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ANOTAÇÕES PENAL 3

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Aula 1
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
- Arts. 155 até 180, CP
- Todos os crimes desses artigos tutelam de forma primária o mesmo bem jurídico – O patrimônio.
- O que é patrimônio, para fins de DP: Na área Civilista está ligado a relações jurídicas de cunho econômico derivados de obrigações de direitos reais e que afetam o indivíduo, seja incrementando seus ganhos, ou seja reduzindo-os. Pode ser ativo ou passivo. Em DP, só interessa o aspecto ativo do patrimônio, nunca o passivo. Também não precisam necessariamente ter caráter econômico. Ex. Furtou álbum de família. Não há caráter econômico, só sentimental.
- Podemos ter valor econômico, sentimental, ou de uso (ex. documentos). Mas Cuidado: eventualmente a própria Lei penal pode reduzir esse conceito, mas sempre o fazendo de forma expressa. Ex. Extorsão – O legislador exige que sejasó valor econômico. Quando a norma não limita, como no furto, por exemplo, pode-se expandir a sua aplicação.
FURTO (Art.155,CP)
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
- Direitos reais em civil:
a) Propriedade => Direito de uso, gozo e disposição
b) Posse => Quando o proprietário está gozando de sua propriedade, ele também tem a posse. Mas é possível que ele abra mão dessa posse (aluga, empresta), aí um terceiro passa ser o possuidor (goza do bem sem ser o proprietário).
- Tanto a posse quanto a propriedade são objetos de furto. Nesse caso, um único crime faz 2 vítimas: proprietário e possuidor.
c) Detenção => Aquele que exerce um direito sobre a coisa em nome de outra pessoa. Ex. locatário pediu caseiro para tomar conta enquanto viajava. Este é o detentor.
- Majoritariamente, o furto não atinge a detenção, porque o detentor não atua em nome próprio. Existe uma posição minoritária que diz que a detenção inclui-se no furto.
-Obs. A posse pode ser justa ou injusta. Tanto no furto quanto no roubo só se protege a posse justa (dentro da lei). Ex. família tem carro roubado e os bandidos, logo a frente, são roubados por outros bandidos (posse injusta). A vítima nos 2 casos será a família.
. Objeto material do crime de furto
 Aquilo sobre o que recai a conduta, no caso, a coisa alheia móvel. É diferente do objeto jurídico, nesse caso, o patrimônio.(Outros exemplos: no homicídio = OJ – Vida, OM – Pessoa / Estupro = OJ – Liberdade sexual, OM – Pessoa)
a) Coisa => Tudo aquilo que é composto por matéria (que não seja uma pessoa). Só existem coisas corpóreas (não se deve falar em bem, que pode ser imaterial também. Ex. Direitos autorais).
- No caso de energia, que não é coisa, o CP cita expressamente noArt. 155, $3º. Ex. Vaca e touro. Furto de energia genética. Ítem 56, parte especial do CP (exposição de motivos)
- Sinal de TV por assinatura ou internet => A pessoa usa o sinal, não o consome. Não há subtração desse sinal. Não é furto. No caso de Tv a cabo, a coisa muda, pois há impulsionamento por meios elétricos, então eles são consumidos. Nesse caso há furto de energia e não do sinal em si. Em MG isso já é considerado estelionato (Art. 171, CP). Mas a posição majoritária diz que isso não é crime, é meramente um ilícito civil. A empresa deve buscar ressarcimento. Isso é válido para quem usa. Para quem distribui é diferente, é atividade clandestina de telecomunicações. É crime.
b) Alheia => Que não é própria.
- Não pode haver furto entre o proprietário e o possuidor. Ex. Usufruto. O que temos aqui é crime do Art.346,CP – Tirar coisa própria que se encontra com 3º por convenção.
- Res Nullius – Coisa que não tem dono, nunca teve. Não pode ser objeto de furto. Ex. peixe num rio, no mar (exceto criatório)
=> Abigeato – Furto de cabeça de gado.
- Res derelicta – Coisa abandonada. Deixou de integrar patrimônio de alguém. Não tem dono, não é furto.
- Res desperdita – Coisa perdida, Direito de propriedade não se desfaz pela perda da coisa. Só que aqui há uma tipificação específica. Art.169, £ único, II, CP. 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
- Portanto não há furto e sim apropriação de coisa achada. A parte da “força da natureza” nunca acontece na prática, mas a parte do erro vemos com freqüência. Ex. Dinheiro creditado em sua conta por erro do banco. Se você percebe o erro antes e silencia, é estelionato.
- Segundo o inciso II, São 15 dias para restituir ao dono ou a órgão público, senão é apropriação de coisa achada. Não pode confundir conceito de coisa perdida com coisa esquecida, pois neste caso é furto.
c) Móvel => Tudo aquilo que é passível de mobilização, ou seja, pode ser removido de um lugar para o outro. Também é diferente do conceito do Direito Civil. Neste o que está na casa é imóvel também, no DP não. Ex. Esquadrias, estátuas, plantas etc.
- Caso de órgãos humanos – Não é furto, pois corpo humano não é coisa. Nesse caso há lesão corporal grave. O mesmo vale para furto de cabelo. Mas se a mulher mesma corta e guarda as mechas pra vender e é subtraída, isso é furto. Depois de destacada do corpo, a parte pode ser furtada, porque passou a ser patrimônio. Em caso de órgão para transplante não vale, porque não é patrimônio, não é uma coisa, é um órgão vivo.
- Corpo humano morto – Cadáver é coisa!(Animal também!). A personalidade se extingue com a morte. Cadáver não pertence a ninguém, então não é coisa alheia e não pode ser furtado. Subtração de cadáver é crime previsto no Art. 211,CP.
Art.211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele.
- Mas excepcionalmente ele pode se transformar em coisa alheia e ser furtado. Ex. cadáver dado para pesquisa para uma faculdade. Passa a ser patrimônio da Instituição.
- Bens enterrados com o cadáver – pertencem aos herdeiros. Estes podem resgatar através de exumação, mas configura res delicta (coisa abandonada, portanto não há furto, mas é crime do Art. 210,CP (Violação de sepultura)). O mesmo artigo vale para dente de ouro do cadáver – Não há furto.
FIM DO OBJETO MATERIAL
. Tipo penal do crime de furto
Subtrair => Núcleo do tipo real. Remover a coisa reduzindo o patrimônio da vítima. Não há necessidade deslocamento espacial para se realizar. Sempre é praticado “invito domino” (contra a vontade da vítima). É presumida a discordância do titular do bem. Isso também diferencia o furto do estelionato e da apropriação indébita, onde o bem é voluntariamente entregue.
Para si ou para outrem => Elemento subjetivo do tipo. Incorpora ao patrimônio próprio ou de terceiros. Há intenção de assenhoramento ou “animus rem sibi habendivel animus domini”. (Intenção de ter a coisa para si). Sem esse elemento não há furto. Ex. Toma o celular da namorada com ciúme com intenção de destruí-lo. Ele não queria pra ele, nem pra vender. Só queria destruir. É crime de dano, não de furto. Tem que haver o “animus”.- Assim, podemos afirmar que não existe crime no furto de uso, pois há intenção de posterior devolução.Furto de uso é uma conduta atípica, não é crime.
- No caso de veículos automotores, só constitui furto por causa do combustível. Mesmo que venha a encher o tanque, constitui arrependimento posterior.
- Furto famélico => Praticado para saciar uma necessidade alimentar imediata. Não é crime. É estado de necessidade (também vale para medicamento).
- Furto por arrebatamento => Se vale da rapidez, da força, para subtrair um bem e sumir na multidão. Isso é furto e não roubo! Não há diminuição da capacidade de resistência da vítima. Mesmo que haja uma lesão. Se houver um empurrão e a vítima cair, aí sim é roubo, porque a violência foi visando à subtração.
Aula 2
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA DE FURTO
- 4 Teorias: (duas serão as mais importantes)
1) Aprehentio ou contrectatio
- Já superada. Bastava o sujeito ativo tocar a mão naquilo que ele pretendia subtrair, que ocorria a consumação do crime de furto.
2) Illatio
Na outra ponta. Por esta teoria o crime de furto só se consumava quando o sujeito ativo levava a coisa para o destino por ele programado.
- Ambas são teorias muito extremadas e por isso mesmo hoje não são as mais usadas.
3) Amotio (Majoritária na Jurisprudência – STF e STJ a adotam)
O crime se consuma pelo desapossamento da vítima, ou seja, quando o sujeito ativo passa a exercer poder sobre a coisa tendo a vítima que retomá-la para reconstituir seu patrimônio.
Ex. Numa via pública, o sujeito passa e arranca a bolsa de uma mulher, conquistando o bem para si. Ela avança sobre ele e luta e a toma de novo. Por esta teoria o furto está consumado.
4) Ablatio (Majoritária na Doutrina, sobretudo a corrente 2)
Não basta que o sujeito ativo constitua posse sobre a coisa. A coisa tem que ser retirada da esfera de disponibilidade da vítima. 
