: A vida do bebê. 
 
Auto-aborto 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de 1 a 3 anos. 
 
Sujeito ativo: Gestante. 
Sujeito passivo: Feto. 
 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Aborto praticado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O feto e a gestante. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos. 
Parágrafo único: Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 anos, ou 
é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou 
violência. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Feto. 
Tentativa: É possível. 
Momento consumativo: Morte do feto. 
 
Qual o marco divisório entre o aborto e o homicídio? 
O aborto consiste na morte do feto, já o homicídio se configura com a morte da criança já 
nascida com vida. 
 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em 
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevêm a 
morte. 
 
O supracitado prevê situações de crimes preterdolosos, isto é, dolo no antecedente e culpa no 
consequente. As penas serão duplicadas se ocorreu a morte ou aumentadas de um terço se 
resultou em lesão corporal grave da gestante. 
 
Em que hipóteses essa majorante é aplicável? Arts. 125 e 126 do CP 
 
Aborto legal 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, 
quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Se a gestante supondo erroneamente estar grávida, toma substância abortiva, qual a 
capitulação? 
Trata-se de caso atípico. 
 
No caso de aborto de gêmeos, o agente responde por crime único ou concuso formal? 
Divergente, mas a maioria entende ser concurso formal (impróprio). Ou seja, grande parte da 
doutrina entende que nesse caso o agente responderia por concurso formal impróprio, onde 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
seriam somadas as penas. 
Caso NÃO soubesse que eram gêmeos, seria crime único. 
 
Se o agente age com dolo de matar a gestante, sabendo que ela está grávida, e portanto 
agindo também com dolo de aborto ou assumindo o risco do aborto responderá por qual 
crime? 
Responderá por homicídio (art. 121) com a agravante prevista no art. 61, II, h do CP. 
 
Espécies de aborto: 
- natural; 
- acidental; 
- eugenésico, eugênico ou piedoso; 
- social ou econômico. 
 
Aborto de feto anencéfalo: ADPF 54 STF 
Foi decidido por maioria pela inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a 
interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipicada nos arts. 124, 126 e 128, incisos 
I e II, todos do CP. 
 
 
• DAS LESÕES CORPORAIS 
Conceito: 
“O crime de lesão corporal é definido como ofensa à integridade corporal ou saúde, isto é, 
como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do 
ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental.” 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: incolumidade do indivíduo (integridade física, saúde física e mental). 
 
Tentativa: É impossível. 
Momento consumativo: Com a efetiva produção da ofensa à integridade corporal ou à saúde 
da vítima. 
Crime em que, em regra, deixa vestígios (não transuente). 
Ação penal: Pública condicionada a representação do ofendido, ou seja, a vítima tem até 6 
meses para fazer a representação, contados da ciência da autoria do fato. 
 
Lesão corporal leve 
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. 
 
Competência: JECRIM. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
§1º Se resulta: 
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; 
II - perigo de vida; 
III- debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos. 
 
Lesão corporal de natureza gravíssima 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
§2º Se resulta: 
I - incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos. 
 
Competência: Vara criminal. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
§3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem 
assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Competência: Vara criminal. 
 
Diminuição de pena 
§4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob 
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
Substituição da pena 
§5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, 
de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
§6º Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
OBS! O MP irá oferecer a denúncia por tratar-se de crime de ação pública, mas dependerá de 
representação do ofendido. 
 
Competência: Jecrim. 
 
Aumento de pena 
§7º Aumenta-se a pena de um terço se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 
121 deste Código. 
§8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no §5º do art. 121. 
Violência Doméstica 
§9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, 
ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§10º Nos casos previstos nos §§1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no 
§9º deste artigo, aumenta-se a pena em um terço. 
§11º Na hipótese do §9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 
OBS! Os §§ 10º e 11º são causas de aumento de pena. 
 
NathaliaCorrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
8 
 
DIREITO PENAL III 
 
 
§12º Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de 
um a dois terços. 
 
Súmula 542 do STJ: Entendem que é o crime de lesão corporal é de ação pública 
incondicionada. 
 
Perdão judicial: Aplica-se ao crime de lesão corporal. 
 
 
• DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE DE OUTREM 
“No crime de perigo o dolo está voltado para a criação de uma situação de risco. O agente 
pode até prever o dano, que é o desdobramento provável de situação de perigo que criou. 
Mas, por uma razão ou por outra, ele acredita que a lesão efetiva não ocorrerá. Ou seja, o 
agente não admite, nem eventualmente, a produção do dano: quer só o perigo.” 
Os crimes deste capítulo são de perigo que pode ser concreto cuja caracterização dependa de 
prova efetiva de que uma certa pessoa sofreu a situação de perigo ou abstrato ou presumido 
que supõe a existência do perigo independentemente da comprovação de que uma certa 
pessoa tenha sofrido risco, admitindo se faça prova em contrário. 
Pode ainda ser: Atual, iminente ou futuro; individual ou coletivo. 
 
Perigo de contágio venério 
Art. 130 - "Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio 
de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§2º - Somente se procede mediante representação." 
 
Ação penal: Pública condicionada à representação. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que esteja contaminada. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: A vida e a saúde. 
Objeto material: Pessoa com quem o sujeito ativo mantém relação sexual ou pratica qualquer 
ato libidinoso. 
Objeto jurídico: incolumidade física e saúde do indivíduo. 
Elemento subjetivo: Dolo. 
Tentativa: É possível. 
 
O art. 130 pune a conduta de colocar alguém em risco de contrair essas doenças através da 
conjunção carnal (homem e mulher) ou quaisquer outros atos libidinosos. Já o contágio por 
outros meios, como transfusão de sangue, amamentação etc. caracteriza os crimes dos artigos 
seguintes (131 e 132). 
 
O consentimento do ofendido é indiferente. 
Vítima imune ou já contaminada: crime impossível. 
Não há forma culposa. 
 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
9 
 
DIREITO PENAL III 
 
Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, 
ato capaz de produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
Cabe a suspensão condicional do processo nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95 ("Nos crimes 
em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta 
Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal)"). 
 
OBS! Muitas venéreas se enquadram no presente artigo quando transmitidas por relações 
diferentes da conjunção carnal ou ato libidinoso reportando essas últimas para o 
enquadramento no anterior artigo 130 (perigo de contágio venéreo). De perigo com dolo 
direto excluído o dolo eventual, aí será atípico se houver imprudência e não ocorre a 
transmissão da doença, ocorrida a transmissão haverá o crime de lesão culposa. Absorve as 
lesões leves e é absorvido pelos crimes de lesão corporal de natureza grave, gravíssima, 
seguida de morte e homicídio doloso, quando a ação for intencional na transmissão da 
moléstia. 
 
