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7.Diagnóstico Meio Físico

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO
GERÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES POLUIDORAS E DEGRADADORAS
ESTUDO TÉCNICO - CRIAÇÃO DA UC MUNICIPAL BOSQUE FLORESTAL
DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO
Elineuza Faria da Silva
Engenheira Agrônoma – SEMAS/PA
1 INTRODUÇÃO 
Atualmente o poder público municipal, modo geral, tem se engajado mais no
ramo de políticas e programas do meio ambiente, assumindo papel importante na
coordenação e desenvolvimento de ações diante da demanda cada vez maior pela
melhoria da qualidade ambiental local.
O crescimento desordenado e a deterioração da qualidade do meio ambiente,
consequência da expansão populacional do Município de Castanhal e as diferentes
formas de uso e ocupação do solo em seus 85 anos de história, gerou na administração
pública local a necessidade de criar (ou recuperar) espaços verdes que recriassem a
presença da natureza, especialmente no meio urbano, um espaço considerado de
grande suscetibilidade a sofrer impactos ambientais principalmente em virtude da
expansão urbana.
 Neste enfoque, a SEMMA-Castanhal, seguindo as diretrizes do Plano Diretor
do município (2016-2017) e em atendimento ao anseio da população, solicitou apoio
ao IDEFLOR-BIO, órgão responsável pela criação legal de espaços ambientalmente
protegidos no Estado Pará, no sentido de verificar a viabilidade de criação de uma UC
em área específica no centro urbano da cidade, num local conhecido por “Bosque
Florerstal”.
A área indicada, de acordo com informações preliminares, é considerada como
um dos últimos remanescentes florestais existentes no centro urbano da cidade,
formado por um ecossistema rico em biodiversidade, contendo inclusive espécies
vegetais ameadas de extinção, mas que vem sofrendo impactos negativos
notadamente sobre seus recursos hídricos. 
O processo de criação de Unidades de Conservação da Natureza (UC) encontra
respaldo em uma lei específica, a Lei 9.985 de 18/07/2000, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, regulamentada pelo Decreto 4.340 de
22/08/2002, que recomenda a realização prévia de estudos técnicos referentes ao
Meio Biológico, Meio Físico e Meio Socioeconomico e Fundiário, além de consulta
pública para a criação da UC.
 Este relatório faz referência aos estudos do Meio Físico para subsidiar a
criação de Unidade de Conservação no centro urbano do Município de Castanhal.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL 
Apresentar os resultados do estudo do meio físico da área onde se encontra o
conhecido Bosque Florestal de Castanhal, incluindo os vetores de pressão, a fim de
subsidiar as ações referentes ao processo de criação de uma Unidade de Conservação
da Natureza, pré-definida no grupo de Proteção Integral, categoria de manejo Parque
Natural Municipal.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar o levantamento e a caracterização dos aspectos do meio físico como
Clima, hidrografia, geologia e geomorfologia e solos. 
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 
3.1 ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CASTANHAL
3.1.1 Localização
O Município de Castanhal tem seu território totalmente inserido na Região
Nordeste do Estado do Pará, distante 68 km de Belém. Sua localização geográfica é
considerada estratégica para o escoamento da produção regional, uma vez que a
cidade é cortada pela BR 316, ligando a mesma à capital do Estado e a outras regiões
do país com grande potencial econômico para a região Norte.
A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01° 17' 49" de
latitude Sul e 47° 55' 19" de longitude, limitando-se ao norte com os municípios de
Terra Alta, Vigia e São Caetano de Odivelas; ao Sul com Inhangapi, São Miguel do
Guamá e Santa Maria do Pará; à Leste com São Francisco do Pará; e, à Oeste com os
Municípios de Santo Antônio do Tauá e Santa Izabel do Pará (Figura 1).
FIGURA 1. Mapa de localização do Município de Castanhal-PA. Alguns municípios
vizinhos.
Fonte: Adaptado de Valente et al. (2001) (A). IBGE (2010) (B).
 
3.1.2 Histórico 
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do
Pará (PARÁ, 2012), a origem do município de Castanhal é atribuída a um povoamento
de colonos e imigrantes nordestinos, considerados os autênticos responsáveis por
tudo que o município hoje representa.
São chamados “heróis” na história de formação do município, pois os
nordestinos venceram muitos obstáculos durante a construção da Estrada de Ferro de
Bragança, tais como secas e doenças como a febre amarela, tanto como participantes
ativos na obra como no desenvolvimento populacional da localidade, numa árdua
jornada que levou ao aumento da produção agrícola no então núcleo, fato que
contribuiu para a incorporação do território de Castanhal, ao Município de Belém,
através da Lei Nº 957/1905 (CASTANHAL, 2017). 
Siqueira (2008) informa que o núcleo colonial de Castanhal foi implantado em
1893, sendo o local considerado uma região de planície, possuidora de grandes pastos
naturais, o que levou a sua autonomia municipal no dia 28 de janeiro de 1932,
mediante a Lei Nº 600 (PARÁ, 2012).
De acordo com a literatura, não se pode afirmar se sua denominação é
homenagem à espécie castanheira (Bertholletia excelsa) ou se tem ligação com a
construção da estrada de ferro Belém-Bragança, que criou ao longo de sua extensão
colônias agrícolas que passaram a fornecer produtos agrícolas para Belém. 