Ex. Numa via pública, o sujeito passa e arranca a bolsa de uma mulher, conquistando o bem para si. Ela avança sobre ele e luta e consegue a bolsa de volta. Pela teoria da Ablatio furto é apenas tentado.
. Corrente 1 – Coisa sai da esfera de disponibilidade da vítima quando o sujeito ativo afasta a coisa dela ainda que a vítima a persiga.
Mesmo ex. só que a vítima persegue o criminoso por 300 metros- Crime consumado, pq o sujeito ativo se afastou do local.
. Corrente 2 – (Mais utilizada) É necessária a posse mansa e pacífica do bem, a posse não molestada da coisa furtada.
Mesmo ex - Se a vítima estava perseguindo o criminoso, ainda estava com o domínio do seu bem. Então o crime ainda não estaria consumado. Isso só aconteceria se o sujeito ativo escapasse, se desvencilhasse da vítima. (Ainda que por alguns minutos, ou seja, se a vítima reencontra o criminoso em outra rua, é consumado).
Outro ex. Sujeito Ativo invade a casa de uma pessoa que está viajando e começa separar seus bens, colocando-os próximo a porta, deixando tudo preparado para a subtração. Mas enquanto ele não sai da casa, ainda não é furto, seja qual for a teoria. Só se verifica o desapossamento quando o sujeito ativo deixa o local. Antes disso é tentativa. 
ATENÇÃO – Independente da teoria adotada, se a o objeto do furto for destruído, o furto é consumado. Ex. Sujeito puxou o cordão da vítima e a vítima a persegue (Pela amotio – consumado, pela ablatio – Não), o sujeito joga o cordão em um bueiro. Mesmo que não ache o cordão. Furto consumado – A vítima teve prejuízo.
PARÁGRAFOS DO ART.155 DETALHADOS
1º) Furto Noturno => Praticado durante o repouso noturno. Elemento normativo do tipo, ou seja, tem que ser valorado pelo intérprete para validar. É causa de aumento de pena em 1/3.
- Conceito de noite:
	. 18 ás 06h (Civil)
	. 20 às 06h (Civil – CPC atualizado)
	. Critério atmosférico – período de ausência de luz solar (DP)
- Conceito de repouso noturno: Durante o repouso noturno, a defesa patrimonial é reduzida, as ruas ficam vazias, há uma menor vigilância social. Por isso que a pena é aumentada. Não interessa se a pessoa está dormindo e sim a movimentação social da localidade. Ex. 21h no interior é diferente de 21h em Copacabana.
- A subtração pode ser:
. Intramuros – Doutrina majoritária. Tem que ser no interior do imóvel. Ex. garagem.
. Extramuros – Posição do Professor. Mesmo que o bem esteja em via pública, o que importa no caso é que a rua esteja vazia. Então pode aumentar a pena nos dois casos.
2º) Furto de coisa de pequeno valor => Aqui temos causa de diminuição ou de substituição da pena. Para isso, tem que ser coisa de pequeno valor mais primariedade (alguns autores chamam de furto privilegiado).
- Conceito de “pequeno valor” – É diferente de “valor insignificante” (conduta insignificante é atípica, não há crime). No caso do furto de pequeno valor há crime! No princípio da insignificância prevalece a mínima ofensividade da conduta, nenhuma repercussão social, reduzidíssima reprovabilidade do comportamento e escassa lesividade da conduta. Tem que ter esses 4 fatores para ser considerado insignificante. Ex. Moedinhas de sinuca em Rio Claro. Furta coisa de pequeno valor, mas arromba a caixinha da mesa (qualificado pelo rompimento do obstáculo). Se é qualificado, tem a sua reprovabilidade aumentada. Não se pode aqui aplicar o princípio da insignificância. Passa então a ser crime de pequeno valor.
Pequeno valor é aquele que alcança até 1 salário mínimo (posição majoritária). Há outra posição, uma vez que, para quem ganha 1 S.M. este valor é imenso. Então essa posição considera a condição social da vítima. O ideal, portanto, é conjugar os dois conceitos, mas prevalece a primeira posição.
- Primariedade – Que não é reincidente. Ex. Se tem maus antecedentes, ainda assim é primário.
3º) Furto de energia => Já vimos.
4º) Furto Qualificado=> Qualificadoras:
Destruição ou rompimento de obstáculo – Obstáculo é qualquer aparato utilizado como forma de defesa patrimonial e que não seja da essência do bem. Ex. Grade, cadeado, cachorro etc.
- Atenção: Quebrar o vidro do carro para roubar a bolsa que está dentro seria furto qualificado, mas para levar o carro em si não é!Há desproporcionalidade. Por isso, pelo STJ, quando o sujeito ativo quebrar o vidro do carro para levar algo que está dentro, será furto simples.
- Não há qualificadora quando o obstáculo é transposto sem ser destruído. Ex. Deu um sonífero para o cachorro, afastou a cerca.
- No caso de furtar uma bicicleta arrebentando a corrente. Relação de crime meio e crime fim. O furto absorve o dano do bem (corrente). O mesmo vale em caso de arrombamento de casa.
Abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza – 
Abuso de confiança - entre autor e vítima há relação de confiança. Esta permite o fácil acesso ao autor às coisas que ele pretende furtar (livre disponibilidade). Relação de confiança é determinada por uma relação justificável. Ex. relação empregatícia – A vítima acaba de contratar uma empregada para tomar conta de sua casa e sai para trabalhar. Não há relação de confiança. Ele foi obrigado a deixá-la por necessidade. Outro Ex.Pessoa tem amigos hospedados em sua casa e um deles arromba o cofre e furta. Nesse caso há relação e confiança, mas não há livre disponibilidade, a pessoa precisou arrombar. Assim não há qualificação por abuso de confiança, só por rompimento de obstáculo. Tem que haver as 2 coisas: relação de confiança + disponibilidade.
Fraude – É diferente de estelionato (nos 2 casos há fraude). A diferença é que no furto qualificado por fraude, esta é aplicada para burlar a vigilância da vítima, fazendo com que esta deixe de vigiar seus bens e permitindo com isso a subtração da coisa pelo sujeito ativo (subtração invito domino). Já no estelionato, a posse do bem é concedida ao sujeito ativo, a vítima é ludibriada para ceder a ele seus bens.
Na maioria dos crimes a competência para o local do processoé onde ele se consumou.
Ex.Fraude - cartão clonado – Sujeito ativo vai a um caixa eletrônico em Niterói e transfere dinheiro da vítima que fica em Caxias para a conta de umlaranja em Rio Bonito. Caxias será o local, porque foi lá que o crime se consumou no momento em que o dinheiro saiu da conta. Se fosse um estelionato o local de processo e julgamento seria em Rio Bonito, que é quando a vantagem passa a pertencer a ele. Então, furto é na origem e estelionatoé quando o agente se apossa do bem.
- Em caso de gato oculto (fios escondidos) é furto mediante fraude. Mas se o sujeito ativo pegar a fiação original e somente alterar o relógio, aí é estelionato, porque a companhia de luz está cedendo a energia pra ele pagar o que consumir e ele está burlando o valor.
- Caso de manobrista que vai embora com o carro é furto mediante fraude, porque ele burlou a vigilância.
Escalada – Não se trata somente de subir em algo. Em DP, o ingresso em prédio alheio por via incomum e que demande agilidade ou esforço físico igualmente incomuns. Ex. cavar um túnel, pular um muro (desde que seja alto). Tem que exigir esforço e agilidade. Obs. Se ele escalar, mas a porta estiver aberta não é qualificadora, porque havia opção.
Destreza – Habilidade manual. Atua de forma insidiosa. Alcança os bens da vítima sem que ela perceba. Ex. batedor de carteira. Se a vítima percebe, não é qualificado, mas se outro avisa, é qualificado. Basta que a vítima não perceba.
Chave falsa – Qualquer objeto que sirva para acionar uma fechadura, desde que não seja a chave verdadeira. Até cópia pode ser desde que tenha sido feita sem o conhecimento da vítima.
Obs. Lei de contravenção penal – Sujeito ativo já condenado é pego com chave falsa ou similar. Também serve para quem vende chave falsa ou similar (Art. 24, LCP).
Furto praticado mediante concurso de pessoas – Duas ou mais pessoas participando do furto. Doutrina majoritária – Duas ou mais pessoas executando o crime, porque com mais gente a execução terá mais possibilidade de sucesso.
5º)Subtração de veículo automotor => Pena diferente – 3 a 8 anos – quando transportado para outro estado ou para o exterior.
ATENÇÃO -Cuidado com o confronto de furto com o art. 345 (crime de exercício arbitrário das próprias razões) – Fazer justiça com as próprias mãos. Ex. Credor que toma coisas do devedor para sanar dívida. Não se trata de furto e sim de crime do Art. 345, CP.
