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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO GERÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES POLUIDORAS E DEGRADADORAS ESTUDO TÉCNICO - CRIAÇÃO DA UC MUNICIPAL BOSQUE FLORESTAL DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO Elineuza Faria da Silva Engenheira Agrônoma – SEMAS/PA 1 INTRODUÇÃO Atualmente o poder público municipal, modo geral, tem se engajado mais no ramo de políticas e programas do meio ambiente, assumindo papel importante na coordenação e desenvolvimento de ações diante da demanda cada vez maior pela melhoria da qualidade ambiental local. O crescimento desordenado e a deterioração da qualidade do meio ambiente, consequência da expansão populacional do Município de Castanhal e as diferentes formas de uso e ocupação do solo em seus 85 anos de história, gerou na administração pública local a necessidade de criar (ou recuperar) espaços verdes que recriassem a presença da natureza, especialmente no meio urbano, um espaço considerado de grande suscetibilidade a sofrer impactos ambientais principalmente em virtude da expansão urbana. Neste enfoque, a SEMMA-Castanhal, seguindo as diretrizes do Plano Diretor do município (2016-2017) e em atendimento ao anseio da população, solicitou apoio ao IDEFLOR-BIO, órgão responsável pela criação legal de espaços ambientalmente protegidos no Estado Pará, no sentido de verificar a viabilidade de criação de uma UC em área específica no centro urbano da cidade, num local conhecido por “Bosque Florerstal”. A área indicada, de acordo com informações preliminares, é considerada como um dos últimos remanescentes florestais existentes no centro urbano da cidade, formado por um ecossistema rico em biodiversidade, contendo inclusive espécies vegetais ameadas de extinção, mas que vem sofrendo impactos negativos notadamente sobre seus recursos hídricos. O processo de criação de Unidades de Conservação da Natureza (UC) encontra respaldo em uma lei específica, a Lei 9.985 de 18/07/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, regulamentada pelo Decreto 4.340 de 22/08/2002, que recomenda a realização prévia de estudos técnicos referentes ao Meio Biológico, Meio Físico e Meio Socioeconomico e Fundiário, além de consulta pública para a criação da UC. Este relatório faz referência aos estudos do Meio Físico para subsidiar a criação de Unidade de Conservação no centro urbano do Município de Castanhal. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Apresentar os resultados do estudo do meio físico da área onde se encontra o conhecido Bosque Florestal de Castanhal, incluindo os vetores de pressão, a fim de subsidiar as ações referentes ao processo de criação de uma Unidade de Conservação da Natureza, pré-definida no grupo de Proteção Integral, categoria de manejo Parque Natural Municipal. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Realizar o levantamento e a caracterização dos aspectos do meio físico como Clima, hidrografia, geologia e geomorfologia e solos. 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 3.1 ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CASTANHAL 3.1.1 Localização O Município de Castanhal tem seu território totalmente inserido na Região Nordeste do Estado do Pará, distante 68 km de Belém. Sua localização geográfica é considerada estratégica para o escoamento da produção regional, uma vez que a cidade é cortada pela BR 316, ligando a mesma à capital do Estado e a outras regiões do país com grande potencial econômico para a região Norte. A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01° 17' 49" de latitude Sul e 47° 55' 19" de longitude, limitando-se ao norte com os municípios de Terra Alta, Vigia e São Caetano de Odivelas; ao Sul com Inhangapi, São Miguel do Guamá e Santa Maria do Pará; à Leste com São Francisco do Pará; e, à Oeste com os Municípios de Santo Antônio do Tauá e Santa Izabel do Pará (Figura 1). FIGURA 1. Mapa de localização do Município de Castanhal-PA. Alguns municípios vizinhos. Fonte: Adaptado de Valente et al. (2001) (A). IBGE (2010) (B). 3.1.2 Histórico Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (PARÁ, 2012), a origem do município de Castanhal é atribuída a um povoamento de colonos e imigrantes nordestinos, considerados os autênticos responsáveis por tudo que o município hoje representa. São chamados “heróis” na história de formação do município, pois os nordestinos venceram muitos obstáculos durante a construção da Estrada de Ferro de Bragança, tais como secas e doenças como a febre amarela, tanto como participantes ativos na obra como no desenvolvimento populacional da localidade, numa árdua jornada que levou ao aumento da produção agrícola no então núcleo, fato que contribuiu para a incorporação do território de Castanhal, ao Município de Belém, através da Lei Nº 957/1905 (CASTANHAL, 2017). Siqueira (2008) informa que o núcleo colonial de Castanhal foi implantado em 1893, sendo o local considerado uma região de planície, possuidora de grandes pastos naturais, o que levou a sua autonomia municipal no dia 28 de janeiro de 1932, mediante a Lei Nº 600 (PARÁ, 2012). De acordo com a literatura, não se pode afirmar se sua denominação é homenagem à espécie castanheira (Bertholletia excelsa) ou se tem ligação com a construção da estrada de ferro Belém-Bragança, que criou ao longo de sua extensão colônias agrícolas que passaram a fornecer produtos agrícolas para Belém. A cidade de Castanhal possui dois distritos: a atual sede Castanhal e o vilarejo do Apeú, após perder os territórios de Anhanga (atual são Francisco do Pará) e Inhangapi em 1944 com reordenação político-administrativa do Estado (Decreto-Lei Estadual nº 4.505). 