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A qualificação profissional um estudo de competência

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
João Figueiredo 
MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
Eduardo Portella 
SECRETÁRIA DA 
SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS 
Zilmo Gomes Parente de Sarros 
PRESIDENTE DO CONSELHO 
TÉCNICO ADMINISTRATIVO 
Evaldil Carlos Brunharo 
DIRETOR EXECUTIVO 
Pedro Caram Zuquim 
CENTRO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL 
PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL - CENAFOR - 1 9 7 9 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
CENTRO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DE 
PESSOAL PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL - CENAFOR 
«PRÊMIO CENAFOR 1979» 
A qualificação profissional: 
um estudo de competência 
CORA BASTOS DE FREITAS RACHID 
Monografia vencedora 
1º Concurso Nacional de 
Monografia sobre 
Formação Profissional. 
São Paulo 
1979 
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA 
RACHID, Cora Bastos de Freitas. A qualificação profissional: 
um estudo de competência. Sao Paulo, CENAFOR, 1979.112 p. 
(Prêmio CENAFOR, 1) "Prêmio CENAFOR 1979" Monografia ven 
cedora do 1º Concurso Nacional de Monografia sobre Formação 
Profissional promovido pelo CENAFOR. 
- CATALOGAÇÃO NA FONTE: DPD/SIEFOR -
RACHID, Cora Bastos de Freitas 
A qualificação profissional: um estudo de competência. Sao 
Paulo, CENAFOR, 1979. 
112 p. (Prêmio CENAFOR, 1) 
"Prêmio CENAFOR 1979". Monografia vencedora do 19 Concurso 
Nacional de Monografias sobre Formação Profissional promovi 
do pelo CENAFOR. 
1. Formação profissional. I. Titulo. 
CDU 377 
As opiniões contidas '•na presente monografia são as da autora, 
nao refletindo, necessariamente,a política oficial do CENAFOR. 
\ 
Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal 
para a Formação Profissional - CENAFOR - 1979 
A criação do CENAFOR através do Decreto Lei 616 de 
09 de junho de 1969 reflete de maneira especial a 
antevisão dos seus idealizadores quanto ã 
importância do papel da Formação Profissional no 
Brasil. 0 SENAI, o SENAC, o antigo Departamento de 
Ensino Industrial do MEC, a colaboração do PNUD, ao 
proporem a criação do CENAFOR, talvez mais que para 
atender a necessidades específicas da época, já 
dimensionavam o significado crescente que teria a 
Formação Profissional para o Brasil e a 
necessidade de se poder contar com um órgão de 
apoio especificamente destinado à Capacitação de 
Recursos Humanos necessários. 
Pode-se dizer que o surgimento da Lei 5692/71 
propondo o ensino profissionalizante para todo o 
sistema de ensino de 2º grau, bem como a Lei 
629 7/75 e a criação em 1976 do Conselho Federal de 
Mão de Obra, consubstanciaram passos novos na 
definição do papel e da urgência atribuídos à 
Formação Profissional do País. Esses passos novos, 
no entanto, já encontraram o CENAFOR procurando 
junto ao SENAI, junto ao SENAC,ao PIPMO, as Escolas 
Técnicas Federais, e mais tarde ao ensino 
profissionalizante de 2º grau e o SENAR, caminhos e 
alternativas para o também crescente 
desenvolvimento da Formação Profissional na década 
de 70. 
Ao longo dos dez anos,desde sua criação, o CENAFOR 
se propôs junto aos diversos órgãos e instituições 
APRESENTAÇÃO 
de Formação Profissional, quer aqueles mais ligados 
ao Ministério da Educação e Cultura quer aqueles 
mais ligados ao Ministério do Trabalho, 
desempenhar, entre outras funções, a de órgão também 
canalizador e estimulador de estudos e reflexões 
sobre a Formação Profissional. 
Ao se instituir em 1978 o Prêmio CENAFOR de 
Monografia sobre Formação Profissional, entendeu o 
CENAFOR que a discussão, a reflexão e a pesquisa no 
campo da Formação Profissional haviam chegado a um 
ponto de amadurecimento no Brasil que poderia se 
fazer refletir no engajamento de crescente número 
de estudiosos na produção e divulgação do tema da 
Formação Profissional. 
Quando do lançamento do Concurso, em junho de 19 78, 
o CENAFOR justificava tal medida dizendo que ele se 
destinava a todos aqueles que atuam na área da 
Formação Profissional no País, bem como "abria as 
portas para a divulgação de experiências e 
reflexões de pessoas que trabalham na área" 
visando "favorecer a circulação de idéias e de 
experiências, na medida em que colocará à 
disposição de técnicos e organizações voltadas para 
a Capacitação de Recursos Humanos, trabalhos 
inéditos sobre o assunto". 
Assim, o estímulo ã produção de trabalhos técnico-
científicos na área seria uma saudável maneira de 
se contribuir reflexivamente em benefício da 
própria Formação Profissional no Brasil. 
Lançado o 19 Concurso Nacional de Monografias sobre 
Formação Profissional, o CENAFOR teve a 
satisfação de constatar que respondia com sua 
iniciativa a necessidades verdadeiramente 
importantes, dada a repercussão do mesmo, sendo 
procurado por inúmeros interessados professores, 
alunos, especialistas e profissionais - que se 
propunham inscrever trabalhos em que pudessem 
divulgar suas experiências e dar vazão a suas 
preocupações relativas ao tema. 
0 número significativo de monografias inscritas pode 
ser visto como uma validação de um dos objetivos 
declarados da própria instituição, embasado em seus 
Estatutos: "organizar e divulgar documentação 
técnica e pedagógica relacionada com a Formação 
Profissional". 
A Comissão Julgadora designada pelo Senhor Ministro 
da Educação e Cultura, por outro lado, representou 
mais um aspecto positivo para a nova experiência 
do CENAFOR, pois reuniu pessoas que não só por si 
mas por representantes das instituições a que 
pertencem configuram as bases sobre as quais 
repousam o pensamento e a ação de Formação 
Profissional no País, isto é, o SENAI, na pessoa 
do seu Diretor Geral, Saulo Diniz Swerts, o SENAC 
na pessoa do seu Diretor Geral, Maurício de 
Magalhães Carvalho e o Conselheiro do Conselho 
Federal de Educação, Paulo Nathanael Pereira de 
Souza, profundamente identificado com as questões 
da profissionalização. 
A monografia vencedora do 19 Concurso Nacional de 
Monografias sobre a Formação Profissional, que o 
CENAFOR tem a satisfação de publicar, é de 
autoria de Cora Bastos de Freitas Rachid, Mestra em 
Educação e atual assessora de Desenvolvimento de 
Recursos Humanos da Secretaria de Educação e Cultura 
do Estado do Rio de Janeiro. 
0 titulo do trabalho premiado: "A Qualificação 
Profissional - um estudo de competência" reflete 
a vivência e as experiências da autora e 
demonstra que o CENAFOR estava atento ao estado das 
preocupações dos que se dedicam ã Formação 
Profissional e ã necessidade destes de terem um 
estímulo a sua produção e um canal para sua 
divulgação. 
Cumprimentamos a autora pelo êxito obtido no 
Concurso, sobretudo pela atualidade e relevância 
do tema a que se propôs abordar, tema este 
diretamente vinculado ao estágio atual do 
desenvolvimento das ações sobre Formação 
Profissional. O CENAFOR se desincumbe, por outro 
lado, com satisfação, da publicação da 
Monografia, conforme o Regulamento do referido 
Concurso. 
Pedro Caram Zuquim 
Diretor Executivo 
A educação nunca deixou de ser a via e o caminho da 
marcha e crescimento da espécie humana. Afinal, a 
evolução do homem, se em parte foi biológica, somente 
se efetivou com o imenso esforço histórico-social que 
o trouxe até as alturas do presente desenvolvimento 
cientifico e cultural. E todo aquele processo 
histórico pode, em ligou,ser considerado resultado do 
intercurso entre a condição humana e a educação. 
Mas uma coisa e tal processo espontâneo e mais ou 
menos inconsciente do desenvolvimento do homem, e 
outra o projeto consciente de conquista do saber e de 
sua aplicação á vista. Este projeto nunca foi geral 
nem abrangeu toda a especie Subordinado a estrutura 
hierárquica da sociedade foi, desde seu início na 
remota antiguidade, projeto especial para a educação 
de poucos privilegiados, que realmente dominavam a 
espécie e detinham o poder. Daí a relação, inerente e 
intrínseca, entre educaçãoe política (1). 
SUMÁRIO 
PAGINA 
RELAÇÃO DE QUADROS 09 
Capítulo 
1. O PROBLEMA 15 
1.1 Justificativa 17 
1. 2 Formulação do Problema 20 
1.3 Objetivos 21 
1.4 Premissas 21 
1. 5 Delimitação do Estudo 22 
1.6 Metodologia 23 
1.7 Organização do Estudo 23 
2 . REVISÃO DA LITERATURA 27 
2.1 A qualificação para o trabalho na Lei nº 
5692/71 27 
2.2 A formação profissional no Ministério do 
Trabalho 66 
2.3 O Sistema de Educação , 78 
3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 89 
3.1 Conclusões 91 
3.2 Recomendações 94 
4. Bibliografia citada 99 
5. Bibliografia consultada 105 
RELAÇÃO DE 
QUADROS 
Quadro Página 
1 Níveis de Qualificação para o tra-
balho 39 
2 Sistema Nacional de Ensino Suple-
tivo 83 
3 A Qualificação para o trabalho no 
Sistema de Educação 87 
Este estudo tem como objetivos (a) analisar os 
objetivos da Lei nº? 5692/71, nos aspectos 
identificados com a preparação para o trabalho; (b) 
identificar as atuais atribuições do Ministério do 
Trabalho na área de formação profissional e (c) 
reconhecer as áreas de atuação dos Sistemas de Ensino 
e Ministério do Trabalho, no que se refere à 
qualificação para o trabalho. 
O estudo, de natureza teórica, não comportou pesquisa 
de campo. Resultou de análise e interpretação de 
textos legais e literatura especializada, com 
utilização da técnica de análise de sistema. 