Tentativa: É possível. 
Formal, com dolo de dano, comum, simples, comissivo, de forma livre e instantâneo. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Também qualquer pessoa desde que já não esteja contaminada ou imune 
(crime impossível). 
Bem jurídico tutelado: A vida e a saúde. 
Objeto jurídico: incolumidade física e saúde do indivíduo. 
Elemento subjetivo: Dolo. 
 
É praticado por qualquer ato capaz de transmitir a moléstia (beijo, aperto de mão, copo 
infectado, injeção, etc). 
Transmissão de moléstia grave quer incurável ou não desde que contagiosa e transmissível. De 
ação livre. 
 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor, a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de 3 a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único: A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da 
saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em 
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 
 
Sujeitos ativo e passivo: Qualquer pessoa, mas deve haver uma vítima determinada. 
Tipo objetivo: A conduta é expor (colocar, arriscar) a perigo e o comportamento pode ser 
comissivo ou omissivo (ação ou inação). O perigo deve ser direto (relativo a pessoa 
determinada, individualizada) e iminente (que ameaça acontecer de imediato). O perigo deve 
ser concreto e não abstrato, demonstrado e não presumido. É insuficiente a possibilidade 
incerta ou remota de perigo. 
Ex: fechar veículo, abalroar o veículo da vítima, desferir golpe com instrumento contundente 
próximo à vítima etc ou omissão como nos casos dos patrões que não fornecem aparelhos de 
proteção aos funcionários resultando situação concreta de perigo pois basta a omissão para o 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
chefe da empresa infringir a contravenção penal prevista no art. 19 da Lei nº 8.213/91 
(benefício previdenciário e acidentário). 
 
“Se houver intenção do perigo para um número indeterminado de pessoas, haverá o crime de 
perigo comum previsto no art. 250 e seguintes do nosso Código Penal. Subsidiário por 
expressa determinação da Lei: “se o fato não constitui crime mais grave”. 
 
- O consentimento da vítima é indiferente pois trata-se de objeto jurídico indisponível. 
- O dolo é de perigo direto ou eventual. 
- Não há forma culposa. 
- Se consuma quando surge o perigo. 
- Admite-se eventual possibilidade de tentativa. 
- Crime de perigo, concreto, comum quanto aos sujeitos, doloso, de forma livre, comissivo ou 
omissivo, subsidiário e instantâneo. 
 
Se a intenção é causar dano à pessoa, o crime será homicídio ou lesão dolosa. Execução de 
serviço de alta periculosidade contrariando determinação de autoridade competente (Art. 65 – 
Lei 8.078/90 do CDC). 
 
Se o agente “vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma”, a 
criança ou adolescente, arma, munição ou explosivo, fogos de estampido ou de artifício, vide 
arts. 242 e 244 da Lei 8.069/90 (ECA). 
Se “vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma” a 
criança ou adolescente, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica, ver art. 243 do ECA. 
 
Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial 
à incolumidade pública ou privada” (art. 308 - Lei 9503/97). “Trafegar em velocidade 
incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e 
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou 
concentraçãode pessoas, gerando perigo de dano (art. 311 do CTB). “Se da exposição a perigo 
resulta lesão corporal culposa, o agente responde pelo art. 132, e não pelo art. 129, §6º, pois 
este último é mais levemente apenado” 
 
Abandono de incapaz 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por 
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos. 
§1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos. 
§2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de 4 a 12 anos. 
 
Objeto jurídico protegido: Segurança da pessoa humana. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Crime próprio em que o agente tem especial relação de assistência com a vítima (guarda, 
cuidado, vigilância ou autoridade), posição de garantidor ou ainda tenha dado causa ao 
abandono por comportamento anterior (CP art. 13, §2º). 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Resulta da obrigação de zelar pela segurança da vítima que pode decorrer da lei (pais ou 
responsáveis legais, cônjuges, companheiros resultante de união estável ou concubinato etc. 
parentes e outros). 
 
OBS! Cuidado é o amparo acidental (esposa enferma). Guarda é o amparo necessário à pessoa 
de menor idade (filho). Vigilância é o cuidado com a segurança do pupilo (babá). A autoridade 
é a relação que deriva do poder/dever legal (agente penitenciário em relação ao preso). 
A incapacidade pode ser física, mental, permanente (paralisia) ou temporária (embriagado). 
Para Hungria: absoluta: em razão das condições (bebê) ou acidental: em razão das 
circunstâncias (alpinista experiente abandonado nas montanhas). 
 
Fuga do incapaz: Não há o crime: se a própria vítima cria o perigo ou tem capacidade 
defensiva, pois o tipo exige perigo concreto e não presumido. O dolo é específico na vontade 
de expor ao perigo. Não há punição a título de culpa e o erro quanto ao dever de assistir deve 
ser examinado nos termos dos arts. 20 e 21 do CP. Consuma-se com o abandono, desde que 
ponha o ofendido em perigo, mesmo que momentaneamente (depois se arrependa e venha 
proteger, já ocorreu o delito). 
 
Figuras qualificadas: 
a) se resulta lesão grave (§1º), forma preterdolosa; 
b) se resulta morte (§2º), também preterdolosa; 
c) se o abandono é em lugar ermo (§3º, I), considerando-se como tal o local habitualmente 
solitário (centro comercial desocupado à noite não se enquadra); 
d) se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima (§3º, 
II); 
e) III,se a vítima é maior de 60 anos. 
 
Resultado agravador: Se o resultado lesão grave ou morte (§§ 1º e 2º) não for devido ao 
menos à culpa do agente, não deverão incidir estas qualificadoras conforme o disposto no art. 
19 do CP (agente causado ao menos culposamente). 
 
Crime de perigo concreto, próprio quanto ao sujeito, instantâneo, comissivo ou omissivo, 
doloso (preterdoloso nas figuras qualificadas dos §§ 1º e 2º). 
 
Não havendo dever especial de assistência pode configurar-se o delito de omissão de socorro 
(art. 135 do CP). Tratando-se de recém-nascido é o caso do art. 134 a seguir. Se o local do 
abandono é absolutamente deserto, pode haver dolo eventual de homicídio. 
 
