Buscar

TD 0884 Insuficiência Alimentar nas Grandes Regiões Urbanas Brasileiras

Prévia do material em texto

ISSN 1415-4765 
 
TEXTO PARA DISCUSSÃO No 884 
INSUFICIÊNCIA ALIMENTAR 
NAS GRANDES REGIÕES 
URBANAS BRASILEIRAS 
Fernando Gaiger Silveira 
Luís Carlos Garcia de Magalhães 
Frederico Andrade Tomich 
Salvador Teixeira Werneck Vianna 
Leandro Safatle 
João Carvalho Leal 
Brasília, junho de 2002 
 
 
ISSN 1415-4765 
 
TEXTO PARA DISCUSSÃO No 884 
INSUFICIÊNCIA ALIMENTAR 
NAS GRANDES REGIÕES 
URBANAS BRASILEIRAS 
Fernando Gaiger Silveira* 
Luís Carlos Garcia de Magalhães* 
Frederico Andrade Tomich* 
Salvador Teixeira Werneck Vianna* 
Leandro Safatle ** 
João Carvalho Leal** 
Brasília, junho de 2002 
* Pesquisadores da Diretoria de Estudos Setoriais do IPEA, gaiger@ipea.gov.br, lcgarcia@ipea.gov.br.tomich@ipea.gov.br e salvador@ipea.gov.br. 
** Assistentes de Pesquisa da Diretoria de Estudos Setoriais do IPEA. 
 
Governo Federal 
Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão 
Ministro – Guilherme Gomes Dias 
Secretário Executivo – Simão Cirineu Dias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fundação pública vinculada ao Ministério 
do Planejamento, Orçamento e Gestão, o 
IPEA fornece suporte técnico e institucional 
às ações governamentais – possibilitando a 
formulação de inúmeras políticas públicas e 
programas de desenvolvimento brasileiro – , 
e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e 
estudos realizados por seus técnicos. 
 
 
 
Presidente 
Roberto Borges Martins 
Chefe de Gabinete 
Luis Fernando de Lara Resende 
Diretor de Estudos Macroeconômicos 
Eustáquio José Reis 
Diretor de Estudos Regionais e Urbanos 
Gustavo Maia Gomes 
Diretor de Administração e Finanças 
Hubimaier Cantuária Santiago 
Diretor de Estudos Setoriais 
Luís Fernando Tironi 
Diretor de Cooperação e Desenvolvimento 
Murilo Lôbo 
Diretor de Estudos Sociais 
Ricardo Paes de Barros 
TEXTO PARA DISCUSSÃO 
Uma publicação que tem o objetivo de 
divulgar resultados de estudos 
desenvolvidos, direta ou indiretamente, 
pelo IPEA e trabalhos que, por sua 
relevância, levam informações para 
profissionais especializados e estabelecem 
um espaço para sugestões. 
As opiniões emitidas, nesta publicação, são de 
exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não 
exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou o 
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 
É permitida a reprodução deste texto e dos dados 
nele contidos, desde que citada a fonte. Reprodu-
ções para fins comerciais são proibidas. 
A produção Editorial deste volume contou com o 
apoio financeiro do Banco Interamericano de Desen-
volvimento (BID), por meio do Programa Rede de 
Pesquisa e Desenvolvimento de Políticas Públicas, 
Rede-IPEA, operacionalizado pelo Projeto BRA/97/013 
de Cooperação Técnica com o PNUD. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
SINOPSE 
ABSTRACT 
1. INTRODUÇÃO 1 
2. METODOLOGIA E BASE DE DADOS 1 
3. ESTIMATIVAS DE INSUFICIÊNCIA DE DISPONIBILIDADE 
CALÓRICA FAMILIAR PER CAPITA: RESULTADOS PARA 
AS GRANDES REGIÕES URBANAS BRASILEIRAS, 1995/1996 8 
4. ESTIMATIVAS DE INSUFICIÊNCIA DE GASTO ALIMENTAR FAMILIAR 
PER CAPITA: RESULTADOS PARA AS GRANDES REGIÕES URBANAS 
BRASILEIRAS, 1995/1996 13 
5. CONCLUSÕES 15 
ANEXOS 17 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28 
 
 
 
 
SINOPSE 
O texto apresenta as estimativas de insuficiência da disponibilidade calórica e dos gastos 
com alimentação das famílias das grandes regiões urbanas do país. Para tanto foram utiliza-
das, por um lado, as cestas normativas de alimentos da CEPAL, que atendem às recomenda-
ções nutricionais, especialmente as relativas ao consumo calórico. Por outro lado, valeu-se 
das informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de 1995/1996, da quantida-
de consumida e dos gastos alimentares. Cotejando as despesas familiares e as quantidades 
consumidas com alimentos, nas onze regiões metropolitanas pesquisadas pela POF, com o 
custo de aquisição das cestas e com as recomendações calóricas mínimas em cada uma des-
tas regiões, verificou-se que as famílias de menor renda encontram-se, em todas as áreas, em 
situação de risco nutricional. De fato, verificou-se que a insuficiência de disponibilidade 
calórica e a relativa aos gastos alimentares não estão apresentando relação direta. Observa-se 
em determinados estratos de renda, especificamente nos intermediários, insuficiência caló-
rica do consumo físico ainda que os gastos superem o custo da cesta normativa. 
Em algumas regiões o consumo alimentar exibe comportamento peculiar diante do espera-
do, como nos casos de São Paulo, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. Nessas regiões, 
famílias com renda mensal de até oito salários mínimos apresentam disponibilidades caló-
ricas inferiores às recomendações mínimas. Propõem-se algumas hipóteses explicativas para 
este fato, tais como a emulação do consumo das famílias de maior renda, a existência de 
redes de proteção sociais privadas e a importância do consumo alimentar institucional, seja 
na escola seja no local de trabalho. 
ABSTRACT 
The text presents the estimative of insufficiency of the caloric availability and the 
expenditures with food of the families of the largest urban regions of the country. For this, 
the normative food baskets of CEPAL, which take care of the nutritional recommendations, 
especially that ones relative to the caloric consumption, had been used. Moreover, the 
information about the consumed quantity of food and the expenditure with these goods, 
presented on the Income and Expenditure Household Survey (Pesquisa de Orçamentos 
Familiares – POF – 1995/1996), had been used. Comparing the familiar expenditures and 
the consumed quantities of food, in the eleven metropolitans regions searched into by the 
POF, the cost of acquisition of the baskets and the minimum caloric recommendations in 
each one of these regions, it was verified that the lower income families are in situation of 
nutritional risk, in all the areas. In fact, it was verified that the insufficiency of caloric 
availability and the insufficiency of the food expenditures do not present direct relation. It 
is observed in some strata of income, specifically in the intermediate ones, that there is 
caloric insufficiency of the physical consumption, although the expenditures surpass the 
cost of the normative basket. 
In some regions the food consumption shows peculiar behavior if compared to the expecta-
tion, as in the cases of São Paulo, Porto Alegre and Rio de Janeiro. In these areas, the fami-
lies with monthly income of up to 8 minimum wages present lower availability of calories 
relative to the minimum recommendations. Some hypotheses are considered to explain the 
fact that the lower income families present a caloric insufficiency, as the emulation of the 
consumption of the families of higher income, the existence of private social networks of 
protection and the importance of the institutional food consumption, either in the school 
or the work place. 
 
 
 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 1 
1 INTRODUÇÃO 
O objetivo central deste texto é apresentar as estimativas de insuficiência da disponi-
bilidade calórica e dos gastos com alimentação das famílias das grandes regiões urba-
nas do país. Isso é feito considerando-se um consumo calórico padrão – recomendado 
do ponto de vista médico-nutricional –, calculado a partir de uma cesta alimentar 
normativa em termos de quantidades e de composição de produtos. O custo monetá-
rio da cesta padrão é utilizado para estabelecer o patamar mínimo de gasto familiar 
com alimentos. Para os propósitos do trabalho foi selecionada a cesta normativa 
proposta pela CEPAL.1 
Para as estimativas de insuficiência da disponibilidade calóricae de gastos com 
alimentos, foram utilizadas as informações sobre o gasto e o consumo observado de 
alimentos das famílias das onze maiores regiões urbanas2 do país, que constam da 
Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(POF-IBGE) de 1995/1996, disponibilizado pelo Sistema IBGE de Recuperação Auto-
mática (SIDRA).3 A POF fornece os dados das estruturas de consumo e de dispêndio 
alimentar familiar per capita, discriminadas por faixas de recebimento familiar. 
O trabalho está organizado da seguinte forma: o item II apresenta os procedi-
mentos metodológicos e a base de dados utilizados para estimar a insuficiência de 
disponibilidade calórica e a de gasto; o item III apresenta as estimativas de disponibi-
lidade calórica; o item IV discute os resultados de insuficiência de renda; e, por 
último, é feito um sumário dos resultados. 
2 METODOLOGIA E BASE DE DADOS 
Os dados da POF informaram as quantidades de alimentos compradas por famílias, 
regiões metropolitanas e faixas de rendas, discriminadas por grupos, subgrupos e itens 
individualizados de alimentos. Para essas quantidades foram calculados seus conteúdos 
quilocalóricos em termos familiares per capita, permitindo a comparação com o con-
sumo calórico individual recomendado. Isso foi realizado mediante o confronto da 
disponibilidade calórica familiar per capita com uma cesta padrão de alimentos que 
atendesse às necessidades recomendadas nutricionalmente e às preferências dos consu-
midores. Procurou-se calcular também as calorias disponíveis para consumo domiciliar 
de alimentos não incluídos na cesta padrão, assim como as calorias obtidas com a ali-
mentação fora do domicílio. Os resultados desse exercício devem ser avaliados com 
cuidado, pois este apresenta limitações descritas adiante. Em virtude dessas limitações 
optou-se também por apresentar estimativas de insuficiência de gasto com alimentos. 
Calculou-se a insuficiência do gasto com alimentação das famílias, considerando 
três situações: com os gastos efetuados com os produtos alimentares da cesta CEPAL, 
 
1 Ver CEPAL (1989b). 
2 As regiões metropolitanas são: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba 
e Porto Alegre. Considera-se ainda Brasília. Desconsiderou-se Goiânia em razão de a cesta CEPAL , para essa cidade, 
utilizar a estrutura de consumo de Brasília. 
3 IBGE (2002 a). 
 
