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Conferências internacionais de instrução pública recomendações 1934.1963

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CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE 
INSTRUÇÃO PÚBLICA 
CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE 
INSTRUÇÃO PÚBLICA 
RECOMENDAÇÕES 
( 1 9 3 4 - 1 9 6 3 ) 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS 
BRASIL 
1965 
Í N D I C E 
Pág. 
Apresentação .................................................................................................................. IX 
Origens do Bureau Internacional de Educação e das Conferências Inter 
nacionais de Instrução Pública ......................................................................... XI 
RECOMENDAÇÕES 
N.° 1 — Extensão da Escolaridade Obrigatória (1934) ......................................... 1 
N.° 2 — Admissão às Escolas Secundárias (1934) ................................................. 2 
N.° 3 — Economia no Campo da Instrução Pública (1934) .................................... 4 
N.° 4 — Formação Profissional do Magistério Primário (1935) .... 5 
N.° 5 — Formação Profissional do Magistério Secundário (1935) .. 6 
N.° 6 — Conselhos de Educação ( 1935) ...................................... ;....................... 8 
N.° 7 — Educação de Grupos Especiais (1936) ................................................ 9 
N.° 8 — Organização do Ensino Rural (1936) ........................................................ 10 
N.° 9 — Normas Para Construções Escolares (1936) .......................................... 12 
N.° 10 — Inspeção do Ensino (1937) ..................................................................... 14 
N.° 11 — Ensino de Línguas Vivas (1937) ................................................................. 15 
N.° 12 — Ensino da Psicologia na Formação de Professôres Primários 
e Secundários (1937) ...................................................................... 17 
N.° 13 — Remuneração do Professor Primário (1938) ........................................... 18 
N.° 14 — Ensino das Línguas Clássicas < 1938) ......................................................... 20 
N.° 15 — Elaboração, Emprego e Seleção de Manuais de Ensino (1938) 22 
N.° 16 — Remuneração do Professorado Secundário (1939) ................................. 24 
N.° 17 — Organização do Ensino Pré-Primário (1939) ............................................... 26 
N.° 18 — Ensino da Geografia nas Escolas Secundárias (1939) ............................ 28 
N.° 19 — Acesso às Escolas do Segundo Grau (1946) ............................................... 30 
N.° 20 — Difusão do Ensino da Higiene do Jardim da Infância ao 
Nível Médio (1946) ......................................................................... 31 
N.° 21 — Gratuidade do Material Escolar ( 1947) ................................................... 33 
N.° 22 — Educação Física no Ensino Secundário ( 1947) .................................... 35 
N.° 23 — 0 Ensino da Escrita (1948) ............................................................................. 37 
N.° 24 — Desenvolvimento da Consciência Internacional na Juventude 
e Ensino Relativo aos Organismos Internacionais (1948) 38 
N.° 25 — Desevolvimento dos Serviços de Psicologia Escolar (1948) 40 
N.° 26 — Ensino da Geografia e a Compreensão Internacional (1949) 4 2 
N.° 27 — Iniciação às Ciências Naturais na Escola Primária (1949) 4.» 
N.° 28 — Ensino da Leitura (1949) ........................................................................ 45 
N.° 29 — Intercâmbio Internacional de Educadores ( 1950) ...................................... 46 
N.° 30 — Ensino de Trabalhos Manuais nas Escolas Secundárias (1950) 48 
— VII 
Pág. 
N.° 31 — Iniciação à Matemática na Escola Primária (1950) ................................... Sl 
N.° 32 — Escolaridade Obrigatória e sua Extensão (1951) .................................... 53 
N.° 33 — Cantinas e Vestiários Escolares (1951) ........................................................ 63 
N.° 34 — Acesso da Mulher à Educação (1952) ...................................................... 65 
N.° 35 — Ensino de Ciências Naturais nas Escolas Secundárias (1952) 70 
N.° 36 — Formação do Magistério Primário (1953) ................................................ 73 
N.° 37 — Situação do Magistério Primário (1953) ................................................... 83 
N.° 38 — Formação do Magistério do Ensino Secundário (1954) ... 87 
N.° 39 — Situação do Magistério do Ensino Secundário (1954) .... 92 
N.° 40 — Financiamento da Educação (1955) ........................................................... 98 
N.° 41 — Ensino das Artes Plásticas nas Escolas Primárias e Secun 
dárias (1956) ..................................................................................... 107 
N.° 42 — Inspeção Escolar (1956) ............................................................................... 112 
N.° 43 — Ensino da Matemática na Escola Secundárias (1956) ............................... 118 
N.° 44 — Desenvolvimento das Construções Escolares (1957) ............................... 124 
N.° 45 — Formação dos Professôres de Ensino Normal (1957) .................................. 132 
N.° 46 — Elaboração e Expedição de Programas do Ensino Primário 
(1958) ................................................................................................ 137 
N.° 47 — Possibilidades de Acesso à Educação nas Zonas Rurais (1958).....................144 
N.° 48 — A Elaboração, a Escolha e a Utilização dos Manuais de En 
sino Primário (1959) .................................................................................................. 152 
N.° 49 — Medidas destinadas a Facilitar o Recrutamento e a For 
mação dos Quadros Técnicos e Científicos (1959) ..................... 158 
N.° 50 — Elaboração e Expedição dos Programas de Ensino Secundá 
rio (1960) ........................................................................................... 169 
N.° 51 — Ensino Especial para Débeis Mentais (1960) ............................................ 176 
N.° 52 — Escola Primária de Mestre Único (1961) ............................................... 182 
N.° 53 — Educação Pré-Primária (1961) .................................................................. 189 
N.° 54 — Planejamento da Educação (1962) ........................................................... 197 
N.° 55 — Aperfeiçoamento de Professôres Primários (1962) ................................. 204 . 
N.° 56 — Orientação Escolar e Profissional (1963) ................................................ 210 
N.° 57 — Carência de Professôres Primários (1963) ................................................. 216 
 
