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TD 0600 Desempenho do Setor de Serviços Brasileiro no Mercado Internacional

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TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 600
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS
BRASILEIRO NO MERCADO
INTERNACIONAL*
Maria Helena Horta**
Carlos Frederico de Souza**
Sérgio da Cruz Waddington***
Rio de Janeiro, novembro de 1998
 
*
 Este trabalho faz parte do Volume III da pesquisa realizada no âmbito do projeto
Diagnóstico do Setor Serviços no Brasil, produzido pela Diretoria de Pesquisa do IPEA e
pela Anpec, mediante convênio com o Ministério da Indústria, Comércio e do Turismo
(MICT), sob a coordenação técnica de Hildete Pereira de Melo. Os autores agradecem a
assistência dos estagiários Elizabeth Machado, Christian Vonbun e Erik Rios na
pesquisa.
**
 Da Diretoria de Pesquisa do IPEA.
***
 Do IBGE.
O IPEA é uma fundação pública
vinculada ao Ministério do
Planejamento e Orçamento, cujas
finalidades são: auxiliar o ministro na
elaboração e no acompanhamento da
política econômica e prover atividades
de pesquisa econômica aplicada nas
áreas fiscal, financeira, externa e de
desenvolvimento setorial.
Presidente
Fernando Rezende
Diretoria
Claudio Monteiro Considera
Luís Fernando Tironi
Gustavo Maia Gomes
Mariano de Matos Macedo
Luiz Antonio de Souza Cordeiro
Murilo Lôbo
TEXTO PARA DISCUSSÃO tem o objetivo de divulgar resultados
de estudos desenvolvidos direta ou indiretamente pelo IPEA,
bem como trabalhos considerados de relevância para disseminação
pelo Instituto, para informar profissionais especializados e
colher sugestões.
ISSN 1415-4765
SERVIÇO EDITORIAL
Rio de Janeiro – RJ
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© IPEA, 1998
É permitida a reprodução deste texto, desde que obrigatoriamente citada a fonte.
Reproduções para fins comerciais são rigorosamente proibidas.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1 - INTRODUÇÃO......................................................................................1
2 – CLASSIFICAÇÕES UTILIZADAS DAS TRANSAÇÕES
 INTERNACIONAIS DO SETOR DE SERVIÇOS E
 METODOLOGIA ..................................................................................2
3 – EVOLUÇÕES INSTITUCIONAIS RECENTES NO COMÉRCIO
 MUNDIAL DOS SERVIÇOS.................................................................6
4 – ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS DAS TRANSAÇÕES
 INTERNACIONAIS E O PERFIL DO SETOR EXPORTADOR
 E IMPORTADOR DE SERVIÇOS COMERCIAIS NO BRASIL ..........11
5 – BRASIL: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E DAS
 IMPORTAÇÕES DE SERVIÇOS DIVERSOS NO PERÍODO
 1993/96 E ANÁLISE DO PERFIL DAS EMPRESAS
 EXPORTADORAS E IMPORTADORAS QUE ATUAM
 NESSE SETOR..................................................................................24
6 – COMÉRCIO BILATERAL DE SERVIÇOS COMERCIAIS ..................38
7 – INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO NO SETOR
 DE SERVIÇOS...................................................................................42
8 – PRINCIPAIS RESULTADOS..............................................................44
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................47
RESUMO
A partir da década de 80, os fluxos internacionais de serviços têm-se tornado
relativamente mais dinâmicos do que os de mercadorias. Este texto, além de
discutir o recente processo de internacionalização do setor de serviços e o
arcabouço institucional que vem sendo desenvolvido no âmbito do Acordo Geral
sobre o Comércio de Serviços (Gats) da Organização Mundial do Comércio
(OMC), procura descrever a evolução do desempenho das exportações e
importações brasileiras de serviços comerciais (que exclui juros, lucros e
dividendos) e da composição dos investimentos internacionais no país nas
principais atividades relacionadas com o setor.
A análise se dá a partir das rubricas de balanço de pagamentos, procurando
estabelecer comparações entre os padrões de comércio de serviços observáveis
para o mundo, para os países do Grupo dos 7 (G-7) para as demais economias da
América Latina e para o Brasil.
Adicionalmente, com base em uma tabulação do Banco Central realizada
especificamente para esta pesquisa, o trabalho pretende identificar algumas
características das empresas brasileiras mais atuantes no mercado mundial de
serviços, particularmente no que se refere aos seus desempenhos nos mercados
doméstico e internacional de mercadorias.
ABSTRACT
Since the 80’s, the international flows of services have increased faster than those
of goods. Besides discussing this process and the legal framework that has been
developed into the GATS (General Agreement on Trade of Services) of the World
Trade Organization, this paper aims describe both the performance of the
Brazilian exports and imports of commercial services (excluding investment
income) and the composition of the foreign investment in Brazil, focusing on the
main activities related to the services sector.
The analysis is based on balance of payments data and establishes comparisons
among patterns in the trade of services in the whole world, the G-7 countries,
Brazil and the rest of Latin America.
Finally, a database specifically prepared by the Brazilian Central Bank for this
research enables us identify some characteristics of the most important Brazilian
firms active in the world market of services.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
1
1 - INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as transações internacionais de serviços apresentaram uma
expansão mais vigorosa do que o comércio de bens. No âmbito dos países
industrializados, em 1980, as exportações de serviços respondiam por 18,9% do
total das exportações totais de bens, passando para 26,5% em 1992 [OECD
(1995)]. Este crescimento deu-se tanto como resultado do progresso técnico que
atingiu as áreas de transportes, telecomunicações e informática, como pela
formação de blocos de comércio mundial (UE, Mercosul, Nafta).
Uma caracterização apresentada pela revista The Economist [United Nations
(1994)] afirma “que um serviço é qualquer coisa transacionada no mercado que
não pode cair em seus pés”. Entretanto, uma definição menos geral e mais
qualitativa atribui aos serviços propriedades genéricas — tais como invisibilidade,
intangibilidade ou perecibilidade — e que, com isso, forçam uma interação direta
entre produtores e consumidores. Apesar da falta de uma definição precisa é
possível construir uma classificação razoavelmente adequada na análise deste
setor.
O crescimento do comércio internacional de serviços foi estimulado pela iniciativa
de liberalização do setor nas negociações da Rodada Uruguai, cuja Ata Final foi
adotada em 1993 e autenticada em 1994, com entrada em vigor em janeiro de
1995. Assim, os serviços ganharam grande importância no processo de ordenação
da economia internacional. Isto porque, nestes últimos anos, a política de
comércio internacional de bens e serviços tem passado por grandes
acontecimentos políticos que alteraram as regras do jogo comercial internacional.
Desde 1986, quando foi iniciada a Rodada Uruguai, esta viu-se envolta em um
difícil processo de negociação e com objetivos de ordenação normativa qualitativa
e quantitativamente distintos das negociações anteriores.
Um aspecto importante a ser ressaltado é que, enquanto o comércio internacional
de bens pode ser considerado, de certa forma, como um substituto do investimento
direto, isso não ocorre com as atividades do setor de serviços. De fato, a não-
separação espacial da produção e do consumo faz com que o processo de
internacionalização dos serviços conduza a uma necessidade de movimentações de
capital e mão-de-obra, sob a forma de investimento direto estrangeiro, que,
inclusive,
tem sido a modalidade preponderante desse processo ao longo da última
década.
A preocupação com outras atividades econômicas, além do comércio de
mercadorias — tradicional objeto de regulamentação do Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (Gatt) —, trouxe os serviços para a ordem do dia das negociações.
Como as transações internacionais de serviços são operações muito mais
complexas do que as com mercadorias e incide sobre as mesmas um grande
número de regulamentações nacionais, destinadas a proteger diversos interesses
em cada país, isto faz com que os obstáculos ao comércio de serviços sejam
muitos, suscitando a necessidade de normas de direito internacional para resolvê-
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
2
las. Além do mais, são escassas as informações e análises sobre esse comércio e as
empresas que dele participam, sobretudo para o caso brasileiro.
O Brasil, segundo relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) [WTO
(1996)], de março de 1996, ocupa o 26º lugar no ranking dos 30 maiores
importadores mundiais de serviços — com uma participação de 0,9% em relação
ao total mundial.1 No entanto, durante os últimos anos, o desempenho das
exportações e importações evoluiu de forma desequilibrada para a economia
brasileira, o que pode ser claramente visto na magnitude do déficit da balança de
serviços.
Este estudo, na Seção 2, descreve as principais classificações utilizadas para
analisar os fluxos internacionais de serviços, bem como a metodologia utilizada e
as fontes de informação. Na Seção 3, apresenta a evolução do quadro institucional,
enfocando os aspectos regulatórios do comércio internacional de serviços, que
vem-se delineando recentemente. Na Seção 4, analisa as características específicas
e a evolução no tempo das exportações e importações brasileiras de serviços
comerciais, cotejando o Brasil com o mundo. Na Seção 5, faz um perfil das
empresas exportadoras e importadoras de serviços no Brasil, através de uma
análise mais detalhada da conta serviços diversos, a mais dinâmica dentre as
rubricas que compõem o setor de serviços comerciais. Nas Seções 6 e 7, analisa o
comércio brasileiro bilateral de serviços e os investimentos estrangeiros diretos no
Brasil. A Seção 8 apresenta os principais resultados do trabalho.
2 - CLASSIFICAÇÕES UTILIZADAS DAS TRANSAÇÕES INTERNACIO-
 NAIS DO SETOR DE SERVIÇOS E METODOLOGIA
A literatura econômica vem de longa data tentando definir a natureza das
atividades de serviço, mormente buscando sublinhar as suas diferenças intrínsecas
com respeito aos bens (intangibilidade, invisibilidade, transitoriedade, não-
durabilidade, simultaneidade entre oferta e consumo etc.), e inferindo de que
maneira essas diferenças afetam a aplicação da abordagem teórica das vantagens
comparativas. De fato, para alguns teóricos não há razão a priori para supor que a
lógica dos ganhos oriundos da maior especialização e comércio não possa ser
aplicada para as transações internacionais com serviços, ainda que, admite-se, os
fatores que determinam vantagens comparativas com respeito aos bens (por
exemplo, recursos naturais) freqüentemente diferem bastante daqueles que as
determinam para as atividades de serviço (conhecimento e aptidão).
De maneira geral, para a quase totalidade de distinções entre serviços e bens
existirão exceções e anomalias, de tal forma que nenhuma das definições até hoje
atingiu grande consenso dentro da literatura econômica. No âmbito das atividades
 