2 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
com o total do gasto com alimentos no domicílio (incluindo produtos fora da cesta 
CEPAL) e, por fim, com o total de gastos com alimentação no domicílio e fora dele. 
O procedimento inicial foi, portanto, obter estimativas de insuficiência de gasto das 
famílias com alimentação pela subtração do gasto com alimentos, segundo estratos de 
renda familiar da POF de 1995/1996, pelo custo de uma cesta padrão. Esse cálculo, apa-
rentemente simples, assim como o do conteúdo calórico do dispêndio alimentar, envolve 
diversas dificuldades metodológicas e de fonte de dados para sua operacionalização. 
O consumo físico e o dispêndio apresentam agregações diferentes dos produtos 
alimentares, segundo as informações do SIDRA/IBGE. Concretamente, no caso dos 
dados de consumo físico, as quantidades adquiridas estão discriminadas por 16 gru-
pos, 43 subgrupos e 215 itens alimentares, permitindo, portanto, cálculos e estimati-
vas bem consistentes. De outro lado, os dados relativos ao dispêndio alimentar 
restringem-se à 16 grupos de produtos desagregados em 52 itens, no caso dos gastos 
no domicílio. A alimentação extradomicílio, considerada somente para os dispêndios, 
abarca cinco tipos de aquisições. Em razão da maior abertura dos dados do consumo 
físico decidiu-se utilizar, dessas informações, também, para o cálculo da insuficiência 
do gasto alimentar. Para tanto, valoraram-se as quantidades consumidas pelos preços 
coletados, em setembro de 1996, pelo IBGE, para o cálculo dos índices de custo de 
vida – Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC-A).4 Ademais, esses preços 
foram utilizados, também, no cálculo da cesta CEPAL, uma vez que não se conta com 
os preços implícitos da POF para os alimentos (grupos) dessa cesta. 
A utilização do custo de uma cesta normativa implica a seleção de uma lista de 
produtos e de suas respectivas quantidades, em razão de critérios de nutrição e 
de preferência dos consumidores. A eleição desta cessa, em termos de composição de 
produtos e de suas respectivas quantidades, é particularmente uma questão passível 
de diversas abordagens.5 
Para as estimativas de insuficiência da disponibilidade calórica e à dos gastos 
com alimentação utilizou-se a cesta normativa de alimentos proposta pela CEPAL. 
A escolha desta cesta se deveu à experiência metodológica dessa instituição nesse tipo 
de pesquisa6 e à disponibilidade da lista pormenorizada dos grupos de produtos 
alimentares que a compõem e de suas respectivas quantidades. Essa informação é 
crucial para se obterem as estimativas da insuficiência de disponibilidade calórica e à 
do gasto alimentar das famílias, pois permite a comparação entre quantidades 
observadas e quantidades normativas para um conjunto selecionado de produtos 
alimentares, como também a coleta dos seus respectivos preços. Baseado nessas 
informações é possível adquirir o cálculo do custo mínimo de alimentação 
considerada adequada para as famílias. Este último parâmetro é o mais relevante para 
orientar políticas públicas de segurança alimentar. 
 
4 IBGE (2002 b). 
5 O custo de uma cesta padrão é utilizado como linha de indigência. Essa linha define a renda mínima que o indivíduo 
deve atingir para atender pelo menos suas necessidades alimentares. O valor monetário da linha de indigência – 
o custo da cesta alimentar normativa – pode apresentar variações significativas em função dos produtos listados na 
cesta, de suas respectivas quantidades e de variações regionais de preços. Para uma discussão detalhada dos proce-
dimentos metodológicos e operacionais para o cálculo de linhas de indigência e de pobreza a partir do consumo ob-
servado das famílias, ver Rocha (2000). 
6 A cesta da CEPAL foi utilizada, por exemplo, para a construção do Mapa da Fome de 1993. 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 3 
Por definição, uma cesta alimentar normativa deve suprir as necessidades de nu-
trição dos indivíduos fixadas a partir de normas epidemiológicas. A primeira questão, 
na construção de tal cesta, é determinar as necessidades energéticas, as protéicas e as 
de outros nutrientes segundo gênero, idade e nível da atividade física dos indivíduos. 
A cesta CEPAL foi construída para atender às necessidades adequadas de calorias e 
de proteínas de indivíduos saudáveis, segundo recomendações da FAO/OMS/ONU.7 
O cálculo das necessidades energéticas foi feito a partir de uma classificação sociode-
mográfica da população brasileira nos domínios urbano e rural estudados. O primeiro 
critério classificou a população por variáveis demográficas (sexo e idade) e, o segundo 
utilizado foi a atividade da população adulta (leve, moderada e pesada). A conjugação 
desses critérios possibilitou a construção de uma matriz sociodemográfica de classifi-
cação da população, que estimou as necessidades energéticas e protéicas médias para 
cada grupo da população. 
Foram realizados, de fato, dois trabalhos pela CEPAL: no primeiro estimou-se, se-
gundo essa matriz Sociodemográfica, as necessidades energéticas e protéicas da popu-
lação discriminadas por domínios rural, urbano e metropolitano (CEPAL, 1989a). 
Com tais estimativas, foi possível, como se verá, averiguar, com base nas pesquisas de 
consumo e de gasto alimentar, que conjunto de famílias apresentava um consumo 
e/ou gasto compatível comas recomendações mínimas (CEPAL, 1989b). 
A tabela 1 mostra as estimativas das necessidades calóricas recomendadas pela 
CEPAL e por outros autores para as regiões metropolitanas e para Brasília. O procedi-
mento usual é considerar que o atendimento das necessidades calóricas8 garante tam-
bém os requisitos de outros nutrientes. Mesmo adotando parâmetros epidemiológicos 
comuns para o cálculo das necessidades energéticas dos indivíduos, é possível encon-
trar diferenças decorrentes, principalmente, dos procedimentos específicos adotados 
para o cálculo do consumo calórico segundo as atividades dos indivíduos. 
Uma das vantagens de se adotar as quantidades calóricas recomendadas pela 
CEPAL é que seus valores encontram-se próximos da média das estimativas encontra-
das por outros autores. São Paulo é a região metropolitana em que a média das esti-
mativas dos diversos autores apresenta maior diferença percentual em relação aos 
requisitos calóricos da cesta CEPAL, cerca de 3,9%. Em todas as outras áreas as médias 
superam a cesta CEPAL em menos de 3%, com exceção de Recife, onde as necessida-
des calóricas da CEPAL superam a média das necessidades calóricas recomendadas por 
outros pesquisadores. 
Na elaboração de uma cesta alimentar normativa deve-se considerar, também, a 
estrutura de preferência de consumo, para que os produtos alimentares selecionados 
sejam representativos do consumo familiar. É recomendada a utilização de informa-
ções sobre o consumo observado das famílias, considerado o critério mais adequado 
 
7 Para uma discussão detalhada dos procedimentos para determinação das necessidades nutricionais da cesta padrão, 
segundo domínios geográficos do país, ver CEPAL , op. cit. Vale destacar que a construção de cestas normativas regio-
nalizadas é fundamental, pois leva em conta as características regionais no consumo alimentar, além de considerar, 
também, as diferenças de preços entre as regiões metropolitanas. 
8 A associação entre atendimentos das necessidades calóricas e de outros nutrientes pode não ser tão direta, pois 
alguns estudos identificaram deficiência de ingestão significativa de cálcio, mesmo em estratos elevados de renda, em 
quatro regiões urbanas do país. Ver, por exemplo, Galleazzi et alii. (1997). 
 
4 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
para estabelecer a composição de tal cesta. Daí a utilização das informações de pesqui-
sas de gastos familiares como o ENDEF e as POFs. 
TABELA 1 
Estimativas de Necessidades Calóricas Recomendadas 
(Kcal per capita / dia) 
Região 
Metropolitana 
Thomas 
(1983) 
Fava 
(1984) 
cepal 
(1989a) 
Ellwanger 
(1992) 
Ferez 
(1996) 
Lustosa 
(1999) Média 
Desvio 
Padrão 
Belém 2242,0 2382,2 2143,1 2055,0 2191,0 2160,0 2195,5 110,26 
Belo Horizonte 2242,0 2378,2 2198,5 2144,0 2288,0 2216,0 2244,5 81,00 
Brasília 2242,0 2382,2 2154,8 2073,0 2259,0 2186,0 2216,2 105,11 
Curitiba 2242,0 2396,7 2217,6 2120,0 2313,0 2268,0 2259,6 93,04 
Fortaleza 2242,0 2326,2 2126,0 2047,0 2200,0 2084,0 2170,9 104,82 
Porto Alegre 2242,0 2396,7 2217,6 2128,0 2313,0 2269,0 2261,0 90,68 
Recife 2242,0 2326,2 2194,3 2071,0 2200,0 2112,0 2190,9 91,23 
Rio de Janeiro 2242,0 2381,2 2213,7 2123,0 2288,0 2219,0 2244,5 85,96 
Salvador 2242,0 2326,2 2126,0 2043,0 2200,0 2117,0 2175,7 101,15 
São Paulo 2242,0 2376,4 2152,4 2135,0 2288,0 2222,0 2236,0 89,26 
Fonte: Rocha (1997 e 1999). 
Uma vez calculadas as necessidades calóricas e protéicas dos grupos de popula-
ção, o passo seguinte foi determinar o conjunto de produtos alimentares representati-
vos dos hábitos de consumo das famílias de cada domínio geográfico pesquisado. 
O critério adotado nesse estágio é particularmente importante, pois a definição de 
uma cesta normativa de menor custo pode apresentar variações significativas, depen-
dendo da seleção de produtos e das quantidades recomendadas.9 
Para a definição da composição da cesta padrão, para os diferentes domínios 
urbanos pesquisados, a CEPAL utiliza os seguintes procedimentos: a partir do 
consumo alimentar observado das famílias, com base no Estudo Nacional da Despesa 
Familiar do IBGE (ENDEF 1974/1975), foram selecionados estratos populacionais de 
referência. Esses estratos foram identificados considerando-se as famílias em que o 
consumo alimentar observado não estava afetado por restrição severa de recursos, e 
que o número de famílias classificadas no estrato fosse suficientemente grande para 
garantir representatividade de sua pauta de consumo. E, o mais fundamental, que as 
famílias do estrato apresentassem uma ingestão de calorias e de proteínas que, em 
média, atendesse aos valores recomendados. 
Chegou-se, assim, às quantidades de cada grupo de alimentos, com base no con-
sumo dos estratos representativos por região metropolitana, e seus correspondentes 
valores calóricos, protéicos e de gordura, compatíveis com as recomendações conside-
radas saudáveis. Identificou-se, dentro do estrato populacional de referência de cada 
domínio geográfico, uma pauta de consumo alimentar que atendesse às recomenda-
ções de nutrientes. Posteriormente, foram excluídos dessa pauta aqueles produtos 
com alto custo do conteúdo calórico, com reduzida participação no gasto alimentar e 
de pouca importância do ponto de vista nutricional. Por fim, a lista de alimentos que 
 