3.1.3 Aspectos Naturais Dados observados com imagens LANDSAT-TM no ano de 1999 revelaram que a alteração da cobertura vegetal do município de Castanhal atingiu o percentual de 84,55% (capoeiras + uso da terra), restando 15,45% de floresta ombrófila densa (EMBRAPA, 1999). Recomenda-se atenção ao pequeno Rio Apeú, com suas margens apresentando vários e aprazíveis balneários. Completando a paisagem, há ainda a oferta de beleza da maior incidência de orquídeas da região, como nas agrovilas de Boa Vista e Macapazinho, que são cortadas pelo referido rio. Outros atrativos naturais que chamam atenção no município são a Agrovila de Bacabal, onde se pode contemplar parte do Rio Marapanim, várias espécies de orquídeas e peixes ornamentais, e o balneário conhecido por “Cai na Água”, com uma área cercada de muito verde (PARATUR, 2000). 3.1.4 Aspectos Culturais Entre os atrativos culturais de Castanhal estão aqueles ligados à história do município, como os monumentos “Maria Fumaça” e “Cristo Redentor”; as festividades como o “Círio Fluvial de Macapazinho”, em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, e a “Festividade de são José”, em homenagem ao Santo de mesmo nome; os eventos culturais como a famosa e tradicional “Feira Agropecuária de Castanhal” e diversas festas de forró de rua que acontecem aos finais de semana em vários pontos da cidade. A Vila do Apeú, com seus inúmeros igarapés, é outro forte atrativo tanto para a população local como para quem visita a cidade. A Casa da Cultura e a Casa Paroquial são os pontos de referência para a preservação e a divulgação da cultura local. 3.1.5 Aspectos Econômicos Estudos realizados por Bahia e Garvão (2015) informam que a cidade de Castanhal é um forte pólo agroindustrial paraense, possuindo22% das indústrias processadoras de frutas do Estado. De acordo com os autores, atualmente Castanhal representa um importante pólo industrial do Pará que abastece e mantém estreita ligação com a capital do Estado, abastecendo-os, bem como comercializando-os com o restante do Brasil. O resultado da análise econômica dos pesquisadores citados acima revelou que em 10 anos (1999-2009) houve um crescimento significativo em vários setores de atividade no município de Castanhal, com destaque para os setores da construção civil e comércio. Segundo levantamento da Paratur (2000) a extração vegetal e mineral do município é pouco expressiva, a agricultura baseia-se principalmente nas culturas de pimenta-do-reino, mandioca, cacau, feijão e algodão, destacando-se também o setor de frutas e hortaliças. Os setores de maior significação da indústria são: vestuário, calçados e artefato de tecidos, perfumaria, sabão, velas, editorial, gráfica e têxtil (PARATUR, 2000). Para alavancar o desenvolvimento do município, o governo municipal vem investindo na realização do projeto do pólo industrial da região, às margens da PA-10. 3.1.6 Aspectos Fisiográficos CLIMA: O clima predominante do município é, pela classificação de Köppen, o tipo Af, subtipo que pertence ao clima tropical chuvoso (úmido), com temperaturas médias anuais de 26°C, máxima de 35°C e mínima de 18°C (VALENTE et. al., 2001). Os valores pluviométricos médios anuais variam de 2.500mm a 3.000mm, os quais estão concentrados principalmente nos período do verão e outono austral, quando se tem sobre a Região Amazônica a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) associada aos sistemas frontais do Hemisfério Sul e aos movimentos convectivos locais (VERONEZ, 2011). A Umidade relativa do ar varia de 80% a 85% e é uma consequência da alta evapotranspiração reinante sobre a área. HIDROGRAFIA: O principal rio do município é o Inhangapi, que é formado por pequenos igarapés. Este rio nasce a Sudeste do município e deságua no Rio Guamá. Recebe em seu percurso, pela margem direita, os igarapés Tauari e Pitimandeua, este fazendo limite parcial ao Sul com Inhangapi. O seu mais importante afluente, por esta margem, é o Rio Apeú, que nasce a Noroeste da sede do Município, percorrendo grande extensão (cerca de 30 km) paralelamente ao Município de Santa Izabel do Pará e tem como afluentes os igarapés Macapazinho, Castanhal e Americano, este último fazendo limite, a Sudoeste, com o Município de Santa Izabel do Pará. Pela margem esquerda do Rio Inhangapi, aparecem os seus tributários, os igarapés São Lourenço e Timboteua. Na porção Nordeste, o Rio Braço Direito do Marapanim com o tributário Rio Caranã e o afluente deste, o Braço do Caranã, formam o limite Leste com o Município de São Francisco do Pará. Ao Norte, o Rio Braço Esquerdo do Marapanim faz limite com o Município de Curuçá e, a Noroeste, com o Município de Vigia (VALENTE et. al., 2001; PARÁ, 2012). RELEVO: De um modo geral, o relevo do município é plano, com declividade que varia de 0% a 3%. Todavia, ocorrem setores com relevo suave ondulado a ondulado com declividade variando de aproximadamente 3% a 15% (VALENTE et. al., 2001). SOLOS: predominam no município as classes de solos Argissolo, Neossolo, Gleissolo e Espodossolo, e mais raramente Latossolo (VALENTE et. al., 2001). Os ARGISSOLOS são solos minerais não hidromórficos, com horizonte B textural e argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alético. O horizonte B textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos para satisfazer as classes dos Luvissolos, Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos. São solos profundos a muito profundos, com seqüência de horizontes do tipo A – E – Bt (Btx) – C ou A – Bt – C, normalmente desenvolvidos de rochas sedimentares do Terciário e do Cretáceo. A classe dos NEOSSOLOS caracteriza solos constituídos por material mineral ou por material orgânico pouco espesso, com insuficiência de manifestação dos atributos diagnósticos que caracterizam os diversos processos de formação dos solos, seja em razão de maior resistência do material de origem ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo) que podem impedir ou limitar a evolução dos solos. Apresentam predomínio de características herdadas do material originário, sendo definido pelo SiBCS (EMBRAPA, 2006) como solos pouco evoluídos e sem a presença de horizonte diagnóstico. Os Neossolos podem apresentar alta (eutróficos) ou baixa (distróficos) saturação por bases, acidez e altos teores de alumínio e de sódio. Variam de solos rasos até profundos e de baixa a alta permeabilidade. Os GLEISSOLOS compreendem solos hidromórficos, constituídos por material mineral, com horizonte glei dentro dos primeiros 150cm da superfície do solo ou dentro de 50 e 150cm de profundidade, desde que imediatamente abaixo de horizontes A ou E, ou precedidos de horizonte B incipiente, B textural ou C com presença de mosqueados abundantes com cores de redução. São formados de materiais originários estratificados ou não, sujeitos a períodos de excesso de água. Desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos d’água e em materiais coluviais sujeitos a condições de hidromorfismo. Podem apresentar horizonte sulfúrico, cálcio, propriedade solódica, sódica ou caráter sálico (EMBRAPA, 2006). ESPODOSSOLOS são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B espódico, imediatamente abaixo de horizonte E, A, ou horizonte hístico, dentro de 200cm da superfície do solo, ou de 400cm, se a soma dos horizontes A+E ou dos horizontes hístico (com menos de 40cm) + E ultrapassar 200cm de profundidade (EMBRAPA, 2006). São formados a partir de sedimentos arenoquartzosos e ocorrem em áreas de relevo plano. Tratam-se de solos de baixa fertilidade química, fortemente ácidos, com muito baixa soma e saturação de bases e elevada saturação por alumínio (VALENTE et. al., 2001). A classe dos LATOSSOLOS compreende solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B latossólico, baixos teores de óxidos de ferro (Fe2O3), coloração amarelada, nos matizes 10YR a 7,5YR, fração argila de natureza essencialmente caulinítica, com ausência virtual de atração magnética (EMBRAPA, 2006). São derivados de litologias de natureza argilo-arenosa ou areno-argilosa da Formação Alter do Chão, do período Cretáceo/Terciário, ou material proveniente de cobertura relacionada àqueles sedimentos (EMBRAPA, 2001). São muito profundos, bem drenados, apresentando horizonte superficial do tipo A moderado. A espessura do horizonte A encontra-se em torno de 20cm e o horizonte B com profundidade superior a 200cm. VEGETAÇÃO: A cobertura vegetal do município de Castanhal é composta, predominantemente, por áreas de vegetação secundária em vários estágios de sucessão, consequência da retirada da floresta primária para implantação de cultivos de subsistência e formação de pastagens ao longo da história da região. Em menor proporção podem ser encontradas a floresta equatorial subperenifólia densa (floresta densa de terra firme ou floresta tropical úmida), também classificada pelo IBGE como floresta ombrófila densa, e a ocorrência de floresta equatorial higrófila de várzea (floresta ombrófila densa de planície aluvial), que ocorre margeando os cursos d'água (PARÁ, 2012). 4 ASPECTOS ESPECÍFICOS DA ÁREA DE ESTUDO 4.1 JUSTIFICATIVA TÉCNICA Considerando quea manutenção de áreas verdes nos centros urbanos é requisito essencial para proporcionar uma maior qualidade de vida e conforto ambiental à população, além de se configurar como um ambiente aprazível a partir da diversificação da paisagem, é que se torna relevante a realização do planejamento urbano concomitante à elaboração de políticas públicas ambientais. Nesse contexto a promoção da conscientização da sociedade sobre os valores ecológicos e a sustentabilidade ambiental tornam-se grandes aliados na mitigação dos impactos ambientais e na valorização do patrimônio natural das cidades. O município de Castanhal, acompanhando o histórico do Nordeste Paraense, é dominado por vegetação secundária em vários estágios de desenvolvimento, carecendo de atenção no sentido de preservar os escassos remanescentes florestais originais ainda existentes em seu território, especialmente aquele encontrado nos limites da sede municipal. Nesse enfoque, a SEMMA-Castanhal solicitou apoio ao IDEFLOR-BIO, órgão gestor e de monitoramento das áreas de conservação ambiental no Estado Pará, e responsável pela criação legal de espaços ambientalmente protegidos, para criar uma UC em área específica no centro urbano da cidade, num local conhecido por “Bosque Florerstal” ou ainda “Horto Florestal”. A área indicada é dotada de significativa biodiversidade de flora, inclusive com espécies ameaçadas de extinção, como a Castanheira (Bertholletia excelsa), Samaumeira (Ceiba pentandra) e Pau-brasil (Caesalpinia echinata), perfazendo