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Avaliação da implantação da reforma universitária

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REFORMA UNIVERSITÁRIA (1) 
ROBERTO FIGUEIRA SANTOS (2) 
1. Introdução 
1.1. Em discurso pronunciado ao assumir a Reitoria da 
Universidade Federal da Bahia, em julho de 1967, assim procu_ 
rei resumir o que considerava - e ainda considero - a razão 
principal para o esforço então incipiente no sentido de refor_ 
mar as nossas universidades : 
"Processo assim tão complexo, como o da reestru_ 
turação que agora se pretende, comporta interpretações 
de varia ordem. Entendemos nós que o seu verdadeiro mó_ 
vel tem sido a procura de maior soma de conhecimentos 
científicos para consumo de uma sociedade que entrou em 
fase acelerada de desenvolvimento e a qual já não podei 
ria satisfazer o ensino superior ministrado em Escolas 
Profissionais que se mantiveram didaticamente auto-sufi_ 
ciente, mesmo quando administrativamente reunidas em 
universidades. Conforme procuraremos demonstrar, a no 
va estrutura terá como vantagem maior ensejar o desen-
volvimento das ciências básicas em ritmo que a nossa 
tradicional organização do ensino superior jamais permi_ 
tiu". 
(1) Apresentação do tema perante o II Encontro dos Reitores 
das Universidades Públicas e Diretores dos Estabelecimen_ 
tos Públicos Isolados de Ensino Superior 
(2) Presidente do Conselho Federal de Educação 
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA 
1.2. Pelo encadeamento de conseqüências benéficas que 
suscitaria, o desenvolvimento do ensino e da pesquisa nos se 
tores básicos do conhecimento humano se apresentava como ra 
zão suficiente para justificar as complexas gestões de que de_ 
penderia o sucesso da Reforma. Os departamentos encarregados 
das disciplinas profissionalizantes, então já operando em ní 
vel razoavelmente elevado para a fase de desenvolvimento so 
cial e econômico que havíamos alcançado, também viriam a bene_ 
ficiar-se da Reforma, embora de modo indireto e mais tardia 
mente. Assim interpretávamos, em termos ajustados à nossa 
realidade histérica, os objetivos do processo em causa assina 
dos da seguinte maneira na Introdução do Relatório Geral do 
Grupo de Trabalho para a Reforma Universitária, datado de 
agosto de 196 8 : 
"Do primeiro ponto de vista, a Reforma tem objeti_ 
vos práticos e tende a conferir ao sistema universita_ 
rio, uma espécie de racionalidade instrumental em ter 
mos de eficiência técnico-profissional, que tem por con 
seqüência o aumento de produtividade dos sistemas econo_ 
micos. Para tanto, impõe-se a metamofose de uma insti_ 
tuição tradicionalmente acadêmica e socialmente seleti_ 
va num centro de investigação científica e tecnológica 
em condições de assegurar a autonomia da expansão da in_ 
dustria brasileira"... "Vista sob esta luz, a Reforma 
tem por objetivo elevar a universidade ao plano da ra 
cionalidade crítica e criadora, tornando-a instância de 
reflexão sobre as condições e o sentido do desenvolvi_ 
mento. É a etapa em que a universidade transcende o 
momento da instrumentalidade para afirmar-se em sua gra_ 
tuidade criadora e assumir o papel de liderança espiri_ 
tual". 
1.3. Atendendo prazerosamente ao honroso convite do Ex_ 
celentíssimo Senhor Secretãrio-Geral do Ministério da Educa 
ção e Cultura para apresentar perante os Reitores das Univer_ 
sidades Públicas e os Diretores dos Estabelecimentos Públicos 
Isolados de Ensino Superior, o tema "Avaliação da Implantação 
da Reforma Universitária", cuidarei inicialmente das conse_ 
quências da Reforma sôbre as atividades-fim das Universidades. 
Não menosprezarei, contudo, os seus reflexos sôbre as ativida_ 
des-meio. Não raro ocorre, no afã de reformar, confundirem 
se os meios com os fins, a ponto de recair a tônica sobre a 
reforma pela reforma, quaisquer que sejam as conseqüências 
desta sobre o desempenho da instituição, no cumprimento dos 
seus verdadeiros objetivos. Em outras ocasiões, observa-se 
preocupação obsessiva com os fins a impedir ou dificultar a 
identificação das origens reais da insatisfação que gerou a 
reforma, embora se esteja diante de situações nas quais nada 
se alterará senão pelo aprimoramento das atividades-meio. 
2. Raises históricas da nossa tradição de ensino superior. 
2.1. Se lançarmos a vista sobre o passado das nossas 
instituições de ensino superior, não será difícil reconhecer 
a grande ênfase atribuída sempre aos aspectos profissionali_ 
zantes deste ensino, quando confrontado com o das discipli_ 
nas básicas e com a pesquisa pura ou aplicada. Razões de or_ 
dem histórica terão contribuído decisivamente para esta orien_ 
tação. As primeiras atividades no campo do ensino superior 
entre nós se exerceram em escolas profissionais isoladas e au 
to-suficientes do ponto de vista didático. Isoladas, já o sa_ 
bemos, por não estarem associadas a outras escolas superiores, 
em organizações de tipo universitário. Tão pouco derivaram 
os cursos com que se inaugurou o ensino superior entre nós, 
no começo do século passado, de instituições que anteriormen_ 
te se dedicassem ã pesquisa científica, nem da ampliação dos 
objetivos de escolas previamente voltadas ao ensino em nível 
médio. Os nossos primeiros cursos superiores, desvinculados, 
cada qual, do restante da rede escolar, relacionavam-se, tão 
somente no âmbito da comunidade a que serviam, com o grupo 
profissional a que pertencia o respectivo corpo docente. De 
outra parte, eram estas escolas auto-suficientes do ponto de 
vista didático, no sentido de que nelas o aluno realizava a 
totalidade dos estudos universitários visando a obtenção do 
diploma, desde os básicos, indispensáveis ã compreensão das 
disciplinas profissionalizantes, como os destas últimas, qua_ 
se sempre caracterizadas como de ciência aplicada, e acompa_ 
nhadas por vezes da oportunidade para o início do adestramen_ 
to em tarefas próprias do exercício da profissão. 
2.2. Assim evoluíram os primeiros cursos de Medicina -
na Bahia e no Rio de Janeiro e de Direito, em Recife e em 
São Paulo, constituindo padrões mais tarde repetidos em mui. 
tas centenas de escolas, igualmente isoladas e completas em 
si mesmas. Durante mais de 120 anos, ate ã década de 1930, 
era esta a única formula entre nos adotada para o ensino supe_ 
rior. E nos últimos 40 anos, mesmo depois que começaram a 
funcionar as primeiras universidades, continuaram a criar-se 
novas escolas superiores com as citadas características. Tra_ 
dição tão arraigada haveria, forçosamente, de ter reflexos so_ 
bre a própria organização universitária, ao menos nos seus 
primeiros tempos. Não é, pois, de surpreender, que ao longo 
das primeiras décadas de funcionamento do ensino superior or_ 
ganizado em universidades, a despeito do começo de integração 
no âmbito administrativo, continuassem as escolas que as cons_ 
tituíram inteiramente isoladas do ponto de vista acadêmico, 
oferecendo aos seus alunos, cada qual no âmbito da correspon_ 
dente carreira profissional, todos os estudos, básicos e pro 
fissionalizantes. exigidos para o diploma. Foi somente na dé_ 
cada de 1960 que entre nos se verificaram os primeiros passos 
no sentido da maior integração das atividades de ensino e pes_ 
quisa entre as diferentes unidades de uma mesma organização 
universitária. 
