Buscar

Anais da III Conferência Nacional de Educação, Salvador 1967

Prévia do material em texto

Í N D I C E 
D e c r e t o nº 5 4 . 9 9 9 , de 13 de n o v e m b r o de 1964 ( a l t e r a d o 
pe los D e c r e t o s 57 .347 , de 2 5 - 1 1 - 6 5 , e 5 7 . 8 1 3 , de 2 5 - 2 -
66) 11 
Reg imen to 13 
L i s t a dos P a r t i c i p a n t e s 17 
D i s c u r s o s 31 
Do M i n i s t r o T a r s o D u t r a 33 
Do G o v e r n a d o r Luiz Vianna F i lho 37 
Do P e . J o s é de V a s c o n c e l l o s 43 
Documento B á s i c o 47 
A p r e s e n t a ç ã o 49 
T e m a - E x t e n s ã o da E s c o l a r i d a d e 53 
Subtema I - C r i a ç ã o das C l a s s e s de 5a . e 6a . Se_ 
r i e s do C u r s o P r i m á r i o 78 
Subtema II - A r t i c u l a ç ã o e n t r e o Ens ino P r i m á r i o 
e o Ginas i a l 81 
Subtema III - P r i m e i r o Cic lo Médio 85 
Antepro je to de R e c o m e n d a ç õ e s 93 
D o c u m e n t o s d e T r a b a l h o 
Extensão da Escoiaridade 101 
Articuiação entre o Ensino Pr imár io e o Ginas ia l . . 109 
Pr imei ro Ciclo do Ensino Médio 119 
O Artigo l l 6 da Lei de Diretrizes e seu Cumpri-
mento 128 
Currículo Ginasial Secundário no Brasil , depois 
da Lei de Diretrizes e Bases 134 
Ginásio Orientado para o Trabalho (Ginásio 
Polivalente ) 150 
Organização do Ensino Médio em Dois Ciclos e 
em Ciclo Único por Países (Dados de Educa 
ção Comparada) 158 
Reorganização da Educação de Base no B r a s i l . . . 163 
Provas de Rendimento Escolar no Curso Pr ima 
rio 179 
Bases para uma Reforma de Educação no Perío 
do de Escoiaridade Obrigatória 197 
Destino das Crianças que Concluíram o Curso 
Pr imár io no Estado da Guanabara 289 
Serão Adequados os Programas Brasi le i ros de 
Curso Pr imár io ? 295 
Bibliografia Seletiva sôbre Extensão da Escola-
ridade 323 
Implantação das Classes de 5a. e 6a. S e r i e s 
na Cidade de São Paulo 341 
Centro Educacional Carneiro Ribeiro 377 
Educação — Problema de Formação Nacional 385 
Uma Experiência da Educação Pr imár ia Integral . . 397 
O Problema de Formação do Magistério 409 
Educação Complementar 420 
Temas de Reflexão sôbre as 5a. e 6a. Séries 
P r imár ias 429 
Organizada pelo INEP, reuniu-se em Salvador, B a h i a , 
em abril de 1967, a I I I Conferência Nacional de Educação, de 
que participaram líderes da Educação e representantes de entida-
desde nosso País e de agências internacionais. 
Criadas por força do Decreto n° 54.999, estas reuniões 
de educadores já se constituíram em um fórum de debates sobre 
os mais relevantes problemas do ensino e conduzem, como é na-
tural, a uma tomada de posição diante desses mesmos p r o b l e -
mas. 
A I Conferência, realizada em Brasí l ia , em fins de mar-
ço e início de abri l de 1º65, abordou um tema geral — Coordê-
nação de recursos e medidas para o desenvolvimento da educação 
nacional", com dois subtemas "Piano nacional e p i a n o s e s t a -
duais de educação" e "Normas para a eiaboração, articuiação, 
execução e avaliação dos pianos de educação . 
A II Conferência, realizada em Porto Alegre, em fins 
de abri l de 1º66, focalizou tema mais específico — ''Desenvolvi-
mento do ensino pr imário; Treinamento, formação e aperfeiçoa-
mento de professores pr imár ios ; Construção e equipamento de 
escoias". E a I I I Conferência, numa seqüência lógica, caracte_ 
r í s t ica destas reuniões, teve como tema principal — 'Extensão 
da escoiaridade" e subtemas "Criação de ciasses de 5a. e 6a. 
s e r i e s do curso primário; Articuiação entre o ensino primário e 
o ginasial; Pr imeiro ciclo médio", matérias destacadas na pro_ 
blemát ica educacional bras i le i ra . 
Do trabalho realizado, que se condensa nas Recomenda-
ções Finais ; dos depoimentos e opiniões dos participantes da reu-
nião através dos quais se podem t raçar as linhas da nossa reali-
dade educacional e avaliar a necessidade de modificações; dos do-
currietvtos básicos, que servi ram de subsídios aos temas t r a t a -
dos; das contribuições t razidas pelos organismos nacionais e in-
ternacionais ligados à educação; de toda a problemática debatida 
e d a s conclusões aprovadas — procura-se dar uma visão global 
nos Anais agora publicados, em obediência ao Regimento da Con-
ferência. Buscam os Anais, desse modo, condensar o pensamen-
to dos educadores bras i le i ros , numa equilibrada visão crí t ica 
da realidade do ensino em nossa t e r r a , suas deficiências e so-
luções indicadas para sanar tais deficiências. 
Que esta publicação possa atingir os objetivos q u e se 
propõe, contribuindo para o esciarecimento dos problemas, não 
somente reiacionados com o tema especifico da I I I Conferen-
cia, mas a toda a conjuntura educacional bras i le i ra são os vo-
tos dos E d i t o r e s . 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
MARECHAL ARTHUR DA COSTA E SILVA 
MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
DEPUTADO T A R S O D U T R A 
PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO 
PROFESSOR D E O L I N D O C O U T O 
SECRETARIO GERAL DO M E C 
PROFESSOR EDSON R. DE SOUZA FRANCO 
DIRETOR DO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS 
PROFESSOR C A R L O S C O R R Ê A M A S C A R O 
DECRETO Nº 54.999 - DE 13 DE NOVEMBRO DE 1º64 
ALTERADO PELOS DECRETOS nºs 
57.347, de 25.11.65, 57.813, de 15.2.66 e 57.876, de 25.2.66 
Institui a Conferência Nacional 
de Educação e dá outras pro-
vidências. 
O P R E S I D E N T E DA R E PÚ B L I CA , usando das 
atribuições que lhe confere o artigo 87, inciso I, da Constituição, 
e tendo em vista o disposto no artigo 93, § 1º, alínea C, da Lei 
Nº 4.024, de 20 de dezembro de 1º61, DECRETA: 
Art . 1º - O Governo Federal convocara, anualmente, a 
Conferência Nacional de Educação, para estudo das questões re_ 
iativas à coordenação de pianos de educação. 
Art . 2º - Constituirão a Conferência Nacional de Educa_ 
ção os membros do Conselho Federal de Educação, os Diretores 
Gerais dos Departamentos, os Diretores das Diretorias de Ensi 
no e do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministe 
rio da Educação e Cultura, os Secretários de Educação dos Esta_ 
dos e do Distrito Federal, um representante de cada C o n s e l h o 
Estadual de Educação, um representante de cada Terr i tór io F£ 
deral, um representante do Fórum de Reitores das Universida 
des, o Presidente da Associação Brasileira de Educação, o Pre 
sidente da Federação Nacional dos Estabelecimentos Particuia_ 
res de Ensino, o Presidente da Federação Interestadual dos Tra 
balhadores em Estabelecimentos de Ensino, o Presidente da Con 
federação dos Professôres Pr imár ios do Brasil e o Presidente 
da União Nacional das Associações Familiais (Decretos nºs 
57.347, de 25.11.1º65 e 57.813, de 15. 2 .1 º66) . 
§ 1º - Presidirá a Conferência o Ministro de Estado da 
Educação e Cultura. 
§ 2? - Na forma do Regimento poderão ser convidados a 
participar da Conferência, na qualidade de observadores, r e p r e 
sentantes das organizações internacionais ou estrangeiras q u e 
exerçam-no Pais atividades de assistência técnica ou financeira 
à Educação. 
Art . 3º - A Conferência Nacional de Educação rea l izar-
- se -á entre 1º de março a 30 de abril de cada ano,rotativamente, 
nas Capitais dos Estados (Decreto nº 57.876, de 25.2 .1º66) 
Art . 49 - Os trabalhos de cada reunião da Conferência 
Nacional de Educação versarão sobre tema geral e subtemas, ea_ 
colhidos na reunião anter ior . 
§ 1º - O tema e os subtemas de cada reunião serão obje_ 
to de pesquisas e levantamentos prévios e a eles se circunscreve 
rão os trabalhos da reunião. 
§ 2º - As conclusões e recomendações aprovadas em ca 
da reunião serão comunicadas aos órgãos técnicos da administra 
ção pública e terão ampia divulgação. 
§ 3º - Cada reunião estabelecerá o local, a data, o te 
ma e subtemas da reunião seguinte. 
Art. 5º - O Ministro da Educação e Cultura expedira o 
Regimento da Conferência Nacional de Educação e fixaraa data, 
o tema e subtemas da pr imeira reunião. 
Art . 6º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua 
publicação, revogadas as disposições em contrário. 
Brasília, 13 de novembro de 1º64; 143º da Independência 
e 769 da República. 
R E G I M E N T O 
Aprovado peia I Conferência e 
expedida Portar ia Ministerial 
nº 348, de 8 de dezembro de 
1º65, publicada no Diário Ofi_ 
ciai de 20 de dezembro de 1º65. 
Art . 1º - A Conferência Nacional de Educação,instituída 
pelo Decreto Nº 54.999, de 13 de novembro de 1º64, modificado 
elo Decreto Nº 57. 347, de 25. 11. 1º65, será convocada a n u a l -
lente pelo Ministro da Educação e Cultura, no mês de março, pa 
ra estudos de questões reiativas à coordenação de pianos de edu 
cação. 
Art . 2? - Constituirão a Conferência Nacional de Educa_ 
ção os membros do Conselho Federal de Educação, os d i r e t o -
res -gera i s dos Departamentos, os diretores das Diretorias de 
Ensino e do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Minis_ 
tério da Educação e Cultura, os Secretários de Educação dos Es-
tados e do Distrito Federal, um representante de cada Conselho 
Estadual de Educação, um representante do Fórum de Reitores 
das Universidades, o presidente da Associação Brasileira de Edu-
cação, o presidente da Federação Nacional dos Estabelecimentos 
Part icuiares de Ensino, o presidente da Confederação dos P r o -
fessôres Pr imár ios do Brasil e o presidente da União Nacional 
das Associações Famil iais . 
Parágrafo Único - Poderão ser convidados para partici-
par da Conferência, na qualidade de observadores, representantes 
das organizações internacionais ou estrangeiras que exerçam, no 
Pais , atividades de assistência técnica ou financeira à educação, 
em termos de convênio celebrado com o Governo Federal . 