um total de 37 famílias entre espécies nativas e plantadas, de acordo com informações da Prefeitura, entre elas mogno, andiroba, cedro e jatobá, de significativo valor comercial e muito cobiçadas pelos madeireiros. A área conta, ainda, com a presença de várias nascentes de rio, estas sendo por lei, um ecossistema de preservação permanente. Desta forma, a área em questão configura-se como forte candidata a tornar-se oficialmente em Unidade de Conservação Ambiental. A área em questão soma aproximadamente 15,225 ha, distante cerca de 600m em linha reta da BR-316, fazendo frente com a Passagem do Arame. É um polígono que soma 1.711,83m. Segundo a Secretária de Meio Ambiente do município, Lúcia Porpino, já estão sendo providenciados uma possível solução para o conflito fundiário e promoção para a legalização da área, com o apoio do Ministério Público do município. Conforme levantamento realizado no ano de 2010 por solicitação da Prefeitura Municipal de Castanhal, a área proposta para a criação da UC, antes propriedade municipal, hoje pertence ao IBAMA, sendo gerenciada pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA. Por meio de um convênio, o IBAMA transferiu os cuidados do local à Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário – SEMADA, a qual instalou sua estrutura física e encontra-se em funcionamento regular, realizando indiretamente a fiscalização de toda a área do bosque (Figura 2). FIGURA 2. Estrutura física da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário – SEMADA no interior do Bosque Florestal, Castanhal-PA. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). Devido sua localização ser em área urbana, alguns problemas para conservação da área podem ser observados (Figuras 3 e 4): A falta de um muro ou cercamento total do polígono e a ausência de gerenciamento facilitam o trânsito de pessoas não autorizadas e a depredação do ambiente natural (há um muro de construção recente na entrada do bosque, parcialmente levantado e o restante do terreno frontal com edificação de muro antiga, seriamente danificada. Há apenas uma lateral murada, também com trechos muito comprometidos); O crescimento do núcleo urbano do entorno da área eleva a pressão sobre a floresta local, especialmente nos períodos de coleta da castanha, espécie presente em quase toda a área do bosque. Houve casos de incêndio provocado por queima de lixo, dizimando algumas espécies vegetais; O despejo de esgoto e lixo doméstico proveninte das comunidades do entorno do bosque e que são lançados diretamente sobre as nascentes presentes no interior do bosque podem contribuir não apenas com a poluição hídrica, mas com o assoreamento, provocando a degradação ambiental da área; A falta de segurança fez com que o local ficasse conhecido por área de tráfico de drogas e desmonte de motocicletas, “zona vermelha” pela classificação da polícia local. FIGURA 3. Muro frontal parcialmente concluído (entrada do terreno), com trechos mais antigos completando a parte frontal seriamente danificados. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 4. Lixo doméstico encontrado no interior do Bosque Florestal. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). Diante do exposto, é perfeitamente discutível a importância da preservação do ecossistema foco deste estudo, salientando a necessidade futura da elaboração de um plano de manejo condizente com a categoria de UC a ser adotada após a sua efetiva criação. 4.2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO Geograficamente, a área proposta para a criação da Unidade de Conservação Ambiental localiza-se entre as coordenadas 01°18'12,67'' S e 47°55'8,09'' W, na zona urbana da cidade de Castanhal-PA, abrangendo os bairros de Santa Lídia (conhecido popularmente como Bairro Milagre) e Bairro Pirapora. Fica situada a aproximadamente 600 m em linha reta da BR-316, na Passagem do Arame, limitando- se a esquerda pela Rua Padre Salvador Tracaioli, a direita pela Rua São João e ao fundo pela Rua Maximino Porpino (Figura 5). A distância da capital do Estado à sede do município de Castanhal é de aproximadamente 68 Km, com acesso pela BR 316. O deslocamento total para a realização deste estudo foi feito via terrestre, em carro oficial disponibilizado pelo IDEFLOR-BIO. FIGURA 5. Mapa de localização da área proposta para a criação da UC, na sede do Município de Castanhal-PA. Fonte: www.googlemaps.com (acessado em: 04/07/2017). 5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 5.1 METODOLOGIA Para a caracterização do meio físico foi realizado levantamento in loco da paisagem, percorrendo-se vários trechos do interior da área de interesse, com o auxílio de um servidor da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário - SEMADA, o qual serviu como guia. Materiais como GPS, imagem de satélite (impressa), câmara fotográfica e ferramentas para abertura de miniperfis foram utilizadas durante a expedição de campo. Posteriomente, levantamento bibliográfico foi realizado para subsidiar o diagnóstico final. Os aspectos do meio físico considerados na realização do estudo foram: Clima, hidrografia, geologia e geomorfologia e solos. Para caracterização ou classificação do tipo climático da área de estudo, dados referentes à temperatura do ar e precipitação pluviométrica foram obtidos a partir de dados obtidos via internet, no site CLIMATE-DATA.ORG e em dados da literatura, os quais seguiram o modelo de classificação do clima