Art. 156 – FURTO DE COISA COMUM
Vale para sócio, condômino etc. O Art. 155 fala e coisa alheia móvel. Aqui não, ela é comum, ou seja, parcialmente própria, parcialmente alheia. Ex. Duas pessoas compram um quadro (infungível). Cada um tem 50%. Um furta da casa do outro. Outro ex. grãos (fungível). Cada um tem metade da produção. Se um subtrair os 50%, não há crime, pois esta era a cota dele. Se ele exceder a sua cota, aí sim é crime do art. 156. ATENÇÃO – Sociedade pessoa jurídica. Se um dos sócios pega alguma coisa, é furto do art. 155, porque pessoa jurídica tem personalidade própria, seus bens pertencem a empresa. Só se a sociedade se dissolver que as coisas passam a ser dos sócios.
Aula 3
ROUBO (Art.157,CP)
Subtrair=> Para si ou para outrem => Coisa alheia ou móvel => Mediante violência, grave ameaça ou outra forma de redução de capacidade de resistência.
- Tem a mesma base do furto. Doutrinariamente classificado como um crime complexo (formado pela fusão de 2 ou mais tipos penais). É a soma de furto + constrangimento ilegal.
- Sendo assim, muitas coisas que aplicamos no furto serão aqui aplicadas também. Ex. No furto, o bem jurídico tutelado é o patrimônio em seu caráter de propriedade ou posse. No roubo também, só que , além do patrimônio, também é tutelada a integridade física, assim como a saúde do indivíduo.
=> Latrocínio é julgado na Vara comum e não no Tribunal do Júri.
- Subtrair => As mesmas teorias de consumação do furto (Apreentio, Ablatio etc.)
- Coisa alheia móvel => idem do furto.
- No caso do furto para uso, que não é crime, não há intenção de assenhoramento. No roubo, a doutrina amplamente majoritária diz que não interessa a ausência da intenção de assenhoramento (para si ou para outrem) porque no roubo, o bem jurídico tutelado vai além do patrimônio. Há a ameaça a sua integridade corporal. Ex. Bicicleta que é tomada à força e depois devolvida – Somente a minoria vai classificar isso como constrangimento ilegal. Para a maioria, será roubo mesmo. (QUESTÃO BOA DE PROVA)
- Violência(Vis Corporalis) =>Imposição de uma força física contra o corpo da vítima para garantir a subtração do bem.
- Grave ameaça (Vis compulsiva) => Ou violência moral, ou constrangimento psíquico. Há a promessa de um mal. Mas ATENÇÃO - tem que ser grave!!Ou seja, séria e verossímil. A credibilidade vai de acordo com as condições pessoais da vítima.Exs. Me dê isso ou vou costurar seu nome na boca do sapo. Para algumas pessoas isso é gravíssimo.
- Outra forma de redução de capacidade de resistência => Vítima impossibilitada de reagir por qualquer outro meio que não seja violência ou grave ameaça. Ex. Boa noite Cinderela.
- A vítima não é necessariamente aquela que tem o seu patrimônio subtraído. Ex. Invade a casa e rende a empregada. Esta é vítima de constrangimento ilegal e a família será a vítima do roubo. Outro Ex. Assalto á um ônibus. Todos que foram constrangidos são vítimas, mesmo que não tenham nada levados.
- Roubo próprio – Ameaça primeiro e subtrai depois.
- Roubo impróprio – Subtrai primeiro e ameaça depois
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
- No roubo impróprio, a consumação ocorre em fase diferente, no caso, no momento do emprego da violência ou da grave ameaça. Diante disso, o roubo impróprio não admite tentativa. O Art. 157 não fala nada sobre “outra forma...” porque isso não seria possível (somente violência e grave ameaça).
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
- No §2º falamos de aumento de pena (majorado ou circunstanciado). ATENÇÃO – Não é qualificado!!! Causas de aumento de 1/3 a ½:
I – Emprego de arma => Qualquer instrumento usado para ataque ou defesa, ainda que não tenha essa finalidade precípoa, desde que possua potencialidade lesiva. Podem ser próprias (fabricadas para este fim: ataque ou defesa) ou impróprias (objetos que não têm essa finalidade específica, mas que passam a ser usados para esses fins. Ex. Machado, cachorro, foice etc.).
Obs. Arma é objeto, é externo. Artes marciais não é considerado.
Obs2. Arma de brinquedo ou arma simulada não são consideradas armas, mas servem para caracterizar grave ameaça, o que caracteriza roubo, mas este não pode ser majorado (Atenção a isso aqui). 
Obs3. Arma quebrada, sem gatilho por exemplo, também não é considerada arma.
Obs4. Arma sem munição nenhuma, nem no bolso. Há uma discussão, mas a posição majoritária diz que não Aumenta.
- Lei 10.826/03 – Estatuto do desarmamento:
	. Art. 14 – Porte de arma de calibre permitido.
	. Art. 16 – Porte de arma de uso restrito
- Se o porte de arma é voltado para o roubo, ele é absorvido pelo segundo crime (roubo). Mas se o porte é corriqueiro, comum, não exclusivo para o roubo, o sujeito ativo vai responder pelos 2 crimes. Ex. Todos sabem que aquele indivíduo só anda armado.
- Emprego de arma – Tem que efetivamente usar. Ex. Sujeito ativo está armado, mas nem chega a usar, empurrra a vítima pega a bolsa e sai correndo. Isso não majora. Basta mostrar o cabo que já é considerado emprego.
II – Mediante concurso de pessoas => Há uma qualificadora igual no furto (Art. 155, §4º, IV)III – Vítima serviço de transporte de valores => O agente tem que saber disso.
IV – Subtração de veículo automotor => mesma coisa do furto
V – Restrição da liberdade de locomoção da vítima => Criada para inibir sequestro relâmpago, mas não deu certo porque não é considerado roubo e sim extorsão (Art. 158)
- Roubo é diferente de extorsão. No 1º o autor toma para si a vantagem e na extorsão a vítima entrega a vantagem. No roubo a vantagem é contemporânea e na extorsão a vantagem é futura. Mas essas duas teorias hoje são furadas, já caíram por terra. Atualmente os conceitos se distinguem pelo comportamento da vítima. É a imprescindibilidade do comportamento da vítima. No roubo, o comportamento da vítima é prescindível. Ex. Não deu o dinheiro, o agente mata e pega. No caso da extorsão, o comportamento é imprescindível. Se a vítima ignorar a exigência, o crime não ocorre. Se ela não colaborar, nada feito. Portanto, o sequestro relâmpago é considerado extorsão. O Inciso V seriaexemplificado então por exemplo em um roubo em que as vítimas são trancadas no banheiro.
- Em 2009 é que surgiu o crime de sequestro relâmpago (Art. 158, §3º)
Art. 158, § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
- Então são 3 os crimes que envolvem a restrição de liberdade da vítima:
Art. 157, §2º, V – Roubo
Art. 158, §3º - Extorsão
Art. 159 – Extorsão mediante sequestro
- Paradiferenciar os três: Se o comportamento da vítima é prescindível, é roubo. Se for imprescindível será extorsão ou extorsão mediante sequestro. Para que seja considerado sequestro relâmpago, a exigência é da própria pessoa envolvida. Na extorsão mediante sequestro, a exigência é feita para terceiros. Essa é a posição que vem prevalecendo na doutrina (QUESTÃO BOA DE PROVA)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Extorsão
- §3º - Roubo qualificado pelo resultado (Latrocínio) , que pode ser lesão corporal grave ou morte. Lesão corporal leve é absorvido pelo roubo.
- Tem que resultar da morte com violência. Tem que matar pra roubar, com essa intenção para caracterizar latrocínio. Ex. Pistoleiro mata sob encomenda e aproveita e pega o relógio da vítima. Isso é homicídio + roubo. Outro Ex. Assalto a banco. Mata vários clientes, mas nesse caso só há 1 latrocínio, porque a vítima do roubo é o banco.
STF Súmula nº 610 
Crime de Latrocínio - Homicídio Consumado Sem Subtração de Bens
    Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
- Então sobre a consumação do latrocínio:
. Morte + subtração = Consumado
. Morte sem subtração = Consumado
. Vida + subtração = Tentado
. Vida sem subtração = Tentado
Aula 4 – 12/08
EXTORSÃO (Art. 158, CP)
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.
- Constranger => Indica que a extorsão é classificada como crime formal (também chamado de crime de consumação antecipada). No roubo temos um crime material, pois só se consuma quando o sujeito ativo efetivamente se apossa dos bens da vítima. Já a extorsão independe do recebimento da vantagem. Aqui basta que o constrangimento ocorra e o crime está consumado, ainda que o sujeito ativo não alcance qualquer tipo de benefício. Ex. Criminoso obriga a vítima a sacar num caixa eletrônico. Vítima tensa erra senha 3 vezes e bloqueia conta. Mesmo assim o crime está consumado, pois houve um efetivo constrangimento à vítima. 
- ATENÇÃO – Não confundir constranger com exigir!! Se o verbo fosse exigir bastaria que o criminoso usasse violência ou grave ameaça que o crime estaria consumado. Quando falamos em constranger é necessário que a vítima seja efetivamente constrangida. Ex. Presidiário liga dizendo que seu filho foi sequestrado e você ri porque nem tem filho. Ou seja, houve uma exigência, mas não houve constrangimento. Então isso é tentativa de extorsão. Para que haja consumação no constrangimento é necessário que a vítima adote o comportamento dela exigido.Nesse mesmo exemplo, se a vítima tivesse saído pra sacar o dinheiro do resgate, aí sim seria extorsão, porque ela cedeu ao constrangimento.