Em caso de abandono moral e não físico, pode configurar algum dos crimes contra a 
assistência familiar (Arts. 244 a 247 do CP). 
 
“Não se configura o delito se a mãe deixava os filhos trancados por absoluta necessidade de ir 
trabalhar fora”. Configura-se o delito se a vítima, em completo estado de embriaguez, foi 
deixada à noite nas margens de rodovia de grande movimento. O que torna o ofendido 
incapaz para o art. 133 do CP é simplesmente a ausência de condições de cuidar de si próprio, 
de se defender dos riscos resultantes do abandono." 
 
Aumento de pena 
As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. 
 
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DIREITO PENAL III 
 
 
Exposição ou abandono de recém nascido 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. 
§1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de 1 a 3 anos. 
§2º Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de 2 a 6 anos. 
 
A maioria entende que só a mãe que concebeu ilicitamente poderia cometer este delito. 
Damásio de Jesus entende que o pai adúltero ou incestuoso poderia também incidir neste 
delito. Recém-nascido no sentido comum e não apenas após o corte do cordão umbilical. A 
ação ou omissão de abandono deve ser praticada com a finalidade de ocultar a desonra 
própria (conceito subjetivo a cada agente) e não de terceiros. 
 
Tentativa: Possível na forma comissiva. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
É possível o concurso de pessoas na forma do art. 30 do CP. 
Formas qualificadas: Se resulta lesão grave (§1º) ou morte (§2º) preterdolosas. 
 
De perigo concreto, próprio quanto ao sujeito, doloso com elemento subjetivo do tipo e 
preterdoloso nas figuras qualificadas, instantâneo, comissivo ou omissivo. 
 
Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e 
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. 
Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa pois a obrigação de não se omitir decorre do próprio art. 135. 
Sujeito passivo: somente a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida, ferida ou 
em grave e iminente perigo. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Só é punível quando for possível prestar a assistência ou pedir socorro sem risco pessoal. 
O risco moral ou patrimonial não afasta o delito. 
Com várias pessoas a assistência dada por uma, se suficiente, exclui o dever das demais. 
Omissivo puro. 
 
A maioria dos autores não admite a tentativa. Pode existir o concurso de pessoas. Qualificado 
em vista do resultado de lesão grave ou morte (preterdoloso). 
Não há concurso de crimes quando a situação foi dolosamente provocada pelo agente; se 
culposamente art. 121, §4º ou 129, §7º CP. 
 
“Incide a qualificadora, se o médico deixou de fornecer ambulância para a tranferência do 
doente que, transportado por terceiros, veio a morrer. Para a forma qualificada, não importa o 
número de mortes decorrentes da omissão (caso do Bateau Mouche)." 
 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 
Art. 135-A - Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o 
 
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DIREITO PENAL III 
 
preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento 
médico-hospitalar emergencial: 
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. 
Parágrafo único: A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta 
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
 
Maus-tratos 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, 
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou 
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer 
abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, deum a quatro anos. 
§2º Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos. 
 
Objeto jurídico: A incolumidade da pessoa visando notadamente à repressão dos abusos 
correcionais. 
Sujeito ativo: Próprio só quem tem a guarda, autoridade ou vigilância, para fim de educação, 
ensino, tratamento ou custódia. 
Sujeito passivo: Só a pessoa que se encontra sob uma daquelas subordinações. 
A mulher não pode ser sujeito em relação ao marido, pois não há entre eles vínculo 
subordinativo. 
Agravantes: Não podem incidir as do artigo 61, II, e, f e h, pois integram o próprio tipo. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Da rixa 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da 
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Cabe transação no caput. 
Suspensão condicional do processo no caput e no parágrafo único. 
 
É a luta entre três ou mais pessoas, com violências físicas recíprocas. 
 
Objeto jurídico: Com o fim de tutelar ordem pública e coibir sua perturbação, assim como 
preservar a incolumidade da pessoa, o CP descreve a figura da rixa, que se caracteriza quando 
há uma briga, um entrevero (briga/confusão) desordenado envolvendo 3 pessoas ou mais em 
que não é possível distinguir as condutas dos participantes. Exige-se que o litígio se dê com 3 
pessoas ou mais porque no embate entre 2, apenas configura a prática da contravenção, vias 
de fato ou de lesões corporais recíprocas. 
Tentativa: É possível. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Crime coletivo, bilateral ou recíproco (de concurso necessário). Os agressores mútuos são ao 
mesmo tempo, vítimas e autores. 
Forma qualificada nos casos preterdolosos. 
 
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DIREITO PENAL III 
 
 
A rixa deve ser imprevista, sem acordo prévio. 
Crime instantâneo cabe tentativa. 
 
 
• CRIMES CONTRA A HONRA 
Calúnia 
Art. 138 – Caluniar alguém imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
§1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§2º É punível a calúnia contra aos mortos. 
Exceção da verdade 
§3º Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I – se, constituindo-se o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado 
por sentença irrecorrível; 
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença 
irrecorrível. 
 
Exceção da verdade é um incidente processual que permite ao réu no processo de crime de 
calúnia, e excepcionalmente no delito de difamação provar a veracidade do fato criminoso 
atribuído ao ofendido. Trata-se, portanto, de modalidade de defesa indireta que deve ser 
julgada antes da ação penal, pois comprovada a veracidade da imputação, o fato e atípico e o 
acusado deve ser absolvido. Em regra, a competência para julgar a exceção da verdade é do 
juízo em que está tramitando a ação penal. 
 
OBS! A calúnia é o crime mais grave de todos os crimes contra a honra. 
 
Conceito: imputação de fato + falso + criminoso. 
 
Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: A honra. 
Competência: Em regra, no JECRIM. 
 
Ação penal privada, conforme o caput do art. 145. Quando o delito for praticado contra o 
Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, será de iniciativa pública 
condicionada à requisição do Ministério da Justiça. Quando cometido contra funcionário 
público, em razão de suas funções, será de iniciativa pública condicionada à representação do 
ofendido. O MESMO SE APLICA AOS DEMAIS CRIMES CONTRA A HONRA! 
 