1
 Em relação ao ranking dos países exportadores, o Brasil não aparece entre os 30 primeiros
colocados. Suas vendas externas de serviços em 1994 foram de US$ 4,7 bilhões, contra US$ 9,8
bilhões das compras externas, o que confere um caráter nitidamente importador de serviços ao
país.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
3
de serviços, uma distinção usual é entre os relacionados a fatores (de uma certa
forma, insumos à produção de bens) e os não-relacionados a fatores (isto é,
aqueles que por si devem ser considerados um produto final).
A crescente importância do setor serviços nos fluxos mundiais de comércio, no
entanto, tem levado ao desenvolvimento de classificações alternativas para esse
setor, buscando uma melhor adequação às suas características específicas. Uma
das classificações, proposta por Ronald Shelp [United Nations (1994, p.9)], por
exemplo, sugere que o comércio internacional de serviços seja classificado em três
grupos:
• serviços mais relacionados a investimentos diretos;
• serviços relacionados exclusivamente ao comércio; e
• serviços relacionados tanto ao comércio como ao investimento direto.
 
 
Em um estudo do início dos anos 80, realizado pelo Departamento de Comércio
Norte-Americano [Kume e Carvalho (1994)], que analisou 17 grupos de indústrias
do setor serviços, concluiu-se que:
 
• em sete deles — serviços de contabilidade, publicidade, arrendamento de
equipamentos, bancos, agências de emprego, hotelaria e serviços jurídicos —, o
modo dominante de transação internacional se dá via investimento direto;
• em outros oito — comunicações, serviços de computação, serviços de
engenharia, serviços educacionais, franchising, serviços de saúde, seguros e filmes
—, tanto o investimento direto como o comércio são importantes; e
• em apenas dois grupos — transporte aéreo e marítimo —, predominam os
fluxos de comércio.
 
 
Gary Sampson e Richard Snape [United Nations (1994)], ao focalizar a
necessidade de proximidade física entre produtores e consumidores, propõem uma
classificação dos serviços em quatro grupos, que tem a vantagem de fornecer uma
forma conveniente de analisar as principais restrições que inibem as transações
internacionais de serviços:
 
• serviços em que nem os produtores nem os consumidores precisam se
locomover — como aqueles que podem estar embutidos em bens —, como, por
exemplo, programas de software em disquetes;
• serviços em que os consumidores se locomovem para o mercado produtor,
como, por exemplo, turismo;
• serviços em que os produtores se locomovem para o mercado consumidor.
Nesse grupo estariam os serviços fornecidos através de investimento direto e de
movimentos temporários de mão-de-obra, especializada ou não; e
• serviços em que produtores e consumidores se locomovem, como por
exemplo, turistas que se hospedam em hotéis pertencentes a corporações
transnacionais de terceiros países.
 
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
4
 
A principal fonte de dados sobre comércio internacional de serviços são as
estatísticas de balanço de pagamentos publicadas pelo FMI. Na quarta edição
do Balance of Payments Manual, não existe identificação explícita do que se
constitui o comércio de serviços em nível de conta corrente, sugerindo a divisão
das rubricas apenas em “mercadorias” e “não-mercadorias”, que, por sua vez, são
itemizadas da seguinte forma:
 
 
1 - Embarques
 
 1.1 - Fretes
 
 1.2 - Seguros e outros serviços distributivos
 
2 - Outros transportes
 
 2.1 - Serviços de passageiros
 
 2.2 - Serviços portuários etc.
 
3 - Viagens
 
4 - Rendas de investimentos
 
 4.1 - Rendas de investimentos diretos
 
 4.2 - Rendas de outros investimentos
 
5 - Serviços oficiais
 
6 - Outros bens, serviços e rendas privadas
 
 6.1 - Renda do trabalho
 6.2 - Renda de propriedade
 
 6.3 - Outros serviços2
 
7 - Transferências unilaterais
 
 
Na análise do desempenho dos fluxos internacionais de comércio do setor
serviços, utilizou-se o banco de dados Comptes Harmonisés sur les Echanges et
l’Economie Mondiale (Chelem),3 que reproduz as estatísticas do FMI. Essas
estatísticas, por sua vez, adotam uma classificação ligeiramente distinta daquelas
divulgadas sistematicamente
pelo Banco Central do Brasil (Bacen) — que serão,
de maneira geral, utilizadas neste trabalho nas análises referentes à economia
brasileira. As principais diferenças são:
• Enquanto o FMI desagrega o item seguro em seguros relativos a fretes e
outros seguros, o primeiro incluído no grupo embarques (1.2) e o último incluído
em outros serviços (6.3), o Bacen divulga o item seguros como um todo.
• Também com relação ao item serviços governamentais existem discrepâncias
referentes às duas classificações. Nas estatísticas do Bacen está incluída em outros
serviços parte dos serviços governamentais divulgados pelo FMI na íntegra no
item 5.
 
Os dados referentes às transações internacionais de serviços, divulgadas nas
estatísticas de balanço de pagamentos em conta corrente, podem ser classificados
em dois grandes agregados:
 
 
2
 Publicidade, corretagem, comunicações, leasing, serviços de administração, comercialização,
seguros não-relacionados a mercadorias, processamento e reparos, serviços técnicos e profissionais
e subscrição de periódicos.
 
3
 Versão 1997. É uma base de dados em CD-ROM elaborada pela Centre d’Études Prospectives et
d’Informations Internationales (Cepii), da França.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
5
• serviços de fatores, que se referem à remuneração de fatores de produção:
renda de investimentos (item 4), renda de propriedade (6.2) e remuneração do
trabalho (6.3); e
• serviços de não-fatores, que englobam embarques (item 1), outros transportes
(2), viagens (3), serviços oficiais (5) e outros serviços (6.3).
 
 
Na Rodada Uruguai do Gatt, no entanto, as negociações se deram em torno do que
se denominou serviços comerciais, que englobam não apenas os serviços de não-
fatores (exclusive serviços oficiais), como também “outros bens, serviços e rendas
privadas” — que incluem uma parcela, ainda que pequena, de serviços de fatores,
como rendas do trabalho e de propriedade —, aqui denominados serviços
diversos. Neste trabalho, toda a análise realizada para as transações internacionais
de serviços será efetuada para os serviços comerciais, o que significa, em resumo,
o total do grupo não-mercadorias exclusive juros, lucros e dividendos, serviços
oficiais e transferências.
 
 
Adicionalmente, dentre as rubricas que tradicionalmente compõem o comércio
internacional de serviços, um especial destaque será conferido ao item serviços
diversos (item 6), não só porque nele se classificam as atividades de natureza mais
moderna e dinâmica, mas também porque engloba as atividades mormente objetos
de discussão no âmbito do Gatt e da OMC.
 
 
As análises referentes aos serviços diversos serão realizadas a partir de dados
fornecidos pelo Bacen, especialmente para este projeto, para os anos mais
recentes. Os valores referem-se às operações de fechamento de câmbio e não
correspondem exatamente às estatísticas de balanço de pagamentos,
sistematicamente divulgadas pela instituição.
 
 
Uma segunda fonte de informação que nos permite inferir algumas características
desse setor é um banco de dados para o período 1993/95, também fornecido pelo
Bacen, com uma amostra de 4.340 empresas que atuam no comércio exterior, seja
como exportadoras ou importadoras, organizado por fato gerador e por ordem de
importância da empresa em termos de valor do serviço comercializado. Esse
banco de dados foi cruzado para as 10 maiores empresas de cada fato gerador que,
em pelo menos dois anos, representavam mais de 1% do valor comercializado
com o banco de dados da Gazeta Mercantil, procurando-se identificar os setores
em que essas empresas atuam domesticamente e sua importância dentro do setor.
 
 
Este estudo, no entanto, defrontou-se com uma grave limitação, uma vez que o Bacen,
devido ao sigilo bancário, não forneceu a listagem das empresas exportadoras e
importadoras de serviços com os valores das transações anuais, à semelhança do que
acontece com o comércio de bens, onde é possível obter o nome das empresas
exportadoras e importadoras, desde que preservado sigilo quanto ao preço da
operação: quando se obtêm as quantidades, não são fornecidos os valores e quando se
têm os valores, as quantidades são mantidas em sigilo.
 
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
6
 
Por fim, para análise dos movimentos internacionais de investimento direto em
atividades de serviço serão utilizadas novamente como fonte as estatísticas do
Bacen. Infelizmente, os dados relativos aos investimentos diretos do Brasil no
exterior, no nível desejado de desagregação, não são correntemente
disponibilizados. No entanto, as estatísticas referentes ao estoque de investimento
estrangeiro no Brasil são sistematicamente divulgadas pelo Bacen, discriminadas
por país de origem e ramo de atividade, sendo as últimas informações disponíveis
para o ano de 1994. Para efeito de análise, desconsideraram-se as estimativas de
reinvestimento e o item “investimento em portfolio”, que em 1994 totalizava
US$ 16,6 bilhões, ou mais de 37% do estoque total de investimento direto
estrangeiro no Brasil.
 