A cidade de Castanhal possui dois distritos: a atual sede Castanhal e o vilarejo
do Apeú, após perder os territórios de Anhanga (atual são Francisco do Pará) e
Inhangapi em 1944 com reordenação político-administrativa do Estado (Decreto-Lei
Estadual nº 4.505).
3.1.3 Aspectos Naturais 
Dados observados com imagens LANDSAT-TM no ano de 1999 revelaram que a
alteração da cobertura vegetal do município de Castanhal atingiu o percentual de
84,55% (capoeiras + uso da terra), restando 15,45% de floresta ombrófila densa
(EMBRAPA, 1999).
Recomenda-se atenção ao pequeno Rio Apeú, com suas margens apresentando
vários e aprazíveis balneários. Completando a paisagem, há ainda a oferta de beleza da
maior incidência de orquídeas da região, como nas agrovilas de Boa Vista e
Macapazinho, que são cortadas pelo referido rio.
Outros atrativos naturais que chamam atenção no município são a Agrovila de
Bacabal, onde se pode contemplar parte do Rio Marapanim, várias espécies de
orquídeas e peixes ornamentais, e o balneário conhecido por “Cai na Água”, com uma
área cercada de muito verde (PARATUR, 2000).
3.1.4 Aspectos Culturais 
Entre os atrativos culturais de Castanhal estão aqueles ligados à história do
município, como os monumentos “Maria Fumaça” e “Cristo Redentor”; as festividades
como o “Círio Fluvial de Macapazinho”, em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, e
a “Festividade de são José”, em homenagem ao Santo de mesmo nome; os eventos
culturais como a famosa e tradicional “Feira Agropecuária de Castanhal” e diversas
festas de forró de rua que acontecem aos finais de semana em vários pontos da
cidade.
A Vila do Apeú, com seus inúmeros igarapés, é outro forte atrativo tanto para a
população local como para quem visita a cidade.
A Casa da Cultura e a Casa Paroquial são os pontos de referência para a
preservação e a divulgação da cultura local. 
3.1.5 Aspectos Econômicos 
Estudos realizados por Bahia e Garvão (2015) informam que a cidade de
Castanhal é um forte pólo agroindustrial paraense, possuindo22% das indústrias
processadoras de frutas do Estado. De acordo com os autores, atualmente Castanhal
representa um importante pólo industrial do Pará que abastece e mantém estreita
ligação com a capital do Estado, abastecendo-os, bem como comercializando-os com o
restante do Brasil.
O resultado da análise econômica dos pesquisadores citados acima revelou que
em 10 anos (1999-2009) houve um crescimento significativo em vários setores de
atividade no município de Castanhal, com destaque para os setores da construção civil
e comércio.
Segundo levantamento da Paratur (2000) a extração vegetal e mineral do
município é pouco expressiva, a agricultura baseia-se principalmente nas culturas de
pimenta-do-reino, mandioca, cacau, feijão e algodão, destacando-se também o setor
de frutas e hortaliças.
Os setores de maior significação da indústria são: vestuário, calçados e artefato
de tecidos, perfumaria, sabão, velas, editorial, gráfica e têxtil (PARATUR, 2000). Para
alavancar o desenvolvimento do município, o governo municipal vem investindo na
realização do projeto do pólo industrial da região, às margens da PA-10.
3.1.6 Aspectos Fisiográficos
 CLIMA: O clima predominante do município é, pela classificação de Köppen, o
tipo Af, subtipo que pertence ao clima tropical chuvoso (úmido), com temperaturas
médias anuais de 26°C, máxima de 35°C e mínima de 18°C (VALENTE et. al., 2001). Os
valores pluviométricos médios anuais variam de 2.500mm a 3.000mm, os quais estão
concentrados principalmente nos período do verão e outono austral, quando se tem
sobre a Região Amazônica a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)
associada aos sistemas frontais do Hemisfério Sul e aos movimentos convectivos locais
(VERONEZ, 2011). A Umidade relativa do ar varia de 80% a 85% e é uma consequência
da alta evapotranspiração reinante sobre a área.
 HIDROGRAFIA: O principal rio do município é o Inhangapi, que é formado por
pequenos igarapés. Este rio nasce a Sudeste do município e deságua no Rio Guamá.
Recebe em seu percurso, pela margem direita, os igarapés Tauari e Pitimandeua, este
fazendo limite parcial ao Sul com Inhangapi. O seu mais importante afluente, por esta
margem, é o Rio Apeú, que nasce a Noroeste da sede do Município, percorrendo
grande extensão (cerca de 30 km) paralelamente ao Município de Santa Izabel do Pará
e tem como afluentes os igarapés Macapazinho, Castanhal e Americano, este último
fazendo limite, a Sudoeste, com o Município de Santa Izabel do Pará. Pela margem
esquerda do Rio Inhangapi, aparecem os seus tributários, os igarapés São Lourenço e
Timboteua. Na porção Nordeste, o Rio Braço Direito do Marapanim com o tributário
Rio Caranã e o afluente deste, o Braço do Caranã, formam o limite Leste com o
Município de São Francisco do Pará. Ao Norte, o Rio Braço Esquerdo do Marapanim faz
limite com o Município de Curuçá e, a Noroeste, com o Município de Vigia (VALENTE
et. al., 2001; PARÁ, 2012).
 RELEVO: De um modo geral, o relevo do município é plano, com declividade
que varia de 0% a 3%. Todavia, ocorrem setores com relevo suave ondulado a
ondulado com declividade variando de aproximadamente 3% a 15% (VALENTE et. al.,
2001).