Menor de 18 anos e doentes mentais podem ser vítimas de crime de calúnia? 
Depende: Um primeiro corrente afirma que sim na fundamentação de que possuem honra 
objetiva e porque é fato típico e ilícito (Fernando Capez, Nelson Hungria, Cezar Roberto 
Bittencourt e outros). 
Já uma segunda corrente afirma que não, pois o crime é fato típico ilícito e culpável, e sem 
culpabilidade não há crime (Magalhães Noronha). 
 
Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de crime da calúnia? 
Depende. A corrente tradicional afirma que não pois falta capacidade de ação (consciência e 
vontade) 
Segundo o posicionamento realista, sim, pois a pessoa jurídica é uma realidade com vontade e 
capacidade de deliberação. 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Os Arts 225, §3º e 173, §5º da CF/88 adotou essa posição: 
 Art. 225, §3º da CF – “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções de reparar os danos causados”. 
 Art. 173, §5º da CF: “A lei, sem prejuízo de responsabilidade individual dos dirigentes 
da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições 
compatíveis com a sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e 
contra a economia popular”. 
 Art. 3º da Lei 9.605/98 – “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativas, 
civil e penalmente, conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida 
por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse 
ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único – A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, 
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.” 
 
Elemento subjetivo: Somente admite modalidade dolosa. 
Momento consumativo: Quando um 3º, que não o sujeito passivo, toma conhecimento da 
imputação falsa de fato definido como crime. 
Tentativa: Dependendo do meio pelo qual é executado. 
 
Difamação 
Art. 139 – “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único – A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
Conceito: Imputação de fato + ofensivo à reputação 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, sendo física ou jurídica. 
Bem jurídico tutelado: A honra objetiva. 
Momento consumativo: Quando 3º, que não a vítima, toma conhecimento dos fatos ofensivos 
à reputação desta última. 
Competência: Em regra, no JECRIM 
Tentativa: 
 
Injúria 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena – detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. 
§1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio de 
emprego, se considerem aviltantes: 
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, 
origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. 
 
Conceito: Atribuição de conceito negativo à alguém. 
 
 
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DIREITO PENAL III 
 
OBS! O §2º do art. 140 consiste na injúria real, sendo esta uma injúria em que se ofende a 
dignidade da pessoa + uma contravenção penal chamada de vias de fato (ex: cuspir ou 
empurrar). A ação penal é pública condicionada a representação do ofendido. Em regra é 
julgada no JECRIM, porém, se a pena ultrapassar 2 anos será julgada na Vara Criminal. 
 
OBS!O §3º diz respeito ao delito de injúria preconceituosa, que pela pena máxima será 
julgado na Vara Criminal. 
 
Injúria preconceituosa (Art. 140, §3º) X Racismo (Lei 7.716/89) 
Na injúria há prescrição, no racismo não. 
 
Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa. 
Bem jurídico tutelado: A honra subjetiva. 
Ação penal: Privada (mediante queixa). 
Competência: JECRIM 
Consumação: 
Tentativa: 
 
Em razão do art. 145 do CP a ação penal é privada nas três hipóteses 
 
Disposições comuns aos crimes de calúnia, difamação e injúria: 
Exclusão do crime 
Art. 142 – “Não constituem injúria ou difamação punível: 
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
OBS! Imunidade judiciária (causa de exclusão da ilicitude) 
OBS! Juiz não é parte! 
Entretanto, se for apresentada oposição de suspeição (Art. 95 do CPP), o magistrado passa a 
ter posição equivalente à da parte, cabendo a alegada excludente. 
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a 
intenção de injuriar ou difamar; 
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação 
que preste no cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único – Nos casos dos incisos I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem 
lhe dá publicidade.” 
 
Retratação 
Art. 143 – “O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da 
difamação, fica isento de pena.” 
 
Ação penal nos crimes contra a honra 
Art. 145 – “Nos crimes previstos neste capítulo somente se procede mediante queixa, salvo 
quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único – Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I 
do caput do art. 141 deste código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II 
do mesmo art., bem como no caso do §3º do art. 140 deste código. 
 
Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, 
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de 
servidor público em razão do exercício de suas funções. 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL III 
 
• DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
Constrangimento ilegal 
Art. 146 - "Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver 
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei 
permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Aumento de pena 
§1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se 
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
§2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. 
§3º Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
 
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, 
art. 5º, II) 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do constrangimento ilegal. 
Sujeito passivo: É indispensável que possua capacidade de autodeterminação. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
Tentativa: Sim. Toda vez que o crime pode ser fracionada, admite-se tentativa. 
 
OBS! Caso resulte em lesão corporal, também haverá concurso material do art. 146 com a 
lesão corporal (art. 169). 
 
O sujeito para realizar o tipo, pode empregar violência, grave ameaça ou qualquer outro meio 
capaz de reduzir a resistência do ofendido. 
 
Trata-se de delito subsidiário, constituindo-se elemento de vários tipos penais. 
 
Só existe a conduta dolosa. 
 
Caso tenha objetivo econômico passaremos ao crime de extorsão. (Art. 158 do CP). 
 
É delito material. Consuma-se no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma 
coisa. E, tratando-se de delito material, em que pode haver fracionamento das fases de 
realização, admite a tentativa, desde que a vítima não realize o comportamento desejado pelo 
sujeito ativo por circunstâncias alheias a sua vontade. 
 
No caso de emprego de arma, teremos o concurso material do crime de constrangimento 
ilegal com o crime previsto na lei de armas, uma vez que com a edição desta lei específica o 
porte e uso da arma passou a ter pena isoladamente maior do que o aumento previsto na 
qualificador do tipo em estudo. 
 
LEI 10.826/2003 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14 - Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de 
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Parágrafo único - O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo 
estiver registrada em nome do agente. 
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II – a coação exercida para impedir suicídio. 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou 
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição 
ou explosivo a criança ou adolescente; 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, 
munição ou explosivo. 
 
Ameaça 
Art. 147 – "Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, 
de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único: Somente se procede mediante representação." 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Pessoa com capacidade de entendimento. 
Momento consumativo: Consuma-se a ameaça no instante em que o sujeito passivo toma 
conhecimento do mal prenunciado, independentemente de sentir-se ameaçado ou não (crime 
formal). 
Tentativa: Admite-se quando a ameaça é realiza por escrito. 
Ação penal: Pública condicionada à representação. 
 
Trata-se de crime subsidiário, constituindo meio de execução do constrangimento ilegal, 
extorsão, etc. 
 
A ameaça tem que ser verossímil, por obra humana, capaz de instituir receio, independente de 
causar ou não dano real a vítima. 
 