Art . 3º - Presidirá a Conferência o Ministro da E d u c a 
ção e Cultura. 
Parágrafo Único - A Mesa Diretora dos trabalhos c o m 
por - se -á de t r ê s Vice-Presidentes . O primeiro Vice-Presiden 
te será o Presidente do Conselho Federal de Educação e os ou 
tros dois serão indicados, respectivamente, pelos Secretários de 
Educação e pelos representantes dos Conselhos de Educação dos 
Estados. 
DA ORDEM DO Dia, DAS SESSÕES E DA SECRETARia 
Art . 4º - As reuniões serão realizadas em rodízio nas 
capitais dos Estados, em dias úteis, consecutivos, havendo ses 
soes solenes, preparatórias , plenárias e de comissões, em hora 
rios previamente estabelecidos peia Presidência. 
§ 1º - Os trabalhos versarão exclusivamente sobre . t e 
ma geral e subtemas escolhidos na reunião anterior . 
§ 2º - A secretar ia da Conferência apresentara informa 
ções minuciosas sobre a adoção das recomendações da r e u n i ã o 
anterior e dos resultados alcançados. 
Art . 5º - O tema e subtemas serão objeto de pesquisa e 
levantamento prévios, extensivos a todos os Estados e T e r r i t ó 
r ias , realizados peia Secretaria da Conferência. 
§ 1º - Os formulários para coleta dos dados reiativos à 
matéria a que se refere este artigo serão distribuídos aos o r 
gãos administrativos e às entidades competentes, ate 30 de julho 
de cada ano, devendo as respostas ser devolvidas ate 31 de outu 
b ro . 
§ 2º - O material referido neste artigo será analisado 
de modo que sirva de base à eiaboração de reiatório sobre o te 
ma e os subtemas, o qual deverá concluir por um anteprojeto de 
recomendações. 
Art . 6º - A Secretaria da Conferência solicitara de ca 
da unidade federada reiatório sucinto das atividades educativas 
no ano anterior, distribuindo-o para troca de informações e co 
mentarios durante uma sessão plenária, especialmente destinada 
a esse fim. 
Parágrafo Único - Os formulários para coleta dos dados 
reiativos à matéria a que se refere este artigo serão d i s t r i b u j _ 
dos aos órgãos administrativos e as entidades competentes ate 30 
de novembro de cada ano, devendo as respostas ser devolvidas 
ate 15 de fevereiro do ano seguinte. 
Art . 7º - Nas sessões plenárias, cada membro poderá 
usar da paiavra por cinco minutos e apresentar emendas, em tex 
to escrito sobre a matéria em exame. 
Art . 8º - Constituirão documentos do trabalho para a 
Conferência os resultados das pesquisas e dos levantamentos pre 
vios, os reiatórios das atividades federadas, o Reia tór io-Geral , 
o anteprojeto de Recomendações e outros que a Presidência en 
tender oportuno divulgar entre os participantes. 
Art . 99 - Os documentos de trabalho serão distribuídos 
aos membros da Conferência ate 30 dias antes da data de sua ins_ 
taiação. 
Art . 10 - O Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, 
do Ministério da Educação e Cultura, organizara e superintende^ 
rá os serviços de Secretaria da Conferência, articuiando-se em 
cada caso com a Diretoria do Ministério com que se reiacionar 
a matéria do temário. 
DAS COMISSÕES 
Art . 11 - Ao instaiar-se a Conferência, a Mesa organi 
zara duas Comissões: uma de Recomendações e outra encarrega 
da de apresentar anteprojeto de deliberação sobre o tema, subte_ 
mas e local da conferência subseqüente. 
§ 1º - A primeira Comissão, constituída de oito m e m 
bros, sendo dois designados pelo Ministro da Educação e C u l t u 
ra, dois indicados pelo Presidente do Conselho Federal de Educa_ 
ção, dois representantes dos Secretários de Educação e dois dos 
Conselhos Estaduais de Educação, escolhidos, os quatro últimos, 
pelos respectivos pa res . 
§ 2º - A segunda Comissão será constituída de q u a t r o 
membros, indicados, respectivamente, pelo Ministro da Educação 
e Cultura, pelo Presidente do Conselho Federal de Educação, pe 
los Secretários de Educação e pelos representantes dos C o n s e 
lhos Estaduais de Educação. 
Art. 12 - As Comissões reunir-se-ão em horário diver 
so do das sessões plenárias, sob a presidência de um dos mem 
bros, eleito pelos seus pares , podendo receber emendas,apresen 
tadas por escrito, aos anteprojetos. 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 13 - As Recomendações aprovadas peia Conferên 
cia serão comunicadas aos órgãos competentes da administração 
publica, sendo também objeto de ampia divulgação. 
Art . 14 - A Secretaria organizará e publicará em volu 
me os anais da Conferência. 
Parágrafo Único - Constarão do volume de cada ano a 
lista dos participantes da Conferência, a súmuia dos te r r i tór ios 
das atividades educativas nas várias Unidades da Federação, as 
Recomendações aprovadas sobre o tema e subtemas, o R e i a t o 
r io-Geral apresentado peia Secretaria e o resumo dos d e b a t e s 
nas sessões plenárias e das comissões. 
Art . 15 - Cada reunião indicará a sede da seguinte,fican_ 
do a cargo do Estado escolhido organizar o programa social e 
submetê-lo à prévia aprovação do Presidente da Conferência. 
Parágrafo Único - Cabe ao Estado, exclusivamente, as 
despesas referentes ao programa social. 
Art . 16 - Este Regimento poderá ser modificado p o r 
proposta de um terço dos membros da Conferência, apreciada por 
uma Comissão Especial de quatro membros, designada peia Pre_ 
sidência. 
I I I CONFERÊNCia NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
LISTA DOS PARTICIPANTES 
MEMBROS NATOS 
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO 
Cons. Anísio S. Teixeira 
Cons. Antônio de Almeida Júnior 
Cons. Celso Kelly 
Cons. Durmeval Trigueiro Mendes 
Cons. Edson Raimundo P. Souza Franco 
Cons. Pe . José Vieira de Vasconcellos 
Cons. Newton Sucupira 
Cons. Péricles Madureira de Pinho 
Cons. Raimundo Moniz de Aragão 
Cons. Raimundo Valnir C. Chagas 
Cons. Roberto Figueira Santos 
SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO E 
PRESIDENTES DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO 
ACRE 
Secretário da Educação 
Florentina Esteves 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Osmar Sabino de Pauia - Representante 
AMAZONAS 
Secretário da Educação 
Antônio Vinícius Raposo de Câmara 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Con. Walter Gonçalves Nogueira- Representante 
PARÁ 
Secretario da Educação 
Acy de Jesus N. Barros Pere i ra 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Clóvis Silva de Moraes Rego - Representante 
MARANHÃO 
Secretário da Educação 
Maria José Santos Rego - Representante 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Elimar Figueiredo A. Silva - Representante 
P iaUÍ 
Secretário da Educação 
Pe . Balduino Barbosa de Deus 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Itamar Souza Brito - Representante 
CEARÁ 
Secretario da Educação 
José Lúcio Fe r re i r a de Mello 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Antonieta Rabelo de Castro Andrade -Representante 
RIO GRANDE DO NORTE 
Secretário da Educação 
Jarbas Fer re i ra Bezerra 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Jessé Dantas Cavalcanti - Representante 
PARAÍBA 
Secretário da Educação 
Mylton Fer re i ra Paiva - Representante 
PERNAMBUCO 
Secretário da Educação 
José Barreto Guimarães 
Conselho Estadual de Educação 
Gilberto Osório de Andrade - Presidente 
AiaGOAS 
Secretário da Educação 
Benedito Hibi Cerqueira 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Pe . Humberto Cavalcanti - Representante 
SERGIPE 
Secretário da Educação 
Carlos Alberto Barros Sampaio 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Neyde de Albuquerque Mesquita - Representante 
BAHia 
Secretario da Educação 
Luiz Augusto Fraga Navarro de Brito 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Ângelo Lyrio Alves de Almeida - Representante 
ESPÍRITO SANTO 
Secretario da Educação 
José Aquino Oliveira - Representante 
Conselho Estadual de Educação 
Ruy Lora - Presidente 
MINAS GERAIS 
Secretario da Educação 
Emanuel Brandão Fontes - Representante 
Conselho Estadual de Educação 
José Guerra Pinto Coelho - Presidente 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
Secretário da Educação 
Elio Monerat Solon de Pontes 
Conselho Estadual de Educação 
Paulo do Couto Pfeil - Presidente 
GUANABARA 
Secretario da Educação 
Benjamin de Morais Filho 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Edilia Coelho Garcia - Representante 
Cons. Maria Mesquita de Siqueira - Representante 
SAO PAULO 
Secretario da Educação 
Antônio Barros Ulhoa Cintra 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Erasmo de Frei tas Nuzzi - Representante 
PARANÁ 
Secretario da Educação 
Carlos Alberto Moro 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Otávio Mazziotti - Representante 
SANTA CATARINA 
Secretario da Educação 
Galileu Craveiro Amorim 
Conselho Estadual de Educação 
Oriando Fer re i ra de Melo- Presidente 
Oswaldo Fer re i ra de Melo - Observador ( P i a M E G ) 
RIO GRANDE DO SUL, 
Secretário da Educação 
Luis Lesseigneur de Faria 
Conselho Estadual de Educação 
Pe . José Carlos Nunes - Presidente 
MATO GROSSO 
Secretário da Educação 
Wilson Rodrigues 
Conselho Estadual de Educação 
Pe. Raimundo C. Pombo - Presidente 
GOiaS 
Secretário da Educação 
Jarmund Nasser 
Conselho Estadual de Educação 
Cons. Pe . Ormindo Viveiros de Castro - Representante 
BRASÍLia 
Secretario da Educação 
Maria Melo de Araújo Lopes- Representante 
Conselho Estadual de Educação 
Maria Melo de Araújo Lopes - Vice-Presidente 
PAR T E R R I T Ó R I O S 
RONDÔNia 
H e r b e r t A l e n c a r de Souza - R e p r e s e n t a n t e da Divisão de 
DO Educação 
AMAPÁ 
Rubens Andre l lo - R e p r e s e n t a n t e da Divisão de Educação 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
SECRETÁRIO GERAL 
E dson Ra imundo P . Souza F r a n c o 
D E P . NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
Celso Kelly - D i r e t o r 
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS 
C a r l o s C o r r ê a M a s c a r o - D i r e t o r 
DIRETOR DO ENSINO SUPERIOR 
C a r l o s A l b e r t o Del Cas t i lho 
DIRETOR DO ENSINO SECUNDÁRIO 
Gi ldás io Amado 
DIRETOR DO ENSINO INDUSTRiaL 
R o b e r t o Gomes Leobons - D i r e to r Subst i tuto 
DIRETOR DO ENSINO C O M E R C i a L 
ia faye t t e Belfor t G a r c i a 
Manoel M a r q u e s de Carva lho 
DIRETOR DO ENSINO A G R Í C O i a 
Wal t e r Wolf Saur 
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO 
Henr ique Cab ra l L i m a 
A S S O C i a Ç Õ E S 
ASSOCiaÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ( A B E ) 
Benjamin Albagl i - P r e s i d e n t e 
U N i a O NACIONAL DAS ASSOCiaÇÕES FAMILia IS 
Hel i Meriegali - R e p r e s e n t a n t e 
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ESTABELECIMENTOS 
TICU iaRES DE ENSINO 
Oswaldo Querino S imões , Pres idente 
CONFEDERAÇÃO DOS PROFESSÔRES P R I M Á R I O S 
BRASIL 
Ocyron Cunha, Pres idente 
O B S E R V A D O R E S 
FULBRIGHT COMMISSION 
Arthur Hehl Neiva 
U . N . E . S . C . O . 
