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CAPÍTULO 1 Armazenagem e Comercialização de Grãos Profa. Roberta J. A. Rigueira Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente - TER 1 1. INTRODUÇÃO O setor agrícola brasileiro vem contribuindo para o crescimento econômico: 1) por meio do aumento da produção e da produtividade, ofertar alimentos e matérias- primas para o mercado interno; 2) gerar excedentes para exportação, ampliando a disponibilidade de divisas; 3) transferir mão-de-obra para outros setores da economia; 4) fornecer recursos para esses setores; e, 5) consumir bens produzidos no setor industrial. 2 1. INTRODUÇÃO A falta de maior atividade no âmbito do armazenamento a nível de fazenda: 1) a maioria dos produtores não dispõem de opções para instalar silos ou outras formas de unidades armazenadoras a custo compatível e de fácil operação; e, 2) não adotarem processos eficientes de colheita e secagem em suas propriedades. 3 2. O POTENCIAL AGRÍCOLA BRASILEIRO Em comparação com outros países cuja agricultura possui importância econômica, o Brasil apresenta condições privilegiadas para, de forma rápida, ampliar a produção e modernizar o comércio de produtos agrícolas. 4 2. O POTENCIAL AGRÍCOLA BRASILEIRO Condições privilegiadas: 1) Sistemas de transporte; 2) Novas agroindústrias; 3) Educação empresarial; 4) Educação comercial; 5) Novo mercado interno; 6) Uso racional da terra; 7) Disponibilidade de áreas; e, 8) Qualidade total. 5 2. O POTENCIAL AGRÍCOLA BRASILEIRO Novos modelos administrativos, com técnicas mais eficientes para o gerenciamento e comercialização da produção, podem promover grandes mudanças nesse setor produtivo e colocar o Brasil entre os países líderes na produção de alimentos. 6 ESTIMATIVA DA ÁREA PLANTADA A estimativa do décimo primeiro levantamento da safra brasileira de grãos é que a área plantada alcance 58,2 milhões de hectares. No total, representará 0,6% de aumento, que equivale a 327,9 mil hectares, frente à safra passada, que chegou a 57.914,7 milhões de hectares. Fonte: CONAB, 2016. 7 8 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO A estimativa para a produção brasileira de grãos é de que alcance 188,1 milhões de toneladas na safra 2015/16. Esse decréscimo equivale a 9,5% ou 19,7 milhões de toneladas em relação à safra 2014/15, que foi de 207,8 milhões de toneladas. 9 3. A ESTRUTURA BRASILEIRA DE ARMAZENAMENTO Apesar da expressiva produção de grãos e do aumento de capacidade estática verificada nos últimos anos, a rede armazenadora brasileira é, ainda deficiente tanto em relação à sua distribuição espacial quanto à modalidade de manuseio da produção agrícola. 10 MAPA DA CAPACIDADE ESTÁTICA DO BRASIL Busca de relação de 1:1,2, entre produção e capacidade estática do País. Condições climáticas adversas; Políticas de segurança alimentar; Estratégias comerciais; Políticas de exportação adotadas pelo país. Referências: FAO: 1:1,2 Estados Unidos e Canadá: 1:2,5 Brasil: 1:0,85 11 CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM Entende-se por capacidade estática de armazenagem a quantidade de grãos que cabe dentro de uma unidade armazenadora, de uma só vez. A partir do Decreto nº 3.385, de 03 de julho de 2001, a CONAB passou a recadastrar as unidades armazenadoras no país. 12 CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM Em 1995 a estocagem em armazéns convencionais era de 50% (Deckers, 2006) Fonte: Relatório de Inteligência (2012). 13 CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM Fonte: http://www.conab.gov.br/conab/Main.php?MagID=3&MagNo=330 (2016). 14 TABELA 3 - CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM CADASTRADA (2012) Região / Estado Convencional Granel Total UAs Capac. (t) UAs Capac. (t) UAs Capac. (t) NORTE 283 925.979 190 2.074.241 473 3.000.220 NORDESTE 690 2.014.415 568 6.795.380 1.258 8.809.795 CENTRO OESTE 1.006 4.431.124 2.995 44.663.410 4.001 49.094.534 SUDESTE 1.946 9.364.963 972 13.387.008 2.918 22.751.971 SUL 2.789 8.253.625 6.077 51.216.287 8.866 59.469.912 BRASIL 6.714 24.990.106 10.802 118.136.326 17.516 143.126.432 UAs – Unidades Armazenadoras em cada Estado. Fonte: Relatório de Inteligência, 2012. 15 TABELA 4 - CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM CADASTRADA (2016) Fonte: http://www.conab.gov.br/conab/Main.php?MagID=3&MagNo=330 (2016) 16 153.255.365 t Diferença 10.128.933 t Distribuição da Capacidade Estática dos Armazéns Cadastrados por Entidade 17 MAPA DA CAPACIDADE ESTÁTICA DO BRASIL ARMAZÉNS CONAB + CREDENCIADOS + PRIVADOS Distribuição espacial dos armazens CONAB Credenciados # Privados 18 Participação das Regiões na Capacidade Estática do País NORDESTE 6% NORTE 2% CENTRO OESTE 33% SUDESTE 16% SUL 43% CAPACIDADE ESTÁTICA DO BRASIL 2013 145.492.610 toneladas 19 Distribuição da Capacidade Estática dos Armazéns Cadastrados por Localização Brasil 2013 20 3.1. ARMAZENAGEM E A PEQUENA PRODUÇÃO A armazenagem na fazenda representa ao redor de 5% da capacidade total de armazenagem no Brasil, o que induz a: 1) perdas quantitativas e qualitativas de grãos; 2) comercialização imediata da produção. Dentre os diversos fatores que têm contribuído para o baixo índice de armazenagem nas fazendas destacam-se: 1) a inadequação das tecnologias difundidas 2) baixo nível de renda dos produtores. 21 3.1. ARMAZENAGEM E A PEQUENA PRODUÇÃO A participação do pequeno produtor em culturas de arroz, milho, feijão e soja atinge percentuais significativos em relação à produção total. No entanto, principalmente para o milho e feijão, parte da produção é destinada ao autoconsumo. A inadequação da armazenagem dessa parcela da produção acarreta perdas que podem ultrapassar 20% do total armazenado, devido ao ataque de roedores, pássaros, insetos e microrganismos. 22 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 160.000 180.000 200.000 19 79 /8 0 19 80 /8 1 19 81 /8 2 19 82 /8 3 19 83 /8 4 19 84 /8 5 19 85 /8 6 19 86 /8 7 19 87 /8 8 19 88 /8 9 19 89 /9 0 19 90 /9 1 19 91 /9 2 19 92 /9 3 19 93 /9 4 19 94 /9 5 19 95 /9 6 19 96 /9 7 19 97 /9 8 19 98 /9 9 19 99 /2 00 0 20 00 /0 1 20 01 /0 2 20 02 /0 3 20 03 /0 4 20 04 /0 5 20 05 /0 6 20 06 /0 7 20 07 /0 8 20 08 /0 9 20 09 /1 0 20 10 /1 1 20 11 /1 2 20 12 /1 3 PRODUÇÃO em mil/t CAPACIDADE ESTÁTICA em mil/t CAPACIDADE ESTÁTICA X PRODUÇÃO DO BRASIL 2013 23 24 TABELA 4 - CAPACIDADE ESTÁTICA DE ARMAZENAGEM CADASTRADA (2016) Fonte: http://www.conab.gov.br/conab/Main.php?MagID=3&MagNo=330 (2016) 25 153.255.365 t Diferença 10.128.933 t PROGRAMA PARA CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE ARMAZÉNS – PCA Objetivo Apoiar investimentos necessários à ampliação da capacidade de armazenagem por meio da construção e ampliação de armazéns. Quem pode solicitar Produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, e cooperativas rurais de produção. Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/pca.html 26 PROGRAMA PARA CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE ARMAZÉNS – PCA O que pode ser financiado Investimentos individuais ou coletivos, vinculados ao objetivo do programa, referentes exclusivamente a projetos para ampliação e/ou construção de armazéns destinados à guarda de grãos, frutas, tubérculos, bulbos, hortaliças, fibras e açúcar. Formas de apoio Direta, indireta não-automática, indireta automática e mista. As operações de valor até R$ 20 milhões serão sempre realizadas de forma indireta, por meio de instituições financeiras credenciadas ao BNDES. 