Trata-se de crime formal, não sendo necessário que a vítima sinta-se ameaçada. 
 
Só é punível a título de dolo. Sendo posição vencedora em nossos Tribunais a de que o delito 
exige ânimo calmo e refletido, excluindo-se o dolo no caso de estado de ira e embriaguez. 
 
Sequestro e Cárcere Privado 
Art. 148 – "Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 
(sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. 
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
§2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave 
sofrimento físico ou moral: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
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DIREITO PENAL III 
 
 
Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa. 
Tentativa: É possível. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
A duração da privação da liberdade é irrelevante. 
O crime só é punido a tipo de dolo. 
São delitos materiais e permanentes, uma vez que o tipo descreve a conduta e o resultado. 
O crime de sequestro é permanente. 
O consentimento do ofendido exclui o crime. Ex: retiro espiritual. 
 
Observe-se que na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir o 
dolo de sequestrar camuflando o sequestro com a internação. 
 
Aqui é necessário distinguir o dolo de sequestrar, da conduta relacionada aos arts. 22 e 23 da 
Lei 3.688/41 (contravenções penais) relativo à contravenção conhecida como internação 
irregular. 
 
O tipo penal do art. 148 difere do chamado sequestro relâmpago, pois este último só dura o 
tempo necessário para a prática do crime contra o patrimônio. 
 
OBS! Preliminarmente, quem sequestra não quer matar, já que se sequestra pessoa viva. 
Contudo, se a pessoa for maltratada e não morrer (§2º) a pena será de 2 a 8 anos. Já se a 
morte for culposa a pena será menor do que os maus tratos. Incoerência. 
 
Como a pena base do caput foi alterada e passou a ser bem mais grave no §2º do CP, 
denomina-se qualificadora. 
 
Diferença entre sequestro e cárcere privado? 
No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no 
cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, 
como por exemplo: dentro de um quarto ou armário. 
 
Qual a diferença entre detenção e retenção? 
Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção 
impede-se a vítima de sair de um determinado lugar. 
A reclusão admite-se inicialmente no regime fechado, semiaberto ou aberto, porém, a 
detenção não admite inicialmente o regime fechado, mas apenas o semiaberto ou aberto. 
 
 
Redução a condição análoga à de escravo 
Art. 149 - "Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos 
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer 
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-
lo no local de trabalho; 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos 
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 
§2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
 
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DIREITO PENAL III 
 
I – contra criança ou adolescente; 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem." 
 
Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa. 
Tentativa: Admite-se. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Também conhecido, como CRIME DE PLÁGIO – sujeição de uma pessoa ao domínio de outra. 
Embora o agente não prenda a vítima diretamente, ele cria condições adversas para que ela 
não manifeste a sua vontade. 
O consentimento do ofendido é irrelevante, uma vez que a situação de liberdade do homem 
constitui interesse preponderante do Estado. 
 
O fato só é punível a título de dolo. 
Trata-se de crime permanente. 
 
Não confundir este tipo com o art. 203 – relativo a frustração de direitos trabalhistas (abaixo) – 
Isso não é exatamente o mesmo que reduzir a condições análogas a de escravo. 
 
Art. 203 – "Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do 
trabalho: 
Pena – detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência." 
 
Violação de domicílio 
Art. 150 - "Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade 
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
§1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de 
violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
§2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos 
casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do 
poder. 
§3º Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: 
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra 
diligência; 
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na 
iminência de o ser. 
§4º A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
§5º Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a 
restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero." 
 
 
 
Protege-se a Inviolabilidade Constitucional: 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Art. 5º, XI da CF: "A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial." 
 
O tipo tem que ser analisado levando-se em conta a norma constitucional. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Quem tem o direito de admitir ou excluir alguém de sua casa. 
Tentativa: Admite-se, inclusive também para tentar permanecer. 
Elemento normativo do tipo: Se há permissão, exclui-se a tipicidade. 
Ação penal: Pública incondicionada. 
 
Para haver permanência é necessário que a entrada tenha sido lícita, permitida. 
 
Trata-se de Crime de mera conduta, porque se protege o aspecto psicológico de quem mora 
na casa, e não a casa em si. 
 
O nome “casa” também abrange escritórios, consultórios (local de trabalho), local onde se 
exerce o animus domicili, como saveiros, barcos ou quartinhos. 
 
A jurisprudência não agasalha no conceito de “casa” – a boleia do caminhão ou os locais 
usados por mendigos para dormir em calçadas ou locais públicos. 
 
DIREITO DE CONVIVÊNCIA. CASAL. Em igualdade de condições prevalece a vontade que proibir. 
Ex. Marido proíbe a permanência de amigo da esposa no apartamento onde mora o casal. 
 
DIREITO DE CONVIVÊNCIA. FILHOS. No caso dos filhos, enquanto menores, prevalece a 
vontade dos pais. Depois de maiores, podem receber os amigos em casa. 
 
DIREITO DE INTIMIDADE. Empregados. Não se reconhece. 
 
PROPRIEDADES COMUNS. Não há qualquer restrição quando o espaço é comum. Contudo, em 
áreas comuns reservadas, o assunto será regido pelo Regimento Interno. 
 
O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o 
consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos. 
 
Em locais de grande extensão, preserva-se tão somente para os efeitos do tipo – o local onde 
se exerce a intimidade. Ex. Grande fazenda, neste caso protege-se a intimidade da casa sede 
onde ficam as pessoas. 
 
Não há violação de domicílio em casa abandonada. Contudo, não se pode confundir casa 
abandonada, com casa temporariamente desabitada. Ex. Casa de praia. 
 
OS ARTS. 151 A 153 NÃO SERÃO COBRADOS. 
 
Violação de segredo profissional 
Art. 154 - "Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelaçãopossa produzir dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo único: Somente se procede mediante representação." 
 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Ação penal: Pública condicionada a representação. 
 
Protege-se o segredo profissional. 
Crime próprio e formal. 
 
O Superior Tribunal de Justiça já entendeu que o sigilo profissional, previsto no art. 7º, inciso 
XIX do Estatuto da Advocacia e da OAB, que acoberta o advogado, é relacionado “à qualidade 
de testemunha”, mas não quando o advogado é acusado em ação penal da prática de crime. 
 
O advogado pode e deve recusar-se a comparecer e depor sobre fatos conhecidos no exercício 
profissional, cuja revelação possa produzir dano a outrem. 
 