 
 3 - EVOLUÇÕES INSTITUCIONAIS RECENTES NO COMÉRCIO
 MUNDIAL DOS SERVIÇOS
 
 
Nos últimos anos, os países industrializados têm sofrido crescente pressão
competitiva no comércio de vários bens manufaturados como conseqüência do
redirecionamento das vantagens comparativas para os novos países
industrializados (NIC). Assim, o mundo desenvolvido tem manifestado crescente
interesse nos potenciais benefícios da desregulação do comércio internacional dos
seus serviços. Ademais, dentre os países em desenvolvimento, em que se inclui a
economia brasileira, existe um renovado interesse em estudar mais amiúde o perfil
do setor serviços. Especificamente, por um lado deseja-se saber quais são os
nichos em que existe uma potencial vantagem comparativa e, por outro lado,
como regulamentar os segmentos que seriam eventualmente ocupados por
empresas estrangeiras que vierem a se instalar nesses países.
 
 
Três fatores podem ser apontados para o surto observado nas últimas décadas no
comércio internacional de serviços e a conseqüente pressão por parte dos países
desenvolvidos para a inclusão do tema nas discussões do Gatt. Em primeiro lugar,
o desenvolvimento tecnológico, principalmente nas áreas de transporte e
comunicações — atividades per se classificadas no setor de serviços —, que
possibilitou a realização de transações sem a proximidade física entre
consumidores e fornecedores internacionais, característica, segundo algumas
taxonomias, importante para o comércio de serviços entre países. Em segundo
lugar, apresentam-se uma tendência de desregulamentação das atividades
econômicas, quebra de monopólio e a própria privatização como fatores de
incremento dos investimentos externos nos países que as realizam. Por fim, os
processos de terceirização adotados por empresas industriais, que estimulam a
busca dos fornecedores de serviços em mercados internacionais.
 
 
Não obstante, embora nas economias industrializadas o setor de serviços constitua
50% a 60% dos respectivos produtos nacionais, sua participação no comércio
mundial situa-se apenas entre 20% e 25%, o que, para muitos autores, se relaciona
com abundância de medidas restritivas e protecionistas adotadas em inúmeros
países. Os fatores indutores dessas restrições, dentre outros, seriam:
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
7
• controle nacional de setores econômicos considerados estratégicos para o
desenvolvimento do país;
• medidas legais com vistas a garantir o direito de defesa e proteção dos
consumidores nacionais;
• proteção e estímulo às indústrias (serviços) nascentes domésticas;
• reserva dos postos de trabalho gerados pelo setor de serviços;
• motivos sociais
e culturais; e
• segurança nacional.
As barreiras ao comércio escapam a definições fixas, mas podem ser, em geral, definidas
como o conjunto de leis governamentais, regulamentos, políticas e práticas que protegem
o produtor doméstico da competição exterior ou, por outro lado, estimulam
artificialmente as exportações dos setores domésticos.
No caso do comércio de bens observa-se que tanto as políticas de importação (tarifas e
taxas de importação, cotas, licenças de importação e outras barreiras alfandegárias)
quanto as políticas de subsídios (financiamento de exportações ou as diversas formas de
incentivos fiscais) constituem as mais usuais e principais formas de barreiras ao
comércio de bens. Já para o comércio de serviços, as barreiras assumem outras formas,
como, por exemplo, limitação na série de produtos financeiros que podem ser oferecidos
por instituições internacionais. Leis restritivas ao investimento direto também podem
tolher a exportação por parte de empresas estrangeiras interessadas em operar serviços
que exijam prévio investimento. A ausência de efetiva proteção à propriedade intelectual,
tais como regimes inadequados referentes a patentes, marcas ou direitos autorais,
constitui também importante forma de impedir o comércio de serviços. As barreiras ao
investimento direto externo assumem, em geral, a forma de limitação à participação
acionária estrangeira ou de restrição à remessa de dividendos.
Até a Rodada Uruguai do Gatt,4 as discussões para maior liberalização do
comércio mundial restringiam-se a aspectos relacionados aos fluxos de
mercadorias, uma vez que se assumia que os serviços, devido às suas
características intrínsecas de non-tradeables, ou não eram significativamente
comercializados ou sua regulamentação não seria facilmente institucionalizável,
requerendo, inclusive, uma paralela eliminação dos obstáculos à movimentação de
capitais e trabalhadores.
A inclusão do comércio de serviços nas discussões do Gatt, e mais
especificamente no sistema de normas e procedimentos jurídicos que disciplinam
os fluxos internacionais de comércio, é resultado direto da iniciativa norte-
americana. Posteriormente, a necessidade de um acordo nessa área passou a ser
também defendida pelos outros países desenvolvidos, e especialmente pela
OECD. Esse acordo, no entender desses países, deveria dispor sobre o tratamento
não-discriminatório, reciprocidade e direito de estabelecimento para serviços e
 
4
 A Rodada Uruguai do Gatt — a oitava negociação multilateral de comércio —, iniciou-se em
1986 e concluiu-se em fins de 1993, sendo substituída pela Organização Mundial do Comércio
(OMC).
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
8
para empresas fornecedoras de serviços. Além disso, deveria incluir medidas
legais que garantissem esses princípios e direitos. Argumentava-se que o
estabelecimento de disciplinamento em serviços, junto com a regulação dos
investimentos (Trim) e dos direitos de propriedade intelectual (Trip), objetivava
impor ao comércio internacional uma filosofia de livre operação de mercados e o
conceito de comércio “justo” (fair trade).
Nesse sentido, a normatização internacional vigente em matéria de serviços até a
entrada em vigor do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (Gats)
apresentava-se dispersa e incompleta, existindo inúmeros acordos bilaterais
(alguns plurilaterais) referindo-se a setores específicos e estabelecendo
mecanismos de cooperação insuficientes para uma liberalização mais global das
transações internacionais dessas atividades.
Ao contrário do que se observa normalmente em relação ao comércio
internacional de mercadorias, os obstáculos incidentes sobre as transações com
serviços possuem em geral um caráter não-tarifário. As barreiras ao comércio de
serviços podem ser agrupadas em quatro categorias:
• aquelas que explicitamente restringem a realização das atividades cujos
fornecedores sejam estrangeiros;
• aquelas que restringem (ou limitam) a movimentação internacional dos fatores;
• monopólios estatais, que restringem tanto a oferta de fornecedores estrangeiros
como a de empresas domésticas privadas; e
• regulações técnicas domésticas, que exigem adaptação, credenciamento e/ou
harmonização por parte do potencial fornecedor estrangeiro.
 
A proposta de inclusão dos serviços nas negociações multilaterais, de início,
sofreu forte oposição dos países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil e pela
Índia, que temiam uma possível perda de soberania e de liberdade de ação para
regular a produção e a comercialização dessas atividades em conformidade com os
seus objetivos políticos.
 
 
Ademais, os representantes desses países argumentavam que discussões acerca de
serviços comprometeriam os esforços de liberalização do comércio de
mercadorias, seja porque desviariam as atenções sobre os debates em curso, seja
porque suscitariam a possibilidade de ameaças de represália nas transações com
bens por parte dos países industrializados, quando negociando concessões no
comércio de serviços junto aos países em desenvolvimento. Por fim, assinalaram
que as vantagens comparativas que as economias industrializadas detêm com
respeito aos serviços foram propiciadas em função do seu mais elevado nível de
desenvolvimento econômico e tecnológico, e que a liberalização nos termos
propostos pelos Estados Unidos (nas atividades em geral mais intensivas em
tecnologia) acarretaria um encolhimento dos seus respectivos setores terciários
domésticos, antes de eles terem a chance de adquirir um grau de competitividade
suficiente. Trata-se, de certa forma, em essência, de uma variante do argumento da
“indústria nascente”, tradicionalmente evocado para maior proteção nas
negociações do Gatt acerca do comércio de bens.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
9
 
Os Estados Unidos, por seu turno, argumentaram que em diversas economias em
desenvolvimento podia-se identificar nichos de atividades nos quais detinham-se
significativas vantagens comparativas, evidenciando que nos anos 80 um grande
número de países não-membros da OECD lograram incrementar substantivamente
sua fatia no comércio mundial de serviços. Adicionalmente, na vigência de um
mercado mundial de serviços mais liberalizado, os países em desenvolvimento
ainda poderiam se beneficiar das suas vantagens comparativas nos serviços mais
intensivos em mão-de-obra, do acesso a atividades de alta qualidade a um preço
supostamente mais reduzido e da potencial transferência de tecnologia,
principalmente nos setores de comunicação e informática, com evidentes
externalidades positivas para o resto da economia.
 
 
Sem embargo, na Declaração Ministerial de Punta del Este de 20 de setembro de
1986, instituindo a Rodada Uruguai do Gatt, assinalou-se que as negociações em
matéria de serviços visavam estabelecer um “marco multilateral de princípios e
normas (...), em condições de transparência e liberalização progressiva e como
meio de promover o crescimento econômico de todos os interlocutores comerciais
e o desenvolvimento dos países em desenvolvimento”[Escudero (1996, p.75)].
Dessa maneira, a liberalização do comércio de serviços deveria ser progressiva,
não constituindo, portanto, um fim em si mesma, mas sim um meio de promover o
crescimento mundial, de tal forma que a eliminação das restrições comerciais não
passaria necessariamente pela adoção de políticas liberais e de regulamentação.
 
 
Devido às significativas diferenças observáveis entre as transações de bens e de
serviços, e principalmente com respeito as modalidades e instrumentos através dos
quais essas atividades são restringidas, concluiu-se que a extensão pura e simples
das normas do Gatt ao comércio internacional de serviços seria uma solução
inadequada para iniciar o seu processo de liberalização.
Assim, o texto do Gats, na “Ata Final em que se incorporam os resultados da
Rodada Uruguai de negociações multilaterais”, de 15 de dezembro de 1993,
aparece como um Anexo do acordo que cria a Organização Mundial do Comércio,
caracterizando, assim, a sua separação formal e legal do Gatt.
 