- Art. 316, CP – Crime de concussão. Crime muito parecido, só que aqui o verbo é exigir. Então para distinguir um do outro, na concussão o sujeito ativo é o funcionário público. Na extorsão também posso ter funcionário público, portanto não será essa a única diferença. Na concussão, o funcionário público impõe uma vantagem a vítima para que ela não sofra represálias funcionais. Há ameaça. Mas se a ameaça for estranha ás suas funções, o crime passa a ser de extorsão. Ex. Funcionário ameaça de morte, é extorsão. Ou seja, só será concussão se a ameaça tiver relação direta com a sua função!!
- Violência ou grave ameaça =>Aqui há diferença entre extorsão e o roubo. Aqui não temos a outra forma de redução da capacidade de resistência. Ex. Sujeito ativo se utiliza de algo para entorpecer a vítima para que ela assine um contrato. Aqui teremos um estelionato. Na extorsão, só por violência ou grave ameaça.
- Obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica => Na extorsão a vantagem será necessariamente econômica (bens móveis, imóveis, material, imateriais etc.). ATENÇÃO – a vantagem tem que ser obrigatoriamente indevida. Ex. Se alguém contrata um serviço e este não é prestado e ele vai armado obrigar o prestador a fazê-lo, isso não é extorsão e sim crime do Art. 345,CP – Exercício arbitrário das próprias razões.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
- §1º - Causas de aumento da pena
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
- É necessária a apreensão e perícia da arma para caracterizar o aumento da pena, para que seja avaliado seu potencial lesivo. Mas isso não é absoluto. Os tribunais superiores admitem ao aumento sem a apreensão da arma desde que fique evidenciada a potencialidade lesiva através de outros meios, como testemunhal, por exemplo.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
- Tudo que se fala no roubo qualificado vale para cá também.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
- Este fala sobre o sequestro relâmpago, também já visto no Art. Anterior.
- Extorsão com resultado morte e latrocínio são considerados crimes hediondos. Quanto ao sequestro relâmpago com resultado morte, não é crime hediondo, pois ela não foi citada na lei de crimes hediondos e para incluí-la na lei temos que fazer uma analogia e essa seria em “malan partem”, o que é proibida pela direito penal. Essa é a posição amplamente majoritária, mas segundo o professor, está errada! O que teríamos que fazer aqui não seria uma analogia e sim uma interpretação extensiva da norma. (Assim como é feito no caso da bigamia, por exemplo, que não fala em poligamia, mas esta é aplicada por interpretação extensiva).
- Assim o sequestro relâmpago, para o legisladoré ainda mais grave que a simples extorsão com resultado morte.
- Não esquecer que o sequestro relâmpago é uma extorsão. Ele só é especificado pelo seu meio executório. Os crimes são os mesmos. Não são situações análogas (parecidas) e sim iguais!
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (Art. 159, CP)
Art. 159 - Seqüestrarpessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
- Tem que ser pessoa. Cachorro,por exemplo é extorsão.
- Ex. Sujeito convidou criança para jogar videogame em sua casa. Tranca a porta do quarto. Liga pra família e exige dinheiro em troca de sua libertação. Aquela criança não está “sequestrada” e sim em cárcere privado. Ainda assim isso é extorsão mediante sequestro. 
- Sequestro e cárcere privado são espécies do gênero sequestro. 
- Sequestro gênero - É qualquer forma de redução da liberdade de locomoção de uma pessoa indevidamente. As modalidades podem ser:
. Sequestro em cárcere privado – Ambiente confinado com mínima liberdade de locomoção.
. Sequestro em sentido estrito – Maior liberdade de locomoção ou ambiente aberto
- Então o “sequestrar” do artigo abrange as duas formas, porque está no sentido de sequestro gênero. Ele pode ser dar através de uma retenção (redenctio) ou através do arrebatamento (abductio):
. Redenção – Vítima vai voluntariamente para o lugar onde será retido.
. Arrebatamento – Vítima é retirada do lugar onde se encontra e é levada para outro local.
- O crime só se consuma quando a vítima fica inteiramente sob o poder do autor do fato. Assim, a extorsão mediante sequestro é um crime formal. O objetivo do agente não é só prender a vítima e sim obter uma vantagem como condição ou preço no resgate. Mas ele nem precisa obter a vantagem de alguém para se consumar, basta reter a vítima que já está consumado. Basta o desejo de exigir a vantagem. Além de formal, é um crime permanente, porque a consumação se prolonga no tempo. Quando o sequestrador é preso ainda com a vítima presa, ele é preso em flagrante, independente do tempo que passou desde a consumação.
- A vantagem não precisa ser econômica, pode ser qualquer uma. Mas essa posição é minoritária. Majoritariamente entende-se que a vantagem aqui tem que ser de natureza econômica. 1º argumento - É um crime contra o patrimônio. 2º argumento – Também é classificado como um crime complexo (resultado da fusão entre 2 ou mais tipos penais). Nesse caso é extorsão (Art. 158)+ sequestro (Art. 148). Então todos os elementos desses 2 crimes são transportados para a extorsão mediante sequestro, inclusive a natureza da vantagem (por isso é de cunho patrimonial). 
- Esse sequestro é utilizado para ameaçar parentes e amigos da vítima. É a forma de exercer a grave ameaça, por isso é considerado extorsão.
- §1º - Primeira hipótese de qualificação:
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
- No art. 148 é qualificado quando dura mais de 15 dias. Já aqui no art. 159, é quando dura mais de 24 horas (pegadinha que pode surgir em questão de M.E.)
- Ex. Vítima sequestrada quando tinha 17 anos e libertada quando tinha 19 anos. É qualificada (consuma quando sequestra). E se foi sequestrada com 59 e libertada com 61. Também é qualificado, porque sua consumação se prolonga com o tempo.
- Bando ou quadrilha – Não existe mais. Lei 12.850/13 (semana passada) alterou o nome do crime de bando e quadrilha. Agora se chama associação criminosa. (e também mudou de 4 para 3 pessoas). Mas isso não desautoriza a norma. É só trocarmos o nome. Mas recentemente foram criados vários crimes de agrupamento de criminosos que não se enquadram nesse termo de associação criminosa. Ex. constituição de milícia privada, organização paramilitar, grupo ou esquadrão e organização criminosa. Ex. Suponhamos que uma milícia privada sequestra uma pessoa para exigir um resgate. Aqui só cabe analogia, porque são situações diferentes. Só que seria em malan partem, portanto não dá pra qualificar nesses casos, só quando praticados por associação criminosa!
- Associação criminosa está no Art. 288, CP. Nesse caso aqui, a posição majoritária (STF e STJ) admite concurso de crimes. Isso porque a simples reunião de criminosos já consuma o crime de associação, independente do crime que eles venham a cometer. A extorsão vem depois, como um segundo crime. Além disso, o objeto de tutela é diferente. O agrupamento de pessoas reduz o nível de segurança pública. A qualificação vem porque praticado por muitas pessoas, há uma possibilidade maior de sucesso no crime.
- §2º e 3º - Resultados de lesão grave e morte:
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Pena - reclusão, de doze a vinte e quatro anos, e multa, de quinze contos a trinta contos de réis.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Pena - reclusão, de vinte a trinta anos, e multa, de vinte contos a cinqüenta contos de réis.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
- Extorsão mediante sequestro com resultado morte(e epidemia com resultado morte) são os crimes mais graves do código penal.
- Podem ocorrer dolosamente ou culposamente. Os dois casos qualificam. Mas isso só acontece se o morto ou lesado seja o sequestrado! Ex. Mata a pessoa que vai levar o dinheiro. Aí é só homicídio.
- §4º - Delação premiada:
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
- Há vários crimes e hipóteses com delação premiada no CP. Então, por exemplo, se um criminoso delata em caso de sequestro ele tem 4 leis prevendo delações premiadas com efeitos diferentes. Nesse caso a lei a ser aplicada será aquela que mais o beneficiar.
CRIME DE DANO (Art. 163, CP)
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
- Neste crime não há intenção de acréscimo patrimonial. A intenção é atingir o patrimônio de outrem sem elevar o patrimônio próprio ou de terceiros.
- Destruir => Aniquilar, fazer desaparecer.
- Inutilizar => Tornar inservível, sem uso (embora sem destruição).
- Deteriorar =>Permitir que se estrague.
- O crime de dano é necessariamente doloso (NUNCA será culposo, exceto em causas ambientais – L.9.605/98).
- Não há dano na auto-lesão. Tem que ser contra outrem para constituir crime.
- Havendo crime patrimonial anterior, este absorve o dano. Ex. Furta um relógio e o quebra. É só furto. Da mesma forma, quando subtrai somente para destruir, é só crime de dano, não é furto.