A P R E S E N T A Ç Ã O 
Promovida inicialmente pelo Bureau Internacional de Educação e, a partir de 
1947, pelo Bureau e pela UNESCO, reúne-se anualmente em Genebra, desde 1934, 
a Conferência Internacional de Instrução Pública, cujos objetivos principais 
consistem na apresentação de relatórios sobre o movimento educativo do ano ante-
rior e na discussão e votação de Recomendações aos Ministérios de Educação. 
As Recomendações emanadas dessas Conferências intergovernamentais, de 
que chegam a participar até noventa nações, sem assumirem a força de decisões e 
sem se revestirem da forma de convênios, constituem, não obstante, um conjunto de 
normas da mais ampla autoridade técnica e moral, por serem elaboradas com 
fundamento na realidade escolar dospaíses participantes e aprovadas, após 
acurado exame, pelas autoridades superiores responsáveis pelo ensino nesses 
países. 
As cinqüenta e sete Recomendações, expedidas pelas vinte e quatro 
Conferências realizadas até 1963, abrangem aproximadamente mil e quinhentas 
proposições sobre problemas universais do ensino e constituem, por essa razão, uma 
Carta Internacional de Educação da maior importância, cuja significação não pode 
ser subestimada por quem quer que tenha uma parcela de responsabilidade em 
administração escolar. 
No momento em que, no nosso País, os Estados cuidam de organizar os seus 
sistemas de ensino à luz dos princípios de descentralização e dos critérios de 
planejamento ditados pela Lei de Diretrizes e Bases, afigura-se-nos 
extraordinariamente oportuno reunir, para facilidade de consulta por parte das 
autoridades do ensino, as peças desse fecundo corpo de doutrina pedagógica, que, 
por um lado, lhes pode servir de fonte de inspiração de providências e, por outro, 
pode prestar-lhes valiosos subsídios para o aprimoramento de soluções já adotadas. 
Rio de Janeiro, março de 1965. 
CARLOS PASQUALE 
Diretor do INEP 
— IX 
ORIGENS DO 'BUREAU INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO" E DAS 
CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE INSTRUÇÃO PÚBLICA 
Em 1912, a "American School Citizenship League", graças sobretudo aos esforços de sua 
secretária, Mrs. Fannie Fem Andrews, conseguiu interessar o governo de Washington na idéia 
de uma Conferência Internacional de Educação. Dessa Conferência diplomática deveria sair, 
logicamente, um Bureau Internacional de Educação, encarregado, especialmente, de estudar as 
questões ligadas ao ensino das relações internacionais, assim como de outros problemas 
educacionais que fossem de interesse comum a todos os povos. 
Os Estados Unidos sugeriram à Holanda convocar esta Conferência e medidas 
preliminares foram tomadas nesse sentido junto aos Ministérios de Relações Exteriores e da 
Educação de grande número de países, tendo sido a data da Conferência fixada para setembro 
de 1914. Dezesseis países, entre os quais todos as grandes nações da Europa, aceitaram o 
convite da Holanda e nomearam seus representantes. A guerra de 1914 adiou sine die a 
primeira Conferência Internacional de Educação. 
Contrariamente ao que se verificou em outros domínios, a paz de 1914 nenhum progresso 
trouxe à organização internacional de educação. Durante a Conferência da Paz, o Pacto da 
Sociedade das Nações, que reservou um lugar às tarefas sociais, humanitárias e econômicas, 
nenhuma menção fêz à educação. 
Entre os esforços que se desenvolveram paralelamente ao movimento americano, contam-
se os diferentes projetos do M. Frédéric Zollinger, secretário do Departamento de Instrução 
Pública de Zurique, que, já em 1901. propunha ao Conselho federal suíço a fundação de um 
centro internacional para a instrução e a educação. Seus projetos foram sucessivamente 
aprovados e recomendados por uma série de Congressos de caráter pedagógico. Em 1922, o 3.° 
Congresso internacional de educação moral aprovava um relatório de Zollinger, acompanhado 
de um projeto de estatuto de um Bureau Internacional de Educação, ligado ao Bureau 
Internacional do Trabalho. Esse documento previa uma Assembléia Internacional de Educação, 
composta dos delegados dos Estados-membros do BIE e uma comissão executiva. 
Em 1925, uma Comissão de organização criou, em Genebra, com o apoio do "Institut 
Universitaire des Sciences de 1'Education" e sob a forma de associação corporativa, o "Bureau 
International d'Education". 
Em 25 de julho de 1929 foi assinado, no Departamento de Instrução Pública de Genebra, 
novo estatuto do BIE, pelo qual se tornou este uma instituição de interesse público, 
controlada, através de um Conselho e de uma 
 