 
Não obstante, o modelo de liberalização multilateral do Gats incorporou, dentre os
seus dispositivos, os dois princípios fundamentais do Gatt:
 
• tratamento nacional, segundo o qual os fornecedores estrangeiros não devem
receber um tratamento menos favorável que o concedido aos fornecedores
nacionais, em circunstâncias similares; e
• cláusula de Nação Mais Favorecida (NMF), que obriga estender a todos os
países as vantagens de comércio que um país eventualmente conceda ao outro.
Os Estados Unidos, em função de pressões de determinados setores do país — que
estavam receosos da concorrência externa no mercado interno americano —,
pressionaram por um enfoque NMF de caráter discriminatório, ou condicional,
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
10
isto é, para se beneficiar de uma concessão, o país candidato deveria garantir
alguma reciprocidade, ou seja, deveria expor seu mercado na mesma magnitude.
Embora a cláusula NMF, juntamente com o princípio da transparência (das
medidas e normas a serem adotadas), constitua as obrigações acordadas no Gats
— aplicável portanto a todos os setores e igualmente a todos os países —, o
Acordo compõe-se de vários anexos nos quais se identificam normas específicas
para determinados setores, particularmente comunicações, serviços financeiros,
transportes aéreo e marítimo.
O princípio de Tratamento Nacional, por seu turno, apresenta-se como uma das
obrigações específicas, ou seja, aquelas que têm de ser adotadas somente pelos
países que com elas tenham se comprometido para determinados serviços e em
rodadas específicas de negociação. Por fim, o texto do Gats contém um outro
anexo com as listas nacionais de compromissos específicos de liberalização.
Em resumo, o Gats constitui-se de uma peça-chave do conjunto de acordos
negociados na Rodada Uruguai, que vêm acarretando uma remodelação completa
das normas reguladoras acerca das relações comerciais internacionais. Sua gestão
será realizada pela OMC através dos instrumentos de garantia previstos na sua
instituição, particularmente o sistema integrado de solução de controvérsias e o
sistema de exame das políticas comerciais. A aplicação do Gats conduzirá
previsivelmente a uma expansão do comércio mundial de serviços, e a instauração
de um marco reforçado de disciplinas proporcionará uma melhora substantiva do
aparato jurídico das atividades de serviços comercializadas internacionalmente.
Não obstante, dada a natureza, até certo ponto divergente, dos interesses com relação aos
próximos passos a serem tomados no processo de crescente liberalização do comércio
mundial de bens e serviços entre países em desenvolvimento e desenvolvidos, as
expectativas, principalmente no que diz respeito ao comércio de serviços, são de que esse
processo avance lentamente.
Por um lado, os países em desenvolvimento estão mais interessados na eliminação de
barreiras não-tarifárias impostas pelos países desenvolvidos sobre algumas de suas
commodities de exportação, além de demonstrarem temor com relação ao impacto sobre
a produção doméstica da abertura em alguns setores de serviços, nos quais os países
desenvolvidos possuem claras vantagens relativas. Por outro, esses países, que vêm
perdendo terreno para as economias em desenvolvimento no comércio de bens, não têm
interesse em eliminar as barreiras não-tarifárias incidentes sobre este. Dadas as claras
vantagens comparativas no setor de serviço e a crescente importância que essas
atividades vêm assumindo no comércio mundial, essas economias têm pressionado os
países em desenvolvimento por uma rápida desregulamentação desse setor.
Assim, tendo em conta a natureza extremamente diversificada das barreiras existentes no
comércio mundial de serviços e a interconexão existente entre a maioria dessas barreiras
e as complexas regulamentações das políticas domésticas, a liberalização do comércio
para o setor de serviços não parece factível de ser implementada mediante regras
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
11
multilaterais e eliminação de barreiras tarifárias que caracterizaram a liberalização do
comércio de mercadorias. Possivelmente, a liberalização do setor de serviços, a despeito
da crescente regulação e importância referencial do Gats, deverá ocorrer através da
elaboração de acordos bilaterais ou regionais, ou através de acordos no âmbito da OMC,
mas em bases nem universais nem multilaterais.
4 - ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS DAS TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS E
 O PERFIL DO SETOR EXPORTADOR E IMPORTADOR DE SERVIÇOS
 COMERCIAIS NO BRASIL
Conforme mencionado anteriormente, todas as análises desenvolvidas para as
transações internacionais de serviços serão efetuadas para os serviços comerciais,
o que significa o total do grupo serviços do balanço de pagamentos, exclusive
juros, lucros e dividendos e serviços oficiais.
Ênfase especial será conferida ao item serviços diversos não só porque nele se
classificam as atividades de natureza mais moderna e dinâmica (ver nota 2), mas
também porque engloba as atividades mormente objetos de discussão no âmbito
do Gatt e da OMC.
Como podemos observar na Tabela 1 adiante, que apresenta a evolução das
exportações de bens e serviços no mundo desde 1970, o crescimento mais
vigoroso das exportações de serviços comerciais, relativamente às exportações de
mercadorias, só é observado a partir da década de 80: enquanto entre 1980 e 1985
as exportações mundiais de mercadorias registraram, em média, uma queda de
0,6% a.a., as exportações de serviços comerciais cresceram, em média, 1% a.a.
Entre 1985 e 1990 essas taxas foram de 12,4% e 16,4%, e entre 1990 e 1994 de
5,2% e 6,9%, respectivamente. Em 1995, a excepcional taxa de expansão do
comércio mundial de mercadorias — da ordem de 19,6% — logrou superar os não
menos expressivos 11,6% observados de crescimento do comércio mundial de
serviços comerciais. Como reflexo desse crescimento diferenciado, a relação entre
exportações de serviços comerciais e de mercadorias se elevou de 18,8% em 1980
para 25,8% em 1994, caindo ligeiramente para 24,1% em 1995 (Gráfico 1).
Analisando-se apenas a evolução do comércio mundial de serviços comerciais, no
entanto, observa-se que desde a década de 70 as exportações do item serviços
diversos se mostram mais vigorosas do que as exportações de serviços comerciais,
observando-se uma mudança significativa na sua composição no período: serviços
diversos, que representavam 31,1% das exportações mundiais de serviços
comerciais em 1970, têm a sua participação elevada para 36,8% em 1980 e 43,4%
em 1995, refletindo o dinamismo dessas atividades nos respectivos mercados
domésticos. De fato, com exceção de 1995, a taxa de crescimento das exportações
mundiais nessa rubrica, desde 1970, vem-se apresentando superior tanto em
relação ao total dos serviços comerciais quanto com respeito ao fluxo mundial
de mercadorias.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
12
Tabela 1
Taxa de Crescimento das Exportações Mundiais de Mercadorias e
Serviços — 1970/95
(Em % a.a.)
1970/75 1975/80 1980/85 1985/90 1990/94 1994/95
Mercadorias 22,7 18,0 -0,6 12,4 5,2 19,6
Serviços Comerciais 21,1 17,0 1,0 16,4 6,9 11,6
Transportes 19,9 16,1 -1,1 11,5 4,4 13,4
 Embarques 17,0 14,9 -1,3 11,5 4,2 19,2
 Outros Transportes 22,8 17,1 -0,9 11,5 4,6 9,0
Viagens 18,7 17,5 2,0 19,5 6,7 13,1
Serviços Diversos 24,7 17,5 2,2 17,8 8,6 9,6
 Renda do Trabalho 15,2 18,7 -0,8 18,7 4,0 11,5
 Renda de Propriedade 14,6 12,3 0,3 21,8 9,1 8,7
 Outros Serviços 27,5 18,0 2,7 17,4 8,9 9,5
Composição
dos Fluxos Mundiais de Serviços Comerciais
Ano 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Serviços Comerciais 100 100 100 100 100 100 100
Transportes 40,5 38,4 37,0 33,3 26,9 24,4 24,8
 Embarques 21,3 17,8 16,3 14,6 11,7 10,6 11,3
 Outros Transportes 19,2 20,5 20,6 18,7 15,1 13,9 13,5
Viagens 28,4 25,7 26,3 27,7 31,6 31,3 31,7
Serviços Diversos 31,1 36,0 36,8 39,0 41,5 44,2 43,4
 Renda do Trabalho 3,2 2,5 2,7 2,4 2,7 2,4 2,4
 Renda de Propriedade 5,0 3,8 3,1 3,0 3,8 4,1 4,0
 Outros Serviços 22,9 29,7 31,0 33,6 35,1 37,7 37,0
Relação entre Serviços Comerciais e Comércio de Mercadorias
Ano 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
20,9 19,7 18,8 20,4 24,2 25,8 24,1
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Para que se possa melhor identificar o padrão brasileiro no que tange ao comércio
internacional de serviços, a análise a seguir procurará preliminarmente examinar a
evolução dessas transações com respeito aos principais países industrializados e às
demais economias da América Latina, possibilitando criar um quadro comparativo
acerca desses padrões e inferir de que maneira o Brasil se insere nos fluxos
internacionais dessas atividades.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
13
Gráfico 1
Relação das Exportações de Serviços e de Bens
Assim, para os países do G-7,5 similarmente ao que se observa para o total do
comércio mundial, somente a partir de 1980 a taxa de crescimento das
exportações dos serviços comerciais se apresenta superior à registrada para
mercadorias, sendo a relação entre as exportações de serviços comerciais e de
mercadorias, em geral, mais elevada do que a observada para o mundo (Tabela 2).
No caso de serviços diversos, verifica-se, desde 1970, uma expansão ainda mais
vigorosa do que a registrada para o total dos serviços comerciais, elevando-se a
sua participação nas exportações de serviços comerciais de 34% em 1970 para
47,2% em 1995 (Tabela 5a). Deve-se observar ainda que para os países do G-7 a
relação entre importações de serviços comerciais e de mercadorias apresenta o
mesmo movimento que o observado para o mundo, tendo essa relação se elevado
de 21,3% em 1980 para 25,2% em 1994, reduzindo-se ligeiramente para 24,1%
em 1995.
 