 SOLOS: predominam no município as classes de solos Argissolo, Neossolo,
Gleissolo e Espodossolo, e mais raramente Latossolo (VALENTE et. al., 2001). 
Os ARGISSOLOS são solos minerais não hidromórficos, com horizonte B textural
e argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter
alético. O horizonte B textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo
de horizonte superficial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos para
satisfazer as classes dos Luvissolos, Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos. São solos
profundos a muito profundos, com seqüência de horizontes do tipo A – E – Bt (Btx) – C
ou A – Bt – C, normalmente desenvolvidos de rochas sedimentares do Terciário e do
Cretáceo.
A classe dos NEOSSOLOS caracteriza solos constituídos por material mineral ou
por material orgânico pouco espesso, com insuficiência de manifestação dos atributos
diagnósticos que caracterizam os diversos processos de formação dos solos, seja em
razão de maior resistência do material de origem ou dos demais fatores de formação
(clima, relevo ou tempo) que podem impedir ou limitar a evolução dos solos.
Apresentam predomínio de características herdadas do material originário, sendo
definido pelo SiBCS (EMBRAPA, 2006) como solos pouco evoluídos e sem a presença
de horizonte diagnóstico. Os Neossolos podem apresentar alta (eutróficos) ou baixa
(distróficos) saturação por bases, acidez e altos teores de alumínio e de sódio. Variam
de solos rasos até profundos e de baixa a alta permeabilidade.
Os GLEISSOLOS compreendem solos hidromórficos, constituídos por material
mineral, com horizonte glei dentro dos primeiros 150cm da superfície do solo ou
dentro de 50 e 150cm de profundidade, desde que imediatamente abaixo de
horizontes A ou E, ou precedidos de horizonte B incipiente, B textural ou C com
presença de mosqueados abundantes com cores de redução. São formados de
materiais originários estratificados ou não, sujeitos a períodos de excesso de água.
Desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos d’água e em
materiais coluviais sujeitos a condições de hidromorfismo. Podem apresentar
horizonte sulfúrico, cálcio, propriedade solódica, sódica ou caráter sálico (EMBRAPA,
2006).
ESPODOSSOLOS são solos constituídos por material mineral, apresentando
horizonte B espódico, imediatamente abaixo de horizonte E, A, ou horizonte hístico,
dentro de 200cm da superfície do solo, ou de 400cm, se a soma dos horizontes A+E ou
dos horizontes hístico (com menos de 40cm) + E ultrapassar 200cm de profundidade
(EMBRAPA, 2006). São formados a partir de sedimentos arenoquartzosos e ocorrem
em áreas de relevo plano. Tratam-se de solos de baixa fertilidade química, fortemente
ácidos, com muito baixa soma e saturação de bases e elevada saturação por alumínio
(VALENTE et. al., 2001).
A classe dos LATOSSOLOS compreende solos minerais, não hidromórficos, com
horizonte B latossólico, baixos teores de óxidos de ferro (Fe2O3), coloração amarelada,
nos matizes 10YR a 7,5YR, fração argila de natureza essencialmente caulinítica, com
ausência virtual de atração magnética (EMBRAPA, 2006). São derivados de litologias de
natureza argilo-arenosa ou areno-argilosa da Formação Alter do Chão, do período
Cretáceo/Terciário, ou material proveniente de cobertura relacionada àqueles
sedimentos (EMBRAPA, 2001). São muito profundos, bem drenados, apresentando
horizonte superficial do tipo A moderado. A espessura do horizonte A encontra-se em
torno de 20cm e o horizonte B com profundidade superior a 200cm.
 VEGETAÇÃO: A cobertura vegetal do município de Castanhal é composta,
predominantemente, por áreas de vegetação secundária em vários estágios de
sucessão, consequência da retirada da floresta primária
para implantação de cultivos de subsistência e formação de pastagens ao longo da
história da região. Em menor proporção podem ser encontradas a floresta equatorial
subperenifólia densa (floresta densa de terra firme ou floresta tropical úmida),
também classificada pelo IBGE como floresta ombrófila densa, e a ocorrência de
floresta equatorial higrófila de várzea (floresta ombrófila densa de planície aluvial),
que ocorre margeando os cursos d'água (PARÁ, 2012). 
4 ASPECTOS ESPECÍFICOS DA ÁREA DE ESTUDO 
4.1 JUSTIFICATIVA TÉCNICA 
Considerando quea manutenção de áreas verdes nos centros urbanos é
requisito essencial para proporcionar uma maior qualidade de vida e conforto
ambiental à população, além de se configurar como um ambiente aprazível a partir da
diversificação da paisagem, é que se torna relevante a realização do planejamento
urbano concomitante à elaboração de políticas públicas ambientais. Nesse contexto a
promoção da conscientização da sociedade sobre os valores ecológicos e a
sustentabilidade ambiental tornam-se grandes aliados na mitigação dos impactos
ambientais e na valorização do patrimônio natural das cidades.
O município de Castanhal, acompanhando o histórico do Nordeste Paraense, é
dominado por vegetação secundária em vários estágios de desenvolvimento,
carecendo de atenção no sentido de preservar os escassos remanescentes florestais
originais ainda existentes em seu território, especialmente aquele encontrado nos
limites da sede municipal.