§ único – Formas qualificadas de dano:
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
I – Para que o sujeito ativo consiga acesso ao bem que ele pretende danificar. Se comete lesão corporal, também responderá por isso. Terá as penas somadas. Se for por grave ameaça, esta é absorvida.
II – Atenção a parte que diz “se não constitui crime mais grave”. Ela aparece pelo seguinte motivo: nos crimes dos arts. 250 (incêndio) e 251 (Explosão), há risco a incolumidade pública (risco a vida, a integridade física ou ao patrimônio de pessoas indeterminadas). Ex. Marido ciumento põe fogo no carro da mulher em local ermo. É dano. Mas se fosse em um local muito movimentado, que colocasse a vida e o patrimônio de outras pessoas em risco, aí seria crime do art. 250, ou seja, o crime de dano seria absorvido.
III – Atenção a empresas de ônibus que podem ser permissionárias.Nesses casos será dano simples, não qualificado. Só vale se for empresa concessionária pública. Cuidado porque o legislador esqueceu as empresas públicas. Ex. BB é economia mista, já a CEF é pública e não está contemplada.
IV –Ex. Destrói máquinas da concorrência. No caso de prejuízo considerável para a vítima, será levado em conta as condições pessoais dessa vítima. Ex. Destrói o carrinho de pipoca com o qual ela ganha a vida.
- Pichação é considerada crime ambiental. Art.65, L. 9.605/98
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
APROPRIAÇÃO INDÉBITA (Art. 168, CP)
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
- A apropriação indébita tem 2 momentos:
Porte ou detenção lícita por parte de quem vai ser o criminoso => Momento não criminoso.
Inversão do título de posse ou detenção => Crime (exteriorização do ânimo do proprietário). Ex. Amigo coloca a venda pedal de guitarra deixado por outro em sua casa. No momento em que anuncia no mercado livre, ocorre o crime. Não admite tentativa!
- CUIDADOS – Se a posse não for lícita, ou seja, se o sujeito ativo já desejava aquele bem, é estelionato. A vantagem é concedida mediante engodo. Por isso não há subtração, não há furto e sim o estelionato. Ex. No mesmo caso acima, se o amigo pedisse pra deixar o pedal com ele emprestado e colocasse a venda. Outro ex. Office boy esconde dinheiro no vaso de um restaurante no caminho do banco e diz que foi roubado. Ele agiu com dolo ad initio (dolo desde o início), portanto é estelionato. Outro ex. Aluga carro com documento falso e não devolve – estelionato., pois já entrou na posse do bem de forma ilícita. Já se ele desse os documentos verdadeiros e resolvesse após alugarficasse com o carro, aí sim seria apropriação indébita.
- Só existe apropriação indébitaem caso de posse desvigiada da coisa. Ex. Caixa de supermercado que a cada dia vai roubando um pouquinho. Nesse caso a posse é vigiada, portanto, não há apropriação indébita, pois há um controle. Aí é furto mesmo.
- § 1º - causas de aumento da pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
I – Ex. casos de calamidade pública, desvio de verba, de doações etc.
II – Tutor, curador, síndico, inventariante etc.
III – Acontece com mais frequência. Ex. Advogado que fica com a indenização do cliente.
- Cuidado com desvio de pensão de idosos – É crime do estatuto do idoso (L. 10.741/03)
Aula 5
ESTELIONATO (Art. 171, CP)
Art. 171 – Obter para si ou para outrem vantagem indevida em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
-É a obtenção de uma vantagem através de meio fraudulento. Tem que haver fraude!
- Há outros crimes que pode ser praticados mediante fraude: furto mediante fraude, falsidade documental, alteração de chassi etc.
- Temos que diferenciar fraude civil de penal. Só a penal é criminosa. A civil pode dar início a um ilícito igualmente civil.
- Fraude é a capacidade de enganar alguém. O conceito é o mesmo. A distinção é jurídica.
- As fraudes comuns, pequenas, são civis. Ex. Maquia o Apto antes de vender. Isso é fraude civil.
- A fraude penal é mais intensa, extrapola o aceitável.
- O aplicador da norma é que vai definir se é penal ou civil. Somente o caso concreto é que vai definir essa distinção.
- STF diz que o inadimplemento de um contrato caracteriza somente fraude civil e não penal.
- Se a fraude foi percebida sem dificuldade pela vítima, ela é ineficaz. Aí não há estelionato. Mas a análise da fraude será feita de acordo com a condição da vítima. Ex. Vende o Pão de açúcar e a vítima acredita. Esta está apta para aquela fraude.
- A vítima tem que ter capacidade de entendimento.
- Não se exige no art. 171 que a pessoa ludibriada seja a mesma que tenha seu patrimônio afetado. Ex. cartão clonado usado em loja. O enganado é o vendedor e o prejuízo é da loja (PJ).
- O núcleo do tipo penal do art. 171 é o verbo “obter”.
- Obter => Efetivo recebimento da vantagem. Por isso o crime do art.171 só se consuma com a posse da vantagem devida. (É um crime material).
- Para si ou para outrem => Intenção de assenhoramento.
- Vantagem indevida => O art. não diz qual é a espécie da vantagem (na extorsão era econômica). Para Magalhães Noronha, poderia ser uma vantagem de qualquer natureza, menos sexual (política, moral etc.). Mas a posição majoritária (STF já decidiu) diz que a vantagem tem que ser patrimonial (se fosse vantagem devida seria crime do art. 345)
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
- Em prejuízo alheio => Prejuízo econômico. Se não for patrimonial, não é estelionato. Ex. Jogador de futebol que se dopa. Não tem vantagem patrimonial.
- ATENÇÃO a esse exemplo – Emprestou R$ 2.000,00 e o autor não pagou. Fraude civil. Aí paga a dívida com um cheque sem fundos. Não há crime do art. 171, porque a dívida permaneceu a mesma. Não houve prejuízo pelo fato de o cheque ser sem fundo.
- Induzir ou manter alguém em erro => Sujeito ativo cria o erro. Ex. Vende pela internet algo que não existe. Manda um tijolo no lugar do produto. Na manutenção a vítima erra por si só, ninguém o induz, o estelionatário somente fomenta o erro. Ex. Caixa percebe que cliente vai dar o troco a mais e fica quieto (silêncio fraudulento).
- Mediante:
. Artifício => Exemplo de fraude que se vale de algum aparato material. Ex. cartão clonado, documento falso, disfarce etc. Tudo para garantir veracidade a sua fraude.
. Ardil => Fraude puramente intelectual (se vale da lábia). Age no psiquismo da vítima.
. Qualquer outro meio fraudulento => Qualquer outra que não admita artifício nem ardil. Silêncio por exemplo.
- Hipóteses especiais:
Torpeza bilateral – Vítima agindo de forma torpe. A própria vítima age de má fé e por conta disso é enganada. Ex. Vítima vende produtos contrabandeados e o autor paga com cheque sem fundos. ATENÇÃO – Não deixa de existir estelionato por conta disso.
Jogo de azar – Está previsto noDL. 3688/41, art. 50 do CCP (código de contravenção penal). Mas se o explorador do jogo adultera a probabilidade, é estelionato. Ex. Jogo da bolinha embaixo dos copinhos. O autor esconde a bolinha.
Simpatias e sortilégios – Se promete algo se aproveitando do sofrimento dos outros e é algo claramente ineficaz, é estelionato. Ex. “trago a pessoa amada em 3 dias”. ATENÇÃO – tem que ser PAGO!!
Curandeirismo – Art. 284,CP – Crimes contra a saúde pública. Aqui temos o indivíduo rústico, que não tem conhecimentos sobre atividades curativas. Ex. garrafada, pajelança etc. Aqui não interesse se ele acredita ou não. O que tem que ser comprovada é a ineficácia dessa cura. A conduta é incriminada porque coloca a saúde da vítima em risco. Não precisa ser consciente disso para ser crime. Então quem cobra por isso comete crime de estelionato. Ex. Cirurgias espirituais – estelionato. Há tribunais que defendem que pode haver concurso de crimes nesses casos (arts. 171 e 284).
Exercício ilegal da medicina – Art.282,CP. Mesmo que seja gratuito ou mesmo que seja médico, pode cometer esse crime. Basta que atue em outra área. Ex. Dermatologista faz uma cirurgia plástica – é crime. Mas tem quer habitual! O exercício ilegal da medicina pode concorrer com o art. 171. Se ele cobra por consulta é estelionato. O lucro do parágrafo único do art. 282 se refere a remuneração que não vem do engano do outro. Ex. Dono de clínico contrata acadêmico como médico e este recebe apenas salário. Aí está o lucro do art. 282. Se ele cobrar consulta também, aí surge o concursoArts. 282 + 171. São hipóteses compatíveis. 
Obs. O art. 282 só vale para médico, dentista e farmacêutico! Se for outra profissão, é art. 47, LCP – Exercício ilegal da profissão, que até pode gerar estelionato também. Ex. Advogado falso.
- § 1º  - Causas de diminuição de pena
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155.
- O prejuízo é contabilizado de acordo com a vítima, caso a caso.