5
 Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
5,0
15,0
25,0
35,0
1970 1975 1980 1985 1990 1995
Ano
%
América Latina (excl. Brasil) Brasil Grupo dos 7 Mundo
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
14
Tabela 2
Grupo dos 7: Taxa de Crescimento das Exportações e Importações de Mercadorias
e Serviços — 1970/95
(Em % a. a.)
1970/75 1975/80 1980/85 1985/90 1990/94 1994/95
Crédito
Exportações de Mercadorias 20,3 16,9 0,7 13,8 4,5 16,9
Serviços Comerciais 18,8 16,6 1,4 16,3 5,1 11,7
Transportes 17,2 15,3 -1,8 11,8 3,4 12,0
 Embarques 15,3 14,7 -3,8 7,3 4,8 12,8
 Outros Transportes 19,2 15,9 -0,2 14,7 2,7 11,6
Viagens 15,4 18,5 3,4 19,3 6,0 9,1
Serviços Diversos 22,8 16,7 3,0 17,5 5,4 13,3
 Renda do Trabalho 7,6 20,9 -1,4 25,6 -3,4 9,7
 Renda de Propriedade 14,3 12,3 0,5 19,4 8,1 20,2
 Outros Serviços 26,8 17,3 3,6 16,7 5,5 12,2
Débito
Importações de Mercadorias 21,2 19,1 0,8 13,0 3,4 16,7
Serviços Comerciais 18,4 15,4 1,6 17,0 4,7 12,8
Transportes 17,6 14,7 -1,3 11,7 4,2 13,4
 Embarques 15,8 13,9 -1,1 7,5 5,3 15,5
 Outros Transportes 19,3 15,3 -1,5 14,7 3,5 12,1
Viagens 17,0 15,6 3,6 19,8 4,6 11,1
Serviços Diversos 20,7 16,0 3,3 19,4 5,1 13,7
 Renda do Trabalho 14,4 20,4 1,7 20,3 2,9 5,7
 Renda de Propriedade 15,9 12,5 4,0 19,3 5,3 14,3
 Outros Serviços 22,2 16,2 3,3 19,4 5,3 14,3
Relação entre Serviços Comerciais e Comércio de Mercadorias
Ano 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito 23,0 21,6 21,3 22,1 24,7 25,2 24,1
Débito 27,6 24,5 20,9 21,7 25,8 27,1 26,2
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Analisando-se a Tabela 3, que apresenta as mesmas informações para a América
Latina (exclusive Brasil), verifica-se, entre 1980 e 1994, comportamento
semelhante, porém muito menos intenso, ao observado para as exportações
mundiais e dos países do G-7. Como resultado desse fenômeno, a relação entre
exportações de serviços comerciais e de mercadorias se eleva de 20,9% em 1980
para 24,3% em 1994, caindo, no entanto, para 20,2% em 1995. Quando
consideramos a evolução da participação de serviços diversos nas exportações de
serviços comerciais, observam-se flutuações bastante acentuadas: ao longo dos
anos 80 esta participação eleva-se de 22,8% em 1970 para 26,7% em 1980, caindo
para 22,1% em 1990 e elevando-se novamente para 24% em 1994 e 1995 (Tabela
5b). Nesse caso, no entanto, observa-se para os vizinhos do Brasil na América
Latina uma participação do item serviços diversos no total das exportações de
serviços comerciais bem inferior à registrada nos países do G-7.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
15
Tabela 3
América Latina (exclusive Brasil): Taxa de Crescimento das Exportações e
Importações de Mercadorias e Serviços — 1970/95
(Em % a. a.)
1970/75 1975/80 1980/85 1985/90 1990/94 1994/95
Crédito
Exportações de Mercadorias 20,0 20,1 -1,7 7,1 7,8 25,0
Serviços Comerciais 19,0 17,1 0,3 7,8 8,2 5,1
Transportes 22,6 21,2 -1,8 5,0 7,5 7,7
 Embarques 19,4 16,7 4,4 4,2 4,3 -4,0
 Outros Transportes 23,7 22,4 -3,5 5,2 8,4 11,0
Viagens 17,3 13,1 1,8 11,1 8,0 2,4
Serviços Diversos 19,5 20,4 0,0 4,2 9,6 8,6
 Renda do Trabalho 8,3 18,2 -0,4 8,7 0,1 -3,8
 Renda de Propriedade 17,6 6,5 6,6 16,0 15,6 -1,4
 Outros Serviços 22,2 20,9 0,0 3,2 11,0 10,4
Débito
Importações de Mercadorias 21,3 18,8 -6,6 8,5 17,6 4,5
Serviços Comerciais 16,8 20,3 -4,8 7,6 9,8 3,5
Transportes 20,0 16,4 -6,1 4,8 12,7 -0,9
 Embarques 20,8 11,9 -7,2 5,0 15,6 2,5
 Outros Transportes 18,2 24,6 -4,7 4,6 8,9 -6,2
Viagens 13,5 25,9 -8,4 13,2 6,7 5,0
Serviços Diversos 14,8 20,5 2,4 4,9 10,1 8,0
 Renda do Trabalho 15,7 40,8 3,4 -6,6 11,7 15,6
 Renda de Propriedade 22,3 9,6 13,1 6,2 -1,4 19,8
 Outros Serviços 13,9 20,8 1,2 5,5 11,5 6,5
Relação entre Serviços Comerciais e Comércio de Mercadorias
Ano 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito 24,7 23,7 20,9 23,1 23,9 24,3 20,4
Débito 32,4 26,9 28,5 31,3 30,0 22,9 22,6
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
A Tabela 4, que apresenta esses dados para o Brasil, registra um comportamento
diferente daquele verificado para os países do G-7 e para as demais economias da
América Latina: as exportações de serviços comerciais cresceram, em média, a
taxas superiores às observadas para as exportações de mercadorias nos períodos
1970/75 e 1985/95, tendo as exportações de serviços comerciais crescido a taxas
significativamente inferiores às registradas para as exportações de mercadorias
entre 1975 e 1985. Como resultado desse padrão de comportamento, a razão entre
o total das exportações de serviços comerciais e de mercadorias cai de 11,8% em
1975 para 7,8% em 1985, elevando-se para 13% em 1995, valores, no entanto,
significativamente inferiores aos observados para os países do G-7 e para a
América Latina. Com relação ao item serviços diversos, verifica-se uma evolução
muito irregular e com grandes oscilações, ainda que se possa identificar um
movimento de alta a partir de 1985.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
16
Tabela 4
Brasil: Taxa de Crescimento das Exportações e Importações de Mercadorias e
Serviços — 1970/95
(Em % a. a.)
1970/75 1975/80 1980/85 1985/90 1990/94 1994/95
Crédito
Exportações de Mercadorias 25,4 18,8 5,0 4,1 8,9 5,5
Serviços Comerciais 27,8 11,2 3,3 13,2 7,0 24,4
Transportes 23,7 11,8 12,4 -2,3 13,0 18,2
 Embarques 25,4 17,3 6,3 -1,9 10,1 1,4
 Outros Transportes 21,3 0,1 27,1 -3,0 17,1
37,8
Viagens 18,8 12,2 -12,1 83,8 -9,1 3,0
Serviços Diversos 35,8 10,4 -10,5 18,8 15,2 44,0
 Renda do Trabalho 17,3 5,4 -23,1 7,4 55,9 3,4
 Renda de Propriedade - -38,3 -10,2 11,4 12,2 68,4
 Outros Serviços 27,2 18,9 -10,2 19,0 14,5 45,2
Débito
Importações de Mercadorias 36,9 13,8 -10,5 9,4 12,6 49,4
Serviços Comerciais 28,4 13,2 -5,2 14,5 10,4 33,4
Transportes 32,7 14,0 -7,5 9,8 9,5 34,9
 Embarques 27,1 5,1 -9,0 16,8 16,4 48,1
 Outros Transportes 36,0 17,4 -7,1 7,8 6,6 27,9
Viagens 21,3 -2,7 3,7 27,8 9,4 57,3
Serviços Diversos 25,0 19,8 -3,6 15,2 12,3 17,3
 Renda do Trabalho 24,6 14,9 -16,1 0,0 148,3 14,7
 Renda de Propriedade - -29,8 -4,6 12,5 45,0 121,3
 Outros Serviços 12,2 32,9 -3,5 15,3 9,5 9,6
Relação entre Serviços Comerciais e Comércio de Mercadorias
Ano 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito 10,7 11,8 8,4 7,8 11,8 11,1 13,0
Débito 27,3 19,9 19,4 26,0 32,6 30,2 26,9
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
É interessante observar que, quando se analisa a relação entre importações de
serviços comerciais e de mercadorias, verifica-se um comportamento semelhante
ao observado para os países do G-7 e do resto da América Latina (Gráfico 2). Para
o Brasil, esta relação cai entre 1970 e 1980 — mais aceleradamente na primeira
metade da década —, e cresce de modo acentuado entre 1980 e 1993 (atingindo
36,8%), registrando, no entanto, uma forte queda nos anos seguintes. Ao contrário
do registrado para as exportações, esse coeficiente é maior para o Brasil do que
para os países do G-7, ainda que inferior ao do resto da América Latina até fins da
década passada.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
17
Gráfico 2
Relação das Importações de Serviços / de Bens
A explicação para esse fenômeno pode ser encontrada quando se considera a
evolução da participação das exportações e das importações brasileiras de
mercadorias e serviços comerciais nos respectivos comércios mundiais (Gráfico
3). Ao contrário das exportações, que entre 1980 e 1985 aumentaram sua
participação nas exportações mundiais — ainda que de forma muito mais
acentuada para as mercadorias —, as importações brasileiras tanto de mercadorias
como de serviços comerciais perdem consistentemente participação no total
mundial entre 1975 e 1992, sendo esse movimento mais significativo nas
importações de mercadorias, cuja participação do Brasil cai de aproximadamente
1,4% em 1975 para menos de 0,6% em 1992. A partir desse ano, observa-se uma
reversão dessa tendência, também mais intensamente no caso das importações de
mercadorias, cuja participação no comércio mundial de bens se eleva para mais de
1% em 1995. Assim, a relativamente elevada razão entre importações de serviços
comerciais e de mercadorias, no caso brasileiro, quando comparada com o padrão
mundial, não deriva de uma tendência de crescimento acelerado das importações
de serviços comerciais acima do padrão mundial, e sim do fato de a sua perda de
participação no comércio internacional até 1992 ter sido inferior à verificada para
as importações de mercadorias. A significativa redução desse coeficiente a partir
de 1993 é explicada pelo fato de, nos anos seguintes, as importações de bens
terem-se recuperado mais intensamente do que a de serviços comerciais.
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1970 1975 1980 1985 1990 1995
Ano
%
Mundo Grupo dos 7 América Latina (excl. Brasil) Brasil
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
18
Gráfico 3
Participação do Brasil no Comércio Mundial de Mercadorias e Serviços
Nesse sentido, esses resultados podem ser atribuídos, em grande parte, ao enorme
esforço de ajustamento efetuado pelo Brasil na década de 80, como conseqüência
das recorrentes crises de balanço de pagamentos, e aos efeitos do acelerado
processo de abertura comercial implementado nos anos 90, não caracterizando
qualquer especificidade da economia brasileira, nem podendo, portanto, servir
como parâmetro para o comportamento desses agregados no futuro.
Tendo em vista identificar os padrões dos fluxos de serviços comerciais
transacionados internacionalmente pelos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, as Tabelas 5a, 5b e 5c apresentam a composição das
exportações e importações de serviços comerciais para os países do G-7 para a
América Latina (exclusive Brasil) e para o Brasil.
Considerando-se os países do G-7, verifica-se uma redução significativa da
participação das exportações dos serviços comerciais tradicionais — associados
exclusivamente ao fluxo de comércio propriamente dito, como embarques e, em
menor grau, outros transportes6 — que, em conjunto, têm a sua participação nas
exportações de serviços comerciais reduzida de 41,9% em 1970 para 24,3% em
1995.
 