3. A tradicional fragmentação dos recursos para o ensino e 
a pesquisa básicos. 
3.1. Entre outros grandes inconvenientes da auto-sufi 
ciência didática das escolas superiores, assim das isoladas 
como das então agrupadas em universidades, destacava-se a 
fragmentação dos recursos humanos e materiais para o ensino e 
a pesquisa nos ramos básicos do conhecimento. Existiam em ca 
da universidade várias cátedras de matemática, de física, de 
química, de biologia, de ciências humanas, de geociências, de 
letras, distribuídas entre as diferentes escolas ou faculda 
des, e sempre subordinadas e confinadas na sua atuação aos in 
teresses da formação de determinado tipo de profissional. As 
sim fragmentados,nao adquiriam esses recursos, via de regra, 
a massa crítica necessária à realização de trabalho de nível 
verdadeiramente universitário. 0 ensino destas disciplinas, 
ressalvadas as exceções que sempre se observam, se limitava a 
repetição de noções de longa data incorporadas a livros de 
texto, com freqüência desatualizados. A grande maioria dos 
professores não tinha formação específica no ramo da ciência 
cujo magistério estava a seu cargo. Lecionando em regime de 
tempo parcial, continuavam mais interessados no exercício da 
profissão na qual se haviam diplomado, do que em acompanhar a 
constante evolução da disciplina básica que lecionavam, consi_ 
derada como mero instrumento ancilar a compreensão das tare_ 
fas inerentes ã profissão. E as atividades de pesquisa eram 
relegadas a plano de reduzida importância. De outra parte, 
como cada escola dispunha de recursos para ensinar exclusiva 
mente aos seus próprios alunos as disciplinas básicas inte_ 
grantes do respectivo currículo, era notória, em muitos casos, 
a sub-utilização desses recursos. Sobravam razões pará que o 
maior desenvolvimento do ensino e da pesquisa nos setores bá_ 
sicos do conhecimento fosse impedida pela fragmentação dos 
meios a esse fim destinados. 
3.2. Constituem os departamentos de ciências básicas o 
ambiente mais propício para a formação de pesquisadores, in 
clusive dos que subseqüentemente se orientam pará a investiga 
ção de temas de ciência aplicada. A relativa atrofia desses 
departamentos concorria, destarte, para a escassez de pessoal 
habilitado à realização de pesquisas, inclusive das necessá 
rias ao conhecimento mais exato da realidade que nos cerca. 
Permaneceu esta situação enquanto a sociedade brasileira não 
exigiu das instituições de ensino superior participação mais 
ativa no processo de desenvolvimento social econômico. A 
crescente utilização de tecnologia de maior complexidade do 
que a utilizada na nossa economia tradicional, tornou-se nos 
últimos tempos, fator essencial a condicionar a ampliação e o 
aprimoramento dos meios pará o ensino e a pesquisa nos depar_ 
tamentos de ciências. 
3.3. Historicamente, pois, a maior falha das nossas 
universidades ao tempo em que se desencadeou o processo da re 
forma, era a atrofia dos dispositivos de ensino e pesquisa 
nos setores básicos do conhecimento. Cumpre assinalar que 
mesmo nas poucas universidades onde os departamentos de cien 
cias das faculdades de filosofia adquiriram considerável de 
senvolvimento, era reduzidíssimo o intercâmbio de idéias en 
tre cada qual deles e os dedicados ao mesmo ramo do conheci. 
mento nas faculdades profissionais. 
4. A Reforma e os ramos básicos do conhecimento humano. 
4.1. Os princípios sobre os quais se decidiu basear o 
processo de reforma, o da não duplicação de meios pará fins 
idênticos ou equivalentes e o da indissociabilidade do ensino 
e da pesquisa, adquirem significação muito específica quando 
apreciados ã luz das razões históricas que condicionaram a 
sua adoção. A aplicação desses princípios deveria atingir 
de modo imediato e com maior profundidade os departamentos de 
ciências básicas do que os setores profissionalizantes das 
nossas universidades. Nestes últimos, dada a especificidade 
dos trabalhos inerentes à formação para cada profissão, não 
se haviam multiplicado os meios para atender a determinados 
fins, idênticos entre si, em extensão comparável ao verifica 
do nas disciplinas básicas. Como as matrizes para a formação 
de pesquisadores se situam mais naturalmente nos departamen_ 
tos universitários que se ocupem com os setores básicos do co 
nhecimento, o outro princípio, da indissociabilidade do ensi_ 
no e da pesquisa, também haveria de ter repercussão menos in 
tensa sobre as áreas profissionalizantes. 
4.2. Analisemos, então, o que ocorreu de mais imediato 
e mais notório nos primeiros anos apôs o início da implanta 
ção da reforma. Não posso, infelizmente, ainda, oferecer da 
dos quantitativos, os quais estarão disponíveis dentro em bre_ 
ve graças ao trabalho de âmbito nacional que se está empreen_ 
dendo mediante convênio entre o Departamento de Assuntos Uni 
versitãrios do MEC e a Universidade Federal da Bahia. Acredi_ 
to, entretanto, que as mais importantes conseqüências dessa 
implantação poderão, ser assinaladas, ainda que em termos qua 
litativos. Resumi-as, assim, faz pouco tempo, em conferência 
realizada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo : 
"Se há, no espírito dos que me ouvem, alguma dúvi_ 
da sobre o rápido desenvolvimento dos departamentos que 
se ocupam dos setores fundamentais do saber humano, con 
seqüente à reforma das nossas universidades, eu sugiro 
que visitem os "campi" situados desde o Norte até o Sul, 
desde o Leste até Oeste do Brasil. Nao há negar que es 
tamos vivendo "a vez e a hora" das ciências básicas. E 
o que se verifica no mais visível e mais palpável, no 
mais incontrovertível, embora não o mais importante dos 
aspectos do trabalho das nossas instituições, que é a 
notória ampliação do espaço físico e do equipamento a 
disposição desses setores. Analisemos os currículos, am_ 
piamente revistos na generalidade das universidades, 
por ocasião da reforma. Apreciemos as recentes admis_ 
soes para o corpo docente. Observemos os programas que 
justificaram a adoção do regime de dedicação exclusiva 
pará o pessoal de magistério. Comparemos a intensidade 
dos trabalhos de pesquisa científica hoje, com os que 
existiam há poucos anos. Apreciamos as áreas de concen_ 
tração dos numerosos cursos de pós-graduação que se vem 
instalando. É, de fato, admirável observar a rapidez 
com que se afirmaram as novas unidades universitárias, 
destinadas ao ensino e a pesquisa básicos. Há menos de 
um lustro, rebelavam-se, pelo Brasil afora, numerosos 
professores que, por força da nova legislação, deixaram 
de integrar o corpo docente das antigas escolas profis_ 
sionais, pois a disciplina que lecionavam se incluia em 
departamentos integrantes de uma das unidades básicas, 
vedada a praxe da duplicação de meios para fins idênti 
cos. Ora, todo o prestígio, aos olhos da comunidade, to 
da a força, na estrutura do poder da universidade, re_ 
caia sobre os setores profissionalizantes, enquanto as 
novas unidades, de futuro incerto, se destinavam a tare_ 
fas que a sociedade não se habituara a identificar como 
de maior relevo dentre as que estão afetas as institui_ 
çoes de ensino superior. Esses atos de rebeldia estão 
hoje passando ao gentil anedotãrio que ameniza as nos_ 
sas atribuições, É possível que em algumas das univer 
sidades de maior dimensão, pelo vulto que as atividades 
nessas mesmas áreas tinham anteriormente, a diferença 
não seja tão sensível. Tratar-se-ã seguramente, de al 
guma exceção que não deve constituir-se em razão sufici_ 
ente para gerar incompreensões, nem, menos ainda, para 
motivar a rejeição de medidas que vem beneficiando as 
instituições congêneres". 