- § 2º - Casos especiais de estelionato
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
Disposição de coisa alheia como própria 
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; 
- Ex. Inventa um apartamento para alugar. É estelionato. Mas se aluga um apartamento já existente, mas que não é seu, aí é crime deste inciso.
- Outro ex. Furta um carro e o coloca para vender. A posição majoritária diz queeste é o desdobramento do crime anterior, por isso é absorvida pelo furto. (pós-fato impunível);
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
- Aqui o sujeito ativo mesmo que é o dono do bem. Só que este não é desembaraçado. Ele não está disponível no momento da venda e isso é silenciado ao comprador. Ex. Está alienado, é objeto de litígio etc. Se avisar, não é estelionato. Só há crime se silenciar.
Defraudação de penhor 
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
- Se refere a fraudar a garantia pignoratícia. Tratamos aqui de um contrato de penhor. Em alguns casos o objeto de penhor fica com o solicitante (cláusula constituti). Ex. Dá em penhor as máquinas agrícolas para levantar recursos para o plantio. Não tem como dispor das máquinas porque vai precisar delas como garantia. Então o estelionato está na violação da garantia de pagamento da dívida.
- ATENÇÃO – Penhor é diferente de penhora. O primeiro é um contrato entre parte e o segundoé uma medida processual na qual caso não haja o pagamento do valor das dívidas, os bens penhorados vão a leilão. O Juiz determina.
Fraude na entrega de coisa 
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; 
- Substância, qualidade ou quantidade. Uma das partes se compromete a entregar algo para outro e o faz de forma fraudulenta.
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; 
- Há 2 hipóteses:
. Seguro de acidentes pessoais – Ex. Pessoa simula perda de um órgão. Ex2. Pediu um amigo para cortar sua mão. O autor vai responder por estelionato e o amigo vai responder por lesão corporal qualificada + Art.171. Aqui temos o único caso de crime formal. Ainda que o seguro não pague, o crime está consumado, independente da vantagem indevida não obtida. 
. Seguro patrimonial – Coloca fogo na sua loja para receber o seguro. Coloca em risco a vida, a integridade corporal ou contra o patrimônio de pessoas indeterminadas. Aqui temos crime do art. 250 (incêndio). Porque em ambos os casos temos crime pecuniário, mas o art.250 é mais específico e tem a pena maior. Outro ex. Coloca fogo no carro em lugar deserto. É estelionato. Outro ex. Se fosse em caso de desabamento (art.256), onde não há parágrafo sobre intenção pecuniária, aí haveria concurso de crimes (arts. 171 + 256)
Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
- Há 2 hipóteses:
. Emissão sem provisão de fundos
. Frustração de pagamento (encerramento de conta, sustação etc.)
- Emitente – Aquele que coloca o cheque em movimento de forma originária.
- Tomador – Beneficiário do cheque
- Sacado – Pessoa contra quem a ordem de pagamento é emitida (Banco).
- Cheque é um título de crédito vinculado a uma conta bancária e consiste em uma ordem de pagamento à vista.
- Súm. 246, STF – Comprovado não ter havido fraude, não há crime de estelionato.
- Endosso não se enquadra nesse inciso, mas responde por estelionato (caput)
- Cheque pós-datado não é cheque. Por isso não há crime, nem no caput. É mero ilícito civil, é conduta atípica.
- Emitiu cheque com conta encerrada – Estelionato (caput). Há dolo.
- Súm. 521, STF.- Ex. Emissão em Niterói / Banco Itaboraí / Depósito São Gonçalo – A recusa ocorreu no banco, então este será o lugar de julgamento, pois foi o local da consumação. Então o crime de cheque sem fundo se dá no momento da recusa, na compensação.
- Súm. 554, STF – Mesmo que pagar depois do recebimento da denúncia, não adianta mais. A ação penal prossegue. Se for anterior ao recebimento da denúncia, ocorre a extinção de sua punibilidade. O crime deixa de existir. Se pagar depois, é arrependimento posterior e a pena é reduzida (art.16).
Aula 6
RECEPTAÇÃO (Art. 180, CP)
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
- É um crime acessório (aquele que, para existir, depende da ocorrência de um crime principal)
- Para que haja receptação, necessariamente deve existir um crime anterior.
- Sei objeto é a coisa que é produto de crime prévio. Há um crime principal que gere um produto o qual será receptado. Pode ser qualquer crime que gere produto. 
ATENÇÃO – Norma fala de produto de crime e não de produto de contravenção. Tem que ser CRIME. Ex. Produto de jogo do bicho não vale.
- É preciso também que o sujeito ativo que está receptando saiba que aquele produto é fruto de crime. Quando ele sabe é dolo direto.
- Só há receptação quando o receptador NÃO participa do crime anterior. Ex. Pessoa encomenda o furto de um carro parecido com o seu para ficar com as peças. Nesse caso, é coautor de crime de furto e não receptador.
- Adquirir e receber => Crime instantâneo. Inicia e encerra em um momento único.
- Transportar, conduzir e ocultar=> Nessas 3 condutas nós temos crime permanente. A consumação se inicia e é prolongada enquanto o verbo estiver em ação. Ex. Esconde produto em sua casa. Durante esse tempo o crime estará valendo. Isso gera flagrante, prescrição só a partir do término da consumação etc.
- Influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte => Sujeito ativo sabe que a coisa é oriunda de um crime (não precisa saber qual) e estimule um terceiro a entrar na sua posse, de boa fé. Também temos crime de receptação. Ex. Receptador revende para terceiro. Este também será receptador, ou seja, o crime prévio para receptação também pode ser a própria receptação. 
- Se temos roubo + receptação + terceiro de boa fé + adquirente de má fé. Esta última aquisição de má fé, a posição amplamente majoritária diz que sim. O bem não deixou de ser produto de crime. Mas há uma jurisprudência minoritária diz que aqui há uma interrupção do fluxo causal, que descaracterizaria as receptações anteriores. 
. § 1º - Receptação qualificada:
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.
- Exercício de atividade comercial ou industrial – Isso é o que caracteriza a qualificadora.
- ATENÇÃO – Aqui temos mais condutas que o caput do art. 180. Temos mais 2 condutas que são caracterizadas como crime permanente: ter em depósito e expor a venda. Outra, coisa, no caput fala em coisa que “sabe” ser produto de crime (dolodireto) e aqui está “deve saber” (não tem certeza, mas assume o risco). Isso significa dolo eventual qualificando o crime. Por isso sua constitucionalidade já foi contestada, porque dolo direto é mais grave do que dolo eventual. A incerteza não pode ser mais grave do que a certeza. Fere o princípio da proporcionalidade. Segundo o professor isso é uma imbecilidade. Aqui temos que interpretar de forma lógica. Ex. Mesmo camelô. Se ele compra assumindo o risco ele pratica o mesmo crime de quem compra sabendo a origem. O “deve saber” incorpora também o “sabe”.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
- Ex. Camelô informal ao qual são oferecidos produtos furtados para revenda. Ele é um comerciante irregular e informal, mas mesmo assim é receptação. Qualquer tipo de comércio serve.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
- Receptação culposa. Aqui temos inconstitucionalidade insolúvel: Aqui o sujeito não percebe que o produto é fruto de crime, mas deveria ter percebido. Ex. Camelô vende Rolex na sua banquinha. Há uma grande desproporção. Então é dolo eventual. Não é crime, O caput só admite o dolo direto. Se eu não puno o dolo eventual, não posso punir a conduta culposa. Quem assume o risco não responde e quem é descuidado responde. Fere o princípio da proporcionalidade. (posição única do professor).
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
- Não precisa saber quem é o autor do crime principal, basta que se saiba que houve um crime.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
- Hipóteses de substituição
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
- Casos em que se dobra a pena.
FIM DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ABAIXO AS DISPOSIÇÃO GERAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
. Art. 181, CP – Escusas absolutórias (causas pessoais de isenção de pena)
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
- Crime contra cônjuges ou ascendentes e descendentes. Ex. Marido pega dinheiro da mulher. Filho pega do pai. O crime até existe, mas temos aqui isenção de pena. Não há punição. A pessoa sequer será processada.
- Se o crime for cometido pelo filho com a ajuda deamigo, o filho não responde, mas o amigo sim.
- Em caso de união estável, também valem as escusas (analogia em bonam partem)
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
- Irmão contra irmão é ação penal pública condicionada legítima. Tem que haver representação.
- Tio e sobrinho com quem residem. Tem que haver coabitação.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
- Obs. Se o crime for de extorsão ou roubo quando há violência ou grave ameaça, aí pode.
- Se a vítima for idosa, também não se aplicam as escusas absolutórias.
CRIMES SEXUAIS
- Antigamente eram denominados crimes contra os costumes. Se referiam a bens jurídicos pertinentes à sociedade e não ao indivíduo em particular. Atingiam o modo de vida da sociedade, o pudor público.
- Em 2009, esse capítulo foi reformado, mas antes disso, em 2005, surgiu a lei 11.106/05, que resolveu alguns problemas do CP de 1940. Aboliu, por exemplo, o conceito de mulher honesta, assim como o crime de sedução, adultério etc.