Comissão executiva, por seus membros, na maioria Governos, que se comprometeram a 
sustentá-lo financeiramente. 
M. Jean Piaget, Diretor do BIE, em discurso pronunciado por ocasião da abertura da 3.a 
Conferência Internacional de Instrução Pública, em 1934, acrescentou as seguintes informações 
históricas: "Em julho de 1929, três Mi-nistérios de Instrução Pública — Polônia, Equador e 
Cantão de Genebra — assinaram um acordo pelo qual transmitiriam sua documentação ao BIE, 
para fins de informação mútua. Em julho de 1931, os mesmos Ministérios, juntamente com os 
da Tchecoslováquia. da Espanha e do Egito, já membros do BIE, apresentaram, na sessão do 
Conselho do BIE. relatórios sobre sua atividade pedagógica durante o último ano escolar. 
Tal foi a origem da Conferência Internacional de Instrução Pública. 
No ano seguinte, não somente os Governos membros do BIT mas todos os Ministros de 
Instrução Pública foram convidados a apresentar ao Conselho do BIT os relatórios sobre o 
movimento educativo nos respectivos países, em uma conferência que se seguiu 
imediatamente à sessão do Conselho. 
Estava, assim, fundada a Conferência, de que o primeiro volume do Anuário 
Internacional de Educação foi o fruto (1933).*' 
A partir de 1934, além dos relatórios ministeriais, teve início nas Conferências o debate de 
três grandes questões educacionais, segundo resultados de inquéritos promovidos pelo BIT. 
durante o ano. junto aos Ministérios de Instrução Pública. 
Até a declaração da guerra, em 1939. o BIT havia convocado, por intermédio do Governo 
federal suíço, conferências intergovernamentais de instrução pública, das quais participaram 
perto de 60 governos. 
A guerra deflagrada em 1939 suspendeu as reuniões anuais da Conferência. só 
retomadas em 1946. 
Em 28-2-47 foi assinado um acordo de colaboração entre o BIE e a 
UNESCO, tendo sido constituída uma Comissão mista para fixar as bases 
desta cooperação. O acordo prevê, entre outras condições, associações das duas 
organizações para convocarem as Conferências internacionais de instrução 
pública. 
A reunião de 1964 foi interrompida antes de haver discutido e votado 
recomendações. 
(Notas da Biblioteca do CBPE.) 
 
RECOMENDAÇÃO N.° 1 
(1934) 
Extensão da Escolaridade Obrigatória 
A Conferência Internacional de Instrução Pública 
1. Reconhece que o problema da escolaridade obrigatória e sua 
extensão apresenta acentuadas diferenças nos diversos países e que, 
atualmente, nenhuma medida de conjunto pode ser recomendada. 
2. Verifica que nos países onde o número de escolas não cor-
responde ainda à população em idade escolar, o problema consiste mais em 
assegurar a cada criança a possibilidade de freqüentar a escola durante um 
mínimo de anos determinados, do que em prolongar a escolaridade. 
3. Conquanto admita que o número de anos escolares obrigatórios 
possa variar segundo cada país, considera que se deva desejar um número de 
anos de escolaridade efetiva nunca inferior a sete e constata que esse 
mínimo já se encontra ultrapassado em vários países. 
4. Julga desejável que a idade do egresso da escola nunca deveria ser 
fixada antes da época em que a formação física, intelectual e moral da 
criança esteja satisfatoriamente assegurada. 
5. Adverte os governos quanto à oportunidade de correspondência 
entre a adoção do princípio da obrigatoriedade escolar e das sanções contra 
o nao cumprimento desse princípio, e os esforços empreendidos pelas 
autoridades para tornar exeqüível o cumprimento integral dessa 
obrigatoriedade. 
6. Julga que, em princípio, e para a maioria dos países, a extensão da 
escolaridade mesmo além de 14 anos ofereceria vantagens indiscutíveis, 
salvo nos casos que merecem ser examinados quanto a dispensas 
temporárias e de curta duração que poderiam ser concedidas, por exemplo, 
na época dos trabalhos agrícolas. 
7. Afirma que o problema da extensão da escolaridade deve ser 
resolvido de acordo com a idade deadmissão ao trabalho. 
8. Deseja que em âmbito nacional exista a mais completa 
coordenação no que se refira às medidas a serem empreendidas entre a 
administração do Ensino Público e a do Trabalho e que no 
 
plano internacional sejam feitos, paralelamente, estudos sobre a idade de 
admissão ao trabalho e a escolaridade obrigatória 
9. Aconselha que o ensino dado na escola propriamente dita 
seja prolongado pelo ensino pós-escolar igualmente obrigatório; 
que a extensão do ensino escolar ou pós-escolar consista essencial 
mente de formação geral, cujos interesses e matérias curriculares 
estejam baseados nos interesses dominantes da região: rurais, indus 
triais, comerciais, etc. e para as meninas, no preparo às tarefas do 
mésticas. 
Deve esse ensino atribuir maior importância aos exercícios práticos, 
visando despertar e desenvolver as aptidões profissionais dos alunos 
Deseja ainda que se conceda maior importância à formação moral e 
física. 
10. Julga recomendável que toda medida relativa à extensão da 
escolaridade leve em conta a necessidade de coordenar as diversas 
modalidades de ensino e assegurar a continuidade de seus programas. 
11. Adverte as autoridades escolares para a necessidade de 
adaptação dos métodos de ensino prolongado às condições psicológicas dos 
alunos, em função da idade. 
12. Ressalta que, em decorrência das peculiaridades dos programas e 
dos métodos a serem aplicados no ensino prolongado, devem formar-se 
professores para esse fim ou selecioná-los entre os que hajam demonstrado 
anteriormente, no exercício da profissão, aptidões específicas para esse tipo 
de ensino. 
RECOMENDAÇÃO N.° 2 
(1934) 
Admissão às Escolas Secundárias 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, reconhecendo que a 
diversidade de circunstâncias impõe aos diversos países organização 
diferente; 
existem alunos nas escolas secundárias que não estão aptos a seguir com 
êxito o ensino nelas ministrado; 
o número excessivo de alunos nos estabelecimentos de ensino superior e a 
extensão do desemprego entre os intelectuais podem causar à juventude 
apreensão e sentimento de insegurança; o excesso de alunos verificado no 
ensino superior é devido principalmente à preocupação mais do que legítima 
de obter uma situação material e moral privilegiada por meio de apreciável 
cultura geral; 
tendo em vista a vida social das Nações e o interesse dos indivíduos, urge 
preparar, paralelalmente a uma elite constituída de profissões 
 