Nesse enfoque, a SEMMA-Castanhal solicitou apoio ao IDEFLOR-BIO, órgão
gestor e de monitoramento das áreas de conservação ambiental no Estado Pará, e
responsável pela criação legal de espaços ambientalmente protegidos, para criar uma
UC em área específica no centro urbano da cidade, num local conhecido por “Bosque
Florerstal” ou ainda “Horto Florestal”.
A área indicada é dotada de significativa biodiversidade de flora, inclusive com
espécies ameaçadas de extinção, como a Castanheira (Bertholletia excelsa),
Samaumeira (Ceiba pentandra) e Pau-brasil (Caesalpinia echinata), perfazendo um
total de 37 famílias entre espécies nativas e plantadas, de acordo com informações da
Prefeitura, entre elas mogno, andiroba, cedro e jatobá, de significativo valor comercial
e muito cobiçadas pelos madeireiros. A área conta, ainda, com a presença de várias
nascentes de rio, estas sendo por lei, um ecossistema de preservação permanente.
Desta forma, a área em questão configura-se como forte candidata a tornar-se
oficialmente em Unidade de Conservação Ambiental.
A área em questão soma aproximadamente 15,225 ha, distante cerca de 600m
em linha reta da BR-316, fazendo frente com a Passagem do Arame. É um polígono
que soma 1.711,83m. Segundo a Secretária de Meio Ambiente do município, Lúcia
Porpino, já estão sendo providenciados uma possível solução para o conflito fundiário
e promoção para a legalização da área, com o apoio do Ministério Público do
município.
Conforme levantamento realizado no ano de 2010 por solicitação da Prefeitura
Municipal de Castanhal, a área proposta para a criação da UC, antes propriedade
municipal, hoje pertence ao IBAMA, sendo gerenciada pelo Ministério do Meio
Ambiente – MMA. Por meio de um convênio, o IBAMA transferiu os cuidados do local
à Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário – SEMADA, a qual
instalou sua estrutura física e encontra-se em funcionamento regular, realizando
indiretamente a fiscalização de toda a área do bosque (Figura 2). 
FIGURA 2. Estrutura física da Secretaria Municipal de
Agricultura e Desenvolvimento Agrário – SEMADA no
interior do Bosque Florestal, Castanhal-PA.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
Devido sua localização ser em área urbana, alguns problemas para conservação
da área podem ser observados (Figuras 3 e 4): 
 A falta de um muro ou cercamento total do polígono e a ausência de
gerenciamento facilitam o trânsito de pessoas não autorizadas e a depredação do
ambiente natural (há um muro de construção recente na entrada do bosque,
parcialmente levantado e o restante do terreno frontal com edificação de muro antiga,
seriamente danificada. Há apenas uma lateral murada, também com trechos muito
comprometidos);
 O crescimento do núcleo urbano do entorno da área eleva a pressão
sobre a floresta local, especialmente nos períodos de coleta da castanha, espécie
presente em quase toda a área do bosque. Houve casos de incêndio provocado por
queima de lixo, dizimando algumas espécies vegetais;
 O despejo de esgoto e lixo doméstico proveninte das comunidades do
entorno do bosque e que são lançados diretamente sobre as nascentes presentes no
interior do bosque podem contribuir não apenas com a poluição hídrica, mas com o
assoreamento, provocando a degradação ambiental da área;
 A falta de segurança fez com que o local ficasse conhecido por área de
tráfico de drogas e desmonte de motocicletas, “zona vermelha” pela classificação da
polícia local. 
FIGURA 3. Muro frontal parcialmente concluído (entrada do terreno), com trechos
mais antigos completando a parte frontal seriamente danificados.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 4. Lixo doméstico encontrado no interior do Bosque Florestal.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
Diante do exposto, é perfeitamente discutível a importância da preservação do
ecossistema foco deste estudo, salientando a necessidade futura da elaboração de um
plano de manejo condizente com a categoria de UC a ser adotada após a sua efetiva
criação.
4.2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO 
Geograficamente, a área proposta para a criação da Unidade de Conservação
Ambiental localiza-se entre as coordenadas 01°18'12,67'' S e 47°55'8,09'' W, na zona
urbana da cidade de Castanhal-PA, abrangendo os bairros de Santa Lídia (conhecido
popularmente como Bairro Milagre) e Bairro Pirapora. Fica situada a
aproximadamente 600 m em linha reta da BR-316, na Passagem do Arame, limitando-
se a esquerda pela Rua Padre Salvador Tracaioli, a direita pela Rua São João e ao fundo
pela Rua Maximino Porpino (Figura 5). 
A distância da capital do Estado à sede do município de Castanhal é de
aproximadamente 68 Km, com acesso pela BR 316. O deslocamento total para a
realização deste estudo foi feito via terrestre, em carro oficial disponibilizado pelo
IDEFLOR-BIO.
FIGURA 5. Mapa de localização da área proposta para a criação da UC,
na sede do Município de Castanhal-PA.
Fonte: www.googlemaps.com (acessado em: 04/07/2017).
5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
5.1 METODOLOGIA 
Para a caracterização do meio físico foi realizado levantamento in loco da
paisagem, percorrendo-se vários trechos do interior da área de interesse, com o auxílio
de um servidor da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário -
SEMADA, o qual serviu como guia. Materiais como GPS, imagem de satélite (impressa),
câmara fotográfica e ferramentas para abertura de miniperfis foram utilizadas durante
a expedição de campo. Posteriomente, levantamento bibliográfico foi realizado para
subsidiar o diagnóstico final.