9 Observam-se significativas diferenças entre os valores das cestas normativas – linhas de indigência – baseando-se no 
ajuste das quantidades consumidas pelos estratos inferiores de renda, ou utilizando-se o consumo observado por um 
estrato de referência que atende de pronto aos requisitos calóricos e protéicos. 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 5 
restou teve as quantidades ajustadas de forma que garante as necessidades calóricas 
recomendadas.10 
TABELA 2 
Estratos populacionais de referência: cesta CEPAL 
Adequação Nutricional 
da Dieta do epr a: Região Metropolitana 
Classe de Gasto Corrente 
Selecionado como epr 
(salários mínimos mensais) 
Porcentagem de 
Famílias no epr 
Calorias Proteínas 
Rio de Janeiro 3,5 - 5,0 19,2 0,94 1,23 
São Paulo 3,5 - 5,0 19,2 0,91 1,13 
Curitiba 3,5 - 5,0 19,7 1,02 1,25 
Porto Alegre 3,5 - 5,0 20,9 1,00 1,30 
Belo Horizonte 3,5 - 5,0 17,4 0,92 0,88 
Fortaleza 2,5 - 3,5 14,5 0,88 0,97 
Recife 2,5 - 3,5 15,1 0,85 0,90 
Salvador 3,5 - 5,0 15,8 0,82 0,94 
Distrito Federal 3,5 - 5,0 19,3 0,88 1,14 
Belém 3,5 - 5,1 20,2 0,79 0,92 
Fonte: CEPAL, divisão de estatística e projeções, a partir de dados de ENDEF. 
Obs: EPR – Estrato Populacional de Referência. 
Percebe-se, portanto, que a construção das cestas normativas é realizada em duas 
etapas. Na primeira, com base no desenho sócio-demográfico e na atividade laboral 
das populações, são estimadas as necessidades nutricionais, o que é possível com os 
dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (PNADs). Num segundo 
momento, a partir do esquadrinhamento das informações do gasto e do consumo 
alimentar das famílias determina-se, qual o grupo familiar, segundo a renda, que 
apresenta um consumo condizente com as necessidades nutricionais recomendadas. 
Para isso utilizam-se dos dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs). Cabe, 
então, destacar, que a CEPAL, em 1996, atualizou as estimativas das necessidades de 
energia e de proteína da população brasileira, sem, contudo, ter efetivado a constru-
ção de novas cestas.11 
Arias (1999) atualizou as linhas de indigência – ou melhor, as cestas norma-
tivas – com base na POF 1987/1988. Os valores destas situaram-se em patamares 
similares aos das estimativas da CEPAL, tendo o ENDEF como base, salvo nos casos 
de Porto Alegre e de Recife.12 Nessas áreas a majoração das linhas de indigência 
foi da ordem de 20%. Cabe observarque o referido trabalho não disponibilizou as 
cestas normativas. 
Compatibilizaram-se os grupos de alimentos discriminados pela cesta CEPAL 
com grupos, subgrupos e itens alimentares para os quais foram disponibilizados, 
pela POF 1995/1996, os dados de consumo físico. Foram necessárias algumas 
adaptações nesse procedimento de compatibilização dos tipos de alimentos da POF 
 
10 A relação dos alimentos que compõe a cesta CEPAL está discriminada no anexo I. 
11 Verifica-se que as estimativas das necessidades calóricas, realizadas em 1996, não diferem significativamente das 
constantes do trabalho anterior. Concretamente, houve um incremento de somente 3,7% nas necessidades energéti-
cas para a população urbana nacional (CEPAL , 1996). 
12 Encontra-se, no anexo II, tabela onde se comparam os valores da linha de indigência de Arias, assim como o custo da 
cesta CEPAL . 
 
6 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
com a lista CEPAL, Isto é, arbitrou-se incorporar ou não determinados itens ali-
mentares aos grupos de produtos da lista da CEPAL.13 
Na estimativa do conteúdo calórico das quantidades informadas pela POF, 
tanto para os produtos constantes da cesta CEPAL como para os restantes, utiliza-
ram-se as tabelas de composição calórica dos alimentos do ENDEF-IBGE. Para a-
queles itens alimentares para os quais não se dispunha da respectiva composição 
calórica, decidiu-se, de um lado, utilizar o valor médio ponderado, pelo consumo 
observado, de produtos similares. Por outro lado, imputou-se o valor relativo ao 
produto similar que contivesse o maior conteúdo calórico. Este último procedi-
mento deve ter implicado uma superestimação da disponibilidade calórica das 
famílias, não sendo, contudo, de grande monta, uma vez que não foram significa-
tivos os casos em que se utilizou desse procedimento.14 
Para a utilização dos preços do INPC-A, de setembro de 1996, visando a valo-
ração da cesta CEPAL e do consumo observado com os produtos dela, foi necessá-
rio o cálculo de preços médios para os grupos de produtos constantes da relação 
de tal cesta. Infelizmente, não se contava com os preços de todos os itens alimen-
tares que foram incorporados a estes grupos de alimentos da CEPAL. Assim, para 
cada um dos seus 34 grupos, foram calculados preços médios ponderados pelo 
consumo observado, ou seja, chegou-se a uma matriz de preços discriminados por 
região metropolitana e por estratos de renda familiar. Quando não se contava com 
o preço de um item, calculou-se o preço médio do grupo, considerando na com-
posição do consumo deste grupo somente aqueles itens que apresentassem preços. 
Isto é, ao item sem preço foi imputada uma cotação média reponderada dos 
outros itens. 
Para o cálculo do valor do consumo com produtos fora da cesta, utilizou-se 
das informações do dispêndio familiar com alimentação, que, como se afirmou, 
apresenta uma desagregação bem menor. Assim, selecionaram-se aquelas despesas 
que sabidamente não constavam da cesta CEPAL, tendo sido, por outro lado, ne-
cessários tanto a incorporação de despesas que continham alguns itens da cesta 
CEPAL como o descarte de despesas para as quais existiam gastos com produtos 
fora da cesta.15 Trabalhando-se com dados agregados, não há a possibilidade de se 
aferir mais precisamente os gastos no domicílio com produtos fora da cesta. De 
toda forma, os valores calculados do gasto familiar com alimentação no domicílio, 
isto é, a soma do gasto com produtos da cesta e fora dela, por meio da valoração 
do consumo observado pelo INPC-A, são, grosso modo, bastante próximos dos 
valores divulgados relativos ao dispêndio alimentar familiar no domicílio. Ade-
mais, sabe-se que os preços implícitos da POF, bem como os coletados para o cál-
culo do INPC-A referem-se a universos de pesquisa distintos havendo diferenças 
em seus valores. Verifica-se que estas não são significativas quando se comparam 
as cotações de produtos de maior consumo e menor sofisticação, apresentando 
 
13 Encontram-se, no anexo III, grupos, subgrupos e itens alimentares da POF que foram tratados como componentes da 
cesta CEPAL . 
14 No quadro do anexo III constam, também, para todos os grupos, subgrupos e itens alimentares seus respectivos 
valores calóricos e a origem da informação ou o método de cálculo e, ou, imputação. 
15 No anexo IV são apresentados os tipos de despesa da POF e sua inserção na cesta CEPAL . 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 7 
maiores discrepâncias quanto aos preços de grupos alimentares (agregados) e de 
produtos mais elaborados.16 
Para a estimativa da disponibilidade calórica com a alimentação fora do do-
micílio utilizou-se o custo de aquisição da caloria, calculado com base na cesta 
CEPAL. Tendo sido estimadas a disponibilidade calórica e o gasto com a cesta, 
calculou-se o preço médio da caloria, segundo regiões metropolitanas e estratos de 
renda aplicando-o, posteriormente, às despesas alimentares fora do domicílio. 
Vale advertir que as estimativas de insuficiência do consumo calórico e do 
gasto familiar com alimentos não permitem uma inferência direta sobre as condi-
ções de nutrição das famílias. As informações da POF-1995/1996 apresentam limi-
tações17 para o estudo da condição de nutrição das famílias. Particularmente, seve-
ras são as limitações em termos da avaliação da adequação ou não do consumo 
calórico das famílias. Isso decorre de várias razões. Entre elas pode-se citar: 
a) a POF não pesquisa o grau de aproveitamento – resíduos e perdas – dos 
produtos na elaboração das refeições; 
b) a forma de preparação das refeições modifica seu conteúdo calórico; 
c) não é avaliada a ingestão calórica por comensal da família, assim como o 
número de comensais presentes em cada refeição. Assim, uma família pode 
ter uma disponibilidade adequada de calorias, mas isso não significa que 
todo membro da família tenha uma ingestão adequada de calorias; 
d) a POF avalia os gastos com alimentos e também parte do consumo não asso-
ciado a despesas de compra, como doações, com alimentos, porém, não 
incorpora a alimentação recebida pelos membros das famílias nas escolas, a 
do local de trabalho e a fornecida por instituições públicas e privadas. 
Essas limitações decorrem do próprio escopo da POF-IBGE que é orientado 
para a atualização do sistema de peso dos índices de preços. Portanto, as estimati-
vas de calorias per capita, por família, devem ser consideradas como de disponibi-
lidade e não de consumo calórico efetivo. 
Dessa forma, como já foi colocado, é preciso cuidado ao inferir que famílias 
com insuficiência de disponibilidade de calorias e de gasto com alimentos 
apresentam, necessariamente, problemas de nutrição.18 Igualmente, é necessário 
cuidado ao afirmar que todas as famílias que apresentam disponibilidade calórica e 
gasto alimentar adequados, principalmente aquelas próximas dos limites mínimos 
16 Encontra-se em fase de elaboração texto em que se analisam as diferenças entre estes preços, utilizando-se, para tanto, do 
processamento dos microdados (ver Menezes et alii. 2002, onde são utilizados os preços implícitos). Neste sentido, pretende-
se, em trabalho posterior, atualizar os resultados das estimativas aqui apresentadas. Vale observar que, em todas as regi-
ões metropolitanas, a valoração do consumo alimentar domiciliar pelo INPC-A superou em 6%, na média, o dispêndio alimen-
tar familiar disponibilizado pelo SIDRA/IBGE. Em São Paulo e, em menor grau, em Curitiba e em Brasília foram encontradas as 
maiores diferenças, concentrando-se, por outro lado, nos estratos inferiores de renda. Tais constatações indicam haver pro-
blemas na aplicação de preços médios de grupos alimentares ao consumo observado nas famílias debaixa renda. De outra 
forma, o caso de São Paulo demonstra a não comparabilidade entre os preços coletados no domicílio e no local de compra, 
tendo em vista a alta segmentação do comércio de alimentos. 
17 Uma limitação importante: as refeições fora do domicílio são avaliadas somente em termos dos gastos monetários não sendo 
possível o cálculo preciso do seu componente calórico e protéico. Outra diz respeito a não avaliação da totalidade do consu-
mo que não está diretamente associado a despesas de compra, como, por exemplo, a de produção para autoconsumo. 
A maioria dessas limitações será reduzida pelo que se deduz dos questionários da nova POF/IBGE de 2002/2003. 
18 Segundo o IPEA (ver Paes de Barros, 2000), a população indigente representava, em 1999, 14,5% da população brasilei-
ra, enquanto as estimativas de subnutrição da população infantil (menores de 5 anos) situam-se ao redor de 6%. 
 