5. A Reforma e os currículos de graduação. 
5.1. Ainda no âmbito das conseqüências da reforma so_ 
bre as atividades-fim da universidade, cabe comentar as alte_ 
rações que se vêm observando nos currículos dos cursos de gra_ 
duação. Por motivos diversos, praticamente todos os currícu_ 
los ministrados nas universidades federais sofreram altera 
çoes de maior ou menor vulto, coincidentemente com a implanta 
ção da Reforma. A adoção do 1º ciclo tem sido o fator mais 
freqüente a condicionar estas modificações, para as quais 
também concorreram a supressão das cátedras e a ampliação das 
atribuições dos departamentos, a criação das novas unidades e 
a revisão da estrutura das antigas, assim como a instalação 
dos colegiados de cursos. Embora não impostas pela legisla 
ção da Reforma, a substituição do regime seriado pela matrícu 
la por disciplina vinculada a observância de pré-requisitos e 
a maior aceitaçãodas disciplinas Optativas se acrescenta aos 
demais setores que concorreram para que se hajam alterando, 
em pouco tempo, currículos entre os quais alguns haviam sobre_ 
vivido varias décadas. 
6.2. 0 Conselho Federal de Educação, graças â alta com 
preensão da Secretaria Geral do Ministério da Educação e Cul 
tura, está iniciando estudo mais detido dos novos currículos 
dos cursos de graduação das universidades federais. Se é ver 
dade que em alguns destes hão de existir razões para críticas 
restritivas, nao tenho dúvida de que o confronto dos currícu 
los em vigor com os anteriores â Reforma Universitária, ense 
jará argumento fortíssimo para rebater a suposta queda no ní 
vel dos estudos universitários nos últimos anos. Era caracte_ 
rística da maioria dos antigos currículos a extrema rigidez 
associada à notória pobreza. A rigidez, inerente ao regime 
seriado, terá sido inevitável no passado em vista da simplici_ 
dade da organização administrativa tradicional. Era muito fá 
cil e mais barato tratar da mesma forma a todos os estudantes 
de determinada série, como se fossem igualmente talentosos, 
dispusessem de igual tempo para dedicar aos estudos e tives_ 
sem planos análogos para o exercício futuro da profissão esco 
lhida. A rigidez dos currículos era, por sua vez, reflexo da 
forma rígida por que estava vinculado o catedrático à sua cá 
tedra, e esta à determinada área do saber, Não é, pois, de 
admirar que os currículos se tornassem obsoletos em relação a 
evolução das condições de exercício da profissão corresponden_ 
te. De outra parte, não era fácil, na prática, conciliar o 
funcionamento das cátedras com a oferta de disciplinas optati_ 
vas, cuja importância cada vez mais se afirma no ensino uni_ 
versitário. 
5.3. A maior flexibilidade dos currículos de graduação, 
e a criação de novos cursos de mestrado e doutorado, a que 
correspondem necessariamente currículos muito flexíveis, obri 
garam a centralização das matrículas e dos demais registros a 
cadêmicos, inclusive os referentes â verificação da aprendiza 
gem. Enquanto esses registros eram feitos separadamente, em 
cada escola, e em regime seriado, abrangiam apenas algumas 
centenas a um ou dois milhares de alunos. A centralização dos 
registros associada à adoção das matrículas por disciplina, 
aumentou grandemente a complexidade da tarefa, e tornou indis_ 
pensavel o processamento eletrônico de dados colhidos em base 
inteiramente diversas das tradicionais. Pará efetuar e coor 
denar essas operações, as universidades têm necessitado trei_ 
nar pessoal de que anteriormente não careciam. Além do pes_ 
soal administrativo devidamente adextrado, tornou-se impres_ 
cindível a figura do professor orientador. As dificuldades 
inerentes â transição do sistema mais simples e mais rígido 
do passado para o de maior flexibilidade tem sido pretexto pa 
ra severas críticas dos adversários da reforma, exemplos alta_ 
mente ilustrativos das mil e uma formas de que se reveste a 
resistência a mudança, qualquer que seja. Cumpre enfrentar e 
procurar vencer tais dificuldades, uma vez que a matrícula 
por disciplina e a centralização dos registros acadêmicos 
constituem o ônus em o qual não se alcança a desejada flexi_ 
bilização dos currículos. 
5.4. A centralização dos concursos vestibulares, embo 
ra não adotada por todas as universidades federais, mostrou-
se extraordinariamente vantajosa. De um lado, tornou possí_ 
vel melhorar a qualidade das questões propostas aos alunos, 
mediante a elaboração de provas por equipes especializadas 
que dificilmente poderiam realizar trabalho análogo se tives_ 
sem de atender de per si a cada qual das escolas, como era an_ 
teriormente à Reforma. De outra parte, incidindo as questões 
sôbre matéria lecionada ao nível do ensino médio, já não têm 
cabimento as perguntas - advinhação, tão freqüentes no passa 
do e pertinentes a matéria que deveria constar dos programas 
dos currículos do curso universitário a que o aluno se candi-
datava. 
6. 0 1º ciclo de estudos universitários. 
6.1. Dentre as alterações curriculares impostas pela 
reforma cabe analisar em maior minúcia as referentes ao chama 
do 19 ciclo de estudos, em vista das dificuldades que ainda 
se terão de contornar para o seu pleno sucesso, assim como 
das críticas injustamente assacadas contra inovação de tão 
magna importância. 
