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NOTA O centro faliu. É notória a incapacidade de gerenciar o país através de leis uniformizantes, na forma, sem prestar atenção às con- dições e aos conteúdos. Surge no horizonte dos oti- mistas o momento do Congresso Nacional. É nele que parecem con- centrar-se as esperanças da socie- dade em ter um país com legislação mais justa e um executivo melhor controlado. Se você, leitor, acredita no poder das idéias, na importância do debate e nas suas próprias convic- ções, use este trabalho. Debata-o em sua universidade, em sua Secre- taria, em sua Associação de Classe, em seu trabalho, em sua escola. E não deixe de enviar suas sugestões e conclusões para o Parlamento, através dos Presidentes da Comissão de Educação da Câmara ou do Se- nado Federal. O autor também gostaria de receber suas observações e novas idéias, em seu endereço: SHIS Ql 26 CH 18 71600 Brasília, D.F. BASES PARA NOVAS DIRETRIZES EM EDUCAÇÃO JOÃO BATISTA ARAÚJO E OLIVEIRA BRASILIA 1984 DIZER É UMA MANEIRA DE FAZER José Marti Introdução Novos Papéis do Executivo e do Legislativo É notória a perda de capacidade do poder público para enfrentar os velhos e novos problemas que afligem a sociedade. Esgotaram-se as potencialidades dos tradi- cionais instrumentos de administração. O centralismo, levado aos seus extremos, torna o Estado paralisado por si próprio, esteriliza os melhores esforços da periferia e acaba por tornar-se incapaz de compreender a realidade, que fica cada vez mais distante de seus planos e de seus estilos de pensar. Enrijeceu-se a capacidade de negociação, pela crença maior na razão técnica do que na razão dos homens. Cristalizaram-se, formali- zaram-se e burocratizaram-se as formas de relacionamento entre o poder central e os Estados e Municípios. A dominação central se exerce através de leis, decretos, regras, regimentos, estatutos, termos aditivos, convênios, pareceres, instruções, normas, proje- tos e uma miríade de outras invenções da tecnoburocracia que parecem resistir mais à crise do que o próprio país. Esgotaram-se tanto a capacidade de extrair impostos quanto a eficácia dos mecanismos alocativos, hoje incapazes de evitar enormes desper- dícios, pela forma com que são repassados. 0 centro, que antes não sabia dar sem controlar, agora tem pouco a dar, e nem mais é capaz de controlar. Nem a si próprio nem às suas ramificações. Mais grave que a incapacidade de gerenciar o país a partir do Planalto Central e de criar mecanismos de descentralização — o que, de resto, é o reflexo de um país que sempre na sua história se caracterizou pela centralização administrativa — é a dificuldade cada vez maior de se estabelecerem políticas capazes de resgatar a imensa dívida social do Estado perante a nação. No caso de educação, no entanto, não se trata propriamente de uma novidade. Não se trata de um novo tipo de descaso que caracte- rizaria as políticas atuais em relação a outros períodos de nossa história educacional. É apenas o registro de que a taça está cheia, começa a transbordar, e não há sinais, no imenso horizonte do cerrado, de que o caos educacional do país esteja causando qual- quer perplexidade. Nem é óbvio — de nenhuma forma — que o Legislativo ou o Exe- cutivo tenham se apercebido de que o atual arcabouço legal, as políticas setoriais e os volumes e mecanismos de financiamento à educação estejam conduzindo a uma idade de trevas. A nós, otimistas, parece que ainda é hora de recuperar os restos de um sistema educacional que está caindo aos pedaços. O presente depoimento, senhores Senadores e Deputados, pretende demonstrar que o atual estado de calamidade da situação educacional não é apenas um problema financeiro, muito menos uma questão conjuntural, ou um mero reflexo da crise em que estamos mergulhados. É, sobretudo, o resultado de uma política administrativa que ainda se baseia num arcabouço que jamais foi adequado ao Brasil real, e que hoje, mais que nunca, torna expostas suas monstruosas inadequações. Não se trata de engrossar o coro das carpideiras, embora as próprias autoridades federais, como a nossa Ministra da Educação, proclame com tristeza que o ensino de 1º grau é a fratura exposta do sistema educacional brasileiro! A tese, a ser explorada no momento, é que o encaminhamento de saídas para o momento depende da sabedoria de nossos líderes e passa necessariamente, pelo Congresso Nacional. Ela requer uma conciliação entre a alocação adequada de recursos financeiros e uma política administrativa descomprimida, descentralizada, por meio da qual se torne possível a adoção de novos papéis pelo governo federal e pelos governos estaduais. O arcabouço legal, jurídico, centralizador e tutelado de nossa educação nacional está ultrapassado, e já faliu: o edifício educacional está ruindo a partir de seus alicerces. Não é hora, mais, de consertar ou atacar sintomas, ou de argumentar que as coisas não vão bem porque as leis não foram implementadas. É hora sim, de implodir com sabedoria o artificialismo que caracteriza a concepção formalista das questões educacionais e de reconstruir, progressivamente, as novas bases de um Brasil federativo, democrático e plural também na Educação. Permitam-se, senhores Deputados e Senadores, um pequeno esclarecimento que se faz imperativo. Não pretendo atribuir à presente direção do Ministério da Educação e Cultura a causa de todos os males atuais, nem mesmo em pequena proporção. Não fizesse mais nada, a Excelentíssima Ministra daquela pasta já deu suficientes provas de inteligência, equilíbrio e honestidade ao moralizar a arrecadação do Salário Educação. Queira Deus que ela tenha a mesma dose de sabedoria para alocar esses novos recursos antes dizimados pela corrupção privada, sem desperdiçá-los na corrupção interna e nos desvãos e desperdícios das imensas burocracias federais e estaduais que são a maior desgraça da educação nacional. Também não parece haver como atribuir a culpa à gestão anterior, e, ao contrário, penso que o futuro fará justiça ao Ministro Rubem Ludwig que, em sua estratégia tentou primeiro consertar o MEC, para depois atacar a educação. Sua atuação fez a área da educação respeitada na SEPLAN, tendo valorizado o magistério e lutado por aquilo a que chamava a verdade orçamentária, mostrando que o orçamento educacional tem sido um faz-de-conta. Não pretendo também atribuir à Revolução a responsabilidade pelas desgraças da educação nacional. Se a educação sofreu, e muito, com o surto de centralismo, da tecnocracia, com a brutalidade e com a rigidez de certas normas, não foi nesse período que as verbas para o setor baixaram sensivelmente, que a proporção de analfabetos saiu de seu curso histórico, que a educação perdeu a credibilidade, o prestígio ou a presença que ela jamais teve no panorama nacional. O presente depoimento organiza-se em três partes principais. Na primeira, e de forma muito breve, anotamos alguns dos aspectos conjunturais e estruturais que colorem de sombras o estado caótico da educação no Brasil. Aí analisamos variáveis de origem histórica, econômica, político-social e pedagógica. Na segunda parte esboçamos uma análise da legislação, das políticas e dos modelos de administração educacional, que são apontados como importantes causadores do atual impasse da educação no Brasil. A terceira parte consiste na busca de saídas, e nela se defende a tese de que o país e a educação precisam de menos leis, mas bem orientadas e comprometidas com programas realistas, de implementação progressiva, calcadas na realidade e no compromisso de tirar o país do atual descalabro. Na área de financiamento e custeio são levan- tadas alternativas viáveis e até mesmo independentes de uma reforma tributária, tão reclamada em toda e por toda a nação. Adotando uma perspectivamunicipalista e descentralizada, o governo federal, para ser eficaz, teria que abrir mão de insistir em velhos papéis, e aprender novas formas de atuar, incentivar e promover a educação sem as atuais amarrações, entraves, regulamentação e burocracia. Também é destacado o importante papel do Congresso Nacional, a quem caberia debater e propor um novo arcabouço legal para tornar-se mais efetivo como fiscal do cumprimento de um novo compromisso educacional. Primeira parte: Alguns aspectos da calamidade educacional Se até pouco tempo eram sobretudo os acadêmicos e os oposicionistas que denunciavam a precária situação educacional do país, hoje é raro faltar numa intervenção de um Reitor, no debate com os altos funcionários do Ministério ou das Secretarias de Educação, e, sobretudo, nos discursos oficiais dos três últimos Ministros da Educação a constatação contundente, agressiva e inconformista com o atual e deplorável estado de coisas. Essa tomada de consciência, iniciada didaticamente pelo Minis-tro-Professor Eduardo Portella e seguida pelos seus sucessores se constitui num primeiro e importante passo. O ilustre Senador João Calmon hoje já goza de excelente companhia em sua incansável