27 Taxa de Juros 7,5% ao ano (a.a.) Participação máxima do BNDES Até 100% do valor do projeto. Prazo Até 15 anos, com carência de até 3 anos. PROGRAMA PARA CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE ARMAZÉNS – PCA 28 PROGRAMA PARA CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE ARMAZÉNS – PCA Garantias No financiamento de projetos, as garantias ficarão a critério da instituição financeira credenciada, observadas as normas pertinentes do Banco Central do Brasil. Vigência Até 30.06.2017. Como solicitar Na operação indireta, o interessado deve dirigir-se à instituição financeira credenciada de sua preferência, que informará qual a documentação necessária, analisará a possibilidade de concessão do crédito e negociará as garantias. Após a aprovação pela instituição, a operação será encaminhada para homologação e posterior liberação dos recursos pelo BNDES. 29 Implantação do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras: Representa um ganho de qualidade e profissionalismo na atividade, agregando tecnologia e reduzindo as perdas nos processos pós-colheita. Meta: Consolidar o sistema ao longo do período 2014 - 2021, certificando todas as unidades que prestam serviços remunerados a terceiros, inclusive de estoques do governo. As demais poderão aderir ao sistema voluntariamente. 30 CERTIFICAÇÃO DE ARMAZÉNS • Abrangência: Obrigatória para as unidades armazenadoras, que prestam serviços remunerados de armazenagem em ambiente natural (grãos e fibras) a terceiros, inclusive estoques públicos, ou aqueles que de forma voluntária solicitarem a Certificação. • Quem Certifica? Organismos de Certificação de Produtos – OCPs, acreditados pelo INMETRO, que após o cumprimento dos requisitos técnicos emite o “Selo de Identificação da Conformidade”, mediante o cumprimento dos requisitos técnicos estabelecidos. A certificação assegura competência técnica na prestação de serviços de armazenagem, em todas as unidades submetidas a esse processo, abrangendo uma capacidade estática de todos os prestadores de serviços de armazenagem remunerada a terceiros. 31 Relação das entidades habilitadas para ministrar o curso de formação dos auditores técnicos http://www.inmetro.gov.br/organismos/index.asp Universidade Federal de Pelotas Contato: Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias Endereço: Departamento de Ciência e Tecnologia Laboratório de Pós-colheita e Industrialização de Grãos Campus da UFPel CEP: 96.010-900 Pelotas - RS e-mail: eliasmc@ufpel.tche.br Centro de Treinamento em Armazenagem - Centreinar Contato: Prof. Dr. Daniel Marçal Queiroz Endereço: Fundação Arthur Bernardes Edifício Sede s/n - Campus Universitário - UFV CEP: 36.570-000 Viçosa-MG e-mail: queiroz@ufv.br / queiroz@funarbe.org.br Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Núcleo de Tecnologia em Armazenagem Contato: Carlos Caneppele Av. Fernando Correa da Costa S/N - Coxipó -CEP 78.060-900 Cuiaba - MATO GROSSO e-mail: caneppele@ufmt.br 32 O Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras, conforme o Art. 2º a Lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000, foi criado com base no Sistema Brasileiro de Certificação instituído pelo CONMETRO, reconhecido pelo Estado Brasileiro, e que possui regras próprias e procedimentos gerenciais. O trabalho de Certificação de Unidades Armazenadoras será executado por um OCP (Organismo Certificador de Produto) devidamente credenciado pelo INMETRO. Os OCPs terão que ter em seus quadros, auditores capacitados especialmente para proceder a análise de conformidade das unidades armazenadoras. 33 http://www.labgraos.com.br/manager/uploads/cursos/73_divulgacao_curso_de_auditores.pdf PROGRAMA, CARGA HORÁRIA E REQUISITOS PARA APROVAÇÃO Conteúdo: - Legislação Brasileira de Armazenamento e Certificação de Unidades Armazenadoras; - Legislação Brasileira Complementar de Armazenamento e Quadro de Conformidades; - Microbiologia e Micotoxinas no Armazenamento de Grãos; - Estrutura e Evolução de Armazenamento no Brasil; - Fundamentos Científicos e Atualização Tecnológica na Conservação de Grãos; - Operações de Pré-Armazenamento e Armazenamento de Grãos; - Termometria e Aeração de Grãos; - Segurança, Controle Ambiental e de Particulados em Unidades de Armazenamento; - Avaliação da Qualidade em Grãos; - Controle de Pragas nas Unidades Armazenadoras; - Auditagem. Postura e comportamentos