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Psicomotricidade UNIDADE 2 1 DISCIPLINA: PSICOMOTRICIDADE - UNIDADE 2 Prof.ª: Adriana Martins Ianino Para início de conversa Bem-vindo novamente, caro aluno! Estaremos iniciando agora os estudos da unidade II. Aproveite ao máximo este conteúdo e bons estudos! Orientações da Disciplina 1. Conteúdos abordados Na unidade I conhecemos um pouco da história da Psicomotricidade, os autores que mais contribuíram para o crescimento desta ciência e o seu conceito. Refletimos também sobre a prática psicomotora na educação, suas colaborações e dificuldades enfrentadas. Nesta segunda unidade, estudaremos as fases do desenvolvimento infantil, as bases psicomotoras e a relação dos aspectos do desenvolvimento psico- motor com a aprendizagem. Lembre-se de que temos disponível para você, um amplo material de estudos: textos, vídeos e atividades teóricas e práticas, não deixe responder ao questionário de autoavaliação e realizar a consulta ao livro- texto da disciplina (E-book); assim como, acessar a Biblioteca Virtual, em busca de referênciais teóricos que irão servir de base aos seus estudos. 2. Objetivos esperados Esperamos com o decorrer dos estudos desta unidade que você possa: ü Conhecer as etapas do desenvolvimento infantil; ü Conhecer as bases psicomotoras inerentes ao desenvolvimento do ser humano; ü Compreender a importância da psicomotricidade na sua relação com a aprendizagem; ü Reconhecer a influência dos fatores orgânicos, psicossociais históricos e culturais no processo do desenvolvimento humano. Preparado(a)? Acredito que sim. Vamos lá! 2 FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Palavras do Professor Neste tópico citarei, de forma sucinta, o processo de desenvolvimento na infância e a evolução psicomo- tora do ser humano. Não tenho a intenção aqui, de trazer conhecimentos específicos da área da medicina, mas é importante que você se aproprie o máximo que puder destes estudos, pois serão de grande con- tribuição para sua formação em Pedagogia. Sugiro que durante sua leitura, caso você desconheça algum termo, não o deixe passar “despercebido”; pesquise-o ou anote para pesquisá-lo posteriormente. Você irá perceber como a simples ação contribui para seu aprendizado! E outra informação importante: não pesquise apenas uma fonte. Pelo menos três referências são importantes para que você possa analisar e fazer seu próprio julgamento do que achar mais coerente. Vamos seguindo então, com nossos estudos. Atualmente, podemos observar que, a partir das pesquisas que vêm sendo realizadas ao longo dos anos, já temos a compreensão que o desenvolvimento psicomotor é um processo contínuo, dinâmico e em per- manente evolução em degraus sucessivos desde o nascimento. Dessa forma, organismo e meio ambiente são dependentes, e essa adaptação, quando construtiva e sadia contribui para o raciocínio e socialização do sujeito. O estudo da evolução humana nos permite entender melhor a adaptação sensório-motora dos seres vi- vos, pois mesmo o mais primitivo dos humanos, deve se ajustar continuamente ao meio ambiente, que também é imutável. Ao observar a estrutura do sistema nervoso, percebemos que ela tem partes situadas dentro do cérebro, da coluna vertebral e outras distribuídas por todo corpo. Dessa forma, podemos “visualizar” como o corpo é totalmente interligado entre corpo e mente. No Sistema Nervoso Central (SNC) está a grande maioria das células; e no Sistema Nervoso Periférico (SNP) encontram-se poucas células, porém, uma grande quantidade de fibras nervosas que funcionam como fios condutores de informações motoras e sensitivas. Uma forma de perceber a integração entre esses dois sistemas e a influência dos neurotransmissores na cognição, é observando exercícios motores orientados em uma criança realizando movimentos corporais. As células motoras e sensitivas são estimuladas, produzindo energia celular, obtendo-se a conexão sináp- tica (transmissões iônicas e/ou químicas que garantem ao sistema nervoso a sua enorme diversidade e capacidade de processamento de informação), responsável pela motricidade corporal da criança. O estímulo, desde cedo, a estas conexões sinápticas é de grande importância, pois além de desenvolver suas competências quanto a aspectos de musicalidade, raciocínio lógico-matemático, inteligência espa- cial e inteligência cinestésica; favorece a plasticidade cerebral (capacidade do cérebro de remodelar-se, para aprender a sentir melhor, ou ser induzido a se autorreparar, ou até mesmo controlar outras funções). 