cruzada por um Brasil educacional melhor. Faltam, no entanto, instrumentos para superar o nível do discurso. Fatores Históricos Na história da Educação no Brasil é nítido o baixo status social da área. De Pombal a Passarinho, na lúcida e irreverente análise do professor Lauro de Oliveira Lima, da Universidade de Coimbra ao tatear de nossa Pós-Graduação, como brilhantemente documentaram Fernando de Azevedo e, mais recentemente, Simon Schwartzman, a educação nunca foi levada devidamente a sério nem pela sociedade nem pelo governo. A sociedade jamais se organizou para propor uma demanda bem articulada e calibrada. As escolas, as universidades, o saber, mesmo o saber aplicado, jamais, em nossa história, receberam da sociedade e dos podêres públicos uma forma de atenção continuada. Jamais tivemos algo parecido com o que ocorreu na China, no Japão, e nos países da Europa Oriental e Ocidental, para mencionar só alguns. Como companheiros restam-nos apenas os países menos desenvolvidos da África e Ásia que também não despertaram para a importância do tema. A falta de suporte social para a educação é causa importante de nosso multissecular atraso educacional, e não será da noite para o dia que se reconverterá tal situação. Financiamentos e Custos No campo econômico, em seu senso estrito, a educação também jamais foi tratada com a seriedade que mereceria por parte do poder público, da classe política — que cada vez tem menos a dizer sobre a matéria — e dos economistas que nos governam. Educação é e sempre foi cara; educação é um investimento, e investimento custoso. No Brasil, entretanto, é considerada como custeio, e sujeita a cortes orçamentários arbitrários, irresponsáveis e intempestivos. O esforço educacional de um país exige persistência, continuidade e compromisso, qualidades pouco características de políticas econômicas imediatistas e irresponsavelmente pragmáticas. Pelo contrário, e ao longo de nossa história, o que temos são poucos recursos, e sua amarração, na exe- cução, contribui ainda mais para sua utilização irracional e indevida. Alguns dados de nossa economia educacional são oportunos para caracterizar essa situação que, repito, não é necessariamente um descaso conjuntural. A aflitiva situação do momento, no entanto, não é muito propícia para uma busca mais longínqua de causas no passado, e sugere que devemos, melhor e mais responsavelmente que nossos antecessores, corrigir essa injustiça histórica que se vem cometendo no país. FIGURA I ALGUNS NÚMEROS RELEVANTES SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL MATRÍCULA OFERTA E DEMANDA DESPESAS Pré-Escolar ............................................................................... 1.700.000 1º Grau ..................................................................................... 24.500.000 2º Grau...................................................................................... 3.500.000 Superior..................................................................................... 1.421.000 Pré-Escolar — Praticamente inexistente, face à clientela potencial; 1º Grau — Cerca de 82% de atendimento; faltam mais de 7,5 milhões de vagas; 2º Grau — Cobre menos de 15% da população entre 15 e 18 anos; metade desse ensino é particular; 3º Grau - Quase 70% das vagas (950.000) estão no ensino privado. Há cerca de 420.000 novas vagas por ano. Federais — Cerca de 10 a 12% do orçamento federal (excluído orçamento monetário e fiscal); — Quase 65% alocados ao Ensino Superior; — Responsáveis por cerca de 30% das despesas em educação (incluído Salário Educação). Estaduais — Estados respondem por mais de 60% do custeio global de Educação (orçamento, salário educação, quotas estaduais). Municipais — Raramente aplicam menos de 20 a 30% de seus orçamentos (inclusive repasses do FPM e salário educação) no setor. PNB O Brasil vem aumentando suas despesas com educação, em relação ao PNB; hoje os gastos se situam em torno de 5%. Isso coloca o Brasil, segundo os dados da UNESCO, no 159 lugar entre os 30 países da América. CUSTO/ALUNO 19 GRAU - Estimativa grosseira: (só custeio) 1 professor, com 1 salário mínimo + 35% encargos x 13 meses + 30% Outras Despesas para 30 alunos; custo/aluno/ano = 30.000 Suporte Social e Político No campo político e social, condicionado e condicionador da história e da eco- nomia, a educação no contexto das políticas sociais vem sendo relegada a plano infe- rior, no presente e no passado. O discurso é bonito; as leis abundantes e maravilhosas; as intenções, edificantes. Mas a realidade grita mais alto. Nos campos da saúde, da segu- rança, da previdência, dos direitos do trabalho, do bem-estar, e também no da educa- ção, continuamos essencialmente com quase dois séculos de atraso de concepção, e, em alguns casos, igual período de defasagem em termos da alocação democrática e igualitá- ria desses bens e serviços. Isso sem prejuízo de certas feições modernizantes e de sofis- ticadas versões tecnológicas associadas à sua distribuição, em alguns casos. No campo da saúde, a cidadania regulada de que nos fala Wanderley Guilherme dos Santos se patenteia nos baixos níveis sanitários das cidades e das populações, pobres em sua ex- pressiva maioria; revela-se, particularmente nos sistemas diferenciados de atendimento de massa, do atendimento cooperativo e da medicina privada, esta privilégio das elites; no campo previdenciário os benefícios têm que ser adquiridos: não são assegurados como direitos de cidadania, e são distribuídos proporcionalmente às contribuições, aumentando, de certo modo, as diferenças e desigualdades; no campo da proteção tra- balhista, ainda acumulamos vergonhosos recordes de imaginação criadora na elabora- ção de índices para o cálculo do insuficiente salário mínimo, ao mesmo tempo que os acidentes do trabalho mutilam, anualmente, mais indivíduos do que o fez a II Grande Guerra; no campo da justiça e no setor penitenciário as diferenças sociais se tornam ainda maiores; e, na educação, a segmentação não poderia ser mais aguda: escola des- qualificada no campo, quando existe; escola péssima na cidade, para os plebeus; e escolas privadas, subsidiadas, para os que podem pagar. Com isenção de Imposto de Renda. Manter a população na ignorância não é um acaso, e faz parte do conhecido contexto do subdesenvolvimento. No entanto, como demonstra George Psacharopoulos em recente relatório do Banco Mundial intitulado Education and Development (1983), os retornos sociais da educação são tanto maiores quanto menos desenvolvidoé o país, como se lê no quadro abaixo: RETORNOS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO Tipo de Pais Primário Secundário Superior Subdesenvolvido Intermediário Desenvolvido 27 16 16 14 10 13 10 9 Além disso, as próprias elites, escudadas na Legislação que logram obter, segmen- tam cada vez mais os mercados profissionais, e forçam a educação a se atrelar a seus objetivos corporativos. Restrições de entrada no mercado, prerrogativas de exercício profissional e todo o formalismo que as leis e regulamentos impõem não são senão o resultado dessa pressão de grupos minoritários para manter seus privilégios, seus cartó- rios, suas imunidades e suas impunidades. A educação não é e não foi cultivada em si mesmo; o que há, mesmo nas detur- padas versões que nos trouxeram de Dewey, e nos avanços marcantes logrados com a hoje ultrapassada Lei de Diretrizes e Bases é um excesso de pragmatismo irrealista que vem sendo agravado por políticas conjunturais míopes e carentes de visão e de falta de grandeza. A concepção cartorial, legal, feudal, classista, tutelar, centralista, de controles a priori e uniformizante, predomina sobre as furtivas tentativas de diversificação, descentralização e criatividade. ASPECTOS PEDAGÓGICOS Finalmente, nessa breve incursão, os aspectos marcantes do descalabro educacional se salientam, no passado e no presente, através dos dados de desempenho quantitativo e qualitativo. A própria Ministra em exercício nos fala de índices de escolarização inferiores a 80%; os dados do Presidente do Mobral indicam que de cada 5 brasileiros maiores de 15 anos, um deles é analfabeto; informações do MEC contam os professores leigos aos milhares, quase quatrocentos mil de um total inferior a um milhão; no Nordeste, os salários do professor rural ainda não alcançam a cifra de 10 mil cruzeiros mensais, na maioria dos casos; no Sul e Sudeste a profissão do magistério é a última opção dos que ainda podem escolher entre esse emprego e o fantasma do desemprego; os índices de evasão são alarmantes, e denunciam a perversa eficiência do sistema educacional em eliminar do acesso ao saber os filhos das camadas mais humildes; os elevados índices de reprovação fazem com que apenas 17% das crianças brasileiras cheguem à 4a série primária, isto é, ao presumível fim do processo de alfabetização rudimentar; tudo isso reforça a idéia de que o sistema projetado pela sociedade e mal financiado pelos governos é uma ficção, e testemunha a