0 trabalho permitiu constatar-se que: 
1. 0 processo de qualificação para o trabalho 
compreende quatro etapas distintas, atribuídas, 
conforme o nível de educação geral requerido e a 
faixa etária da clientela aos diversos subsistemas; 
2. Posteriormente ã vigência da Lei nº 5692/71 ficou 
instituído na esfera do Ministério do Trabalho o 
Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra, 
constituído pelo conjunto de órgãos do setor 
público e privado destinados ã proporcionar 
oportunidades de formação, qualificação, 
aperfeiçoamento, especialização e treinamento 
profissionais, cabendo ao Conselho Federal de Mão-
de-Obra a função normativa e ã Secretaria de Mão-de-
RESUMO 
O b j e t i v o s 
metodologia 
Conclusão e 
recomendações 
Obra a função de administrar o sistema; 
3. A vinculação do Sistema Nacional de Formação de 
Mão-de-Obra ao Ministério do Trabalho colocou a 
qualificação profissional num parassistema, 
desvinculada do Ministério da Educação e dos 
Sistemas de Ensino; 
4. O decreto nº 75081/74 ao vincular o PIPMO ao 
Ministério do Trabalho, manteve a competência do 
Departamento de Ensino Supletivo do MEC no que 
diz respeito ã qualificação e habilitação 
profissionais, deixando margem a que tanto os 
sistemas de ensino quanto o sistema de formação 
de mão-de-obra promovam a qualificação 
profissional, coexistindo esferas de ação 
distintas e diversidade de orientação, o que 
ocasiona a duplicidade de meios para fins 
idênticos; 
5. A coordenação, a supervisão e o controle das 
atividades que visam ã preparação da mão-de-obra 
são imprescindíveis e devem constituir não só 
um conjunto de ações integradas a objetivos e 
planos mais amplos, como também meio de 
racionalização do trabalho, com vistas á sua 
maior produtividade. 
1. As autoridades responsáveis pelo ensino devem 
promover as medidas que se fizerem necessárias 
para uma definição precisa das competências do 
Departamento de Ensino Supletivo do MEC e dos 
Sistemas de Ensino para a promoção da 
Sao feitas alguma* 
recomendações 
qualificação profissional, evitando a duplicação 
de esforços para fins idênticos e a 
multiplicidade de coordenação; 
2. Devem ser adotadas medidas que possibilitem a 
inclusão, nos planos elaborados pelas empresas 
para fins de incentivos fiscais, de projetos 
que visem a complementação da formação dos 
egressos do ensino de 2º grau, o que viria 
atender dispositivo do art. 69 da Lei 5692/71, 
de cooperação da empresa para a realização da 
habilitação profissional; 
3. Devem ser promovidos entendimentos que visem ao 
maior entrosamento entre os sistemas de 
ensino e de formação profissional, e, uma vez 
reconhecida a conveniência de não duplicação de 
meios para fins idênticos, a 
incomplementariedade, pelo encaminhamento dos 
egressos do sistema de ensino para o sistema de 
formação profissional; 
4. O Ministério da Educação deve assumir a 
supervisão de todas as ações no campo da educação 
e da formação profissional, colocando sob sua 
esfera de competência as decisões maiores 
relativas a formação profissional, embora seja 
da competência do Ministério do Trabalho a parte 
ocupacional, como ocorre em muitos países. 
CAPITULO I 
O Problema 
O PROBLEMA 
A estratégia adotada na Lei 5.692, de 11 de agosto 
de 1971, de estabelecer um ensino de 1º e 2º graus 
que valorize o trabalho, num momento em que a 
evolução constante da tecnologia e o 
aperfeiçoamento contínuo das técnicas de produção 
elevaram do plano da rotina e do rudimentarismo 
os conhecimentos necessários ã exploração e 
utilização da realidade material, resultou numa 
reformulação total da escola, dos currículos, enfim, 
da organização do ensino. Mudança de tais 
dimensões, ê claro, só poderia ocorrer com 
dificuldades, perplexidades, precariedades e 
distorções de toda ordem que, em última análise, 
resultarão em experiências capazes de indicar 
alternativas para mais eficaz ação futura. 
Uma reforma não se faz com a imposição de normas e a 
elaboração de planos, é, sobretudo, trabalho que 
exige conscientização, mudança de atitudes, 
aceitação da nova realidade e esforço conjugado dos 
vários grupos envolvidos, com vistas ã realização 
das tarefas que abriga. Dessa forma, a reforma em 
marcha que acontece no pais está a exigir de 
quantos nela estão empenhados, na fase de 
implantação em que se encontra, a busca dos caminhos 
que a levarão ao êxito. 
A tradição do sistema de ensino no que tange ã 
formação profissional ao nivel do ensino de 1º e 2º 
graus ê limitada a experiência vivenciada nos 
tradicionais cursos industriais, comerciais e 
J u s t i f i c a t i v a 
agrícolas - que serviram de orientação para a 
organização do atual ensino de 2º grau - e â ação 
paralela do SENAI e SENAC, nos casos em que, em 
função de normas legais, estavam sob a jurisdição 
do Ministério da Educação e Cultura. Também ao 
trabalho realizado pelo Programa Intensivo de 
Preparação de Mão-de-Obra - PIPMO, cuja ação 
iniciada na área secundária, posteriormente 
expandiu-se para preparar mão-de-obra para os 
setores primário e terciário. 
A experiência com iniciativas similares ou de 
outros países poderá ser de grande valor, quando 
utilizada com o fim de orientar determinado curso 
de ações, as quais, evidentemante, estão sujeitas 
a uma série de variações, no tempo e no espaço. 
Antevendo dificuldades de ordem técnica e 
operacional, o legislador previu, e até 
recomendou, a implantação progressiva da nova 
organização, com a que, sem a menor duvida, poderão 
ser identificadas falhas, realizadas correções e 
estabelecidos procedimentos compatíveis com os 
objetivos a que se propõe, numa linha correta de 
ação. 
O planejamento da educação e da formação 
profissional, para atingir seus objetivos a longo 
prazo, deve apoiar-se numa estratégia precisa, que 
oriente o curso das ações e o adapte ãs condições 
particulares, com o objetivo de aumentar a 
eficiência e a produtividade do sistema de ensino. 
Uma e outra estreitamente relacionadas. Assim, 
periodicamente devem ser revistos os meios, 
considerando-se as variáveis intervenientes, tais 
como demanda social, pressão econômica (em razão 
dos escassos recursos disponíveis e do aumento 
dos custos) e outras, porque, segundo a UNESCO (2) 
aproveitando todas as ocasioes de aumentar. a 
eficiencia e a produtividade, da educação, pode-se 
fazer , desta, nãoapenas um bom investimento 
(no conjunto), mas um investimento 
progressividade melhor (2). 
A Lei 5.692/71, ao frizar os objetivos do ensino 
de 19 e 2º graus, inclui uma dimensão nova, ao 
mesmo tempo individual e social - a qualificação 
para o trabalho. Foram estabelecidos diferentes 
níveis de preparação para o trabalho ao longo do 
progresso de escolarização e definidas as funções 
básicas do ensino supletivo, entre as quais 
insere-se a qualificação profissional. 
Posteriormente, o Decreto nº 75.081, de 12 de 
dezembro de 1974, vincula o PIPMO ao Ministério do 
Trabalho, determinando, todavia, que continuariam a 
ser exercidas pelo Ministério da Educação e Cultura, 
através do Departamento de Ensino Supletivo, as 
atividades pertinentes à qualificação e habilitação 
profissionais a que se refere a Lei 5.692/71. 
Outras iniciativas na área da formação profissional 
surgem na órbita do Ministério do Trabalho, 
culminando com a criação do Sistema Nacional de 
Formação de Mão-de-Obra. 
É incontestável a competência dos Ministérios do 
Trabalho no que se refere à política de emprego e 
formação profissional, áreas estreitamente 
relacionadas. Recentemente (1974) , foi debatida 
a matéria em Seminário realizado em San José da 
Costa Rica, pelo Centro Interamericano de 
Pesquisa e Documentação sobre Formação Profissional 
- CINTERFOR - órgão regional da OIT. Importa, 
todavia, fiquem claramente definidas as áreas de 
competência, conforme prevê a Recomendação 117 da 
OIT, sobre formação profissional (1962) : 
"dever-se-ia definir com clareza as respectivas 
competências das autoridades públicas em matéria de 
formação", problemática analisada com lucidez por 
Walsh (3): 
Formulação do problema A Lei 5.692/71, ao fixar as diretrizes e bases para 
o ensino de 19 e 2º graus, estabelece como um dos 
seus pressupostos básicos de organização a plena 
utilização dos recursos materiais e humanos, sem 
duplicação de meios para fins idênticos ou 
equivalentes, bem como a entrosagem e a 
intercomplementariedade dos estabelecimentos entre 
si ou com outras instituições sociais. Este estudo 
pretende identificar a pertinência das ações dos 
Sistemas de Ensino na implementação de programas 
de qualificação profissional ao nível do ensino de 
19 e 2º graus. 
Os principais objetivos do presente estudo foram: 
(a) analisar os objetivos da Lei 5.692/71, nos 
aspectos identificados com a preparação para o 
trabalho; (b) identificar as atuais atribuições do 
Ministério do Trabalho na área da formação 
profissional e (c) reconhecer as áreas de atuação 
dos Sistemas de Ensino e Ministério do Trabalho, no 
que se refere ã qualificação para o trabalho. 
Partiu-se da premissa de que as atividades de 
supervisão, coordenação e controle das ações 
relacionadas com a função supletiva qualificação 
profissional estão afetas ao Ministério do 
Trabalho. Para o estabelecimento da premissa 
foram consideradas as iniciativas que situaram na 
órbita do Ministério do Trabalho os seguintes 
órgãos: (1) Programa Intensivo de Preparação de 
Mão-de-Obra - PIPMO, mecanismo criado no Ministério 
da Educação e Cultura com o fim de promover 
formação intensiva da mão-de-obra; (2) 0 SENAI e o 
SENAC, órgãos patronais, mantidos respectivamente 
pela Confederação Nacional da Indústria e 
Confederação Nacional do Comércio, com atuação 
Objetivos 
Premissa 
específica no campo da formação profissional; (3) 
a criação do Serviço Nacional de Formação Rural 
- SENAR, autarquia com a finalidade de 
organizar e administrar, em todo o território 
nacional, programas e atividades de formação 
profissional rural. Foram também consideradas as 
competências atribuídas a esse Ministério pela Lei 
6.297, de 15 de dezembro de 1975, de aprovar os 
projetos de formação profissional realizados por 
pessoas jurídicas com o fim de dedução do lucro 
tributável, e a instituição do Sistema Nacional de 
Formação de Mão-de-Obra. 