6.2. Até à Reforma o aluno ingressava na Universidade 
diretamente para uma escola profissional e nela cumpria currí_ 
culo rígido, ministrado por professores que entendiam estar a 
essência do seu dever na transmissão de informações presumi. 
velmente aplicáveis a profissão em causa. Em algumas escolas, 
parte substancial do currículo envolvia o treinamento pará a 
execução de tarefas específicas, peculiares à profissão. Em 
outras, o ensino se limitava a uma seqüência de aulas doutri_ 
narias monologadas pelos professores , sem a mais mínima parti 
cipação ativa do aluno ao longo de todo o curso. A idéia da 
instituição de um "primeiro ciclo" de estudos em nível univer_ 
sitario contraria esta orientação, que tem a seu favor tão 
fortes tradições. Permito-me, também a este respeito, trans_ 
crever trecho da Aula Inaugural que proferi na Pontifícia Uni 
versidade Católica de São Paulo, em Março próximo passado : 
"Os defensores da idéia de um primeiro ciclo de 
estudos em nível universitário se batem por que, ao in_ 
gressar na universidade, o estudante seja inicialmente 
exposto a ambiente onde as informações apreendidas nao 
valem, essencialmente, pelas suas aplicações potenciais 
a uma profissão e sim como instrumentos que propiciarão 
maior desembaraço na utilização do método e da lingua_ 
gem da ciência. Dada a importância dessa fase de forma 
ção, em ambiente universitário, do futuro profissional, 
justifica-se adiar o aprendizado de informações cientí 
ficas aplicáveis a determinada profissão, e até, mesmo, 
se necessário, reduzir o período de adestramento em tec_ 
nicas inerentes ao exercício profissional, muitas das 
quais logo estarão obsoletas". 
"Resulta esta orientação da crescente rapidez da 
evolução da ciência e da tecnologia, em virtude da qual 
em pouco tempo se tornam antiquadas as informações e as 
técnicas que o estudante pode apreender ao longo do cur 
so de graduação. Muito mais importante, nesta fase da 
sua educação é prepará-lo para, durante as três déca_ 
das que em media constituem o período de vida profissio_ 
nal de cada indivíduo, manter-se o diplomado em condi 
ções de atualizar-se constantemente, adquirindo e pondo 
em prática as noções resultantes da rapidíssima evolu_ 
ção da ciência. Para equipar o estudante com instru_ 
mento intelectual desse gênero, muito mais adequado e o 
ambiente das disciplinas básicas que o das profissiona_ 
lizantes. Esta a principal razão de ser da exigência 
de um primeiro ciclo de estudos, ministrados nas unida 
des universitárias voltadas para o ensino e a pesquisa 
nos ramos básicos do conhecimento, mediante metodologia 
adequada que pressupõe, como requisito essencial, a ati_ 
va participação do aluno nos trabalhos escolares". 
"Entre as críticas mais insistentes a essa exigên_ 
cia da reforma figura a de que, durante o primeiro ci_ 
clo do curso superior, o aluno estaria apenas repetindo 
estudos já realizados ao longo dos cursos de segundo 
grau. Somente poderá prevalecer essa crítica onde o 
primeiro ciclo não se estiver ministrando corretamente. 
Não é lícito desconhecer a imensa importância do ensino 
das ciências básicas, com caráter propedêutico e forma 
tivo, em nível universitário Este ensino alcançará 
maior profundidade e incluirá a apresentação de matéria 
distinta da que se oferece nas escolas de segundo grau, 
sendo também diversas as metodologias num e noutro cur_ 
sos. Desconhecer a importância desse ensino será menos 
prezar fase essencial dos estudos universitáriostal co_ 
mo se realiza nos mais avançados centros de todo o mun 
do, em departamentos que se celebrizaram pela ministra 
ção de programas didáticos que não se confundem, de mo 
do algum, com os oferecidos em nível de 2º grau. Direi 
mesmo que as mais célebres universidades do mundo não 
adquiriram sua reputação predominantemente às custas 
das unidades de ciências aplicadas, e sim do que empre_ 
enderam e empreendem nos setores básicos do conhecimen 
to. Algumas delas, das mais festejadas, nem sequer ã 
brigam na sua estrutura esta ou aquela das escolas pro 
fissionalizantes das mais prestigiosas entre nós". 
"Não resta dúvida de que a implantação do primei 
ro ciclo em condições corretas e desejáveis se reveste 
de grandes dificuldades. A maior delas é a inexistên_ 
cia, a princípio, de pessoal docente em número suficien_ 
te, nos departamentos das disciplinas fundamentais, pa 
ra atender ã carga didática geralmente exigida dos no 
vos currículos, muito superior à que no passado se impu_ 
nha. As tensões criadas pela necessidade da formação 
desse pessoal, a despeito da repercussão negativa que 
têm tido, se incluem entre as conseqüências mais benfa_ 
zejas da Reforma Universitária. Se não existia esse 
pessoal, era porque dele não sentíamos falta no regime 
tradicional, em virtude da menos importância que se 
lhes atribuía". 
6.3. Nao poderíamos deixar de referir alguns tópicos 
da concepção original da Reforma, referentes aos cursos de 
graduação, que tiveram de ser alterados. Um deles foi a vin 
culação ao 1º ciclo de estudos universitários, da seleção de 
estudantes para diferentes carreiras incertas em cada qual 
das grandes áreas do saber humano. Foi a questão resolvida 
pela chamada "pré-opção", atualmente adotada em todas as Uai 
versidades federais, e que tem a imensa virtude de preservar 
o que há de essencial no 1º ciclo de estudos. Outro item tam_ 
bem alterado foi o da jubilação de alunos, regulada na legis 
lação da Reforma mediante dispositivo que se mostrou inaplicã 
vel, e por isto mesmo atenuado pela Lei nº 5.789/72. 
7. A põs-graduação e a pesquisa. 
7.1. Ainda, a respeito da recente evolução das ativida_ 
des-fim das universidades brasileiras, cumpre comentar os re_ 
flexos da reforma sobre a pesquisa científica, sobre o ensino 
de pos-graduação, e sobre a extensão universitária. 
7.2. Iniciou-se com a reforma universitária notável ex 
pansão da rede nacional de ensino de pós-graduação, com sua 
quádrupla função de formar professores, pesquisadores, tecní_ 
cos altamente especializados e "scholars" na aceepção mais es_ 
trita da palavra. Perante o auditório que tenho diante de 
mim, julgo dispensável estender-me em comentários sobre a sig_ 
nificação imensa da recente criação de numerosos cursos de 
mestrado e de doutorado. Acredito oportuno, contudo, em ob_ 
servância ao tema cujo estudo me foi atribuído, analisar as 
possíveis relações entre a reforma e a expansão da pós-gradua 
ção. Constituem ambas parcelas da resposta complexa que a 
universidade brasileira vem dando às solicitações da socieda 
de a que serve. Mas, ate onde a implantação da Reforma terá 
concorrido para o florescimento da pós-graduação ? De um la 
do, são muito claros os incentivos diretos ao mestrado e ao 
doutorado inscritos na própria legislação da Reforma, quando 
atribui prerrogativas aos portadores desses títulos. Encon_ 
tram-se pela primeira vez incentivos análogos na Lei 4.881-A, 
(Estatuto do magistério superior) a qual foi alterado após 
breve prazo pelo conjunto de leis, decretos-leis e decretos 
que compõem a legislação da Reforma. A despeito da força des_ 
ses incentivos, dificilmente teríamos assistido ã expansão da 
pós-graduação nos moldes em que vem ocorrendo, caso estives_ 
sem as Universidades ainda sujeitas ã rigidez da antiga estru_ 
tura. A fragmentação dos recursos humanos e materiais obsti_ 
nados aos setores básicos do conhecimento prejudicava a espe_ 
cialização das tarefas atribuídas aos integrantes do corpo do 
cente. Tornava-se mais difícil o aprofundamento do nível dos 
trabalhos e a realização de pesquisas que constituem a essên_ 
cia da pós-graduação. Os programas então existentes em nível 
de pós-graduação nas áreas profissionalizantes, não encontran_ 
do suficiente apoio nos departamentos básicos, tomaram mais a 
feição do que hoje designamos de cursos de especialização, do 
que de mestrado ou doutorado nos termos em que estão atualmen_ 
te definidos. É, por isto mesmo, admirável observar o sucesso 
que vêm tendo muitas Universidades, desde a Reforma, no esfor_ 
ço empreendido para criar cursos de mestrado e de doutorado nas 
Ciências Básicas, mediante a expansão de departamentos cujo nível de 
trabalho era bastante elementar ha muito pouco tempo. De ou 
tra parte, a intensificação das atividades de pesquisas cien 
tíficas a serviço da comunidade e as alterações dos currícu_ 
los dos cursos de graduação, em moldes já comentados,decorrên 
cias diretas da Reforma Universitária, ampliaram notoriamente 
o mercado de trabalho para pós-graduação nas ciências básicas. 