falência de todo o atual do arcabouço legal, regulamentar e administrativo que é imposto sobre o setor. Os dados de recente avaliação do programa EDURURAL empreendidos sob a responsabilidade da Universidade Federal do Ceará se constituem em atestado vergonhoso da falência de nossa geração em lidar com a questão educacional. Eis uma gravíssima revelação: nenhuma criança possuía as competências mínimas para cursar a segunda ou a quarta série primárias, nas classes que foram submetidas a exames. Além disso, no país, o livro didático continua a ser tratado como um objeto comercial qualquer, na base do quanto mais fácil melhor. Raramente chega às escolas, sobretudo às mais pobres, e que são a maioria. A merenda escolar, essencial num país de famintos, continua sendo vítima de interesses escusos que se utilizam de argumentos pseudo-científicos para justificar a centralização, os desmandos e desvios que ainda caracterizam o setor. O horário de funcionamento das escolas se dá em regime de alta rotatividade. Os resultados do Vestibular, relativos aos que sobreviveram ao eficiente sistema social de reprovação, só não são alarmantes porque deseducação também já não escandaliza mais ninguém neste país. O parque universitário está sucateado, e não será fácil reconstruí-lo após sua virtual e galopante destruição a que vimos assistindo, e que vem se acelerando exponencialmente nos últimos meses. Em termos comparativos, estamos em situação educacional pior do que a da Inglaterra de 150 anos atrás, do que o Japão da Revolução Meiji da virada do século, do que a França do Século XIX, e, pelos dados da UNESCO, só nos emparelhamos com nossos países irmãos africanos que, no entanto, lutam em condições piores do que as nossas para avançar no seu processo de desenvolvimento. Na América Latina ocupamos o 16º lugar. A par dessa calamidade há iniciativas meritórias, esforços nem sempre reconhecidos, núcleos de qualidade, competência e excelência que vêm sendo mantidos e desenvolvidos apesar das ameaças de todos os lados. A sociedade começa a reclamar. As comunidades do interior do Paraná se movimentam pela qualidade e exigem tomar nas próprias mãos a gerência das escolas; em Minas Gerais o recém-concluído Congresso Mineiro de Educação revela que as forças vivas da sociedade não esmoreceram, e que a periferia sabe cuidar de seus problemas, se for deixada em paz, e em condições de trabalhar. Em São Paulo começa uma silenciosa e competente revolução pela melhoria da escola e do livro didático; o fluxo da classe média às escolas públicas pode reforçar a pressão pela qualidade em todo o país. Segunda Parte: O arcabouço legal e administrativo Quem crê que nem tudo está perdido anda à procura de soluções, não de remé- dios paliativos ou de respostas cínicas a que nosso país vem sendo exposto ao longo de sua história por aqueles que Faoro denomina de Os Donos do Poder. Falando neste foro, é indispensável analisar os aspectos da legislação, da política e da administração educacional que compõem, e, em grande parte, contribuem para piorar esse quadro desolador. A Legislação A legislação reflete a pressão social dos que têm voz. Como em outras esferas da atividade social, a educação é submetida a uma enorme quantidade de Leis e Decretos. Esses são tantos que o administrador pode escolher quais seguir, sem respeito até mes- mo à Lei maior. Por exemplo, o artigo 177 da Constituição, que prevê a autonomia das Universidades, é quotidianamente violado por atos emanados de funcionários de 3ºou 4º escalão. Impunentemente, mas com graves repercussões. Hoje contamos com dezenas de leis, centenas de decretos, além de milhares de atos de outra natureza que pesam sobre o setor educacional, quase sempre desconhe- cendo a realidade do país. De 1964 a nossos dias o Congresso Nacional examinou mais de 5000 projetos de lei para a educação. A duração das leis de orientação também não são suficientes para permitir uma avaliação de sua eficácia. Estas leis, no entanto, são escritas com tal grau de especifici- dade e detalhamento que logo se tornam obsoletas, e carentes de revisão. Outra não tem sido a tônica das emendas que surgem constantemente, e que, infelizmente, pare- cem esgotar o esforço da atuação legislativa (ver anexo). O detalhismo e o grau de minúcias a que a legislação submete o setor educacional — quase sempre para servir a um interesse particular, corporativo ou para manter a ilusão de que tudo se resolve pela lei — contribui para a paralisação do setor. Hoje pode-se destruir uma Universidade por ato de pena, ou por mero descaso, mas não se pode eliminar um documento ou um re- gistro de diploma sem a votação do Congresso Nacional. É preciso, portanto, uma profunda reflexão por parte do Poder Legislativo sobre os seus papéis, se se quiser uma retomada para recuperar a educação e oferecer algo digno às futuras gerações. É preciso, talvez, mudar leis, mas no sentido de oferecer ao país uma lei geral, ampla, mais doutrinária, mas ao mesmo tempo comprometida com o país, com seus problemas e com algumas soluções. Uma lei que se comprometa com metas e recursos. Uma lei que delimite os novos papéis e formas da intervenção gover- namental, levando-se em conta os fracassos do modelo vigente e os desafios do pre- sente e do futuro. Uma legislação através da qual o legislador se intrometa nas ques- tõesimportantes e se descarregue do trivial. Ou seja, exatamente o contrário das pos- turas do passado e do presente. Planejamento e Política Educacional A política educacional se constitui noutra área a ser profundamente reorientada, em função dos novos papéis que a realidade e o futuro estão a requerer. Essencial- mente as políticas educacionais vieram sendo balizadas por três parâmetros: os orça- mentos, nunca suficientes e em certas fases, como a atual, em preocupante declínio; o planejamento centralizado e cercado de leis, portarias e decretos por todos os lados; e a falta de suporte social. Dos orçamentos, já falamos, e retomaremos o assunto mais adiante, ao tratar da utilização dos recursos e da tese do desperdício. A falta de suporte social também já abordamos: hoje é mais fácil mobilizar uma multidão para outras causas justas, como o direito dos índios, dos homossexuais, das teses feministas ou da proteção das matas do que protestar contra o brutal desmantelamento de nossas universidades. Ou da destruição quotidiana do potencial intelectual da maioria das crianças. Essa falta de interesse social — interesse que só se manifesta na forma de defesa de interesses corporativos menores — é agravada pela ambigüidade de fins e meios associada à definição de objetivos e procedimentos para a educação. Resta falar, e muito, do planejamento. Em etapas mais recentes, as políticas educacionais vêm se caracterizando pela miragem do Brasil Grande e do governo central onipotente e onipresente. Tudo se tor- nou prioritário, ou melhor, retoricamente prioritário, do Mobral à Pós-graduação. Até hoje, sem se resolverem os problemas da 1a série do primeiro grau continua o governo federal a embarcar em temerária incursão no setor do pré-escolar. Tudo parece ser uma desculpa para não se fazer nada, para não se comprometer a fundo com a solução de problemas concretos. Com tanta coisa a fazer, diluem-se os recursos, não há compro- missos com problemas ou com resultados, apenas com o ativismo. Em termos doutrinários, todo o enfoque legal e político-administrativo traduz-se no estabelecimento de critérios mínimos, de níveis mínimos, de padrões minimamente aceitáveis. Não se promove nem se protege a excelência, não há lugar para o excepcio- nal, não há modelos para a perfeição. E a mediocridade se torna certificada. E regis- trada. Além disso, as políticas são descontínuas, e para garantir que nada de importante aconteça, o Ministro da Educação é removido a cada seis meses: apenas Capanema, Passarinho e Ney Braga tiveram mandato superior a dois anos. São 41 Ministros em 50 anos. Na interpretação de leis e nos planos educacionais, paira uma concepção dirigis- ta, uniformizante e irrealista da escola. Exigem-se coisas demais da escola, sobretudo no nível formal, e que só servem para afapalhar. A escola tem que cuidar ritualmente do trânsito, da árvore, da ecologia, do índio, do soldado, da vacina, do imposto de renda, até da desburocratização. Tudo, parece, como desculpa para não ter que ensinar. Os planos, os programas, os convênios, as atividades de supervisão, tudo demons- tra o profundo distanciamento e irrealismo dessas políticas, traçadas centralmente e que os Estados e Municípios tiveram de se equipar para implementar. De repente a escola primária passou a contar com 8 séries. No papel, naturalmente! Súbito a minús- cula escola do 29 grau tinha que profissionalizar. A Universidade perdeu seu direito de selecionar alunos por critérios próprios, e se revelou incapaz de lidar com clientelas mais heterogêneas. O ensino virou negócio, e quase sempre quanto pior o ensino, me- lhor o negócio. Dentro da