Os aspectos do meio físico considerados na realização do estudo foram: Clima,
hidrografia, geologia e geomorfologia e solos.
Para caracterização ou classificação do tipo climático da área de estudo, dados
referentes à temperatura do ar e precipitação pluviométrica foram obtidos a partir de
dados obtidos via internet, no site CLIMATE-DATA.ORG e em dados da literatura, os
quais seguiram o modelo de classificação do clima proposto por Wladimir Köppen
(Classificação de Köppen), que relaciona basicamente o clima com a vegetação, sendo
que são considerados no esquema a sazonalidade e os valores médios anuais e
mensais de temperatura do ar e de precipitação (AYOADE, 2006; MENDONÇA; DANNI-
OLIVEIRA, 2007). Não foi possível obter dados pontuais atualizados em virtude de não
haver estação meteorológica instalada no município.
A hidrografia foi levantada percorrendo-se a área por terra, margeando os cursos
d’água e a partir de informações do funcionário da SEMADA, que também apontou os
pontos de ocorrência de nascentes no interior dobosque, e ainda relatos de alguns
moradores do entorno. 
A geologia e geomorfologia foram baseadas em observações in loco e a descrição
apoiada nos estudos contidos no Projeto Radam Brasil e em outros dados apontados
na literatura.
Os solos foram coletados e analisados macroscopicamente diretamente no
campo, a partir de abertura de miniperfis e coleta de amostras deformadas em vários
pontos da área previamente estabelecidos para análise de cor e textura, e classificados
conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Salienta-se
que para uma maior precisão dos resultados é necessária uma análise mais acurada
envolvendo as características físicas, químicas e biológicas do solo. Nesta fase foram
dadas ênfases também às feições das formas de relevo.
5.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO 
5.2.1 Clima 
Regionalmente, o Município de Castanhal encontra-se sob influência do clima
tropical chuvoso (úmido), no qual as temperaturas médias, variam entre 18 e 35°C e a
média pluviométrica é de 2.500 a 3.000mm anuais. Do ponto de vista local, a
tendência climática que correspondente a área de interesse para a criação da UC
(Bosque Municipal) acompanha aquela para o município em geral. 
O valor médio relacionado a precipitação pluviométrica anual varia em torno de
de 2.432mm. O mês com menor precipitação é Novembro, com 63mm, e o mais
chuvoso é o mês de Março, apresentando uma média de 411mm (Figura 6). Os
números são indicativos de que a área abrangida por este estudo não apresenta
estação seca, embora apresente períodos com índices de precipitação considerados
baixos. A variação sazonal das precipitações indica sazonalidade bem definida, com
maiores índices de pluviosidade nos 6 (seis) primeiros meses do ano.
FIGURA 6. Curso médio anual de precipitação pluviométrica para o Município de
Castanhal-PA.
Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017).
A Figura 7 apresenta a climatologia da temperatura do ar para o município em
questão. A média anual cofere a área de estudo um valor de 25.8°C. O mês com
temperatura média mais elevada é o de Outubro e o mês com temperatura mais
reduzida é Março (Tabela 1).
FIGURA 7. Variação média mensal da temperatura do ar para o Município de
Castanhal-PA.
Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017).
Quando comparados, o mês menos chuvoso tem uma diferença de precipitação
de 348mm em relação ao mês mais chuvoso. As temperaturas médias têm uma
variação de 1.2°C durante o ano. 
TABELA 1. Curso médio anual da temperatura do ar para o Município de Castanhal-PA. 
Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017).
A Umidade relativa do ar no município é elevada, variando de 80% a 85%,
característica que está intimamente relacionada com o regime de precipitação que
ocorre na região.
5.2.2 Hidrografia
A rede hidrográfica da área de estudo é simples, contado com apenas 2 (dois)
córregos cujos cursos cortam a área do terreno, um próximo à Rua Padre Salvador
Tracaioli (parte superior da Figura 8), e o outro mais em direção à Rua São João (parte
inferior da Figura 8), que se fundem a um curso d'água maior já fora dos limites da
área de interesse, em direção aos fundos do terreno, pela Rua Maximino Porpino
(Figura 8).
FIGURA 8. Hidrografia da área de estudo.
Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Castanhal – Cons&SeA
(sem data). 
Embora a maior parte da vegetação ciliar ainda esteja em bom estado de
conservação, há informações de que os córregos já sofreram, e ainda sofrem, sérios
impactos que resultaram na diminuição da vazão, contaminação da água,
assoreamento, morte da fauna aquática pré-existente e até mesmo morte de
nascentes.
O lançamento de efluentes domésticos configura-se como o maior problema
neste contexto. Foram identificados pelo menos 4 (quatro) pontos onde observou-se
despejo de lixo associado ao lançamento de esgotamento sanitário proveniente da
pressão fundiária desordenada no entorno da área, sendo que todos estão localizados
no limite do terreno com a Passagem do Arame (Figura 9):
PONTO P1: 01°18'05,7'' S e 47º55'08,5'' W (próximo da Rua Padre Salvador Tracaioli)
– Figura 10
PONTO P2: 01°18'09,2'' S e 47º55'08,3'' W – Figura 11
PONTO P3: 01°18'13,6'' S e 47º55'08,5'' W – Figura 12
PONTO P4: 01°18'21,08'' S e 47º55'8,9'' W (próximo da Rua Saõ João) – Figura 13
FIGURA 9. Figura esquemática dos pontos de lançamento de efluentes sobre a área de
estudo.
Fonte: SEMAS (2017).
FIGURA 10. Ponto de lançamento de efluentes – P1, limite
do terreno com a Passagem do Arame.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 11. Ponto de lançamento de efluentes – P2, limite
do terreno com a Passagem do Arame.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 12. Ponto de lançamento de efluentes – P3,
limite do terreno com a Passagem do Arame.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 13. Ponto de lançamento de efluentes – P4,
limite do terreno com a Passagem do Arame.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
O Ponto P1 é o que recebe maior quantidade de lançamentos. A galeria
atravessa a Passagem do Arame e recebe toda a carga de efluentes tanto da população
do entorno da área de estudo como os que são carreados desde o Bairro Santa Helena,
onde há grande quantidade de esgotos, com défict de manutenção, ocasionando
escoamento deficiente das águas das chuvas, além de enchentes em períodos de
maior precipitação pluviométrica. 
Todos os pontos de lançamento caem sobre as nascentes presentes na área, e
embora pareça que ao longo do curso da água a mesma apresente-se límpida e
aparentemente de boa qualidade, ela está provavelmente contaminada pelos
materiais que recebe. Seria importante que uma análise de qualidade da água fosse
realizada para comprovar o fato e subsidiar um plano de recuperação, evitando assim
que interferências sem critérios nas nascentes e ao longo dos cursos d’água venham
causar danos irreversíveis à rede natural de drenagem, preservando, desta forma, os
recursos hídricos para o bem do ambiente como um todo. 
No total foram identificadas 7 (sete) nascentes, como ilustrado na Figura 14. 
FIGURA 14. Ilustração da localização dos pontos referentes as nascentes presentes no
interior do bosque.
Fonte: SEMAS (2017).
A nascente N1 localizada no ponto de coordenadas 01°18'07,4'' S e 47°55'11,7''
W, correspondente a que sofre influência direta do ponto de lançamento de efluentes
P1, apresenta um solo com grave problema de erosão que levou ao surgimento de um
área de voçoroca (Figura 15). Essa formou-se lentamente ao longo dos anos – cerca de
15 anos, segundo informações adquiridas durante o levantamento de campo – como
consequência provável da forte concentração de materiais poluentes escoados em sua
direção, interceptação do lençol freático pelo processo erosivo que acarreta em
indução de surgências d'água que provocam colápsos e escorregamentos laterais do
terreno, alargando a voçoroca, e pela concentração natural de escoamento pluvial. 
Em razão do acentuado processo erosivo muito de vegetação já foi perdida,
inclusive muitos indivíduos de castanheira e espécies de palmeiras nativas.
FIGURA 15. Nascente localizada em ponto com acentuado
processo erosivo.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
No ponto de coordenadas 01°18'09,1'' S e 47°55'12,2'' W, ocorre a presença de
uma nascente (N7) onde há muitos anos era possível o uso para banho e lazer, pois a
água aflorava com baste intensidade e a profundidade do córrego era significativa.
Atualmente este trecho encontra-se com alto grau de assoreamento (Figura 16). De
acordo com o depoimento do Sr. Milton (SEMADA), nas imediaçõesdeste trecho
ocorreu um incêndio no período do verão do ano de 2016, provocando a destruição de
parte da vegetação de sua margem. O incidente foi consequência da queima de lixo
doméstico. O fogo atingiu uma grande distância, dizimando muitas espécies vegetais
no interior do bosque.
FIGURA 16. Trecho assoreado ao longo do curso d'água de uma das nascentes
presentes no interior do bosque.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
É importante informar que a ocorrência de assoreamento é comum ao longo dos
cursos d'água em direção às nascentes. Igualmente, é frequente a ocorrência de
deposição de lixo doméstico próximo das nascentes.
Em ambos os córregos encontrados no interior do bosque, principalmente
naquele localizado neste estudo como presente na parte inferior da Figura 8, a vazão
foi drásticamnte diminuída e a fauna aquática, antes abundante, foi dizimada.
Completaram ainda que existia mais uma nascente naquele local, mas que por força
dos impactos que sofreu a mesma secou.
Relatos de moradores do entorno, confirmados pelo funcionário da SEMADA,
informam que todas as nascentes se unem até encontrar o Igarapé Cariri. 
A Tabela 2 apresenta a localização geográfica de todos os pontos com
identificação de nascentes no interior do bosque. 
TABELA 2. localização geográfica das nascentes identificadas
no interior da área de estudo.
NASCENTE COORDENADAS GEOGRÁFICAS
1 01°18'19,5'' S e 47°55'08,6'' W
2 01°18'07,4'' S e 47°55'11,7'' W
3 01°18'18,6'' S e 47°55'12,3'' W
4 01°18'14,0'' S e 47°55'13,3'' W
5 01°18'14,1'' S e 47°55'12,0'' W
6 01°18'13,5'' S e 47°55'12,4'' W
7 01°18'09,1'' S e 47°55'12,2'' W
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
5.2.3 Geologia e Geomorfologia 
A estrutura geológica do município de Castanhal é constituída,
dominantemente, por sedimentos antigos da Formação Barreiras, compostos de
arenitos finos e grosseiros, siltitos e argilitos caulínicos, pertencentes ao período
geológico Terciário. Em menor proporção são encontrados os depósitos de sedimentos
recentes do Quaternário constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas que
ocorrem nas faixas estreitas e descontínuas acompanhando os cursos d'água (VALENTE
et al., 2001). 
Na área de estudo predominam sedimentos do Quaternário, também
denominado antropozóico, em cujos terrenos estão contidas formações holocênicas
compostas por areias e argilas inconsolidadas que por vezes aparecem com
mosqueados avermelhados resultantes da oxidação do ferro na matriz do solo (Figura
17). 
FIGURA 17. Solos com presença de mosqueados avermelhados no interior da área de
estudo.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
Associados aos sedimentos quaternários ocorrem os solos hidromórficos,
correlacionados principalmente às áreas de florestas de várzea, margeando os cursos
d'água.
Estes sedimentos ocupam a maior parte da área estudada, compondo os
materiais formadores dos neossolos e gleissolos presentes no seu interior. 
A topografia do município, modo geral, é caracterizada pelo relevo plano,
podendo ocorrer setores com relevo suave ondulado a ondulado. A área de interesse
para a criação da UC sugere pertencer à classe de declividade plano.
A feição geomorfológica do Município de Castanhal é dominantemente de
tabuleiros ou baixos platôs pediplanados bem conservados. Ocorrem, também, colinas
de topos aplainados, moderadamente dissecadas, principalmente às proximidades da
sede municipal e acompanhando as margens do Rio Apeú e seus pequenos afluentes, e
na margem do Rio Inhangapi (VALENTE et al., 2001). 
5.2.4 Solos 
Como apontado na literatura, no Município de Castanhal predominam solos
pertencentes às classes dos Argissolos, Neossolos, Gleissolos e Espodossolos.
Raramente são encontrados Latossolos, que geralmente aparecem em associação com
outros solos.
No interior da área de estudo foram observadas principalmente 3 (três) classes:
Neossolos e Gleissolos, dominando a paisagem, e em menor proporção os Argissolos.
A descrição a seguir é baseada no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(EMBRAPA, 2006), apoiada nos estudos desenvolvidos por Valente et al. (2001) sobre
os tipos de solos e aptidão agrícola do Município de Castanhal.
É importante salientar que os solos mapeados são de fácil caracterização
macroscópica, embora seja de relevante importância a realização de análises
específicas (químicas, físicas e morfológicas) para um diagnóstico mais preciso.
NEOSSOLOS
Compreende solos constituídos por material mineral, ou por material orgânico
pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material
originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em
razão de características inerentes ao próprio material de origem, como maior
resistência ao intemperismo ou composição químico-mineralógica, ou por influência
dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou
limitar a evolução dos solos. 
No interior do bosque foi identificada a classe NEOSSOLO FLÚVICO, solos rasos
em estádio inicial de evolução, com pequena expressão dos processos pedogenéticos,
apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o horizonte C ou sobre a
rocha de origem (camada R), ou seja, não apresentando qualquer tipo de horizonte B
diagnóstico.
Estes solos são derivados de sedimentos aluviais recentes depositados
periodicamente durante as inundações e apresentam alto conteúdo de material
orgânico devido a grande deposição de restos vegetais. Ocorrem mais frequentemente
em áreas de relevo plano, acompanhando as margens dos cursos d'água sob vegetação
de floresta equatorial higrófila de várzea (floresta ombrófila densa de planície aluvial),
especialmente próximo e ao longo das nascentes N3, N4 e N5 (Figura 18). 
Segundo Valente et. al. (2001), os solos classificados como Neossolo flúvico não
apresentam riscos de erosão, sendo adequados para conservação de recursos naturais,
indicados para proteção ambiental e inaptos para agricultura.
FIGURA 18. Neossolo flúvico encontrado ao longo das nascentes.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
GLEISSOLOS
São solos constituídos por material mineral com horizonte glei iniciando-se
dentro dos primeiros 150cm da superfície do solo ou a profundidades entre 50cm e
150cm desde que imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte hístico
com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos. 
Estes solos estão permanentes ou periodicamente saturados com água sob
regime de umidade redutor, que se processa em meio anaeróbico, devido ao
encharcamento do solo por longo tempo ou durante todo o ano.
Na área de estudo foi identificado a classe GLEISSOLO HÁPLICO, que
compreende a classe de solos minerais, hidromórficos, pouco evoluídos, pouco
profundos, com textura argilosa, desenvolvidos a partir de sedimentos recentes do
Quaternário sob forte influência do lençol freático próxima à superfície. 
Ocorrem mais frequentemente em áreas de relevo plano, notadamente
próximo das nascentes N1, N2 e N6 acompanhando as margens dos cursos d'água sob
vegetação natural de floresta equatorial higrófila de várzea (Figura 19). 
Raramente ocorrrem associados ao Neossolo Flúvico, como as proximidades da
nascente N7 e ao longo de suas margens. 
FIGURA 19. Gleissolo háplico encontrado em pontos com nascentes e ao longo de
cursos d'água.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
ARGISSOLO
Os argissolos compreendem solos constituídos por material mineral, que têm
como características diferenciais a presençade horizonte B textural (Bt) que se
encontram imediatamente abaixo do horizonte superficial. Com profundidade variável,
desde forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, com
textura que varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no
horizonte Bt, sempre ocorrendo aumento de argila do horizonte A para o B.