John Howe - Representante Geral no Bras i l 
Michel Debrun 
Jacques Torfs 
P ierre Furter 
FORD FOUNDATION 
Morris L. Cogan 
0 > E . A. 
Germano Jardim 
C . L . A . P . C . S . 
Regina Helena Tavares - Representante 
O. N. Ui 
Eduardo Albertal 
F . I . S . I . do Bras i l 
Al ice Shaffer 
F . I . S . I . / U . N . E . S . C O . / I . N . E . P . 
Ângelo D. Marques 
U . S . A . I . D . - Rio 
Rosson L. Cardwell 
Adwin Dolio 
Monroe Cohen - Educação Complementar 
George Little 
F loresta de Miranda 
Rurik Leite 
U . S . A . I . D . - Nordeste (Recife) 
Alvim Bis set 
Norman Lyons 
Alzira Coimbra 
Dais / Tarrozo 
S . E . N . A . C . 
Maurício Carvalho 
S .E .S . I . 
João Climaco Bezerra 
Maria Braz - ( Departamento Regional de São Paulo ) 
S .E .N .A. I . 
Mario Lisboa Sampaio 
E . P . E . A . - Ministério do Pianejamento 
José Nilo Tavares 
U . F . R . J . - Faculdade de Filosofia 
Mariana Álvares da Cunha 
EQUIPE DE PiaNEJAMENTO DO ENSINO SUPERIOR 
Henry W. Hoge 
EQUIPE DE PiaNEJAMENTO E ASSESSORia DAS FACULDA 
DES DE FILOSOFia 
Alexis Stepanenko 
EQUIPE DE PiaNEJAMENTO DO ENSINO MÉDIO 
Floyd Mullinix 
Albert Hamel 
Rudolph Sando 
Manfred Schrupp 
A s s e s s o r e s : 
Vicente Umbelino de Souza 
Pery Porto 
Teofolino A. Cerqueira 
Guaracy Gouveia 
EQUIPE DE ASSISTÊNCia TÉCNICA DO ENSINO PRIMA 
RIO - I N E P 
Frank iane 
Lyra Paixão 
Charles Turner 
Diva D. Costa 
Harold Keeler 
Maria Ivone Araújo 
Haias Jackim 
Zenaide Schultz 
Edith Berner 
Wilson H. Pinto 
Harry White 
C O N V I D A D O S 
CENTROS REGIONAIS DE PESQUISAS EDUCACIONAIS - INEP 
CRPE - INEP - Bahia 
Hildérico Pinheiro de Oliveira, Diretor 
CRPE - INEP - Rio Grande do Sul 
Álvaro Magalhães, Diretor 
CRPE - INEP - São Paulo 
J. Quefino Ribeiro, Diretor 
Hélio ítalo Serafino 
CRPE - INEP - Minas Gerais 
Doris Melo Brito, Representante 
Lygia Maria Araújo 
CRPE - INEP - Pernambuco 
Grazielia Pelegrino, Representante 
CARPE - (Campanha de Reparo e Restauração dos Prédios Es-
coiares do Estado) 
Paulo Diniz Chagas 
Galileu Reis 
A S S E S S O R E S 
ACRE 
Maria Tereza Figueiredo - ( S . E . ) 
AMAZONAS 
Ignês de Vasconcelos Dias - ( C . E . E . ) 
CEARÁ 
Maria Lúcia Tavares Ramos - ( S . E . ) 
Ivanira de Castro Souza - ( C . E . E . ) 
RIO GRANDE DO NORTE 
João Wilson Mendes Melo - ( C . E . E . ) 
Max Cunha de Azevedo - ( C . E . E . ) 
Zilda Lopes do Rego 
Edgar Martins de Paiva 
PERNAMBUCO 
José Brasi leiro Viianova - (Representante S .E. ) 
Itamar de Abreu Vasconcelos - ( S . E . ) 
Maria Elisa Viegas Medeiros - ( S . E . ) 
Maria Angeia G. de Melo - ( C . E . E . ) 
AiaGOAS 
Elias Passos Tenório - ( C . E . E . ) 
SERGIPE 
Belmiro da Silveira Góes - ( C . E . E . ) 
Celina de Oliveira Lima - ( C . E . E . ) 
BAHia 
Maria Isabel Bittencourt de :01iveira Dias - ( S . E . ) 
Maria Constância Xavier de Lima - (S .E . ) 
MINAS GERAIS 
Jurema D*Aviia Daumas Tavares - ( C . E . E . ) 
ESPÍRITO SANTO 
Michel Elias Mameri - (Conselheiro do C . E . E . ) 
RIO DE JANEIRO 
Plínio Leite - ( C . E . E . ) 
GUANABARA 
João Pedro de Oliveira - ( S . E . ) 
Oriando de Almeida - (S .E . ) 
Delia Christina Gifford- (S .E . ) 
José Alian Leo Caruso - (S .E . ) 
SAO PAULO 
José Mario P i res Azanha - (S .E . ) 
Maria Aparecida Tanoso Garcia - (S .E . ) 
PARANÁ 
Felipe de Souza Miranda Júnior - ( S . E . ) 
Zelia Mileo Pavão - ( C . E . E . ) 
SANTA CATARINA 
Pe . Eugênio Rohr - ( C . E . E . ) 
26 
RIO GRANDE DO SUL 
Itália Záccaro Faraco - ( S . E . ) 
Cleci Mayer - ( C . E . E . ) 
Steia Fialho Velho - ( C . E . E . ) 
Edy Fracasso - ( C . E . E . ) 
MATO GROSSO 
Miguel Aiagna - ( C . E . E . ) 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
S E C R E T A R i a G E R A L 
P i a N O NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
Floripes Nunes do Nascimento SanfAna - Chefe 
Abdias Bispo 
Wilma P i res 
Antonieta Souza 
C O L T E D , 
Leósthenes Christino - Diretor Executivo 
DEPARTAMENTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
Paulo Ramos 
Reinaldo Dias Amorim 
Steia Bastos Tigre 
Giraldo Adolfo Galvao Vianna 
Airton Barros Menezes 
A S S O C i a Ç Õ E S 
CONFEDERAÇÃO DOS PROFESSÔRES PRIMÁRIOS DO BRASIL 
Deusolina Salles de Far ias - (Amapá) 
Maria Elisa Viegas de Medeiros - (Pernambuco) 
Maria Ângeia G. de Melo - (Pernambuco) 
Lucy Monteiro - (Rio Grande do Sul) 
Zilda Levergger Barbosa - (Goiás) 
Ivonilde Marcos - (Goiás) 
Maria Aparecida R. Rodrigues - (Goiás) 
lida de Almeida Nunes - (Goiás) 
Raydalva Vieira Bitencourt - (Bahia) 
Olga C Menezes - (Bahia) 
Helena C. Maia - (Bahia) 
Jair Simão da Silva - (Santa Catarina) 
Olga José Vidal - (Paraná) 
Irene Margarida Sprenger - (Paraná) 
Maria Luiza Merkle - (Pa raná) 
Lucília iamêgo Passos - (Espír i to Santo) 
Maria Gisselda Pel issar i - (Espiri to Santo) 
Nise Araguaiana Felix - (Mato Grosso) 
Inalda Franco Lytton - (Mato Grosso) 
Ignez Vasconcelos Dias - (Amazonas) 
SECRETARia DA CONFERÊNCia 
I N E P 
Prof. Carlos Corrêa Mascaro - Diretor 
COMISSÃO EXECUTIVA 
Prof. Zitelmann Oliva 
Chefe do Gabinete do Reitor da Universidade Federal da 
Bahia 
Dr. Pér ic les Madureira de Pinho 
Diretor Substituto do I N E P 
Prof. Luiz Augusto Fraga Navarro de Brito 
Secretário da Educação e Cultura da Bahia 
ASSESSORES 
Lúcia Marques Pinheiro - INEP, CBPE 
Jayme Abreu - INEP, CBPE 
Heraldo Guimarães Reif de Pauia - INEP 
Maria Avany da Gama Rosa - INEP 
Wanda Rolim Pinheiro Lopes - INEP 
Jaime Simões Aguiar - INEP 
Stelia Cunha Santos - INEP 
COiaBORADORES 
Júlia Azevedo Acioli - CFE - Secretária do Plenário 
Terezinha Carneiro Luz - CFE - Secretaria das Comis_ 
soes e Atas 
Decio Leal Pere i ra de Souza - INEP - Saia de Imprensa 
Fernando Augusto Pitol de Andrade - CRPE P r o f . 