6
 Inclui transportes de passageiros.
0,2
0,6
1,0
1,4
1,8
1970 1975 1980 1985 1990 1995
Ano
%
Exportações de Bens Exportações de Serviços Importações de Bens Importações de Serviços
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
19
Tabela 5a
Grupo dos 7: Composição do Comércio Externo de Serviços — 1970/95
(Em %)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 41,9 39,0 37,0 31,5 25,8 24,2 24,3
 Embarques 22,1 19,0 17,5 13,5 9,0 8,9 9,0
 Outros Transportes 19,7 20,0 19,5 18,0 16,8 15,4 15,3
 Viagens 24,1 20,8 22,6 24,8 28,2 29,2 28,5
 Serviços Diversos 34,0 40,2 40,4 43,7 46,0 46,6 47,2
 Renda do Trabalho 3,1 1,9 2,2 2,0 2,9 2,0 2,0
 Renda de Propriedade 8,0 6,6 5,5 5,2 6,0 6,7 7,2
 Outros Serviços 23,0 31,7 32,7 36,5 37,2 37,8 38,0
Débito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 43,8 42,4 41,2 35,6 28,2 27,7 27,8
 Embarques 21,8 19,5 18,3 16,0 10,5 10,8 11,0
 Outros Transportes 22,0 22,9 22,9 19,6 17,7 16,9 16,8
 Viagens 27,4 25,8 26,1 28,8 32,4 32,3 31,8
 Serviços Diversos 28,8 31,8 32,7 35,5 39,4 40,0 40,3
 Renda do Trabalho 2,3 2,0 2,5 2,5 2,8 2,7 2,5
 Renda de Propriedade 4,3 3,9 3,4 3,9 4,3 4,3 4,4
 Outros Serviços 22,1 25,9 26,8 29,2 32,3 33,0 33,4
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Tabela 5b
América Latina (exclusive Brasil): Composição do Comércio Externo de Serviços
— 1970/95
(Em %)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 21,9 25,4 30,1 27,1 23,7 23,6 23,6
 Embarques 5,7 5,7 5,6 6,9 5,8 4,6 4,6
 Outros Transportes 16,2 19,6 24,5 20,2 17,9 19,0 19,0
 Viagens 55,3 51,4 43,2 46,6 54,2 52,4 52,4
 Serviços Diversos 22,8 23,2 26,7 26,3 22,1 24,0 24,0
 Renda do Trabalho 5,3 3,3 3,5 3,4 3,5 2,3 2,3
 Renda de Propriedade 0,4 0,3 0,2 0,3 0,4 0,5 0,5
 Outros Serviços 17,1 19,6 23,0 22,7 18,2 21,2 21,2
Débito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 44,4 50,7 43,1 40,2 35,2 37,4 37,4
 Embarques 29,8 35,2 24,6 21,6 19,1 23,3 23,3
 Outros Transportes 14,6 15,5 18,5 18,6 16,1 14,1 14,1
 Viagens 33,4 29,0 36,3 30,1 38,7 35,0 35,0
 Serviços Diversos 22,2 20,4 20,6 29,7 26,1 27,6 27,6
 Renda do Trabalho 0,6 0,6 1,4 2,0 1,0 1,2 1,2
 Renda de Propriedade 1,9 2,4 1,5 3,6 3,3 2,5 2,5
 Outros Serviços 19,7 17,4 17,7 24,1 21,8 23,9 23,9
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
20
Tabela 5c
Brasil: Composição do Comércio Externo de Serviços — 1970/95
(Em %)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Crédito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 57,0 48,4 49,7 75,9 36,3 45,1 42,9
 Embarques 32,4 29,5 38,5 44,3 21,7 24,3 19,8
Outros Transportes 24,6 18,9 11,2 31,6 14,6 20,8 23,1
 Viagens 10,2 7,1 7,4 3,3 37,2 19,4 16,0
 Serviços Diversos 32,8 44,5 42,9 20,9 26,5 35,5 41,1
 Renda do Trabalho 3,1 2,0 1,5 0,4 0,3 1,2 1,0
 Renda de Propriedade 0,0 13,4 0,7 0,4 0,3 0,4 0,5
 Outros Serviços 29,7 29,1 40,6 20,2 25,9 33,9 39,6
Débito
Serviços Comerciais 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
 Transportes 50,9 59,9 61,9 54,8 44,4 42,9 43,4
 Embarques 20,4 19,4 13,4 10,9 12,0 14,8 16,4
 Outros Transportes 30,5 40,6 48,5 43,9 32,4 28,1 26,9
 Viagens 23,4 17,6 8,2 12,9 22,3 21,5 25,3
 Serviços Diversos 25,7 22,5 29,8 32,3 33,3 35,6 31,3
 Renda do Trabalho 0,3 0,3 0,3 0,1 0,1 1,9 1,6
 Renda de Propriedade 0,0 9,3 0,9 0,9 0,8 2,4 4,0
 Outros Serviços 25,4 12,9 28,7 31,3 32,4 31,3 25,7
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Quanto ao item viagens, observa-se um ligeiro movimento de elevação de sua
participação no período analisado. Chama a atenção, no entanto, a extraordinária
elevação da participação de serviços diversos, que passa de 34% em 1970 para
47,2% em 1995. Movimentos semelhantes, porém de maneira geral em menor
magnitude, podem ser observados na evolução da composição setorial das
importações de serviços comerciais para os países do G-7.
Quando se analisa a composição setorial das exportações de serviços comerciais
para a América Latina (exclusive Brasil), verifica-se que, para os serviços
tradicionais relacionados basicamente ao fluxo de comércio (transportes), a sua
participação conjunta no total das exportações de serviços comerciais se eleva de
21,9% em 1970 para 30,1% em 1980, caindo para 23,6% em 1995. Quanto ao
item viagens, verifica-se um movimento de queda na sua participação entre 1970 e
1980 e uma recuperação a partir de então, sendo, no entanto, o item mais
importante da pauta de exportações de serviços comerciais da região, com
participação superior a 40% em todos os anos considerados. O item serviços
diversos apresenta também participação crescente até 1980, mas que se reduz ao
longo da década passada, recuperando-se apenas ligeiramente nos anos mais
recentes.
Do lado das importações, observa-se a partir de 1975 uma ligeira redução na
importância relativa do grupo transportes (embarques mais outros transportes),
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
21
porém com uma participação superior à observada para os países do G-7. O item
viagens apresenta ligeiro movimento de alta, constituindo-se individualmente,
também, o item de maior participação relativa das importações de serviços
comerciais. Por sua vez, as importações de serviços diversos, que mostram um
comportamento extremamente dinâmico nos países industrializados, se
apresentam praticamente estagnadas até 1980, a partir de quando registram uma
mudança de patamar, atingindo 27,6% em 1995.
Quanto ao Brasil, a evolução da composição das exportações dos serviços
comerciais apresenta um comportamento bastante irregular, com oscilações
significativas ao longo do período analisado. O item embarques apresenta uma
participação crescente entre 1975 e 1985 — muito superior à observada para os
países do G-7 e para a América Latina —, caindo significativamente desde então e
atingindo apenas 19,8% em 1995. Por outro lado, o item outros transportes
registra uma queda expressiva entre 1970 e 1980 (24,6% e 11,2%,
respectivamente), tem um salto brusco em 1985, que não se mantém, e volta a
apresentar, a partir de 1992, valores muito próximos ao registrado em 1970.
Considerando-se o item transportes como um todo, pode-se identificar — com
exceção do valor atípico de 1985 — um movimento de queda, porém sempre com
valores significativamente superiores aos observados para o resto da América
Latina e para os países do G-7. O item viagens apresenta um comportamento
bastante anômalo (entre 1988 e 1989, o valor registrado nessa rubrica salta de
US$ 117 milhões para US$ 1,2 bilhão), sugerindo problemas metodológicos nas
estatísticas divulgadas pelo Bacen, principalmente no período anterior a 1990. A
título de observação, no entanto, supondo que os dados divulgados a partir de
1990 estejam mais próximos da realidade, a participação desse item no total das
exportações de serviços comerciais é bem inferior à registrada para os demais
países da América Latina.
Também a participação das exportações da rubrica serviços diversos tem um
comportamento bastante irregular: eleva-se de 32,8% em 1970 para 42,8% em
1980 (esses valores estão possivelmente superestimados em razão da
subestimativa dos gastos em viagens), cai para 20,9% em 1985, voltando a
apresentar movimento de alta, alcançando 41,1% em 1995. Deve-se observar que,
ao longo dos últimos anos, a participação das exportações brasileiras da rubrica
serviços diversos ainda é, de maneira geral, substantivamente superior à observada
para a América Latina e bastante inferior à registrada no que se refere à
composição das exportações de serviços dos países do G-7.
Do lado das importações, nota-se, em alguns casos, um movimento mais ou
menos simétrico ao observado para as exportações. O item embarques perde
participação entre 1970 e 1985, caindo de 20,4% para 10,9%, enquanto nesse
mesmo período crescem relativamente as nossas exportações desse serviço. A
rubrica outros transportes cresce relativamente ao total até 1980 (30,5% em 1970
e 48,5% em 1980), apresentando movimento de queda a partir de então e
alcançando 26,9% em 1995. A rubrica viagens apresenta forte movimento de
queda até 1980, o que também pode ser explicado, pelo menos em parte, por
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
22
problemas com os dados, recuperando-se a partir de então e alcançando pouco
mais de 25% em 1995. Por sua vez, o item serviços diversos apresenta uma
significativa elevação entre 1975 e 1985, situando-se em um patamar acima de
30% a partir de então, valor bastante superior ao registrado para o resto da
América Latina, mas significativamente inferior à participação da rubrica nas
importações totais de serviços comerciais realizadas pelos países do G-7.
Consolidando-se os dados de exportações e importações de serviços comerciais
(Tabela 6a), observa-se que os países do G-7 são sistematicamente deficitários
nessas contas, déficit que se amplia a partir de 1985, alcançando US$ 28,9 bilhões
em 1995. A expressiva elevação do déficit desses países nos serviços comerciais a
partir de 1985 é explicada em grande parte pelo crescente déficit nas rubricas
transportes e viagens. Por outro lado, esses países registram crescentes superávits
nas contas de renda da propriedade e outros serviços, que correspondem, de uma
maneira geral, aos segmentos mais modernos e de tecnologia de ponta, indicando
uma especialização crescente por parte desses países nos segmentos mais
modernos dos serviços comerciais transacionados internacionalmente.