3 Leitura complementar Para uma maior apropriação do conhecimento sobre a Plasticidade Cerebral, sugiro a pesquisa individual sobre o termo e a leitura de artigos acadêmicos, que citem a neurociência cognitiva e sua aplicação à educação/aprendizagem. Segue a sugestão de um artigo para leitura: http://201.86.97.2/ojs/index.php/RevistaCientificaCENSUPEG/article/view/160/63 Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento infantil. O desenvolvimento é cres- cente tanto no aspecto físico, quanto no intelectual e afetivo; e tudo depende de influências do ambiente familiar e meio social. Os primeiros estudiosos a desenvolverem pesquisas sobre o desenvolvimento motor foram Arnold Gesell, Thompson e Myrtle McGraw (ver abaixo esquema de desenvolvimento motor elaborado por McGraw). Estes teóricos defendiam que o desenvolvimento é a função de processos inatos, que resultam em uma sequência universal de aquisição das habilidades de movimentos pelo bebê. Fonte: http://ededfisica.blogspot.com.br/2009/10/fatores-que-afetam-o-desenvolvimento.html Para complementar e se aprofundar neste assunto, recomendo a você, a leitura dos livros: compreen- dendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos (David Gallahue) e Educação Motora Infantil (Lobo e Vega); este último encontra-se disponível na Biblioteca Virtual. Os bebês vão desenvolvendo progressivamente as suas capacidades motoras, intelectuais e a relação com o que os rodeia. E embora a sequência de aquisições seja igual para todos; a velocidade com que aparecem não é, havendo muitas variações de uma criança para outra. Portanto, um modelo único não deve ser a norma, servindo apenas como indicativo. 4 No primeiro trimestre de vida do bebê, existe uma tentativa de alinhamento da cabeça no espaço. O re- cém-nascido tem a postura em flexão, devido à postura fletida imposta dentro do útero durante o período pré-natal. Neste período, o bebê ainda não senta, nem fica de pé sozinho. No segundo trimestre o bebê passa a combater a força da gravidade. Já consegue manter a cabeça na linha média em relação ao corpo e é capaz de sentar-se sozinho em curtos intervalos de tempo. Com relação à motricidade fina, já é capaz de agarrar e soltar objetos voluntariamente. Dos 7 aos 10 meses, terceiro trimestre, a criança é capaz de se movimentar constantemente e o rolar e engatinhar, inicialmente, são seus meios de locomoção. Nesta fase, desenvolve-se também a preensão digital. Com o tempo o padrão de marcha vai sendo adquirido, porém ainda de forma imatura. Dos 12 aos 15 meses a criança anda sem apoio e sua marcha é rápida. Quanto às atividades mais finas, a criança é capaz, por exemplo, de marcar o papel com lápis e/ou construir torres. A partir dos 2 anos, as atividades mais simples vão dando lugar às mais complexas, a motricidade fina fica cada vez mais aperfeiçoada e a marcha torna-se estável. Dessa forma, se quisermos garantir que haja uma maturação normal na criança e que sua inteligência seja desenvolvida, é necessário que exista um ambiente favorável. Por isso, é preciso que os responsáveis pela criança sejam orientados com relação às fases do desenvolvimento da mesma. Estas fases foram classificadas em três pelo médico neurologista e criador da Psicanálise, Sigmund Freud. Fase oral- 0 a 18meses. Nesta fase, a criança é totalmente dependente em relação às suas necessidades básicas de fome, sede, higiene e emergências. É a fase do olhar, mexer e imaginar. É através do toque que a criança fortalece o vínculo emocional com o outro, além de contribuir para o desenvolvimento físico do bebê. Fase anal – 18 meses a 03 anos. Os grandes músculos se desenvolvem, a percepção de espaço e forma vai se definindo, a preensão vai se aprimorando e o equilíbrio se estabilizando. É a fase do “mexa-se!”. Fase fálica – 04 a 06 anos. É o início de autoaceitação e do outro. É a fase do tocar, encontrar e conviver. Nesta fase, a criança aprende a partilhar brincadeiras; encontra no outro as semelhanças e as diferenças corporais e começa a conhecer sua composição. Guarde essa ideia! Diante do que foi exposto, passamos a compreender melhor não só a importância, mas a necessidade de uma infância bem vivenciada. É preciso que estejamos atentos ao contexto de vida das crianças que chegam até nós. Muitas delas são provenientes de lares com uma dinâmica familiar atribulada, sejam por problemas afetivos, problemas sociais e/ou problemas econômicos. 