Queirosr Filho, Sao Paulo - Plenário 
Silvio de Moraes Filho - CRPE Prof. Queiroí Filho 
Sao Paulo - Plenário 
Luiz de Miranda Corrêa - Serviços Gerais, Recepção 
Wilma Souza Oliveira - INEP - Secretaria Geral 
Heloísa iage Ornelias de Souza - CBPE - S e c r e t a r i a 
Geral 
Ovidio de Frei tas - SE - São Paulo - Secretaria 
Eliomar Brito Viana - INEP - Serviços Auxiliares 
Euclides da Silva - CBPE - Comunicações 
Fernando Barbosa - UFB - Chefe da Por tar ia 
João Fausto Nascimento - INEP - Auxiliar 
MOTORISTAS 
Antônio Pere i ra - INEP 
Newton Xavier da Rocha - CBPE 
Raimundo Alves de Souza - CRPE Bahia 
Ambrosio Bispo Santana - CRPE Bahia 
CRPE DA BAHia 
Zelia Alves de Oliveira - Datilografa 
Moacir Barbosa Silva - Datilografo 
Vilebaldo Magalhães Setúbal Filho - Datilografo 
Josemar Teixeira Monteiro - Datilografo 
Nerivaldo Sebastião de Almeida - Auxiliar 
Helena Maria da Silva Dias - Auxiliar 
Antônio Gonzaga - Material 
Pedro Barbosa de Jesus - Gravador 
Alfredo Ramos Pinheiro - Mimeógrafo 
Oriando Lino da Silva - Mimeógrafo 
Pedro Damião - Continuo 
Nelson Vileia - Continuo 
REPRESENTANTES DA IMPRENSA 
Luis Inácio Fe r re i r a Castro - Correio da Manhã 
Wauner Milian - O Globo 
Adolfo Martins de Oliveira - Diário de Noticias 
Magda Soares Sparano - Estado de São Paulo 
Hilson Carvalho Waehneldt - Agência Nacional 
DCT - TELEX 
Roberto Carlos Leão Figueiredo - Operador 
Edgard Santana Bahia - Operador 
Almir Montenegro - Operador 
D I S C U R S O S 
1. Deputado Tarso Dutra 
Ministro da Educação e Cultura 
2. Prof. Luiz Vianna Filho 
Governador do Estado da Bahia 
3 . P e . José de Vasconce l los 
Representante do Pres idente do Conselho Federal de 
Educação 
Discurso do Ministro Tarso Dutra 
A I I I Conferência, que ora se instaia na tradicional ci-
dade de Salvador, por onde começou a educação no Brasi l ,ocorre 
após dois importantes acontecimentos: a Reforma Administrati 
va, de que será próxima conseqüência a reestruturação do Minis_ 
terio da Educação e Cultura, e a Conferência Presidencial Inter-
-Americana de Punta dei Este, que, empenhada na integração con 
tinental, atribui à educação "alta prioridade da política de desen 
volvimento integral dos países iatino-americanos". No preâmbu 
Io do documento, e afirmativo o compromisso: "serão intensifi 
cadas as campanhas de alfabetização, será levada a efeito grande 
expansão em todos os níveis de ensino e será elevada sua qualida_ 
de, a fim de que o rico potencial humano de nossos povos possa 
prestar a máxima contribuição para o desenvolvimento economic 
co, social e cultural da America iatina", modernizados os siste 
mas de ensino, utilizadas ao máximo as inovações educacionais , 
ampliado o intercâmbio de professores e estudantes. Quem re£ 
ponde no âmbito nacional pelo cumprimento do compromisso a.s_ 
sumido? O Ministério da Educação e Cultura,' ao qual caberão a 
intensificação e o desdobramento de todos esses propósitos; o es_ 
timulo aos Estados e à iniciativa privada pelos iargos caminhos 
da assistência financeira e da assistência técnica; o delineamento 
realista dos Pianos Nacionais de Educação e de Cultura, dos pro 
gramas de atividades dos órgãos do Ministério, dos c o n v ê n i o s 
com às entidades regionais. A Reforma Administrativa instituiu, 
de pronto, em cada Ministério, a Secretaria Geral, com a preci 
pua função de pianejar, e encontrou, no Ministério da Educação 
e Cultura, os órgãos precursores desses esforços, os Egrégios 
Conselhos Federais de Educação e de Cultura, à sabedoria de 
cujos membros continuará a tarefa final da formuiação d o s Pia_ 
nos, suas diretr izes e normas de desdobramento. Dada a compo 
siçao dos órgãos supremos, com educadores e homens de cultura 
recrutados nas varias regiões geográficas do pais, e dada a regu 
iar convocação e reuniões de Secretários e Conselhos Estaduais, 
o encontro nacional deixa de ser um episódio para t ransformar-
-se em indispensável dialogo e tentar a linguagem do entendimen-
to, a meta de eficiência progressiva. Dai porque, a esta altura e 
diante de tais circunstâncias, a diretr iz maior será a mobiliza-
ção geral de todas as forças da Nação e do povo a serviço da edu-
cação. 
O Ministério da Educação e Cultura, apesar de datar de 
1931 e contar tão poucos anos, ja se encontra envelhecido. Nas-
ceu numa fase em que o ensino era assistematico, sem responsa-
bilidades, definidas. Experimentou, depois, atração inequívoca, 
peia centralização, na esperança de que a ação federal tudo pode-
ria resolver . 
Desceu à quantidade e variedade dos reguiamentos e injs-
t ruções . Ate que a Constituição de 1946, confirmada, neste pon-
to, peia de 1967, e a Lei de Diretr izes e Bases impiantaram a 
dupia sistemática: unidade de diretr izes e descentralizaçãoadmi-
nistrativa. Houve quem, àqueia altura, julgasse que o Ministe-
rio da Educação se esvaziava. Equívoco dos que perdem velhas 
funções, esquecidos de outros, de equivalente ou maior vulto, que 
passariam a enriquecer o quadro de suas responsabilidades. Dai 
as atitudes contraditórias: o apego ao que ja passara, a insistêri-
cia em formuias superadas, a proteiação ante novos encargos, o 
gosto de transitório, a indecisão em reiação a certos deveres fun-
damentais. O Ministério da Educaçãoe Cultura aguardava, paci-
ente e conformado, o momento da anunciada Reforma Administra-
tiva. Enquanto isso, Departamentos, Diretorias e Serviços prós-
seguiam suas atividades, em áreas mais ou menos autônomas, co-
mo se constituíssem, não um todo unitário, porem, um arquipeia-
go de boas intenções e de comprovada eficiência em m u i t o s de 
seus setores, apesar do isoiacionismo em que viviam.Crescimen-
to pouco ordenado conduziu à proliferação de serviços, tarefas e 
programas repetidos por vezes, em compartimentos estanques, 
sem definição orgânica e sem comunicação reciproca, desconheci-
dos de uns os esforços de outros. 
Eis, pois, a paiavra de ordem: mobilização geral de re-
cursos e elementos humanos, para a realização dos programas 
que são atribuídos ao Ministério da Educação e Cultura. 
Tal como esta recomendado às Universidades pelo Decre-
to-lei Nº 53, a concentração se impõe peia melhor utilização de 
recursos — em pais que não nada em riquezas — e peia meta da 
maior eficiência ou da rentabilidade progressiva. Dai, a necessi-
dade de evitar duplicidades e a urgência de estabelecer coopera-
ção entre os órgãos federais e entre os federais, autárquicos, es_ 
taduais, municipais e privados. Somente o Piano Nacional e seu 
desdobramento em programas sucessivos assegurarão o proposi 
to. A reestruturação do Ministério se processara dentro desse 
espir i to: a concentração de recursos e elementos, complementa 
da peia articuiação de todos, tornando produtiva a esperançosa 
mobilização geral . Ha, pois, que pensar em termos de p r o g r a _ 
mas e em reaparelhar o Ministério em função do sistema pianeja_ 
do de trabalho. 
Impõe-se, de um iado, a necessidade de precisar e objeti_ 
var as tarefas da União; e de outro, o sistema federal de ensino, 
com ênfase no grau superior e os sistemas federais dos Terr i to 
rios, predominantes nos graus primário e médio. Tais sistemas 
atendem ao caráter supletivo, à responsabilidade direta ou às ex-
periências e pesquisas essenciais ao programa pedagógico. 
Contemporaneamente, apresenta-se o problema da ass is-
tência financeira e técnica; aqueia, em proporções de vencer os 
deficits escoiares; esta, em condições de qualificar o ensino. 
Três preocupações desafiam a argúcia de administrado-
res e mes t r e s : o da educação de base para adultos iletrados, o 
do aperfeiçoamento do magistério, como a mais positivadas con 
tribuições e o da integração de serviços universitários nas co 
munidades correspondentes. 
Cabe, aqui, manifestar a crença nos valiosos resultados 
da extensão da escoiaridade, que e um dos temas centrais desta 
Conferência. A Constituição atual fixou entre 7 e 14 anos a faixa 
etária obrigada à escoiaridade. Tal obrigatoriedade será cumpri 
da na escoia primaria ou nos primeiros anos da escoia m e d i a ; 
não corresponde a grau, porem à idade. Em rumo paralelo, a 
escoia primaria , em regra de 4 anos, tem sua extensão prevista 
nas Diretrizes e Bases a mais duas se r i es . Insiste a lei na ar-
ticuiação entre os graus de ensino. Pr imário e ginásio c o n t i -
nuam-se. O acento vocacional e sua projeção na capacidade cria-
tiva do aluno são exigências das 5a. e 6a. ser ies; não poderão 
ser omitidos no 1º ciclo dos cursos médios. Assim, a educação 
comum será o it inerário do aluno entre 7 e 14 anos,a começar pe_ 
ia escoia primaria gratuita. 
Os debates da I I I Conferência assumirão especial im-
portância, peia oportunidade, peia objetividade, peia produtivi-
dade, no desenvolvimento dessa relevante tese educacional. 
Assim, pois, a paiavra conclusiva do Ministro e de apoio 
a esta iniciativa, de esperança na validade de seus trabalhos, 
de congratuiações com seus integrantes, quer o s Conselheiros 
de Educação, quer os t i tuiares do Ministério, quer os Secretá-
rios estaduais, quer as entidades nacionais e internacionais 
aqui representadas. A todos, a afetuosa saudação do Governo 
da Republica. 
Discurso do Governador Prof. Luiz Vianna Filho 
Senhor Ministro: 
Embora habituada a ass is t i r importantes e numerosos con 
ciaves, que nos distinguem com a sua preferência, ra ras vezes 
teve a Bahia a honra de acolher Conferência de igual significado 
para a vida nacional, quanto esta que Vossa Excelência agora ins_ 
taia entre nossas alegrias e esperanças . Não empresto qualquer 
exagero nesta afirmativa, pois eia se esteia, fundamentalmente, 
na arraigada convicção da importância vital da Educação na pro 
blemática bras i le i ra . 
Mas, se nos desvanece a vossa presença, senhores i n t e 
grantes da I I I Conferência Nacional de Educação, acredito que 
também seja para vos motivos de satisfação e estimulo vos r e u -
nides na t e r ra natal de Ruy Barbosa, por toda a vida dos nossos 
mais infiamados e vigorosos propugnadores das causas da educa 
ção. Dizia êle que a "instrução não tem preço". E podeis estar 
certos de que continuamos fieis a esse pensamento. Nem e por 
outro motivo que vos peço licença para evocar estas incisivas pa-
iavras de Ruy Barbosa, escr i tas aqui mesmo na Bahia, em 1881: 
"A primeira dessas questões vitais para a nossa pátria e a instru-
ção publica em todos os seus graus . Ai ha reformas s u b s t a n -
ciais que introduzir, e esforços heróicos que empreender. Enor-
mes são os sacrifícios essenciais a um movimento útil nesse sen-
tido; mas, no meu entender, em matéria de Educação popuiar, 
como em matéria de defesa nacional, não e o peso dos sacrifícios 
o que se mede, mas a extensão das necessidades. A esse respei-
to exprimirei, não figurada, mas literalmente, a minha opinião, 
dizendo que não considero mais imprescindíveis à existência de 
um povo os sacrifícios de guerra do que os exigidos para o derra-
mamento do ensino. Em tais assuntos condenarei sempre como 
verdadeira monstruosidade toda economia que tenda a restr ingir 
despesas cuja precisão se confesse". 