8 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
alimentar adequados, principalmente aquelas próximas dos limites mínimos reco-
mendados, estão em condições nutricionais aceitáveis. 
Em razão das limitações discutidas acima é importante calcular a insuficiência de 
gasto com alimentação e não só a disponibilidade calórica. Torna-se necessário verifi-
car em quais faixas de renda encontram-se as famílias que não apresentam gasto sufi-
ciente para a aquisição de uma dieta alimentar adequada. A capacidade de gasto das 
famílias é um fator, embora não exclusivo, altamente correlacionado com o baixo 
nível de ingestão de calorias e com o maior risco nutricional. O gasto apresenta a van-
tagem de ser medido de forma mais precisa do que o consumo calórico na POF/IBGE. 
3 ESTIMATIVAS DE INSUFICIÊNCIA DE DISPONIBILIDADE 
CALÓRICA FAMILIAR PER CAPITA: RESULTADOS PARA 
AS GRANDES REGIÕES URBANAS BRASILEIRAS, 1995/1996 
A tabela 3 mostra a disponibilidade calórica familiar per capita com o consumo ali-
mentar no domicílio desagregado para a cesta CEPAL e para os outros itens alimenta-
res. Na medida que se ascende nas faixas de renda, a tendência é aumentar a quanti-
dade de calorias provenientes da cesta CEPAL e, mais ainda, dos produtos que estão 
fora da cesta. Conforme aumenta a renda familiar, as famílias compram, em média, 
maior quantidade de produtos da cesta CEPAL, e cresce a importância das calorias de 
outros produtos que não fazem parte dessa cesta. Logo, as famílias diversificam seus 
hábitos alimentares quando sua renda cresce. 
No estrato de renda familiar de até dois salários mínimos, a região metropolitana 
com maior disponibilidade calórica em virtude do gasto com produtos da cesta CEPAL 
é Curitiba, além de Brasília. Surpreendentemente, São Paulo é a cidade com a menor 
disponibilidade calórica com a aquisição de produtos da cesta CEPAL. Aparentemente, 
a disponibilidade calórica dos gastos domiciliares com produtos alimentares da cesta 
não segue diretamente a renda média familiar per capita. 
TABELA 3 
Disponibilidade Calórica da Alimentação no Domicílio – Cesta CEPAL e Outros Produtos, 
Segundo Classes de Renda Familiar e Regiões Metropolitanas – 1996 
(Kcal per capita familiar/dia) 
Classes de Recebimento Mensal Familiar (salários mínimos) 
Média Até 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5 a 6 Mais de 6 a 8 Região 
Metropolitana 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
Belém 1 956,3 147,4 1 707,0 100,1 1 888,3 131,5 1 893,7 146,5 1 848,4 129,5 1 957,6 163,6 
Belo Horizonte 1 877,9 136,2 1 205,3 56,3 2 013,3 139,7 1 836,0 82,0 1 912,7 102,3 1 949,6 106,7 
Brasília 2 173,1 137,4 1 636,4 33,2 1 864,0 79,5 1 669,2 66,4 2 154,3 91,2 1 998,5 94,1 
Curitiba 2 010,5 146,6 2 057,3 148,7 1 923,2 93,5 1 748,7 93,8 2 102,5 87,4 1 958,5 99,7 
Fortaleza 1 667,2 90,6 1 378,9 53,8 1 520,2 65,9 1 663,5 73,0 1 686,7 81,0 1 754,6 85,6 
Porto Alegre 1 690,5 147,7 1 364,5 45,1 1 917,7 90,8 1 796,2 90,8 1 328,9 84,0 1 590,6 97,8 
Recife 1 697,4 148,5 1 261,1 114,6 1 653,0 140,6 1 614,5 121,2 1 853,8 162,0 1 873,9 143,1 
Rio de Janeiro 1 788,1 66,4 1 094,7 30,0 1 626,4 37,9 1 614,7 43,9 1 678,5 45,1 1 649,8 62,1 
Salvador 1 769,0 100,0 1 323,2 45,1 1 526,4 62,3 1 693,3 54,5 1 731,3 50,9 1 612,6 69,4 
São Paulo 1 574,2 132,9 1 063,5 68,4 1 198,8 24,2 1 644,8 84,1 1 964,3 54,9 1 495,6 90,0 
Total das áreas 1 734,1 117,2 1 243,4 64,7 1 581,4 70,0 1 669,9 76,1 1 84,9 71,9 1 666,3 88,4 
 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 9 
 
Classes de Recebimento Mensal Familiar (salários mínimos) 
Mais de 8 a 10 Mais de 10 a 15 Mais de 15 a 20 Mais de 20 a 30 Acima de 30 Região 
Metropolitana 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
 
CEPAL Não 
CEPAL 
Belém 2 076,5 157,3 1 695,6 185,8 2 053,9 177,7 2 147,4 161,0 2 501,1 137,8 
Belo Horizonte 1 856,3 167,1 2 007,7 122,3 1 639,1 152,8 1 964,3 250,8 2 034,8 211,2 
Brasília 1 966,3 113,3 2 373,0 164,1 2 692,7 140,3 2 275,1 156,3 2 365,4 235,7 
Curitiba 1 726,2 120,3 1 987,5 146,1 2 225,7 157,1 2 024,3 257,8 2 371,3 240,7 
Fortaleza 1 937,6 104,2 1 779,7 106,5 1 684,1 91,9 1 812,4 158,6 2 148,7 247,2 
Porto Alegre 1 544,9 106,5 1 754,8 143,7 2 064,4 202,6 1 554,8 190,8 1 787,1 356,8 
Recife 1 812,5 146,8 2 073,3 167,5 1 957,7 156,8 1 815,9 165,8 2 356,0 334,2 
Rio de Janeiro 1 736,5 54,3 1 763,0 72,6 1 754,3 82,9 2 470,8 115,8 2 824,8 151,2 
Salvador 1 952,8 66,3 1 735,2 112,6 2 450,8 226,2 2 234,0 136,4 2 960,9 436,8 
São Paulo 1 382,7 67,6 1 371,4 105,3 1 429,9 164,4 2 217,8 229,0 1 721,3 272,1 
Total das áreas 1 644,0 88,4 1 674,7 111,1 1 733,7 145,5 2 182,9 194,8 2 121,7 251,9 
Fonte: POF 1995/1996 – IBGE e ENDEF/ IBGE . Elaboração dos autores. 
A tabela 4 permite uma avaliação mais completa da disponibilidade calórica das 
famílias, assim como apresenta a disponibilidade calórica dos gastos com alimentos 
no domicílio e fora dele. A disponibilidade diária familiar per capita de energia com a 
alimentação no domicílio, para a média das classes e para o conjunto das áreas metro-
politanas de 1 851,3 Kcal supera, em 8,2%, o resultado alcançado por Monteiro, 
Mondini e Costa (2000). 
TABELA 4 
Disponibilidade Calórica da Alimentação – no Domicilio e Fora desse, Segundo Classes 
de Renda Familiar e Regiões Metropolitanas – 1996 
(Kcal per capita familiar/dia) 
Classes de recebimento mensal familiar (salários mínimos) 
Média Até 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5 a 6 Mais de 6 a 8 Região 
Metropolitana 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
Belém 2 103,6 497,9 1 807,1 211,9 2 019,8 232,3 2 040,2 426,8 1 977,9 398,9 2 121,2 397,5 
Belo Horizonte 2 014,2 808,4 1 261,7 224,5 2 153,0 244,8 1 918,1 428,5 2 015,0 477,5 2 056,4 729,4 
Brasília 2 310,5 877,4 1 669,6 295,8 1 943,5 412,7 1 735,7 307,2 2 245,5 411,0 2 092,5 796,5 
Curitiba 2 157,0 697,3 2 206,1 66,0 2 016,7 321,2 1 842,5 345,7 2 189,9 601,3 2 058,2 446,3 
Fortaleza 1 757,8 564,9 1 432,7 178,1 1 586,1 264,0 1 736,5 398,6 1 767,6 438,2 1 840,2 520,9 
Porto Alegre 1 838,2 663,6 1 409,6 122,2 2 008,5 274,3 1 887,0 292,0 1 413,0 386,9 1 688,3 451,5 
Recife 1 845,9 466,7 1 375,7 154,1 1 793,6 226,5 1 735,7 356,0 2 015,8 424,3 2 017,0 485,4 
Rio de Janeiro 1 854,5 809,7 1 124,8 171,4 1 664,3 313,8 1 658,6 332,7 1 723,6 536,6 1 711,9 464,0 
Salvador 1 869,0 574,3 1 368,3 240,1 1 588,7 350,0 1 747,8 395,6 1 782,2 492,8 1 682,0 423,8 
São Paulo 1 707,1 718,0 1 131,9 235,6 1 223,0 123,7 1 728,9 343,7 2 019,2 452,5 1 585,5 384,4 
Total das áreas 1 851,3 711,1 1 308,1 269,4 1 651,4 276,8 1 746,0 365,9 1 886,8 456,4 1 754,7 478,1Classes de Recebimento Mensal Familiar (salários mínimos) 
Mais de 8 a 10 Mais de 10 a 15 Mais de 15 a 20 Mais de 20 a 30 Acima de 30 Região 
Metropolitana 
Domicílio 
Não 
Domicílio 
 Domicílio 
Não 
Domicílio 
 Domicílio 
Não 
Domicílio 
 Domicílio 
Não 
Domicílio 
 Domicílio 
Não 
Domicílio 
Belém 2 233,8 515,5 1 881,5 332,3 2 231,6 727,9 2 308,3 680,5 2 638,8 1 039,6 
Belo Horizonte 2 023,3 727,1 2 130,1 943,2 1 791,9 794,2 2 215,1 1 017,2 2 246,0 1 491,5 
Brasília 2 079,6 664,2 2 537,0 748,6 2 833,0 1 339,9 2 431,4 950,6 2 601,1 1 310,3 
Curitiba 1 846,5 427,9 2 133,6 639,6 2 382,9 914,8 2 282,1 922,4 2 612,0 1 283,9 
Fortaleza 2 041,8 726,8 1 886,2 821,8 1 776,0 794,9 1 971,0 850,9 2 395,9 1 510,1 
Porto Alegre 1 651,4 448,6 1 898,5 703,1 2 267,0 865,9 1 745,5 851,9 2 143,9 1 246,2 
Recife 1 959,3 373,6 2 240,8 562,5 2 114,5 752,3 1 981,7 1 025,0 2 690,2 1 153,6 
Rio de Janeiro 1 790,8 725,1 1 835,6 702,1 1 837,2 1 124,7 2 586,6 1 526,2 2 976,0 2 422,5 
Salvador 2 019,1 623,9 1 847,8 662,7 2 677,0 873,0 2 370,4 1 166,4 3 397,7 1 395,8 
São Paulo 1 450,3 572,3 1 476,7 578,5 1 594,4 778,1 2 446,8 633,3 1 993,5 1 526,5 
Total das áreas 1 732,4 632,1 1 785,8 685,5 1 879,2 893,8 2 377,7 698,6 2 373,7 1 320,0 
Fonte: POF 1995/1996 – IBGE e ENDEF-IBGE elaboração dos autores. 
 
10 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
A tendência quando as famílias aumentam sua renda é de uma quantidade maior 
de calorias ser devida à alimentação fora do domicílio. Em São Paulo, na faixa de 
renda familiar acima de 30 salários mínimos mensais, quase metade da disponibilida-
de per capita de calorias é obtida por refeições fora do domicílio. Nessa cidade, mes-
mo na faixa de renda de até dois salários mínimos, a participação da alimentação fora 
de casa responde por quase 21% das calorias disponíveis no domicílio. É provável que 
uma participação grande da alimentação fora do domicílio nas faixas de renda mais 
baixa esteja associada aos custos e ao tempo do deslocamento da casa para o trabalho. 
A tabela 5 mostra o balanço calórico (déficit ou superávit) para todas as faixas de 
renda e regiões urbanas da POF, quando se compara a disponibilidade total de calorias 
com a quantidade recomendada pela CEPAL. 
TABELA 5 
Disponibilidade Calórica e seu Déficit (consumo – cesta CEPAL), Segundo Classes de 
Recebimento e Regiões Metropolitanas – 1996 
(Kcal per capita familiar / dia) 
Classes de Recebimento Mensal Familiar (salários mínimos) 
Média Até 2 Mais de 2 a 3 Mais de 3 a 5 Mais de 5 a 6 Mais de 6 a 8 Região Metropo-
litana 
Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
Disp. 
Calór ica 
Balanço 
Calór ico 
Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
Disp. 
Calór ica 
Balanço 
Calórico 
Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
Belém 2 601,5 458,4 2 019,0 -124,1 2 252,1 109,0 2 467,0 323,9 2 376,8 233,7 2 518,7 375,6 
Belo Hor izonte 2 822,6 624,1 1 486,2 -712,3 2 397,8 199,3 2 346,5 148,0 2 492,5 294,0 2 785,7 587,2 
Brasília 3 187,9 1 033,1 1 965,5 -189,3 2 356,2 201,4 2 042,9 -111,9 2 656,6 501,8 2 889,0 734,2 
Curitiba 2 854,3 636,7 2 272,1 54,5 2 337,9 120,3 2 188,2 -29,4 2 791,2 573,6 2 504,5 286,9 
Fortaleza 2 322,8 196,8 1 610,8 -515,2 1 850,1 -275,9 2 135,0 9,0 2 205,8 79,8 2 361,1 235,1 
Porto Alegre 2 501,8 284,2 1 531,8 -685,8 2 282,8 65,2 2 179,0 -38,6 1 799,8 -417,8 2 139,9 -77,7 
Recife 2 312,6 118,3 1 529,8 -664,5 2 020,1 -174,2 2 091,8 -102,5 2 440,1 245,8 2 502,3 308,0 
Rio de Janeiro 2 664,2 450,5 1 296,1 -917,6 1 978,0 -235,7 1 991,4 -222,3 2 260,2 46,5 2 175,9 -37,8 
Salvador 2 443,3 317,3 1 608,4 -517,6 1 938,7 -187,3 2 143,4 17,4 2 275,0 149,0 2 105,8 -20,2 
São Paulo 2 425,1 272,7 1 367,5 -784,9 1 346,8 -805,6 2 072,6 -79,8 2 471,7 319,3 1 970,0 -182,4 
Total das áreas 
(1) 
2 562,4 
436,4 
44,8 
1 577,5 
-548,5 -
640,1 
1 928,2 
-197,8 -
289,4 
2 111,9 
-14,1 -
105,7 
2 343,2 
217,2 
125,6 
2 232,8 
106,8 
15,2 
 
Classes de Recebimento Mensal Familiar (salários mínimos) 
Mais de 8 a 10 Mais de 10 a 15 Mais de 15 a 20 Mais de 20 a 30 Acima de 30 Região 
Metropolitana Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
 Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
 Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
 Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
 Disp. 
Calórica 
Balanço 
Calórico 
Belém 2 749,3 606,2 2 213,8 70,7 2 959,5 816,4 2 988,8 845,7 3 678,4 1 535,3 
Belo Hor izonte 2 750,4 551,9 3 073,3 874,8 2 586,1 387,6 3 232,3 1 033,8 3 737,5 1 539,0 
Brasília 2 743,8 589,0 3 285,6 1 130,89 4 173,0 2 018,2 3 382,0 1 227,2 3 911,4 1 756,6 
Curitiba 2 274,4 56,8 2 773,3 555,7 3 297,7 1 080,1 3 204,4 986,8 3 895,8 1 678,2 
Fortaleza 2 768,6 642,6 2 708,0 582,0 2 570,9 444,9 2 821,8 695,8 3 906,0 1 780,0 
Porto Alegre 2 100,0 -117,6 2 601,6 384,0 3 132,9 915,3 2 597,4 379,8 3 390,1 1 172,5 
Recife 2 332,9 138,6 2 803,3 609,0 2 866,8 672,5 3 006,7 812,4 3 843,7 1 649,4 
Rio de Janeiro 2 515,9 302,2 2 537,7 324,0 2 961,9 748,2 4 112,8 1 899,1 5 398,5 3 184,8 
Salvador 2 642,9 516,9 2 510,5 384,5 3 549,9 1 423,9 3 536,8 1 410,8 4 793,6 2 667,6 
São Paulo 2 022,6 -129,8 2 055,2 -97,2 2 372,5 220,1 3 080,1 927,7 3 520,0 1 367,6 
Total das áreas 
(1) 
2 364,5 
238,5 
146,9 
 2 471,4 
345,4 
253,8 
 2 773,0 
647,0 
555,4 
 3 076,3 
950,3 
858,7 
 3 693,7 
1 567,7 
1 476,1 
Fonte: POF 1995/1996 – IBGE e ENDE/ IBFGE . Elaboração dos autores. 
Nota: (1) Para o total das áreas são apresentados dois valores, pois na inexistência de uma cesta CEPAL com essa abrangência 
decidiu-se estimar o Balanço Calórico tendo por referência as cestas de maior (Porto Alegre) e de menor (Fortaleza) conteúdo 
calórico. 
As estimativas de insuficiência calórica mostram que, em todas regiões metropo-
litanas, exceto Curitiba, ocorre insuficiência de disponibilidade calórica na faixa de 
renda de até dois salários mínimos. Fortaleza, Recife, Salvador e, surpreendentemen-
te, São Paulo e Rio de Janeiro apresentam déficit calórico na faixa de renda de dois a 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 11 
três salários mínimos. Esta última região apresenta déficit até na faixa de três a cinco 
salários mínimos. Outro caso anômalo é o déficit de calorias observado na faixa de 
cinco a seis salários mínimos em Porto Alegre. De fato, o que mais surpreende são os 
déficits calóricos em São Paulo e em Porto Alegre nas faixas intermediárias de renda 
mensal familiar. 
Tudo indica que o déficit calórico observado no Rio de Janeiro está superesti-
mado. O consumo de carne bovina é o menor de todas as regiões metropolitanas da 
POF. O consumo de farinhas e féculas também está abaixo da média das outras regi-
ões. As quantidades desses produtos estão abaixo daquilo que seria esperado, se com-
paradas às de outras regiões de renda per capita semelhante à do Rio de Janeiro. É 
possível que a coleta da POF19 tenha tido dificuldades com as informações referentes 
ao gasto com determinados produtos nessa região urbana. Galleazzi et alii. (1997) 
investigaram a adequação nutricional do consumo alimentar nas cidades de Campi-
nas, de Ouro Preto, de Goiânia e do Rio de Janeiro. Só esta última cidade não apre-
sentou déficit calórico em nenhum estrato de renda em seu estudo, embora na faixa 
de renda mais baixa o consumo calórico esteja próximo do limite mínimo recomen-
dado. De qualquer forma, as estimativas de insuficiência calórica para o Rio de Janei-
ro devem ser avaliadas com cuidado. 
Em Porto Alegre também ocorre o problema de uma queda brusca na quantidade 
comprada de determinados alimentos no estrato de renda de cinco a seis salários míni-
mos. Por exemplo, a quantidade de cereais nessa classe chega a ser 50% menor que na 
classede três a cinco salários mínimos. Provavelmente, também nesse caso, o procedi-
mento de coleta de informação da POF apresenta limitações para captar as quantidades 
de determinados alimentos comprados pelas famílias. De qualquer maneira, é necessá-
rio que se faça uma avaliação mais cuidadosa dos motivos desse achado. 
Mesmo com todas as limitações das informações da POF, as evidências sugerem 
que as famílias de menor renda, principalmente aquelas localizadas no estrato de até 
dois salários mínimos, correm risco de sofrerem uma disponibilidade calórica insufi-
ciente. Isso vale, inclusive, para as famílias pobres localizadas nas regiões metropolita-
nas que apresentam maior renda per capita média, como em São Paulo. Mais ainda: é 
provável que as famílias mais pobres das regiões urbanas mais ricas, paradoxalmente, 
estejam mais sujeitas ao risco de uma disponibilidade calórica inadequada. Isso não 
significa que essas regiões concentrem o percentual de população subnutrida, pois é 
nelas que se localizam as redes de proteção social mais estruturadas e mais efetivas.20 
A tabela 6 fornece mais indicações para entender o paradoxo de São Paulo por 
apresentar um déficit calórico maior que a região metropolitana de Fortaleza. As fa-
mílias de até dois salários mínimos, em Fortaleza, apresentam renda per capita inferior 
às famílias da mesma faixa de renda, moradoras em São Paulo. No entanto, famílias 
paulistas têm um custo de aquisição de caloria cerca de 45% maior do que as de For-
 
19 Para determinados produtos alimentares observa-se uma variabilidade grande de informações dos domicílios de uma 
faixa de renda específica, em razão de características especificas e idiossincráticas dos hábitos alimentares das famílias. 
20 Hoffmann (1998, p. 313), estudando a correlação entre a renda domiciliar e a desnutrição infantil (medida pela pro-
porção de crianças com menos de 5 anos de idade e com altura muito baixa – escore Z), afirma “...que, mesmo de-
pois de descontando o efeito renda, a estatura das crianças tende a ser menor no Norte e no Nordeste (tanto urbano 
como rural). Uma das razões para isso é certamente a maior deficiência de serviços públicos.” 
 
12 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
taleza. O gasto per capita com os produtos da cesta CEPAL, nas quantidades normati-
vas, é também menor em Fortaleza. 
TABELA 6 
Preço por Quilocaloria e por Custo da Cesta CEPAL – 1996 
(em R$ mensais per capita familiar; e em salário mínimo) 
(Preço por Kcal, em R$) (Custo cesta CEPAL) 
Região Metropolitana 
até 2 Média até 2 Média 
Belém 0,00060 0,00073 43,3 45,1 
Belo Horizonte 0,00056 0,00070 35,0 34,9 
Brasília 0,00051 0,00072 38,8 39,6 
Curitiba 0,00055 0,00075 40,1 41,2 
Fortaleza 0,00054 0,00068 37,3 38,3 
Porto Alegre 0,00070 0,00084 40,9 43,7 
Recife 0,00068 0,00076 42,5 43,4 
Rio de Janeiro 0,00062 0,00070 43,5 45,4 
Salvador 0,00066 0,00076 45,9 47,1 
São Paulo 0,00078 0,00098 43,8 45,5 
Fonte: POF 1995/1996 – IBGE , CEPAL 1989 e Preços INPC-A de setembro de 1996. Elaboração dos Autores. 
Um outro contraste pode ser feito em relação a Salvador. Nessa região o custo 
per capita da cesta normativa da CEPAL chega ser maior que o observado em São Pau-
lo. Entretanto, o preço da caloria, calculado a partir do gasto observado na POF, é 
menor em Salvador que o das famílias de São Paulo. As famílias de baixa renda de 
Salvador alocam seus recursos na compra de produtos alimentares mais baratos e, por 
isso, obtêm um menor preço por caloria. Em termos nutricionais isto se traduz em 
um menor déficit calórico. 
Em contraposição, as famílias paulistanas enfrentam um dos maiores custos dos 
produtos da cesta CEPAL e alocam seus recursos na compra de produtos alimentares 
mais caros. Por essas razões, seu custo de calorias é o mais alto do país e seu déficit 
calórico é um dos maiores entre todas regiões metropolitanas da POF. Altos déficits 
calóricos também são observados em Belo Horizonte e em Porto Alegre.21 
Esta evidência sugere que as famílias paulistanas emulam o comportamento de 
gastos com alimentos das famílias mais ricas. Se isso for correto, a mensagem para as 
políticas públicas de segurança alimentar é clara: garantir renda para a compra da 
quantidade recomendada de uma cesta normativa pode não ser suficiente para garan-
tir uma condição nutricional saudável. As famílias mais pobres são expostas a propa-
gandas que reforçam a tendência à aquisição de produtos mais caros, o que reflete o 
padrão de consumo das famílias mais ricas. Não se deve esquecer, de outra parte, que 
em São Paulo a alimentação institucional, isto é, aquela fornecida pelas escolas e pelas 
empresas, é de grande importância, não estando plenamente coberta pela pesquisa. 
Além disso, as despesas com alimentação fora do domicílio têm, nessa região, uma 
participação bem superior ao observado nas outras áreas, estando estas despesas pro-
vavelmente subestimadas nos dados da POF. 
 
21 Menezes (1999) identificou diferenciais significativos no custo de vida entre as regiões metropolitanas cobertas pela 
POF. São Paulo e Rio de Janeiro seriam as áreas de maior custo de vida. Porto Alegre e Curitiba apresentam um custo 
de vida na media de todas essas regiões. Belém, Fortaleza e Belo Horizonte são as de custo mais reduzido. 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 13 
4 ESTIMATIVAS DE INSUFICIÊNCIA DE GASTO ALIMENTAR 
FAMILIAR PER CAPITA: RESULTADOS PARA AS GRANDES 
REGIÕES URBANAS BRASILEIRAS, 1995/1996 
Inicialmente as estimativas de insuficiência do gasto alimentar foram obtidas com-
parando-se o dispêndio observado das famílias com um conjunto de alimentos sele-
cionados, informado pela POF-1995/1996, com os custos desses alimentos nas 
quantidades prescritas pela CEPAL. Estimou-se, portanto, a insuficiência de renda 
dessas famílias para atingir um montante de dispêndio com alimentação considera-
do adequado em termos de saúde – calorias, proteínas e outros nutrientes – e dos 
seus hábitos de consumo. 
A tabela 7 mostra os recebimentos, os gastos e o custo da cesta CEPAL para a clas-
se de renda de até dois salários mínimos em todas as regiões metropolitanas da POF. 
Selecionou-se, inicialmente, a classe de ganhos de até dois salários mínimos, pois essa 
classe, como seria de se esperar, é aquela com maior insuficiência de renda para garan-
tir um nível de dispêndio alimentar adequado do ponto de vista nutricional. Todos os 
valores estão em médias mensais. 
Os menores rendimentos familiares per capita para o total de estratos de renda e 
para o de até dois salários mínimos são observados nas regiões metropolitanas localiza-
das no Norte e no Nordeste. Salvador apresenta uma renda média familiar per capita 
maior que Recife e Fortaleza. No entanto, quando se considera tal renda no estrato de 
até dois salários mínimos, as famílias de Salvador são aquelas que apresentam menor 
recebimento. As famílias do Rio de Janeiro, de Curitiba, de São Paulo, de Porto Alegre 
e de Belo Horizonte são aquelas, inclusive no estrato de até dois salários mínimos, que 
têm melhor condição de renda e, portanto, menor restrição na aquisição de alimentos. 
Para avaliar a capacidade de aquisição alimentar das famílias é preciso considerar 
não somente o nível absoluto de sua renda, mas também os custos desses produtos22. 
Foi calculado o custo dos produtos da cesta CEPAL nas quantidades recomendadas 
para a média do total dos estratos de renda e para o de até dois salários mínimos. As 
famílias de menor renda estão conseguindo comprar os alimentos da cesta mais bara-
tos que a média das outras famílias. A única exceção ocorre em Belo Horizonte. 
Todas essas informações permitem avaliar quais são as famílias com maior risco 
nutricional do ponto de vista da insuficiênciade renda. 
Quando se considera a média do gasto alimentar domiciliar per capita – produ-
tos da cesta CEPAL e outros – para o conjunto das famílias das regiões metropolitanas 
da POF, observa-se que, na maioria dos casos, o gasto supera o custo da cesta CEPAL. 
As famílias, na média, têm capacidade de gasto suficiente para compra de uma lista de 
produtos e suas respectivas quantidades, que garantem o nível calórico adequado. Há 
apenas três casos nos quais o gasto domiciliar total com alimentos das famílias é um 
pouco inferior ao custo da cesta CEPAL. Isso ocorre no Rio de Janeiro, em Salvador e 
em Fortaleza. No entanto, quando se computam os dispêndios com alimentos fora do 
 
22 O ideal seria também considerar o custo de outros bens essenciais para a família, como, por exemplo, moradia e 
transporte. Isso está implícito no fato de que a famílias não gastam toda sua renda em alimentos, como mostra a ta-
bela 3. 
 
14 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
domicílio, as famílias de todas as regiões metropolitanas da POF, em média, apresen-
tam gastos com alimentos superiores ao custo da cesta CEPAL. 
TABELA 7 
Recebimentos, Gasto com Alimentação e Custo da Cesta CEPAL 
(Em Reais mensais familiar per capita; e em salário mínimo) 
Recebimento Gasto Alimentar Custo Cesta CEPAL 
Domicílio Fora Domicílio 
Região 
Metropolitana Média Até 2 
Média Até 2 Média Até 2 
Média Até 2 
Belém 286,29 49,09 46,95 33,49 11,02 3,89 45,14 43,33 
Belo Horizonte 420,08 53,08 46,19 22,24 17,14 3,81 34,88 35,01 
Brasília 567,45 46,20 56,70 28,53 19,15 4,56 39,64 38,85 
Curitiba 484,51 58,97 56,94 36,88 15,92 1,11 41,17 40,07 
Fortaleza 243,63 39,24 37,10 23,62 11,68 2,92 38,31 37,30 
Porto Alegre 516,45 56,49 51,75 31,15 16,99 2,59 43,67 40,94 
Recife 243,42 39,95 44,39 27,23 10,84 3,18 43,40 42,47 
Rio de Janeiro 437,08 61,77 43,18 22,47 17,33 3,21 45,45 43,54 
Salvador 269,10 38,67 44,68 27,46 13,31 4,78 47,12 45,91 
São Paulo 523,15 57,62 62,43 31,60 21,42 5,61 45,46 43,85 
Total das áreas 442,24 50,03 49,24 26,47 16,72 3,74 nd nd 
Fonte: POF/ IBGE – 1996. 
O risco de as famílias não terem capacidade de arcar com o custo da cesta CEPAL, 
como não poderia deixar de ser, encontra-se localizado nos estratos de menor renda. 
As famílias com ganhos de até dois salários mínimos, em todas regiões metropolita-
nas, não apresentam capacidade de gasto suficiente para cobrir o custo dessa cesta. As 
famílias desse estrato, mesmo aquelas que utilizassem todo seu gasto alimentar para 
adquirir, estritamente, os produtos da cesta CEPAL, não conseguiriam comprar as 
quantidades necessárias para atender às necessidades calóricas adequadas do ponto de 
vista nutricional. 
A tabela 8 permite avaliar melhor, quais são e, onde se localizam, as famílias que 
apresentam maior risco de não atingir o requerimento calórico adequado em termos 
de gasto. Isso foi feito comparando o total do gasto alimentar familiar per capita – 
gasto domiciliar com os produtos CEPAL com outros produtos, bem como o realizado 
fora do domicílio – com o custo da cesta CEPAL. 
A tabela 8 confirma que o maior risco alimentar, quando avaliado pela insufici-
ência de gasto com alimentos é enfrentado pelas famílias situadas no estrato de renda 
de até dois salários mínimos mensais. 
Fortaleza, Recife, Salvador e, marginalmente, Belém e São Paulo apresentam fa-
mílias com insuficiência de gasto alimentar em estratos de renda superior a dois salá-
rios mínimos. Rio de Janeiro também se encontra nessa situação. Entretanto, é neces-
sário qualificar esse resultado, pois, nesse Estado, as informações da POF, como já 
comentado, apontam para um consumo médio reduzido de determinados produtos 
alimentares nas faixas de renda mais baixas, quando comparado com as famílias das 
mesmas faixas de renda de outras regiões metropolitanas, com renda média per capita 
semelhante. De qualquer forma, outras evidências indicam que está superestimada a 
insuficiência do gasto alimentar no Rio de Janeiro. 
Outro aspecto importante é que, pela ótica dos gastos, as famílias das regiões 
metropolitanas com menor renda per capita do país – Fortaleza, Recife e Salvador – 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 15 
apresentam os maiores déficits, em valores monetários, entre todas regiões da POF. No 
entanto, quando se avalia considerando-se a disponibilidade de calorias, essas metró-
poles encontram-se em melhor situação que São Paulo, uma cidade mais rica. A con-
clusão é que a renda é uma variável que, em média, reflete a capacidade de as famílias 
terem uma situação nutricional adequada. Mas há situações em que isso pode não ser 
verdade. É preciso cuidado ao utilizar a variável renda para avaliar a condição nutri-
cional de uma população específica. 
TABELA 8 
Insuficiência de Gasto Total com Alimentos Versus Custo da Cesta CEPAL 
(Em reais mensais per capita familiar; e em salário mínimo) 
Região 
Metropolitana Média Até 2 2-3 3-5 5-6 6-8 8-10 10-15 15-20 20-30 + 30 
Belém 12,83 -5,95 -1,86 4,08 3,71 8,91 15,68 8,35 26,32 32,13 62,73 
Belo Horizonte 28,45 -8,96 9,15 6,68 12,09 19,13 26,79 30,49 41,84 60,49 78,42 
Brasília 36,22 -5,76 10,01 2,69 14,86 18,10 25,64 36,44 43,28 50,03 82,45 
Curitiba 31,68 -2,08 4,93 7,00 18,18 14,76 14,46 33,82 41,77 54,96 89,70 
Fortaleza 10,47 -10,76 -2,99 3,06 3,50 12,78 22,41 22,55 25,58 34,04 61,43 
Porto Alegre 25,07 -7,20 5,31 4,08 1,63 13,40 10,66 26,97 41,68 52,99 76,53 
Recife 11,84 -12,05 -2,85 1,12 13,06 14,20 9,95 27,95 27,98 50,28 95,40 
Rio de Janeiro 15,06 -17,86 -5,05 -2,47 -2,67 2,71 13,93 14,98 34,92 52,92 87,51 
Salvador 10,87 -13,67 -6,22 -0,32 2,26 3,03 16,88 16,92 47,32 49,13 91,88 
São Paulo 38,39 -6,64 -0,95 2,89 14,76 23,39 15,52 27,48 31,43 85,61 110,24 
31,08 -4,80 5,98 8,12 14,21 19,73 22,49 30,74 40,32 68,05 95,70 
Total das áreas (1) 
18,84 -15,70 -6,70 -3,38 2,12 8,07 11,22 17,50 27,25 54,13 82,01 
Fonte: POF/ IBGE – 1996. 
Nota: (1) Para o total das áreas são apresentados dois valores, pois na inexistência de uma cesta CEPAL com essa abrangência 
foram considerados os valores máximos e mínimos da cesta CEPAL entre as regiões metropolitanas, sendo que, para todas as 
faixas de renda, os maiores valores ocorreram em Salvador e os menores em Belo Horizonte. 
5 CONCLUSÕES 
As estimativas mostram, em diferentes graus, que as famílias com ganhos de até dois 
salários mínimos, da maioria das regiões metropolitanas da POF, sofrem de insuficiên-
cia de disponibilidade calórica per capita. Isso só não ocorre em Curitiba. 
A evidência obtida mostrou, também, que as regiões metropolitanas com menor 
renda per capita não necessariamente vão apresentar a maior insuficiência de disponi-
bilidade calórica. As regiões metropolitanas de Fortaleza, de Recife e de Salvador 
apresentam um déficit de disponibilidade calórica menor que o de São Paulo. Aparen-
temente, existe em São Paulo um processo mais intenso de emulação dos padrões de 
consumo alimentar das camadas mais ricas da população, mas é preciso investigar 
melhor as razões que determinam esse comportamento. 
Em relação à insuficiência do gasto familiar per capita, identificou-se, em todas 
as regiões metropolitanas da POF, que as famílias do estrato de renda de até dois salá-
rios mínimos estão sujeitas ao risco de não comprar alimentos na quantidade suficien-
te para suprir a quantidade recomendada de calorias. Essa insuficiência é mais severa 
em termos absolutos, particularmente em Salvador, em Recife, em Fortaleza e no Rio 
de Janeiro. Esse resultado contrasta com o obtido quando se avalia pela ótica da 
disponibilidade calórica. Isso decorre da diferença de preço da quilocaloria e da 
composição dos produtos na dieta das famílias entre as regiões metropolitanas. Nessas 
 