7.3. Sendo tão estritas as relações entre a pesquisa 
e os cursos de pós-graduação logo se depreende que o estímulo 
exercido pela Reforma sobre estes últimos se estende também 
à pesquisa. Cumpre ressaltar que a nova organização departa_ 
mental assim como as atribuições dos Conselhos de Ensino, Pes_ 
quisa e Extensão, vêm contribuindo para que os projetos de 
pesquisa nas nossas Universidades se tenham tornado mais ins_ 
titucionais e menos individuais do que costumavam ser. Expli_ 
co melhor : no passado, a maioria dos escassos projetos de 
investigação científica nas nossas universidades se origina 
va da intenção de preparar teses de concurso pará os cargos 
de magistério. Eram, na verdade, exercícios escolares de al_ 
to nível, obtidos resultados suficientes para a elaboração 
da tese, o estudo do assunto desaparecia dos programas da ins_ 
tituição, justamente porque se originavam de interesses de or_ 
dem estritamente pessoal. Coincidindo com a implantação dos 
novos mecanismos de decisão, sôbre os quais nos deteremos adi. 
ante, encontram-se as universidades em melhores condições de 
levar a cabo trabalhos de pesquisas que tenham conseqüências 
para a comunidade. Entre os requisitos para a execução de 
projetos dessa natureza, inclui-se a continuidade da perquiri_ 
ção de determinado tema, o que é incompatível com o caráter 
espamódico das pesquisas mais freqüentes na antiga universida_ 
de brasileira. 
7.4. Foi condição essencial ao desenvolvimento da pes_ 
quisa e à expansão dos programas de pós-graduação, a implan_ 
tação do regime de dedicação exclusiva, nos moldes previstos 
na legislação da Reforma. De tal monta tem sido os benefí 
cios desse regime de trabalho, que se impõe especial referên 
cia ao empenho do Ministro Jarbas Passarinho em promovê-lo, 
transformando em realidade altamente eficaz o que fora duran 
te algum tempo letra morta na lei, batendo-se pela sua exten 
são a parcela cada vez maior do magistério superior, e defen 
dendo o aprimoramento dos mecanismos Originariamente estabele 
cidos, em particular no que diz respeito ã incorporação ao or 
denado da gratificação da dedicação exclusiva. 
7.5. As Universidades, melhor organizadas desde a Re_ 
forma pará as atividades de pesquisa e pará a ministraçao de 
cursos de pós-graduação, vêm celebrando contratos vultosos pa 
ra a prestação de serviços a órgãos dos setores públicos e 
privados interessados em aspectos diversos da promoção do de 
senvolvimento econômico do País. Destarte, tem amadurecido 
com muita rapidez a experiência das nossas Universidades com 
a realização de operações de alto custo e grande complexidade. 
£ chegada a hora de estabelecer-se rigorosa coordenação que 
possa ensejar a continuada expansão de programas financiados 
pelo orçamento setorialda educação e com recursos de outras 
fontes, destinados à formação de pessoal altamente especiali_ 
zado indispensável às tarefas mais complexas inerentes a pre_ 
sente fase de maior desenvolvimento social e econômico, con-
forme plano em que se contemplem as necessidades do mercado 
de trabalho em rápida' expansão e as potencialidades das insti 
tuições situadas nas diferentes regiões do País. 
8. As atividades de extensão universitária. 
Tão pouco existiria dificuldades em apontar exem_ 
plos ilustrativos da grande expansão das atividades de exten_ 
são das nossas universidades, desde a implantação da Reforma. 
Alguns programas foram institucionalizados em âmbito nacional, 
como o RONDON e o SINCRUTAC, com sucesso de todos conhecidos. 
Além desses, seria interminável a lista de programas a cargo 
de cada qual das universidades, movidos por idéias de extraor 
dinária fecundidade e que vem dando excelente medida da conci_ 
ência que tem hoje o sistema universitário brasileiro da res_ 
ponsabilidade que lhes cabe nesse terreno. A exemplo do que 
fiz com respeito as atividades de pesquisa, poupando embora 
o auditório da apresentação de lista interminável do que é 
obra de Vossas Magnificências, direi tão somente que a exeqüi_ 
bilidade de programas de extensão tão ricos e variados como 
os que vimos observando, eram também dificultados pela antiga 
estrutura universitária, devido à rigidez do regime de cate_ 
dras, na vigência do qual tudo tendia para o individualismo e 
nada incentivava as formas de colaborações essenciais aos mo 
delos mais dinâmicos de prestação direta de serviços ã comuni_ 
dade. 
8.1. A Reforma e as atividades-meio da Universidade 
A departamentalização. 
8.1.1. Passando à apreciação dos efeitos da im_ 
plantação da Reforma sobre as atividades-meio das Universida-
des , consideremos de início a delicada questão da departamen_ 
talização. Estabelece a Lei nº 5.540 que o departamento con 
gregarã disciplinas afins e que será a menor fração da estru 
tura universitária para os efeitos da organização administra 
tiva, didático-científica e da distribuição de pessoal. Esta 
ultima formulação, combinada com o dispositivo da mesma legis_ 
lação que suprimiu a cátedra ou cadeira do ensino superior no 
Brasil, alterou radicalmente o papel anteriormente desempenha 
dos pelos departamentos das nossas universidades, quando cons_ 
tituídos pela aglomeração de várias cátedras. 
9.2. A despeito da sua rigidez, não desconhecemos o la 
do positivo que teve no passado o sistema de cátedras, como 
fator de preservação das prerrogativas universitárias. Mas,, 
é também verdade que a dinamização dos trabalhos da rede de 
ensino superior, imposta pelas exigências do processo de de 
senvolvimento social e econômico da sociedade brasileira, já 
não poderia estar sujeita as limitações decorrentes do feitio 
paquidérmico da instituição da cátedra. 