O presente estudo, com a finalidade específica de 
definir áreas de atuação dos Sistemas de Ensino e 
Ministério do Trabalho no campo da qualificação 
profissional, analisou apenas: (1) a qualificação 
para o trabalho como dimensão do objetivo geral da 
Lei 5.692/71 e os Pareceres Normativos do 
Conselho Federal de Educação nos aspectos 
relacionados a matéria; (2) a legislação posterior 
a essa Lei que, a partir da criação da Secretaria 
de Mão-de-Obra, atribuiu ao Ministério do Trabalho 
uma série de competências em relação ã formação 
profissional. 
O trabalho orientou-se particularmente para as 
atribuições relativas à função qualificação 
profissional, ao nível do ensino de 19 e 2º graus. 
Outras fontes de referência, textos de leis 
literatura especializada, foram incluídos no 
estudo quando julgados procedentes. 
Delimitação do estudo 
O estudo, de natureza teórica, nao comportou 
pesquisa de campo. Resultou da análise de 
interpretação de textos legais e literatura 
especializada, com utilização da técnica da 
análise de sistema. 
O presente trabalho desenvolveu, em cada um dos 
seus capítulos subseqüentes, um estudo orientado 
pelos objetivos e premissa levantada, com o fim 
de responder à indagação relativa ã pertinência das 
ações dos Sistemas de Ensino, no processo de 
qualificação profissional ao nivel do ensino de 19 
e 2º graus. 
O segundo capitulo apresenta a revisão da 
literatura, compreendendo: (a) a análise de 
dispositivos da Lei nº 5.692/71 julgados 
procedentes para o estudo, com o título de "A 
qualificação para o trabalho", incluindo os 
objetivos do ensino, o ensino de 1º grau, o 
ensino de 2º grau e o ensino supletivo; (b) "A 
formação Profissional no Ministério do Trabalho", 
compreendendo um estudo dos antecedentes 
históricos e as atribuições atuais; (c) 0 Sistema 
de Educação. 
O terceiro capítulo apresenta as conclusões a 
que se chegou e as recomendações consideradas 
pertinentes. 
Organização do estudo 
Metodologia 
CAPÍTULO II 
Revisão da 
Literatura 
As relações de causa e efeito entre desenvolvimento 
econômico e educação têm sido objetivo de 
freqüentes discussões que, se não levaram a um 
consenso ou mão esgotaram o assunto, 
estabeleceram determinados parâmetros orientadores 
para Nações que procuram definir seu nível de 
aspiração através de comparações com o padrão de 
vida dominante nos países desenvolvidos. Dentre 
esses, ressaltam a necessidade de planejamento 
educacional capaz de atender a complexidade do 
mundo do trabalho da era tecnológica e a questão 
fundamental de que o desenvolvimento condiciona as 
possibilidades e necessidades de educação de um 
povo. 
A estratégia do estabelecimento de objetivos bem 
definidos para os planos de educação, com a atenção 
voltada para os problemas de custo, oportunidade, 
viabilidade e pertinência, torna-se o meio capaz de 
racionalizar ações, a diretriz capaz de conduzir ao 
êxito as metas então estabelecidas. 
Algumas conclusões relativas a compreensão do valor 
econômico da educação tornaram-se claras: (1) só 
recentemente se tem pensado na educação planejada 
como meio eficaz de influir na produtividade do 
indivíduo e, em conseqüência, na produtividade de 
um país; (2) não é qualquer tipo de educação que 
tem valor econômico, mas determinado tipo para 
certo número de pessoas que compõem a força de 
A qualificação para o 
trabalho na Lei. 5692/11 
OS objetivos da 
educação 
A REVISÃO DA LITERATURA 
trabalho,nos diferentes níveis educacional e 
profissional; (3) o aproveitamento da capacidade 
humana é um processo que se deve iniciar nos 
primeiros anos de vida; a perda temporária dessa 
capacidade é irrecuperável e pouco se tem feito 
para seu melhor aproveitamento; (4) a educação 
social e econômica e, como tal, só encontrará 
formulação adequada se seus planejadores se 
condicionarem a umafilosofia de educação que 
torne explícita a sua finalidade, pois o processo 
educativo exige que lhe seja previamente fixada 
uma direção, para que se torne eficaz. 
Mas nem sempre educadores, administradores e 
economistas estão de acordo em relação aos fins da 
educação, o que vem constituir obstáculo ao mais 
fácil equacionamento do problema. Talvez em 
princípio não haja o antagonismo que parece 
existir, embora algumas objeções de cunho 
ideológico por vezes sejam enfatizadas nas 
decisões, tanto em relação ao tipo quanto à 
quantidade de educação. 
Os educadores pensam na educação como meio de 
realização do homem e sua promoção na sociedade. 
Ainda que essas sejam razões primeiras, tanto uma 
quanto a outra são contingentes a questões de 
ordem econômica. O conceito de educação implica em 
alcançar determinados objetivos vinculados a certa 
forma de vida, num contexto social. Dentre os 
objetivos que o homem se propõe a alcançar inclui-se 
a preparação para a vida de trabalho, para um 
emprego dentre os que possam existir no mercado de 
trabalho. Assim, embora a economia não seja a 
única função da educação, não pode estar 
dissociada do processo educativo. 
A educação é instrumento que permite ao homem 
realizar-se. Para que desempenhe seu papel na 
sociedade e realize suas aspirações no plano 
material, dependerá, certamente, das 
oportunidades que lhe forem oferecidas, tanto 
quanto de suas aptidões e do uso que fizer de suas 
capacidades. Tornou-se o meio pelo qual o homem 
atinge a dimensão que o distingue, no seu grupo, 
como elemento cooperativo, integrador, 
participante e útil, desde que planejada com a 
intenção de atender a esses requisitos. 
Os fins da educação, expressos na Constituição e 
traduzidos na lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional - Lei nº 4.024/61, representam as 
aspirações de um projeto social que consubstancia 
os ideais de formação e uma concepção de homem no 
contexto social brasileiro, fornecendo critérios 
para que os membros da sociedade saibam quais 
ideais devem ser perseguidos no processo escolar. 
Assinala Nagle, os fins (4) 
São meta ideais que funcionam de um ponto de vista 
normativa amplo e cuja realização , muitas vezes 
parcial , somente pode ser verificada a longo prazo 
. 
Os fins fornecem critérios que descrevem como um 
participante de conceber o que está 
intencionalmente fazendo, de forma bastante ampla, 
mas numa estrutura coerente e globalizante que vai 
encontrar sentido mais específico nos objetivos, 
porque 
A Lei 5.692/71 ê uma concepção racional dos fins 
da educação, expressos na Lei 4.024, a partir de 
uma revisão compreesiva dos meios, com o 
propósito de ajustá-los a um momento que estava a 
exigir do sistema educacional ações mais 
concretas no plano geral de formação da criança, 
do adolescenta e do adulto. Foi-lhe 
acrescentada uma dimensão ao mesmo tempo 
individual e social - a qualificação para o 
trabalho. 
anos, motivadas em s í n t e s e , pe la i n d u s t r i a l i z a ç ã o , 
crescimento demográfico, crescimento das 
populações urbanas , progresso nos meios de 
comunicação e pressão c re scen te para maior 
p a r t i c i p a ç ã o s o c i a l e econômica ( tan to para a 
simples obtenção de um emprego como para acesso 
aos processos s o c i a i s de tomada de d e c i s ã o ) , são , 
evidentemente, os motivos que determinaram a 
ope rac iona l i zação dos f ins da educação em 
ob je t ivo g e r a l que i n c l u i a dimensão nova, 
e s p e c í f i c a , da preparação para o t r a b a l h o . 
Ao d i s s e r t a r sobre a s i tuação a t u a l e p e r s p e c t i v a s 
da educação t ecno lóg i ca , a OEA des taca o esforço 
dos pa í ses da América Lat ina para r e s g a t a r o va lo r 
do t r a b a l h o : 
E n t r e las variadas manifestaciones a través de l a s 
cuales discurre este processo innovador se destaca 
el esfuerzo que se realiza, praticamente en todos 
los paises, por rescatar el valor del trabajo, el 
reconocimiento de la importancia de la tecnologia 
y el estimulo a su desarollo y al de l a s 
actividades técnicas en genera l manuales y no 
manuales. ESTES es um tópico significativamente 
presente en todos los planos de d e s a r r o l l o de los 
paises de la Region, que en los últimos ãnos se la 
visto fortalecido con la incorporscion en dichos 
planos de politicas especificas destinadas a 
intensificar el empleo de Ia fuerza de trabajo de 
la población, junto con su desarrollo y 
ferfeccionamiento ( 6 ) . 
Uma análise dos objetivos gerais do ensino de 19 e 
2º graus, bem como de outras proposições 
inovadoras, como organização, seqüência, currículos, 
sentido de terminalidade, demonstram o propósito do 
legislador na escolha de meios racionais para 
atendimento aos fins, e sobretudo favorecer a 
preparação para uma atividade produtiva, ao longo 
do processo de escolarização. 
Dentre as proposições inovadoras relacionadas com o 
objetivo da qualificação para o trabalho, 
identifica-se o desejo de relacionamento entre o 
nivel profissional e o educacional, pelo 
estabelecimento de uma hierarquia entre os vários 
estágios da formação: (a) iniciação para o 
trabalho; tb) aprendizagem, para alunos de 14 a 18 
anos; (c) qualificação profissional e (d) 
habilitação profissional. 
A formulação de um objetivo geral que inclua a 
qualificação para o trabalho reveste duplo 
propósito: propiciar a auto-realização, por 
oferecer oportunidade de integração do jovem 
na comunidade como elemento produtivo, e oferecer 
"uma terminalidade geral coincidente com as faixas 
etárias de surgimento e cultivo das aptidões 
especificas, porque só então existem condições 
de treinamento para o trabalho (7). 