liberais, elites comerciais, industriais, agrícolas, etc. correspondendo aos 
diferentes tipos da atividade econômica e possuindo também cultura 
realmente geral, 
1. Julga necessário, a fim de evitar, na medida do possível, erros de 
orientação, e o desestímulo que deles podem resultar, promover a orientação 
dos alunos no decorrer do último ano regulamentar de ensino primário com 
a colaboração do professor, do médico, do serviço de orientação 
profissional, cabendo à família a decisão final. 
2. Recomenda maior coordenação entre o ensino primário e os 
ensinos secundários de maneira a permitir — sobretudo durante os primeiros 
anos de estudos — passagem facilitada de uma categoria de ensino a outra. 
3. Salienta a importância dos estabelecimentos denominados em 
alguns países "escolas médias", em outros "escolas primárias superiores", 
em outros "escolas práticas" ou "escolas de aprendizagem profissional", etc, 
que, não tendo por objetivo o preparo às Universidades, podem assegurar a 
seus alunos, além de cultura geral satisfatória, iniciação prática, de modo a 
prepará-los diretamente ao exercício imediato de uma profissão, ou a certas 
escolas profissionais superiores. 
4. Considera que se devem aperfeiçoar os métodos de seleção 
para o ingresso nas escolas secundárias propriamente ditas. Para 
essa seleção seria conveniente levar em conta os seguintes ele 
mentos: 
a) certificado de estudos primários e o relatório individual 
elaborado pelos Professôres primários; 
b) exame efetuado segundo métodos científicos tendo por 
objetivo não somente verificar os conhecimentos adquiridos, 
mas ainda as aptidões do candidato para seguir os estudos. 
 
5. Registra com interesse as atribuições concedidas seja aos 
representantes do corpo docente, seja aos representantes dos pais, no âmbito 
das comissões de orientação e de seleção. 
6. Previne as autoridades escolares que, no caso de seleção 
comportando eliminação obrigatória, todo aluno afastado das escolas 
secundárias propriamente ditas deveria ser encaminhado a outros estudos ou 
a uma formação profissional prática em função de suas aptidões. 
7. Apesar da complexidade que a gratuidade apresenta em seus 
diversos aspectos nos diferentes países, julga que as anuidades escolares 
nunca deveriam ser empecilho para o aluno cursar estudos secundários. 
8. Conseqüentemente, atribui a maior importância à concessão de 
bolsas de estudo cujo montante possa cobrir, tão completamente 
 
quanto possível, o custo dos estudos, e mesmo todos os encargos com a 
manutenção da criança, caso a situação dos pais assim o exija. 
RECOMENDAÇÃO N.° 3 
(1935) 
Economia no Campo da Instrução Pública. 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que 
seria arriscado dar às gerações futuras uma formação intelectual, moral e 
física incompleta, tomando-as assim inaptas a solucionar os graves 
problemas inerentes à reorganização do mundo, 
1. Lembra aos governos as graves conseqüências que adviriam de 
economias realizadas no campo da educação e sugere que essas economias 
sejam desviadas para outros setores menos comprometidos com o 
progresso material e espiritual. 
2. Registra com agrado a adoção de resoluções neste sentido pelo 
Comitê Executivo do Bureau Internacional de Educação, por diversas 
Associações ou Reuniões Pedagógicas Internacionais, pela Comissão 
Internacional de Cooperação Intelectual e pela Assembléia da Sociedade 
das Nações. 
3. Vendo com pesar que certos países tenham sido obrigados a 
restringir, por injunções da crise econômica, os orçamentos educacionais, a 
Conferência pede a atenção dos Governos para as seguintes considerações: 
 
a) as reduções mais prejudiciais são as reduções globais 
efetuadas sem levar em consideração a utilidade e a 
eficiência das instituições atingidas; 
b) as restrições orçamentárias no campo da "educação pública" 
não deveriam ser impostas pelas autoridades responsáveis 
pelo orçamento antes de estudo prévio efetuado pelas 
autoridades educacionais; 
c) a redução dos vencimentos do pessoal docente representa 
sério dano para o recrutamento de seus membros, que devem 
ser homens de elite, já que o futuro do país lhes é confiado; 
d) nenhuma restrição deveria atingir as medidas capazes de 
contribuir para a saúde física e moral da criança: locais 
escolares bem conservados, cantinas escolares, praças de 
jogos e recreação, colônias de férias, bem como Serviços de 
Assistência Social, que deram nova orientação à escola de 
hoje e que são tão necessários em épocas de crise; 
 
e) deve-se evitar qualquer economia de material escolar capaz 
de prejudicar o rendimento do ensino; 
f) o número de alunos por classe não deve sofrer aumento que 
possa afetar a qualidade do ensino e a saúde dos alunos; 
g) as atribuições da inspeção escolar — de que depende em 
grande parte a qualidade do ensino — deveriam ser 
organizadas de maneira a assegurar plena eficiência. 
RECOMENDAÇÃO N." 4 
(1935) 
Formação Profissional do Magistério Primário 
1. A Conferência de Instrução Pública, considerando que as 
condições econômicas e sociais presentes e o progresso dos conhe 
cimentos tornaram mais difíceis e mais complexos os encargos dos 
professores primários; 
sendo a personalidade doprofessor fator decisivo para a ação educativa e 
que conseqüentemente o problema da formação profissional dos futuros 
professores é de importância capital; nessa formação deve-se levar em conta 
não apenas conhecimentos gerais e pedagógicos, mas ainda e sobretudo 
valores morais, registra com satisfação que, na maioria dos países, o 
problema da formação de professores constitui uma das preocupações 
relevantes das autoridades educacionais. 
2. A Conferência distingue uma corrente de opinião favorável à 
formação do Magistério Primário em nível superior, seja em Universidade 
ou Institutos Pedagógicos Universitários, seja em Academias Pedagógicas, 
após prévios estudos secundários. 
3. A Conferência recomenda que a idade de admissão às funções de 
professor primário e conseqüentemente a do ingresso nos Centros de 
Formação Pedagógica sejam fixadas de maneira a permitir que o jovem 
professor possa adquirir, antes de exercer suas funções, maturidade moral e 
intelectual satisfatória, e também consciência da importância de seu trabalho 
e de suas responsabilidades; que a seleção dos candidatos não verse apenas 
sobre conhecimentos adquiridos mas que dê realce às aptidões morais, 
intelectuais e físicas; que os estudos dos futuros professores primários sejam 
gratuitos ou que pelo menos sejam concedidas bolsas aos candidatos de 
mérito e mais necessitados. 
4. Julga que o preparo profissional e pedagógico deve ser com-
pletado por uma boa cultura geral; 
que por conseguinte, a duração dos estudos deve ser suficientemente longa, 
permitindo ministrar aos alunos, sem estafa, cultura 
 