9.3. Recordam as presentes como na vigência do regime 
de cátedras era enorme a soma de decisões inapelavelmente afe_ 
tas ao catedrático. Embora teoricamente estivessem algumas 
dessas decisões sujeitas a revisão pelos órgãos colegiados 
que dirigiam as faculdades e as universidades, na prática ha 
via quase completa identificação entre a área do saber a car_ 
go de determinada cátedra e a pessoa do respectivo catedráti_ 
co. Da parte destes não existia, senão excepcionalmente, a 
preocupação de articular-se com seus pares, de modo que os 
programas institucionais se cumprissem de forma harmônica e 
fossem mutuamente complementares. Dificilmente, aliás, poder 
se-ia falar em "programa institucional", porquanto prevale_ 
ciam os programas individualmente concebidos e executados sob 
a responsabilidade exclusiva de um catedrático. E estes, mes_ 
mo quando se valiam da colaboração de adjuntos e assistentes, 
utilizavam-nos como cumpridores de planos de cuja elaboração 
não tinham participado, senão por mercê do titular da cadeira. 
A vinculação do catedrático à respectiva área do saber durava 
desde a conquista da cátedra ate a morte ou aposentadoria , mes_ 
mo quando o desempenho de funções de tão alta relevância fica 
va muito aquém do desejável. 
9.4. A nova organização departamental vem tendo como 
conseqüência principal a despersonalização dessas decisões. 
As áreas do saber, dantes mais fragmentadas para correspon_ 
der, cada parcela, a uma cátedra, são agora distribuídas em 
domínios mais vastos, a cargo de departamentos nos quais as 
decisões resultam do debate, da conciliação, ou da votação com 
predominância da maioria. 0 chefe do departamento assume o 
papel de executor da vontade dessa maioria, com mandato por 
tempo limitado. De modo geral, as universidades vêm restrin_ 
gindo também o número de reconduções a que terá direito o che 
fe do departamento. Se é verdade que continua existindo - co 
mo não poderia deixar de ser - a hierarquia na carreira do ma 
gistério, encimada pelo titular, cumpre ressaltar que as atri_ 
buições deste diferem radicalmente das do antigo catedrático. 
9.5. 0 intuito dessas modificações foi, evidentemente, 
permitir melhor ajustamento das atividades de cada fração da 
organização universitária, chame-se cátedra ou departamento, 
aos objetivos gerais e específicos da instituição onde se in 
sere. De outro lado, a participação dos professores não titu_ 
lares na elaboração dos planos de trabalho visa a assegurar 
maior senso de responsabilidade da parte desses, ao contribuí_ 
rem para a execução dos mesmos planos. Não seria de esperar 
que o exercício das novas responsabilidades pelos não-titula 
res se fizesse de modo inteiramente satisfatório desde o pri_ 
meiro instante. Desabituados de participar das decisões, há 
de decorrer prazo de carência para que aprendam a usar devida 
mente as prerrogativas que lhes conferiu a Reforma, durante a 
qual estariam provisoriamente em vigor mecanismos de controle 
da cúpula universitária sobre algumas das atribuições de de_ 
partamento. 
9.6. Desta concepção do departamento, logo defluem con 
seqüências de ordem prática, de considerável importância. Ci_ 
tarei, a título de exemplo, a questão de como dimensionar os 
departamentos. De um lado, deverão evitar-se os "mini-depar 
tamentos", a continuarem a tradição das antigas cátedras, res_ 
ponsaveis por pequenas áreas do saber e nos quais um só titu_ 
lar impondo a sua vontade a pequeno corpo de auxiliares. 0 
funcionamento dos departamentos nos novos moldes pressupõe in 
fraestrutura administrativa que nao se deve fragmentar "ad 
infinitum", em vista do aumento nítido dos custos indiretos 
ou, dito de outra forma, pela redução da produtividade que 
acarreta a pulverização dos meios de apoio. 
9.7. Tão pouco devem aceitar-se os "maxi-departamen 
tos", com a participação de muitas dezenas de professores a 
barcando disciplinas numerosas e que já não são afins entre 
si. Nestes casos, forçosamente cairemos em uma de duas hipó 
teses : ou as decisões ficarão a cargo de um Conselho ou Ca 
mara que represente indiretamente a vontade do órgão, o que, 
embora legalmente aceitável, torna-se, na prática, dificilmen 
te conciliável com a essência do novo conceito de departamen 
to, ou estarão sujeitas a debates e a deliberação por parte 
de número inconvenientemente elevado de professores. Em qual. 
quer das hipóteses, os trabalhos departamentais já não trans_ 
correrão em ambiente que induza â apreciação minuciosa, pro 
funda e intensamente especializada como seria de desejar. Pa 
rece-nos esta tendência tão condenável quanto a excessiva li_ 
beralidade, verificada anteriormente a reforma, quando ocor 
ria o desdobramento excessivo das áreas do saber corresponden 
tes às cátedras. 
9.8. Na generalidade das nossas organizações universi_ 
tãrias o desaparecimento da cátedra, e, consequentemente, das 
prerrogativas do catedrático, ocorreu, na prática, em lapso 
de tempomuito menor do que poderiam prever os mais otimistas. 
Conforme vimos, têm crescido com grande rapidez, na generali 
dade das universidades federais reformadas, os departamentos 
encarregados das disciplinas fundamentais. Como era relativa 
mente pequeno o seu desenvolvimento no passado, a tradição da 
cátedra entre eles não tinha o vigor observado nas áreas pro 
fissionalizantes. 0 progresso das ciências básicas tem, as_ 
sim, ocorrido nos moldes mais flexíveis prescritos pela recen_ 
te legislação. Mesmo entre os setores profissionalizantes de 
maior tradição nota-se também considerável mudança nos meca 
nismos de decisão. Cabe, entretanto, reconhecer que há exce_ 
ções, dentre as quais vale citar a resistência oferecida por 
professores do ciclo profissional dos cursos médicos ã reorga 
nização dos espaços hospitalares de modo a torná-los mais com 
patíveis com os ditames da Reforma Universitária, e também me 
lhor ajustadas ã moderna organização da assistência ã saúde. 
10. Os colegiados de cursos. 
Após esses comentários sobre a "menor fração da 
organização universitária", passemos a analisar o funcionamen 
to dos demais órgãos de deliberação coletiva calcados nos pre_ 
ceitos da reforma. 