- Aí veio uma segunda reforma, através da lei 12.015/09, onde muita coisa foi mudada e os crimes contra os costumes viram crimes contra a dignidade sexual. A ênfase passa a ser dada para o indivíduo.
ESTUPRO (Art. 213, CP)
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
	Antes de 2009
	Após 2009
	. Estupro (Art. 213) – Mediante violência ou grave ameaça, constrangia uma mulher a conjunção carnal (coito vaginal). A vítima só podia ser mulher.
. Atentado violento ao pudor (Art. 214) – Violência ou grave ameaça usados para constranger alguém a prática do ato libidinoso diverso da conjunção carnal. A vítima poderia ser qualquer pessoa, homem ou mulher. O autor também.
. Se uma mulher estuprasse um homem, era mero constrangimento ilegal.
. Não havia estupro entre cônjuges, exceto em casos de portadores de doenças sexualmente transmissíveis, ou forma diferente do usual.
	. Estupro continua no art. 213.
. O atentado violento ao pudor deixa de existir no CP (ainda existe no código militar) e suas elementares de tipo foram todas absorvidas pelo crime de estupro. Ficou assim: Violência ou grave ameaça impostos a alguém (não é mais somente a mulher) para praticar conjunção carnal ou ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Não existe mais distinção de gênero.
. Pelo princípio da continuidade típico-normativa – Quem estava preso pelo art. 214, continua preso, pois o art. Deixou de existir, mas seu conteúdo não, continua vigorando no art. 213.
. Hoje há estupro.
- Antes da lei 2015/09, existia algo chamado violência presumida (Art. 224). Ex. O sujeito ativo mantinha relações com uma criança de 10 anos, através de indução, sedução, oferecendo dinheiro, brinquedo etc. Não havia nem violência nem grave ameaça. Então isso era considerado violência presumida. Vítima menor de 14 anos, alienada ou débil, que não oferecesse resistência (paralítica), presumia-se que a conduta era violenta (violência fictícia) (estupro é atentado violento ao pudor). Quando veio a lei 2015/09, a violência presumida deixou de existir. Passamos a ter um crime autônomo: o estupro de vulnerável (Art. 217a).
- Então o estupro hoje é assim tipificado:
. Constranger => É o mesmo que obrigar, compelir. Atenção – Não são todos os atos de cunho sexual que vão caracterizar o estupro. Ex. Constrange o outro ao beijo. É constrangimento ilegal. Estupro só em atos de maior reprovabilidade.
. Alguém => A vítima pode ser qualquer pessoa, salvo as menores de 14 anos, os portadores de deficiência ou doença mental e qualquer outra que impeça a vítima de oferecer resistência.
- A doutrina majoritária diz que basta que o ato sexual recaia sobre o corpo da vítima. Não é necessário que o autor participe do ato. Ex. Ordena que a vítima introduza um objeto no ânus ou simplesmente manda a vítima de despir só pra ficar olhando.
- Outro ex. Se ameaçar com uma arma e obrigar o outro a assistir um ato de masturbação, por exemplo, não há estupro, porque o ato não recaiu sobreo corpo da vítima.
- Outro ex. Se a pessoa se masturbar e ejacular sobre outra, sem violência ou grave ameaça, é simples ato obsceno.
- Violência – tem que ser real.
- Se a vítima concorda com o ato, não é estupro, porque a vítima está exercendo sua liberdade sexual. Tem que haver discordância.
- Outro ex. No meio do ato, o homem troca o nome da namorada e esta se aborrece e quer sair. Ele continua forçando-a.É estupro que vai se consumar no prosseguimento do ato.
- Outro ex. Sujeito ativo ameaça vítima com uma faca e no meio do ato ela gosta (consentimento da vítima). Mesmo assim há estupro, porque o ato se consuma na penetração.
- Em regra, a contrariedade tem que ficar clara, mas em certos casos temos que flexibilizar este rigor. Ex. Se manda a vítima ficar calada, por exemplo. Nesse caso, presume-se.
- Outro ex. Mulher é constrangida por 5 homens num mesmo evento e se revezam. Aqui temos um crime único. Um só estupro com concurso de pessoas com pena exasperada. O número de agentes não altera. Mas a diversidade das práticas sexuais, essa sim altera. Ex. Coito vaginal e anal. A doutrina e a jurisprudência majoritárias (não é pacífica) dizem que aqui há 2 estupros. Não são considerados os pequenos desdobramentos, tipo acariciar os seios, só atos mais fortes e diferenciados, tipo sexo anal, vaginal e oral.
- Outro ex. Pratica sexo várias vezes durante o dia com a vítima. São crimes do mesmo artigo (estupro e atentado violento ao pudor). Portanto hoje, é crime continuado.
VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE (Art. 215, CP)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
- Utiliza um ambiente fraudulento para enganar a vítima acerca da identidade do parceiro ou sobre a legitimidade da relação. Ex. Se faz passar por outro. Irmãos gêmeos. Pai de santo que diz que recebeu espírito. Médico que apalpa órgãos sexuais sem necessidade, enganando a vítima sobre a pertinência desse exame.
. Outro meio que impeça => Se confunde com estupro de vulnerável. Ex. Vítima bêbada – estupro de vulnerável. É diferente da vítima parcialmente embriagada, com a capacidade de consentimento alterada. Por estar embriagada ela acaba aceitando. Isso é mediante fraude. Para ser estupro, tem que estar com a capacidade de discernimento totalmente suprimida.
Aula 7
ASSÉDIO SEXUAL (Art. 216-A, CP)
- Sua redaçãoé mal formulada, por isso vamos dividi-lo em 4 elementos:
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função."
Constrangimento (Núcleo do tipo) – Objetivo de natureza sexual, direcionado a uma prática sexual, embora o legislador tenha sido omisso, pois não mencionou a forma de constrangimento. Ex. Dono de empresa constrange a funcionária ameaçando-a com arma de fogo. Isso é estupro. O constrangimento do 216-A não versa sobre violência ou grave ameaça. Não há coação. Então aqui constranger significa assediar, colocar a vítima numa situação embaraçosa, na qual, se não ceder, sofrerá represália.
Relação de subordinação – É necessária entre o autor e a vítima a superioridade hierárquica da parte subordinante, inerente a cargo, emprego ou função. Não existe do subordinado para o subordinante e nem entre pessoas com o mesmo nível hierárquico. Ex. Bispo assedia um padre. Não há emprego, nem cargo, nem função. Religiosos exercem ministério e este ficou de fora e aí não existe assédio sexual. Mas se o padre assediar a cozinheira, é crime do art. 216-A.
Aproveitamento da relação – Tem que se valer da sua posição hierárquica no assédio sobre a vítima.
Especial fim de agir – Qualquer forma de satisfaçãosexual. Pode ser em prol de terceiros. Ex. Assedia para beneficiar o filho.
§1º - Vetado
§2º - Aumento de pena para vítima menor (aprendizes). ATENÇÃO – Se for menor de 14 é estupro de vulnerável
ESTUPRO DE VULNERÁVEL (Art. 217-A, CP)
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
- Conceito de vulnerabilidade para fins sexuais não é estanque (fixo). Ele muda de crime pra crime. No art. 217-A fala-se em menor de 14 anos. Já no art. 218-B fala-se em menor de 18 anos, por exemplo.
- Aqui basta a prática do ato sexual! Nem precisa de violência ou grave ameaça e nem importa o meio executório, se for fraude, indução etc.
- Também vale para pessoas com enfermidade ou doença mental sem discernimento ou que não ofereça resistência. São 4 portanto as seguintes vítimas:
Menor de 14 anos –O sujeito ativo tem que saber disso. Ex. Menina aparenta 18 anos, mas tem só 13 emente a idade. Não há crime. 
Enfermidade mental – Doença mental, como esquizofrenia.
Deficiente mental – Redução do seu grau intelectivo.
- Nos casos b e csão pessoas que não tem necessário discernimento para o ato. Ex. Tem síndrome do pânico, Apesar de ser uma enfermidade mental, esta pessoa tem discernimento para o ato.
Pessoa que não pode oferecer resistência – Absolutamente incapaz de consentir (se for relativamente incapaz, será violação mediante fraude).
- Se for pessoa que tem enfermidade mental mas não aparenta. Se for um desconhecimento razoável, não há crime de estupro.
- Vamos supor que o sujeito ativo já saiba a idade certa e a menor já teve relações antes. O ato praticado entre eles é consentido
- No passado, no art. 224, na presunção absoluta, não havia exceções. Na presunção relativa, existe até que se prove ao contrário.
- O que se busca aqui não é proteger nem a violência nem a moral e sim as consequências futuras do seu ato.
- Na doutrina, a presunção relativa era amplamente adotada, mas no STF sempre se adotou a absoluta.
- Aí veio a lei 2.015 e esse art. 224 deixou de existir. O crime de presunção da violência passou a ser o estupro de vulnerável (Art. 217-A). Este prevê expressamente: “ter relação com menor de 14 anos”. Aqui a lei não fala em discernimento. Então a doutrina majoritária acaba com a discussão absoluta x relativa. Assim, basta ocorrer o ato que já é crime. Não interessa a maturidade nem a experiência da vítima. Se ela tem menos de 14 anos, é crime.
- O professor não concorda, porque aqui o bem jurídico tutelado é a liberdade sexual. Então, se a vítima aqui já tem discernimento para consentir, ela estará livre sexualmente. Se a proibir, aí sim estarão ferindo a sua liberdade. Aqui temos o princípio da lesividade ou da ofensividade, que diz que não há crime de lesão ou de risco de lesão ao bem jurídico tutelado.. Mas a defesa terá que provar que a vítima tem maturidade sexual para consentir. Nesse caso o crime deixa de existir.
§ 3º e 4º - Qualificadoras – Lesão corporal grave e morte. (no art. 213, CP, estupro, temos os mesmos dispositivos)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
- No caso do estupro, seria crime preter doloso (começa doloso e termina culposo). Isso é defendido por muitos na doutrina.
- O professor acha que aqui admite-se tanto resultado doloso quanto culposo.
- O mesmo vale para estupro de vulnerável qualificado.
- O § 1º do art. 213, CP fala em maior de 14 anos, mas na verdade é a partir de 14 anos.
- Lei 8.072/90 – Crimes hediondos, art. 9:
	. No art. 224, tínhamos as hipóteses de presunção de violência, tão somente direcionada para crimes sexuais e servia para casos de estupro e atentado ao pudor. Ex. criança menor de 14 anos espancada para praticar ato sexual. Tínhamos estupro (art. 213) praticado com violência real. Como já tinha violência real, não se aplicava o art. 224, porque nele só valia a violência presumida. Assim, o 224, serviria para caracterizar. Com a lei de crimes hediondos, vieram tratamentos mais severos quando se tratavam de incapazes.
- Então noart. 9, o legislador falou que se um dos crimes deste artigo for praticado contra as pessoas do art.224, a pena será aumentada, só isso. (Não fala em presunção). Dentre esses crimes, temos o estupro e o atentado violento ao pudor e o art. 224 já previa isso para caracterizar. Caso de bis in idem.
- Aí veio a lei 2.015 e revogou o art. 224 e por consequência revogou o art. 9 da lei de crimes hediondos. Então para saber se ela retroage ou não, vai depender:
	. Se for com violência real (9 a 15 anos) retroage porque passa para 8 a 15 anos (beneficia o réu).
	. Se for por violência presumida (6 a 10 anos), continua respondendo pela lei antiga. Não retroage porque de 8 a 15 anos aumentaria pena e prejudicaria o réu.
- Aqui há um conflito intertemporal de normas (ATENÇÃO – Isso pode cair na prova. Entender bem)
CRIME DO ARTIGO 218 (sem nome na lei)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
- Derivação do crime do art. 227, CP
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
- Nenhum dos dois prestam;
- Ex. pessoa convence a outra a manter relações sexuais com outra. É crime do art. 227 (caiu em desuso). Se for com menor de 14 anos, é crime do art. 218, CP.
- O legislador, ao punir esta conduta, comete um erro grave. Ex. Se uma pessoa convence a outra a roubar, responde por roubo.Então quem convence neste caso aqui, também seria partícipe, ou seja, deveria também responder por estupro de vulnerável.
- Aqui temos uma exceção pluralística da teoria Monista (art. 29,CP)
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade
- Este artigo é absolutamente inconstitucional. Ele quebra o princípio da isonomia. Ex. padastro estupra. A mãe que se omite responde por estupro. Mas se a mãe convencer a criança a satisfazê-lo vai responder apenas pelo art. 218. Ela também fere o princípio da proteção deficiente que decorre do princípio da proporcionalidade. A pena é muito branda.
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA (Art. 218-A)
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
- Aqui não há estupro. O ato sexual não envolve o corpo do menor de 14 anos. Aqui ela é obrigada a visualizar o ato. O que há é uma corrupção moral da vítima, que é obrigada a assistir. Ex. Sujeito se masturba e chama a sobrinha de 10 anos para assistir. È crime do art. 218-A.
- Outro ex. professor de educação sexual reúne as crianças numa sala e exibe um vídeo pornográfico. Aqui não houve crime, porque não havia intenção dele de satisfação de sua lascívia.
- Outro ex. Se for com vítima maior de 15 anos. Se for em ambiente privado, não há crime nenhum.
- A pessoa com idade entre 14 e 18 anos tem a liberdade sexual plena e pode fazer o que quiser (salvo os casos previstos em lei).
FAVORECIMENTO À PROSTITUIÇÃO OU EXPLORAÇÃO SEXUAL DE MENOR DE 18 ANOS OU PORTADOR DE DOENÇA MENTAL (Art. 218-B)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
- Prostituição – Contato sexual habitual com pessoas indeterminadas e intenção lucrativa (de quem se prostituiu).
- Quem favorece, ainda que não vise lucro, recai no art. 218-B
- Exploração sexual – É toda forma de aproveitamento de uma relação sexual mantida por outrem. Ex. Pai que, para se manter no trabalho, leva a filha para transar com o patrão.
- Mesmo os menores de 14 anos podem figurar como vítimas. Ex. Estabelecimento coloca menina de 11 anos para se prostituir. Crimes do art. 218-B + estupro de vulnerável (partícipe), caso o ato sexual se consuma. Se a vítima for maior de 14 anos, aí só responde pelo art. 218-B.
- O que acontece com o cliente que mantém relações sexuais com maior de 14 anos – Até 2009, essa conduta não era criminosa. Hoje a lei 12.015 criou o crime.
- Resumindo: se não for prostituta, pode. Se for prostituta não pode.
- Outro ex. Funcionários de hotel que ligam para chamar prostitutas menores de 18 anos – Crime do caput do art. 218-B
- Outro ex. Funcionários que se omitem quando o turista entra com menor de 18 anos: Inciso II do $2º - Obrigatoriamente é caçada a licença do estabelecimento.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
. ECA – lei 8.069/90 – Temos que vir aqui porque também encontramos crimes sexuais praticados contra vulneráveis.
- Art. 240 e seguintes do ECA.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
- Crianças em cenas de sexo explícito ou pornográfico. Todos os envolvidos respondem pelo art. 240 do ECA.
- Se for menor de 14 anos, há concurso entre o art. 240, ECA + Estupro de vulnerável para todos os envolvidos.
- Art. 241-E, ECA – Conceitua cenas de sexo explícito ou pornográfico.
- ATENÇÃO – Em todos esses crimes do ECA têm que haver cunho sexual.
- Se o menor estiver só de calcinha e seios de fora, por exemplo (não mostra genitais), o STJ já entende que também configura crime.
- Art. 241, ECA – Vender o material: fotos, vídeos etc. Recebe o material pronto e vende.
- Art. 241A – Oferecer, trocar. Distribuir etc. Qualquer forma de difusão, mesmo gratuita.
=> Art. 154ª, CP – Material roubado da internet (Lei Carolina Dieckman)
- Art. 241B – Só em ter em seu PC material pornográfico com criança e adolescente já é crime.
- Art. 241C – Montagem com fotos de adolescentes (participação simulada).
- Art. 241D – Aliciar para qualquer meio de comunicação criança (menor de 12 anos). Nem precisa ocorrer o fato. Basta o aliciamento. Com o ato, seria estupro de vulnerável, que absorveria o art. 241D, ECA. 
Aula 8
Ações penais dos crimes que vimos até aqui.
- Art. 225 – Aplicação para os crime contra a liberdade sexual e os crimes contra vulneráveis.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
- Todos os crimes até aqui são de ação penal pública condicionada a representação, exceto se for menor de 18 anos ou vulnerável
- Então Ação condicionada => Regra
- Ação incondicionada => Menor de 18, vulnerável (Enfermidade ou doença mental; ou que não pode oferecer resistência) ou Súmula 608 STF.
- Pode ser que a vítima se sinta mais lesada vendo a sua intimidade exposta em juízo do que o próprio delito. Assim, é razoável que se deixe a escolha da vítima a decisão sobre a instauração ou não da ação penal. Por isso é que nos crimes sexuais passamos a exigir representação do indivíduo. Essa é a regra: Ação pública condicionada.
- No entanto, há situações em que a exigência de representação pode se tornar danosa. Ex. Estupro contra menor de 18 anos em que estão envolvidos os pais da vítima. Para ofertar representação, ela tem que fazê-lo através de representantes legais, que são justamente os pais. Então nesses casos (<18 anos ou vulnerável) a ação penal se torna pública incondicionada.
- Ex. de um deficiente mental que tem condições de se posicionar sexualmente. Esta não será considerada vulnerável. Para ser incondicional, não pode ter discernimento nenhum.
- Antes da lei 2015/09, tínhamos como regra a ação penal privada. Hoje a regra é a Ação penal condicionada. Então se uma pessoa tivesse sendo processada pelo antigo crime de posse sexual mediante fraude por ação privada. Veio a Lei 2015/09 a transformou em pública condicionada. Então para

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