A terminalidade geral tem finalidade bem definida, 
de oferecer oportunidade de trabalho aos que 
interrompem a vida escolar, sem descuidar do 
sentido de continuidade, com vista a níveis de 
estudo mais altos. Proponho solução para a 
articulação de escola média com a superior a 
indicação nº 48 do CFE já analisa a questão: 
A terminalidade e, portanto, inversamente. 
proporcionai ã continuidade quanto menos provável 
seja esta, tanto mais intenso há de ser o teor de 
terminalidade que se deve imprimir ao ensino, e 
vice-versa. Num sistema ideal em que todos 
obtivessem diplomai de cursos superiores, só 
estes em rigor seriam terminais; mas onde apenas se 
alcançasse o primeiro grau de escolarização, o 
ensino primário já teria de ser plenamente terminal. 
Acontece, todavia, que, justamente com a 
macroterminalidade de cada sistema, coexlite uma 
micro terminalidade referida as diferenças 
individuais dos alunos. Assim, abstraindo os 
casos extremos, só verificáveis em teoria, toda 
Educação deve revestir ao mesmo tempo ambas as 
características (I) 
O oferecimento de uma formação terminal, que 
habilite para a vida de trabalho deve ser 
planejada e realizada em consonância com as 
exigências da sociedade e as necessidades do 
mercado de trabalho. Se ã proporção que aumenta 
o domínio do homem sobre o ambiente, novas formas 
de viver e de conviver se caracterizam, enquanto 
se diversificam, se ampliam e se especializam 
os campos de trabalho, justifica-se a maior 
preocupação com uma educação apropriada à nova 
ordem social, e definida pela necessidade de 
atendimento aos interesses do aluno e aos da 
sociedade. De um lado, há as variadas capacidades, 
os mais diversificados talentos, cada um com seu 
papel na vida comunitária e, de outro, os 
problemas do "viver em sociedade" e as exigências 
dessa sociedade - incluída a necessidade de 
preparação para o desempenho dos mais variados 
postos de trabalho, o que torna possivel o 
atendimento a todos, numa tentativa de 
preservação das preferências e aptidões 
especificas. 
Ao objetivo de qualificar para o trabalho podeainda ser conferida dimensão mais ampla, quando se 
revela a intenção de atender ao principio de 
democratização do ensino, pelo oferecimento de 
oportunidades diferenciadas á população. Cada 
grupo de atividade requer inclinações 
especificas, mas não se pode dizer que uns sejam 
mais importantes que outros - eles se 
intercomplementam, cada um tendo seu valor próprio, 
nem inferior, nem superior aos demais. 
Importa, sobretudo, que o homem se sinta feliz e 
realizado, que cedo descubra suas inclinações e 
potencialidades para facilmente identificar os 
caminhos que lhe serão mais favoráveis e os 
escolha livremente. 
As "oportunidades iguais para todos" que se 
preconiza como ideal democrático da educação, 
referem-se ã possibilidade de que todos tenham, 
igualmente, oportunidade de conhecer suas 
potencialidades e inclinações, para desenvolvê-las. 
Ê certo que isso ocorrerá apenas dentro de certos 
limites de igualdade, porque seria utópico supor 
que realmente todos pudessem aproveitar em grau de 
igualdade as oportunidades que a vida lhes oferece 
ou os recursos de que podem dispor. A igualdade de 
oportunidade em sentido restrito estaria vinculada 
a questões como herança biológica e cultural e 
poder aquisitivo da família. 
Mas a democratização das oportunidades de acesso têm 
beneficiado grande contingente que não podendo 
"comprar" educação estaria marginalizado no 
processo educacional. Dessa forma, a 
qualificação para o trabalho inclui-se num plano 
de promoção social de maiores dimensões e deve ser 
tida como mecanismo capaz de promover mudanças na 
estrutura social, pelas oportunidades de acesso 
imediato ã atividade profissional. 
Para atender a essa nova dimensão inserida no 
objetivo geral, a comunidade do processo educativo 
está preservada nos dispositivos da Lei 5.692/71 
sobre a organização curricular, que se processa a 
partir de duas grandes linhas: a educação geral e a 
formação especial. Uma de cunho essencialmente 
generalista, com objetivo universal e função de 
transmitir uma base comum de conhecimentos 
indispensáveis ao homem na sociedade, contribuindo 
para ampliar sua visão do mundo e das coisas, 
torná-lo um membro mais participante e oferecer-lhe 
lastro que o capacita a empreender seu próprio 
projeto de vida. Afirma Chagas. Ao relatar o 
parecer que tomou o nº 853, o Cons. Walnir Chagas 
afirma 
A outra ê instrumental, visa a aplicação e a 
utilização do conhecimento às atividades 
produtivas, o conhecimento do mundo do trabalho, 
dos processos de trabalho, de um modo geral ou de um 
trabalho específico, com objetivo de sondagem de 
aptidões e iniciação profissional no 1º grau e de 
habilitação profissional no 2º grau. Por sua 
destinação, caracteriza a terminalidade. Diz 
Nagle: 
A primeira vista parece haver flagrante contradição 
entre desenvolver aptidões e preparar para atender 
a exigências do mercado de trabalho, como se a 
estratégia fosse moldar pessoas para um contexto 
profissional já definido, onde essas pessoas se 
ajustariam sob medida. Não é isso que se tem em 
mira. No mundo moderno as formas de trabalho se 
modificam, se transformam, com rapidez espantosa, 
exigindo trabalhadores versáteis e flexíveis. 
Um profissional com sólida formação geral e 
técnica, que tenha aprendido a aprender e 
desenvolvido sua criatividade, jamais será uma 
peça moldada e encaixada numa engrenagem; ao 
contrário será um elemento reformulador, criador, 
inovador, capaz de conviver harmoniosamente com a 
era tecnológica. 
Assegurado o ensino de 1º grau a toda a 
população na faixa dos 7 aos 14 anos (art. 20 de Lei 
5.692/71), pode-se antever uma expansão 
considerável do ensino de 2º grau, por uma série de 
razões: (1) a universalização do ensino de 1º 
grau levará a escola a locais que até então dela se 
encontravam privados; (2) a flexibilidade que 
caracteriza o ensino permitirá maiores 
possibilidades de ingresso e permanência no 
sistema; (3) a responsabilidade das empresas no 
que se refere ã educação dos seus empregados e dos 
filhos destes, entre os 7 e os 14 anos e a 
obrigatoriedade de ministrarem a aprendizagem e 
de promoverem o preparo de seu pessoal 
qualificado, de conformidade com o art. 178, da 
Constituição, e seu parágrafo único, permitirão a 
muitos elevar seu grau de escolarização; (4) a 
possibilidade de ingresso do menor na força de 
trabalho (Constituição, art. 165 - item X) a 
despeito dos inconvenientes que ora não cabe 
analisar, trará a grande massa da população jovem 
uma visão imediatista do mundo, motivadora de 
interesses e aspirações; (5) parte desse novo 
contingente escolarizado encontrará motivação 
para permanecer no sistema, ao tomar consciência 
da sua potencialidade (força para crescer); (6) a 
administração dos sistemas será levada a promover 
sua expansão, por interesses sociais ou próprios ou 
por pressão da respectiva comunidade, 
insatisfeita com suas limitadas oportunidades. 
A demanda pela escola de 2º grau e, 
paralelamente, a contenção da expansão do ensino 
superior, propiciarão a tão desejada melhor 
distribuição dos alunos no sistema, do primeiro 
ao terceiro grau, e o conseqüente encaminhamento 
dos egressos para atividades profissionais de 
nível médio. Resta a promoção das profissões 
desse nível, pela concessão de maiores incentivos, 
uma vez que até então são os atrativos oferecidos, 
o que concorre de maneira preponderante para que 
numeroso grupo sem aptidões específicas para 
estudos de nível superior aspire a Universidade. 
O quadro nº1 apresenta um diagrama do ensino na 
Lei nº5692/71, onde estão indicados os 
diferentes níveis de qualificação para o 
trabalho. 
O objetivo geral do ensino de 1º e 2º graus, 
conforme o artigo 1º da Lei 5.692/71 é 
Proporcionar ao educando a formação necessário ao 
desenvolvimento de suas potencialidades como 
elemento de auto -realização, qualificação para 
o trabalho e preparo para o exercício consciente 
da cidadania. 
O ensino de 1º grau 
Aprofeitamento pela 
Universidade de 
Estudos específicos 
afins aos cursos de 2º 
Grau. 
Estágio em Empresas 
(sem vínculo 
empregatício 
Encontra-se em fase 
de estudos e/ou 
experiências no sistema 
atual de ensino 
Sondagem de aptidões 
iniciação para o 
trabalho 
Aprendizagem e 
qualificação 
profissional 
Formação especial 
diversificada seguido 
a demanda do mercado de 
trabalho, interesse e 
aptidões dos alunos 
Educação geral comum a 
todos os cursos 
expressos na forma de 
núcleo comum de 
matérias 
Q U A D R O N º 1 
FONTE: CENAFOR 
O ob j e t i vo e spec i f i co do ens ino de 1º grau é a 
formação da c r i ança e do p r ê - ado l e scen t e . A 
c o n s t i t u i ç ã o d i spõe sobre a o b r i g a t o r i e d a d e do 
ensino na fa ixa e n t r e 7 e 14 anos de idade . Fica 
imp l í c i t o nessa determinação que o ensino de 1º grau completo, min is t rado em o i t o anos , é 
o b r i g a t ó r i o para todos . 
Relacionando a fa ixa da ob r iga to r i edade com a 
duração do 1º grau e ana l i sando e s t a t í s t i c a s 
e sco l a r e s sobre ma t r i cu la , por idade e s é r i e , 
v e r i f i c a - s e grande a t r a s o e s c o l a r , motivado pelo 
ingresso re ta rdado da c r i ança na escola e pela 
r epe t ênc i a , o que to rna o p r e c e i t o apenas 
teor icamente ex tens ivo ao un ive r so da população 
e s c o l a r i z á v e l . 
Ao a t i n g i r os qua torze anos, ou s e j a , ao f i n a l do 
período da e sco l a r i zação o b r i g a t ó r i a , grande 
con t ingen te da população e sco l a r de sv incu la - se do 
sis tema por d i f e r e n t e s r a z o e s : (1) cessam os 
e f e i t o s da ob r iga to r i edade ; (2) muitos s is temas 
e s t adua i s mostram-se incapazes para r e t e r o a luno ; 
(3) inúmeras f amí l i a s não têm recu r sos paraa 
manutenção do jovem na escola e (4) incapacidade, 
doenças, f a l t a de mot ivação. 