lei, naturalmente. E, para completar a festa e dar a impressão de movimento e ação, proliferou o governo em seus programas ad hoc, para mascarar sua impotência para enfrentar o desafio educacional na base, e curtir, em parceria com as pequenas elites quedesenvol- veram nas Secretarias de Educação dos Estados, a ilusão da perfeição tecnocrática, da inovação permanente, da novidade que se renova a cada ano do calendário escolar. Se, em determinados momentos, essa visão centralista se justificou, por deficiên- cias da periferia; se, em determinadas épocas, foi necessário que os poucos recursos intelectuais dos Estados compusessem uma massa crítica a nivel federal, hoje, essa realidade tornou-se insuportável e insustentável. De um lado, o governo central drenou os melhores talentos da periferia, muitas vezes frustrando-os em suas expectativas e atribuindo a esses indivíduos tarefas rituais, burocráticas e irrelevantes, no Rio de Ja- neiro ou em Brasília. De outro lado, e como decorrência do próprio modelo, os Esta- dos e muitos Municípios aprenderam, pela mímica e por outras circunstâncias, a se capacitar. E hoje, mais que nunca, são capazes de formar e manter suas próprias elites. Não se justifica, nem se pode tolerar, por mais tempo, a decretação da incompetência da periferia. No centro, e nos vários sentidos, o bolo cresceu. Ou inchou. E agora, começa a apodrecer. Política Administrativa É na política administrativa, no entanto, que vamos encontrar a manifestação mais destacada dos difusos ideais educacionais da parcela dominante de uma sociedade, os efeitos das pressões dos grupos e corporações, e, graças à nossa tradição histórica formalista, da debilidade de nossos mecanismos de integração política e social. O formalismo é o caráter mais saliente. A educação é toda concebida formal e burocraticamente. O CFE — Conselho Federal da Educação, bem se poderia chamar de Corte Federal da Educação, Cartório Federal da Educação ou Congregação das Facul- dades Espalhadas, tais as atividades burocráticas e rotineiras a que ele se apegou em detrimento de oferecer-se à nação como uma importante instância de formulação, crí- tica e mediação de aspirações sociais, de que tanto carecemos, e que, a meu ver, deve- riam se constituir em sua principal missão. Apropriado em grande parte por interesses corporativos ou de cega defesa do privatismo, o CFE acabou por retirar as intenções liberalizantes de nossas leis, e uniformizar as exterioridades de nosso ensino, sem jamais assumir qualquer parcela de responsabilidade pelo descalabro em que vivemos. E mais: com o vezo do centralismo, induziu os Conselhos de Educação dos Estados a lhe copiarem suas principais feições. Esses, igualmente compostos por senhores vetus- tos e honrados educadores e cidadãos, desperdiçam sua visão e seu talento na conta- gem do número de portas e janelas de uma futura escola, deleitam-se no exame de peculiaridade formais, e dedicam-se com grande fôlego à revalidação dos diplomas dos poucos alunos que estudam no estrangeiro. O maior dano causado por essa orientação, ainda vigente, é o de reforçar a con- cepção cartorial e burocrática da educação, em que o parecer, a resolução, a uniformi- zação e o palavreado gongórico e barroco se sobrepõem à realidade. Um fato espantoso comprova esta distorção. Na pesquisa antes mencionada sobre educação no Nordeste, há uma revelação das mais graves, que coloca em relevo o grau a que chega o formalis- mo educacional no país. Naquelas escolas estudadas, em que a aprendizagem é virtual- mente nula, há um dado surpreendente: mais de 85% delas revelam estar em dia com todos os papéis, com toda a burocracia, com todos os requisitos formais. Para gáudio e desencargo de consciência dos Conselhos. Afinal, a lei está sendo cumprida. "Tudo legal. E tudo muito ruim", como dizia Anísio Teixeira. O formalismo é acrescido pelo centralismo, que também engendra o gigantismo. Também no setor educacional sofremos de macrocefalia. No prédio do MEC, em Brasília, há 12.498 funcionários. Somente os 300 e poucos professores universitários que tra- balham na SESU poderiam constituir uma Universidade, possivelmente de excelentenivel, abrigando mais de 15 mil novos universitários. Nos Estados, a situação não é menos crítica. Em Minas Gerais, por exemplo, há 240 mil funcionários nos quadros da Secretaria de Educação, dos quais cerca de 180 mil em atividade. Mas desses, apenas 40 mil estão na sala de aula. Portanto, há 140 mil pessoas infernizando a vida dos 40 mil professores "condenados" à atividade do magistério. Essa situação é agravada pela indevida e imoral ingerência política, com p minúsculo, sobretudo por parte dos podê- res executivos e legislativos locais: em qualquer lugarejo, o emprego precário da profes- sora, da bibliotecária, da merendeira, até da substituta, depende de sua lealdade polí- tica. E vai se contratando gente. E caem os secretários que tentam imprimir um míni- mo de seriedade à questão. No quadro atual, a burocracia instalada logo perde o contato com a realidade: tudo vira projeto, tudo vira processo. O processo adquiriu autonomia funcional: ganhou vida própria. O processo anda, o processo vai, o processo vem; o processo é informado, carimbado, autenticado, devolvido, apensado; o processo some. 0 processo recebe pareceres; às vezes o processo é devolvido para diligências. E a realidade continua. A substituição de uma datilografa de qualquer universidade autárquica (autárquica quer dizer dotada de autogoverno) leva pelo menos 15 meses, num processo de 100 páginas, inúmeras visitas a Brasília e toda a boa vontade que o Reitor, pessoalmente, conseguir grangear no MEC ou no DASP. A burocracia é alimentada, mesmo nos dias atuais, pelas expectativas e modelos abstratos que mais atrapalham do que ajudam. No momento atual, é particularmente paralisante e perigoso o centralismo estadual, a recentralização que ocorre ao nível das burocracias estaduais, que, tendo aprendido bem as coisas más com o centro, ainda insistem em superadas teses relativas à incapacidade dos municípios, e arvoram-se em novos tutores dos mesmos. A administração centralizada, em Brasília ou nas Capitais, acaba por tornar-se incompetente, menos por culpa das pessoas, e mais pela crescente incapacidade do centro em entender e dar respostas oportunas e adequadas aos proble- mas da periferia. Essas estruturas, assim montadas, dificultam cada vez mais as chances de aprendi- zagem por parte das organizações envolvidas. A periferia tem que preencher quadri- nhos, fazer relatórios, enquadrar-se formalmente nas exigências centralizadas, provar que não é desonesta e corrupta, ainda que para tanto tenha que ser muito ineficiente. Ás críticas — quando vocalizadas — não são ouvidas, não são debatidas, não são enten- didas. Pouco se aprende da realidade. Nada se muda. Na sua visão onipotente e regulatória, o centro aprende e difunde inadequados sistemas e mecanismos de controle. Os controles, excessivos, se exercem sobre as coisas erradas. Não se procuram resultados, o que preocupa são os processos, as titulações, os registros nos diplomas, os carimbos, as notas, as porcentagens, os números frios e inin- terpretáveis. No caso do governo central, em particular, o Ministério da Educação e Cultura tem sofrido, ao longo dos anos, de uma incapacidade estrutural de lidar com o sucesso, sobretudo naquelas iniciativas que configurariam seus papéis mais criativos. Raros são os casos de sucesso de órgãos de dentro do Ministério que conseguem sobreviver, como no caso de algumas escolas técnicas federais. Mais tipicamente a sobrevivência dessas entidades criativas e dinâmicas é constantemente ameaçada, como no caso da CAPES ou do INEP, ou simplesmente fechadas, como no caso do PREMEN (Programa de Melhoria do Ensino Médio). Em contrapartida, proliferam os órgãos que em nada contribuem para a melhoria da educação no Brasil. Se, dentro, é difícil conviver com a competência, essa atitude também extravasa para fora, onde procura dificultar a vida das ilhas de excelência. O ITA, que durante anos foi uma escola de excelência, não pode ter seus diplomas inicialmente registrados pelo MEC, porque seu currículo avançado não se enquadrava nas normas federais; o mesmo aconteceu com a maioria dos melhores mestrados da USP, que só aos poucos vão se enquadrando. O SENAI, esse magnífico sistema de ensino industrial é prova inequívoca de que a excelência na educação se pode fazer sem leis, sem pareceres e sem conselhos chaceladores de rituais. Não podemos, no entanto, condenar a educação por causa das dificuldades do Ministério ou das Secretarias, que reforçam essas noções de formalismo, burocracia, centralismo e gigantismo. É hora oportuna de afastar a tese do desperdício, ou seja, justificar a não-alocação de recursos à educação porque o MEC e os Estados gastam mal. Desperdícios há, e muitos. Gasta-se o mesmo tanto para manter o Gabinete do Ministro que se gasta em pesquisa educacional. O Mobral vem montando um