geral e formação profissional satisfatória. Considera, aliás, possível 
ministrar em primeiro lugar essa cultura geral, cabendo em seguida aos 
Centros de Formação Pedagógica (Universidades, Faculdades de Educação, 
Institutos Pedagógicos Universitários, Academias ou Institutos Pedagógicos, 
Escolas Normais) dar a formação profissional específica, isto nos países que 
não cogitam de reunir numa mesma Escola a cultura geral e a formação 
pedagógica. 
5. A Conferência julga necessário: 
que se preveja na formação dos professores primários programas de estudos 
e horários compreendendo, além do estudo teórico da pedagogia e das 
ciências correlatas, séria formação pratica; que seja, também, reservado 
lugar às cadeiras de Economia e de Arte, às quais os professores terão 
posteriormente que iniciar as crianças na escola, nas organizações extra-
escolares e que se leve também em conta a importância da cultura física na 
formação da personalidade; 
deseja que o preparo profissional (pedagógico, psicológico social e prático) 
dos futuros mestres possa inspirar-se nos princípios da Escola Ativa, reserve 
tempo suficiente para trabalhos individuais de pesquisa e considere que a 
formação profissional deve levar o futuro professor a estabelecer contato 
estreito com o meio social em que deverá ensinar, sobretudo nos meios 
rurais; recomenda que se dê especial relevo às escolas-modêlo anexas, sejam 
essas escolas rurais ou urbanas. 
6. Julga que o preparo de professores de zonas urbanas ou de zonas 
rurais, mesmo diferenciando quando necessário, deve ser de nível idêntico, 
conferindo os mesmos direitos. Constata que, em vários países, se 
proporciona aos futuros Professôres, além da formação profissional geral, 
especialidade em certas disciplinas para ensino posterior aos alunos das 
séries mais adiantadas da escola primária e elementar. 
7. Julga que a nomeação definitiva dos jovens professores só deve 
ser efetuada após estágio de duração satisfatória, racionalmente organizado 
e devidamente controlado. Recomenda que a adoção de estágios de 
aperfeiçoamento para os professores em exercício seja generalizada e 
constitua objeto de medidas permanentes. 
RECOMENDAÇÃO N.° 5 
(1935) 
Formação Profissional do Magistério Secundário 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que na 
maioria dos países o ensino secundário vem sofrendo, 
 
atualmente, profundas reformas e mesmo completa reorganização, esta 
oportunidade deve ser aproveitada para melhorar, cada vez mais, não só a 
formação geral dos futuros professores de ensino secundário mas também 
seu preparo profissional, isto é, pedagógico, 
1. Chama particularmente a atenção das autoridades educacionais 
para o problema. 
2. A Conferência assinala que os futuros professores secundários 
necessitam adquirir uma formação científica bastante desenvolvida, 
ministrada em instituições universitárias ou em estabelecimentos de ensino 
superior; por conseguinte, lembra que essa formação científica comporta 
obrigatoriamente especialização. 
3. Julga, entretanto, que essa especialização não deve ser prematura 
nem demasiadamente restrita, não se limitando o preparo de futuros 
professores aos cursos por que optaram, compreendendo ainda: 
 
a) formação moral adequada aos deveres do educador; 
b) amplos estudos de disciplinas conexas; 
c) conhecimento da teoria pedagógica, cuja importância 
convém salientar, abrangendo a psicologia do adolescente e 
métodos modernos de avaliação da aprendizagem; 
d) a habilitação prática também essencial, pode ser ministrada 
em escolas de aplicação ou por meio de estágios 
periodicamente organizados. 
 
4. Recomenda que na formação dos futuros professores do ensino 
secundário feminino seja levada em conta a influência que as alunas irão 
exercer no lar e que a formação e os programas do ensino secundário 
feminino compreendam a economia doméstica, a higiene, a puericultura, a 
educação familiar. 
5. Considera que a duração dos estudos deve favorecer conciliação 
entre as exigências do preparo geral e as de preparo pedagógico teórico e 
prático; instituindo-se provas seletivas a fim de que os alunos sem aptidões 
necessárias à profissão docente sejam eliminados antes de obter o certificado 
final. 
6. Recomenda que no processo de nomeação levem-se em conta não 
apenas os conhecimentos teóricos dos candidatos, mas sobretudo seu valor 
moral e sua capacidade profissional. 
7. Lembra, muito especialmente, às autoridades educacionais a 
necessidade de proporcionar aos membros do corpo docente em exercício 
meios de aperfeiçoamento profissional. 
 