10.1. Desde logo julgo oportuno ressaltar a imensa im 
portãncia dos chamados colegiados de curso, ou equivalentes, 
na nossa organização universitária. Hão hesito em dizer que 
o aprimoramento das atividades de ensino atribuíveis a refor 
ma está na dependência direta e estrita do sucesso da implan 
tação desses órgãos. Constitui aspecto dos mais delicados da 
nova organização, o diálogo que tem de estabelecer-se entre 
os departamentos e os colegiados de cursos, com vistas ao a 
justamento dos programas de ensino de cada disciplina, a car 
go dos departamentos, ao plano geral de execução do respecti 
vo currículo, da competência do colegiado de curso. Dadas as 
peculiaridades desse ajustamento, cabe a interveniência nas 
gestões entre os dois órgãos colegiados, de órgãos técnicos 
de assessoria, diretamente vinculados à Reitoria, com pessoal 
especializado em desenvolvimento de currículos, em verifica 
ção de aprendizagem, e em outros capítulos da pedagogia do en 
sino superior. Tal a importância desse diálogo que acredito 
devam os reitores efetivamente empenhados na melhoria do ní_ 
vel de ensino em sua universidade, informar-se pessoalmente, 
a propósito de cada curso, de como vem transcorrendo a colabo_ 
ração entre os departamentos e os colegiados de curso. Não me 
arreceio, de outra parte, de afirmar incisivamente que não se 
estarão beneficiando até onde o permitem as novas diretrizes 
emanadas da reforma, as universidades onde as deliberações 
dos colegiados de curso não adquiriram suficiente vigor, para 
o que tem concorrido, em algumas Universidades, o apego das 
congregações e dos antigos conselhos departamentais, a prerro 
gativas que deveriam ter sido canceladas pela Reforma. 
10.2. Porque atribuir-se tão grande relevo a esses õr 
gãos ? A resposta é simples e clara. Vale lembrar que no pas_ 
sado todos os estudos pertinentes a determinado diploma se 
realizavam no âmbito de uma sõ escola ou faculdade. Tanto os 
aspectos didáticos como os administrativos e disciplinares 
que importassem à formação de determinado grupo de alunos, fi_ 
cavam assim afetos ao mesmo grupo de professores, os quais 
participavam igualmente de uma sõ congregação e de um sõ con 
selho departamental. Em contrapartida, esta simplicidade de 
organização gerva a conhecida rigidez dos currículos tradi_ 
cionais. Com a Reforma Universitária, como é sobejamente co 
nhecido, o cumprimento dos currículos oferecidos nas universi_ 
dades obriga a grande' maioria dos alunos a freqüentarem disci_ 
plinas ministradas em mais de uma unidade. Desta forma, tor 
na-se essencial a existência de órgão especializado, consti_ 
tuído de professores das unidades que participam de cada cur 
rículo, para planejar e acompanhar a execução das tarefas di_ 
dáticas pertinentes a cada curso, de forma integrada, harmôni_ 
ca e bem equilibrada. A adoção da matrícula por disciplinas, 
sujeita a pre-requisitos , contribui ainda para tornar mais im 
portante e complexa a tarefa do colegiado de curso. A existên 
cia desse órgão inter-escolar com tais atribuições se reflete, 
por sua vez, na competência das congregações e dos conselhos 
departamentais, os quais ficam obrigatoriamente esvaziados no 
que se refere a competência que tinham, anteriormente, na 
área didática. 
10.3. Se procurarmos verificar as características dos 
debates que ocupam os colegiados de curso, e estabelecermos 
confronto com o teor das reuniões das antigas congregações e 
conselhos departamentais, a que estabam basicamente afetas 
também as questões de ordem didática, não creio que haverá du 
vida quanto à natureza muito mais técnica dos trabalhos dos 
novos órgãos. Pela natureza inter-escolar dos colegiados de 
cursos, os currículos e os programas estão agora sujeitos â 
debates muito mais abertos de que tem resultado a revisão pe 
riõdica de praticamente todos eles, ao passo que antes da Re 
forma, confinada a questão ãs cátedras e aos colegiados da 
mesma escola, atravessavam anos a fio sem qualquer revisão. 
Cumpre reconhecer, mais uma vez, que a reforma impôs ãs ativi_ 
dades didáticas da universidade, organização muito mais com 
plexa que a anteriormente existente. Â maior flexibilidade 
teriam de corresponder, necessariamente, sistemas de controle 
mais complexos e onerosos, a não ser que nos conformássemos 
em caminhar para o caos. Por isto mesmo, a atual organização 
dos colegiados requer muito mais tempo de participação dos 
professores, assim como infraestrutura administrativa mais ca 
ra que a do passado. ' As vantagens decorrentes da maior flexi_ 
bilidade dos currículos e do aproveitamento mais racional dos 
recursos disponíveis parece-nos, contudo, justificar plenamen 
te o esforço adicional. 
11. 0 Conselho de Coordenação de Ensino, Pesquisa e Extensão 
11.1. Dos vários órgãos de deliberação criados em decor_ 
rência da reforma,o de maior hierarquia e o que chamarei de 
Conselho de Coordenação do Conselho do Ensino, Pesquisa e Ex 
tensão, embora tenha designação ligeiramente diversa em algu_ 
mas universidades. A divisão entre os dois órgãos situados 
na cúpula universitária, das atribuições anteriormente enfei 
xadas com exclusividade pelo Conselho Universitário, consti_ 
tui outro resultado altamente vantajoso da implantação da re 
forma. Os programas de ensino, em nível de graduação e de 
pos-graduação, assim como os de pesquisa e extensão, passaram 
a merecer atenção na mais alta hierarquia da organização uni 
versitária, em moldes que não seriam compatíveis com a antiga 
composição nem com o regime de funcionamento dos Conselhos 
Universitários do passado. Por sua vez, ainda na cúpula uni 
versitária, os Conselhos especializados que presentemente se 
encarregam de apreciar os aspectos mais genéricos da política 
institucional e de traçar as diretrizes administrativas e fi_ 
nanceiras, vêm alcançando grau de "sofisticação" nos seus tra 
balhos , desconhecido no período anterior ã reforma. 
12. A Biblioteca Central. 
12.1. Se a tônica da Reforma é a integração das ativida 
des acadêmicas, entre as suas conseqüências deveria figurar a 
implantação, em cada Universidade, da Biblioteca Central, com 
o que ficariam sanados os grandes inconvenientes da tradicio-
nal fragmentação dos recursos bibliográficos, sobejamente co-
nhecidos. Do que me foi dado colher acerca das tentativas 
neste sentido, resta a seguinte impressão : embora trabalha 
da, e perfeitamente exeqüível e altamente vantajosa a centra-
lização de determinados serviços , como sejam a aquisição de 
livros, a assinatura de revistas, a organização do catalogo 
geral, a utilização da aparelhagem de reprografia, o intercâm 
bio com instituiçõesestranhas ã Universidades a uniformiza 
ção de normas técnicas para o funcionamento das Bibliotecas 
das unidades. É os efeitos benéficos desta centralização lo_ 
go se fazem sentir, pela eliminação de duplicações desnecessã_ 
rias na aquisição de livros e revistas, na melhoria da quali_ 
dade dos processos dee seleção de novas aquisições, na melhor 
utilização da aparelhagem de reprografia, além de outras. 