Os alunos que ingressam na l a . s é r i e aos s e t e anos 
e duran te os anos subseqüentes vencem normalmente 
as e t apas sucess ivas , ao f i n a l dos o i t o anos 
concluem o 1º grau, mas esse grupo não é o mais 
r e p r e s e n t a t i v o , em termos de e s t a t í s t i c a . 
Como não poderia de ixa r de ocor re r , não há 
in tenção de p r o f i s s i o n a l i z a r o p r é - a d o l e s c e n t e . 
Por motivos de ordem econômica é permit ido o 
t r a b a l h o a menores, a p a r t i r dos doze anos, mas 
sabe-se que as formas de t r a b a l h o compatíveis com 
a natureza do p ré -ado le scen te são aquelas cujo 
conteúdo p r o f i s s i o n a l é muito l i m i t a d o , não 
depedendo de processo r egu la r de formação. 
Com o u t r a s pa lavras é o que d i z o Cons. Paulo 
Nathanael , ao r e l a t a r o Parecer do CFE que tomou o 
nº 339: 
Tanto quanto se possa estar de acordo com as 
verdadeiras invenções da Lei nº 5.692/7 1, deve-se 
considerar que, dada a vocação generalista do 
ensino de 1º grau, em nenhum momento a qualificação 
para o trabalho significará um esforço de 
qualificação profissional do educando, Agnelo 
Corrêa Vianna, com a autoridade que ninguém lhe 
contesta, afirma que a formação profissional cuida 
de integrar na força de trabalho, na razão direta 
das demandas manifastadas pelas atividades 
econômicas o pessoal qualificado nas diversas 
categorias profissionais. 
Essa formação, que e mais ligada aos conceitos de 
aprendizagem e de habilitação, e que deve ter como 
pressuposto uma aptidão revelada pelo aluno, não 
condiz com o tipo de educando acolhido pelo ensino 
de 1º grau. Como muito apropriadamente assinalou 
sobre o tema o Grupo de Trabalho encarregado dos 
primeiros estudos do anteprojeto da reforma do 
ensino: "seria prematuro cogitar de especialização 
profissional onde, em rigor, ainda não existem 
aptidões plenamente caracterizadas a cultivar [11). 
Ê propósito, nos países mais desenvolvidos, 
retardar o ingresso do jovem no mundo do 
trabalho, retendo-o na escola para que 
desenvolva ao máximo suas potencialidades, o que 
lhe propiciará melhores condições para 
adaptar-se ao meio, modificá-lo, atuar sobre ele, 
viver e conviver. A intenção do legislador 
brasileiro de conciliar o cumprimento da 
obrigatoriedade escolar no 1º grau com a 
necessidade que tem grande número de jovens 
de manter a sua própria subsistência, levou-o a 
conferir ao empregador a responsabilidade de 
facilitar as condições para que o jovem 
trabalhdor complete sua educação de 1º grau 
(art. 47). 
Nao está próximo o momento em que a maioria dos 
sistemas estaduais de ensino terão condições de 
oferecer ensino de 1º grau a toda a população 
escolarizável, razão pela qual, ao lado da 
sondagem de aptidões, obrigatória (§ 2º letra a do 
art. 5º), a iniciação para o trabalho e a 
habilitação profissional poderão ocorrer ao nível 
da série alcançada pela gratuidade escolar, 
quando inferior à oitava, ou para adequação às 
condições individuais, inclinação e idade dos 
alunos (art. 76). O parecer 871, do CFE, ao 
analisar as matérias da parte diversificada do 
currículo do 1º e 2º graus, para o sistema 
federal, enfatiza: 
Embola esteja claro na Lei nº 5. 692 que a 
profissionalização só deverá ocorrer a nivel do 
Está , p o r t a n t o , c laramente de f in ida a a t r i b u i ç ã o da 
escola de 1º grau , que tendo o ob je t ivo de sondar 
a p t i d õ e s , poderá, premida pe las c i r c u n s t â n c i a s , 
oferecer opor tunidade de i n i c i a ç ã o ao t r a b a l h o , 
c o n s t i t u i n d o - s e e s t a , de tomada de conhecimento de 
p r á t i c a s e s p e c í f i c a s de determinada á rea de 
t r aba lho , o que não c a r a c t e r i z a qua l i f i c ação para 
um o f i c i o ou ocupação, mas o desenvolvimento de 
a t i t u d e s a ap t idões que poderão pe rmi t i r f á c i l 
complementação dos conhecimentos necessá r ios ao 
melhor desempenho, a t r a v é s de t reinamento em 
serviço ou em i n s t i t u i ç õ e s e s p e c í f i c a s . Comenta 
Rachid: 
Mas, considerando-se as evidentes limitações do 
sistema de ensino, a terminalidade real ocorrerá 
por vários anos ainda, para grande número de 
jovens, no momento em que se desvincularem do 
sistema, sem que lhe seja possível ser oferecido 
algum conhecimento do mundo do trabalho. 
Ao longo do processo de escolarização, no ensino 
de 1º grau, a preparação específica para o 
trabalho é objetivo mediato. A parte de formação 
especial do currículo será meio para que o 
aluno conheça as oportunidades do mundo do 
trabalho e como esse se organiza e se desenvolve, 
adquira hábitos de ordem, juízo, raciocínio, 
convivência e, ao mesmo tempo, conheça-se, para 
saber quais serão as formas de trabalho 
compatíveis com suas aptidões e preferências. 
Ao deixar o sistema regular de ensino, para 
ingressar no sistema de produção ou de prestação 
de serviços, os conhecimentos então adquiridos 
deverão nortear o seu encaminhamento a cursos de 
qualificação profissional oferecidos pelo Sistema 
de Formação Profissional (via supletiva), ou 
diretamente ao trabalho. 
A reformulação do ensino de 2º grau há anos vem 
sendo descuidada como necessidade dos sistemas 
de ensino, tendo apresentado tendências comuns 
em diferentes países. Como o início do processo 
de transição em cada contexto teve seu momento 
próprio, levaram alguns anos para que se chegasse 
a um consenso em relação aos objetivos desse nível 
O ensino de 2 grau 
do ensino. 
Houve divergência de opiniões e pouca clareza na 
formulação dos objetivos apenas na fase de 
amadurecimento das idéias, que depois ficaram 
bem definidas. Parkyn distingue três grandes 
setores dentro dos quais a evolução se acentuou 
em ritmo acelerado nos últimos trinta ou 
quarenta anos. Refere-se aos elementos diversos, 
dos quais cada um apresenta tendência 
característica, ainda que interligados: 
A tendência mais evidente para o observador é a 
vasta extensão adquirida pelo ensino médio no 
mundo inteiro, em parta devida ao crescimento 
demográfico, mas em parte causada pelo 
desenvolvimento do próprio ensino (...). A 
primeira linha de força ê, pois, em nossa época, 
a extensão e a ampliação de segundo grau . A 
segunda tendência decorre da primeira; trata-se 
da procuara dos meios de ligar organicamente, o 
ensino médio ao ensino primário (...). Enfim, a 
terceira linha de força se refere à elaboração e a 
aplicação do curriculo. Os processos 
cientificos e técnicos modernos e a evolução social 
complexa que se produziu recentemente conduziam 
necessariamente a modificação dos curriculos; mas 
uma transformação não menos notável resulta da 
extenção do ensino médio a crianças as quais não 
se Dirigia originalmente, em particular aquelas 
pertencentes as camadas sócio-econômicas 
inferiores da sociedade e aquelas de menor aptidão 
para os estudos. Esta evolução do curriculo foi 
orientada, em geral, para a integração do 
elementos culturais e técnicos, por multo tempo 
mantidos separados ou mesmo ensinados em escolas 
do tipos diferentes {14). 
A Lei 5.692/71, interpretando as tendências que 
então já se encontravam bem delineadas para o 
ensino de 2º grau, sobretudo a mencionada terceira 
linha de força, concebeu uma integração dos 
elementos culturais e técnicos de tal forma que o 
processo escolar resultasse sempre em 
qualificação para o trabalho, traduzida em 
habilitação profissional. Assim, a educação 
ministrada no 2º grau é técnica, o que não 
significa terem sido substituidos pelas escolas 
técnicas de concepção da Lei 4.024 as escolas 
secundárias então existentes, embora 
inegavelmente, aquelas tenham sido o modelo. 
Uma política de valorizaçãodos recursos humanos 
resultou na consepçao do ensino com o sentido bem 
definido de qualificar para o trabalho. 
Interpretando essa concepção, uma das primeiras 
iniciativas do Conselho Federal de Educação, em 
relação ã normalização da Lei, resultou no 
Parecer 4 5/72, que além, de fixar os mínimos a 
serem exigidos em cada habilitação profissional ou 
conjunto de habilitações afins, ofereceu um 
catálogo de habilitações - Anexo C - onde estão 
fixadas as matérias específicas constituintes de 
diferentes conjuntos de habilitações. 
Referido Parecer relacionou em segundo grupo de 
habilitações (parciais) com menor carga horária de 
conteúdo profissionalizante, objetivando 
qualificar para ocupações definidas no mercado de 
trabalho. Evidentemente, esses cursos não 
conferem o diploma de técnico, como os primeiros, 
mas certificados de auxiliar técnico. 
Uma terminologia para designar níveis de preparação 
pode ser controvertível, porque nem sempre é 
adequada para casos específicos. Estudo realizado 
pela Fundação Getúlio Vargas, no Centro de 
Estudos de Treinamento em Recursos Humanos, em 
decorrência de convênio com o CENAFOR, ao analisar 
as ocupações da área de Petróleo e Petroquímica, dá 
ciência da inadequação da terminologia então 
adotada: 
Tanto na lndústria do petróleo quanto na da 
Petroquímica, as ocupações que. demandam 
conhecimentos técnicos de nivel médio vêm sendo 
desempenhadas por técnicos diplomados, ou por 
pessoas que apenas possuem curso secundário 
completo. 
