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Apresentação O presente trabalho tem como objetivo resumir o artigo do renomado professor Luiz Fernando Coelho, onde se tenta definir de forma clara e sucinta sobre o que é A zetética do Direito do Trabalho. De formar cautelar, refere-se ao direito do trabalho como uma disciplina dogmática com vocação zetética, sendo a mesma um novo modo de encarar o Direito como ciência; a qual trata de superar a concepção dogmática tradicional. A zetética jurídica é uma elaboração teorética vinculada ao conteúdo social e ideológico das normas jurídicas. Apresenta proposta unitária da ciência do direito, englobando aspectos interdisciplinares. Palavra de origem grega a zetética possui a definição de que a teoria se vale da pesquisa, a qual procede pelo questionamento dos problemas, não aceitando a resposta e a solução pronta como ponto de partida do conhecimento científico, a mesma problematiza as soluções, indo aos pressupostos da própria questão. Foi empregada no Brasil por Ferraz Jr, o qual distingue os dois possíveis enfoques da ciência do direito a zetética e as dogmáticas como investigações acentuadas no aspecto perguntas e respostas. A investigação jurídica é um constante jogo de perguntas e respostas. O sentimento d complementariedade é citado por Vieheng, para ele a zetética é uma problematização das categorias e conceitos legitimados pela dogmática. O modelo tradicional da ciência tem as seguintes características: O hilemorfismo definido por Aristóteles o qual sustenta que a ciência procura a verdade nas ideias as quais são necessárias, eternas universais; O racionalismo considera apenas o conhecimento que esteja apoiado em dados racionais; O universalismo despreza as particularidades; a ciência só se preocupa com o particular na medida em que ele é o instrumento para se chegar ao universal, neste entender, verifica-se o contraditório, uma vez que a ciência só consegue apreender o seu objeto pela sua destruição, sendo o conhecimento científico uma aproximação da realidade. Assim, entende-se como teoria crítica, o direito do trabalho deve ser considerado como rutura com pensamento dogmático, a partir de uma superação de seus próprios obstáculos epistemológicos, enquanto que como teoria prospectiva deve ser encarado como disciplina compromissada com a realidade social. A zetética trabalhista sustenta a tese de que o direito não é o passado que condiciona o presente, mas o presente construtor do futuro. Epistemologicamente há profundas vinculações com os conteúdos normativos desde sua origem. O contraste que há, nada mais é de que um conjunto de normas as quais são estabelecidas e acordadas entre patrões e empregados, com a finalidade de proteger os empregados, situação contraditória, pois mantém de forma coercitiva essa realidade, em nome da ordem e da segurança. Centrado em um sistema de manutenção de uma sociedade onde cada um tem seu papel determinado pelas leis, assim é o direito comum que é ligado a ideia de ordem, sob pena de haver ilegalidade e tem como preposto basilar o princípio da isonomia, igualdade formal, enquanto que o direito do trabalho está unida pela ideia de transformação não gera o princípio da isonomia, mas parte de uma desigualdade real. A zetética trabalhista é a tentativa de fundamentar, cientificamente, o direito do trabalho em sua função transformadora, enquanto que o direito do trabalho é um dos ramos mais próximo da realidade social, contudo a doutrina tende a desconsiderá-la, uma vez que analisa as regras e as instituições como se fossem algo transparente como se as categorias do direito do trabalho, a começar dos próprios conceitos de patrão e empregado, fossem situados acima da vida social e anteriores a experiência construcional do direito. Sendo noções puramente retóricas, conceitos que não tem uma correspondência semântica definida desprovido de concreção, onde observa-se quer o seu significado será sempre o que for estabelecido pelos filósofos, políticos, juristas, isto é, pelas ideologias, sendo o conteúdo dessas noções idealistas será aquela que melhor se presta a fins políticos, econômicos e sociais. No direito do trabalho sempre se considerou a sua especificidade como ligada seu objetivo primordial, que é a proteção dos hipossuficientes nas relações de emprego. O que se faz necessário desmistificar numa postura zetética é que não existe como um dado de experiência o qual está inserido no contexto constitucional, é antes de tudo, um limitação a justiça social do que um seu complemento, trata-se tão somente de uma ideia. O idealismo e o caráter retórico das elaborações doutrinárias servem para substituir a realidade concreta, é obstáculo epistemológico a ser superado na reconstrução do direito do trabalho. O mito da divisão natural do saber é considerado pelos gregos, os quais diz que universo um imenso aglomerado d partículas cuja a explicação estaria na visão intelectual da menor partícula componente da realidade. Para tal, o jurista é um especialista pois, quando separa o direito do continente histórico, sendo notória a sua especialização o que é uma exigência constante na profissão jurista. No direito o trabalho é necessário o conhecimento da teoria geral do direito e do direito comum, sendo assim a originalidade de seus institutos para que se adquira significado. Os juristas são os menos dogmáticos dentre os práticos, uma vez que, o papel que desempenha é de equidade, onde se percebe que a mentalidade dogmática é avessa ao questionamento a crítica. A legislação trabalhista deve ser encarada como instrumento de manutenção do statu quo, como a consolidação de conquistas dos trabalhadores as quais devem ser ampliadas e melhoradas, sendo um instrumento de transformação da sociedade. A zetética é contra o empirismo, o positivismo, o idealismo ingênuo e o dogmatismo ela propõe uma reconstrução científica do objeto do direito do trabalho, a partir do continente histórico onde se situam as instituições do direito do trabalho, procurando afastar os obstáculos que desvirtuam a realidade. Entre esses obstáculos, pode-se indicar uma série de mitos, os quais são em geral, admitidos como pressupostos da doutrina trabalhista. O Estado é o criador do direito no intuito de promover o bem comum e, como detentor do monopólio de coerção, situa-se acima das relações sociais, zelando pela liberdade dos cidadãos. Entre suas funções, destaca-se a de compensar a desigualdade dos desiguais, por meio do direito, sendo assim, admite-se que no Estado de Direito as leis são boas, para tal, não se admite que elas possam ser deformadas em sua aplicação, entretanto não po0de ser injustas, tendenciosas, tem que ser uma ordem de proteção, não dos hipossuficientes, mas de interesses classistas e privilégios da aristocracia do direito.
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