Compreende classe de solos minerais, não hidromórficos, abrúptico ou não, com
horizonte B textural de coloração amarelada, dentro dos matizes 10YR e 7,5YR, argila
de atividade baixa e teores de ferro total geralmente inferior a 70g/kg de solo
(EMBRAPA, 2006).
Compondo os tipos de solos de ocorrência no bosque, identificou-se a classe
ARGISSOLO AMARELO, solos minerais, profundos, bem drenados, pouco
estruturados, com textura binária arenosa/média. 
Estes solos encontram-se em grande extensão na parte mais frontal do terreno,
onde localiza-se o prédio da SEMADA, principalmente na extensão que fica em frente à
Passagem do Arame, em áreas identificadas com plantio de seringueira (01°18'14,9'' S
e 47°55'09,3'' W), utilizada para plantio de hortaliças (01°18'13,4'' S e 47°55'08,3'' W),
sob plantio de castanheiras (01°18'11,51'' S e 47°55'09,51'' W), atividades essas
mantidas pela Secretaria de Agricultura, além da área utilizada como campo de vôlei
(01°18'09,7'' S e 47°55'08,5'' W). As Figuras 20, 21, 22 e 23 ilustram a ocorrência desta
classe no interior da área de estudo. 
Salienta-se que todas as áreas ora citadas são pouco expressivas, com
aproximadamente 10 metros de comprimento por 8 metros de largura, em média,
sendo que aquelas com solo sob plantio apresentam um número pequeno de
indivíduos por área. Com relação a horta, no momento não está havendo cultivo.
FIGURA 20. Argissolo encontrado sob plantio de seringueira.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 21. Argissolo encontrado em área utilizada para plantio de hortaliças.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 22. Argissolo encontrado sob plantio de castanheiras.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
FIGURA 23. Argissolo encontrado em ára utilizada como campo de vôlei.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
Na lateral que fica paralela à Rua São João, onde observa-se outra área de lazer
que é utilizada pela comunidade do entorno, um campo de futebol desprovido de
cobertura vegetal (01°18'23,2'' S e 47°55'08,8'' W), onde também ocorre Argissolo
Amarelo (Figura 24).
FIGURA 24. Argissolo encontrado em ára utilizada como campo de futebol.
Fonte: IDEFLOR-BIO (2017).
É importante informar que, à exceção da área do campo de futebol,
considerável parte da área frontal do terreno onde foi sugerida a ocorrência de
argissolos já sofreu vários aterramentos, o que camufla o real tipo de solo ali existente.
Foram observadas camadas de terra preta e argila proveniente de aterros das ruas do
entorno na superfície do solo. A identificação aqui realizada considerou a abertura de
miniperfis até a profundidade de aproximadamente 50cm em razão da escassez de
ferramentas e pelo pouco tempo disponível em campo para um reconhecimento mais
preciso dos solos da área. 
Segundo a literatura, as principais limitações destes solos quanto ao uso
agrícola se prendem principalmente à fertilidade natural baixa, condicionada pelos
teores muito baixos de soma de bases, CTC e alta saturação com alumínio, que exigem
a aplicação de fertilizantes e corretivos para melhorar o nível de nutrientes às plantas.
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES 
A presença de pelo menos 7 (sete) nascentes existentes no interio do bosque, e
que estão seriamente ameaçadas, além da presença de pelo menos 3 (três) espécies
da flora ameaçadas de extinção, justificam a urgente necessidade de proteção deste
ecossistema a partir da criação de uma Unidade de Conservação Ambiental.
Algumas nascentes ainda encontram-se bastante preservadas e o uso do solo
no interior da área estudada é praticamente nulo, o que reforça a importância da
preservação/conservação da área. 
Para que a UC proposta atinja seus objetivos é imprescindível que sejam
adotadas medidas imediatas quanto a mitigação dos impactos ambientais que a área
vem sofrendo. Os vetores de pressão (lançamento de esgoto e depósito de lixo)
identificam e refletem os principais impactos sobre a área analisada e precisam
urgentemente ser anulados, pois influenciam de forma direta e indireta a integridade
dos limites físicos e aspectos relativos à conservação da biodiversidade no contexto do
bosque. Uma análise de qualidade da água seria importante para confirmar o nível de
contaminação, se presente, e subsidiar um programa de recuperação dos corpos
hídricos locais.
O processo de legalização da área, retornando para o poder público municipal,
é primordial para dar seguimento às etapas posteriores do processo de criação da
Unidade. A consolidação territorial configura-se como item indispensável na
implementação de UCs. 
 Recomenda-se que sua proteção legal seja enquadrada na forma de Unidade
de Proteção Integral, categoria de manejo PARQUE NATURAL MUNICIPAL, segundo o
que determina o Sistema Nacional de Unidade de Consevação da Natureza – SNUC.
Esta sugestão parte dos resultados do diagnóstico aqui apresentado, que no entanto
precisa antes ser complementado com as informações levantadas em relação aos
meios biológico, socioeconomico e fundiário, dimensionando a infraestrutura
relacionada com a ocupação humana da área do entorno para garantir o cumprimento
dos objetivos propostos. 
REFERÊNCIAS
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município de Castanhal, Estado do Pará. Belém, Embrapa Amazônia Oriental
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uso do solo sobre a qualidade da água em microbacias hidrográficas no Nordeste
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2011, 172 p.

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