Raramente exerce o técnico diplomado funções que 
exijam aplicação de todos os conhecimentos 
adquiridos no curso. Os novos métodos de produção 
ocasionam, em geral, a subdivisão e, 
consequentemente, a simplificação das tarefas a 
cargo de cada um, dal a facilidade com que pessoas 
sem formação técnica básica podem incumbir-se de 
tarefas de natureza técnica, mediante simples 
treinamento. 
Ainda que a titulação adotada dê margem a 
diferentes interpretações sobre o trabalho a ser 
exercido pelo Auxiliar Técnico, é certo que os 
conteúdos do curso e o nível em que este foi 
planejado darão uma indicação da natureza do 
trabalho que pode executar. 
Constatadas dificuldades operacionais e técnicas 
para perfeita execução dos preceitos do Parecer 
45 e considerando a conveniência do oferecimento 
de alternativas de opção, são questionados 
alguns dos seus aspectos, cujas respostas podem 
nortear os resposáveis pela implantação da 
profissionalização a nível de 2º grau. A Cons. 
Therezinha Saraiva, no estudo que resultou no 
Parecer 76 do CFE, levanta as questões: 
Todos os alunos devem ser , conduzidos a uma 
especialização para exercerem determinada ocupação 
ou seria mais viável e correto a habilitação 
profissional pana uma preparação por áreas de 
atividade a sen completada com o treinamento 
profissional, tão logo o jovem encontrasse uma 
ocupação? Deverão os concluintes do 2o grau 
apresentar condições de adaptação não apenas em 
uma ocupação, mas em uma area ou conjunto de 
ocupações? Deverá ser o ensino formal o único 
responsável pelo desenvolvimento dos recursos, 
humanos? (76) 
Um sistema que tem a responsabilidade do preparo de 
mais de dois milhões de estudantes no 2º grau 
(número que tende a crescer, como já comentado), 
deveria limitar-se a proporcionar aos alunos os 
conhecimentos básicos de um grupo de ocupações, 
deixando a formação profissional se completar no 
emprego ou numa instituição especializada. 
Aliviaria a sobrecarga do sistema, propiciaria 
condições de melhor atendimento aos interesses da 
clientela e deixaria aos alunos maiores aberturas 
para ingresso no trabalho. 
0 parecer 76/75 do CFE, adotando essa linha de 
pensamento, tornou viável a habilitação básica, 
entendida como a formação profissional básica 
ou seja, o conjunto de habilidades e conhecimentos 
indispensáveis a grupos de ocupações afins, 
"para iniciação a uma área específica de atividade 
em ocupação que, em alguns casos, só se definirá 
após o emprego" (p.499). 
Fica evidente que os objetivos do ensino de 2º grau, 
no que tange à qualificação para o trabalho estão 
operacionalizados de três formas diferentes, que 
constituem três meios racionalmente escolhidos por 
hipótese como capazes de assegurar os fins 
planejados e os fins expressivos: (1) formação 
de técnicos; (2) habilitações parciais que podem 
ser definidas como qualificação profissional 
realizada no sistema regular (formação de 
auxiliares-técnicos) e (3) habilitação por áreas 
(básica). 
Uma política ambiciosa levaria a um planejamento 
curricular diversificado, que ensejasse tantas 
modalidades de habilitação quantas fossem 
necessárias ao mercado de trabalho- O planejamento 
dessas habilitações no sistema regular (500-1.000?) 
só poderia ocorrer a longo prazo, paralelamente ao 
planejamento da ampliação do numero de salas 
especiais, equipamento, formação de professores e 
demais requisitos essenciais ao bom funcionamento 
de uma escola profissional; quando o sistema 
apresentasse condições de atendimento, muitas 
modificações ter-se-iam processado no mercado de 
trabalho. Por outro lado, o oferecimento regular e 
continuado das mesmas habilitações, para 
aproveitamento da capacidade instalada, levaria ã 
inflação de profissionais no mercado. 
A permanente atualização do sistema formal de 
ensino, para que acompanhe as tendências do mundo 
do trabalho, extremamente dinâmico, não é tarefa 
viável, razão pela qual seria perspectiva fora da 
realidade. 
A opção assumida no Parecer 76/75 - oferecimento 
de habilitações básicas - que entende a formação 
profissional como processo iniciado com a educação 
formal e completado com o treinamento, traz a 
grande vantagem de diminuir consideravelmente o 
número de habilitações previsto para o ensino 
formal. A clientela do ensino de 2º grau não tem 
interesses ainda claramente definidos, pois 
desconhecendo suas reais aptidões e preferências, 
freqüentemente reformula seu projeto de vida, o que 
torna mais vantajoso o retardamento da definição do 
campo específico de atividade. 
0 mundo moderno está criando um contexto social e 
econômico extremamente em relação ao conhecimento, 
que é criado, transformado e utilizado 
continuamente. Para acompanhar essa nova tendência 
torna-se objetivo específico do sistema regular 
oferecer sólida base de formação geral e técnica 
que permita continuidade nos estudos e melhor 
desempenho no trabalho. 
A preocupação com a sólida base de formação geral e 
técnica conduz os administradores do ensino a 
relegar para segundo plano a preparação específica 
para um posto de trabalho. Justifica-se a 
perspectiva, pela compreensão de que a primeira 
finalidade do sistema, a de promover a formação 
integral, não pode ser delegada, mas a outra, com 
vantagem, pode ser confiada a instituições 
especializadas e ã empresa. 
Assim a função principal do ensino formal é oferecer 
condições para que o aluno "aprenda a aprender"; 
a medida de sua produtividade será dada pela sua 
maior capacidade para desenvolver as 
potencialidades do jovem, permitindo-lhe 
crescimento contínuo e capacitando a iniciar, 
aceitar e ajustar de forma construtiva as 
mudanças. 
A importância da ação das tradicionais escolas 
técnicas no contexto da educação e da formação 
profissional deve ser ressaltada, pois seu papel 
sempre esteve bem definido. Cabe ao poder público 
estimular suas ações, orientando para que ministrem 
educação técnica do mais alto nível, sobretudo 
depois da Lei 5.692/71, que mais ressaltou sua 
importância e a efetividade de seu trabalho, agora 
também funcionando sob o regime da 
intercomplementariedade. 
O quarto estágio da qualificação para o trabalho, a 
habilitação profissional - é função específica da 
escola de 2° grau. 
Após o término do2° grau o aluno poderá 
dirigir-se diretamente para o trabalho, completar 
sua qualificação no sistema de formação 
profissional (caso das habilitações básicas, por 
exemplo) ou dirigir-se ã Universidade. 
A educação de adultos, como preocupação do poder 
público, tem sua história a partir do momento em que 
ficou constatada a incapacidade do sistema escolar 
para atender ao adulto marginalizado do processo da 
educação, mas com direito a ela. A partir de então, 
diferentes mecanismos foram acionados com o 
objetivo de promoção social de jovens e adultos que 
não se beneficiaram do ensino regular na idade 
devida. Daí o caráter corretivo e supletivo que 
sempre lhe foi atribuído. 
Hoje as perspectivas em relação à educação de 
adultos já não são limitadas a esse enfoque. A 
civilização moderna sente a necessidade de novas 
formas de educação que ajudem os homens, ao longo 
de sua existência, a enfrentar os desafios da 
evolução econômica e técnica, a unificar os diversos 
campos do seu saber e atividade, a compreender e 
julgar o meio em que vive, a sentir-se realizado por 
operar por si mesmo, enfim, a ascender ao exercício 
da liberdade e da responsabilidade. Assim apareceu 
um conceito novo: a educação permanente, que, por 
sua recência, está ainda em período de 
investigação e pode ser conceituada como: 
Educación del hombre en todas las dimenciones y 
durante toda su Existencia personal y social, la 
educación permanente abarca todos los centros e 
intenes a cuyo alrededor se ordena dicha 
existencia y exige una transformación profunda de 
O ensino supletivo 
los medios escolares y extraescolares formales e 
informales encam inada a ayudar al hombre a 
dominar la vida que hay en si mismo y a su 
alrededor. [17). 
Os l i m i t e s da educação permanente nao e s t ão 
r igorosamente d e f i n i d o s , mas e s t ão assen tadas as 
l i n h a s que a n o r t e a r ã o : (1) a educação não pode 
l i m i t a r - s e ao período da e x i s t ê n c i a que precede à 
en t rada na vida a t i v a ou a d u l t a . Deve p ro longar - se 
duran te a vida e qualquer pessoa deve poder 
empreender sua educação quando o d e s e j e . 
I s so implica não só con t inu idade e n t r e a educação 
dos jovens e dos adu l tos como uma grande 
f l e x i b i l i d a d e nas e s t r u t u r a s e programas, em 
e s t r e i t a r e l ação uns com os ou t ro s ; (2) deve f i c a r 
assegurada a coerência e n t r e os d ive r sos campos da 
educação, uma vez que se t r a t a t a n t o da aqu i s ição 
de conhecimentos para empregá-los na p r á t i c a de um 
o f i c i o , quanto da compreensão c r i t i c a da c u l t u r a e 
da vida s o c i a l . Sempre respe i tando a 
d ive r s i dade de t i p o s de formação, a educação deve 
l evar a que cada pessoa possa coordenar e n t r e si 
as d i f e r e n t e s e s f e r a s do saber e da a t i v i d a d e ; (3) 
para que os d o i s p r e c e i t o s a n t e r i o r e s fiquem 
assegurados , é necessár io que os t i p o s de formação 
sejam suf ic ien temente a b e r t o s e que se e s t a b e l e ç a 
uma e s t r e i t a colaboração e n t r e as d i v e r s a s 
i n s t â n c i a s educa t ivas . 
Os p r i n c í p i o s que norteiam o que concei tua como 
educação permanente e s t ão i m p l í c i t o s no Capí tulo 
IV da Lei nº 5 .692/71 , que t r a t a especi f icamente do 
ensino supletivo. Suas finalidades estão 
definidas no art. 24: 
a) suprir a escolarização regular para os 
adolescetes e adulta que não tenham seguido ou 
concluído na Idade própria 
b) proporcionar, mediante repetida volta ã escola, 
estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os 
que. tenham seguido o ensino regular no todo ou em 
parte.. 
Paragrafo único. 0 ensino supletivo abrangera 
cursos e exames a serem organizados nos vários 
sistemas de, acordo com as normas baixadas pelos 
respectivos Conselhos de. Educação. 