5 Muitas crianças vivem em pequenos apartamentos que não dispõem de áreas de lazer; outras vivem em casas com espaço mínimo e que em muitos casos, abrigam uma grande família. São crianças que passam muito tempo em frente à televisão ou muito tempo envolvidas em jogos eletrônicos e/ou redes sociais virtuais. Não podemos simplesmente tirar as crianças do contexto atual de nossa sociedade, a evolução tecnoló- gica surge e com ela a sociedade procura acompanhar seu crescimento. Mas precisamos ter em mente os aspectos que fazem parte de um desenvolvimento saudável do ser humano e que não podem (pelo menos, não ainda...) ser substituídos por algumas tecnologias; como correr, pular, brincar, conversar através da linguagem oral, ou seja, se movimentar. CORPO E MOVIMENTO Para darmos continuidade a este conteúdo, falaremos agora da interação entre corpo e cérebro, através do estabelecimento entre o tempo e o modo em que a criança está apta a integralizar e aperfeiçoar cada uma das bases que estruturam os alicerces do desenvolvimento humano. Você deve estar lembrado das três unidades funcionais de Luria que vimos na unidade I. Então estudare- mos agora, as bases psicomotoras a partir dos aspectos pesquisados por este autor. Primeira Unidade Funcional Tonicidade – é o que assegura a preparação da musculatura para a maioria dos movimentos e ativida- des práxicas (coordenação voluntária de movimentos). Os tônus exercem a função de alerta, atenção e vigilância, assegurando o bom desempenho da atividade mental. Ele comanda os gestos, as expressões e as mímicas, exteriorizando as expressões e emoções individuais e únicas do sujeito. Apresentando, dessa forma, não uma ação puramente muscular, mas o universo particular de cada indivíduo. Por meio da tonicidade controlamos a preensão, capacidade que favorece a maioria das atividades esco- lares e da vida diária. Portanto, uma criança tonicamente equilibrada tem um maior controle de seu corpo, um controle mais refinado da mão ao desenhar, pintar e escrever; assim como maior autonomia, o que favorece seu processo de aprendizagem. Equilibração – tem como principais aptidões o controle postural (domínio da gravidade) e o desenvolvi- mento das aquisições de locomoção (marcha). A partir do desenvolvimento da tonicidade e da equilibra- ção, o indivíduo adquire a postura bípede, possibilitando a liberação das mãos. Com a automatização da equilibração, o indivíduo vai adquirindo o dinamismo bimanual e bipedal, em equilíbrio estático (capaci- dade de manter certa postura sobre a base de sustentação) e equilíbrio dinâmico (orientação controlada do corpo em situações de deslocamento no espaço com os olhos abertos). Pela equilibração, a criança é capaz de locomover-se e então explorar todos os objetos e relações que necessita para seu aprendizado. A criança com uma equilibração adequada executa suas atividades com menos esforço e menos desgaste, mantendo uma movimentação harmônica e coordenada. 6 Segunda Unidade Funcional Esquema Corporal–é a noção do corpo. Ou seja, é a capacidade de reconhecer e nomear as partes do corpo e as funções que desempenham. Entre os aspectos que compõem o esquema corporal estão: conhecimento do corpo e duas partes interliga- das (segmentação); consciência do corpo enquanto realidade vivenciada (ação); construção de esquemas (experiências sensório-motoras) e; construção concreta dos limites corporais (o corpo no espaço físico). Imagem corporal – caracteriza-se pelos aspectos emocionais e necessidades biológicas do corpo; e pela imagem que se tem do próprio corpo, em um contexto psíquico e subjetivo. A criança descobre seu corpo e cria sua imagem em função da utilização e dos significados que lhe são atribuídos, por meio dos resultados de experiências psicomotoras e da relação com o outro. No entanto, o indivíduo está sempre em mudança, motivado pelo meio e momento histórico do qual faz parte; e sua imagem corporal acompa- nha essas mudanças, transformando-se de acordo com o momento particular do indivíduo. Alguns dos aspectos que compõem a imagem corporal são: percepção e organização do eu; percepção da imagem total no espelho e; percepção dos limites corporais. O esquema corporal é uma habilidade que implica o conhecimento do próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes. É indispensável na formação do eu, onde