proposto por Wladimir Köppen (Classificação de Köppen), que relaciona basicamente o clima com a vegetação, sendo que são considerados no esquema a sazonalidade e os valores médios anuais e mensais de temperatura do ar e de precipitação (AYOADE, 2006; MENDONÇA; DANNI- OLIVEIRA, 2007). Não foi possível obter dados pontuais atualizados em virtude de não haver estação meteorológica instalada no município. A hidrografia foi levantada percorrendo-se a área por terra, margeando os cursos d’água e a partir de informações do funcionário da SEMADA, que também apontou os pontos de ocorrência de nascentes no interior dobosque, e ainda relatos de alguns moradores do entorno. A geologia e geomorfologia foram baseadas em observações in loco e a descrição apoiada nos estudos contidos no Projeto Radam Brasil e em outros dados apontados na literatura. Os solos foram coletados e analisados macroscopicamente diretamente no campo, a partir de abertura de miniperfis e coleta de amostras deformadas em vários pontos da área previamente estabelecidos para análise de cor e textura, e classificados conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Salienta-se que para uma maior precisão dos resultados é necessária uma análise mais acurada envolvendo as características físicas, químicas e biológicas do solo. Nesta fase foram dadas ênfases também às feições das formas de relevo. 5.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO 5.2.1 Clima Regionalmente, o Município de Castanhal encontra-se sob influência do clima tropical chuvoso (úmido), no qual as temperaturas médias, variam entre 18 e 35°C e a média pluviométrica é de 2.500 a 3.000mm anuais. Do ponto de vista local, a tendência climática que correspondente a área de interesse para a criação da UC (Bosque Municipal) acompanha aquela para o município em geral. O valor médio relacionado a precipitação pluviométrica anual varia em torno de de 2.432mm. O mês com menor precipitação é Novembro, com 63mm, e o mais chuvoso é o mês de Março, apresentando uma média de 411mm (Figura 6). Os números são indicativos de que a área abrangida por este estudo não apresenta estação seca, embora apresente períodos com índices de precipitação considerados baixos. A variação sazonal das precipitações indica sazonalidade bem definida, com maiores índices de pluviosidade nos 6 (seis) primeiros meses do ano. FIGURA 6. Curso médio anual de precipitação pluviométrica para o Município de Castanhal-PA. Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017). A Figura 7 apresenta a climatologia da temperatura do ar para o município em questão. A média anual cofere a área de estudo um valor de 25.8°C. O mês com temperatura média mais elevada é o de Outubro e o mês com temperatura mais reduzida é Março (Tabela 1). FIGURA 7. Variação média mensal da temperatura do ar para o Município de Castanhal-PA. Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017). Quando comparados, o mês menos chuvoso tem uma diferença de precipitação de 348mm em relação ao mês mais chuvoso. As temperaturas médias têm uma variação de 1.2°C durante o ano. TABELA 1. Curso médio anual da temperatura do ar para o Município de Castanhal-PA. Fonte: CLIMATE-DATA.ORG (2017). A Umidade relativa do ar no município é elevada, variando de 80% a 85%, característica que está intimamente relacionada com o regime de precipitação que ocorre na região. 5.2.2 Hidrografia A rede hidrográfica da área de estudo é simples, contado com apenas 2 (dois) córregos cujos cursos cortam a área do terreno, um próximo à Rua Padre Salvador Tracaioli (parte superior da Figura 8), e o outro mais em direção à Rua São João (parte inferior da Figura 8), que se fundem a um curso d'água maior já fora dos limites da área de interesse, em direção aos fundos do terreno, pela Rua Maximino Porpino (Figura 8). FIGURA 8. Hidrografia da área de estudo. Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Castanhal – Cons&SeA (sem data). Embora a maior parte da vegetação ciliar ainda esteja em bom estado de conservação, há informações de que os córregos já sofreram, e ainda sofrem, sérios impactos que resultaram na diminuição da vazão, contaminação da água, assoreamento, morte da fauna aquática pré-existente e até mesmo morte de nascentes. O lançamento de efluentes domésticos configura-se como o maior problema neste contexto. Foram identificados pelo menos 4 (quatro) pontos onde observou-se despejo de lixo associado ao lançamento de esgotamento sanitário proveniente da pressão fundiária desordenada no entorno da área, sendo que todos estão localizados no limite do terreno com a Passagem do Arame (Figura 9): PONTO P1: 01°18'05,7'' S e 47º55'08,5'' W (próximo da Rua Padre Salvador Tracaioli) – Figura 10 PONTO P2: 01°18'09,2'' S e 47º55'08,3'' W – Figura 11 PONTO P3: 01°18'13,6'' S e 47º55'08,5'' W – Figura 12 PONTO P4: 01°18'21,08'' S e 47º55'8,9'' W (próximo da Rua Saõ João) – Figura 13 FIGURA 9. Figura esquemática dos pontos de lançamento de efluentes sobre a área de estudo. Fonte: SEMAS (2017). FIGURA 10. Ponto de lançamento de efluentes – P1, limite do terreno com a Passagem do Arame. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 11. Ponto de lançamento de efluentes – P2, limite do terreno com a Passagem do Arame. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 12. Ponto de lançamento de efluentes – P3, limite do terreno com a Passagem do Arame. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 13. Ponto de lançamento de efluentes – P4, limite do terreno com a Passagem do Arame. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). O Ponto P1 é o que recebe maior quantidade de lançamentos. A galeria atravessa a Passagem do Arame e recebe toda a carga de efluentes tanto da população do entorno da área de estudo como os que são carreados desde o Bairro Santa Helena, onde há grande quantidade de esgotos, com défict de manutenção, ocasionando escoamento deficiente das águas das chuvas, além de enchentes em períodos de maior precipitação pluviométrica. Todos os pontos de lançamento caem sobre as nascentes presentes na área, e embora pareça que ao longo do curso da água a mesma apresente-se límpida e aparentemente de boa qualidade, ela está provavelmente contaminada pelos materiais que recebe. Seria importante que uma análise de qualidade da água fosse realizada para comprovar o fato e subsidiar um plano de recuperação, evitando assim que interferências sem critérios nas nascentes e ao longo dos cursos d’água venham causar danos irreversíveis à rede natural de drenagem, preservando, desta forma, os recursos hídricos para o bem do ambiente como um todo. No total foram identificadas 7 (sete) nascentes, como ilustrado na Figura 14. FIGURA 14. Ilustração da localização dos pontos referentes as nascentes presentes no interior do bosque. Fonte: SEMAS (2017). A nascente N1 localizada no ponto de coordenadas 01°18'07,4'' S e 47°55'11,7'' W, correspondente a que sofre influência direta do ponto de lançamento de efluentes P1, apresenta um solo com grave problema de erosão que levou ao surgimento de um área de voçoroca (Figura 15). Essa formou-se lentamente ao longo dos anos – cerca de 15 anos, segundo informações adquiridas durante o levantamento de campo – como consequência provável da forte concentração de materiais poluentes escoados em sua direção, interceptação do lençol freático pelo processo erosivo que acarreta em indução de surgências d'água que provocam colápsos e escorregamentos laterais do terreno, alargando a voçoroca, e pela concentração natural de escoamento pluvial. Em razão do acentuado processo erosivo muito de vegetação já foi perdida, inclusive muitos indivíduos de castanheira e espécies de palmeiras nativas. FIGURA 15. Nascente localizada em ponto com acentuado processo erosivo. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). No ponto de coordenadas 01°18'09,1'' S e 47°55'12,2'' W, ocorre a presença de uma nascente (N7) onde há muitos anos era possível o uso para banho e lazer, pois a água aflorava com baste intensidade e a profundidade do córrego era significativa. Atualmente este trecho encontra-se com alto grau de assoreamento (Figura 16). De acordo com o depoimento do Sr. Milton (SEMADA), nas imediaçõesdeste trecho ocorreu um incêndio no período do verão do ano de 2016, provocando a destruição de parte da vegetação de sua margem. O incidente foi consequência da queima de lixo doméstico. O fogo atingiu uma grande distância, dizimando muitas espécies vegetais no interior do bosque. FIGURA 16. Trecho assoreado ao longo do curso d'água de uma das nascentes presentes no interior do bosque. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). É importante informar que a ocorrência de assoreamento é comum ao longo dos cursos d'água em direção às nascentes. Igualmente, é frequente a ocorrência de deposição de lixo doméstico próximo das nascentes. Em ambos os córregos encontrados no interior do bosque, principalmente naquele localizado neste estudo como presente na parte inferior da Figura 8, a vazão foi drásticamnte diminuída e a fauna aquática, antes abundante, foi dizimada. Completaram ainda que existia mais uma nascente naquele local, mas que por força dos impactos que sofreu a mesma secou. Relatos de moradores do entorno, confirmados pelo funcionário da SEMADA, informam que todas as nascentes se unem até encontrar o Igarapé Cariri. A Tabela 2 apresenta a localização geográfica de todos os pontos com identificação de nascentes no interior do bosque. TABELA 2. localização geográfica das nascentes identificadas no interior da área de estudo. NASCENTE COORDENADAS GEOGRÁFICAS 1 01°18'19,5'' S e 47°55'08,6'' W 2 01°18'07,4'' S e 47°55'11,7'' W 3 01°18'18,6'' S e 47°55'12,3'' W 4 01°18'14,0'' S e 47°55'13,3'' W 5 01°18'14,1'' S e 47°55'12,0'' W 6 01°18'13,5'' S e 47°55'12,4'' W 7 01°18'09,1'' S e 47°55'12,2'' W Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). 5.2.3 Geologia e Geomorfologia A estrutura geológica do município de Castanhal é constituída, dominantemente, por sedimentos antigos da Formação Barreiras, compostos de arenitos finos e grosseiros, siltitos e argilitos caulínicos, pertencentes ao período geológico Terciário. Em menor proporção são encontrados os depósitos de sedimentos recentes do Quaternário constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas que ocorrem nas faixas estreitas e descontínuas acompanhando os cursos d'água (VALENTE et al., 2001). Na área de estudo predominam sedimentos do Quaternário, também denominado antropozóico, em cujos terrenos estão contidas formações holocênicas compostas por areias e argilas inconsolidadas que por vezes aparecem com mosqueados avermelhados resultantes da oxidação do ferro na matriz do solo (Figura 17). FIGURA 17. Solos com presença de mosqueados avermelhados no interior da área de estudo. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). Associados aos sedimentos quaternários ocorrem os solos hidromórficos, correlacionados principalmente às áreas de florestas de várzea, margeando os cursos d'água. Estes sedimentos ocupam a maior parte da área estudada, compondo os materiais formadores dos neossolos e gleissolos presentes no seu interior. A topografia do município, modo geral, é caracterizada pelo relevo plano, podendo ocorrer setores com relevo suave ondulado a ondulado. A área de interesse para a criação da UC sugere pertencer à classe de declividade plano. A feição geomorfológica do Município de Castanhal é dominantemente de tabuleiros ou baixos platôs pediplanados bem conservados. Ocorrem, também, colinas de topos aplainados, moderadamente dissecadas, principalmente às proximidades da sede municipal e acompanhando as margens do Rio Apeú e seus pequenos afluentes, e na margem do Rio Inhangapi (VALENTE et al., 2001). 5.2.4 Solos Como apontado na literatura, no Município de Castanhal predominam solos pertencentes às classes dos Argissolos, Neossolos, Gleissolos e Espodossolos. Raramente são encontrados Latossolos, que geralmente aparecem em associação com outros solos. No interior da área de estudo foram observadas principalmente 3 (três) classes: Neossolos e Gleissolos, dominando a paisagem, e em menor proporção os Argissolos. A descrição a seguir é baseada no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), apoiada nos estudos desenvolvidos por Valente et al. (2001) sobre os tipos de solos e aptidão agrícola do Município de Castanhal. É importante salientar que os solos mapeados são de fácil caracterização macroscópica, embora seja de relevante importância a realização de análises específicas (químicas, físicas e morfológicas) para um diagnóstico mais preciso. NEOSSOLOS Compreende solos constituídos por material mineral, ou por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição químico-mineralógica, ou por influência dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos. No interior do bosque foi identificada a classe NEOSSOLO FLÚVICO, solos rasos em estádio inicial de evolução, com pequena expressão dos processos pedogenéticos, apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o horizonte C ou sobre a rocha de origem (camada R), ou seja, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Estes solos são derivados de sedimentos aluviais recentes depositados periodicamente durante as inundações e apresentam alto conteúdo de material orgânico devido a grande deposição de restos vegetais. Ocorrem mais frequentemente em áreas de relevo plano, acompanhando as margens dos cursos d'água sob vegetação de floresta equatorial higrófila de várzea (floresta ombrófila densa de planície aluvial), especialmente próximo e ao longo das nascentes N3, N4 e N5 (Figura 18). Segundo Valente et. al. (2001), os solos classificados como Neossolo flúvico não apresentam riscos de erosão, sendo adequados para conservação de recursos naturais, indicados para proteção ambiental e inaptos para agricultura. FIGURA 18. Neossolo flúvico encontrado ao longo das nascentes. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). GLEISSOLOS São solos constituídos por material mineral com horizonte glei iniciando-se dentro dos primeiros 150cm da superfície do solo ou a profundidades entre 50cm e 150cm desde que imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos. Estes solos estão permanentes ou periodicamente saturados com água sob regime de umidade redutor, que se processa em meio anaeróbico, devido ao encharcamento do solo por longo tempo ou durante todo o ano. Na área de estudo foi identificado a classe GLEISSOLO HÁPLICO, que compreende a classe de solos minerais, hidromórficos, pouco evoluídos, pouco profundos, com textura argilosa, desenvolvidos a partir de sedimentos recentes do Quaternário sob forte influência do lençol freático próxima à superfície. Ocorrem mais frequentemente em áreas de relevo plano, notadamente próximo das nascentes N1, N2 e N6 acompanhando as margens dos cursos d'água sob vegetação natural de floresta equatorial higrófila de várzea (Figura 19). Raramente ocorrrem associados ao Neossolo Flúvico, como as proximidades da nascente N7 e ao longo de suas margens. FIGURA 19. Gleissolo háplico encontrado em pontos com nascentes e ao longo de cursos d'água. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). ARGISSOLO Os argissolos compreendem solos constituídos por material mineral, que têm como características diferenciais a presençade horizonte B textural (Bt) que se encontram imediatamente abaixo do horizonte superficial. Com profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, com textura que varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre ocorrendo aumento de argila do horizonte A para o B. Compreende classe de solos minerais, não hidromórficos, abrúptico ou não, com horizonte B textural de coloração amarelada, dentro dos matizes 10YR e 7,5YR, argila de atividade baixa e teores de ferro total geralmente inferior a 70g/kg de solo (EMBRAPA, 2006). Compondo os tipos de solos de ocorrência no bosque, identificou-se a classe ARGISSOLO AMARELO, solos minerais, profundos, bem drenados, pouco estruturados, com textura binária arenosa/média. Estes solos encontram-se em grande extensão na parte mais frontal do terreno, onde localiza-se o prédio da SEMADA, principalmente na extensão que fica em frente à Passagem do Arame, em áreas identificadas com plantio de seringueira (01°18'14,9'' S e 47°55'09,3'' W), utilizada para plantio de hortaliças (01°18'13,4'' S e 47°55'08,3'' W), sob plantio de castanheiras (01°18'11,51'' S e 47°55'09,51'' W), atividades essas mantidas pela Secretaria de Agricultura, além da área utilizada como campo de vôlei (01°18'09,7'' S e 47°55'08,5'' W). As Figuras 20, 21, 22 e 23 ilustram a ocorrência desta classe no interior da área de estudo. Salienta-se que todas as áreas ora citadas são pouco expressivas, com aproximadamente 10 metros de comprimento por 8 metros de largura, em média, sendo que aquelas com solo sob plantio apresentam um número pequeno de indivíduos por área. Com relação a horta, no momento não está havendo cultivo. FIGURA 20. Argissolo encontrado sob plantio de seringueira. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 21. Argissolo encontrado em área utilizada para plantio de hortaliças. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 22. Argissolo encontrado sob plantio de castanheiras. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). FIGURA 23. Argissolo encontrado em ára utilizada como campo de vôlei. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). Na lateral que fica paralela à Rua São João, onde observa-se outra área de lazer que é utilizada pela comunidade do entorno, um campo de futebol desprovido de cobertura vegetal (01°18'23,2'' S e 47°55'08,8'' W), onde também ocorre Argissolo Amarelo (Figura 24). FIGURA 24. Argissolo encontrado em ára utilizada como campo de futebol. Fonte: IDEFLOR-BIO (2017). É importante informar que, à exceção da área do campo de futebol, considerável parte da área frontal do terreno onde foi sugerida a ocorrência de argissolos já sofreu vários aterramentos, o que camufla o real tipo de solo ali existente. Foram observadas camadas de terra preta e argila proveniente de aterros das ruas do entorno na superfície do solo. A identificação aqui realizada considerou a abertura de miniperfis até a profundidade de aproximadamente 50cm em razão da escassez de ferramentas e pelo pouco tempo disponível em campo para um reconhecimento mais preciso dos solos da área. Segundo a literatura, as principais limitações destes solos quanto ao uso agrícola se prendem principalmente à fertilidade natural baixa, condicionada pelos teores muito baixos de soma de bases, CTC e alta saturação com alumínio, que exigem a aplicação de fertilizantes e corretivos para melhorar o nível de nutrientes às plantas. 6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES A presença de pelo menos 7 (sete) nascentes existentes no interio do bosque, e que estão seriamente ameaçadas, além da presença de pelo menos 3 (três) espécies da flora ameaçadas de extinção, justificam a urgente necessidade de proteção deste ecossistema a partir da criação de uma Unidade de Conservação Ambiental. Algumas nascentes ainda encontram-se bastante preservadas e o uso do solo no interior da área estudada é praticamente nulo, o que reforça a importância da preservação/conservação da área. Para que a UC proposta atinja seus objetivos é imprescindível que sejam adotadas medidas imediatas quanto a mitigação dos impactos ambientais que a área vem sofrendo. Os vetores de pressão (lançamento de esgoto e depósito de lixo) identificam e refletem os principais impactos sobre a área analisada e precisam urgentemente ser anulados, pois influenciam de forma direta e indireta a integridade dos limites físicos e aspectos relativos à conservação da biodiversidade no contexto do bosque. Uma análise de qualidade da água seria importante para confirmar o nível de contaminação, se presente, e subsidiar um programa de recuperação dos corpos hídricos locais. O processo de legalização da área, retornando para o poder público municipal, é primordial para dar seguimento às etapas posteriores do processo de criação da Unidade. A consolidação territorial configura-se como item indispensável na implementação de UCs. Recomenda-se que sua proteção legal seja enquadrada na forma de Unidade de Proteção Integral, categoria de manejo PARQUE NATURAL MUNICIPAL, segundo o que determina o Sistema Nacional de Unidade de Consevação da Natureza – SNUC. Esta sugestão parte dos resultados do diagnóstico aqui apresentado, que no entanto precisa antes ser complementado com as informações levantadas em relação aos meios biológico, socioeconomico e fundiário, dimensionando a infraestrutura relacionada com a ocupação humana da área do entorno para garantir o cumprimento dos objetivos propostos. REFERÊNCIAS AYOADE, JOHNSON OLANIYI. Introdução a Climatologia para os Trópicos. Bertrand: São Paulo, 2006. BAHIA, MARIA LÚCIA; GARVÃO, RODRIGO FRAGA. Castanhal-Pa: Um Estudo Avaliativo da “Cidade Modelo” no Nordeste Paraense. Cairu em Revista. Jun/Jul 2015, Ano 04, n° 06, p. 3 5-46. CASTANHAL (PA). Prefeitura. 2017. De Vila à Município. Disponível em: http://www.castanhal.pa.gov.br/institucional/sobre-castanhal/#devilaamunicipio. Acesso em: 27 mai. 2017. CLIMATE-DATA.ORG. Clima: Castanhal. Disponível em: https://pt.climate- data.org/location/26632/. Acesso em: 27 jun 2017. EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 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Análise da influência da precipitação pluviométrica e do uso do solo sobre a qualidade da água em microbacias hidrográficas no Nordeste Paraense, Amazônia Oriental. (Dissertação). Universidade Federal do Espírito Santo. 2011, 172 p.
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