Lei Carolina Dieckmann (Art. 154–A e Art. 154-B) 
Art. 154-A - "Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de 
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, 
adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do 
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou 
programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. 
§2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. 
§3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, 
segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle 
remoto não autorizado do dispositivo invadido: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime 
mais grave. 
§4º Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, 
comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações 
obtidos. 
§5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: 
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; 
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de 
Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou 
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do 
Distrito Federal. 
 
Ação penal 
Art. 154-B - "Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, 
salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos 
Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias 
de serviços públicos." 
 
Em relação aos arts. 154 A e B: 
• Quem pode ser sujeito ativo e passivo? 
Sujeito ativo: Pessoa física ou jurídica com meios e conhecimentos técnicos para exercer a 
conduta. 
Sujeito passivo: Proprietário do aparelho. 
• Qual o elemento subjetivo do tipo? 
A invasão com o objetivo de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem 
autorização do titular do dispositivo. 
• Como se consuma o crime? 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Apenas a invasão já consuma o delito. 
• O fato de colocar uma placa "apenas pessoa autorizada" já deve ser considerada 
como mecanismo de segurança? Já caracteriza o crime? 
Controvertida. Para a corrente majoritária já deve ser considerada como mecanismo de 
segurança. 
• Admite-se tentativa no crime de invasão? 
Sim, entretanto, a tentativa não é uma conduta punível. 
• O termo "mecanismo de segurança" deve ser entendido de forma ampla? Justifique. 
Deve ser entendida de forma ampla, pois de outra forma tornaria a lei sem eficácia já que nem 
sempre o titular de um dispositivo vai colocar senha, antivirus, firewall ou outra tecnologia de 
segurança. 
• A autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo exclui a tipicidade do 
crime? 
Depende da situação concreta. Em tese sim, pois pode haver coação. 
• O fato de você deixar o equipamento para reparo deve ser equiparado a violação de 
segurança? Fundamente. 
Não, pelo contrário, levar o dispositivo para reparo não significa que o mesmo possa ser 
invadido. Não há outra intensão sem ser a de reparo do dispositivo, a violação dessa vontade é 
que deve ser equiparada à violação de mecanismo de segurança. 
• Para ocorrer a invasão deve estar o equipamento conectado a internet? 
Não necessariamente. Existem outras formas de invasão, sem que para esta seja necessária a 
conexão com a internet. 
• Fale sobre a ação penal nesses tipos. 
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
 
 
• DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
Furto 
Art. 155 - "Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. 
§1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA 
§2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a 
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena 
de multa. FURTO PRIVILEGIADO 
§3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
 
Furto qualificado 
§4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que 
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, exceto o proprietário do bem ou seu legítimo possuidor. 
Sujeito passivo: Proprietário ou legítimo possuidor da coisa subtraída. 
Bem jurídico tutelado: Tutela-se o patrimônio, tanto sob o aspecto da propriedade quanto da 
posse. 
Tipo objetivo: Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. É NECESSÁRIO QUE A COISA 
SEJA MÓVEL (coisa que se desloca de um lugar para o outro). 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Tipo subjetivo: Além do dolo de subtrair, exige o tipo em evidência a intenção do agente de 
assenhoramento definitivo da coisa. 
Ação penal: Pública incondicionada, seja no furto simples, privilegiado ou qualificado 
 
É possível um furto privilegiado e qualificado ao mesmo tempo? 
Depende. A corrente majoritária entende que o privilégio só diz respeito ao furto simples 
previsto no caput do art. 155 do CP. 
Outra corrente, minoritária, entende que o privilégio previsto no §2º diz respeito também ao 
furto qualificado. 
 
Trata-se de crime comum, material, de forma livre, comissiva, excepcionalmente comissivo por 
omissão. 
OBS! Há uma divergência se o crime é material ou formal, pois quem entende que 
independente de pegar o bem já estaria o crime consumado porque o crime é forma, mas a 
maioria entende que o crime é matéria. 
 
Tentativa: Tratando-se de crime material, é perfeitamente possível a tentativa no delito em 
estudo, ocorrendo esta quando o agente, por razões alheias à sua vontade, não consegue 
retirar o bem do domínio do seu titular. 
 
No que tange à consumação, há quatro correntes disputando a prevalência: 
a) Contrectacio: a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia, 
dispensando o seu deslocamento; 
b) Amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder 
do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou 
posse mansa e pacífica; ADOTADO PELOSTF E STJ 
c) Cblatio: a consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue 
deslocá-la de um lugar para outro; 
d) Ilatio: para ocorrer a consumação, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo ladrão para 
ser mantida a salvo. 
 
Resta claro que atualmente prevalece no Brasil a teoria da inversão da posse para explicar o 
momento em que o furto se consuma, descartando-se a necessidade de posse tranquila. 
 
Posse tranquila = "Peguei a caneta de outrem, fiquei um tempo com ela (uns instantes), e logo 
após o bem foi retirado da minha posse." 
 
Há também debate sobre a necessidade ou não do bem subtraído ser retirado da esfera de 
vigilância da vítima para o crime se consumar. Isto porque pode o larápio, segundo pensamos, 
não ter a posse tranquila do bem, mas já tê-la retirado da esfera de vigilância da vítima (por 
exemplo: o agente após subtrair o bem empreende fuga, sendo que a vítima o perde de vista, 
porém durante a fuga – ainda não há posse tranquila – alguns policiais desconfiam do larápio e 
o abordam, vindo a descobrir que houve o furto). 
 
Diante dessa polêmica já se manifestou o STJ reiteradamente dizendo que não é necessário 
que a coisa subtraída seja retirada da esfera de vigilância da vítima para se consumar o delito, 
segundo bem pontuado no seguinte aresto: 
Nesse andar, se o agente subtrai o bem (sendo a subtração percebida somente depois de 
concluída), empreende fuga, sendo imediatamente perseguido e capturado, o crime de 
consuma, mesmo que a coisa não saia da esfera de vigilância da vítima. Não se trata nesse 
caso, portanto, de crime tentado, mas sim de delito consumado. 
 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Em outro vértice, quando o agente pretende furtar bens que se encontram dentro de um 
determinado imóvel é possível vislumbrar as seguintes situações: 
a) acaso seja surpreendido subindo uma escada, colocada a partir da rua, para ingressar em 
um imóvel, há mero ato preparatório (não sendo punível); 
b) se após ingressar no imóvel é surpreendido andando pela casa, sem estar, ainda, tentando 
se apoderar de algum objeto (só responde por violação de domicílio, visto não ter iniciado a 
subtração); 
c) acaso esteja dentro do imóvel já se apoderando de objetos (há tentativa de furto). 
 