a criança percebe os outros a partir da percepção que ela passa a ter de si mesma, adquirindo assim uma autonomia de atitudes. E para que você compreenda melhor esta relação, citarei a seguir uma divisão de aspectos proposta pelos autores Mattos e Neira (1999): ü Estrutura corporal: que é noção da nomenclatura e localização das partes do corpo. ü Postura: diz respeito ao posicionamento do corpo parado ou movimento. ü Respiração: troca gasosa com o meio. Liga- se intimamente a atenção. ü Relaxamento: refere-se à capacidade de descontração da musculatura voluntária. Você deve estar percebendo, então, o quanto a noção de corpo favorece o conhecimento de seus limites e possibilidades dentro do espaço e traz a consciência do ser como vivente e pertencente ao seu meio ambiente. A criança com boa noção de corpo executa suas ações apoiando-se nos segmentos corporais, atribuindo a cada um deles a sua porcentagem de responsabilidade por um movimento bem executado. Por este motivo, é importante que a criança vivencie os conceitos de limite e desejo, em seu corpo, para depois ser capaz de transferir esses conceitos para fora dele. Lateralidade – é função de dominância lateral, tendo em um dos hemisférios cerebrais (hemisfério es- querdo: área da linguagem e da lógica e hemisfério direito: área de execução motora e percepção es- pacial) a iniciativa da organização do ato motor, e o outro, a função de apoio e auxílio, que incidem no aprendizado e no desempenho das praxias. 7 A lateralização exprime a capacidade de integração sensório-motora dos órgãos pares, como pés, mãos, olhos, ouvidos, etc., tornando-os funcionais e competentes no direcionamento das variadas formas de orientação do indivíduo. Até os seis anos de idade a criança já está apta a perceber seu eixo corporal e seus hemi-lados. Posterior- mente, quando a prevalência hemisférica já estiver definida (por volta dos 7 a 8 anos), a criança começa a compreender o conceito de direita e de esquerda em si, no outro e na relação com o todo. Uma lateralização bem definida se apoia na construção da noção de corpo, esquema e imagem corporal. Por volta dos três anos, já é possível verificar a preferência lateral de uma criança. Quando uma criança percebe no seu corpo o seu eixo corporal e os seus dois lados, ela consegue transpor esse conhecimentopara além do seu corpo. Dessa forma, perceberá, por exemplo, que “p” é diferente de “q”. Estruturação espaço-temporal – resulta da integração das estruturas espacial e temporal, que estão rela- cionadas a diferentes modalidades sensoriais: a visual, a auditiva e a cinestésica. Por meio do movimento no espaço, pode-se conhecer a distância que se está do objeto ou a distância percorrida no espaço. As noções espaciais como direita, esquerda, em cima, embaixo, atrás e na frente são referenciadas a par- tir da ação do corpo no espaço externo, que nos leva à antecipação da ação. O cérebro elabora sistemas funcionais de acordo com a dimensão do tempo; ele considera as experiências anteriores, adapta-se às condições presentes e antecipa o futuro. Considerando o esquema corporal como um elemento básico indispensável para a formação da persona- lidade da criança, vejamos a descrição elaborada por Le Boulch, que dividiu o esquema corporal em três fases, que nos auxiliam a compreender melhor esse processo. 1ª Etapa: corpo vivido (até 03 anos de idade): corresponde à fase de inteligência sensório-motora de Pia- get. Nesse período, a criança tem uma necessidade muito grande de movimentação e através desta, vai enriquecendo a experiência subjetiva de seu corpo e ampliando a sua experiência motora. À medida que cresce, com um maior amadurecimento de seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e passa, pouco a pouco a diferenciar de seu meio ambiente. 2ª Etapa: corpo percebido ou descoberto (03 a 07 anos): corresponde à organização do esquema corporal devido à maturação da “função de interiorização”. Esta função de interiorização permite a passagem do ajustamento espontâneo, a um ajustamento controlado que, propicia um maior domínio do corpo, cul- minando em uma maior dissociação dos movimentos voluntários. A criança descobre sua dominância e, com ela, seu eixo corporal. O corpo passa a ser um ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Neste momento, assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda e adquire também noções temporais como a duração dos intervalos de tempo e de ordem e sucessão. 3ª Etapa: corpo representado (07 a 12 anos): observa-se a estruturação do esquema corporal. Os pontos de referência não estão mais centrados no corpo próprio, mas são exteriores ao sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência que irão orientá-lo. No início desta fase, a representação mental da imagem do corpo consiste numa simples imagem reprodutora e é uma imagem de corpo estática. A criança só dis- põe de uma imagem mental do corpo em movimento a partir de 10/12 anos, significando que atingiu uma 8 representação mental de uma sucessão motora, com a introdução do fator temporal. É correspondente ao estágio preconizado por Piaget de operações concretas. Dica! Caro aluno; sei que este se trata de um conteúdo um tanto denso. Então, quando se você se sentir um pouco cansado da leitura, sugiro que dê uma pausa e retorne posteriormente. Aliás, é sempre importante dar uma pausa entre os estudos para alongar o corpo e descansar a mente (lembre-se de seus presentes estudos sobre este tema!). Tenho certeza que ao retornar, seu aproveitamento será favorável. Terceira Unidade Funcional Praxia global – é uma ação complexa, tem por objetivo a realização e automação dos movimentos glo- bais, num determinado período de tempo; com a exigência da ação conjunta de vários grupos musculares. É a expressão da informação do córtex motor, como resultado da percepção de informações sensoriais táteis, visuais e vestibulares acumuladas durante anos, por meio da nossa experiência com o mundo humano. Exemplificando, para a realização de um salto à distância, é necessário antecipar o trajeto que se deve correr antes de saltar, a capacidade de executar o salto, assim como, a confiança para executá-lo. Praxia distal – integra todas as competências psiconeurológicas adquiridas na praxia global, compreen- dendo a micromotricidade e a perícia manual. A mão é o instrumento central da praxia fina, pois é o maior órgão exploratório existente e o grande diferencial da espécie humana. Neste contexto, gostaria de expor a figura abaixo: Fonte http://ceah-uepb.blogspot.com.br/2013/06/homem-deformado-homunculo-de-penfield.html Se você nunca viu esta imagem, lhe apresento o “Homúnculo de Penfield”. Esta é uma representação do corpo humano, sugerida pelo neurocirurgião canadense Wilder Penfield. Mas não irei falar muito sobre esta imagem porque gostaria que você realizasse uma pesquisa individual sobre a mesma. 9 Visite a Página Como sugestão, deixo o seguinte link para acesso: http://ceah-uepb.blogspot.com.br/2013/06/homem-deformado-homunculo-de-penfield.html Falemos agora sobre a “Consciência Corporal”. Gostaria de chamar sua atenção para este item em es- pecífico, pois acredito que a percepção e compreensão deste aspecto serão de grande valia para seus estudos sobre a psicomotricidade. Reflita um pouco agora sobre seu corpo. Pense se você conhece todas as funções que ele é capaz de exercer. Pergunte-se também porque algumas pessoas conseguem fazer determinados movimentos e outras não. Qual sua conclusão? Palavras do Professor Imagino que você, assim como a maioria de nós, desconhece seu próprio corpo, infelizmente. Fazemos parte de uma cultura que valoriza predominantemente e exaustivamente apenas o desenvolvimento cog- nitivo e intelectual. Tentando, porém, não conseguindo, desvincular o corpo da mente. O corpo pode estar parado, mas pode ter certeza que mesmo em seu “silêncio”, ele está expressando algo. Mas é o que nos diferencia daqueles que conseguem realizar movimentos que jamais pensamos em exe- cutar? Justamente, a consciência corporal. Quando conhecemos nosso corpo, é como quando se aprende a tocar um instrumento musical. Por este motivo, gostaria que você, aluno e futuro educador, refletissem bastante sobre este assunto, principalmente quando estiver ministrando suas aulas. Pense no corpo das crianças em constante ebu- lição de aprendizado, totalmente interligado com as conexões cerebrais, com o meio ambiente e com o outro. Imagine o quanto privamos as crianças de um pleno aprendizado quando não as deixamos correr, se movimentar e se expressar através de sua linguagem corporal. Lembre-se que, atividades que propiciem à criança a localização e conhecimento das diferentes partes do corpo em si e no outro; exploração das diferentes posições do corpo, como de pé, deitada (decúbito dorsal, ventral ou lateral), sentada, invertida, inclinada, na posição de bípede, etc.; a exploração sensorial do corpo (ver figura abaixo); o conhecimento dos tipos e as fases da respiração e o relaxamento global e das partes que não estão sendo solicitadas em determinadas atividades são de extrema importância para o aprendizado integral da criança. Lembre-se que, o corpo evolui do macro para o micro, ou seja, é importante trabalharmos a base, para aprimorarmos as funções mais complexas (como o desenvolvimento da habilidade escrita, por exemplo). Pois bem, querido(a) aluno(a), podemos perceber que atualmente há muito conteúdo científico disponível para estudos sobre o corpo, e com certeza neste material de apoio não será possível abordar todos. Mas o que eu quero de verdade que você compreenda, é que o corpo não é uma simples forma de movimento isolado, você é o seu corpo. Sinta-se! E permita que o outro também se expresse com seu corpo. Como su- 10 gestão e por experiência própria (já que ministro aulas de dança); recomendo que você pratique Dança de Salão e/ou faça aulas de teatro. Estas são ótimas oportunidades de reconhecer o seu corpo e o do outro. Dica! Há um livro do qual gosto muito e que coloco aqui como referência para seus estudos: Dança e educação em Movimento, de JulietaCalazans, Jacyan Castilho e Simone Gomes (organizado- ras); que trata da consciência corporal com grande sensibilidade. Esta sensibilidade que espero que você desenvolva/aumente em si mesmo. Maria Helena Imbassaí, autora de um dos capítulos deste livro, cita que nosso corpo é um instrumento de comunicação do homem com o mundo. No entanto, este intercâmbio sofre diversas interferências devido ao acúmulo de tensões que enrijecem os músculos, bloqueiam as articulações, afetam a respiração e restringem os movimentos, comprometendo o psiquismo a dessensibilização humana. Muito coerente em meu ponto de vista. E neste contexto, não há como não citar a metodologia de Angel Viana. Para esta pesquisadora, a cons- cientização do movimento é um aprendizado para aquele que se submete ao autoconhecimento partindo do corpo, do cérebro e do self (o “eu”). Para Angel Viana a educação do corpo se apoia nas seguintes instâncias: ter um corpo, sentir o corpo e saber que se tem um corpo. A primeira instância é a condição básica de existir: o corpo está em alguém o tempo todo, mas somente às vezes esse alguém se dá conta de que está com ele. Na segunda instância, podemos sentir o corpo por meio de sinalizações como: dor, irritação, prazer, etc., porém, as pessoas fazem uso dele como objeto, de forma automatizada. E na tercei- ra instância, sabe-se, conhece-se, detém-se um corpo. Ou seja, o sujeito está consciente das adaptações às mudanças da vida cotidiana. O corpo consciente é aquele que atua, pensa, vive, participa, interage. É consciente por contemplar todas as suas dimensões, suas características internas, externas e seu lugar no mundo. Assim sendo, refletir sobre corpos conscientes não se trata de refletir sobre o “que” se trata e sim sobre “quem”. O corpo consciente não é um padrão ou forma de ser, é justamente o inverso; é assumir a existência da diferença entre as pessoas, das particularidades que formam o subjetivo, o sujeito. Palavras do Professor Portanto, querido(a) aluno(a), finalizo este tópico esperando ter colaborado para o despertar e/ou somar sobre o seu autoconhecimento através de seu corpo. Querido(a) aluno(a), chegamos ao encerramento desta segunda unidade. Novamente, lhe dou parabéns por sua dedicação a estes e outros estudos que fazem parte de sua formação profissional de nível superior. 11 Nesta unidade II, estudamos evolução humana do ponto de vista, predominantemente psicomotor, não nos esquecendo, porém, que o ser humano; o corpo humano se constitui em um organismo interativo, que está sob constante influência de aspectos biológicos, fisiológicos, afetivos, sociais e culturais. Na próxima unidade voltaremos a nos encontrar, desta vez, para estudarmos o papel do movimento no trabalho educativo e refletirmos sobre a infraestrutura escolar e o trabalho corporal na escola. Reforço à relevância de você acessar a Biblioteca Virtual (aproveite ao máximo este recurso oferecido pela Instituição) e o E-book da disciplina para embasar seus estudos. Assim como, realizar as atividades propostas no Fórum e também realizar sua autoavaliação através do questionário proposto. Um grande abraço para você e até mais, na unidade III!
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