do auditor; - Beneficiamento industrial de grãos protéicos, amiláceos e oleaginosos; - Parboilização de arroz; - Aulas Práticas em Unidade Piloto do Laboratório de Grãos; - Aulas Práticas em Unidades Armazenadoras de Produtor, Coletora e Terminal - Exercícios de cálculos e dimensionamentos. Provas 34 PROGRAMA, CARGA HORÁRIA E REQUISITOS PARA APROVAÇÃO O curso tem carga horária total de 54 (cinquenta e quatro) horas, incluindo conteúdos sobre industrialização de grãos. Para aprovação no Curso são necessários: - rendimento igual ou superior a 70% nas avaliações; - frequência mínima de 80% nas aulas teóricas e práticas. Condições de pagamento: 35 Certificação de Unidades Armazenadoras de Grãos Organismos de Certificação de Produto – OCP Relação de empresas acreditadas pelo INMETRO. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/organismos/resultado_consulta.asp?sel_tipo_relacionamento 15- Número - OCP-0091 PANTANAL CERTIFICADORA E IDENTIFICADORA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA. ME. CNPJ - 07.370.217/0001-32 Site - http://www.pantanalcertificadora.com.br/ Situação – Ativo Data de Concessão - 14/01/2013 Data de Validade - 14/01/2017 País – BRASIL Estado - MATO GROSSO Endereço - Avenida Rui Barbosa, 1421 Centro – Rondonópolis CEP: 78700-130 Telefone: (66) 3421-4008 Fax: (66) 3421-4008 E-mail- ua@pantanalcertificadora.com.br Diretor-Presidente- Nelson Oliveira da Costa 36 4. A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO Em virtude da inadequação da rede armazenadora brasileira, a comercialização de grãos, principalmente por pequenos e médios produtores, é realizada imediatamente após a colheita, ou até mesmo antes dela, resultando em perdas na colheita, no transporte e no valor do produto. Em grande parte, os produtos são colhidos antes de atingirem a umidade ideal para colheita, o que facilita a ocorrência de danos físicos aos grãos e ataque de pragas. 37 4. A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO Do mesmo modo que a estrutura da armazenagem brasileira não é totalmente adequada e eficiente, a estrutura de transporte de cargas não é apropriada e apresenta a seguinte composição: 63% 22% 12% 3% Rodoviária Ferroviária Cabotagem Hidroviária 38 4. A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO As constantes flutuações de preços dos produtos agrícolas causam desequilíbriona oferta, na procura e na renda do produtor. A instabilidade dos preços leva os produtores, principalmente os pequenos, a formar expectativas pouco otimistas quanto à renda futura, incentivando-os cada vez mais a se precaverem no sentido de reduzir os riscos. 39 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA Garantir o abastecimento nacional com alimentos de qualidade e assegurar ao produtor preços que permitam sua manutenção na atividade rural é um compromisso do Ministério da Agricultura. A cada safra, as diretrizes da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são coordenadas, elaboradas, acompanhadas e avaliadas para garantir segurança alimentar e a comercialização dos produtos agropecuários. 40 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA O financiamento da estocagem, a armazenagem, a venda de estoques públicos de produtos agropecuários e a equalização de preços e custos são alguns dos mecanismos de que o ministério se vale para garantir abastecimento e comercialização. Toneladas de produtos agrícolas excedentes podem ser comercializadas, por meio de leilões eletrônicos monitorados pelo governo, de forma a abastecer regiões deficitárias e, ao mesmo tempo, garantir aos produtores um preço que lhes permita manter-se na atividade rural. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS 1) Política agrícola; 2) Super safra alta lucratividade; 3) Estruturas de armazenagem; 4) Capacidade estática; e, 5) Incentivo à armazenagem na fazenda, para os pequenos e médios produtores. 42
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