Ainda hoje, passadas tantas décadas, não pode ser outra 
a nossa cartilha nessa matér ia . Ha muito, alias, que se afirma 
ostentar o sistema educacional do pais um dos traços mais fortes 
da política paternalista de nossos governos. Por mais s é r i o s 
que tenham sido os últimos esforços, este revigoramento não al-
cançará ainda as expectativas do estagio econômico e social con 
quistado. 
Ora, de fato, toda politica educacional reflete conflitos in 
f ra-es t ruturais . No particuiar do Brasil , eia resulta do antago_ 
nismo entre um complexo institucional decadente e as forças cr i 
adas peia sociedade industrial. 
A este choque de estruturas , de projeção inevitável no sis-
tema de ensino, nem sempre correspondeu uma compreensão pre 
cisa da realidade circunstante e, o que e pior, muitas poucas vê 
zes, esta identificação estimulou a vontade decidida de superá-ia . 
Dai toda a distância e descompasso medeando entre as exigências 
do momento e o contexto da educação no pais. Seus objetivos li 
mi taram-se durante muitas décadas, desde ao preparo de profis-
sionais de categorias limitadas, à negligência e mesmo r e c u s a 
em utilizar a pesquisa como instrumental de cultura. As distor-
ções se acumuiaram desse modo, comprometendo métodos e me 
tas operacionais, requeridos peia sociedade em mudança. 
Muita coisa, e certo, tem sido realizada. Mas os feitos 
testemunhados aparecem bastante modestos em reiação a outros 
países, mais pobres do que o Brasil, como Honduras, Bolívia ou 
Venezueia. Alias, ressalvado o ensino primário,doloroso e cons 
tatar que os índices de concessão de matrícuias alcançados pelo 
Brasil em 10 anos foram inferiores ao percentual médio de toda 
America iatina. 
Sendo assim, e preciso repensar a educação; adequa-ia 
às transformações processadas; fazê-ia responder aos reciamos 
do grande numero que deseja participar das decisões nacionais. 
A historia ja soterrou, de ha muito, o pretexto dos dirigentes des 
preparados, para os quais,seria "difícil governar um povo que 
sabe demais" . Nos dias presentes, ao contrario, o homem de go-
vêrno não pode desconhecer que a educação e o progresso se a-
cham dinamicamente condicionados. Inclusive o progresso e o 
aperfeiçoamento político, pois somente peia educação l o g r a r e -
mos fortalecer efetivamente a democracia que não deve existir 
por concessão ou conveniência de ciasses mais poderosas, m a s 
como decorrência de imperativo da nacionalidade .Havendo ingres-
sado na fase definitiva da impiantação da vida democrática, com 
todas as conseqüências a eia imanentes, o Brasil precisa também 
contar com uma popuiação crescentemente consciente dos d e v e 
res inerentes aos cidadãos de um país protegido peia liberdade. 
Tanto ass im que ainda os Estados mais industrializados no mim 
do moderno continuam a proceder constantes reformas dos seus 
sistemas de ensino. este progresso de "fermentação pedagógica" 
repele qualquer atitude de conformismo em soluções definitivas 
para os problemas educativos. 
Ora, tal postura de renovação pressupõe, antes de tudo, 
que Educação é desenvolvimento. Por isso mesmo, ao enunciar 
para os meus conterrâneos os objetivos do Governo, tive, ha pou-
cos dias, oportunidades de lhes dizer que julgava essencial edu-
carmos para enriquecer e m vez de pensar em enriquecer p a r a 
educar. Não enunciava, alias, nenhuma novidade tanto esta hoje 
provada a íntima e inelutavel reiação existente entre educação e 
prosperidade. Ambas andam de mãos dadas. E nos desejamos e 
esperamos fazer com que essas mãos se apertem cada vez mais 
seguros de que nenhum investimento e mais remunerador do que 
aquele que nos fôr dado fazer no campo da educação. Realmente 
na medida em que um povo deseja acelerar ou resguardar o seu 
crescimento econômico, a ebulição nas escoias não pode esmore_ 
cer . Ha que se considerar, de um iado, que quando mais densa 
a oferta, menos estará comprometida, em principio, a expansão 
dos serviços ou a adaptação às novas técnicas de produção. Uma 
oportunidade de aprender para todos não somente significa o re 
conhecimento de um direito ou a presença de um fator de integra 
ção social, como também a certeza da eiasticidade de um capital 
reprodutivo, altamente rendável. A democratização de ensino re 
veia-se como uma garantia para o desenvolvimento. 
Por outro iado, parece inadmissível separar os aspectos 
quantitativos da natureza qualitativa de um programa e d u c a c i o 
nal. Certo, a mensuração dos primeiros ignora as dificuldades 
da avaliação qualitativa, sempre subordinada aos imponderáveis 
do julgamento subjetivo. Mas, nenhuma soma se efetua na educa 
ção, nenhuma saia de auia se acrescenta sem que, concomitante 
mente, se enriqueça o nivel e patrimônio da qualidade do aprendi-
zado. Nem por isso, entretanto, permite-se ao Estado descui-
dar do aprimoramento de suas escoias ou do nivel de sua armadu-
ra como um todo operacional. Faz-se mister, por exemplo, res 
ponder as prioridades emergentes e diversificar o preparo profis 
sional, de acordo com a demanda dos mercados mais elást icos. 
Alem disso, a pouco e pouco, mesmo nos países mais pobres, es 
boça-se desde ja, o dialogo entre a competição econômica e a for 
mação técnico-profissional. 
No Brasil, não e de hoje a alerta para a situação do ensi 
no médio. Muito se tem advertido que a sua inautenticidade pode_ 
ra comprometer, em curto prazo, o desenvolvimento nacional. 
No setor do ensino comercial, a percentagem de alunos m a t r i -
cuiados é inferior à de Honduras, El Salvador ou Faraguai . En 
quanto Costa Rica acolhe em estabelecimentos industriais 18,4% 
dos alunos do ensino médio, o Peru 8, 4% e o México 6, 4%.o nos 
so pais não ultrapassou, em 1960, a casa de 2, 2%. Inútil lem-
brar as escoias agrícoias, onde o indice nacional se estioia em 
0,6%. 
Esta atitude que bem se identifica a velhos preconceitos 
da sociedade ocidental estranguia, a pouco e pouco, as expectati 
vas crescentes da mão de obra especializada, sobretudo n o s nu 
cleos mais recentes de crescimento econômico. 
Ainda mais, uma educação para o desenvolvimento suben-
tende uma escoia educativa. Vale dizer, a escoia, qualquer que 
seja o seu nivel, não representa apenas um estagio no c a m i n h o 
das universidades. Ao contrario, cada uma deias deve esgotar e 
perfazer a sua missão, consciente de que prepara um homem pa-
ra a vida, na grande maioria das vezes sem a atração ou o privi-
legio de freqüentar os bancos universi tár ios. Esta e uma p o s i -
ção realista que a falácia dos demagogos não pode desmentir e a 
sensibilidade dos homens públicos não deve negligenciar. 
Em suma, repito, a educação brasi leira precisa s e r res-
pensada. Esta deliberação exigira muito de cada um de vós. Mas 
todo o esforço, todo o sacrifício, toda a luta contra as resisto; 
cias inevitáveis, robustecera a fé nesta Nação que nasceu p a r ; 
ser grandiosa. 
Bem sei, Senhor Ministro, que a Vossa Excelência n ã o 
faltam ânimo, espirito publico e capacidade para levar a b o m 
têrmo tarefa de tanta monta. Por muitos anos, colega de Vossa 
Excelência na Câmara dos Deputados, cedo aprendi a admirar -
lhe as qualidades do homem publico voltado e votado aos interês-
ses da coletividade. Por isso mesmo, chamado a integrar o Mi 
nisterio do eminente Presidente Costa e Silva, não muda V o s s a 
Excelência a sua caminhada: apenas a prossegue com mais pode-
rosos instrumentos, para alcançar bem servindo, aqueia meta ad-
miravel, apontada pelo Chefe do Governo: o homem brasi le iro, 
na realidade o objetivo desta Conferência. 
Vêde, portanto, que não exagerei o orgulho de. Bahia ao 
ser escolhida para sede da III Conferência Nacional da Educa 
ção. Resta-me apenas formuiar votos por que, em meio aos vos 
sos frutuosos trabalhos, também encontreis em nossa terra, que 
é também a vossa terra, os momentos de enlevo propiciados pelo 
afeto com que vos abrimos os braços de irmãos mais velhos de 
todos os brasileiros. 
Discurso do Pe . José de Vasconcellos 
Impedido por motivos de saúde de aqui comparecer, pe_ 
diu-me o Prof. Deolindo Couto, Presidente do Conselho Federal 
de Educação, que aqui o representasse nesta I I I Conferência Na_ 
cional de Educação na minha qualidade de Presidente, no mesmo 
Conselho, da Câmara de Ensino Pr imár io e Médio, C â m a r a à 
qual estão afetos os problemas que serão objeto de estudos, neste 
Conciave. 
"Cada dia se torna maior o numero de homens e mulheres 
de diversos grupos e nações que tomam consciência de serem os 
criadores e autores da cultura de sua comunidade. No mundo in-
teiro cresce cada vez mais o senso de autonomia e ao m e s m o 
tempo de responsabilidade, que é de máxima importância para o 
amadurecimento espiritual e moral do gênero humano. Isto apare_ 
ce mais ciaramente quando colocamos diante dos olhos a unifica_ 
ção do universo e a tarefa que nos e imposta de edificar um mun_ 
do melhor na verdade e na just iça. Portanto, desta maneira, tes-
temunhamos o nascimento de um nôvo humanismo no qual o ho-
mem se define, em primeiro lugar, por sua responsabilidade pe_ 
rante os seus irmãos e a historia. 
Nestas condições não e de se admirar que o homem, seri-
tindo a responsabilidade no progresso da cultura, alimente u m a 
esperança maior, mas ao mesmo tempo contemple de alma angus 
tiada as inúmeras antinomias existentes que êle deve resolver : 
Que fazer para que os intercâmbios culturais m a i s fre_ 
quentes, que deveriam levar os diversos grupos e nações a um 
dialogo verdadeiro e frutuoso, não perturbem a vida das comum 
dades, não destruam a sabedoria dos antepassados e nem c o l e -
quem em perigo a índole própria de cada povo? 
Como se deve favorecer o dinamismo e expansão da nova 
cultura, sem que pareça a fidelidade viva para com a h e r a n ç a 
das tradições? E isto surge, particuiarmente,onde a cultura, 
que se origina de um progresso enorme das ciências e da t e c n i -
ca, deve harmonizar-se com aqueia civilização que se alimenta 
dos estudos clássicos, segundo as diversas t radições . 
Como se pode conformar uma dispersão tão rápida e pro-
gressiva das ciências part icuiares com a necessidade de eiaborar 
a sua síntese e de conservar nos homens as faculdades de contem 
piação e admiração que encaminham para a sabedoria? 