Nessa última hipótese, necessário esclarecer que enquanto o agente está dentro da casa, 
mesmo que já esteja com os objetos que pretende subtrair em mãos, ocorre apenas tentativa. 
Diferentemente, se é surpreendido já na rua com os objetos subtraídos, após sair da casa, têm-
se o crime como consumado. 
 
Explica a doutrina, ainda, que não é imprescindível que a coisa seja transportada de um lugar 
para outro para o furto se consumar. Exemplifica-se que estará consumado o furto caso a 
empregada doméstica esconda uma jóia da patroa em seus pertences pessoais. Nesse caso 
não seria necessário que a doméstica saísse da residência para o crime se consumar, visto que 
seria eliminada a possibilidade de disponibilidade do bem por parte da proprietária, mesmo 
ele ainda estando em sua residência, pois se encontraria escondido, ou seja, já sob a 
disponibilidade de quem furtou. Este entendimento tem a possibilidade de ser combatido pela 
orientação jurisprudencial (STJ e STF) que exige a cessação da clandestinidade para que o furto 
se consume. 
 
Fala-se em famulato quando o furto é realizado pelo empregado em detrimento dos bens de 
seu patrão. Ressalte-se que mesmo que o empregado tenha a posse de determinado bem 
pertencente a seu empregador, se acaso subtraí-lo, comete o crime de furto, isto se a posse 
for desvigiada. É o caso, por exemplo, do caixa de um supermercado, que subtrai dinheiro que 
está manuseando. Nesse caso, não ocorre o crime de apropriação indébita (art. 168 do CP), 
visto este exigir que o sujeito passivo tenha a posse desvigiada do bem apropriado. Quando o 
bem fica sob o poder do empregado apenas no local de trabalho, entende-se que tem mera 
detenção ou posse vigiada da coisa. 
 
No que tange o §1º do art. 155, segundo posição majoritária (atente-se que não é pacífica), é 
indiferente para se reconhecer a majorante que os moradores da casa violada pelo larápio 
estejam dormindo, devendo ser a mesma reconhecida até quando a residência estiver 
desabitada, desde que a conduta se dê durante o período de repouso noturno. 
 
Quando aos §§4º e 5º, a grande maioria das figuras qualificadas, exceto a qualificadora do 
abuso de confiança, evidencia circunstância objetiva, comunicando-se, portanto, entre os 
agentes que atuam em concurso (art. 30 do CP). 
 
Não podem ser objeto de furto: 
a) O ser humano vivo, visto que não se trata de coisa; 
b) O cadáver, sendo que sua subtração pode, em regra, se constituir crime contra o respeito 
aos mortos (art. 211 do CP). Quando, contudo, o cadáver for propriedade de alguém 
(instituição de ensino, por exemplo), pode ser objeto do crime de furto, visto possuir valor 
econômico; 
c) Coisas que nunca tiveram dono (res nullius) e coisas abandonadas (res derelicta); sendo que 
quem se assenhora desses bens adquire a propriedade dos mesmos, segundo art. 1.263 do 
Código Civil, portanto não comete crime nenhum; 
 
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DIREITO PENAL III 
 
d) Coisa perdida (res derelicta). Quando alguém se apropria dolosamente de coisa perdida por 
terceiro comete, em tese, o crime de apropriação de coisa achada (CP, art. 169, parágrafo 
único, II). Não se considera perdida a coisa que simplesmente é esquecida pelo proprietário 
em local determinado, podendo ser reclamada a qualquer momento (por exemplo: pessoa que 
esquece um livro em sala de aula. Acaso alguém se apodere do mesmo, comete o crime de 
furto); 
e) Coisas de uso comum (res commune omnium), como o ar, luz do sol, água do mar ou dos 
rios, exceto se forem destacadas do local de origem e exploradas individualmente (por 
exemplo: água encanada para uso exclusivo de alguém). Lembra-se, ainda, que existe o crime 
de usurpação de águas (art. 161, §1º, I, do CP), consistente na conduta de desviar ou represar, 
em proveito próprio ou de outrem, águas alheias. Portanto, quem desvia curso natural de água 
(de um igarapé, por exemplo) para se beneficiar do mesmo, evitando que ele passe pelo 
terreno do vizinho (que antes era seu caminho natural) comete o crime de usurpação de 
águas, afastando-se a possibilidade de furto; 
f) Os imóveis. 
 
Podem ser objeto de furto: 
a) Coisas ligadas ao corpo humano, como, por exemplo, olhos de vidro, perucas, dentaduras, 
próteses mecânicas, orelhas de borracha etc; 
b) Segundo alguns doutrinadores (a posição não é pacífica), o ouro da arcada dentária do 
defunto, visto que pertenceria a seus herdeiros. Nesse caso o crime de violação de sepultura 
seria absorvido pelo crime de furto; 
c) Semoventes (animais), visto que fazem parte do patrimônio do respectivo proprietário. O 
furto de gado é conhecido como abigeato; 
d) Navios e aeronaves, visto que para o direito penal não vale a noção cível de imóveis. São 
penalmente considerados móveis todos os bens corpóreos que são passíveis de remoção de 
um lugar para o outro; 
e) Coisas que estejam fora do comércio, como bens públicos e bens gravados com cláusula de 
inalienabilidade, desde que tenham dono; 
f) Talão de cheque e folha avulsa de cheque, posto entender-se que possuem valor econômico, 
causando também o fato prejuízo à vítima, visto que terá que pagar taxas para o cancelamento 
da cártula. Quanto à subtração de cartão bancário ou de cartão de crédito, entende-se não 
haver crime de furto, pois sua reposição é feita sem ônus para a vítima. Ressalve-se que tais 
entendimentos não são pacíficos. 
 
FURTO FAMÉLICO 
Quando o sujeito ativo subtrai coisa para saciar a fome. É um caso de estado de necessidade. 
Deve, contudo, serencarado com cautela, não sendo a simples pobreza do agente justificativa 
para furtar alimentos. 
 