12.2. Muito mais difícil se nos afigure, entretanto, a 
adoção de critérios para a centralização do acervo, quando os 
recursos bibliográficos estavam tradicionalmente esparsos pe_ 
las diferentes unidades. A questão parece essencialmente di 
versa do que ocorre, por exemplo, na Universidade de Brasília, 
onde, por circunstâncias históricas a biblioteca nasceu cen 
tralizada. Tão pouco estou me referindo â inexistência, na 
grande maioria das Universidades Federais, de espaço para a 
brigar o acervo centralizado. Entende que como condição para 
o adequado planejamento desse espaço físico deva criar-se me 
canismo de cooperação e de aproveitamento recíproco das expe 
riências até" agora adquiridas, no sentido de se encontrarem 
critérios tecnicamente inatacáveis e que se adaptem as nossas 
Universidades onde tradicionalmente os recursos bibliográficos 
ficavam sob a guarda de cada qual das unidades relativas a 
distribuição e a circulação do acervo entre uma biblioteca cen 
tral que realmente seja, e bibliotecas departamentais que sem 
pre terão de existir. 
13. Os níveis de decisão na nova estrutura. 
13.1. A atual estrutura administrativa da generalidade 
das nossas universidades correspondem três ou quatro níveis 
de decisão. Identifica-se no escalão mais alto a reitoria 
com os Conselhos, Universitário, de Coordenação de Ensino ,pes_ 
quisa e extensão, e de Curadores. Còm maior freqüência, se_ 
gue-se-lhe o nível correspondente às unidades, designadas es 
colas, faculdades ou institutos, e mais recentemente rotula 
das também de centros em algumas universidades, e no qual es_ 
tão as decisões afetas as congregações e conselhos departamen 
tais ou órgãos equivalentes. Embora situados em outra linha, 
hierárquica, os colegiados de curso também ai se situam.. Por 
fim, encontra-se o nível dos departamentos, constituídos de 
agrupamentos de disciplinas afins. Em Universidades de maio 
res dimensões, justifica-se um quarto nível inserido entre o 
primeiro e o segundo dos acima referidos, correspondendo aos 
centros que coordenam os trabalhos de escolas, faculdades ou 
institutos de uma grande área do conhecimento. Vê-se, destar 
te, como a palavra centro tem sido usada com mais de uma acep_ 
ção, o que embora não contrarie a legislação, parecé-nos ori_ 
ginar confusão desnecessária. Na verdade, o que importa é 
adotar o numero de níveis que melhor se ajuste às dimensões 
da universidade e, em cada nível, dividir horizontalmente a 
estrutura, também a depender das dimensões das universidades. 
Se a fragmentação excessiva, freqüente no passado, é indesejá 
vel, também o é a compactação exagerada em qualquer dos ní 
veis. De que adianta reduzir demasiadamente o número de uni 
dades, chamem-se escolas, faculdades, institutos, ou centros, 
se para constituí-las agremíam-se departamento, em número ex 
cessivo ou juntam-se departamentos sobrecarregados de disci_ 
plinas e professores ? Se a universidade adquire dimensões 
maiores, melhor nos parece acarretar com o ônus que represen-
ta o acréscimo de um quarto nível de decisão, conforme acima 
referido. 
14. 0 equilíbrio do poder na nova estrutura. 
14.1. A nova estrutura universitária se fez acompanhar 
de profundas alterações no equilíbrio de poder dentro da ins_ 
tituição. Era sabidamente grande o poder enfeixado pelos ca 
tedrãticos, na antiga organização. Embora o departamento,tal 
como atualmente concebido, tenha atribuições muito mais am 
plas do que antes, nenhum dos seus integrantes, nem mesmo o 
chefe, tem soma de prerrogativas conservadas por longo perío 
do de tempo, comparável a de que dispunha o antigo catedráti-
co. A menor rigidez das regras atuais atribue ao departamen 
to competência para decidir sobre matéria antigamente regula 
da de forma a não comportar alternativas. Ademais, cresceram 
estas atribuições às custas do esvaziamento da competência das 
congregações e dos conselhos departamentais. As congregações 
ou órgãos equivalentes, assim como os conselhos departamen 
tais, onde existam, foram ainda mais atingidos na sua compe 
tência, no que diz respeito à assuntos didáticos, pela cria 
ção dos colegiados de curso. 0 poder dos diretores de unida 
des foi consideravelmente reduzido, em parte pela maior força 
dos departamentos, em parte pala centralização, ao nível da 
reitoria, de vários aspectos da administração geral, da admi 
nistração acadêmica e do planejamento institucional, e ainda 
em parte pala ação dos coordenadores dos colegiados de curso. 
0 Conselho Universitário compartilha agora suas atribuições, 
de antanho em igualdade hierárquica, com o conselho de coorde 
nação. A reitoria, de outra parte, acresceu consideravalmen-
te o seu poder. Em virtude da integração acadêmica promovi 
da pela reforma, tornou-se imperativa a centralização de nume 
rosos serviços que deixaram de estar sujeitos is diretorias. 
Além de promover a integração acadêmica dantes praticamente i_ 
nexistente, a reforma também intensificou a integração da ad 
ministração geral e do planejamento institucional, o que con 
tribui para o aumento do poder da reitoria, ã maior democrati_ 
zação dos mecanismos de decisão nos níveis mais baixos, vem 
correspondendo, assim, maior centralização do poder no cume 
da hierarquia, o que, em conjunto, parece estar sendo salutar. 
14.2. Aliás, o refinamento dos mecanismos de assesso_ 
ria e dos instrumentos de execução da parta das Reitorias cons_ 
titue um dos mais notáveis progressos das nossas Universida_ 
des, desde a Reforma. A integração das atividades de ensino, 
pesquisa e extensão a cargo das várias unidades não apenas 
i 
14. Epílogo. 
Não faltarão pessimistas que rotulem de devaneio 
a descrição que procurei fazer da universidade brasileira re_ 
formada. Sei bem que estas modificações vêm ocorrendo hetero 
geneamente, e que é grande o descomparsso não apenas entre di_ 
ferentes universidades, como entre as varias unidades de qual 
quer de nossas universidades. Nada disso constitui surpresa. 
Em conjunto, não hesitarei em dizer que os frutos da reforma 
estão a vista, e que sazonaram com rapidez muito maior que se 
ria aconselhável prever. Houve, sem duvida, falhas e trope_ 
ços tanto na concepção como na estratégia empregada pará a im_ 
plantação. Duvido, entretanto, que se encontre aluno ou pro 
fessor, no uso perfeito de sua capacidade de discernir, que 
recomende a volta do regime de trabalho que prevalecia anteri_ 
ormente à reforma. 
obrigou a centralização, a administração dos assuntos acadêmi_ 
cos, como tornou exiquíveis as tarefas de planejamento insti_ 
tucional, dantes quase impossíveis. Pela sua complexidade"" 
percebi que a inserção da análise que este aspecto da Reforma 
está a merecer tornava o presente trabalho intoleravelmente 
longo. Urge, entretanto, que o assunto seja estudado separa 
damente e com a devida profundidade. 
14.3. Entre os dispositivos da legislação da Reforma 
que se tem revelado mais propício está a supressão da exigen 
cia da condição de catedrático, para o exercício dos cargos 
de direção (diretorias e reitorias). Não, evidentemente, por 
que em conjunto a categoria dos atuais titulares seja de me 
nor capacidade do que as demais. E sim por se haver, desta 
forma, ampliado consideravelmente a margem de escolha, inclu 
indo-se entre os possíveis candidatos professores particular-
mente dotados para esses cargos, e que não haviam alcançado a 
cátedra por meros acidentes históricos.

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