Que se deve fazer para que todos os h o m e n s participem 
dos bens culturais do mundo, quando simultaneamente a cultura 
humana dos mais peritos se torna cada vez mais sublime e mais 
complexa? 
No meio destas antinomias é necessário que a cultura hu-
mana se desenvolva de tal modo que aperfeiçoe de maneira equili-
brada a pessoa humana integral e ajude os homens a desempenhar 
as funções a que são chamados, sobretudo os cristãos, unidos fra 
ternalmente na única família humana." (GAUDIUM ET SPES, 
n º s 55 e 56) . 
Estas paiavras tão altas, fruto da reflexão de m a i s de 
dois mil graduados representantes de todas as iatitudes do globo, 
bem podem servir de inspiração aos trabalhos desta Conferência 
que hoje se inicia nesta nobilissima Província, cultuada, mereci 
damente, como Mãe e Mestra — MATER ET MAGISTRA — da 
própria nacionalidade. 
O tema justifica todo o in teresse : a articuiação e n t r e o 
ensino pr imário e médio nos seus aspectos de extensão da escoia_ 
ridade, da criação da 5a. e 6a. series pr imar ias , do ingresso 
nos cursos de nivel médio. Como representante do Conselho, e 
para mim motivo de satisfação encontrar nos documentos de t ra-
balho desta Conferência identidade perfeita de vistas, como se po-
dera verificar pelos pareceres que serão distribuidos aos p a r t i -
cipantes. 
O que, no entanto, Senhores, me empenha neste m o m e n -
to, do alto desta solenidade, e renovarmos juntos, os educadores 
aqui presentes , a profissão de nossa confiança na tarefa alta e no 
bre de educar. 
Creio, firme e inabalàvelmente, no futuro deste pais, mas 
fundamento minha crença somente na boa formação das gerações 
que sobem. Na educação destes brasileir inhos que passam peias 
nossas escoias joga-se com o futuro da própria nacionalidade; ne 
nhum problema lhe toma o passo em importância e urgência. Co 
mo num circulo vicioso, todos os gravames que retardam ou es_ 
tranguiam entre nos as melhores idéias incidem em ultima anali 
se na educação do povo. 
Creio nos mes t res deste país, dos mais altos aos mais hu 
rnildes, persuadidos como estão — sem o prociamar — que os 
que militam neste campo não precisam pedir a esmoia de uma au 
reoia, bastando-lhes servir ; persuadidos como estão de que a 
verdadeira influência não consiste em modeiar por fora o espirí-
to de outrem à nossa imagem, mas em despertar nele o ar t is ta 
iatente que esculpira do interior uma estatua viva, imprevisível 
ao nosso pensamento e talvez estranha aos nossos in te resses . Por 
este motivo, endossamos todos a afirmação de que "e de toda a 
conveniência, para atendermos ao espirito da lei, que se comece 
a dar ao educador, como tem o medico, a necessária liberdade e 
autonomia na fixação das normas do processo educativo" (Anísio 
Teixeira, in Doc. 2, pg. 22) . 
Creio na necessária e harmoniosa integração da cultura e 
da técnica, firmado na certeza de que a educação profissional e o 
ensino fundamental não devem ser tidos como dois compartimen 
tos estanques nem, muito menos, como dois elementos antagôni 
cos, mas como as duas faces necessár ias da mesma formação hu 
mana. Neste sentido, como acentuava ainda ha pouco o I Semina_ 
rio de Ensino Industrial, "a adjetivação do têrmo ginásio cor re 
o perigo de insinuar uma opção que, além de prematura à f a i x a 
etária dos educandos, viria romper o necessário equilíbrio da 
formação integral". No entanto, "os cursos de nível elementar e 
médio devem ter nos seus currículos a preocupação de introduzir 
o aluno no mundo da técnica e do trabalho" (I Seminário de Ensi-
no Industrial - Brasília, 17 a 20 de abril de 1967). 
Creio nas virtudes descentralizadoras da Lei de Diretri 
zes e Bases, estribado na convicção de que "não é uma lei alta 
mente centralizadora o meio mais apto a c r ia r um alto nível de 
instrução, mas, ao contrario, o esforço do educador, seus acer-
tos e seus e r ros reconhecidos e sanados, o debate franco entre 
professores, administradores, pais e alunos num assunto que é 
de natureza técnica e que interessa a eles antes de ninguém". No 
entanto, "centralização não significa somente a sede do poder uni 
ficada e distante, porem o fato de alguém comandar sem e s t a r 
presente e a absorção do poder pelo órgão controiador". D e s t e 
modo, "descentral izar não e apenas substituir a centralização fe 
deral peia estadual, mas — num clima estimuiador de confiança 
mútua — parti lhar com a escoia os encargos e responsabilidades 
da educação" (Cf. Indicação da Câmara de Ensino Pr imár io e Me 
dio, in Doc. 20, pg. 48-49) . 
Creio na eficácia da dualidade dos orgaos que são as duas 
fontes dos sistemas de ensino: um de natureza normativa, outro 
administrativo e de execução, independentes na esfera de s u a 
competência expressa, harmoniosamente articuiados n a s ques-
toes que envolvem simultaneamente aspectos técnicos e adminis 
t ra t ivos. Creio, por isso, nos Conselhos de Educação, criados 
nos cr i tér ios representativos da lei e que inspiram "a necessa 
ria confiança peia isenção de seus pronunciamentos, ausência de 
rigidez e acerto de suas resoluções" (Id. , Doc. 20, pg. 50). 
Creio, por fim, na eficácia das Conferências e Congres 
sos . Em abono desta crença quero citar somente uma autorida_ 
de, a do Prof. Almeida Júnior, mest re de todos nos. Ha para ês 
tes periódicos certames nacionais, diz êle, "uma finalidade me 
diata e efetiva, qual seja a de disciplinar a multiplicidade de opi_ 
niões e sentimentos que nascem e tumultuam de norte a sul, redu 
zindo-os a correntes sinérgicas e eficazes que trabalhem coorde-
nadamente para o bem do Brasi l . Um Congresso que aproxima, 
que reiaciona e une os afastados núcleos culturais deste imenso 
ter r i tór io realiza, por certo, a mais sólida e sadia obra de pa 
trioti.smo". Caberá depois "aos que cortam e recortam à mesa 
do Orçamento, aos que têm a obrigação de realizar, e não ao Con 
gresso — o dever de pôr em execução aquilo que os t é c n i c o s 
aconselham" (A. Almeida Júnior: A Escoia Pitoresca e outros 
estudos. Rio, INEP-CBPE, 1966, pg. 145 e 150). 
Dentro desta crença, haveremos de trabalhar pelo Brasil , 
servindo, com desapego e humildade, na missão de educar o seu 
povo. 
D O C U M E N T O B Á S I C O 
1. Apresentação 
2. Extensão da Escoiaridade 
3. Criação de ciasses de 5a. e 6a. ser ies do curso pri 
mário 
4. Articuiação entre o ensino primário e o ginasial 
5. Pr imei ro ciclo médio 
6. Dados Estatísticos 
7. Anteprojeto de Recomendações 
A P R E S E N T A Ç Ã O 
O presente Documento Básico visa a constituir, como con 
tribuição do INEP à I I I Conferência Nacional de Educação, 
uma síntese integrada da matéria contida nos demais documentos 
de trabalho, estudos analíticos sôbre o tema e os subtemas fixa_ 
dos para a reunião de Salvador, trabalhos cujo valor se nos afigu 
ra desnecessário enaltecer. Completa esta síntese uma coleção 
sumária de dados que dão idéia da ordem de grandezas com que 
os assuntos estudados existem na conjuntura educacional brasi lei-
r a . A base das constatações e conclusões que deles decorrem 
foi que se eiaborou o Anteprojeto de Recomendações a ser subme_ 
tido ao esciarecido plenário da Conferência. Na preparação dês_ 
te documento contou o Autor com a inestimável ajuda dos Drs-. 
Carlos Pasquale e Jayme Abreu, a quem, agora, com este regis_ 
t ro , comovidamente agradece. 
A este ensejo, cumpre-nos pôrem evidência a oportunida_ 
de com que se realizam estas Conferências que se têm transfor-
mado em um amplo fórum de debates dos responsáveis peia edu-
cação nacional sobre os seus problemas mais relevantes, e que 
suscitam necessária tomada de consciência e de posição diante 
da realidade educacional. 
Outro aspecto, não menos relevante, e que igualmente de 
ve se r mencionado é o da seqüência lógica, da coerência interna 
que se vai caracterizando ao longo do natural desdobramento das 
sucessivas reuniões. A pr imeira , realizada em Brasíl ia, de 27 
de março a 2 de abri l de 1965, constou, como devera, da exposi-
ção e abordagem crítica de um tema geral — "Coordenação de 
recursos e medidas para o desenvolvimento da educação n a c i o 
nal", com dois subtemas: "Piano nacional e pianos estaduais de 
educação" e "Normas para a eiaboração, articuiação, execução e 
avaliação dos pianos de educação". A segunda, em Porto Alegre, 
de 26 a 30 de abril de 1966, versou tema mais específico — "De_ 
senvolvimento do ensino pr imár io; Treinamento, formação e aper_ 
feiçoamento de professores pr imár ios ; Construção e equipamen 
to de escoias" . A I I I Conferência, que ora se real iza em Salva 
dor, num encadeamento ordenado de abordagens de assuntos ine_ 
rentes aos sistemas escoiares , tem como tema principal — "Ex 
tensão da escoiaridade" e subtemas : "Criação de ciasses de 
5a. e 6a. sé r ies do curso pr imário; Articuiação entre o ensino 
primário e o ginasial; P r imei ro ciclo médio" — matérias a que 
não se pode negar importância na problemática educacional bras i -
le i ra . 
Como documentário do que representam as Conferências 
ao mesmo tempo que expressão do pensamento dos educadores 
bras i le i ros , na sua visão crít ica da nossa realidade educacional, 
suas agudas deficiências e dos caminhos apontados para resolve-
- ias , aí estão editados os respectivos Anais, destinados à mais 
ampia divulgação. Tra ta - se de publicações em que estão reuni_ 
dos lúcidos estudos que dão a medida do nível a que ja atingiu a 
competência dos responsáveis peia educação do povo no Bras i l . 
P a r a evitar tenham essas Conferências um cunho mera 
mente acadêmico, dispõe avisadamente o parágrafo segundo do 
artigo quarto do seu Regimento que a Secretaria da Conferência 
deve apresentar informação minuciosa sôbre a adoção das Reco_ 
mendações das reuniões anteriores e dos resultados alcançados. 