elabora-díssimo sistema de distribuição de merenda, embutido atrás de um inviável e quiçá inoportuno mecanismo federal a intervir no pré-escolar; a FENAME — hoje FAE, produz, entre outras coisas, lápis e borracha federais, e gasta mais de 25% de seus recursos para a própria manutenção; as delegacias regionais do MEC nos grandes centros acomodam centenas de funcionários nem sempre contribuindo para a melhoria da educação nacional; a ociosidade burocrática é enorme (talvez) ainda bem!); os Conselhos de Educação custam uma fortuna, absolutamente incompatível com os orçamentos da nação e dos Estados, e certamente em absoluta desproporção com os serviços que efetivamente prestam; a construção escolar é freqüente objeto de interesses escusos. Os Reitores são forçados ao desperdício, já que se optou por não cumprir a Constituição e, ao invés, entregar-lhes orçamentos amarrados, com repasses intempestivos de fim de ano. Sim, há desperdícios, há excesso de pessoal, há verbas mal gastas. Mas é preciso uma visão do contexto para entender como essas distorções são causadas. De qualquer forma, por serem já reduzidos os orçamentos da educação, o desperdício total é muito pequeno, se comparado com a maioria dos desperdícios que ocorrem em outros setores da atividade pública. E nem sempre podem ser atribuídos às autoridades do MEC ou do setor educacional. A folha de pagamento de todos os professores das Universidades Federais é apenas um pouco maior que os gastos de pessoal de dois órgãos como o Banco Central e o BNH! Ao contrário, o FNDE gerencia e repassa sem muita burocracia alguns bilhões de cruzeiros com uma ínfima estrutura administrativa, cujos custos são menores do que os gastos totais de manutenção de qualquer diretoria das grandes empresas públicas! Os desperdícios são maus, intrinsecamente, porque o poder público tem o dever de gastar com probidade e porque é socialmente injusto gastar mal os recursos públicos. Além disso, há o problema do mau exemplo, tão mais fácil de ser copiado. Não se pode, no entanto, desmoralizar a educação, o MEC e os sistemas educacionais por sua incompetência e sobretudo por seus desperdícios. Esses devem ser cor- rigidos, sim, mas não devem servir de desculpa para que não se aloquem mais recursos para o setor. E é novamente pela via de descentralização administrativa, pela entrega direta dos recursos aos municípios e às escolas que vai se encontrar a solução ao pro- blema, cabendo ao centro os papéis importantes de controle dos resultados, da melhoria da educação. Dai' porque essa discussão anterior nos conduz, mais uma vez, à necessidade de uma nova concepção para a gestão das responsabilidades e recursos públicos, e à pro- cura de novos papéis para o relacionamento entre o centro e a periferia. Corre-se o risco, no modelo atual, de recentralizar nos Estados os vícios da centralização, sem se lhes repassar as virtudes e, sobretudo, os novos papéis que Brasília e as capitais devem assumir. Examinemos, nessa última parte,algumas inovações e modificações que pode- riam ser introduzidas na legislação, no financiamento e na condução da política educa- cional, e que contribuíram, talvez, para responder aos desafios e problemas analisados até o momento, e aos anseios da inquieta população por um Brasil educacional mais amplo, mais justo e mais democrático. Terceira Parte: Uma Agenda para Formulação de um Novo Marco Conceituai Registrado o impasse e suas causas, não se pode passar automaticamente para a busca de soluções. Qualquer alteração no quadro institucional só será eficaz na medida em que se tornarem eficazes as atuais tentativas de mobilização social e comunitária, e em que o Congresso Nacional assumir efetivamente a parcela de responsabilidade que lhe cabe como representante de sociedade e fiscal do Executivo. A viabilidade de sua execução se amplifica, ainda mais, na medida em que as propostas aqui contidas, podem se constituir numa resposta adequada a muitos dos anseios da população e do professorado. Sem querer ser utópico ou revolucionário, trata-se tão somente de um conjunto coerente de medidas de caráter eminentemente político, administrativo e financeiro; confia-se que o setor educacional e as escolas, livres de muitas das amarras atuais, saberão encontrar as melhores soluções pedagógi- cas para a variada gama de problemas que tem de enfrentar. Presumida a vontade e a possibilidade de se intervir progressivamente na reo- rientação do setor, enumeramos, a seguir, alguns itens preliminares para uma agenda, cujos desdobramentos caberiam, com toda legitimidade, aos senhores membros do Congresso Nacional. Esta a razão pela qual as idéias são apresentadas em forma sus- cinta, já que precisam passar, necessariamente, pelo crivo de debate, do aprofunda- mento, da discussão. Princípios Gerais Primeiro, gostaríamos de sublinhar a importância de se estabelecer, no limiar desta agenda, alguns princípios fundamentais, todos eles calcados nos programas de novos partidos políticos, que anotamos ao final de cada proposição o compromisso de assegurar o ensino fundamental a todos os brasileiros, não só em termos de acesso mas no sentido de proporcionar os meios para que a grande maioria da população seja efetivamente e funcionalmente alfabetizada. 16 Promover a escolarização de todas as crianças em idade escolar (PDT). Compreender a educação como instrumento de libertação e aperfeiçoamento do homem, razão pela qual a boa qualidade do ensino deve ser preocupação funda- mental dos sistemas educacionais, assim como sua democratização deve encerrar um duplo imperativo, ético e político (PDS). Lutar para que instrução e educação de 1? e 29 graus (primária e secundária), seja um direito universal da juventude, possível e acessível a todos, e não condi- cionada às possibilidades financeiras dos pais (PTB). O compromisso de garantir recursos orçamentários ou de outra natureza, do gover- no federal, para o atingimento do ideal da universalização e gratuidade do ensino, ainda que progressivamente, no decorrer dos próximos dez anos. Ao Congresso Nacio- nal caberia fixar o mínimo per capita a ser atribuído anualmente a cada aluno, de 19 e 29 graus, e o governo federal se responsabilizaria, sob pena de não ter seu orçamento aprovado pelo Congresso, por complementar os recursos diretamente aos Municípios e Estados que esgotarem suas capacidades de inversão no setor educacional, dentro dos limites fixados em lei. Mesmo sem uma reforma tributária poder-se-iam assegurar tais recursos. A cada ano seriam acrescidos recursos para a expansão do atendimento e melhoria da qualidade. O direito de transformar, através de legislação, medidas e instrumentos democrá- ticos adequados, as estruturas políticas, sociais e econômicas do País para a cons- trução de nosso desenvolvimento independente e de uma sociedade que venha a ser, cada dia mais participacionista e criativa, livre e democrática, mais fraterna e igualitária, com oportunidades iguais para todos os brasileiros (PDT). A alimentação e a saúde, a educação e a cultura são direitos do povo que, contu- do, vêm sendo transformados em campo livre para enriquecimento de uma mino- ria de privilegiados. A deterioração e a privatização crescentes do ensino e da saúde pública prejudicam, a um só tempo, professores e estudantes, médicos e pacientes. Serviços de educação e saúde públicas gratuitos são direitos básicos de uma Nação verdadeiramente democrática. O PT lutará por estes direitos e desen- volverá, em cada uma destas áreas, a sua política de atuação juntamente com a sua base social. O detalhamento político do seu programa surgirá da prática po- lítica das suas bases sociais (PT). o compromisso de assegurar a melhor escola pública que for possível, nos vários níveis e fases do ensino. A par desse compromisso, é importante reafirmar a liberdade para o ensino privado e estabelecer regras mais justas para sanar as atuais discrepâncias em termos de favorecimentos fiscais e outros que discriminam os diversos tipos de escola particular. No que diz respeito à qualidade, a avaliação substantivados resulta- dos das escolas deve servir para assegurar que as instituições privadas atinjam pelo menos o mesmo nível de qualidade das escolas públicas que lhe sejam comparáveis. Promover uma reforma educacional que assegure o ensino gratuito a todos os níveis e permita reorganizar a rede escolar pública (PDT). Esforçar-se por garantir, aos estudantes carentes, ensino gratuito também nas escolas de 29 grau, seja por meio da escola pública, seja por intermédio da escola particular subsidiada (PDS). o compromisso de dar prioridade absoluta ao conhecimento enquanto tal, inde- pendentemente da forma de sua aquisição. Em termos práticos a adoção desse princí- pio implicaria numa desregulamentação de todo o processo de transferência e equiva- lência escolar, e reforçaria, na escola, seu poder de selecionar e classificar alunos. As escolas públicas de 1º grau seriam obrigadas, naturalmente a receber alunos