RECOMENDAÇÃO N.° 6 
(1935) 
Conselhos de Educação 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, verificando que há 
entre os povos progressiva interdependência entre a educação e as outras 
manifestações sociais; 
seria de toda conveniência associar em larga escala interesses e pessoas 
competentes à obra da instrução pública; reconhecendo, todavia, que a 
diversidade de circunstâncias impõe aos diferentes países organização 
diferente, 
1. Acentua a importância que poderiam ter órgãos geralmente 
conhecidos sob a denominação de Conselhos Superiores de Educação. 
2. Consigna que as funções consultivas desses órgãos podem ser de 
grande utilidade para os administradores escolares dos diferentes países. 
3. Julga que a eficácia desses órgãos depende em grande parte de sua 
constituição, devendo compreender representantes da administração 
educacional, da opinião pública, de pais de alunos, bem como representantes 
do corpo docente e especialistas de educação. 
4. Verifica com agrado que, na maioria dos países, os Conselhos 
Superiores reservam lugares destacados aos membros dos diferentes ramos 
de ensino. 
5. Julga que em todo país onde a organização administrativa o 
permita Conselhos regionais de Educação podem ser de real utilidade. 
6. Acrescenta que o rendimento dos Conselhos Regionais depende 
também de sua constituição. 
7. Assinala a importância que podem apresentar em certos países os 
Conselhos ou comissões escolares locais, para a vida e o desenvolvimento 
da escola. 
8. Julga que os Conselhos ou comissões escolares locais podem,em 
particular, desempenhar papel de relevo no campo das instituições 
periescolares e nas relações entre a escola e o público. 
9. Charqa a atenção das autoridades escolares para os grandes 
serviços que podem prestar à educação, e com sua participação nos 
Conselhos, as Associações de Pais, sejam elas oficialmente reconhecidas ou 
não. 
 
RECOMENDAÇÃO N.° 7 
(1936) 
Educação de Grupos Especiais 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que, 
apesar de sensível decréscimo da porcentagem de surdos-mudos e sobretudo 
de cegos, o número de deficientes mentais (retardados mentais, instáveis 
emocionais) tende a aumentar em proporções alarmantes; 
cabe exclusivamente aos Podêres Públicos tomar as medidas necessárias 
para prevenir as causas desse incremento (doenças hereditárias, alcoolismo, 
condições da vida moderna); mas, por outro lado, os educadores devem 
estudar as condições capazes de levar os deficientes do físico (cegos e 
surdos-mudos) e os deficientes mentais, por uma educação adequada, a se 
tornarem elementos úteis a si mesmos e à sociedade, preparados, tanto 
quanto as outras crianças, para usufruir dos valores morais, artísticos ou 
intelectuais que enriquecem a vida humana. Considerando, outrossim, que 
no diagnóstico dos anormais deve agir-se com grande prudência, evitando 
qualquer precipitação ao classificar prematuramente como anormais 
crianças que poderiam levar uma vida quase normal, anulando assim suas 
possibilidades pessoais e sociais, 
recomenda aos Ministérios de Instrução Pública dos diferentes países: 
1. Que a criação de classes ou de escolas especiais, e em certos 
casos de internatos para os deficientes do físico e para os deficientes 
mentais, seja considerada obrigatória pelas autoridades encarre 
gadas da organização escolar. 
Que esses estabelecimentos sejam criados em condições de permitir o 
acesso ao ensino especial a crianças provenientes de outros meios e não 
apenas àquelas de centros urbanos. 
2. Que o ensino ministrado nesses estabelecimentos tenha as mesmas 
condições de gratuidade das classes comuns às crianças normais. 
3. Que nos internatos sejam liberalmente concedidas bolsas de 
estudo às crianças de famílias com poucos recursos. 
4. Que a educação dessas crianças inclua não apenas: 
 
a) ensino especial (por exemplo: ensino da fala, leitura labial 
para os surdos-mudos, leitura e escrita para os cegos) 
necessário a essas crianças; 
b) cultura geral, que deve ser, na medida do possível, do mesmo 
nível daquela ministrada às crianças normais, e também uma 
formação profissional adequada, levando-se em conta a 
situação do mercado de trabalho. 
 
5. Que se levem em alta consideração as virtualidades das crianças; 
que o número de crianças por classe seja pouco elevado e os métodos de 
ensino, de preferência, métodos individuais, ativos, concretos, cuja 
aplicação já se faz em alguns países. 
6. Que essas crianças não sejam consideradas crianças "assistidas", 
mas sim crianças educáveis; que, por conseguinte, os estabelecimentos de 
ensino especial figurem subordinados aos Ministérios de Instrução Pública. 
7. Que a inspeção médica escolar, cuja obrigatoriedade se impõe, 
compreenda a saúde mental e física das crianças e o diagnóstico das crianças 
anormais efetuado com estreita colaboração dos mestres, dos médicos 
escolares e, se possível, com o auxílio de psiquiatras, psicólogos escolares e 
que seja procedido com grande prudência. 
8. Que uma prévia iniciação aos diferentes ensinos especiais seja, se 
possível, ministrada aos futuros professores, desde o curso normal; que se 
instituam estágios para aqueles que desejem posteriormente dedicar-se 
especificamente a essa modalidade de ensino; que o acesso aos estágios seja 
facilitado por meio de bolsas de estudo ou pela manutenção dos 
vencimentos. 
9. Que uma suplementação salarial seja concedida aos professores 
portadores de certificado de aptidão ao ensino especial, em exercício 
efetivo, em classes especiais. 
RECOMENDAÇÃO N." 8 
(1936) 
Organização do Ensino Rural 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, conside-derando que 
a classe camponesa constitui em diversos países uma reserva física e moral, 
cuja integridade deve ser preservada a fim de impedir o êxodo rural e o 
despovoamento do campo; as condições da civilização moderna e o 
progresso das técnicas agrícolas permitem estabelecer no campo uma vida 
melhor e mais confortável; 
se o desenvolvimento das oportunidades de educação não vem contribuindo, 
tanto quanto julgam alguns, para desviar do campo os jovens camponeses, 
por outro lado, a inadaptação da escola ao meio tem sido freqüentemente 
responsável por esse fato; que a escola rural, pelo contrário, sem o objetivo 
de oferecer ensino propriamente agrícola, pode e deve levar as crianças a 
compreenderem a importância e a dignidade social e intelectual da vida do 
campo e proporcionar-lhes conhecimentos científicos básicos, indis- 
 