Tabela 6a
Grupo dos 7: Balanço do Comércio Externo de Mercadorias e Serviços —
1970/95
(Saldo em US$ bilhões)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Mercadorias 15,31 23,63 -32,67 -39,64 -12,70 69,99 85,42
Serviços Comerciais -3,37 -6,08 -2,62 -4,63 -23,34 -20,73 -28,85
 Transportes -2,21 -5,57 -9,07 -10,21 -17,19 -23,95 -28,94
 Embarques -0,60 -1,60 -1,96 -6,04 -9,14 -12,24 -15,42
 Outros Transportes -1,61 -3,96 -7,11 -4,17 -8,05 -11,72 -13,53
 Viagens -2,16 -6,03 -7,51 -9,47 -25,97 -23,31 -28,94
 Serviços Diversos 0,99 5,52 13,95 15,06 19,83 26,53 29,03
 Renda do Trabalho 0,19 -0,22 -0,48 -1,19 -0,62 -3,84 -3,62
 Renda de Propriedade 1,23 2,15 3,81 2,64 6,44 11,46 15,19
 Outros Serviços -0,43 3,59 10,63 13,61 14,01 18,91 17,46
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Também a América Latina (exclusive Brasil) acumula déficits em serviços
comerciais, ainda que significativamente inferiores aos registrados pelos
países do
G-7 (Tabela 6b). A única conta importante que apresenta de maneira geral
superávit — e crescente, a partir do início da década passada — é viagens,
sugerindo uma certa especialização da região nesse setor. Por outro lado, o item
serviços diversos apresenta um déficit crescente, sugerindo a perda de
competitividade da região nos serviços de maior densidade tecnológica.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
23
Tabela 6b
América Latina (Exclusive Brasil): Balanço do Comércio Externo de Mercadorias
e Serviços — 1970/95
(Saldo em US$ bilhões)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Mercadorias -0,15 -2,30 -1,05 16,79 17,83 -27,70 1,64
Serviços Comerciais -1,11 -1,68 -6,78 -1,16 -1,44 -4,23 -3,79
 Transportes -1,25 -2,90 -5,23 -2,84 -3,54 -7,45 0,00
 Embarques -1,15 -2,97 -5,03 -2,91 -3,77 -7,67 -7,98
 Outros Transportes -0,11 0,07 -0,20 0,07 0,23 0,22 1,33
 Viagens 0,37 1,33 -1,24 2,63 3,52 5,49 5,26
 Serviços Diversos -0,23 -0,11 -0,32 -0,95 -1,43 -2,26 -2,39
 Renda do Trabalho 0,15 0,21 0,29 0,21 0,64 0,49 0,38
 Renda de Propriedade -0,07 -0,21 -0,33 -0,63 -0,82 -0,68 -0,86
 Outros Serviços -0,31 -0,12 -0,27 -0,53 -1,25 -2,07 -1,92
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
Com relação ao Brasil (Tabela 6c), o saldo de serviços comerciais se apresenta
crescentemente deficitário — e de forma mais acentuada a partir de 1990 —
evoluindo de um déficit de US$ 0,18 bilhão em 1970 para US$ 7,3 bilhões em
1995. Em todas as contas mais relevantes, o Brasil apresentou saldo negativo no
comércio de serviços em praticamente todo o período analisado. Os maiores e
crescentes déficits a partir de 1990 são observados nos itens outros transportes e
viagens, que estão de certa forma associados, e serviços diversos.
Tabela 6c
Brasil: Balanço do Comércio Externo de Mercadorias e Serviços — 1970/95
(Saldo em US$ bilhões)
1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995
Mercadorias 0,23 -3,55 -2,82 12,47 10,75 10,86 -3,16
Serviços Comerciais -0,39 -1,40 -2,76 -1,42 -3,02 -5,15 -7,31
 Transportes -0,18 -0,95 -1,91 -0,36 -1,64 -2,10 0,00
 Embarques -0,05 -0,17 0,06 0,51 0,00 -0,30 -1,00
 Outros Transportes -0,14 -0,78 -1,97 -0,87 -1,64 -1,80 -2,20
 Viagens -0,13 -0,35 -0,24 -0,38 -0,12 -1,21 -2,42
 Serviços Diversos -0,08 -0,09 -0,60 -0,69 -1,26 -1,84 -1,69
 Renda do Trabalho 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 -0,13 -0,16
 Renda de Propriedade 0,00 -0,09 -0,03 -0,02 -0,04 -0,22 -0,50
 Outros Serviços -0,09 -0,02 -0,59 -0,67 -1,22 -1,49 -1,04
Fontes: IMF - Balance of payments, vários anos, e Cepii (Chelem).
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
24
5 - BRASIL: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E DAS IMPORTAÇÕES
 DE SERVIÇOS DIVERSOS NO PERÍODO 1993/96 E ANÁLISE DO
 PERFIL DAS EMPRESAS EXPORTADORAS E IMPORTADORAS
 QUE ATUAM NESSE SETOR
A revolução microeletrônica ocorrida nas últimas décadas transformou
radicalmente as áreas de comunicação e informática. O desenvolvimento das redes
de informação permitiu ampliar as possibilidades de comercialização de serviços,
porque reduziu consideravelmente o custo de uma venda à distância, com o
aproveitamento de economias de escala por parte das empresas, o que estimulou a
concorrência mundial. Simultaneamente, a interface com o setor de
telecomunicações conduz a formatos organizacionais diversos, com a empresa
podendo estar situada em diversos países, aproveitando diferentes vantagens no
que se refere ao custo operacional. Esta mudança nas comunicações tem superado
as fronteiras nacionais, transformando-as em um mercado global, conferindo às
empresas multinacionais a real possibilidade de dominar estes mercados em escala
mundial, bastando contornar os obstáculos formados pelas legislações internas de
cada país.
Outro fator que deve ser agregado é a globalização dos mercados financeiros, que
vêm se tornando progressivamente mais internacionalizados, o que se verifica pelo
grande fluxo de capitais que se transfere de país para país. Assim, observa-se uma
disputa entre os países para dissolução de barreiras ao comércio nas atividades
bancárias e outras atividades de intermediação financeira. Junto com a enorme
diminuição de custos das comunicações internacionais, que facilitou a negociação
direta entre credores e devedores ou compradores e vendedores, pode-se prever
que o comércio de serviços será um item importante na agenda dos países nos
próximos anos.
Esses fenômenos explicam a importância crescente para os países industrializados
do item serviços diversos na balança de serviços comerciais desde a década de 70
e para o Brasil a partir de 1985. Assim, essa rubrica merecerá uma análise mais
detalhada de sua evolução no período recente. Devido à falta de informações mais
desagregadas para esse item do balanço de pagamentos, a análise será efetuada a
partir de dados de fechamento de contrato de câmbio fornecidos pelo Banco
Central para o período 1993/96, que não correspondem exatamente aos dados do
balanço de pagamentos.
Como podemos observar pela Tabela 7, as exportações de serviços diversos
registraram uma elevada taxa de crescimento no período considerado (156,6%), o
que equivale a uma taxa de crescimento média anual de 37%, enquanto as
exportações dos serviços tradicionais — viagens internacionais, transportes e
seguros — cresceram no período 67,5% (ou cerca de 19% a.a.). Como resultado
desse crescimento diferenciado, a participação das exportações de serviços
diversos nas exportações de serviços comerciais se eleva de 31,6% em 1993 para
41,5% em 1996.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
25
Tabela 7
Balança Externa Brasileira de Serviços Comerciais — 1993/96
(Em US$ milhões)
Exportações (%) Importações (%) Saldo (%)
1993 1996 1993 1996 1993 1996
Tradicionais 1.409,48 68,4 2.361,57 58,5 2.886,82 59,4 7.294,09 72,3 -1.477,34 -4.932,53
Transportes 880,22 42,7 1.483,97 36,8 1.574,89 32,4 2.975,14 29,5 -694,67 -1.491,17
Seguros 1.58,55 7,7 235,07 5,8 217,76 4,5 311,50 3,1 -59,21 -76,43
Viagens
Internacionais
370,72 18,0 642,53 15,9 1.094,17 22,5 4.007,45 39,7 -723,45 -3.364,92
Serviços
Diversos
651,59 31,6 1.672,25 41,5 1.977,12 40,6 2.796,30 27,7 -1.325,53 -1.125,17
Total 2.061,07 100,0 4.033,81 100,0 4.863,94 100,0 10.090,39 100,0 -2.802,87 -6.056,58
Fonte: Banco Central do Brasil (Departamento de Câmbio).
Com relação às importações, observa-se o inverso, tendo as importações de
serviços diversos crescido no período 41,4% — média anual de 12,2% — contra
um crescimento das importações dos serviços tradicionais de 152,7%, explicado
basicamente pela duplicação dos gastos com importações de serviços de
transportes e pelo extraordinário crescimento dos gastos com viagens
internacionais, que praticamente quadruplicaram no período. Como resultado
desse comportamento, a participação das importações de serviços diversos nas
importações de serviços comerciais cai de 40,6% em 1993 para 27,7% em 1996.
Analisando a evolução do saldo de serviços comerciais no período, observa-se que
a expressiva elevação do déficit nessa conta no período é explicada
exclusivamente pela elevação do déficit dos serviços tradicionais. Enquanto o
item serviços diversos registra uma redução do déficit de US$ 1.325 milhão em
1993 para US$ 1.125 milhão em 1996, o déficit da balança dos serviços
tradicionais se eleva de US$ 1.477 milhão em 1993 para US$ 4.932 milhões em
1996. Assim, enquanto em 1993 o déficit de serviços diversos explicava quase que
a metade do déficit de serviços comerciais, em 1996 essa relação havia caído para
18,6%.
Os dados desagregados para serviços diversos, referentes às operações de
fechamento de câmbio para o período 1993/967 apresentados nas Tabelas 8a e 8b
adiante, mostram, no que se refere às exportações, uma forte concentração: em
1993, dos 18 fatos
geradores considerados, os cinco mais importantes (serviços
bancários e administrativos, serviços técnicos especializados, serviços turísticos,
comunicações e transmissão de eventos e outros serviços ligados às transações
mercantis com o exterior) respondiam por 95,6% das exportações, sendo apenas
os dois primeiros responsáveis por 78,1% do total. Apesar do ligeiro movimento
de desconcentração observado quando se consideram os cinco fatos geradores
mais importantes — cuja participação nas exportações de serviços diversos cai
para 87,4% em 1996 —, observa-se uma elevação na participação dos dois setores
 