em qual- quer condição de conhecimento, e prover-lhes os mecanismos adequados para sanar deficiências porventura existentes em relação às suas práticas educativas. Esse princí- pio implicaria, ainda, na possibilidade de comprovação de conhecimentos mediante provas. Finalmente implicaria no estabelecimento de competências gerais e mínimas como qualificadoras de diversos patamares da educação, particularmente os referentes à 4ª e 8ª séries do primeiro grau, e dos conhecimentos gerais relativos à 3a série do 29 grau. Assinalar que ao Estado cabe assegurar a educação obrigatória e gratuita, de nível fundamental, na faixa etária dos 7 aos 14 anos, esforçando-se por tornar universal o acesso de todos ao saber, por intermédio da escola, em qualquer nível (PDS). Ter a educação permanente como a idéia fundamental da política educacional, dado que todo indivíduo deve ter a possibilidade de aprender ao longo de toda a sua vida (PDS). Como subsídios para uma discussão substantiva de alguns aspectos que nos pare- cem mais prioritários, sugerimos alguns tópicos relativos ao ensino fundamental, ao 29 grau, ou ensino superior e à própria organização da política educacional. INOVAÇÕES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL autonomia administrativa, financeira e pedagógica para as escolas públicas e privadas, com ênfase na avaliação de seus resultados baseados em competências mínimas, que seriam estabelecidas pelo governo federal e testadas regularmente nas escolas. Essa autonomia deveria ser acompanhada, no nível programático, de compromissos com a melhoria de qualidade e capacidade de atendimento, supervisionados pelo Estado, pelas associações de pais e mestres e por outros mecanismos da sociedade local. O ensino básico de 8 anos deve ser obrigatório e gratuito para o população em idadeescolar, ministrado em bases eficientes (PMDB). INOVAÇÕES PARA O 2º GRAU Além das alternativas atuais, criar a escola para os jovens entre 14 e 18 anos, independentemente de escolaridade anterior. Essa modalidade teria como compromis- so central a alfabetização funcional, a capacitação para o pleno exercício da cidadania, bem como a oferta de atividades relevantes para a formação do futuro cidadão, do adulto e do chefe de família. A administração escolar deveria ser compartilhada com os alunos que teriam nesse nível um comprometimento com atividades comunitárias e preparação para seu papel de adultos. O compromisso desses jovens com o ensino pré- escolar contribuiria não só para enfrentar este problema, como para prepará-los para seu futuro papel de pais. Essas atividades atenderiam aos objetivos formativos desse nível de ensino, sem criar traumatismos e falsas esperanças como no atual sistema. Conceder prioridade adequada ao ensino supletivo, como fator de democratização, alargando-se as fronteiras da escola formal (PDS). Uma das marcas mais visíveis do regime autoritário tem sido seu descaso e seus equívocos em relação à educação da juventude e do povo (PMDB). ENSINO SUPERIOR Dado o grau de maturidade da maioria das Universidades Federais, o momento é mais do que oportuno para fazer valer o compromisso constitucional da autonomia administrativa, financeira, curricular e acadêmica. No caso das Universidades Federais e às que se lhes forem assemelhadas, a auto- nomia curricular e acadêmica poderia ser implementada de forma progressiva, come- çando pela pós-graduação, que hoje já pode ser totalmente calibrada pelos mecanis- mos institucionalizados pela comunidade dos pares; depois, pelos cursos não-profissio- nais; e, num terceiro momento, pelos cursos profissionais, mediante entendimentos diretos entre a Universidade e os Conselhos Profissionais. Estes, no entanto, precisa- riam ter sua representatividade e composição revistos, para fazer face à realidade do mundo contemporâneo e evitar a exacerbação do espírito corporativo. A autonomia universitária implicaria, naturalmente, na sua liberdade de definição de critérios de entrada e de graduação de seus alunos. Seus diplomas, títulos e certificados teriam o valor próprio que neles for conferido pela instituição que o emite. Caberia às Universidades Federais e assemelhadas a função de supervisão e res- ponsabilidade pela melhoria dos outros tipos de instituições voltadas para ensino supe- rior, bem como a responsabilidade de enfrentar, em sintonia com as autoridades educa- cionais locais, os problemas relativos ao ensino de 1º e 2ºgraus. Caberia ao Governo Federal ou às Universidades, e curto prazo, a implementação progressiva de formas de ensino à distância, de qualidade compatível com a das Univer- sidades Federais, no sentido de assegurar ensino relevante e de bom nivel aos brasilei- ros julgados competentes segundo os critérios de acesso definidos em ato próprio. A implantação, já tardia, de uma sólida Universidade Aberta, ou de formas abertas do ensino superior poderia atender à maioria da clientela capacitada ou marginalizada que hoje enfrenta elevadíssimos ônus financeiros para custear um ensino quase sempre de péssima qualidade, e de pouca ou nenhuma utilidade cultural ou pessoal. O PMDB defende a ampliação e a democratização das universidades oficiais, opondo-se veementemente à sua privatização. Considera o ensino universitário gratuito como um direito a ser garantido para a população. Do mesmo modo, entende que o poder público deve combater a proliferação de instituições de ensino superior com finalidades puramente lucrativas, através do controle de sua expansão, do seu funcionamento, da qualidade do ensino e dos preços das matrí- culas e anuidades. Devem ser garantidos os meios para que a Universidade possa efetivamente realizar sua função moderna de criadora de tecnologia e de análise crítica da realidade (PMDB). Cultivar em clima de liberdade a Ciência, cuja tarefa primacial é a investigação da verdade, o que não se compatibiliza com a subordinação aos podêres político ou econômico (PDS). Proporcionar à Universidade autonomia administrativa e didática, adaptando-a permanentemente à dinâmica do conhecimento e às exigências da comunidade (PDS). PAPÉIS DOS ESTADOS Liberados da papelada, da burocracia, dos controles formais, a missão central dos Estados da Federação consistiria essencialmente: em ajudar os Municípios a alcançar a necessária autonomia e assumir progressivamente os encargos educacionais, primeiro do ensino fundamental e depois do 2° grau. As funções de supervisão seriam eminente- mente substantivas, e calcadas nos ideais de atingimento de níveis mínimos e ideais de desempenho. A remuneração condigna dos professores e a existência de mais carreiras de magistério seriam condições essenciais a serem garantidas por recursos adequados. A prioridade ao ensino básico implica em melhorar substancialmente os salários, bem como as condições de trabalho e estabilidade dos professores de cursos pré-primários, primários e secundários, que figuram entre as camadas mais oprimidas pela política salarial do regime autoritário (PMDB). Dispensar o devido respeito ao magistério, propiciando aos professores remuneração condigna, compatível com as suas responsabilidades, carreiras, com acesso e demais vantagens que devem constar do Estatuto do Magistério, a ser tornado efetivo em todos os Estados da Federação (PDS). Além dessas tarefas de supervisão, seria missão primordial dos Estados promover de forma permanente a formação e o aprimoramento dos professores, divulgar e trocar experiências bem sucedidas e velar pela qualidade do ensino de modo geral, assegurando apenas os níveis mínimos de uniformização e responsabilizando-se pela orientação aos pais quanto às funções da escola e os papéis do estado. Os Conselhos Estaduais e Municipais seriam os guardiões da sociedade para vigilar e propor medidas de política educacional às entidades competentes, sem entrar nos detalhes de sua execução ou de suas normas. GOVERNO FEDERAL: novos papéis Os papéis do Governo Federal, particularmente os do Ministério da Educação e Cultura seriam, em termos substantivos, de suplementar, no grau fixado em lei, os municípios e estados, de maneira a que esses assumam seus encargos educacionais com o ensino de 1? e 2? grau, e manter as Universidades em número e qualidade suficiente para atender a seus cidadãos que demonstrarem habilidade e competência para as tarefas do ensino universitário. O importante e exclusivo papel do Conselho Federal de Educação seria o de apreciar criticamente o Plano Anual de Educação elaborado pelo Ministério da Educação e Cultura e apontar, no Relatório Anual da Educação, as correções de rumo que devem ser efetivadas, seja na legislação, seja nos planos do Executivo. Os papéis mais importantes do governo central seriam o de estabelecer níveis mínimos e níveis ideais de desempenho que devem ser buscados pelos vários tipos e formas de ensino; elaborar, implementar e divulgar resultados de testes de avaliação do atingimento desses níveis; desenvolver comitês e outros mecanismos consultivos