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Doação Conceito Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Quanto à formalidade do contrato de doação, o art. 541, CC/02, estabelece a forma escrita, seja por instrumento público ou por instrumento particular. O instrumento público é exigido às doações de imóveis com valor superior a 30 (trinta) salários mínimos (art. 108, CC/02). O parágrafo único do art. 541, CC/02 dispensa forma escrita à doação de bens móveis de pequeno valor, seguido da imediata entrega do bem ao donatário. É a chamada doação manual, que pode ser feita de forma verbal. É necessária razoabilidade para averiguar o pequeno valor do bem, levando em consideração, sobretudo, a capacidade econômica do doador. - Doador Sujeitos - Donatário Doação feita de ascendente a descendente Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Adiantamento de legítima. Não é necessário o consentimento dos demais herdeiros para a doação, e isso porque no momento em que a lei enxerga nesta doação adiantamento da herança permite que os demais herdeiros, após o falecimento do doador, peçam ao juiz que desconte da herança do donatário o valor do bem que ele recebeu em vida, o que significa que lei automaticamente protege os demais herdeiros. Doação feita por pessoa adúltera ao seu cúmplice Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. Hipótese de nulidade relativa, ou seja, anulabilidade. Doação inoficiosa Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Princípio da intangibilidade da legítima. Legítima é nome que se dá para a parte que a lei sucessória reserva obrigatoriamente para os herdeiros necessários. Herdeiros necessários são os ascendentes, descendentes e o cônjuge, por força do art.1845 do C.C. Os herdeiros Necessários, também chamados de Reservatários, são aqueles para quem a lei resguarda a metade do que o morto tinha a título de patrimônio, o que significa que essa metade é intangível, ou seja, o de cujus, antes do falecimento, não pode dispor de tudo que ele tem de bens caso possua herdeiros necessários, mas apenas da metade chamada de metade disponível, e se ele viola essa regra, doando tudo que tem para terceiros, os necessários podem pedir a nulidade do excesso doado. A nulidade atinge apenas a parte inoficiosa. Doação da totalidade dos bens Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. A chamada doação universal (doação de todos os bens do doador sem reserva de patrimônio mínimo para sua subsistência) é nula. A invalidade desse ato apresenta duplo escopo: evitar a miséria do doador e garantir a satisfação dos credores do doador, evitando, assim, possível fraude contra credores. Espécies e conteúdo (Principais) Doação pura e simples – não contém condição, termo ou encargo. Doação com encargo ou modal – vinculada a um encargo. Ex: Fulano doou um bem específico para Beltrano impondo que este cuidasse da praça pública X por um ano. Doação com cláusula de reversão – quando o contrato contém cláusula expressa determinando que se o doador sobreviver ao donatário o bem doado retorna à propriedade do primeiro (art.547 C.C.). OBS: A cláusula prevendo que se o donatário falecer antes do doador o bem doado será entregue a terceiro é nula (parágrafo único do art. 547 C.C.) Invalidade e revogação a) Invalidade A doação pode ser nula ou anulável. a.1) Hipóteses de nulidade. Será nula por incapacidade absoluta do doador, por ilicitude ou impossibilidade absoluta do objeto e por desobediência à forma prescrita em lei. Além dessas hipóteses, comuns a todos os negócios jurídicos, é nula a doação de todos os bens sem reserva de usufrutos ou bens suficientes para a sobrevivência do doador (CC, 548). A proibição do referido artigo visa ainda tutelar os credores do doador, que com a doação de todos os seus bens teriam esvaziada a garantia patrimonial do devedor (CC, 158). A doação que excede a metade dos bens do patrimônio do doador no momento do contrato também é considerada nula, se o doador tiver herdeiros considerados necessários (CC, 549), mas nessa hipótese, como já dito anteriormente, a nulidade é parcial. a.2) Hipóteses de anulabilidade. É anulável a doação feita pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice (CC, 550). A ação anulatória é privativa do cônjuge, enquanto for vivo. Após a sua morte, seus herdeiros poderão propô-la. b) Revogação. A doação, como qualquer contrato, não pode ser revogada segundo a vontade do doador. É irrevogável. Contudo, admite-se, excepcionalmente, a revogação da doação, se ocorrer alguma das hipóteses previstas no Código Civil como demonstrativos da ingratidão do donatário. A revogação só é possível na doação pura e simples. As doações oneradas com encargo não podem ser revogadas por ingratidão (CC, 564). O direito de revogar a doação pura e simples é personalíssimo, não se transmitindo aos herdeiros do doador, nem prejudicando os herdeiros do donatário (CC, 560). Embora o direito seja personalíssimo, nada impede a sucessão processual, hipótese em que o doador já deu entrada na ação antes de falecer e seus herdeiros podem substituí-lo, ou na hipótese em que o donatário faleceu depois de citado, cabendo a sua substituindo, no polo passivo da ação, por seus herdeiros. O direito de revogar a doação é irrenunciável. Seus motivos estão previstos no art. 557 do CC/2002, de modo exaustivo, não comportando interpretação ampliativa. O prazo para a propositura da ação de revogação é de um ano, a contar do conhecimento pelo doador do fato que a autorize (CC, 559). Esta ação também pode ser promovida no caso do donatário não cumprir o encargo (art.555 C.C.). Da mesma forma a ação é personalíssima e o prazo para a sua propositura também é de um ano, conforme o já mencionado art. 559 do C.C.
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