Em face da extensão te r r i to r ia l do país, de suas desigual 
dades regionais, assim como em virtude do elevado número e da 
especificidade de um grande número de recomendações, não há 
ainda condições para que seja prestada essa "informação minu_ 
ciosa" a que alude o Regimento. Além do que, um e dois anos a_ 
penas decorridos das reuniões, se r ia tempo insuficiente para se 
apurar a efetiva incorporação de seu conteúdo, o que não poderia 
ser também aferido propriamente pelo simples exame de medidas 
de puro formalismo. P a r a ser válida, a informação exigiria pes_ 
quisa e avaliação de resultados, instrumentos de que certamente 
saberá va le r - se a administração. Deve-se todavia reconhecer 
que, embora se imponha imperativa a utilização de procedimen 
tos novos para a obtenção das reformas que a Nação reciama, a 
educação institucionalizada é sabidamente das áreas de maior re_ 
sistência à mudança, seja pelo peso de tradições ainda subsisten-
tes , seja peia presença irremovível de poderosos fatôres de ma 
nutenção do "status quo". Razões dessa índole explicam, c o n -
quanto não justifiquem, certa inércia cultural numa d e s e j á v e l 
mais pronta adoção de Recomendações como as emanadas d a s 
Conferências. A máquina burocrática é lerda, faltam canais de 
comunicação coletiva, as estratificações sócio-culturais entorpe_ 
cem os mecanismos dinâmicos da mudança. 
Não obstante todos esses aspectos negativos, analisados 
os fatos dentro de uma perspectiva mais global, não se pode dei_ 
xar de afirmar que, enfrentando embora previsíveis dificuldades 
de implementação, a necessidade de pianejar racionalmente a 
educação já é, no Brasi l , uma idéia força em marcha, em busca 
de seus difíceis caminhos operacionais. Grande avanço t em-se 
verificado, por exemplo, na coiaboração interadministrativa das 
esferas de Poder Público responsáveis pelos rumos da educação 
nacional, maior acerto não se pode negar na aplicação dos recur_ 
sos destinados a financiar o investimento mais reprodutivo em 
que a Nação se deve empenhar, programas de formação e aperfei-
çoamento de pessoal desenvolvem-se em crescente amplitude, es-
tudos e pesquisas são estimuiados para garantir a adequada medi-
da do desenvolvimento do processo educacional, r ees t ru tu ram-se 
antigos órgãos e c r i am-se novos organismos para que uma admi-
nistração racional dos negócios da educação produza os frutos de_ 
sejados. 
Os resultados reiativos à formação e difusão de uma cons-
ciência educacional responsável e capaz face ao desafio que é a 
educação brasi le i ra , e a contribuição trazida à ação político-ad_ 
ministrativa lúcida e conseqüente, que começa auspiciosamente 
a se desenvolver nesse campo, justificam, plenamente, a nosso 
entender, as reuniões da Conferência Nacional de Educação e 
mostram que é positivo o saldo de seus resultados. Há, ass im, 
que neias prosseguir , buscando cada vez mais aperfeiçoar as vi-
as efetivas de livre comunicação e de coiaboração solidária den-
tro da administração escoiar bras i le i ra , para que, do atendimen-
to às Recomendações das Conferências Nacionais, surjam os aspi-
rados caminhos mais amplos e seguros, para a manutenção e o 
desenvolvimento da educação no Brasi l . 
C a r l o s C o r r ê a M a s c a r o 
D i r e t o r 
T E M A 
EXTENSÃO DA ESCOiaRIDADE 
O tema geral proposto, com inegável acerto, al iás, para 
estudo e debate na t e rce i ra reunião da Conferência Nacional de 
Educação, segundo a justificativa da Comissão proponente, tendo 
em vista a conveniência de se obetíecer "ao cri tério de articuia-
ção entre os temas das diversas reuniões", foi o da "Extensão da 
Escoiaridade" com os t r ê s subtemas : 
1. "Criação de ciasses de 5a. e 6a. sér ies do curso pr imár io" . 
2. "Articuiação entre o ensino primário e o ginasial". 
3. "Pr imeiro ciclo médio". 
Extensão como universalização do ensino primário 
A "extensão da escoiaridade" pode ser entendida como a 
garantia efetiva de uma educação pr imár ia obrigatória e gratuita, 
destinada a todos aqueles a quem foi historicamente reconhecido 
o direito de recebê- ia como "primeiro degrau de promoção hu_ 
mana", direito geralmente admitido, em princípio, pelo unânime 
consenso dos povos civilizados, consagrado em muitas Constitui-
ções ou em legisiação específica. 
A preocupação de universalizar esse tipo de educação, de 
mantê-ia, na extensão da demanda rea l , correspondente às di-
mensões do grupo etário da popuiação com direito à oportunidade 
de educar-se , deu e continua dando margem, não poucas vezes, 
a pretexto do vulto excessivo da obra, em confronto com a ca-
rência de recursos financeiros para custeá-ia, ao equívoco da 
impiantação de uma educação pr imár ia reduzida às proporções 
simplificadoras e simplistas de mera alfabetização, o dissimu_ 
iada sob a roupagem do que se convencionou denominar edu_ 
cação fundamental" ou "educação de base", a título de "for_ 
mas mínimas aceitáveis de uma iniciação cultural de emergên-
cia". 
Extensão como prolongamento da duração 
Com o tempo, entretanto, e em decorrência das acele_ 
radas mudanças sócio-culturais que são caracter ís t icas d o s 
tempos modernos, a "extensão da escoiaridade" passou a signi_ 
ficar, também, sem prejuízo do cará ter fundamental de s u a 
universalidade, o "prolongamento" do processo em anos de du_ 
ração, desde que o período mínimo fixado de escoiarização 
compulsória passou a serconsiderado, do ponto de vista de 
seus resultados, como contribuição insuficiente e ineficaz para 
a formação integral do homem e do cidadão como os vem re_ 
querendo a sociedade contemporânea. 
Extensão — Imperativo do desenvolvimento 
Deitam raízes no passado mais ou menos distante os es-
tudos referentes à extensão e ao conteúdo da educação compul-
sória reiativamente à sua contribuição para a formação do i-
divíduo no sentido de integrá-lo no contingente da popuiação ati-
va e de fazê-lo partícipe da vida social, econômica e política 
do seu país , mas só recentemente, em virtude das profundas 
transformações a que temos assistido, decorrentes de revolu_ 
ções que têm seu lugar na história dos povos, de guerras que 
afetaram substancialmente o equilíbrio mundial neste século, 
e do acelerado ritmo de desenvolvimento científico e tecnológi-
co dos nossos dias, é que se passou a insist ir , com redobra_ 
do vigor, na intensificação de um movimento tendente a condu-
zir as nações ao reconhecimento da necessidade de se estabe_ 
lecerem padrões mínimos, idênticos ou semelhantes de exten-
são da escoiaridade pr imária , nos dois sentidos do tê rmo. Se_ 
r iam esses padrões da extensão da escoiaridade pr imár ia o 
passo inicial e o mais seguro pa ra a progressiva impiantação 
de uma justa política universal de educação, renovada em seus 
fins, renovadora em seus métodos, sòlidamente a p o i a d a no 
princípio democrático da igualdade das oportunidades educacio_ 
nais . 
Com a adoção de uma escoiaridade assim estendida, su 
pe ra r - se - i am as tradicionais estruturas do ensino dual, isto é, 
do ensino organizado em dois s is temas escoiares distintos, pa-
ralelos e estanques — o primeiro destinado às crianças ori-
undas das ciasses popuiares, e o segundo para as c r i a n ç a s 
pertencentes às ciasses privilegiadas, São tantos os inconve-
nientes já reveiados, desse duplo sistema de educação, que na-
da mais justificaria, nas sociedades em processo de democra-
tização, a presença de estruturas pedagógicas fundadas na es_ 
tratificação social. Muitas análises já haviam efetivamente de_ 
monstrado os inúmeros inconvenientes desse tipo de estrutura, 
assinaiando especialmente aqueles de que decorriam, de um ia_ 
do, perda para sociedade, dos talentos não descobertos p a r a 
levá-los ao pleno desenvolvimento de suas aptidões; de outro, 
para os indivíduos, a injustiça de lhes b a r r a r as vias de aces_ 
so social às posições a que ter iam direito pelos seus dons e 
capacidades. 
Extensão e seus problemas 
A extensão da escoiaridade posta em tais termos passa 
a compreender uma multiplicidade de complexos p r o b l e m a s , 
que têm constituído por si sós em objeto de debate e polêmica 
no campo da moderna problemática pedagógica e que p o d e m 
ser assim resumidos : 
1) o da garantia de escoias para a educação de todas 
as crianças — meta que em virtude de vários fatô-
re s grande número de nações alcançou no s é c u l o 
passado; 
2) o da duração do curso pr imário , duração que tem va_ 
riado, dos estrei tos limites de um curso primário si-
muiado, às famosas escoias de dez anos; 
3) o da fusão do ensino primário com o primeiro c i c l o 
do ensino médio e a conseqüente eliminação das bar_ 
re i ras tradicionalmente mantidas entre um e o u t r o 
grau, peia fixação de novas e variadas formas e vias 
de articuiação; 
4) o da revisão e reformuiação integral dos currículos 
e programas dos dois graus de ensino, visando a re_ 
construi-los sob duplo signo da continuidade e da um 
dade. 
Universalização do ensino pr imário 
O problema da universalização da escoia pr imária só con-
tinua em pauta para os países que não lograram organizar sua 
rede de escoias desse grau para receber a totalidade da r e s -
pectiva popuiação infantil. É o caso do Brasi l . Onde o ensino 
primário impiantou-se no séc . X I X , sua duração chegou aos 
nossos dias girando em têrmo de 6 anos, findos os quais a 
passagem para a escoia média não veio a constituir problema 
a não ser sob os aspectos das dificuldades decorrentes da dua-
lidade do sistema. Aí, a questão se apresenta apenas em têr-
mos da eliminação dessa dualidade e do estabelecimento da 
continuidade capaz de atender às imposições do desenvolvimen-
to científico e tecnológico concomitantemente com as e x i g e n 
cias do advento da era industrial. Poder - se - ia pensar em pro-
longar de 1 ou 2 anos o programa tradicional da escoia prima 
r ia , mas essa providência não t ra r ia , em si, grande v a n t a -
gem, porque cedo nos veríamos na contingência de fazer en-
t r a r esse acréscimo suplementar no sis tema global — restau_ 
rando a fórmuia dual de que pretendemos nos l iber tar . 
Prolongamento da escoiaridade 
Tornando-se insuficiente a educação básica oferecida pe_ 
ia escoia pr imária , sendo necessár ia a expansão quantitativa e 
qualitativa do sistema peia ampliação do próprio c o n c e i t o de 
' educação de base" em face das exigências crescentes do orga-
nismo social e do mercado de trabalho, não há outro caminho 
que o das vias de aperfeiçoamento da articuiação entre o pr i 
mário e o médio, promovendo-se a expansão deste como pare_ 
ce ser a tendência dominante. 