7
 Esses dados estão disponíveis apenas para os anos mais recentes, tendo sido fornecidos pelo
Bacen especialmente para este projeto. Os valores referem-se às operações de fechamento de
câmbio e não correspondem exatamente às estatísticas de balanço de pagamentos,
sistematicamente divulgadas pela instituição.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
26
de maior peso, de 78,1% para 79,1%, com uma redução da importância das
exportações de serviços bancários e administrativos e uma elevação da
participação de serviços técnicos especializados.
Dos oito fatos geradores que em pelo menos dois anos respondem por mais de 1%
das exportações de serviços diversos, três deles (direitos autorais e honorários
profissionais, serviços técnicos especializados e publicidade e propaganda)
apresentam crescimento acima da média, quatro (comunicações e transmissão de
eventos, serviços bancários e administrativos, outros serviços ligados às
transações mercantis com o exterior e serviços turísticos) abaixo da média e um
deles (aluguel de equipamentos) um comportamento bastante irregular. É
interessante observar, no entanto, que, dos cinco mais importantes em 1993,
apenas um deles, serviços técnicos especializados, apresenta crescimento acima da
média, tendo a sua participação nas exportações totais de serviços diversos
aumentado de 16% em 1993 para 21,7% em 1996. Um outro fato gerador que
apresentou significativa elevação na participação das exportações de serviços
diversos é publicidade e propaganda.
Com relação às importações de serviços diversos, observa-se também uma elevada
concentração, ainda que ligeiramente inferior à observada para as exportações: os
cinco fatos geradores mais relevantes em 1993 (pela ordem, aluguel de
equipamentos, serviços bancários e administrativos, aquisição de software,
fornecimento de tecnologia e serviços técnicos especializados) respondiam por
89,3% das importações e os dois mais importantes por 78%. Ao contrário do
observado para as exportações, existe um claro movimento de desconcentração da
pauta de importações, tanto quando se consideram os cinco como quando se
consideram os dois fatos geradores mais relevantes: no primeiro caso, a sua
participação nas importações totais de serviços diversos cai de 89,3% em 1993
para 68,7% em 1996, e no segundo de 78% para 43,1%.
É interessante ressaltar que, com exceção de serviços turísticos, os fatos geradores
de tecnologia de ponta são aqueles que apresentam as maiores taxas de
crescimento das suas importações no período. Entre os cinco de maior peso em
1993, os itens serviços técnicos especializados e aquisição de software
praticamente dobram sua participação, enquanto a rubrica fornecimento de
tecnologia apresenta um extraordinário desempenho, com sua participação nas
importações elevada de 2,8% em 1993 para 15,2% em 1996. Como contrapartida
desse comportamento, o item aluguel de equipamentos, que em 1993 representava
54,3% das importações de serviços diversos, tem sua participação reduzida para
22,9% em 1996.
Em valores absolutos (Tabela 8a), observa-se que, dos oito fatos geradores que se
encontram entre os cinco de maior peso tanto para as exportações como para as
importações, cinco deles apresentavam déficit em 1993. Desses cinco, três têm seu
déficit consideravelmente reduzido (como no caso de aluguel de equipamentos)
ou tornaram-se superavitários em 1996 (serviços bancários e administrativos e
serviços técnicos especializados), enquanto em dois — exploração de marcas e
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
27
patentes e fornecimento de tecnologia e cooperação técnico-industrial —
observa-se uma sensível elevação do déficit. Por outro lado, dos três fatos
geradores que registravam superávit em 1993, dois — comunicação e transmissão
de eventos e serviços turísticos — já apresentavam déficit em 1995 e 1996,
enquanto a rubrica outros serviços ligados às transações mercantis com o exterior
logrou manter-se superavitária em todos os quatro anos da análise.
Uma segunda fonte de informação que nos permite inferir algumas características
desse setor é um banco de dados para o período 1993/95, também fornecido pelo
Banco Central — com uma amostra de 4.340 empresas que atuam no comércio
exterior, seja como exportadoras ou como importadoras —, organizado por fato
gerador e por ordem de importância da empresa em termos de valor do serviço
comercializado. Esse banco de dados foi cruzado, para as 10 maiores empresas de
cada fato gerador — que em pelo menos dois anos representavam mais de 1% do
valor comercializado —, com o banco de dados da Gazeta Mercantil, procurando-
se identificar os setores em que essas empresas atuam domesticamente e sua
importância dentro do setor.
Na medida em que não foram fornecidas informações sobre os valores
comercializados em nível de empresa, e dados o número reduzido de anos da
amostra e as características específicas do setor de serviços, os resultados
apresentados devem ser considerados apenas como exploratórios.
Começando a análise pelas principais características das empresas exportadoras,
podemos observar, considerando a amostra como um todo, que existem indicações
de que a maioria das empresas que atuam no item serviços diversos não tem uma
firme tradição exportadora. Como podemos verificar na Tabela 9a, do total da
amostra das empresas exportadoras, apenas 9,9% delas exportaram nos três anos
considerados, 16,1% em dois e 74% em apenas um ano.
No entanto, quando analisamos apenas as 10 maiores empresas exportadoras por
fato gerador, a situação é bastante distinta. Nesse caso, a participação das
empresas que atuaram em todos os anos se eleva para 23,7%, em dois anos para
22,4%, caindo a participação das que atuaram em apenas um ano para 53,8%. Esse
resultado parece confirmar a expectativa de que o valor das exportações de uma
empresa estaria de alguma forma relacionado com uma melhor orientação desta
para o mercado externo.
É interessante também chamar a atenção para o fato de que o crescimento das
exportações de serviços diversos no período está aparentemente relacionado com a
entrada de novas empresas na atividade exportadora. Considerando-se o total da
amostra, dos 74% das empresas que exportaram em apenas um dos anos
considerados, 43,8% entraram na amostra em 1995. Para as 10 maiores
exportadoras por fato gerador que atuaram em apenas um ano, a participação das
que entraram na amostra em 1995 é de 42,7%. Outro resultado interessante é a
constatação de que, das maiores empresas por fato gerador em 1995 e que
exportaram nos três anos considerados, 56,8% delas melhoraram de posição
relativa entre 1994 e 1995.
DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL
28
Tabela 8a no arquivo td0600t
Tabela 8a
Exportações e Importações Brasileiras — 1993/96
Decomposição da Rubrica Serviços Diversos (Outros Serviços)
(Em US$ milhões)
1993 1994 1995 1996
Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo
Aluguel de Equipamentos 1,74 1074,32 -1072,57 15,33 983,99 -968,67 19,48 780,80 -761,32 4,27 640,56 -636,29
Aluguel de Filmes, Fitas e Discos Gravados 0,39 34,96 -34,58 1,18 38,03 -36,84

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