para aferir a qualidade do ensino superior, de formas substantivas; prover os Estados, Municípios, autoridades e à população em geral com dados confiáveis e objetivos a respeito do desempenho do sistema educacional. Caberia ao governo federal estudar e propor novas formas de alocação de recursos ao setor educacional, inclusive através da correção e aperfeiçoamento de mecanismos existentes. A alocação de seu próprio pessoal, hoje em funções burocráticas, poderia ser concebida como importante instrumento para a melhoria do ensino. Função particular do governo federal consistiria na promoção, incentivo e finan-ciamento à atividade de pesquisa, desenvolvimento, elaboração de materiais de ensino e livros didáticos e atividades do gênero. Finalmente caberia ao Ministro da Educação e Cultura opinar sobre todos os processos de concessão e renovação de licença para operação de canais de rádio e televi- são, observando, em cada caso, o valor da contribuição voluntária desses meios para a consecução dos objetivos prioritários fixados pelo compromisso educacional. A televisão e os meios de comunicação social, além de instrumentos da educação informal, deverão complementar a função da escola quanto aos currículos ofi- ciais (PMDB). Compreender os meios de comunicação de massa como elemento de difusão cultural, a serviço do bem comum (PDS). Papéis do Legislativo Com essa visão, tornam-se claros os novos papéis do setor Legislativo. Sua res- ponsabilidade não se esgota, bem se vê, nas leis gerais de orientação ou na constante atividade de acudir a casuística. O momento atual espera uma visão mais abrangente e ação mais eficaz. Precisamos de uma lei simples, clara e objetiva. Precisamos de uma lei que garanta orçamentos mínimos e valores adequados para a real solução dos proble- mas educacionais, escalonados em prioridades. E precisamos que o Congresso Nacional desamarre a iniciativa do setor público federal, estadual e municipal para gerir as esco- las e outras ações educativas com maior preocupação substantiva e com a qualidade, e menos formalismo, menos burocracia e menos apego ao papel. A título de sumário, creio que as propostas aqui apresentadas podem ser assim sintetizadas: uma nova postura no legislar e no planejar a educação, deixando para o Executi- vo e para o Legislativo apenas as funções de delinear os contornos básicos e assegurar efetivamente os recursos necessários para a efetivação de planos educacionais. Com a descentralização e autonomia, passariam para o governo federal os papéis de controle de qualidade, pesquisa, formação de professores e de inovação permanente. no sistema formal, propõe-se a implementação progressiva de um plano, devida- mente orçamentado, para escolarizar a maioria absoluta da população, estabelecendo- se e avaliando a obtenção de critérios mínimos de aprendizagem e desempenho, e não do papelório e das atuais formalidades vigentes. para o segundo grau propõe-se uma reconversão do atual sistema de ensino suple tivo e uma ampliação da escola adequada para os jovens, que crie oportunidades educa- cionais relevantes para a grande maioria dessa população, sem prejuízo de sua escolari- dade posterior. Propõe-se, ainda, a intensa participação dos jovens na administração escolar e no suporte ao ensino do pré-escolar, como parte de sua atividade formativa e preparação para a vida adulta. Para o setor do ensino universitário, propõe-se o cumprimento dos preceitos constitucionais que tratam de sua autonomia, e sugere-se a implementação progressiva de um plano de separação entre as funções de ensino e formação das funções de regis- tro profissional, o que daria maior flexibilidade às escolas e maior seriedade às profis- sões, exigindo, portanto, maior amplitude, representatividade e legitimidade nos conse- lhos profissionais. Discutem-se ainda, outras possibilidades, entre as quais a de ofereci- mento de formas de ensino à distância de excelente qualidade aos cidadãos capazes de cursar um ensino superior sério, significativo e compensador, sem as atuais distorções do ensino privado de má qualidade que grassa no país. Nesse e em outros níveis haverá sempre o lugar para o ensino privado de boa qualidade, embora se questione se qual- quer atividade de ensino deva ser lucrativa, ainda quando a gestão e a orientação sejam privadas. finalmente discutem-se os papéis novos e importantes que precisam ser assumi- dos pelos Conselhos de Educação, hoje perdidos em tarefas burocráticas cartoriaís de menor importância. Sugere-se que os Conselhos sejam reorientados para se tornarem capazes de dar respostas que o país espera do melhor talento nacional que neles se concentra. São discutidos também novos papéis para o setor executivo nos diversos níveis da federação, numa reconversão das atuais posturas, e que levaria, como se deseja, a uma diminuição do peso do governo central e a um crescimento da importân- cia das atividades locais das escolas e dos municípios, amparadas pela ajuda que pode- ria ser dada sobretudo pelas Universidades Federais. Em termos de financiamento, e com vistas a um eficaz compromisso com deter- minadas prioridades educacionais, sugere-se a fixação pelo Congresso Nacional de níveis mínimos de dotação orçamentária per capita. Na medida em que, comprovada- mente, os Estados e Municípios não pudessem arcar com esses encargos, caberia ao Governo Federal a sua suplementação. A aprovação do orçamento nacional ficaria condicionada ao atendimento dessas necessidades, sem transigência possível. Fica aqui registrada. Senhores Senadores e Deputados, esta modesta contribui- ção para uma agenda de debates. É contribuição de uma pessoa ligada à política, à administração e às análises dos problemas educacionais, em seus vários níveis. E que, por isso mesmo, aprendeu a acreditar que o Congresso Nacional, debruçando-se sobre os respectivos problemas, pode abrir um caminho decisivo para entrarmos no século XX. Antes que chegue o século XXI. 23 ANEXO I SEM COMENTÁRIOS LEGISLATIVO LEI TEXTO 005727 Dispõe sobre o Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). 005692 Altera dispositivos sobre Educação Moral e Cívica e Ensino Religioso. 004024 Fixa as diretrizes e bases da Educação Nacional. 004504 Altera dispositivos sobre ensino agropecuário. 005664 Acrescenta parágrafo único ao artigo 1 do Decreto-lei 705 que altera a redação do artigo 22 da Lei 4.024, sobre Educação Física. 005692 Dispõe sobre as Diretrizes e Bases de Educação Nacional. 005855 Dá nova redação ao artigo 10, da Lei 004.024 referente aos Conselhos Estaduais de Educação. 007037 Dá nova redação ao artigo 100 da Lei 4.024, relativo a transferência de alunos, de qualquer nivel, de uma para outra Instituição de Ensino. 007044 Altera dispositivos da Lei 5.692, referentes à profissionalização do Ensino de 29 Grau. Projeto de Lei TEXTO MSG 000065 Institui normas gerais sobre Desportos e dá outras providências. 000952 Dispõe sobre a criação do Ministério dos Desportos e do Turismo. 001878 Institui a Universidade Aberta. PLC 000009 Altera o parágrafo primeiro do artigo oitavo da Lei 4.024, que fixa as diretrizes e bases da Educação Nacional, a fim de tornar obrigatória a participação de especialistas em Educação Física no Conselho Federal de Educação. PLC 000048 Dá nova redação ao artigo 109 da Lei 4.024, referente aos Conselhos Estaduais de Educação. PLC 000080 Dá nova redação ao artigo 1009 da Lei 4.024, relativo â transferência de alunos, de qualquer nível, de uma para outra Instituição de Ensino. Projeto de Lei TEXTO PLC 000097 Altera dispositivos da Lei 5.692. PLS 000074 Modifica a redação de dispositivo da Lei 4.024. 000017 Altera dispositivos da Lei 5.692, relativa a exames supletivos, ensino religioso e Remuneração do Magistério. 000036 Acrescenta parágrafo único ao art. 19 do Decreto-lei 705 que altera a redação do art. 22 da Lei 4.024 sobre ensino de Educação Física. 000062 Altera o disposto no artigo sétimo da Lei 5.692, «obre ensino de Ecologia. 000101 Altera a redação do parágrafo 19 do art. 26 da Lei 5.692, reduzindo para a idade mínima de 14 anos o limite autorizado para a prestação de exame supletivo de 1º Grau. 000299 Acrescenta dispositivo à Lei 5.692, incluindo a cadeira de Educação Sexual nos currículos de 29 Grau. 000327 Acrescenta parágrafo ao art. 79 da Lei 5.692, tornandoobrigatórios estudos sobre trânsito, no ensino de 19e 29 Graus. 000362 Institui o sistema de bolsas de estudo para alunos matriculados no curso de 29 Grau. 000386 Inclui nos programas de Educação Moral e Cívica estudos visando a preparação para o casamento. 000396 Altera a redação do art. 79 da Lei 5.692, incluindo o Ensino de Espanhol nos currículos. 000413 Altera o disposto no art. 79 da Lei 5.692, inclui Ecologia Humana nos Currículos plenos dos estabelecimentos de 19e 29 Graus. 000419 Acrescenta parágrafo ao art. 11º da Lei 5.692, vedando atividades curriculares aos sábados. 