Examinando o problema do desenvolvimento do e n s i n o 
médio, nos últimos trinta anos, Parkyn (1) assinaia q u e "a 
tendência mais evidente para o observador é a vasta expansão 
adquirida pelo ensino médio no mundo inteiro, em parte devi_ 
da ao crescimento demográfico, mas , em parte, causada pelo 
desenvolvimento do próprio ensino". Observa que "nos países 
em que o ensino era quase inexistente antes da Segunda Guer_ 
ra Mundial, a ampliação do ensino pr imário está acarretando 
a do ensino médio; em outros países mais evoluídos, quase tô-
das as crianças têm possibilidades de empreender estudos se-
cundários e um número crescente, dentre eias , prossegue os 
seus estudos até o fim. E conclui afirmando que "a pr imei ra 
linha de força é, pois, em nossa época, a expansão e amplia_ 
ção do ensino de segundo grau". 
A duração da escoia pr imár ia varia, segundo os p a í -
ses , de um mínimo de 4 a um máximo de 7 anos, sendo quê 
a par t i r dos exemplos de duração de 6 anos já se inicia o pro_ 
cesso de fusão p r i m á r i o - m é d i o . 
(1) George W. Parkyn — O Ensino de Segundo Grau -Es tudo 
de Educação Comparada - Sob os Auspícios da UNESCO -
Ministério da Educação e Cultura - Diretoria do E n s i n o 
Secundário - 1966. 
Fusão ensino primário - ensino médio 
A fusão do ensino primário com o ensino médio e a eli-
minação das ba r re i ras existentes entre um e outro sistema se 
vêm processando de vários modos, segundo cr i tér ios não coin-
cidentes de organização escoiar, e dando nascimento a diferen-
tes modelos em que varia o número de anos reservados à es_ 
coiarização pr imar ia e a duração do primeiro ciclo m é d i o : 
4 - 4 ; 5 - 3 ; 6 - 3 ; 7 - 3 . Qualquer que seja a combinação nu-
mérica, o grande esforço é no sentido de eliminar as ba r re i -
ras que possam impedir a passagem do primário para secundá-
r io . Onde o ensino médio oferece caminhos diversos, d e n t r o 
do sistema se assegura o direito de o aluno passar , durante o 
curso, de um para outro tronco. 
Parkyn alude a esse fato dizendo t r a t a r - s e , e n t r e as 
tendências que analisa, da correspondente à " p r o c u r a dos 
meios de ligar organicamente o ensino médio ao ensino prima-
r io" , esciarecendo que "na maior parte dos países, estes dois 
níveis de ensino tinham objetivos distintos e se dirigiam a cri_ 
ancas diferentes", não sendo fácil, por isso, "assegurar a pas_ 
sagem de um para o outro". Chama a atenção para o fato de 
"até em sistemas de criação recente, onde não existe esta se_ 
paração tradicional, os dois graus de ensino nem sempre têm 
os mesmos objetivos e a dificuldade reside na organizaçãode 
um ensino bem articuiado". 
Reconstrução dos Currículos 
Embora ainda predominem os sistemas múltiplos de en 
sino médio, já se observa que se rá generalizada, dentro de 
prazo reiativamente curto, a tendência à fusão advinda da "con-
cepção de um ginásio comum no primeiro ciclo, dominado pelo 
propósito de continuação da cultura geral iniciada na e s c o i a 
pr imár ia , enriquecido com o oferecimento de ampias o p ç õ e s 
de matérias e práticas educativas, com o sentido de verifica-
ção das aptidões e tendências discentes, a serem encaminhei 
das adequadamente; daí" a ocorrência, em progressiva genera_ 
lização, da divisão da escoia média em dois ciclos didáticos 
de sentido e propósitos não coincidentes: o pr imeiro ciclo co 
mo estágio de ampliação da cultura iniciada na escoia p r i m á -
ria e de observação e orientação; o segundo ciclo, ao. iado da 
continuação da cultura geral ministrada, visando a objetivos 
específicos, seja daqueles de formação profissional n e s s e ní-
vel, seja os de realização de estágio preparatório a e s t u d o s 
mais avançados" ( 1 ) . 
Parkyn re fe re - se às modificações do currículo como a 
uma " te rce i ra grande linha de força ' nas reformas do ensino 
secundário e aduz: "Os progressos científicos e tecnológicos 
modernos e a evolução social complexa que se produziu recen 
temente conduziram necessariamente à modificação dos curr í -
culos; mas uma transformação não menos notável resul ta da 
extensão do ensino médio a crianças às quais não se dirigia 
originàriamente, em particuiar àqueias pertencentes às cama_ 
das sócio-econômicas inferiores da sociedade e àqueias de me-
nor aptidão para os estudos. Esta evolução do currículo f o i 
orientada, em geral , para a integração de elementos culturais 
e técnicos por muito tempo mantidos separados ou mesmo en 
sinados em escoias de tipos diferentes. 
Essa é a orientação implícita na Lei de D i r e t r i z e s 
e Bases que, segundo percuciente observação do Conselheiro 
Newton Sucupira, "conservou o conceito, já consagrado e n t r e 
nós, de ensino de grau médio como um gênero do qual o se 
cundário, o técnico, o normal e outros ramos ser iam as espé-
c ies" . E acentua: "Mas o que há de inovador na Lei é a sua 
concepção orgânica da escoia média, ao mesmo tempo global 
e diversificada. A Lei diminui consideravelmente a segrega_ 
ção até agora existente entre os diversos ramos e procurou 
suprimir a tradicional distância hierárquica que separava o se_ 
cundário dos outros tipos de ensino médio. 
De acordo com o espírito e a le t ra da lei, ao afirmar 
o sentido formativo geral da escoia média, o pr imeiro c i c l o 
de todos os ramos deveria evitar toda especialização prematu-
ra , toda profissionalização acentuada mesmo nos cursos técni-
cos. — Aliás, o a r t . 35, determinando que o currículo d a s 
duas pr imei ras sé r ies do ciclo ginasial se rá comum a t o d o s 
os cursos do ensino médio, no que se refere às matérias obri_ 
gatórias, criou uma espécie de tronco comum, que visa, p r e -
cisamente, assegurar um mínimo de educação geral para toda 
escoia média". (2) 
(1) Jayme Abreu — Articuiação entre o ensino primário e o 
ginasial - Documentos de Trabalho - INEP. 
(2) Princípios da Educação de Grau Médio na L D B - Re 
vista Brasi le i ra de Estudos Pedagógicos - M E C - I N E P , 
nº 91 - 1963. 
Exemplos internacionais 
A fusão primário-médio encontra seu melhor exemplo 
na experiência americana que é a que mais reflete o espírito 
democratizador da igualdade de oportunidades destinadas a ga_ 
rantir a todas as crianças o pleno desenvolvimento de suas ca-
pacidades. "O que de mais nôvo, mais diferente da tradição 
européia, continha o sistema dos Estados Unidos e ra a escoia 
secundária geral, uma escoia ao mesmo tempo una e múltipia, 
nuclearmente única e complementarmente múltipia, idêntica em 
seu conteúdo, responsável peia formação geral e variada em 
seus desdobramentos, na medida das diversidades individuais", 
na observação de Gildásio Amado ( 1 ) . 
No sis tema americano se acha consagrada a total e l i m i -
nação das ba r re i r a s entre os graus e os ramos , estabelecen_ 
do-se a continuidade de todo o sis tema de ensino, garantida a 
passagem do aluno de um para outro sem os entraves tradicio_ 
nais de provas e exames e sem o impacto decorrente da com_ 
posição do currículo, da orientação do ensino e da n a t u r e z a " 
das atividades. 
Na França, onde se processa a transformação "do pri_ 
meiro ciclo dos liceus em colégios de ensino secundário, have-
ra ciasses intermediárias regidas por professores pr imár ios" . 
Vários projetos se vêm sucedendo reveiando os mesmos propó-
sitos da "instituição de um tronco comum" e a abolição d o s 
"preconceitos e das tradições tão tenazes na hierarquia dos es 
tabelecimentos e das matér ias , assim como a 'cloisonement' 
compartimentação social que caracter iza o s is tema e s c o i a r 
francês". Pretende-se ali re te r por mais dois anos os jovens 
que tenham atingido, a par t i r de janeiro de 1967, a idade de 
14 anos. As possibilidades de orientação para os alunos que 
terminam o primeiro ciclo serão ampliadas, prevendo-se um 
conjunto de estabelecimentos de segundo ciclo, com o ensino 
longo e curto, oferecendo variada gama de opções ( 2 ) . Mas o 
processo de mudança francês é lento e não se faz sem r e s i s 
tências e oposições por parte de pais e professores . 
(1) Gildásio Amado — "O ensino de Segundo Grau" - Separa 
ta de "A Faia dos Mes t res" . 
(2) "Le Monde" - Sélection hebdomadaire - nº 957 - 1967 -
16-22 fevrier . 
A mesma preocupação dominante nos diferentes países 
que se vêm empenhando em reformas do ensino de segundo grau 
' inspirou a reforma inglesa de 1944, que previa a existência de 
t r ê s modalidades de escoias secundárias — clássicas , modernas 
e técnicas — mas procurava estabelecer a completa equivalência 
e igualdade de prestígio dessas t r ê s modalidades". Diante das dj_ 
ficuldades encontradas em face das tradições bri tânicas, "muitos 
dos mais recentes esforços se têm dirigido no sentido do estabe-
lecimento, de início em caráter experimental, de escoias com 
preensivas ou multi iaterais, que são escoias destinadas a minis_ 
t r a r num mesmo 'campus' o ensino secundário tradicional, mo_ 
derno e técnico, ou conjuntos escoiares formados peia g e m i n a 
ção de dois diferentes tipos de escoias secundárias". (1) 
Na União Soviética, como sabemos, o regime de ensino 
adotado comporta um só sistema escoiar unificado, variando a 
obrigatoriedade escoiar, em duração, segundo as possibilidades, 
a par t i r de um mínimo de sete anos. 
Como se verifica dos sucessivos exemplos citados, as re 
formas a que estão sendo submetidos os sistemas de ensino vi-
sam a torná-los instrumentos a serviço de uma educação para a 
formação do homem comum. 
A extensão da escoiaridade e suas mais imediatas conse 
qliências têm sido também constante tema objeto de debate em vá_ 
r ias conferências internacionais de educação. 
Nas Conferências Internacionais de Instrução Pública pro_ 
movidas pelo BIE em 1934 e 1957, e nas Reuniões Interamerica_ 
nas de Nivel Ministerial convocadas peia OEA em Lima (1956), 
Punta del Este (1961) e Santiago do Chile (1962) tais proble_ 
mas foram examinados sob todos os aspectos, sendo editadas re_ 
comendações minuciosas e específicas a título de sugestão a o s 
governos nacionais empenhados na promoção do desenvolvimento 
econômico, da paz mundial, do bem comum e da felicidade hu 
mana. 
Dentre essas recomendações destacam-se as reiativas 
aos "países onde o número de escoias não corresponde ainda à po_ 
puiação em idade escoiar — que o problema consiste mais em as_ 
segurar a cada criança a possibilidade de freqüentar a escoia du 
rante um mínimo de anos determinados do que em prolongar a es_ 
(1) Gildasio Amado

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes