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Prévia do material em texto

Presidente da República Federativa do Brasil 
Ernesto Geisel 
Ministro da Educação e Cultura 
Ney Braga 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
/ 
CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO 
 ATLETISMO 
' 
 Departamento de Documentação e Divulgação 
Brasília-DF -1977 
Assessoramento técnico: 
Prof. João de Oliveira 
SUMÁRIO 
Apresentação ................................................................................................. 5 
Introdução .................................................................................................. 7 
Organograma ...................................................................................... 8 
Composição dos grupos ......................................................................... 9 
Capítulo I 
Treinamento desportivo de alto rendimento ....................................... 11 
Capítulo II 
Força ..................................................................................................... 25 
Capítulo III 
Velocidade ......................................................................................... 71 
Capítulo IV 
Resistência ......................................................................................... 101 
Capítulo V 
Generalidades .................................................................................... 127 
Implementos ....................................................................................... 135 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 A marcante evolução dos resultados verificados 
no atletismo brasileiro, na área estudantil, 
culminando com os significativos recordes anotados 
nos V JEBs, realizados em 1973, em Brasília, e 
ainda a convincente atuação de uma equipe de jo-
vens estudantes (até 17 anos) no I Campeonato 
Mundial de Atletismo, realizado no mesmo ano em 
Atenas (Grécia), vieram demonstrar, não mais no 
terreno da especulação, mas através do contato di-
reto em competições com países tradicionalmente 
desenvolvidos no atletismo, as nossas possibilidades 
quanto a confrontos internacionais a nível juvenil. 
Posteriormente, isto seria enfatizado com os vários 
recordes mundiais batidos por nossos estudantes-
atletas nos campeonatos de Florença (1974), Poitiers 
(1975) e Orleães (1976) e pelas quarenta e uma 
medalhas conquistadas ao longo dessas competições. 
Assim, não mais restando dúvidas quanto ao 
nosso potencial atlético, cabe uma pergunta: por que 
nossos atletas ao atingirem a idade adulta inter-
rompem o caminho rumo ao podium olímpico? Às 
inúmeras causas detetadas e já exaustivamente ana-
lisadas poderíamos acrescentar a dificuldade de 
nossos técnicos se atualizarem, seja através da aqui-
sição de literatura especializada, seja através de 
contatos com centros de treinamento de excelência 
no exterior. 
Da constatação deste fato e em consonância 
com as diretrizes que orientam a estratégia de ação 
do DED na condução dos desportos na área estu-
dantil, nasceu, em 1973, o projeto Estágio de Aper- 
feiçoamento de Professores-Técnicos e Treinamento 
de Estudantes-Atletas, no exterior. 
Os objetivos a serem alcançados através da 
execução desse projeto eram dirigidos prioritaria-
mente para a capacitação técnica de profissionais 
militantes nas modalidades de ginástica olímpica e 
atletismo numa primeira etapa. A inclusão de estu-
dantes-atletas no projeto tinha uma dupla finalidade: 
a de dar-se início a um programa de treinamento a 
longo prazo visando às olimpíadas de 1980 
(selecionaram-se os atletas mais jovens) e a de 
permitir aos nossos professores-técnicos estagiários 
a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos. O 
destaque conquistado pelo Brasil no âmbito do 
atletismo mundial estudantil é o resultado do talento 
de nossos jovens, orientados pela emergente equipe 
de técnicos de satisfatório padrão que começou a se 
formar a partir do I Estágio Técnico de Atletismo 
realizado em 1974, na cidade de Mo-gúncia (Mainz, 
Alemanha Ocidental). 
O presente trabalho é o resultado dos ensina-
mentos colhidos por nossos técnicos no decorrer dos 
3 estágios de atletismo realizados no Instituto de 
Esportes da cidade de Mogúncia nos anos de 
1974,1975 1976. 
O Departamento de Desportos e Educação 
Física, órgão do Ministério da Educação e Cultura, 
responsável pela promoção desses estágios técnicos, 
vem, através da publicação deste documento, ofere-
cer aos técnicos, professores, atletas e desportistas 
que militam no atletismo brasileiro subsídios que 
esperamos venham enriquecer o acervo de seus co-
nhecimentos. 
 
INTRODUÇÃO 
Na composição estrutural deste Caderno técnico 
foi respeitada a versão original elaborada pelas 
equipes de trabalho distribuidas em suas áreas de a-
tuação, conforme o organograma estabelecido pela 
chefia da delegação. Entretanto, para efeito de me-
lhor compreensão do leitor,obedeceu-se uma seqüên-
cia expositiva que permitiu um acompanhamento à 
distância do que foram as sete semanas de trabalho 
árduo de professores-técnicos e estudantes-atletas 
durante o III Estágio Técnico de Mogúncia. 
O Capítulo I — Treinamento desportivo de alto 
rendimento — condensa as aulas teóricas abor-
dando os múltiplos aspectos referentes à ciência do 
treinamento e representam, como de resto todo o 
trabalho aqui apresentado, o pensamento dos pro-
fessores e técnicos do Instituto de Esportes da Uni-
versidade de Mogúncia (Mainz, Alemanha). 
Os Capítulos II, IIIe IV se referem às qualidades 
físicas básicas e contêm as aulas teóricas, pesquisas 
mais recentes, treinamento cumprido pelos atletas e 
resultado dos testes a que foram submetidos. 
Finalmente, o Capítulo V, além de reunir re-
sultados de pesquisas genéricas, apresenta um cro-
qui do recinto coberto onde se desenvolveu a maior 
parte das atividades práticas, além de alguns 
implementos utilizados que poderiam servir de mo-
delos. 
 
 
COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS 
VELOCIDADE 
Professores: José Ferreira da Silva, Antônio Carlos 
Feijão, Erica Lopes Rezende, Gipe Alves de Oliveira, 
Jorge Okimoto, Carlos Souza Pimentel, Margot Ritter 
da Costa, Raimundo Nonato e Roberto Yasuto 
Yoshige. Atletas: Antônio Euzébio Dias Ferreira, 
Antônio Carlos Nunes dos Santos, Elias Gonçalves 
Pereira, Francisco de Assis Campos Neto, lonide 
Souza Cruz, Homero Sérgio Gomes, Maria Tereza 
Ferreira, Míriam Inácio da Silva, Pedro Ivo da Silveira 
e Tânia Regina da Silva Santos. 
MÉDIA E LONGA DISTÂNCIA 
Professores: Waldemar Montezano, Atílio Dinardi 
Alegre, Eduardo Barbosa Vieira, Gaspar Theodoro 
de Melo, Sebastião Alberto Corrêa de Carvalho. 
Atletas: Agberto Conceição Guimarães, Aloísio de 
Araújo, Antônio Luiz Ranzani, José Arnaldo E. de 
Oliveira, Elói Rodrigues Schlader, Eva Batista Dias, 
Eva da Silva Góes, José Romão Andrade da Silva, 
Júlio de Souza Oliveira, Leonardo Vidal de Oliveira, 
Mara Fuhrmann, Marcos da Silva Frost, Paulo 
Ricardo Ferrugem e Jesus Navarro Pérez. 
 
SALTOS 
Professores: Benedicta Souza Oliveira, Adilson Ra-
mires Tassara, Altevir Aluísio Berezowsky, Carlos 
Francisco de José, Celby Rodrigues Vieira dos San-
tos, Celso Teixeira, Fernando Melo Andrade, Luiz 
Fernando Ribeiro de Moraes, Luiz Geraldo Pontes 
Teixeira, Marcelo Machado Ramos, Sebastião Cunha 
e Warlindo Carneiro Filho. Atletas: Ana Maria de 
Oliveira, Bárbara Vieira do Nascimento, Beatriz 
Bonfim, Hussein Zaghloul, João Luiz Fonseca, Maria 
Luisa Domingos Betioli, Marília Seifert, Mar-lene 
Gomes do Nascimento, Paulo Antônio Martins, 
Ricardo Seroa, Themis Zambryski e Ubiratan 
Sanchez Fernández. 
ARREMESSOS 
Professores: José Carlos Jacques, Alberto Carlos 
Amadio, Aristides de Andrade Junqueira Neto, Ivo da 
Silva, João Batista Freire da Silva, Jucílio Fernandes, 
Mara da Costa Dutra. Atletas:Antônio Aparecido 
Cunha, Antônio Carlos Barbieri Soares, Denise Maria 
Zen, Elida Eliane Mabeline, Fernando Sérgio 
Barwinski, Maria Angelina Boso, Maria Elizabeth 
Pedri, Maria Cristina Cavalheiro, Marly dos Santos, 
Manoel Leopoldo Pirovics Ferreira, Maurício Augusto 
Borges Aguiar, Moacyr A. D. Figueiredo, Odete 
Valentino Domingues, Roberto Nobuo Abe, Thea 
Maria Reinhart, Olga Maria Veríssimo e Celso 
Joaquim de Moraes. 
 
A ciência do treinamento busca tecnologias 
práticas com o objetivo de conseguir o máximo 
rendimento, pelo caminho mais curto. 
O rendimento é determinado por diversos fa-
tores. Isto significa que, dentro da ciência do trei-
namento, deve haver uma relação entre diversas 
ciências. Outros estudos, como o do movimento e 
da sociologia do desporto, não passam de subciên- 
cias da ciência do treinamento. 
Durante muito tempo a ciência do treinamen-to foi 
vista de maneira unilateral. Só nos últimos anos é 
que o treinamento autógeno foi empregado na 
ciência do desporto. Outro exemplo parecido é o 
estudo do treinamento mental. 
Este treinamento é no fundo uma prática na qual 
se aprendem seqüências do movimento sem praticá-
las; isto significa assimilar o movimento sem realizá-
lo, e sim imaginando-o. 
Temos uma experiência recente, realizada em 
Darmstadt, cidade perto de Mogúncia (Mainz, Ale-
manha), em que, através do método mental combi-
nado com a prática, se conseguem resultados me-
lhores e se aprende a técnica do volibol mais rapi-
damente. Não há dúvida de que, em relação à movi-
mentação no atletismo, pode-se concluir a mesma 
coisa, qual seja, chegar a resultados satisfatórios. Isto 
exige da ciência do desporto um programa de 
treinamento realizado em colaboração com a psico-
logia do desporto. 
As perspectivas do futuro indicam que, dentro 
de certo tempo, a ciência do treinamento poderá 
ter estes programas feitos através de computador. 
A primeira tentativa realizada na Alemanha 
sobre este trabalho foi aplicada em corrida sobre 
barreiras e apresentada na revista Leichtatletic. 
Treinamento geral. A ciência do treinamento 
geral visa à formação de regras básicas em relação 
ao treinamento. Temos como base a teoria de que 
todos os movimentos no desporto são movimentos 
segundo certas regras básicas. 
O objetivo da ciência do treinamento geral é 
conseguir determinantes do rendimento desportivo. 
Chegamos assim a 3 componentes: condição física, 
condição técnica e condição tática. Entretanto, com 
uma apresentação tão abstrata não se obtêm 
resultados concretos. Por causa disto, a ciência do 
treinamento geral vai sempre em direção à ciência 
do treinamento especial. 
— Regras básicas — São leis, e lei significa 
ciência natural, lei natural. 
Na ciência do treinamento distinguimos 2 for-
mas de leis: 
a) Leis determinísticas — São todas as leis naturais. 
Por exemplo: a velocidade com que um salta-dor 
ornamental mergulha na água depende da altura de 
que salta; quanto mais alto o ponto de salto, tento 
maior a velocidade com que mergulha. 
Em relação ao atletismo, quanto maior a velo-
cidade da saída da tábua, tanto maior é o compri-
mento do salto em extensão. 
As leis determinísticas têm sempre estas com-
binações: "quanto mais ... tanto mais" ou "quantos 
menos ... tanto menos". 
Dentro do desporto, normalmente não exis- 
 
 
tem leis determinísticas, mas sim leis estatísticas. b) 
Leis estatísticas — São leis que se estabelecem 
resultantes mais propriamente de pesquisas estatís-
ticas realizadas. Mantêm a relação "quanto mais — 
tanto mais", em certa porcentagem. 
Numa lei estatística, aumentando a velocidade 
da corrida, aumenta o comprimento do salto, mas 
somente em alguns casos. A velocidade de corrida 
não é idêntica à velocidade de saída da tábua, por-
que ela é diminuída através da própria tábua. 
Exemplo: um saltador que tem nos últimos 6 metros 
uma velocidade de 1 m/seg mais que outro saltador 
tem um resultado de 1,20m mais longo no salto; isto, 
porém, não é válido para todos os casos. A 
velocidade de saída da tábua é significante em todos 
os casos, o que não acontece com o comprimento do 
salto. 
Um velocista de 100m pode, nos últimos 6m, 
ser mais rápido que um saltador; entretanto, isto nao 
quer dizer que ele salte mais longe, pois perde na 
saída da tábua, detalhe que o saltador realiza com 
maior habilidade. 
Os resultados da ciência do treinamento se ba-
seiam quase sempre em leis estatísticas. As leis esta-
tísticas não se aplicam apenas por um exemplo iso-
lado; elas são significativas sempre para um conjun-
to. 
A seguir faremos uma representação gráfica de 
um salto em extensão, como exemplo. 
 
Supomos que um grupo de saltadores tem o 
mesmo ângulo de saída e a mesma técnica de que-
da. Podemos concluir, através do gráfico, que cada 
atleta que melhora sua velocidade de saída da tábua, 
em certo nível, vai melhorar também o comprimento 
do seu salto em certo nível; quem tem o valor x =1 
tem também y = 1. 
Se temos um ponto comum a todos os salta-
dores e se medimos a velocidade de saída da tábua 
junto com o comprimento do salto, é evidente que 
esta combinação nos dá a relação "quanto maior — 
tanto maior". 
Quando temos uma lei determinística, não há 
variações: os pontos não podem sair da linha. Um 
O presente gráfico será analisado segundo as leis 
estatísticas. 
O eixo de y representa a velocidade do saltador 
nos últimos 6m. Cada saltador perde velocidade na 
tábua; o objetivo dele será, portanto, perder o 
mínimo de velocidade. 
A velocidade de corrida de A diminui, muitas 
vezes, menos que a velocidade de corrida de B. 
Combinando a velocidade nos últimos 6m com 
o comprimento do salto, vemos que os diferentes 
corredores perdem, de maneira diferente, a 
velocidade na tábua. Observamos, então, uma varia-
ção entre a combinação do comprimento do salto 
com a velocidade dos últimos 6m. 
Tomemos como exemplo os saltadores A e B; 
os dois correm com a mesma velocidade, mas ape-
sar disto B salta mais que A. 
Comparando os dois atletas, temos: a lei que 
preconiza que "o saltador mais veloz salta mais lon-
ge" não é, aqui, válida; isto quer dizer que "nem 
sempre o saltador mais veloz é o que tem o melhor 
salto", o que leva a estabelecer uma lei estatística. 
De maneira geral, apesar da variação dos pon-
tos um pouco afastados da linha reta, podemos es-
tabelecer, respeitando as exceções, uma regra geral: 
"os que correm mais rápido saltam mais longe". 
— Leis estatísticas: falta de prognose com res-
peito a cada atleta. 
— Leis determinísticas: temos dados concre-
tos. 
Um saltador que corra 1 seg mais rápido nos 
100 m tem a probabilidade de saltar 1m ou 1,20m 
mais longe. Não asseguramos, entretanto, que ele, 
melhorando 1 seg, salte exatamente 1,20m mais; 
não podemos garantir em que proporção a melhoria 
de velocidade irá ser transformada na tábua. 
Em experiências realizadas pelo Dr. Letzelter 
com as melhores velocistas alemãs, os resultados 
mostraram que as corredoras que correm com maior 
freqüência obtêm melhor resultado nos 100m pelo 
número de passadas dadas e não por causa da 
amplitude das passadas. Hoje, novas pesquisas 
vieram confirmar que "um corredor que au- 
 
aumento de y - 1 na velocidade do salto tem un 
aumento de x = 1 no comprimento do salto. 
 menta a sua freqüência em x seg pode também 
aumentar a sua velocidade" e "um corredor que tem 
sua amplitude aumentada terá também sua ve-
locidade melhorada", com probabilidade de erro em 
5% sobre estas conclusões. 
A diferença entre as pesquisas anteriores e 
posteriores é que: "podia-se falar de maneira geral 
que o aumento da freqüência resultaria em correr 
mais rápido"; hoje, já se pode dizer que quem tem 
uma freqüência maior vai correr tantos centésimos 
porsegundo mais rápido. 
Limitações aos métodos — Os resultados es-
tatísticos se baseiam sempre na comparação de di-
ferentes atletas. Então, perguntaremos: em que se 
distinguem os melhores atletas dos piores, em certos 
elementos? 
Os métodos estatísticos se baseiam sempre na 
comparação interindividual entre A e B, A e C, B e C, 
e assim por diante. Através da comparação inter-
individual, chegamos à comparação intra-individual, 
isto é, através da comparação de muitos, observa-
mos uma mudança de um atleta do grupo. A com-
paração de um atleta consigo mesmo é intra-indi-
vidual. A comparação de um atleta dentro do grupo é 
interindividual. 
— Exemplo de comparação interindividual 
Perguntamos se os melhores corredores de 100m 
têm mais unidades de trabalho que os piores. 
Tivemos como resultado que os melhores corredores 
têm mais unidades de treinamento que os piores e 
concluímos que eles correm mais rápido porque 
 têm mais unidades de treinamento por semana. - 
Exemplo de comparação intra-individual Um atleta 
treina determinadas unidades por semana; medimos 
seu resultado. Em seguida, aumentamos as unidades 
de treinamento semanal; medimos seu resultado 
novamente e melhorou. Concluímos que seu 
rendimento melhorou porque aumentaram suas 
unidades de treinamento. 
Variando a freqüência de unidades de treino, 
observamos que, à medida que muda o resultado, 
temos uma variável independente, que são as unida-
des de treinamento, e outra dependente, que é o 
resultado da corrida. 
Numa comparação interindividual não temos 
uma experiência, mesmo porque não variamos as 
unidades de treinamento, mas variamos os resulta-
dos da corrida, porque tomamos corredores com 
resultados diferentes. 
No fundo, comparamos atletas de diferentes 
resultados com unidades de treinamento, mas não 
podemos concluir com certeza absoluta que aqueles 
que correm mais rápido o fazem porque têm 
mais unidades de treinamento; mas em relação à 
comparação intra-individual (com relação à expe-
riência) concluímos que o atleta que aumenta a 
unidade de treinamento aumenta também a velo-
cidade de sua corrida por causa do aumento da 
unidade de treinamento. 
Aqui temos a complicação destes métodos, e o 
outro problema é a validade dentro da represen-
tabilidade. Leis determinísticas são válidas sempre 
para tudo, em todos os ângulos; não as podemos 
transformar através de manipulações. As leis esta-
tísticas permitem essa manipulação; por isso são 
válidas para as partes específicas. Exemplo: num 
grupo de corredores de 100m com 10" e 10"5, os 
melhores podem ter mais unidades de treino. Mas, 
se treinarem 20 a 25 vezes por semana, podem pio-
rar o resultado, pelo excesso de treinamento; aí 
teremos o contrário da lei "quanto mais — tanto 
mais". Se usarmos as leis estatísticas consciente-
mente e com fundo de informações bem grande, 
muito se consegue, em relação ao treinamento, em-
bora nunca tão certo como 2 e 2 são 4; em tudo que 
elas dizem há sempre uma probabilidade de engano. 
REGRAS BÁSICAS PARA O TREINAMENTO 
DESPORTIVO 
A ciência do treinamento ainda é bastante jo-
vem. As leis básicas do ensino de treinamento surgi-
ram por volta da década de 50. Antigamente, por 
treinamento entendia-se aquele dirigido ao atleta de 
alto nível. Então, simplesmente, foi feita uma 
generalização do treinamento de atletas de alto nível; 
não eram, porém, resultados científicos, e sim, 
resultados de experiências subjetivas. Temos o 
exemplo da imitação do treinamento de Zatopek, que 
nada servia para generalização, pois era um 
treinamento especial. A adequação científica do 
treinamento especial para o treinamento geral foi 
feita através de experiências subjetivas de muitos 
treinadores e atletas. Estas experiências foram ana-
lisadas e generalizadas, e hoje o que é denominado 
"ciência do treinamento" significa a transformação 
das leis subjetivas em leis objetivas. 
Uma regra básica é o princípio do treinamento 
contínuo, isto é, continuidade e aumento do 
rendimento, num treinamento sem interrupção; 
mesmo na manutenção do treinamento não deve 
haver interrupção. Por este princípio, a interrupção 
significa perda de rendimento. 
 
 
 
O treinamento desportivo é determinado por 
uma relação ót ima entre treinamento e 
recuperação. Esta relação entre sobrecarga e 
recuperação é idêntica ao fenômeno da 
supercompensação. O objetivo é ganhar mais 
energia do que a que se gastou anteriormente, o que 
se explica por processos bioquímicos. O segredo do 
treinamento é que o gasto de energia redunda em 
novo ganho energético; ou seja, o gasto de energia é 
a razão para o ganho de mais energia em um nível 
maior que o anterior (a curto, médio e longo prazo), o 
que implica em cargas de curta, média e longa 
intensidade. Está relacionado com o problema de 
carga e recuperação, e diretamente ligado com a 
periodização do treinamento. 
Essa recuperação após a carga é importante, 
porque o ganho de energia é conseguido na fase de 
descanso. Atletas muito treinados têm uma recupe-
ração mais rápida, e daí a possibilidade de se au-
mentar o número de treinamentos para esses atletas. 
Supertreinamento - Os intervalos são pequenos 
demais, provocando uma queda no rendimento. 
 
Esta resposta retorna em forma de feedback, e 
isto nos dá a informação da intensidade do estímulo. 
Princípio ótimo do treinamento — Respostas 
adequadas: quanto maior a adaptação, maior pode 
ser o novo estímulo (em quantidade e intensidade). 
Princípio de sobrecarga progressiva (PSP) — O 
princípio da sobrecarga progressiva baseia-se no 
aumento das cargas à medida que ocorrem as 
adaptações. A subida do potencial de rendimento 
deve crescer paralelamente ao aumento da inten-
sidade de estímulos. Essa subida inicialmente 
acontece em linha reta, e a partir de um certo nível 
forma uma curva. Por isso, observamos uma melhora 
mais rápida em principiantes que em atletas 
qualificados. Por exemplo, é mais rápida a melhora 
em um velocista de 11 ".5 para 10".8 do que em um 
de 10".3 para 10".1. Segundo o PSP, quando sobe o 
potencial de rendimento, sobe também a intensidade 
do estímulo, e isto até o limiar das possibilidades de 
rendimento. O treinador deve ter capacidade de saber 
limitar as cargas, para conseguir uma relação ótima 
entre carga e rendimento. 
 
Interrupção do treinamento — Intervalos 
grandes demais, ultrapassando-se o ponto ótimo de 
novo estímulo, o que acarreta queda do rendimento. 
 
Quanto maior a carga, maior o tempo de re-
cuperação, e vice-versa. 
O treinamento do velocista, por exigir mobili-
zação intensa do sistema nervoso, deve ser menos 
freqüente que o dos outros, porque implica também o 
cansaço mental, que exige um maior tempo de Fe-
cuperação. Fatores de cansaço emocional, senso-
rial, mental e físico exigem muito no treinamento 
 
 
Supercompensação — Intervalos adequados.
 
do velocista, o que explica menor freqüência de seu 
treinamento. 
Princípio da sobrecarga — Podemos considerar 
2 (dois) aspectos: 
1) Intensidade — É dada em metros por se-
gundo ou carga desenvolvida. Pode ser: objetiva, 
quando é medida diretamente em metros por se-
gundo, ou peso, por exemplo; e subjetiva, quando se 
dá a porcentagem do máximo da carga do atleta. 
2) Duração do estímulo — É o tempo de du-
ração de uma sobrecarga. Exemplo para um velocis-
ta: 10 X 100m em 15" para cada 100m. Quanto 
maior a duração do estímulo, menor a intensidade, e 
vice-versa. 
 
Treinamento desportivo é qualificado como uma 
relação ótima entre volume e intensidade. 
Duração e freqüência multiplicadas dão como 
resultado o volume. 
De maneira geral pode-se quantificar a freqüência. 
Exemplo: o número de repetições na corrida, o 
número de saltos ou de flexões de joelhos 
(agachamento com halteres), dentro deuma unidade 
de treinamento. Numa corrida, duração X freqüência, 
é igual ao volume. Exemplo: 10 X 100 m 1.000m. 
Entre freqüência e intensidade existe uma re-
ação contrária: "quanto maior a velocidade, menor 
a duração". Assim como uma 'intensidade muito 
grande só permite poucas repetições. 
Temos a mesma regra em relação à intensida-
de e duração. Ambas têm como resultado o volu- 
me 
Relações contrárias: intensidade — freqüência; 
intensidade — duração; intensidade — volume. 
Se temos uma relação contrária entre intensi-
dade e freqüência e entre intensidade e duração, 
temos também uma relação contrária entre volume e 
intensidade. 
O volume pode ser medido em quilômetros, 
quilogramas ou no tempo geral de uma unidade de 
treinamento. Temos sempre que distinguir a duração 
de unidade de um treinamento e a duração de um só 
exercício. 
VOLUME X INTENSIDADE 
Em relação a cada atleta, torna-se necessário 
saber em que ponto se deve dar prioridade, porque a 
relação entre volume e a intensidade não é estável. 
Nesta relação existe uma variação contínua. Isto é 
importante para o planejamento a médio e longo 
prazo. 
De maneira geral, no princípio do processo de 
treinamento existe uma acentuação do volume de 
treinamento; um aumento de volume significa o 
treinamento de base. 
Aumentando-se o volume no início, podem-se 
conseguir 2 objetivos principais: 
a) a base geral, que é a fundamentação do treina-
mento, é melhorada; 
b) com o aumento de volume em relação a princi-
piantes, consegue-se já um aumento de rendimento. 
Em se tratando de atletas de alto nível, através 
do volume só se consegue um aumento da base. 
Nestes atletas, a melhoria do rendimento dentro de 
determinadas provas só é conseguida através de in-
tensidade. Isto é importante dentro de um programa 
de curto prazo. Exemplo: no treinamento de um ano. 
No treinamento de um ano, no início, aumenta-
se a base através do volume; um pouco antes da 
competição, aumenta-se a intensidade. Este é um 
problema de periodização. 
Em termos concretos, concluímos que pode-
mos distinguir duas formas de volume: o aumento do 
volume em relação ao trabalho de base ótima; o 
aumento do volume em relação ao trabalho de base 
máxima. 
Uma base ótima existe quando ela é suficiente 
para permitir um treinamento específico em relação a 
uma determinada prova. Uma base máxima é a que, 
em relação à competição, é muito importante. 
Exemplo: um velocista necessita somente de um 
nível ótimo de resistência, e quando atinge este nível 
não tem sentido continuar aumentando-o. O fundista 
necessita de uma resistência de base máxima. 
Segundo pesquisas científicas, o velocista só Precisa 
de nível ótimo de força; acima deste nível, 
 
 
 
não há razão para aumentar força. 
No dina-press, fazendo trabalho de força, o 
velocista necessita de um índice de força de mais ou 
menos 1,25. Isto não significa que valores menores 
não sirvam para o melhor rendimento, e sim que 
valores mais altos são ineficientes. 
— Forma de achar este nível — Medir a força 
de pressão da perna direita e da perna esquerda 
num dinamômetro. Somar e dividir por 2. 
Exemplo: 
Valor médio entre as duas pernas ............ 96 
Peso do corpo ............................................. 75 
 
75 
Podemos concluir que, atingindo-se um índice 
de força máxima superior ou igual a 1,25, não se 
necessita mais fazer trabalho de força máxima, e, 
sim, de força submáxima, porque esses exercícios 
melhoram a força rápida. 0 treinamento especial só 
para melhorar a força máxima não teria sentido; o 
importante é ver que o objetivo não é a força máxima, 
e sim a força ótima, É preciso analisarmos se 
precisamos de uma base máxima ou ótima. Quanto 
mais se precisa de uma base, tanto mais se precisa 
de volume. Quanto menos precisamos de uma base, 
tanto mais temos que treinar intensidade. 
Ainda com relação aos velocistas, é sabido que 
o volume do coração maior que 850 a 950 cm3 já não 
tem valor para o rendimento. O velocista precisa de 
resistência ótima para treinar com intensidade. 
— Base ótima — quanto mais, melhor, até certo 
ponto. 
— Base máxima — quanto mais, melhor, em 
todos os casos. 
Um aumento de rendimento em conseqüência 
do aumento do volume é lento; um aumento devido à 
intensidade é rápido. 
Um certo nível de rendimento adquirido através 
do aumento do volume, sofrendo interrupção no 
treino, não baixa rapidamente; o rendimento 
adquirido através da intensidade, depois de uma 
interrupção, cai rapidamente. 
O treinamento desportivo é caracterizado por 
uma relação ótima entre o treinamento geral e o 
treinamento especial. Treinamento geral é treina-
mento básico e abrange todos os aspectos gerais. 
Treinamento especial abrange aqueles exercícios 
que distinguem uma prova de outra. A relação entre 
ambos é instável e é qualificada como um processo 
contínuo de especialização; isto significa que a 
percentagem de treinamento especial aumenta com 
o aumento do rendimento. O importante 
é que aqui se pode falar em percentagem. Isto quer 
dizer que "a percentagem do treinamento especial 
vai aumentando, em relação ao geral, apesar de 
haver um aumento contínuo do treinamento geral". 
Exemplo: 
 
 
Um esquema de treinamento para um atleta vai 
a aproximadamente 10 anos. Exemplo: começando 
aos 10 anos, pode aos 20 estar com o rendimento 
máximo. Isto, entretanto, não quer dizer que não 
existam atletas que não alcancem seu rendimento 
máximo em menos tempo; trazem, porém, uma base 
de outras atividades esportivas: João Carlos de 
Oliveira, com 3 anos de treinamento, bateu o recorde 
mundial do salto triplo; antes, todavia, jogava futebol. 
Assim, a transformação da base geral para uma 
base especial depende das práticas anteriores. 
Exemplo: um atleta de 17 anos; verificamos em que 
nível está sua formação geral. Temos que avaliar se 
este nível é essencial para sua especialização ou se 
temos que aumentar o nível geral para ter uma boa 
especialização. Seria muito mais fácil se, dentro da 
ciência do treinamento, tivéssemos conhecimento 
que permitisse dizer que, para esta ou aquela prova, 
seriam necessários tais valores para continuar o 
trabalho. 
Em relação a 3 características, já se consegue 
dar valores aproximados. No salto em extensão uma 
saltadora com resultado de 6m teria que correr os 
100m em 12" ou 12".2, conseguir no salto sêxtuplo 
(canguru) 15,80m, ter um índice aproximado (IR) de 
0,25 a 1,05, ter uma força de salto vertical de 56 a 
58cm e ter um nível geral para correr mais ou menos 
10km devagar, sem interrupção. Se não conseguir 
estes resultados, deverá, então, aumentar certos 
componentes do nível geral. Não se pode, 
entretanto, dizer que não pode saltar 6m sem um ou 
dois destes componentes. 
Para usar este esquema, seria melhor que a 
ciência já fosse capaz de dar os valores para as dife-
rentes idades. Se a ciência conseguisse esses resulta-
dos para todos os diversos níveis de atletas, seria 
muito mais fácil dirigir o processo de treinamento. Já 
existem pesquisas neste sentido. 
O treinamento desportivo é caracterizado 
também por uma periodização. Temos 4 pontos 
 
 
importantes em relação à periodização do treina-
mento: 
1) conseguir bases da forma desportiva; •2) conseguir 
de maneira imediata a forma desportiva; 
3) estabilização da condição desportiva; 
4) destruição da condição desportiva. 
 
1) Base — Certos elementos da forma geral são 
aumentados. 
2) Forma — Conseguir, de maneira imediata, a 
forma do atleta. Os elementos mais importantes são 
trabalhados. 
3) Manutenção — Estabilização da condição do 
atleta. 
4) Destruição — Esta destruição da forma é cons-
ciente, e os elementos que estavam numa relação 
ficam particularizados. Isto não significa que o níveldos elementos é baixado, e sim que a sincronização 
antes existente é dissolvida. Estes vários elementos 
são interdependentes, têm uma influência uns sobre 
os outros. Se mudamos um elemento, o conjunto 
todo começa a ser destruído. Esta destruição é 
condição básica para se conseguir um novo aumento 
dos diferentes elementos. Assim, temos todos os 
anos o mesmo ciclo, mas sempre em um nível cada 
vez mais alto. Se não tivéssemos esta destruição da 
condição, ela continuaria no mesmo nível. Todos os 
anos esta destruição é, portanto, condição para um 
novo treinamento de base, pois o objetivo do 
treinamento é aumentar cada vez mais. No período 
de destruição da forma, usa-se dar ao atleta 
atividades que não as de seu treinamento esportivo 
normal. Exemplo: volibol, natação. 
BASES DO RENDIMENTO ESPORTIVO 
O rendimento esportivo é condicionado por 
diferentes elementos: características intensivas do 
treinamento: aquelas que se podem melhorar pelo 
treinamento (ex.: força máxima); características in-
diferentes ao treinamento: as que não podem ser 
melhoradas (ex.: altura do atleta). 
Quanto às características intensivas definimos 
certos graus ou níveis de intensidade. Existem as 
que se podem melhorar mais, e outras menos; 
exemplo: características de resistência são mais in-
tensivas que as de velocidade; estes graus definem 
também o volume do treinamento. 
As características indiferentes são tomadas em 
relação à seleção e quase sempre são limitações ne-
gativas (apenas limitam-se as possibilidades). 
Classificamos as características, em relação ao 
rendimento, em: distintas ou relevantes e indiferentes 
ou irrelevantes. 
— Grupo das características relevantes: carac 
terísticas relevantes absolutamente lógicas e ca 
racterísticas relevantes empiricamente estatísticas. 
Exemplo: a velocidade de reação de saída tem rele 
vância lógica, ou seja, é relevante em relação ao 
rendimento se melhorarmos 0,1 seg na saída; impli 
ca numa melhora de 0,01 a 0,02 seg no resultado 
total. A relevância empírico-estatística apenas des 
taca o pior atleta do melhor. Todas as característi 
cas com relevância empírico-estatística têm uma re 
levância lógica, mas o contrário não é verdade. 
Com o treinamento é possível aumentar o nível 
em relação às duas características. O objetivo do 
treinamento é procurar características com rele-
vâncias empírico-estatísticas. 
Os componentes do rendimento e as caracte-
rísticas indiferentes são as bases do rendimento es-
portivo. Portanto, "rendimento é o resultado da 
capacidade de rendimento". 
— Capacidade de rendimento (elementos): ca-
pacidade de rendimento — parte física; disposição 
do rendimento - parte psíquica. 
— Objetivos do rendimento: 
objetivos cognitivos: realização mental de de-
terminados objetivos do treinamento (ex.: planeja-
mento); 
objetivos psíquicos: determinam a força de 
vontade (por disposição do rendimento entendemos 
superação da força de vontade); 
objetivos motores: qualidades motoras e téc-
nicas motoras implicam condição física. 
É com esta soma de habilidades e capacidades 
técnicas que criamos bases técnicas para a experiên-
cia do movimento analisador "kinestésico" —kinas-
thetik (avalia o movimento). Quer dizer, quanto mais 
são incorporadas novas experiências no movimento, 
tanto mais fácil se torna a aprendizagem de novas 
técnicas ou sua correção. Puni (Rússia) fez 
questionário com 100 das melhores atletas russas, 
que, depois de filmadas, apresentavam certos erros, 
mas as atletas não viram os filmes; depois, em novo 
questionário, perguntou-se qual o erro de cada uma e 
90 por cento acertaram. Com iniciantes isto não 
acontecia; faltava consciência do movimento. Em 
atletas de nível médio acharam-se 50 por cento de 
acertos. Em crianças acharam-se apenas 20 por cen-
to. 
 
— Condição física: soma das qualidades físicas 
(motoras). 
Conceitos abstratos: capacidade de força; ca-
pacidade de resistência; capacidade de velocidade; 
capacidade de coordenação. 
Temos ainda habilidade, mobilidade, capaci-
dade de movimentação. A capacidade em si não 
existe; temos diferentes capacidades específicas (a 
força do velocista é diferente da força do arremes-
sador). 
Dada a mistura das qualidades trabalhadas, te-
mos: condição física geral — base de todos os ele-
mentos da condição física; condição física especial 
— trabalham-se as qualidades importantes para 
certas provas e que sejam importantes também no 
desenvolvimento do treinamento. 
Se destacamos características em níveis dife-
rentes, temos o trabalho da condição física especial, 
quando são desenvolvidas no treinamento as 
valências físicas mais relevantes, segundo o objetivo 
da prova (mistura de elementos empírica e estatisti-
camente relevantes). 
Na condição física geral, quanto mais as va-
lências físicas são desenvolvidas harmoniosamente, 
tanto mais facilmente se desenvolvem as qualidades 
específicas. 
Em pesquisa de Utecht (Leipzig — Alemanha 
Oriental), formaram-se 3 grupos (10 a 11 anos): G1 
— treinou condição física geral em 3 anos; G2 — 
treinou à base de velocidade (condição física 
especial); G3 — grupo de controle (desportos 
escolares). Depois de um ano, G1 e G2 estavam no 
mesmo nível. Dois anos mais tarde, o aumento de 
níveis foi proporcional a ambos (portanto, o 
treinamento geral teve o mesmo efeito que o 
treinamento especial). No terceiro ano, G1 também 
fez treinamento especial e então teve o dobro do 
ganho em relação a G2. Tiveram os dois grupos, no 
início, o mesmo aumento, mas a partir de certo 
momento G1 tinha um nível de potencial bem maior, 
dado o trabalho de condição física geral. 
APRENDIZAGEM MOTORA 
Aprendizagem motora significa aprender ou 
adquirir capacidades motoras em conjunto, gerais ou 
especiais. 
Ao professor de educação física cabe dar con-
dições motoras gerais ao aluno, e ao técnico cabe 
dar uma capacidade motora parcial ou especial, isto 
é, fazer o aluno aprender um movimento novo ou 
reaprender certos movimentos. 
Regras de comportamento 1 — Idade — 
Certas capacidades motoras gerais e 
especiais só são possíveis de aprender após certa 
idade. Denomina-se a isto "ontogênese motora" 
Ontogênese motora é a aprendizagem motora que 
vai desde o nascimento até a morte. Divide-se em 
ontogênese motora de capacidade e ontogênese 
motora de qualidade. 
Em uma determinada idade, o aluno possui 
condições de combinar determinados movimentos 
(ex.: correr e transformar a velocidade horizontal em 
um impulso vertical). Para o atletismo, é possível 
aprender todas as capacidades motoras nas se-
guintes idades: meninas: entre 8, 9 e 10 anos; rapa-
zes: entre 9, 10 e 11 anos. 
A essas crianças já se podem ensinar todas as 
bases técnicas. 
A aprendizagem motora é mais fácil na pré-
puberdade que na puberdade. Mais exatamente, 
segundo Meinel, dois anos antes da puberdade. Uma 
boa base na infância permitirá mais facilmente uma 
especialização. Partindo desta premissa, já é possível 
descobrir crianças de talento entre 9, 10 e 11 anos, 
desenvolvendo-lhes um sentido de movimento 
(analisador cinestésico). 
Podemos definir aprendizagem como um pro-
cesso de input e output, isto é, o que entra são as 
diretrizes do treinador e o que sai é o resultado do 
atleta. 
Nunca podemos dar informações demais ao 
aluno, porque o mesmo não poderá captar tudo. 
Temos que selecionar essas informações. Não só as 
informações, mas também a maneira de dá-las é 
importante. Isso também depende da idade. A 
criança, por exemplo, sente necessidade de ver ima-
gens para captar melhor as informações. Já com um 
atleta de 19 anos, por exemplo, a informação é dada 
de tal maneira que o atleta, por sua própria cabeça, 
orienta os seus movimentos. 
2 — As informações devem ser dadas durante um 
longo período — Por exemplo,no salto em altura não 
se deve dar uma nova informação antes que se 
tenha acertado a anterior. 
3 — Para a qualidade da aprendizagem, são decisi-
vas as condições interiores do aprendiz — A capa-
cidade de aprendizagem diminui com o cansaço. 
Depende, além da concentração, da transformação 
das informações pelo sistema nervoso central, e isso 
não é possível quando se está cansado, ou melhor, 
não se obtém o resultado desejado. Além do mais, 
para aprender ou melhorar determinados movimen-
tos, não se deve executá-los por um tempo exces-
sivo. Por outro lado, o treinador deve dar o trabalho 
técnico, de correção de movimentos, sempre no 
início do treinamento, logo após o aquecimento. 
4 - A aprendizagem não se mede pelo resultado, 
mas sim observando-se a razão ou motivo da falha 
 
 
ou progresso - Um mau resultado provém, muitas 
vezes, de erros no treinamento; o treinador deve 
corrigir esses erros. Se um atleta aborda errada-
mente a tábua de saltos em extensão, não adianta 
dizer-lhe para acertar a batida do pé, pois o erro 
estará certamente nas últimas passadas da corrida. 
5 — As informações devem ser claras. Não devem 
ter duplo sentido — É muito importante criar con-
dições ótimas para a aprendizagem. Esta aprendiza-
gem se processa através do sistema nervoso central. 
Uma ótima técnica é proveniente da relação ótima 
entre as unidades motoras estimuladas e as que 
opõem resistência a essas unidades. A partir disso, 
podemos concluir que o movimento executado por 
um principiante é feito com grande gasto de energia, 
pois estimula muitas unidades motoras, tanto ativas 
como oponentes, em excesso. 
O objetivo final da aprendizagem é a automa-
tização: estereótipo dinâmico motor, forma de mo-
vimento completamente automatizada, podendo o 
executante, inconscientemente, executar o movi-
mento, favorecendo a concentração em outros pe-
quenos detalhes. Sem essa automatização, não se 
conseguirá dar pequenos detalhes técnicos como in-
formação, pois o atleta, ao se concentrar nessas 
minúcias, esqueceria o conjunto de movimentos, É 
importante aos treinadores saber quais as melhores 
informações a dar e como dá-las. 
"O PROBLEMA DO ACOMPANHAMENTO EM 
COMPETIÇÃO E EM TREINAMENTO NO ATLE-
TISMO" (trabalho apresentado em 1975, em uma 
conferência em Moscou, pelo Prof. Berno Wisch-
mann) 
0 trabalho de acompanhamento em treinamento 
e em competição é de grande importância no 
desporto. 
Muitas vezes, uma regressão em termos técni-
cos e de rendimento se deve a uma deficiência de 
um trabalho de acompanhamento e de orientação. 
Existe um ditado alemão que diz: "Não se pode 
pentear todos os indivíduos da mesma maneira". 
Num trabalho de Schmolinsky e Van Aaken, o 
relacionamento entre técnicos e atletas ocupa uma 
importância muito grande. 0 sueco Aleman analisou 
algumas dessas relações entre atletas e treinadores e 
encontrou como fatores positivos de relacionamento: 
simpatia, companheirismo, amizade, fatores estes 
que estão sempre relacionados com bons resultados 
atléticos. 
Atletas mal sucedidos estão geralmente rela-
cionados com os fatores negativos, quais sejam: 
antipatia pelos treinadores, apatia, etc. Em termos 
de quantidade, pode-se dizer que muitos desses 
problemas são tratados, às vezes, de maneira bem 
superficial, não sendo levados devidamente a sério. 
Esse acompanhamento não é empregado apenas no 
atletismo, mas também em outros esportes, levando-
se em conta a diferença de cada um deles, ou seja, 
esporte coletivo, esporte individual e a característica 
de cada atleta. 
Com relação às dificuldades internas, estão 
também relacionados os fatores externos que atuam 
no atleta: problemas relacionados com a família, 
profissão, escola, problemas íntimos, afetivos, etc. 
São bastante conhecidos e diferenciados os 
caminhos utilizados pelos treinadores nesse 
acompanhamento. Todo treinador vai sempre deixar 
a sua marca, o seu carimbo, em todo trabalho de 
acompanhamento, ou seja, sua forma pessoal de 
fazer o acompanhamento. O professor Dr. Steinbach, 
4º colocado no salto em extensão em Roma, faz 
referências e observações a vários tipos de 
característica, dentro desse trabalho. 
Existe num grupo o chamado líder: é o que se 
manifesta dentro de um grupo sempre através de 
suas idéias e opiniões. Todo aquele que tiver a capa-
cidade de liderança, num trabalho de acompanha-
mento em uma competição, provavelmente vai ser 
melhor sucedido, desde que não perca o controle, 
devido a pressões externas ou outros estados varia-
dos. Essa mesma característica o treinador poderia 
utilizar em atletas de níveis altos, atletas inseguros; o 
treinador agiria motivando e encorajando o atleta, 
para os seus resultados e possibilidades. 
Atletas individualistas, tipos fechados, isolados, 
mesmo possuindo autoconfiança, são freqüentes 
dentro do esporte. Há necessidade de acompa-
nhamento, principalmente quando o resultado lhe 
sobe à cabeça, com influências negativas, por força 
de fatores externos que atuam no seu rendimento. 
Em grupos de atletas que o Prof. Berno tem 
acompanhado, existem vários tipos: uns têm medo, 
outros se realizam com promoções em jornais, exis-
tindo ainda outras manifestações. 
O atleta não complicado, livre de problemas, 
não é freqüente no esporte. Atleta inteligente, des-
contraído, sem complicação, praticamente não 
apresenta problemas para o técnico; atletas sem es-
sas características de personalidade devem ser 
acompanhados em competições, tanto de nível na-
cional como internacional. 
A distância do lar apresenta, como conseqüên-
cia, problemas de relacionamento e de acompanha-
mento. O treinador que trabalha com um atleta por 
mais tempo é o que vai ter melhor condição de 
acompanhar esse atleta no setor esportivo, com 
maior precisão. 
 
Não é correto treinadores nacionais acompa-
nharem atletas que durante todo o ano treinaram 
com seus treinadores locais, sem ter tido contato 
anterior algum com esses atletas. 
O bom treinador faz observações e experiên-
cias em vários sentidos, para colher elementos a fim 
de melhorar o rendimento esportivo. 
Outro fator importante é a nutrição. Atletas 
comem durante todo o ano mel, leite, cevada, carnes 
e verduras. Deve ser observado o efeito do café em 
relação a aumentar ou diminuir determinadas funções 
orgânicas. Alguns atletas às vezes tomam, 20 
minutos antes de uma competição, café forte com 
pouco açúcar; deve ser observada a dosagem do 
café antes de determinadas provas cuja duração é 
bastante grande (ex.: salto com vara): pode trazer 
efeitos negativos no rendimento justamente na hora 
mais difícil, pois seu efeito vai de 40 a 45 minutos. 
Horário de refeição é outro ponto importante: 
três a quatro horas antes da prova tomar refeição, 
para que não se realize a digestão durante a compe-
tição; também deve ser observado o cuidado com os 
intestinos, indo à toalete antes da competição. 
Foram citados exemplos de atletas que conse-
guiram alto rendimento em competições, e com ou-
tros, deu-se o contrário. Há o exemplo de atleta que 
10 dias antes da competição não manteve relações 
sexuais, e outro que manteve intensas relações na 
véspera da competição e bateu o recorde mundial. 
Há também o exemplo do saltador de vara sueco 
que, na véspera da competição, ingeriu bastante 
bebida alcoólica e no dia seguinte bateu o recorde 
europeu da prova: o atleta estava bastante alegre, 
motivado, e isto pode ter sido de efeito marcante. 
Outro aspecto será o tipo de massagem indi-
cado para nosso atleta. Os massagistas americanos 
empregam uma massagem passiva, para aquecer, a 
qual deve ser encerrada 20 minutos antes da com-
petição; após a massagem, o atleta se movimenta 
levemente. 
O Prof. Wischmann citou também o emprego do 
placebo, com efeito psicológico. O técnico austríaco 
Procópio,em 1957, usou o placebo em 65 atletas 
masculinos e 35 femininos, com idade média de 28 
anos. Ingeriram pílulas feitas com mal-te, lactose, 
leite condensado, manteiga de cacau, supondo 
tratar-se de veneno da planta americana caladium 
purpureo, usado pelos índios para aumentar o 
rendimento em canoagem e em guerra, e cujo 
emprego levou atletas russos e americanos a atingi-
rem vários recordes mundiais. 
Após a ingestão, várias manifestações se suce-
deram: tontura, sensação de calor, transpiração, au- 
 
mento de freqüência cardíaca. Diziam sentir defí 
ciência de alimentação sangüínea no cérebro e pres 
são nas têmporas. Foram realizados testes com 
dinamômetro e em um caixão de 40cm de altura 
para a força de pressão das mãos e força de perna, 
antes e depois do uso do placebo, sendo constatado 
que cerca de 68% dos pesquisados apresentaram 
grande progresso no rendimento. Este exemplo 
prova que o uso do placebo, de nenhum efeito fisio 
lógico, pode trazer o aumento do rendimento através 
do efeito psicológico. 
As influências de ordem psicológica são bas-
tante grandes e podem-se usar vários meios. Interes-
sante notar que no trabalho de Procópio os resulta-
dos foram proporcionalmente maiores com as mu-
lheres do que com os homens. 
Dentro do período de treinamento, também o 
acompanhamento individual tem importância bas-
tante grande. Aproximadamente em 15 de outubro, 
quando tem início o período preparatório de inverno, 
reúnem-se atletas e treinadores num local de 
recuperação, numa cidade de repouso, com o 
objetivo de se analisar o período competitivo pas-
sado e planejar o novo período competitivo para o 
qual se vai treinar. Esse trabalho conjunto de orga-
nização e acompanhamento deve ser realizado tanto 
no período de transição como no preparatório e no 
de competição. 
Para poder reconhecer os efeitos dessas medi-
das de treinamento, deve o treinador, de tempos em 
tempos, realizar testes, com o objetivo de comprovar 
a progressão da condição do atleta. Dado o fato de 
se realizarem muitos treinos em locais fechados, é 
necessária, principalmente no inverno, a utilização 
complementar de vitaminas e sais minerais que 
venham complementar o atleta, em termos de 
nutrição. 
Uma visão bastante ampla do treinador é de 
dirigir o trabalho de seu atleta com vistas às condi-
ções que deverão ser encontradas posteriormente. 
Assim, o atleta que vai aos Jogos Olímpicos e tem 
uma prova eliminatória às 9:00 horas já deve, com 
antecedência, em treinamento, se habituar a acordar, 
pelo menos uma vez por semana, às 4:30 horas, 
tomar o seu café e ter aquele espaço ideal entre 
levantar, alimentar-se e competir. Como exemplo foi 
citado o caso do marteleiro Uwe Bayer, que, nos 
Jogos Olímpicos do México, poderia ter sido medalha 
de prata ou bronze. Recomendado que se levantasse 
às 4:30 horas, pois teria prova às 9:00 horas, só o 
fez às 6:00 horas, por achar suficiente. Na hora da 
prova, o atleta ainda estava meio sono-lento e nem 
se classificou para a final. 
As condições levantar cedo, passear, tomar a 
primeira refeição, tomar massagem entre as compe- 
 
tições, diferença entre as provas são fatores que 
devem ser levados em grande consideração. 
Todo atleta deve estar em condições, indepen-' 
dente de ajuda ou acompanhamento, para ser bem 
sucedido. Não tem sentido que, em grandes ou pe-
quenas competições, o treinador sempre esteja perto 
do atleta. O treinador deve acostumar-se a se 
distanciar cada vez mais do atleta com o objetivo de 
deixá-lo confiante, firme de si, convencido de sua 
capacidade. 
O atleta deve encontrar as melhores 
condições para a prova. Deve conhecer, dentro do 
local da competição, qual o material que vai utilizar, 
quer seja disco, peso ou dardo; deve escolher entre 
os materiais que estão à disposição aquele de 
melhor qualidade. Ele cita o exemplo do atleta 
Salomon, que, antes de uma grande competição, 
observava os vários tipos de dardo e a 
empunhadura; ele via os atletas arremessarem e 
então podia ver qual o dardo melhor. 
O atleta, na competição, deve estar equipado 
o suficiente para evitar pequenos problemas — 
óleo, cordões para sapato adicionais, pregos para 
sapatilhas, etc. Deve ter sempre à disposição guar-
da-chuvas, capas de nylon, mantas ou cobertores, 
etc. Visando a uma boa preparação e obtenção de 
um bom rendimento, deve-se permitir que o atleta 
treine em condições de tempo variáveis. Exemplo: 
com chuva, contra vento, com vento a favor. Basi-
camente é falso que o atleta treine sempre em con-
dições ideais de tempo. Todas essas medidas visam 
dar segurança ao atleta. 
O atleta aplicado terá sempre, independente 
do treinador, a motivação. Periodicamente devem 
ser avaliadas suas condições técnicas através de 
videoteipes, seqüências fotográficas, etc. 
Dentro de um bom acompanhamento tem 
principal importância o planejamento tático. O Prof. 
Berno Wischmann cita aqui a altura inicial do 
sarrafo em relação ao primeiro salto, o aspecto tá-
tico no decatlo, as variações na meia e longa 
distância, etc. Ele sempre recomenda que o atleta 
se aqueça de forma ideal para que na primeira 
tentativa, principalmente no arremesso, consiga o 
máximo, com o objetivo de chocar o adversário. 
POSSIBILIDADES NO RELACIONAMENTO 
TÉCNICO COM O ATLETA 
Veremos a seguir o procedimento de 3 técni-
cos para a resolução dos problemas dos seus 
atletas. 
O primeiro exemplo é o de um velocista ame-
ricano: quando corria com adversários mais fracos 
conseguia atingir sempre resultados de bom nível, 
e o mesmo não se verificava quando ele participava 
de grandes competições, com adversários de nível 
melhor ou igual ao dele. 
Seu treinador tentou encontrar fórmulas dentro 
da competição e do treinamento, visando à su-
peração dessa deficiência. Aplicou o seguinte méto-
do: pediu ao atleta que antes da competição corresse 
no sentido contrário ao seu desenvolvimento, o que 
dava ao atleta a sensação de estar correndo contra 
uma resistência, especialmente quando sentia o 
vento contrário. Na competição, tendo que correr no 
sentido oposto ao anterior, sentia-se mais liberto, 
pois a oposição que sentira anteriormente dava-lhe 
agora a impressão de estar recebendo uma ajuda no 
sentido de trás para a frente que o facilitava correr. 
O segundo exemplo é o de um saltador em 
altura que somente iniciava a corrida de aproximação 
quando lhe restavam apenas 15 segundos para se 
esgotar o tempo regulamentar de 2 minutos. Essa 
característica foi observada durante a prova nas 
Olimpíadas da cidade do México, e posteriormente, 
também, por ocasião do Campeonato Europeu de 
Halle, em Viena, quando então se ratificou essa 
característica do saltador. Perguntado sobre a causa 
dessa característica, o técnico respondeu: "Meu 
atleta é bastante nervoso e geralmente sua corrida é 
feita sem concentração, e nesses 15 segundos que 
lhe restam seu nervosismo muda, pois lhe resta neste 
curto espaço de tempo a alternativa única de 
executar o salto". 
Algum tempo depois, esse mesmo procedi-
mento foi usado pelo Prof. Wischmann, com um de 
seus atletas, com bons resultados. 
O terceiro exemplo é o de um triplista alemão, 
atleta do Prof. Wischmann, que, em competições, só 
alcançava bons resultados se próximo à caixa de 
salto sentasse uma menina muito bonita que o 
aplaudisse. Então o Prof. Wischmann solicitou o 
auxílio de uma menina bastante bonita, que, na 
competição seguinte, sentou-se próximo à caixa e o 
aplaudiu, advindo daí um resultado muito bom. 
0 objetivo do treinador é, do ponto de vista 
psicológico, contribuir para que tanto o atleta como 
ele próprio tirem vantagens dessa situação. O 
treinador deve situar-se na base de todo processo de 
relacionamento do atleta, com seu empregador, seus 
professores, sua família, etc. Deve ser, antes de tudo,um amigo do atleta: participar não apenas do 
treinamento, mas também de aspectos particulares, 
jogando, brincando, etc. 
Uma de suas principais funções é a motivação 
do atleta, levando-o a melhorar seus resultados. To-
dos nós conhecemos métodos utilizados para incen-
tivar, ou mesmo para destruir, nossos atletas antes, 
durante e depois da competição. Sabemos da influ- 
 
 
 
ência de fatores que levam o atleta a uma auto-su-
peração ou a um mal-estar que o impede de conse-
guir bons resultados. 
Temos aqui um exemplo ocorrido nas Olim-
píadas de Melbourne, onde o técnico norte-ameri-
cano, depois de muitas manobras, conseguiu mudar 
o local e o horário dos treinamentos, para que seus 
arremessadores de martelo treinassem antes dos 
russos. Ao final do treinamento, antes que os russos 
chegassem, fez com o martelo um grande número de 
marcas próximas ao recorde do mundo e esperou por 
eles. Os russos, ao verem aquelas marcas, ficaram 
nervosos, e no dia da competição perderam para os 
americanos. Esse exemplo serve para mostrar-nos 
como determinados "truques" podem ter resultados 
positivos ou negativos sob o ponto de vista 
psicológico. 
A condição básica para a execução ideal de um 
trabalho está na autoridade dentro de uma base 
natural de conhecimento, ou seja, uma autoridade 
formada do treinador. Ele deve mostrar conheci-
mento, tranqüilidade, expressar segurança mesmo 
em situações difíceis na competição. 
Atualmente, na Europa, o Prof. Wischmann vê o 
problema da seguinte forma: a teoria tem muito valor. 
O treinador que, em seu local de trabalho, se destaca 
através de elevado conhecimento, não é re-
conhecido. Ele, que durante 32 anos foi técnico 
nacional da Alemanha, deixou a tarefa, mas conti-
nuaria caso não houvesse essa teorização dos pro-
blemas do atletismo, pois não se chega a bons resul-
tados através de palavras bonitas, e sim de um tra-
balho aplicado e consciente do treinador baseado em 
suas experiências. 
Em termos de vitória da equipe, o fator principal 
é a palavra do treinador, que irá motivar o atleta, 
criando nele a vontade de vencer; treinador que 
negligencia o cuidado com seus atletas perde o 
controle da situação; nunca pode cuidar primeira-
mente dos seus interesses, alojar-se ou alimentar-se 
antes dos atletas, por exemplo. 
Diz ainda o Prof. Wischmann que todo aquele 
que vive essa problemática chega à conclusão de 
que, dentro deste contexto, a obtenção de bons 
resultados não é mais possível em termos amadoris-
tas. 
O que deveremos fazer então com atletas que 
demonstrem qualidades para obter bons resultados? 
Deveríamos fazer uma análise das causas que levam 
esses atletas de alto nível a conseguirem bons 
resultados. A base para o sucesso desportivo é um 
trabalho sistemático desde idades tenras, começan-
do com a iniciação até se chegar aos mais altos 
níveis. 
Segundo Wischmann, não existem mais na Eu- 
ropa atletas amadores, que talvez possam existir no 
Brasil ou no Japão. Mesmo os seus atletas são estu 
dantes, militares ou empregados de firmas cuja jor 
nada de trabalho prevê um período para treinamen 
to. A importância principal neste tipo de trabalho e a 
disponibilidade de tempo para treinamento inten sivo. 
Relação entre escola e treinamento de alto nível, 
estudo e resultado, prestação de serviço militar e 
época de resultado, profissão e treinamento, todos 
esses aspectos devem ser encarados sob um único 
ponto de vista, que nos leva ao seguinte caminho: 
— massificação e desenvolvimento de trabalho a 
nível escolar e iniciação; 
— distinção de atletas talentosos através de um 
processo de seleção; 
— desenvolvimento de planos de perspectivas que 
levem os atletas a uma condição financeira que os 
possibilite à obtenção de resultados de nivel, ou seja, 
criar condições semelhantes ao profissionalismo; 
pois o fato de o atleta participar de esportes de alto 
nível não pode trazer-lhe prejuízos, sejam em termos 
de estudo ou de outras atividades. Em síntese, 
devemos cuidar dos aspectos escolares, materiais e 
profissionais que lhes são necessários, não existindo 
outro caminho senão esse para a obtenção de 
resultados de alto nível. 
Cito como exemplo o grande progresso espor-
tivo dos Estados Unidos, no período entre as 2 
guerras mundiais: esse progresso deve-se exclusiva-
mente a um trabalho sistemático de atividades físicas 
básicas nas escolas elementares e high schools e às 
facilidades de estudo nas universidades oferecidas 
aos atletas de talento. Esse sistema norte-americano 
de apoio ao esporte serviu de base para a 
estruturação do programa esportivo da RDÁ para o 
período de pós-guerra. 
Em 7 de janeiro de 1955, foram criadas escolas 
de esporte de nível infanto-juvenil, às quais eram 
encaminhados os atletas; elas tinham o objetivos de 
levá-los a uma especialização. Estabeleceram-se, 
através de um órgão competente da RDA, as bases, 
as formas e os objetivos desse trabalho, nessas 
escolas. 
O ceticismo dos pais dos atletas quanto ao 
funcionamento dessas escolas foi logo substituído 
pela aceitação ao que era oferecido aos seus filhos, 
como, por exemplo: aulas de recuperação, após o 
período letivo normal, a todo e qualquer aluno, nas 
matérias em que tivesse apresentado dificuldades. 
A freqüência e a igualdade dessa formação, em 
termos intelectuais e esportivos, levaram os pais a 
mandarem suas crianças a essas escolas esportivas. 
Temos, como exemplo desse tipo de trabalho, o 
caso da velocista recordista mundial Renate 
 
 
 Stecher, que em idade escolar manifestou qualidades de 
sprint. Foi então desenvolvido com ela um plano de 
perspectivas visando criar condições para o 
desenvolvimento de suas potencialidades esporti- 
 vas em concordância com suas atividades escolares 
 profissionais, chegando mesmo a ter um 
professor à sua disposição para ajudá-la a sanar 
deficiências escolares. Temos aí um exemplo de 
trabalho planejado, objetivando resultados de nível 
olímpico. Do mesmo modo são planejadas as 
atividades profissionais de outros atletas, junto ao 
exército, polícia, como professores de esporte, etc. 
Toda a atividade profissional do atleta, com 
relação ao treinamento, é ajustada. Segundo o Prof. 
Wischmann, apenas países que fazem o mesmo que 
 a RDA podem atingir resultados de alto nível, pois 
caso contrário os atletas irão se deparar com grandes 
obstáculos, de diferentes ordens, que os 
 impedirão de obter tais resultados. 
ALGUNS PRINCÍPIOS DA INICIAÇÃO EM 
ATLETISMO COM JOVENS O Prof. Berno 
Wischmman realizou pesquisa a respeito da 
idade adequada para a iniciação em 
atletismo, chegando à seguinte conclusão: deve co-
meçar, para meninas, aos 9 anos de idade, e para 
meninos, aos 10 anos. 
Apesar de alguns estudiosos no assunto acha-
rem esta idade bastante prematura para trabalho com 
disco e martelo, o Prof. Wischmman vê a pos-
sibilidade de iniciação também nessas provas, dada a 
grande variedade de implementos disponíveis e 
adequados para uma boa orientação em forma de 
pequenos jogos e atividades recreativas, com grande 
motivação para o trabalho. Ainda ilustrou a possi-
bilidade de orientação na iniciação das atividades, 
através de meios e formas práticas, levando o edu-
cando ao prazer pelo exercício, bem como gradativa 
evolução de técnica para as diversas provas, sempre 
de forma simples e agradável, aumentando aos 
poucos o grau de dificuldade dos exercícios, num 
clima de trabalho bastante salutar e agradável. 
Exemplos de formas de atividades práticas orientadas 
para o atletismo: correr na ponta dos pés, com ligeira 
elevação dos joelhos, ombros descontraídos e 
completa soltura dos movimentos, favorece as 
qualidades de sprint. 
A força só pode ser desenvolvida com descon-
tração completa em todos os movimentos, onde se 
recomenda sapatear.Exercícios para desenvolver a 
força de salto têm como objetivo básico dar ao 
iniciante as qualidades de base para o atletismo. 
Outro aspecto de máxima importância, que 
pode ser desenvolvido bastante cedo, é a coordena-
ção de movimentos, através de tarefas acompanha-
das da pergunta: quem é capaz? Em pé, saltar e dar 
um giro de 360°, para a direita ou esquerda. Coor-
denar este giro na corrida. Correndo na ponta dos 
pés, saltar e cair de pernas afastadas. Idem, saltar, 
afastar as pernas e cair de pés unidos. Idem, baten-
do os pés duas vezes no ar, caindo também de pés 
juntos, etc. O princípio dos movimentos é desen-
volver, dentro da corrida, exercícios de habilidades, 
onde o educando é sempre levado a cumprir uma 
tarefa nova. 
Em seguida, é importante desenvolver a coor-
denação motora com movimentos combinados com 
outros segmentos: salto com movimentos de cabeça, 
de tronco, com trabalho de braços, etc. Estas formas 
de trabalho visam formar, generalizando, futuros 
atletas, por estar sempre presente, em todos os 
exercícios, o fator coordenação, habilidade, além do 
fortalecimento geral. Todo exercício executado deve 
trazer indicações de resultados. Isto nos dá uma 
segura orientação da evolução e progresso de cada 
um, individualmente. Podemos também incluir nesta 
forma de trabalho exercícios de maior complexidade, 
segundo níveis estabelecidos que nos mostrarão o 
nível de habilidade e coordenação adquiridos com o 
trabalho já executado e as deficiências a serem 
vencidas. Sempre com os mesmos objetivos e 
princípios já definidos desenvol-ver-se-á um trabalho 
para angariar qualidades de base, um fortalecimento 
geral, ganho de novas habilidades através de 
coordenação de movimentos, orientando futura 
especialização do jovem iniciante nas diferentes 
provas. O caminho escolhido para orientar a atividade 
física não deve conter sobrecargas nos aspectos 
orgânico e psicológico, seguindo a evolução e 
formação da pessoa humana, no decorrer dos anos. 
Segundo o Prof. Wischmman devemos tomar 
consciência de que esporte é vida, temperamento, 
vontade, prazer, força, gosto e necessidade para a 
formação geral do ser, em todos os seus aspectos. 
Portanto, devemos estar sempre atentos para a 
simplicidade dos movimentos na iniciação técnica do 
atletismo. 
 
 
 
 
CAPITULO II 
FORÇA 
ELEMENTOS DA CONDIÇÃO FÍSICA 
Sao elementos básicos da condição física: 
FORÇA - RESISTÊNCIA - VELOCIDADE 
Distinguem-se 3 capacidades de força: força 
máxima, força rápida e resistência de força. - Força 
especial — É o resultado da interação das diferentes 
capacidades de força. 
Em relação ao atletismo, a resistência de força 
não tem importância direta na competição; entre-
tanto, é de relevância no treinamento, pois forma a 
base para o desenvolvimento de força rápida e força 
máxima. 
No atletismo, à medida que se trabalha com 
cargas, distinguem-se: 
 "forças internas" e "forças externas". Forças 
internas — São aquelas que nós consegui-os 
através do trabalho da musculatura. Forças 
externas — São aquelas que vêm de fora e que 
temos que movimentar através da nossa mus- 
 culatura. Ex.: peso, halteres. Se as forças internas 
forem maiores que as externas, elas vencerão a 
resistência das forças externas e haverá movimento. 
Se as forças internas forem iguais às externas, não 
haverá movimento. Se as forças externas forem 
maiores que as internas, teremos um movimento de 
recuo. Ex.: ao saltarmos de cima de uma cadeira 
para o chão, somos obrigados a flexionar as pernas, 
para amortecer a queda, porque a atuação da força 
externa é maior que a da força interna. Outro 
exemplo: trabalho de força 
com halteres. Quando os halteres são erguidos, as 
forças internas são maiores do que as externas; 
quando são mantidos acima sem movimento, as 
forças são iguais; quando descem, as forças exter-
nas são maiores que as internas. 
O movimento desportivo é caracterizado pelo 
jogo de forças internas e externas. Por causa das 
possibilidades deste jogo de forças, classificamos: 
1) — Força dinâmica positiva — quando num tra-
balho de superação, as forças internas são maiores 
que as externas. 
2) — Força estática — quando forças internas e 
externas se equilibram. Embora no atletismo usemos 
mais a força dinâmica, esta forma também é 
empregada. 
3) - Força dinâmica negativa — quando as forças 
externas são maiores do que as forças internas. Ex.: 
fase de amortimento em todos os saltos. 
Podemos aumentar a força máxima, através de 
2 caminhos; o melhor e que dá mais resultado é pelo 
aumento dos músculos (hipertrofia). O segundo é 
utilizado pelos atletas que realizam trabalhos de força 
rápida, É a melhoria da coordenação intra e 
intermuscular. 
Um trabalho intramuscular é aquele em que se 
trabalha ao mesmo tempo diversas fibras muscula-
res. A melhoria da coordenação intramuscular se faz 
aumentando o número de fibras musculares que 
conseguem trabalhar ao mesmo tempo. Esse 
aumento do número de fibras atuantes ao mesmo 
tempo é limitado. 
Através do treinamento de força, o atleta con- 
 
: 
 
segue uma capacidade de contrair maior número de 
fibras musculares ao mesmo tempo. O resultado 
disto é o aumento da força máxima sem plena hi-
pertrofia muscular. Estas conclusões foram conse-
guidas através da eletromiografia de Kusiserav. Por 
meio deste método podemos ver quantas fibras 
musculares trabalham ao mesmo tempo e em que 
quantidade são utilizadas no movimento. Isto é 
importante porque se pode ver quais os músculos 
que trabalham em determinadas provas. 
Este estudo encontra-se ainda em fase pouco 
adiantada; para movimentos simples podemos ver os 
músculos atuantes; porém, com relação a movi-
mentos mais complexos, isto se torna impossível. 
Coordenação intermuscular — Devemos distinguir 
entre grupos agonistas e antagonistas. 
Os agonistas são os músculos que se contraem 
durante o trabalho muscular; os antagonistas são 
aqueles que se relaxam. 
Quanto maior o relaxamento dos antagonistas, 
menor é a exigência dos agonistas; portanto, a 
possibilidade do trabalho é bem maior. Isto é muito 
importante em relação à força rápida, porque nela 
temos uma contração muscular muito rápida; aqui os 
músculos antagonistas têm um lapso de tempo muito 
pequeno para relaxarem. Por isto, quando não existe 
um equilíbrio entre o relaxamento e contração, 
podem ocorrer lesões. Estas lesões, principalmente 
do tipo ruptura, sucedem quando os músculos 
agonistas iniciam a contração e os músculos 
antagonistas ainda não se relaxaram, quebrando o 
equilíbrio entre o trabalho de um e outro. 
Podemos definir a força rápida como "a capa-
cidade de superar uma resistência de maneira ve-
loz"; é a capacidade de aceleração. 
Ao contrário da força máxima, o resultado da 
força rápida é sempre dinâmico. No desporto quase 
nunca temos movimentos estáticos; temos sempre 
movimentos de aceleração. A força rápida é uma 
habilidade de coordenação. 
 
Exemplo: De um lado temos a força máxima e 
de outro a velocidade, e entre elas a força rápida, 
que, por isto, não é considerada absoluta, mas relati-
va, pois pode pender mais para a força máxima ou 
mais para a velocidade. Quando um velocista tem 
que superar um adversário, sua força rápida está 
mais próxima da velocidade. Para o arremessador de 
peso, por encontrar também resistências externas, 
sua força rápida está muito mais próxima da força 
máxima. 
No atletismo temos forças especiais, tais como 
força de salto, força de sprint, força de 
arremesso e força de lançamento. - A 
força de salto subdivide-se em: 
— Força de salto vertical 
— Força de salto horizontal 
Entre estas duas forças não existe uma relação 
determinística, mas, sim, uma relação empírico-es 
tatística, o que significa que o atleta que tem maisforça de salto vertical terá também mais força de 
salto horizontal, ou vice-versa. Estas forças de salto 
podem ser treinadas juntas porque são parecidas 
uma com a outra, mas ao mesmo tempo é impor-
tante haver um trabalho especial para a melhoria de 
cada uma delas. 
Todas as forças têm elementos comuns que 
melhoram com o treinamento geral. 0 treinamento é 
um processo contínuo de especialização; quanto 
mais elevado for o nível do atleta, maior será o 
treinamento específico de força rápida. 
Em crianças de 8 a 10 anos encontrou-se, en-
tre FSH e FSV,uma igualdade de 50 a 60 por cento, 
onde concluímos que no trabalho com iniciantes é 
importante o trabalho geral de força rápida, mas, à 
medida que melhora o nível, entra o trabalho 
especial. 
Em fase de especialização, há uma transfor-
mação de força rápida geral em força rápida espe-
cial, havendo uma perda nesta transformação, isto é, 
certa quantidade de força rápida geral não é 
transformada em força rápida especial. 
DIFERENCIAÇÃO SISTEMÁTICA DO TREINA-
MENTO DE FORÇA 
Todo o treinador deve saber diferenciar o tipo 
ou espécie de força que deve estar em primeiro 
plano dentro de um treinamento. 
Existem 3 elementos ou formas de força: 
Força máxima, força rápida, resistência de 
força. 
São conhecidas três diferenciações sistemá-
ticas no treinamento de força. 
1. Diferenciação didática — que é determinada se-
gundo o objetivo do treinamento, ou seja, pelos 
elementos imediatamente importantes ou me-
diatamente importantes. 
2. Diferenciação sistemática segundo o conteúdo do 
treinamento que se divide em treinamento de força 
geral e treinamento de força especial. 
São meios de treinamento em relação à força 
geral e à força específica: 
Exercícios desenvolvidos de maneira geral. 
Exercícios específicos. 
Exercícios de competição com sobrecarga. 
Os exercícios desenvolvidos de maneira geral 
correspondem ao treinamento geral. Os exercícios 
específicos e os de competição com sobrecarga 
 
 
correspondem ao treinamento específico. 
Os exercícios desenvolvidos de maneira geral 
nao correspondem, nem na dinâmica e nem na es-
trutura, aos de competição. 
0 conjunto de movimentos e a relação entre 
força e tempo nada têm a ver com competição. Os 
exercícios especiais correspondem em parte à dinâ-
mica da competição e em parte à estrutura da com-
petição. Os exercícios de competição correspondem 
em relação a estrutura à competição, e em relação à 
dinâmica apenas assemelham-se à competição. 
Ex.: o arremessador de peso, ao se deslocar em bus-
ca do anteparo com um haltere às costas, faz um 
exercício que, quanto à estrutura, assemelha-se ao 
movimento da competição, e, quanto à dinâmica, 
tentará atingir a velocidade de deslocamento em 
competição. 
Outro exemplo: para um velocista, a flexão dos 
joelhos com halteres (semi-agachamento e aga-
chamento) é um exercício geral, pois quanto à es-
trutura não se parece com movimento de corrida e 
quanto à dinâmica será mais lento que o movimento 
de corrida. 
Portanto, é básico que o exercício especial te-
nha uma estrutura parcial em relação à competição e 
uma imitação à dinâmica de competição. 
Exercício de competição (exemplo): o ar-
remessador de peso ao arremessar um peso maior 
que o normal. O velocista ao subir correndo uma 
rampa ou escada. Um saltador executando saltos da 
prova ou educativos com colete lastrado. 
Os exercícios de competição em relação à es-
trutura imitam a competição e em relação à dinâmica 
não se assemelham completamente, pois a carga 
não permite. O atleta deve buscar a dinâmica 
próxima da competição, isto é, a sobrecarga não 
deve ser grande. Ex.: um saltador em extensão com 
colete de 30 kg não terá velocidade para o salto. O 
velocista não deve subir ou correr em planos muito 
inclinados. 
Em todo o planejamento deve haver uma rela-
ção ótima entre os três grupos de exercícios para se 
conseguir uma força ótima. 
O treinamento é um processo contínuo de es-
pecialização. Dentro de um ciclo anual de treina-
mento, os exercícios específicos e de competição 
com sobrecarga deverão ser dados mais no fim, e 
nao no princípio do período de treinamento. 3. 
Sistematização segundo o método de treinamento 
Existem: 
a) método de duração; 
b) método de trabalho de intervalo extensivo; 
 
c) método de trabalho de intervalo intensivo; 
d) método de trabalho de repetição. 
O somatório destes 4 métodos serve também 
para melhorar a resistência de força. 
a) Método de duração - é importante para a 
resistência geral de força. Exercício contínuo e sem 
interrupção com carga pequena e velocidade mais 
lenta. Ex.: corrida de duração com colete lastrado. 
(Esse método é pouco usado no atletismo.) 
b) Método de trabalho de intervalo extensivo — é um 
método para treinamento da resistência de força, 
importante para o trabalho básico. 
Normas de sobrecarga: carga entre 25 e 50%. 
Volume: 300 a 500 repetições 
Repetições por série: 20 a 30 
Intervalo: não superior a 90". 
Exemplo de método de trabalho extensivo para 
saltadores, com objetivo de melhorar a resistência de 
força de perna: 
Intensidade: 40% 
Volume: 400 repetições. 
Repetições por séries: 20. 
Intervalo: 90". 
Número de séries: 20. 
Tipos de saltos a executar: 
— Saltitar com ambas as pernas, halteres nas costas 
(extensão total das pernas). 
— Saltitar com ambas as pernas, halteres nas 
costas 
e com afastamento ântero-posterior das pernas. 
— Saltar sobre um banco sueco, elevando o corpo e 
pronunciando os joelhos num ângulo de 90°. 
— Saltos de trabalho de força dinâmica negativa e 
positiva. 
Podemos usar duas formas para realizar este 
trabalho: 
1 — Formando um circuito: 
1ª estação: exercício a) — 20 rep. 
2ª estação: exercício b) — 20 rep. 
3ª estação: exercício c) — 20 rep. 
4a estação: exercício d) — 20 rep. 
Dar 5 voltas pelo circuito. 
2 — Repetir o circuito anterior com apenas 5 re 
petições em cada estação, devendo repetir 20 vezes 
o circuito. 
Cuidados a tomar: 
— Ter conhecimento das capacidades individuais 
em cada exercício. 
— Conhecer a capacidade máxima do atleta para 
aplicar certo os 40%. 
— O primeiro circuito só pode ser feito se houver no 
máximo 4 atletas, com rendimento de força máxima 
mais ou menos idêntica. 
Podem-se alterar as normas de sobrecarga den- 
 
 
 
tro de uma sessão de treinamento, assim: 
— variando a percentagem das cargas nas esta-
ções. Ex.: 50% na 1º, 25% na 2º, 40% na 3º e 30% 
na 4a estação; 
— variando o número de repetições por estação; 
— variando o tempo de intervalo entre as esta-
ções; 
— variando o trabalho de grupos musculares em 
cada estação; 
— aumentando o número de estações no circuito, 
para fazer trabalhar mais a musculatura mais fraca 
ou a mais exigida na prova de salto. 
c) Método de trabalho de intervalo intensivo— é a 
forma típica de trabalho para melhorar a força rápida; 
é ideal para o treinamento da força especial. 
Normas de trabalho: 
1 - Intensidade: 40% a 70% FM-W- FR-40% Vel. 
A força rápida está entre a força máxima e a 
velocidade. Força rápida para força máxima — in-
tensidade de carga de 70%. Força rápida para velo-
cidade — intensidade de carga de 40%. 
2 — Repetições: 6 a 10, dependendo da intensidade. 
Devem ser feitas tantas repetições quantas forem 
possíveis, sem perda de velocidade do movimento. 
Com velocidade maior, reduzir para 6 a 7 repetições; 
a queda da velocidade deve limitar o n? de 
repetições. 
3 — Intervalo: O suficiente para que a série seguinte 
seja feita na mesma velocidade que a anterior (2 a 4 
minutos). 
4 — Volume: É menor, porque a intensidade é maior 
e os movimentos devem ser executados com 
explosão, fator de alta importância (100 a 200 re-
petições). 
Observações: Tendo pouco tempo disponível 
para

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