pensáveis hoje em dia para o exercício inteligente das profissões 
rurais; 
considerando que, em conjunto, e por motivos talvez diferentes, 
o problema da escola rural se apresenta atualmente em quase todos 
os países, 
recomenda aos Ministérios de Instrução Pública dos diferentes 
países: 
1. Que a educação dispensada às crianças das escolas rurais não 
seja, em princípio, inferior àquela ministrada nas escolas urbanas e permita 
às crianças das escolas rurais o ingresso em escolas de grau médio. 
2. Que, na prática, e tendo em vista assegurar justiça social na 
problemática do ensino, esforços sejam efetuados para atenuar, na medida 
do possível, as condições desfavoráveis em que pode encontrar-se a escola 
rural. 
3. Que um mesmo nível de instrução seja assegurado nas escolas 
rurais e urbanas, sendo que os professores devem adaptar os programas às 
condições locais e sobretudo 'procurar "centros de interesse" no meio em 
que vivem seus alunos. 
4. Que esforços devem ser empreendidos para adaptar inclusive a 
organização da escola rural (feriados, férias, horários, programas) às 
condições locais e regionais. 
5. Que, tendo em vista assegurar melhor comunidade de fins entre 
escolas rurais e urbanas, sejam ambas subordinadas ao mesmo Ministério. 
6. Que os programas gerais das escolas primárias compreendam 
noções concernentes à vida rural. 
7. Que os mestres rurais utilizem as possibilidades didáticas 
proporcionadas pelo meio para dar ao ensino um caráter concreto e vivo, de 
modo a desenvolver nos alunos o gosto pela vida rural. 
8. Que aos alunos das séries terminais da escola rural, conquanto 
não se ensinem especificamente técnicas agrícolas, procure-se, 
particularmente no ensino das ciências, dar-lhes certas noções práticas, úteis 
ao lavrador. 
9. Que, tendo em vista possibilitar às escolas rurais darem às 
crianças a educação que merecem, seja limitado o número de alunos de 
escolas de uma só classe. 
 
10. Que esforços sejam empreendidos para a criação de "escolas 
centrais" a fim de reduzir, na medida do possível, o número de escolas de 
uma só classe, e, na hipótese de serem elas mantidas para crianças de menos 
idade, possam também ser criadas escolas centrais para meninos e meninas 
de mais idade; que se organizem serviços de transporte e cantinas para 
atender às necessidades. 
11. Que, tendo em vista atender os jovens de famílias rurais em 
condições de continuar, por algum tempo, seus estudos, con- 
 
quanto não desejem receber ensino especificamente agrícola, sejam 
instruídos nos estabelecimentos de ensino primário superior ou em outros 
correspondentes, paralelamente às seções gerais preparatórias ao certificado, 
outras seções em que se atribuirá particular realce à iniciação às atividades 
rurais. 
12. Que os professores das escolasrurais não sejam considerados 
inferiores aos professores das escolas urbanas; que, para ambos, se promova 
formação geral e profissional de mesmo nível em estabelecimentos comuns 
ou em estabelecimentos especiais para professores urbanos ou rurais ficando 
assegurado tempo necessá-rio ao ensino de noções rurais e de economia 
doméstica para as professoras. 
13. Que sejam instituídos estágios de informação agrícola ou de 
economia doméstica para professores e professoras querendo dedicar-se 
especialmente ao ensino pós-escolar ou complementar rural. 
14. Que, tendo em vista assegurar estabilidade aos professores 
rurais, compensando-os pelos inconvenientes e pelas desvantagens de estada 
fora da cidade, lhes sejam concedidas vantagens especiais. 
15. Que a ação da escola se complete com a criação de instituições 
periescolares ou pós-escolares, tais como: círculo de jovens lavradores, 
bibliotecas itinerantes, sessões de rádio rurais, ou de cinema educativo, 
missões pedagógicas ou culturais, ensino por correspondência, etc. 
RECOMENDAÇÃO N." 9 
(1936) 
Normas Para Construções Escolares 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que a 
escola moderna deve proporcionar à criança uma educação viva, que não 
recorra apenas aos livros e à memória, mas também à observação do meio e 
às diversas atividades da criança, devendo utilizar em larga escala os novos 
meios de informação proporcionados pela ciência moderna (vitrola, rádio, 
projeções fixas e animadas, etc); 
por outro lado, a Escola não deve limitar-se à aquisição dos "instrumentos 
intelectuais" (leitura, escrita, cálculo, desenho) e das noções essenciais que 
não podem mais ser ignoradas, mas também dar às crianças 
desenvolvimento físico, intelectual, moral e social tão completo quanto 
possível; 
a Escola deve, conseqüentemente, assegurar às crianças condições sadias 
de vida escolar, fiscalizando seu desenvolvimento físico, 
 