000447 Acrescenta um parágrafo ao art. 19 da Lei 5.692, incluindo no currículo escolar, em caráter de livre escolha do estudante, um dos idiomas: Espanhol, Italiano, Francês, Alemão e Inglês. 000527 Altera dispositivos da Lei 5.692, tornando obrigatório o estudo da Bíblia nos estabelecimentos de 1º e 2º Graus. 000568 Acrescenta parágrafo ao art. 79 da Lei 5.692, incluindo nas 4 primeiras séries do 1º Grau noções de higiene dentária. 000632 Altera a redação do "caput" do art. 10º da Lei 4.024, dispondo sobre a habilitação de representantes dos Conselhos Estaduais de Educação. 000773 Dispõe sobre as profissionalizações do 2º Grau e sua conexão com as carreiras curtas do Ensino Superior. 000830 Altera o parágrafo 1º do art. 89 da Lei 4.024, a fim de tornar obrigatória a participação de Especialistas em Educação Física no Conselho Federal de Educação. Projeto de Lei TEXTO 000812 Altera a Lei 5.692, a fim de inserir a disciplina Cooperativismo no currículo Pleno do Ensino de 1ºe 2º Graus. 000881 Dispõe sobre direitos e prerrogativas dos professores registrados. 000902 Altera a redação do art. 7º da Lei 5.692, sobre ensino de Moral e Cívica, Religião e Saúde. 000940 Dá nova redação ao art. 10º da Lei 4.024, sobre Conselhos Estaduais de Educação. 001038 Antecipa o limite de idade para prestação de exame Supletivo de 1º Grau, • para maiores de 16 anos. 001043 Inclui a Ecologia nos currículos plenos dos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º Graus. 001070 Dispõe sobre direitos e prerrogativas dos professores registrados. 001191 Acrescenta dispositivo ao art. 29 da Lei 5.692, fixando o prazo mínimo de 5 anos para a manutenção do Livro Didático e uniforme adotados nos Estabelecimentos de Ensino. 001214 Altera a redação do art. 7º da Lei 5.692, para incluir como disciplina obrigatória, nos currículos dos cursos de 19 e 29 Graus o conhecimento das técnicas de prevenção a incêndios. 001317 Altera a redação do parágrafo 2º do art. 14º da Lei 5.692, dispondo sobre os estudos de recuperação do aluno e das condições para sua aprovação. 001457 Acrescenta parágrafos ao art. 6º, da Lei 4.024, obrigatoriedade das Universidades, Cursos de Extensão, Engenharia, Medicina, Professores. 001555 Dá nova redação ao art. 7º da Lei 5.692, para instituir Disciplina obrigatória no Currículo dos Cursos de 1º e 2º Graus, Educação para o Trânsito. 001661 Altera o art. 7º da Lei 5.692, tornando obrigatória a inclusão do latim nos currículos Plenos dos Estabelecimentos de 1º e 2º Graus. 001707 Acrescenta parágrafo ao art. 7º da Lei 5.692, incluindo nas quatro primeiras séries do 1º Grau Noções de Higiene Dentária. 001804 Faculta a dispensa da Educação Física aos alunos empregados, alterando o art. 22 da Lei 4.024. 001841 Introduz alteração no art. 90 da Lei 4.024, dispondo sobre a Assistência Psicológica aos estudantes de 1º Grau. Projeto de Lei TEXTO 001887 Acrescenta parágrafo único ao art. 100 da Lei 5.692, incluindo como atividade obrigatória dos estabelecimentos de ensino a realização de testes vocacionais para todos os alunos. 001952 Acrescenta parágrafo segundo ao art. 22 da Lei 4.024, às estudantes que forem mães ficam dispensadas da Educação Ffsica. 002094 Dispõe sobre a padronização dos uniformes escolares. 002174 Altera dispositivos da Lei 5.692 sobre Regimentos Escolares. 002313 Dispõe sobre as profissionalizações do 2º Grau e sua conexão com as carreiras curtas do ensino superior. 002576 Introduz modificações na Lei 4.024, na parte referente a obrigatoriedade da Educação F ísica. 002677 Dá nova redação ao art. 79 da Lei 5.692, para instituir Educação para o Trânsito no Currículo Pleno dos cursos de 1ºe 2º Graus. 003109 Dá nova redação ao parágrafo 39 do art. 21 da Lei 4.024. 003166 Altera dispositivos da Lei 4.024, sobre reconhecimento de cursos. 003241 Introduz alterações na Lei 5.692, e no Decreto-lei 464 que estabelece normas complementares à Lei 5.540, dispondo sobre o início e término do Ano Letivo. 004115 Altera a redação do "caput" do art. 7º da Lei 5.692, sobre a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística, Ecologia e Programas de Saúde. 004140 Altera dispositivos da Lei 5.692, sobre a inclusão obrigatória das disciplinas: Educação Moral e Cívica, Educação Artística, Programas de Saúde e Educação de Trânsito. 004599 Acrescenta parágrafo ao art. 7º9 da Lei 5.692, incluindo na disciplina Moral e Cívica, Noções sobre Trânsito. 005039 Altera a redação do art. 44 da Lei 5.692, que dispõe sobre a gratuidade do ensino até os 18 anos de idade. 005426 Acrescenta parágrafo ao art. 7º da Lei 5.692, incluindo matéria obrigatória sobre Noções de Trânsito nas escolas de 1º e 2º Graus. 005609 Dispõe sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação Nacional, dispondo que as Diretrizes para o atendimento de assuntos educacionais serão fixados no Plano, com atualização periódica. 005948 Altera a redação do parágrafo único do art. 1º da Lei 5.692, dispondo que o estudo da Bíblia, de Matrícula Facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º Graus. 005994 Altera dispositivos da Lei 5.692, tornando opcional, para o estudante e para a escola, a profissionalização do curso do 2º Grau. Projeto de Lei TEXTO 006126 Fixa as Diretrizes e Bases da Proteção Social ao menor e à família, institui Sistema Nacional baseado na valorização da iniciativa comunitária, com apoio e a fiscalização do poder público. 006147 Fixa as Diretrizes e Bases da Proteção Social ao menor e à família, institui Sistema Nacional baseado na valorização da iniciativa comunitária, com o apoio e a fiscalização do poder público. 000287 Inclui no conteúdo programático de Educação Moral e Cívica, estudos sobre o vínculo matrimonial e sobre a família. Dá nova redação à alínea "e" do art. 2º do Decreto-lei 869, que dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica, como disciplina obrigatória, nos sistemas de ensino do País. 000386 Inclui nos programas de Educação Moral e Cívica estudos visando a preparação para o casamento. 006510 Institui aulas práticas sobre o exercício do direito de voto nos currículos e programas de Educação Moral e Cívica nas condições que especifica. EXECUTIVO Decreto-Lei TEXTO 000869 Dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória, nas escolas de todos os graus e modalidades, dos sistemas de ensino do País. 000705 Altera a redação do art. 22 da Lei 4.024 sobre Educação Física. 000709 Dá nova redação ao art. 99 da Lei 4.024 sobre ensino supletivo. 000922 Altera a redação do parágrafo 29 do art. 89 da Lei 4.024 sobre o mandato dos membros do CFE. 000937 Altera a redação do art. 51 e parágrafos da Lei 4.024 sobre ensino profissional. Decreto TEXTO 052267 Dispõe sobre um Programa de Educação de Base através de escolas. 052441 Aprova o Regimento do Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura. 053886 Revoga o Decreto 53.465, de 21 de janeiro de 1964, que institui o Programa Nacional de Alfabetização do Minsitério da Educação eCultura. 058635 Institui o Conselho Técnico e Didático. Decreto TEXTO 060464 Integra o Movimento de Educação de Base (MEB) da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), no Plano Complementar do Plano Nacional de Educação. 061314 Prove sobre a Educação Cívica nas Instituições Sindicais e a Companhia em prol da extinção do analfabetismo. 0631 77 Dispõe sobre o Programa Especial de Bolsas de Estudo para trabalhadores sindicalizados e seus dependentes. 063258 Dispõe sobre o Projeto Especial prioritário do Programa Estratégico para o Desenvolvimento, denominado "Operação-Escola". 063281 Dispõe sobre o Planejamento dos Recursos Humanos para o Desenvolvimento. 063338 Constitui Comissões de especialistas para o estudo de questões de educação e ensino. 063914 Prove sobre o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio (PREMEM) 068065 Regulamenta o Decreto-lei 869, de 12 de setembro de 1969, que dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória. 068703 Regulamenta a aplicação dos recursos da Loteria Esportiva. 070185 Dispõe sobre o Programa Nacional de Teleducaçào (PRONTEL). 070631 Altera o parágrafo único do art. 29 do Decreto 68.703, de 3 de junho de 1971, referente a aplicação de recursos da Loteria Esportiva. 080228 Regulamenta o Plano Nacional de Educação Física e Desportos. 083556 Dispõe sobre a liberação e aplicação dos recursos do Fundo de Participação. 085287 Cria o Programa de Expansão e Melhoria da Educação no Meio Rural do Nordeste - EDURURAL-NE. 022470 Fixa rede de estabelecimentos de ensino agrícola, no território nacional. 057980 Regulamenta o art. 94 da Lei 4.024, que fixa as diretrizes e bases da educação nacional na parte referente a bolsas de estudo do ensino médio. 058130 Regulamenta o art. 22 da Lei 4.024, que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 065239 Cria Estrutura Técnica e Administrativa para a elaboração do Projeto de um sistema avançado de Tecnologias Educacionais. 066119 Altera os artigos 1 e 2 do Decreto 65.239 sobre Comissão Internacional de Educação.
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