A clientela do ensino supletivo ê, pois, 
constituida por todos os indivíduos produtivos, aos 
quais pretende oferecer, a cada um conforme seus 
interesses, oportunidade de formação, atualização 
e especialização. 
Os objetivos que o ensino supletivo persegue não se 
distanciam daqueles que o ensino regular tem para 
si. 0 que distingue um do outro é a clientela, são 
os métodos e a organização. Da analise das 
funções de cada um - supletivo e regular -
verifica-se que são partes em interação, o que 
poderia deixar de ocorrer, como subsistemas que sao. 
Dessa forma, o subsistema supletivo vem ao 
encontro de numerosos problemas e os soluciona, 
como afirma Furter, citado por Santiago, quando: 
Ora, se um completa, prolonga e substitui o outro, 
em outras palavras, se os estudos realizados num 
contexto são completados com estudos realizados no 
outro contexto, o aproveitamento dos estudos e a 
interdependência entre eles ê a regra e um dos 
princípios básicos que devem reger a circulação 
entre os dois subsistemas. 
0 parecer 699 do Conselho Federal de Educação 
(1972), ao interpretar o Capitulo da Lei 5.692 que 
trata da matéria, estabeleceu princípios 
doutinários, constituindo-se documento básico 
essencial, ficando as normas específicas, por 
delegação contida no próprio texto legal, na 
alçada dos sistemas de ensino. 
Suas quatro funções englobam cursos e exames, numa 
abrangência de diferentes níveis e graus, 
métodos e técnicas de ensino, regimes e 
57 
currículos, numa visão nova de escola para todos: 
mais e menos dotados, mais e menos preparados, 
jovens e velhos: a Suplência, o suprimento, a 
qualificação e a aprendizagem. 
A função da Suplência é "suprir a escolarização 
regular, para os adultos que não a tenham seguido 
ou concluído na idade própria", proporcionando 
oportunidade de conclusão do 19 e do 2º graus 
àqueles que não tiveram os benefícios da escola na 
época devida; em outras palavras, procura oferecer 
os meios para que o adulto vença o atraso escolar. 
É função do suprimento " proporcionar, mediante 
repetidas voltas à escola, estudos de 
aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham 
seguido o ensino regular no todo ou em parte". Sua 
função é, pois, manter as pessoas atualizadas ao 
longo da vida, quer se trate de cultura geral, 
aperfeiçoamento, especialização ou atualização 
profissional. É, sobretudo, educação 
extra-escolar. Para o suprimento não há limitação 
de nível, âmbito, grau ou estrutura. Inclui o 
universo do conhecimento, sem discriminação. É a 
escola para todos, a escola aberta, a escola sem 
fronteiras. 
A qualificação tem função específica de preparar 
para o desempenho de uma ocupação ou ofício. 
Enquadra-se no que se denomina formação 
profissional, em uma de suas modalidades. Sendo a 
resultante de um processo de preparação para o 
trabalho, discrimina, seleciona. Depende de 
habilidades e de aptidões específicas, uma vez que 
os sistemas de produção e de prestação de serviços 
visam obter a maior produtividade do fator 
trabalho, o que recomenda o estabelecimento de 
critérios visando a alcançar esse objetivo. 
A aprendizagem é o processo de qualificação de 
menores da faixa etária entre os 14 e os 18 anos, 
em determinadas circunstâncias. Na realidade, é 
uma modalidade da qualificação. 
Da mesma forma que a aprendizagem é modalidade de 
qualificação, esta é modalidade de Suplência; 
assim, a rigor, são duas funções do ensino 
supletivo, claramente definidas no artigo 24 da 
Lei 5.692/71: Suplência e suprimento. 
As iniciativas que visam a suprir a escolaridade 
regular, obviamente são realizadas pela rede de 
escolas públicas e privadas de ensino supletivo em 
cada sistema, regendo-se por normas do respectivo 
Conselho de Educação: (a) cursos supletivos de 19 
e de 2º graus; (b) exames abrangendo o núcleo 
comum do ensino de 1º e de 2º grau, com a 
finalidade de continuidade deestudos; (c) exames 
para exclusivo efeito de exercício profissional, 
que incluam apenas o mínimo estabelecido para 
cada habilitação profissional. 
O Glossário que acompanhou o Documento elaborado 
pela UTRAMIG por solicitação do Departamento de 
Ensino Médio e que integra o Parecer 45 do CFE, 
conceitua a qualificação profissional: 
Condição resultante da aprendizagem ou de cursos 
adequados a formação profissional de adultos, 
caracterizada pela comprovação efetiva de que o 
trabalhador está realmente capacitado para o 
exercício completo de uma ocupação bem definida na 
força de trabalho. Desta forma, a aprendizagem e 
os cursos de formação profissional de adultos 
constituem o processo e o método; a qualificação 
e resultante (p. 150) . (19). 
O relator do citado Parecer 4 5, referindo-se ã 
qualificação, diz: 
Á qualificação profissional em cursos Intensivos 
que, por seus métodos, deve ser aplicada a 
pessoas com Idade acima dos 7 5 anos e que se 
encaminhem a emprego certo, terá naturalmente o 
seu modelo no Programa intensivo de Preparação de 
mão-de-obra (p. 739) (79). 
Ao transferir o PIPMO para o Ministério do Trabalho, 
o legislador pretendeu deixar explícito que as 
atividades relativas ã qualificação e habilitação 
profissionais previstas na Lei 5.69 2, da área do 
ensino supletivo, permaneceriam na esfera do 
Ministério da Educação e Cultura. O PIPMO não tem 
rede de escolas, mas com mais de dez anos de 
experiência e recursos próprios, através de 
convênios com instituições de formação 
profissional, estendeu sua ação a todo o território 
nacional. Sem ele o Departamento de Ensino 
Supletivo do MEC ficou apenas com funções de 
cooperação, informação e assistência técnica aos 
sistemas de ensino dos Estados e do Distrito 
Federal; deixou de ser executor de projetos, como 
ocorria quando dispunha do Programa. 
0 Programa Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra, 
considerado o modelo dos cursos de qualificação 
profissional, embora com as mesmas finalidades, 
encontra-se vinculado a outro órgão, do qual recebe 
orientação, integrando um conjunto com funções 
definidas na preparação de mão-de-obra. 
A qualificação profissional é realizada por grande 
número de instituições: SENAI, SENAC, SENAR, PIPMO, 
LBA, Secretarias de Agricultura e Trabalho, 
instituições de caráter religioso, comunitário ou 
assistencial. As duas primeiras instituições, com 
longa experiência e excelentes serviços prestados 
ao sistema empresarial, orientam suas ações para a 
demenda, uma vez que são órgãos patronais, 
constituindo sistemas com ação em todo o país. 0 
SENAR, recentemente criado, não tem a experiência 
do SENAI e SENAC, mas espera-se que siga 
orientação semelhante; 0 PIPMO, como órgão da 
Secretaria de Mão-de-Obra, orienta-se segundo 
suas normas. As demais instituições 
orientam-se por normas próprias quando ministram 
cursos de sua iniciativa ou pelas normas do PIPMO, 
quando executoras dos seus programas. De qualquer 
forma, são por ele influenciadas. 
Um curso profissional deve ter seu currículo 
organizado para atender às necessidades do 
trabalho. Nesse caso, a programação deveria ser 
elaborada a partir de estudo do trabalho. 
Mirengoff manifesta seu ponto de vista em 
relação às atividades de formação profissional 
ã época confiadas ao PIPMO e ao DNMO: 
A questão central em relação ao conteúdo do 
programa e. saber se incorporam- se ou não elementos 
básicos da ocupação da forma como ela é praticada 
no "mundo do trabalho". É ele relevante ou 
obsoleto? A duração do treinamento e 
desnecessáriamente longa ou muito curta? A 
uniformização do treinamento deve ser revista. 
Isto não significa que o conteúdo do treinamento 
deve ser idêntico. Entretanto, seria desejável 
estabelecer padrões de treinamento para que se 
possa definir o nivel de treinamento {20). 
A princípio o PIPMO não estabeleceu pré-requisitos 
para ingresso, duração, conteúdos programáticos, 
forma de seleção e de avaliação, ficando essas 
questões definidas, em cada caso, no projeto 
submetido pela entidade executora do Programa, 
para aprovação. Muitas dessas questões estão 
merecendo alguma atenção da Secretaria de 
Mão-de-obra, embora sejam limitadas as ações 
concretas visando a elevação do nível dos cursos, 
cuja eficácia pode ser comprovada pela 
avaliação do desempenho dos egressos nos postos de 
trabalho. Há um setor da Secretaria encarregado 
da avaliação, que certamente desenvolverá 
projetos com finalidade bem definida. 
Mas à medida que se ampliarem as normas em relação 
aos cursos de qualificação, haverá tendência 
maior a sistematização e uniformidade de 
procedimentos, indiscutivelmente necessárias, 
desde que as medidas não se tornem rígidas ao 
ponto de lhes tirar a flexibilidade característica 
do ensino supletivo. 
Se o sistema regular caracteriza-se pela 
Escola-Instituição, a que recebe e retém os que 
podem ingressar e permanecer no sistema, e o 
sistema supletivo caracteriza-se pela 
Escola-Função, a que recebe aqueles que não podem 
adaptar-se a rigidez do primeiro, pode-se entender 
que as disfunções de um devem ser corrigidas no 
outro, razão pela qual não podem estruturar-se de 
forma semelhante. 
Anteriormente ã Lei 5.692/71 competia ao SENAI 
ministrar a aprendizagem, definida no Decreto 
nº 31.54 6, de 6 de outubro de 19 52 como 
o contrato Individual da trabalho realizado entre 
um empnegador a um trabalhador maior de 14 a menor 
da 18 anos, pelo qual, alem das caracteristicas 
mencionadas no antigo 3º da Consolidação das Leis 
do Trabalho, aquele se obriga a submeter o 
empregado a formação profissional metódica do 
oficio ou ocupação pana cujo exercício foi 
admitido a o menor assume o compromisso da seguir 
o respectivo regime da aprandizagem (27). 