16 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
regiões,também observou-se que as famílias classificadas em outros estratos de renda 
apresentam risco de ter uma disponibilidade calórica insuficiente. 
Os resultados que merecem uma investigação mais cuidadosa foram encontrados 
no caso da região metropolitana do Rio de Janeiro. Existem poucas indicações a cor-
roborar o grau de insuficiência de gasto alimentar encontrado nessa região, a partir 
das informações da POF/IBGE. 
Por fim, a evidência obtida mostra que uma parcela expressiva da população urba-
na brasileira, na qual concentram-se as maiores rendas do país23, corre o risco de não ter 
acesso a uma alimentação adequada, mesmo existindo diferenças sobre quais são as 
regiões metropolitanas de maior risco nutricional, quando se utiliza o critério de dispo-
nibilidade calórica ou o de insuficiência de renda. Surpreendentemente, não há indica-
ções de que as populações com risco nutricional estejam vivendo uma situação de fome 
endêmica. Uma explicação plausível, a qual deve ser melhor investigada, é a existência 
de redes de proteção sociais privadas, comunitarias e públicas que estão assegurando o 
acesso à alimentação a um importante contingente dessa população de risco. 
Pesquisa recente de Peliano e Beghin (2000) colabora com essa explicação. Os 
resultados obtidos por essas autoras mostram que as atividades com alimentação e 
com abastecimento representavam a segunda modalidade de ação social mais pratica-
das pelas empresas nas três regiões pesquisadas: Sudeste, Nordeste e Sul. Particular-
mente, na região Sudeste, cerca de 67% das empresas praticam alguma ação social. 
O gasto da ação social das empresas situava-se em torno de R$ 3,5 bilhões. Isso 
ajuda a explicar o fato de a baixa disponibilidade calórica verificada em São Paulo 
não se traduzir em uma situação de fome endêmica na população de menor renda 
dessa região metropolitana. 
 
23 Deve ser lembrado que os dados da POF são referentes ao ano de 1996, onde os impactos distributivos do Plano Real 
eram significativos. 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 17 
ANEXOS 
ANEXO 1 
Relação dos Alimentos que Compõem a Cesta CEPAL 
Alimentos 
Açúcar 
Arroz 
Banana 
Batata 
Café e similares 
Carne 
Carne de porco 
Cebola 
Couve e repolho 
Embutidos e enlatados 
Farinha de mandioca 
Farinha de trigo 
Feijão 
Frango e galinha 
Gordura de porco 
Laranja e limão 
Leite fresco 
Leite Industrializado 
Macarrão 
Mandioca 
Margarina 
Milho 
Óleos e azeites 
Outras carnes 
Outras frutas 
Outras hortaliças 
Ovos 
Pão e biscoitos 
Peixe 
Queijo e similares 
Refrigerantes 
Temperos 
Tomate 
 
 
18 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
ANEXO 2 
Comparação entre o Custo da Cesta CEPAL e o da Linha de Indigência de ARIAS 
(R$ de setembro de 1996) 
Região Metropolitana Cesta CEPAL ARIAS CEPAL x ARIAS Ordem CEPAL Ordem ARIAS 
Porto Alegre 43,7 55,2 -20,9% 5 1 
Recife 43,4 51,6 -15,9% 6 2 
São Paulo 45,5 49,8 -8,7% 2 3 
Rio de Janeiro 45,5 49,5 -8,2% 3 4 
Salvador 47,1 48,6 -3,0% 1 5 
Curitiba 41,2 45,6 -9,7% 7 6 
Belém 45,1 44,1 2,4% 4 7 
Brasília 39,6 42,9 -7,6% 8 8 
Fortaleza 38,3 39,3 -2,5% 9 9 
Belo Horizonte 34,9 38,7 -9,9% 10 10 
Fonte: CEPAL (1989), INPC-A e ARIAS (1999). 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 19 
ANEXO 3 
QUADRO 
Grupos, Subgrupos e Itens Alimentares do Consumo Físico da POF – Fonte e Método de 
Cálculo do Conteúdo Calórico, Classificação na Pesquisa e Presença na Cesta CEPAL 
Grupos, Subgrupos e Produtos Calorias (100g) Fonte do Conteúdo Calórico Classificação POF CEPAL 
Cereais e leguminosas Média segundo consumo Grupo 
Cereais Média segundo consumo Subgrupo 
Arroz integral 357,0 ENDEF Item * 
Arroz polido 364,0 ENDEF Item * 
Milho seco 361,0 ENDEF Item * 
Outros cereais 360,7 Média arroz e milho Item 
Leguminosas Média segundo consumo Subgrupo 
Feijão – fradinho 341,0 ENDEF Item * 
Feijão – jalo 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Feijão – manteiga 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Feijão - mulatinho 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Feijão - preto 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Feijão - rajado 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Feijão - roxo 337,0 Feijão grão seco (ENDEF) Item * 
Outras leguminosas 337,6 Média feijões Item 
Hortaliças Média segundo consumo Grupo 
Hortaliças folhosas e florais Média segundo consumo Subgrupo 
Agrião 22,0 ENDEF Item * 
Alface 15,0 ENDEF Item * 
Cheiro-verde 36,0 ENDEF Item * 
Couve 40,0 ENDEF Item * 
Couve-flor 33,0 ENDEF Item * 
Repolho fresco 28,0 ENDEF Item * 
Outras hortaliças folhosas e florais 29,0 Média agrião, alface, cheiro-
verde, couve, couve-flor e repo-
lho 
Item * 
Hortaliças frutosas Média segundo consumo Subgrupo 
Abóbora comum 40,0 ENDEF Item * 
Abobrinha 24,0 ENDEF Item * 
Berinjela 27,0 ENDEF Item * 
Chuchu 31,0 ENDEF Item * 
Jiló 38,0 ENDEF Item * 
Pepino fresco 15,0 ENDEF Item * 
Pimentão 48,0 ENDEF Item * 
Quiabo 36,0 ENDEF Item * 
Tomate 21,0 ENDEF Item * 
Vagem 36,0 ENDEF Item * 
Outras hortaliças frutosas 31,6 Média abóbora comum, abobri-
nha, berinjela, chuchu, jiló, 
pepino fresco, pimentão, quia-
bo, tomate e vagem 
Item * 
Hortaliças tuberosas e outras Média segundo consumo Subgrupo 
Alho 134,0 ENDEF Item * 
Batata-doce 116,0 ENDEF Item * 
Batata-inglesa 75,0 ENDEF Item 
Beterraba 42,0 ENDEF Item * 
Cebola fresca 39,0 ENDEF Item * 
Cenoura 42,0 ENDEF Item * 
Inhame 102,0 ENDEF Item * 
Continua... 
 