FURTO DE USO 
Não há crime se o indivíduo subtrai a coisa apenas com ânimo de usá-la, pois o art. 155 exige 
finalidade especial de assenhoramento do bem subtraído. 
“Se o agente retirar a coisa da posse da vítima apenas para usar por pouco tempo, 
devolvendo-a intacta, é de se considerar não ter havido crime. Cremos ser indispensável, 
entretanto, para a caracterização do furto de uso, a devolução da coisa no estado original, sem 
perda ou destruição do todo ou da parte. […] Além disso, é preciso haver imediata restituição, 
não se podendo aceitar lapsos temporais exagerados. E, por fim, torna-se indispensável que a 
vítima não descubra a subtração antes da devolução do bem. Se constatou que o bem de sua 
propriedade foi levado, registrando a ocorrência, dá-se o furto por consumado”. (NUCCI) 
 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Não é possível o furto de uso em se tratando de coisa fungível (dinheiro, por exemplo). Há 
também decisões judiciais reconhecendo que acaso o bem seja deixado em local diverso 
daquele de onde foi retirado, o furto se consuma. 
 
De modo geral se exigem, para reconhecer o crime de furto de uso, os seguintes requisitos: 
a) devolução rápida, quase imediata, da coisa alheia; 
b) restituição integral e sem dano do objeto subtraído; 
c) devolução antes que a vítima constate a subtração; 
d) elemento subjetivo especial: fim exclusivo de uso. 
 
LOJAS COM VIGILÊNCIA OU SISTEMA ANTIFURTO 
Há discussão na doutrina sobre a possibilidade do reconhecimento de crime impossível 
quando o agente tenta subtrair objeto no interior de estabelecimentos que possuem vigilância 
de seguranças ou sistema antifurto. 
 
 
ROUBO 
Art. 157 - "Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: ROUBO PRÓPRIO 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra 
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa 
para si ou para terceiro. ROUBO IMPRÓPRIO 
§2º A pena aumenta-se de um terço até metade: ROUBO MAJORADO 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância; 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, 
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
ROUBO QUALIFICADO (podem incidir tanto no roubo próprio quanto no impróprio). 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, exceto o dono do objeto roubado. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, sendo ela o proprietário ou o possuidor. 
Objeto jurídico: Posse, propriedade, integridade física e liberdade individual, considerando ser 
um crime complexo (furto + lesão|furto + ameaça). 
Objeto material: Coisa alheia móvel e a pessoa sobre a qual recai a violência ou grave ameaça. 
Elemento objetivo: "Subtrair" com violência ou grave ameaça. 
Elemento subjetivo: Dolo de subtrair + especial fim de agir. 
Momento consumativo: Retirada do bem da esfera de disponibilidade e posse da vítima, 
dispensando-se a posse tranquila. 
Tentativa: Divergente. Prevalece na doutrina e na jurisprudência, hoje, o entendimento de que 
se a coisa foi retirada da posse da vítima, ainda que por alguns instantes, o crime de roubo 
está consumado. Porém, alguns entendem que nesse caso seria apenas tentativa. 
Ação penal: Pública incondicionada, em qualquer das formas. 
 
OBS! O princípio da bagatela não se aplica ao roubo, mas se aplica ao furto, devido a presença 
da violência ou grave ameaça que não pode ser ignorada mesmo que o objeto roubado seja 
uma "caneta bic". 
 
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DIREITO PENAL III 
 
 
Crime comum, doloso, material, comissivo, de forma livre, instantâneo, de dano, 
monossubjetivo e plurissubsitente. 
 
ROUBO PRÓPRIO: Tradicional. Falou-se somente em roubo, considera-se roubo próprio. O 
roubo próprio está previsto no caput do art. 157. 
ROUBO IMPRÓPRIO: Não precisaria usar violência mas acaba usando. Previsto no §1º do 
referido artigo. 
 
OBS! No roubo impróprio (art. 157, §1º), como não há, inicialmente, subtração violenta, a 
consumação somente se dá quando é empregada violência ou grave ameaça para garantir a 
impunidade pelo crime ou a detenção da coisa (para si ou para outrem) antes subtraída. Se 
não houver violência ou grave ameaça subsequente, a hipótese será de furto. O ato 
subsequente (violência ou grave ameaça) deve ter relação de imediatidade com a subtração, 
pois caso contrário não haverá crime de roubo, mas sim o de furto em concurso com o delito 
que caracterizar a violência ou a grave ameaça. 
 
No tocante à consumação do latrocínio, Rogério Sanchez Cunha sintetiza: 
1. Morte consumada, subtração consumada, gera latrocínio consumado, estando o tipo 
perfeito. 
2. Morte consumada, subtração tentada, configura, de acordo com entendimento sumulado 
no STF (610), latrocínio consumado. 
3. Morte tentada e subtração tentada, não há dúvida de que o latrocínio será também 
tentado (nos termos do art. 14, II, do CP, houve início de execução de um tipo, que não se 
perfez por circunstâncias alheias à vontade do agente). 
4. Morte tentada e subtração consumada, há tentativa de latrocínio (se o latrocínio se 
consuma apenas com a morte, não havendo morte o tipo complexo do latrocínio não se 
perfez). 
 
Súmula 610, STF: "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se 
realize o agente a subtração de bens da vítima." 
 
 
Extorsão 
Art. 158 - "Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter 
para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de 
fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a 
pena de um terço até metade. 
Extorsão qualificada 
§2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
§3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é 
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas 
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
 
Tal figura se assemelha ao crime de constrangimento ilegal (art. 146 do CP), mas acrescida da 
finalidade especial de obtenção de vantagem econômica indevida. 
 
Sujeito ativo e sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Objeto jurídico: Patrimônio, integridade física e liberdade individual. 
 
Nathalia Corrêa Setúbal | nathalialcorrea@gmail.com 
 
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DIREITO PENAL III 
 
Objeto material: Pessoa contra qual recai o constrangimento. 
Tipo objetivo: "Constranger" mediante violência ou grave ameaça que atinja o próprio titular 
do patrimônio visado ou pessoa ligada a ele, forçando-o com isso a fazer, tolerar que se faça 
ou deixar de fazer alguma coisa. 
Tipo subjetivo: Somente é punida a extorsão em sua forma dolosa. Além do dolo genérico 
exige-se a presença da finalidade especial (dolo específico). 
Momento consumativo: A Súmula 96 do STJ apregoa que: “O crime de extorsão consuma-se 
independentemente da obtenção da vantagem indevida”. Ou seja, a extorsão

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