A nova Lei do ensino manteve a mesma faixa de 
idade para os cursos de aprendizagem, mas não 
os manteve privativamente na área das 
instituições de formação profissional acima 
mencionadas; também não se referiu ao papel das 
empresas no processo. O Relatório do GT 
instituído pelo Decreto nº 66.600, de 20 de maio de 
1970 explica as razões: 
ao omitir as empresas nesta parte mais pedagógica, 
Deixamos o campo aberto a que entidades não 
classificadas como tais Ingressem nos campos da 
aprendizagem e da qualificação. Referindo-se a 
sua obrigatoriedade aos setores "comerciais e 
Industriais , a Constituição não impediu que 
outras também se desenvolvessem; mas tendeu a fixar 
um modelo que as novas condições de trabalho e da 
produção já não consagram (22). 
O Decreto nº 31.546 atribui competência ao SENAI e 
SENAC, respectivamente, para estabelecer os 
ofícios e ocupações objeto de aprendizagem 
metódica nos seus cursos, bem como as condições de 
funcionamento e duração, submetendo posteriormente o 
elenco ao Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio. Levada a aprendizagem para outras 
escolas, questiona-se a linha de procedimento a ser 
adotada relativamente aos ofícios e ocupações que 
demandam aprendizagem metódica, quem 
selecionará as ocupações objeto de aprendizagem, 
determinará a duração dos cursos, o nível e 
outros pontos obscuros na lei. 
Ainda, relativamente à aprendizagem referido Decreto 
estabeleceu, em seu artigo 69: 
É licito ao menor submetido à aprendizagem metódica 
no próprio emprego, nos termos do § 1º do artigo 2º, 
requeren, em qualquer tempo, ao Ministerio do 
Trabalho, Industria e Comercio por si ou seus 
responsáveis, exame de habilitação para o respectivo 
oficio ou ocupação. 
A Lei 5.692/71 não prevê exames de qualificação. 
Parece que no caso especial da aprendizagem 
metódica realizada no emprego, constituir-se-á 
exceção, uma vez que não há dispositivo revogar a 
matéria. 
Concluindo, ficou definido que: (1) qualquer 
instituição pode ministrar cursosdefinidos como 
de suprimento, sem pré-requisito algum e 
interferência direta dos sistemas; (2) a Suplência 
é realizada no sistema de ensino supletivo: em 
cursos ministrados diretamente na rede pública e 
escolas particulares integradas ao sistema, ou em 
exames realizados pelos sistemas estaduais; (3) a 
aprendisagem antes realizada pelo SENAI e SENAC, 
diretamente ou na empresa, com a orientação 
desses órgãos, é ministrada por essas instituições 
ou outras, de acordo com normas estabelecidas em 
cada sistema e (4) a qualificação, em princípio 
realizada por qualquer instituição, tem seu 
modelo nos cursos realizados pelo PIPMO. 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
NO MINISTÉRIO DO 
TRABALHO 
A constituição de 10 de novembro de 1937, no seu 
artigo 129, dá especial relevo ao ensino 
pré-vocacional e profissional, considerando dever 
do Estado mantê-lo diretamente ou subsidiá-lo. 
Reconhece, também, ser dever das industrias e 
sindicatos econômicos criar, na esfera de sua 
especialidade, escolas de aprendizes destinadas 
aos filhos de operários ou de seus associados, o 
que já evidenciava uma conscientização em relação à 
necessidade de preparação profissional como meio de 
promoção social e de atender às necessidade 
emergentes de pessoal qualificado para o trabalho. 
Posteriormente, na XXV Conferência Internacional do 
trabalho realizada em Genebra foi discutida a 
questão do ensino técnico e profissional e da 
aprendizagem, cujas conclusões iriam influir de 
maneiro decisiva na organização do Serviço Nacional 
de Aprendizagem dos Industriários - SENAI, criado 
pelo Decreto-Lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942 
O Decreto-lei citado estabeleceu, no artigo 3º, que 
o novo órgão seria organizado e dirigido pela 
Confederação Nacional da Indústria. Determinava, 
porém, no artigo 8º, que a organização do SENAI 
constaria do seu regimento, a ser apresentado pela 
Confederação ao Ministro da Educação, para 
aprovação por decreto do Presidente da República. 
No regimento ficou estipulado que o SENAI seria 
Antecedentes históricos 
vinculado ao Ministério da Educação, embora 
dirigido pela Confederação Nacional da Indústria; ao 
Ministério competia a ação normativa e ã 
Confederação a parte executiva. 
0 comércio também já se ressentia de falta de 
pessoal qualificado e, por Decreto nº 8.621, de 
10 de janeiro de 1946, passou a dispor de uma 
instituição especifica para formação de sua 
mão-de-obra, o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Comercial - SENAC, organizado com estrutura 
semelhante à adotada para o setor industrial. 
As duas instituições cresceram, acompanhando o 
desenvolvimento do país, expandindo sua atuação 
em âmbito geográfico (de inicio tinham ação 
restrita às capitais) e em âmbito ocupacional 
(o elenco de ocupações objeto de formação cresceu 
para atender às necessidades do sistema 
empresarial). 
0 grande surto de desenvolvimento verificado na 
década de 60 acarretou uma diversificação 
considerável de atividades e grande modificação 
na estrutura ocupacional, em função da introdução 
de novas tecnologias e expansão de diferentes 
setores. Constatada a carência de pessoal 
qualificado em diferentes áreas, foi criado no 
Ministério da Educação e Cultura um mecanismo com a 
finalidades de, a curto prazo, parecer, 
aperfeiçoar e especializar mão-de-obra para o setor 
industrial, o Programa Intensivo de Preparação de 
Mão-de-Obra - PIPMO, aprovado pelo Decreto 
nº 53.324, de 18 de dezembro de 1963, vinculado ã 
Diretoria do Ensino Industrial. 
Em 23 de dezembro de 1965 a Lei nº 4.923 cria no 
Ministério do Trabalho e Previdência Social, o 
Departamento Nacional de Mão-de-Obra - DNMO, entre 
outras, com a função de estudar os problemas de 
colocação e da formação profissional. Da 
estrutura do DNMO, aprovada pelo Decreto nº 58.550, 
de 30 de maio de 1966, consta a Divisão de 
Colocação e Formação Profissional com uma série de 
atribuições em relação à assistência ao 
desempregado e à formação profissional, entre as 
quais ressaltar: 
I - Estudar , pesquisar r fixar os critérios da 
qualificação, organizando o cadastro das 
profissôes ; 
II- Estudar as bases de formulação da política 
governamental de formação profissional, tendo 
em vista as perspectivas do desenvolvimento 
econômico, o, em cooperacão com o Ministério da 
Educação, estender as bases do ensino 
profissional, estabelecendo os curriculos , os 
cursos os programas exames de comprovação para 
o exercicio da especializacão (...) (23). 
Verifica-se que, então, as funções atribuídas ao 
Ministério do Trabalho em relação ã formação 
profissional, como definir currículos, programas, 
cursos e exames e elaboração de normas para 
exames de capacitação, deveriam ser exercidas em 
cooperação com o Ministério da Educação e Cultura. 
Fica claro, entretando, que a competência para a 
fixação de critérios para a qualificação 
profissional foi delegada ao Ministério do 
Trabalho. (Ainda não foi baixado ato extinguindo 
o DNMO, mas suas atribuições relativas à 
formação profissional passaram ã Secretaria de 
Mão-de-Obra desde sua organização). 
Junto ao DNMO, presidido pelo seu diretor-geral, 
funcionava o Conselho Consultivo de Mão-de-Obra. 
Após o desmembramento do Ministério do Trabalho e 
Previdência Social em dois Ministérios - o do 
Trabalho e o da Previdência Social - o Decreto 
nº 74.296, de 16 de julho de 1974 dispôs sobre a 
nova estrutura do Ministério do Trabalho, 
criando a Secretaria de Mão-de-obra, com a 
finalidade de promover atividades relacionadas com 
a preparação de mão-de-obra para o mercado de 
trabalho. As entidades de formação profissional 
SENAI e SENAC passaram a vincular-se ao Ministério 
do Trabalho. 
À Secretaria de Mão-de-Obra foi dada a seguinte 
estrutura: 
1. Subsecretária de Formação Profissional, 
compreendendo Coordenadoria de Qualificação 
Profissional, Coordenadoria de Projetos 
Específicos, Coordenadoria de Treinamento 
Operacional e Coordenadoria de Aprendizagem. 
2. Subsecretária de estudos, Análises e Metodologia, 
compreendendo Coordenadoria de Estudos, Pesquisas 
As atuais atribuições 
e Análises Profissionais, Coordenadoria de 
Informação e Orientação Profissional, 
Coordenadoria de Recursos Instrucionais e 
Coordenadoria de Acompanhamento e Avaliação. 
Verifica-se que a Secretaria de Mão-de-Obra esta 
dividida em dois setores distintos; um operacional, 
que executa as atividades e um de estudos, no 
qual são definidas as linhas metodológicas, 
realizadas pesquisas, definidos os recursos 
instrucionais a serem utilizados, avaliados os 
métodos, os recursos, o processo de formação e sua 
eficácia. 
Por Decreto nº 75.081, de 12 de dezembro de 1974, o 
PIPMO passou a vincular-se ao Ministério do 
Trabalho, "com a finalidade de promover o 
treinamento de trabalhadores para os diversos 
setores econômicos". Todavia, ficou explícito no 
parágrafo único do art. 1º: 
As atividades pertinentes a qualificação e 
habilitação profissionais a que se refere a Lei 
5.692, de 11 de agosto de 1971, continuarão a ser 
exercidas pelo Ministério da Educação e Cultura, 
através do Departamento de Ensino Supletivo. 
Outro dispositivo legal .- a Lei 6.297, de 15 de 
dezembro de 1975, que dispôs sobre a dedução do 
lucro tributável para fins de imposto de renda das 
pessoas jurídicas, atribui ao Ministério do 
Trabalho competência para aprovar os projetos de 
formação profissional elaboradas pelas pessoas 
jurídicas beneficiárias. Referida Lei caracteriza, 
no art. 2º, o que é entendido, então, como formação 
profissional: 
Considera-se formação profissional para os efeitos 
desta lei, as atividades realizadas, em territorios 
nacional, pelas pessoas jurídicas beneficiárias da 
dedução estabelecida no art. 1o, que objetivam a 
preeparação imediata pana o trabalho de

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