20 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
Continuação 
Grupos, Subgrupos e Produtos Calorias (100g) Fonte do Conteúdo Calórico Classificação POF CEPAL 
Mandioca 149,0 ENDEF Item * 
Outras hortaliças tuberosas e outras 99,9 Média alho, batata-doce, bata-
ta-inglesa, beterraba, cebola 
fresca, cenoura, inhame e man-
dioca 
Item * 
Frutas Média segundo consumo Grupo 
Frutas de clima tropical Média segundo consumo Subgrupo 
Abacate 162,0 ENDEF Item * 
Abacaxi 52,0 ENDEF Item * 
Banana - d’água 87,0 ENDEF Item * 
Banana - maçã 100,0 ENDEF Item * 
Banana - prata 89,0 ENDEF Item * 
Laranja - baía 42,0 (ENDEF) Item * 
Laranja - lima 32,0 ENDEF Item * 
Laranja - pêra 42,0 Laranja – baía (ENDEF) Item * 
Laranja - seleta 42,0 Laranja – baía (ENDEF) Item * 
Limão comum 27,0 ENDEF Item * 
Mamão 32,0 ENDEF Item * 
Manga 59,0 ENDEF Item * 
Maracujá 90,0 ENDEF Item * 
Melancia 22,0 ENDEF Item * 
Melão 25,0 ENDEF Item * 
Tangerina 43,0 ENDEF Item * 
Outras frutas de clima tropical 59,1 Média abacate, abacaxi, banana 
- d’água, banana - maçã, bana-
na prata, laranja-baía, laranja - 
lima, laranja - pêra, laranja - 
seleta, limão comum, mamão, 
manga, maracujá, melancia, 
melão e tangerina 
Item * 
Frutas de clima temperado Média segundo consumo Subgrupo * 
Caqui 78,0 ENDEF Item 
Maçã 58,0 ENDEF Item 
Pêra 56,0 ENDEF Item 
Uva 68,0 ENDEF Item 
Outras frutas de clima temperado 65,0 Média caqui, maçã, pêra e uva Item 
Cocos, castanhas e nozes Média segundo consumo Grupo 
Cocos Média segundo consumo Subgrupo 
Coco - açaí em pasta 313,0 ENDEF Item 
Coco-da-baía 296,0 ENDEF Item 
Outros cocos 304,5 Média coco – açaí em pasta e 
coco-da-baía 
Item 
Castanhas e nozes (subgrupo) Média segundo consumo Subgrupo 
Castanhas e nozes (subitem) Média segundo consumo Item 
Farinhas, féculas e massas Média segundo consumo Grupo 
Farinhas Média segundo consumo Subgrupo 
Farinha de mandioca 354,0 ENDEF Item * 
Farinha de rosca 412,0 ENDEF Item 
Farinha de trigo 365,0 ENDEF Item * 
Farinha vitaminada 424,0 ENDEF Item 
Outras farinhas 388,8 Média farinha de mandioca, 
farinha de rosca, farinha de trigo 
e farinha vitaminada 
Item 
Féculas Média segundo consumo Subgrupo 
Amido de milho 361,0 ENDEFItem 
Continua... 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 21 
Continuação 
Grupos, Subgrupos e Produtos Calorias (100g) Fonte do Conteúdo Calórico Classificação POF CEPAL 
Creme de milho 120,0 ENDEF Item 
Fécula de mandioca 109,0 ENDEF Item 
Flocos de cereal 385,0 ENDEF Item 
Flocos de milho 386,0 ENDEF Item 
Fubá de milho 354,0 ENDEF Item 
Outras féculas 285,8 Média amido de milho, creme de 
milho, féculas de mandioca, 
flocos de cereal, flocos de milho 
e fubá de milho 
Item 
Massas Média segundo consumo Subgrupo 
Macarrão com ovo 388,0 ENDEF Item * 
Macarrão sem ovo 369,0 ENDEF Item * 
Massa para pastel 241,0 ENDEF Item 
Outras massas 332,7 Média macarrão com ovo, 
macarrão sem ovo e massa para 
pastel 
Item 
Panificados Média segundo consumo Grupo 
Pães Média segundo consumo Subgrupo * 
Pão de forma industrializado 298,0 ENDEF Item 
Pão doce 274,0 ENDEF Item 
Pão francês 269,0 ENDEF Item 
Outros pães 280,3 Média pão de forma industriali-
zado, pão doce e pão francês 
Item 
Bolos Média segundo consumo Subgrupo 
Bolo de trigo 339,0 ENDEF Item 
Outros bolos 339,0 Média de bolo de trigo Item 
Biscoitos, roscas, etc. Média segundo consumo Subgrupo * 
Biscoito doce 407,0 ENDEF Item 
Biscoito salgado 435,0 ENDEF Item 
Outros biscoitos, roscas, etc. 421,0 Média biscoito doce e biscoito 
salgado 
Item 
Carnes Média segundo consumo Grupo 
Carnes bovinas de primeira Média segundo consumo Subgrupo * 
Alcatra 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carne moída de primeira 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carne não especificada de primeira 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Chã-de-dentro 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Contrafilé 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Filé e filé mignon 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Lagarto comum 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Lagarto redondo 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Patinho 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carnes bovinas de segunda 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Subgrupo * 
Acém 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carne moída de segunda 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carne não especificada de segunda 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Costela bovina 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Músculo 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Pá 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Peito 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Outras carnes bovinas de segunda 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Carnes bovinas outras Média segundo consumo Subgrupo * 
Carne-seca 441,0 ENDEF Item 
Outras carnes bovinas 146,0 Carne bovina magra (ENDEF) Item 
Continua... 
 
22 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
Continuação 
Grupos, Subgrupos e Produtos Calorias (100g) Fonte do Conteúdo Calórico Classificação POF CEPAL 
Carnes suínas com osso e sem osso Média segundo consumo Subgrupo * 
Carré 317,0 ENDEF Item 
Costela suína 220,5 Média porco, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item 
Lombo 220,5 Média porco, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item 
Pernil 220,5 Média porco, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item 
Toucinho 276,0 Porco, carne gorda (ENDEF) Item 
Outras carnes suínas com osso e sem 
osso 
284,2 Média carré e porco, Carne 
gorda e magra 
Item 
Carnes suínas outras Média segundo consumo Subgrupo 
Mortadela 277,0 ENDEF Item * 
Presunto 281,0 ENDEF Item * 
Salsicha 296,0 ENDEF Item * 
Outras carnes suínas 284,7 Média mortadela, presunto, 
salsicha 
Item * 
Carnes de outros animais 304,0 Lingüiça (ENDEF) Subgrupo 
Lingüiça 304,0 (ENDEF) Item * 
Outras carnes de outros animais 304,0 Média Carne de outros animais 
e lingüiça 
Item * 
Vísceras Média segundo consumo Grupo * 
Vísceras bovinas Média segundo consumo Subgrupo 
Fígado 136,0 ENDEF Item 
Outras vísceras bovinas 240,0 ENDEF Item 
Vísceras suínas (subgrupo) Média segundo consumo Subgrupo 
Vísceras suínas (subitem) Média segundo consumo Item 
Outras vísceras (subgrupo) Média segundo consumo Subgrupo 
Outras vísceras (subitem) Média segundo consumo Item 
Pescados Média segundo consumo Grupo * 
Pescados de água salgada Média segundo consumo Subgrupo 
Bacalhau 130,0 ENDEF Item 
Camarão fresco 362,0 ENDEF Item 
Corvina fresca 100,0 ENDEF Item 
Pescada fresca 97,0 (ENDEF) Item 
Pescada em filé fresco 97,0 Pescada fresca (ENDEF) Item 
Pescadinha fresca 97,0 Pescada fresca (ENDEF) Item 
Sardinha em conserva 173,0 ENDEF Item 
Sardinha fresca 124,0 ENDEF Item 
Outros pescados de água salgada 147,5 Média bacalhau, camarão 
fresco, corvina fresca, pescada 
fresca, pescada em filé fresca, 
pescadinha fresca, sardinha em 
conserva, sardinha fresca 
Item 
Pescados de água doce (subgrupo) Média segundo consumo Subgrupo 
Pescados de água doce (subitem) Média segundo consumo Item 
Aves e ovos Média segundo consumo Grupo 
Aves Média segundo consumo Subgrupo 
Asa de galinha 124,0 ENDEF Item * 
Carne não especificada de galinha 185,0 Média galinha, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item * 
Coxa de galinha 185,0 Média galinha, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item * 
Frango abatido 185,0 Média galinha, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item * 
Continua... 
 
ipea texto para discussão | 884 | jun 2002 23 
Continuação 
Grupos, Subgrupos e Produtos Calorias (100g) Fonte do Conteúdo Calórico Classificação POF CEPAL 
Frango vivo 185,0 Média galinha, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item * 
Peito de galinha 185,0 Média galinha, carne gorda e 
magra (ENDEF) 
Item * 
Outras aves 174,8 Média de assa de galinha e 
carne de galinha gorda 
Item 
Ovos 163,0 Média ovos, ovo de galinha Subgrupo 
Ovo de galinha 163,0 ENDEF Item * 
Outros ovos 163,0 Ovo de galinha (ENDEF) Item 
Laticínios Média segundo consumo Grupo 
Leite e creme de leite Média segundo consumo Subgrupo 
Creme de leite em conserva 321,0 Leite condensado (ENDEF) Item 
Leite condensado 321,0 Leite condensado (ENDEF) Item 
Leite de vaca fresco 63,0 ENDEF Item * 
Leite de vaca pasteurizado 61,0 ENDEF Item * 
Leite em pó integral 502,0 ENDEF Item * 
Outros leites e cremes de leite 253,6 Média creme de leite em conser-
va, leite condensado, leite de 
vaca fresco, leite de vaca pas-
teurizado, leite em pó integral 
Item 
Queijos e requeijão Média segundo consumo Subgrupo * 
Queijo minas 299,0 ENDEF Item 
Queijo mussarela 393,0 ENDEF Item 
Queijo prato 392,0 ENDEF Item 
Requeijão 288,0 ENDEF Item 
Outros queijos 343,0 Média queijo minas, queijo 
mussarela, queijo prato, requei-
jão 
Item 
Outros laticínios (subgrupo) Média segundo consumo Subgrupo * 
Iogurte 76,0 ENDEF Item 
Manteiga 743,0 ENDEF Item 
Outros laticínios (subitem) Média segundo consumo Item 
Açúcares e produtos de confeitaria Média segundo consumo Grupo 
Açúcares Média segundo consumo Subgrupo 
Açúcar cristal 356,0 ENDEF Item * 
Açúcar refinado 385,0 ENDEF Item * 
Outros açúcares 370,5 Média açúcar cristal, açúcar 
refinado 
Item 
Doces e derivados Média segundo consumo Subgrupo 
Bombom 406,0 Doces diversos (ENDEF) Item 
Chiclete 371,0 ENDEF Item 
Doce a base de leite 406,0 Doces diversos (ENDEF) Item 
Doce de fruta em calda 406,0 Doces diversos (ENDEF) Item 
Doce de fruta em pasta 406,0 Doces diversos (ENDEF) Item 
Sorvete 175,0 ENDEF Item 
Outros doces e derivados 361,7 Média bombom, chiclete, doce a 
base de leite, doce de fruta em 
calda, doce de fruta em pasta, 
sorvete 
Item 
Outros açúcares e produtos de confei-
taria (subgrupo) 
 Média segundo consumo Subgrupo 
Chocolate em pó 362,0 ENDEF Item 
Outros açúcares e produtos de confei-
taria (subitem) 
 Média segundo consumo Item 
Sais e condimentos Média segundo consumo Grupo * 
Continua... 
 
24 texto para discussão | 884 | jun 2002 ipea 
Continuação

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes