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ED de Parasito com gabarito

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Caso 1 
M.C.F., 69 anos, natural de Manacapuru, AM e procedente de Manaus, AM. Trabalhou dos 30 aos 33 anos na extração de fibras de piaçaba no Rio Aracá, município de Barcelos, AM. Há três anos iniciou quadro de dispnéia aos esforços, ortopnéia e dispnéia paroxística noturna. Tem eletrocardiograma com padrão de sobrecarga ventricular esquerda. O ecocardiograma demonstrou diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo de 73mm, fração de ejeção ventricular esquerda de 28%, acinesia da parede inferior e imagem sugestiva de aneurisma apical ventricular esquerdo. Submeteu-se a ressonância magnética cardíaca que confirmou a imagem de aneurisma apical tipo dedo de luva 
Diagnóstico: Tripanossomíase americana em fase crônica (Trypanosoma cruzi)
O paciente apresentava um quadro de sobrecarga ventricular e formação de aneurisma em dedo de luva, os quais são compatíveis com um quadro crônico de lesão cardíaca por doença de chagas. Tais lesões ocorrem em função de sucessivas infecções nas células musculares pelos parasitos, culminando com morte celular e reação inflamatória. Com a cronicidade da infecção, há destruição dos feixes nervosos e comprometimento das funções normais do órgão. O diagnóstico em fase crônica pode ser feito por testes imunológicos buscando anticorpos ou através do xenodiagnóstico.
Caso 2 
C.S.N., 35 anos, feminino, casada, aeromoça, é atendida no ambulatório do HUAP, acompanhada do cônjuge, queixando-se de dores de cabeça, mal-estar e dores pelo corpo há aproximadamente 10 dias. Seu marido relata que na noite anterior ela teve um único episódio de febre de 40C e momentos de alucinação, evoluindo para sudorese intensa. A paciente diz não lembrar do fato, mas refere ter sentido muito frio durante a noite. Ao exame físico não foi constatada nenhuma alteração digna de nota. 
Diagnóstico: Malária (Plasmodium sp.)
A paciente apresenta-se em fase inicial de infecção pelo Plasmodium sp., onde ocorrem sintomas inespecíficos (mal-estar, cefaléia) e ainda não há a sincronização dos ciclos esquizogônicos, não havendo o quadro febril clássico (paroxismo malárico).
A profissão da paciente é um dado importante neste caso, pois ela pode ter viajado para uma área endêmica. Neste caso, o diagnóstico pode ser feito por meio de esfregaço sanguineo e/ou gota espessa em busca de formas parasitárias no interior de eritrócitos. 
Caso 3 
E.N.A., 30 anos, masculino, portador do vírus HIV e morador de área rural do Acre, procurou atendimento no posto de saúde por apresentar lesão cutânea ulcerada com dois meses de evolução e o desenvolvimento de sintomas clínicos nos últimos 20 dias. Estes sintomas consistiam de febre alta e intermitente, calafrios, sudorese, palidez mucocutânea generalizada, adinamia, hiporexia, e distensão abdominal progressiva. O paciente encontrava-se consciente e hidratado, com temperatura corpórea de 38C. Ele apresentava palidez mucocutânea profunda e um abdome globoso, com esplenomegalia de 6cm abaixo da margem costal esquerda. Exames laboratoriais demonstraram anemia. Além disso, o paciente apresentava lesão ulcerada, indolor e de pouca secreção, localizada na mão esquerda. O exame ectoscópico revelou uma lesão ulcerosa, com diâmetro de aproximadamente 2 cm, de bordos definidos e fundo granuloso grosseiro. Presença de linfonodos palpáveis em região axilar esquerda. 
Diagnóstico: Leishmaniose (Leishmania sp.)
Este paciente está apresentando um quadro atípico de leishmaniose, pois apresenta lesão cutânea clássica de leishmaniose tegumentar associado a sintomas compatíveis com uma visceralização (leishmaniose visceral). Isto pode ser explicado pelo fato do paciente ser HIV positivo, uma vez que a infecção pelo vírus HIV leva a uma depleção de linfócitos T, prejudicando a atuação do organismo contra o protozoário causador da leishmaniose. Nestes indivíduos, é bastante comum o aparecimento de lesões tegumentares (mesmo em infecções por espécies de Leishmania com tendência a visceralização) ou a visceralização em indivíduos infectados por espécies classicamente tegumentares. O diagnóstico pode ser feito através de biópsia da lesão cutânea, onde o fragmento retirado será submetido a mais de uma técnica diagnóstica, podendo ser: imprint, histopatologia, inoculação em meio de cultura e/ou PCR. Vale ressaltar que os indivíduos HIV positivos respondem fracamente ao teste intradérmico de Montenegro, não devendo ser utilizada esta técnica para diagnóstico.
Caso 4 
A.O.S., feminino, 2 semanas de idade, foi levada ao ambulatório do HU pela mãe, a qual notou que o infante apresentava corrimento vaginal a 3 dias e dificuldade respiratória. A criança apresentava-se previamente hígida desde seu nascimento. O parto ocorreu a termo por via vaginal espontânea, e o recém-nato pesava 3,2 kg. A gestação decorreu sem muitos eventos dignos de nota, exceto o tratamento para uma infecção por Chlamydia durante o quinto mês de gestação. O exame físico revelou um infante alerta, hidratado e pesando 3,4kg. O exame da cabeça e pescoço demonstrou faringe e membrana timpânicas normais. A ausculta torácica revelou presença de secreção pulmonar. A temperatura retal era de 37,5C. 
Diagnóstico: Tricomoníase (Trichomonas vaginalis)
Tanto o corrimento vaginal quanto a sintomatologia respiratória são conseqüências da infecção por Trichomonas vaginalis. Provavelmente a criança se infectou no momento do parto por via vaginal, durante a passagem pelo canal de parto. A mãe provavelmente estava infectada e não foi diagnosticada, levando à infecção da filha. Vale ressaltar que a sintomatologia respiratória ocorre em função da possibilidade de broncoaspiração de secreção (contendo trofozoítos) durante a passagem pelo canal de parto. Estes trofozoítos presentes no trato respiratório causam reação inflamatória e assim geram o quadro respiratório mencionado no caso. Um outro dado importante é o relato da mãe ter sido diagnosticada com Clamydia durante a gestação, pois este microrganismo também é transmitido por via sexual e está frequentemente associado à infecção por Trichomonas vaginalis, podendo inclusive ser carreado pelo protozoário.
Caso 5 
V.N.S., 32 anos, masculino, foi hospitalizado para avaliação diagnóstica de febre com mialgia que ocorre há uma semana. Sua temperatura corporal era de 39 °C e ele queixava-se de mialgia permanente, exacerbada por palpação muscular. Não havia síndrome miopática, e os reflexos tendíneos profundos estavam presentes. Não haviam lesões cutâneas. O exame clínico demonstrou aumento considerável das enzimas musculares. 
Diagnóstico: Toxoplasmose em fase aguda (Toxoplasma gondii)
O paciente apresenta um quadro agudo de infecção por Toxoplasma. A infecção por este protozoário é sistêmica, sendo bastante frequente o aparecimento de febre. A sintomatologia muscular ocorre pela infecção das células musculares e reprodução de taquizoítas, gerando morte celular e reação inflamatória. Neste caso, o diagnóstico deve ser feito por métodos imunológicos buscando anticorpos (IgM e IgG).
Caso 6 
T.H.O., masculino, 37 anos, residente em Teófilo Otoni/MG dá entrada no serviço hospitalar da região queixando-se de alterações intestinais e aumento abdominal. Ao exame físico, nota-se hepatoesplenomegalia dolorosa à palpação e ascite.
Diagnóstico: Esquistossomose mansônica em fase crônica (Schistosoma mansoni)
O paciente apresenta hepatoesplenomegalia e ascite. Este quadro é causado pela deposição de ovos no sistema porta-hepático, com formação de granulomas periportais. A formação de diversos granulomas acarreta uma hipertensão portal, a qual leva a estase sanguínea e consequentemente congestão de órgãos e ascite. Como este caso é o de uma infecção crônica, raramente iremos encontrar ovos nas fezes, pois estes acabam retidos nos granulomas. Neste caso, o diagnóstico poderá ser realizado por testes imunológicos ou por biópsia retal.

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