fornecendo-lhes suplemento alimentar necessário e procurando ensinar-lhes 
bons hábitos de higiene; 
é conveniente favorecer o desenvolvimento homogêneo das faculdades 
intelectuais e das possibilidades físicas da criança e ainda proporcionar às 
que estão em vésperas de deixar a vida escolar boa orientação profissional, 
atribuindo especial relevo às atividades manuais; 
a educação moral e artística da criança comporta a promoção de reuniões e 
de festas que devem realizar-se na vida pós-escolar, permanecendo a Escola 
centro dessas atividades; a intensificação de novas construções escolares 
pode contribuir, em vários países, para combater o desemprego e a 
estagnação econômica, a Conferência recomenda aos Ministérios de 
Instrução Pública: 
1. Que, na elaboração de planos de construções escolares, além da 
importância concedida às necessidades arquitetônicas e higiênicas, sejam 
altamente levados em conta os interesses educacionais e a opinião das 
autoridades escolares ou pedagógicas. 
2. Que as escolas primárias sejam, na medida do possível, 
preferentemente construídas em áreas com suficiente espaço para pátios de 
recreio e jogos. 
3. Que na distribuição de locais escolares (orientação e capacidade 
das salas de aula1, condições de acesso, ventilação, iluminação, 
equipamento) se levem em conta as condições ambientais e a necessidade 
de harmonia entre os locais escolares e o meio, bem como as necessidades 
primordiais de higiene. 
4. Que a capacidade das salas de aula, a natureza e a disposição do 
equipamento escolar sejam estabelecidas de acordo com as injunções da 
Escola Ativa. 
5. Que se faça previsão de instalações para bibliotecas, utilização de 
fonógrafo, rádio, projeções fixas e animadas, etc. 
6. Que a escola seja dotada de jardim escolar, campos de de-
monstração, áreas para o ensino ao ar livre. 
7. Que tenha igualmente sala ambiente de desenho, oficinas, e para 
as meninas, salas e equipamento de artes domésticas (costura, cozinha, etc). 
8. Que, tendo em vista assegurar, em boas condições, o desen-
volvimento físico das crianças, a escola disponha de refeitório ou cantina, 
gabinete médico com equipamento e material necessários, pátio para jogos, 
sala de educação física, lavatórios, banheiros, duchas. 
9. Que se destinem locais para atividades escolares e extraclasses 
(salas de leitura, projeções, reuniões) e que, nas escolas mais modestas, seja 
prevista a utilização de uma sala reservada para diferentes fins. 
 
10. Que os planos e programas de novas construções escolares façam 
parte dos projetos de obras públicas destinadas a combater a crise 
econômica. 
RECOMENDAÇÃO N." 10 
(1937) 
Inspeção do Ensino 
A Conferência Internacional de Educação Pública, considerando que a 
elevada significação das recentes conquistas para melhor conhecimento da 
psicologia da criança e ciências da educação implica na adoção de métodos 
ativos, mais intuitivos e concretos; para esse fim, não basta ministrar aos 
educadores do futuro formação mais adequada à sua missão; 
os professores em exercício também merecem ser amparados, estimulados e 
orientados; 
esse papel deve principalmente ser atribuído aos inspetores de todos os 
graus de ensino; 
considerando, outrossim, que não são imposições autoritárias nem processos 
ou receitas empíricas que conferem real eficiência à educação, mas sim o 
zelo dos educadores por sua missão; os educadores devem, em todos os 
graus de ensino, gozar de ampla liberdade no que se refere à seleção e 
aplicação de métodos, devendo ainda ser respeitada sua liberdade 
intelectual; a autoridade dos inspetores deve sempre ser exercida em 
condições que assegurem, a seus subordinados, garantias contra arbitrarie-
dades e injustiças; 
para o êxito de sua missão, os inspetores necessitam não só ter profundos 
conhecimentos pedagógicos e psicológicos, mas também qualidades morais 
e intelectuais que lhes permitam compreender e orientar com simpatia os 
professores sob sua responsabilidade; na maioria dos países a inspeção é 
considerada indispensável no ensino primário, secundário e profissional, 
mas que, em geral, é considerada inoportuna no ensino superior, recomenda 
aos Ministérios de Instrução Pública dos diversos países: 
1. Que a escolha de inspetores de todos os graus de ensino seja feita 
por meio de rigoroso inquérito sobre suas aptidões morais e intelectuais, 
tendo em vista as dificuldades da função. 
2. Que nenhum candidato possa ser selecionado sem haver 
previamente demonstrado seu interesse e compreensão dos assuntos 
relativos à educação, seja durante estágios prolongados, seja através de 
preparo especializado em Instituto Pedagógico de nível superior. Esse 
preparo deve compreender o estudo da educação comparada e dos sistemas 
de organização educacional de outros países. 
 
3. Que o exame de ingresso à carreira ou à função de Inspetor, onde 
exista, verifique não apenas os conhecimentos em geral, mas também, pela 
análise de casos concretos, aptidões para orientar com inteligência, tato 
e justiça. 
4. Que a missão dos inspetores consista sobretudo em compreender 
e aconselhar os professores sob sua coordenação, respeitando ao mesmo 
tempo sua liberdade intelectual e seu espírito de iniciativa em questões 
pedagógicas. 
5. Que, tendo em vista a conveniente execução de tarefas, bem como 
a atualização pedagógica, não se atribuam encargos complexos aos 
inspetores de circunscrições muito amplas; e que no ensino secundário 
particular o controle administrativo seja exercido por outros funcionários, e 
que a orientação pedagógica seja essencialmente a missão dos 
inspetores. 
6. Que sejam oferecidas facilidades aos inspetores para se manterem 
a par dos programas da pedagogia moderna, por meio de viagens ao 
estrangeiro, estágios e cursos especiais, de colaboração com os professores 
de InstitutosPedagógicos e de Escolas Normais. 
7. Que reuniões e conferências de Inspetores sejam realizadas, a fim 
de definir pontos de vista compatíveis com a liberdade de ação de cada um. 
8. Que, no próprio interesse das crianças e dos estabelecimentos 
particulares, estes últimos recebam inspeção, tal como os estabelecimentos 
públicos; 
que, no ensino das escolas maternais, crianças retardadas, cegos e surdos-
mudos possam receber a orientação e os conselhos de inspetores especiais; 
que no ensino primário, sobretudo nas grandes cidades, a missão de dirigir a 
educação artística, a educação física e o trabalho manual e o ensino de artes 
domésticas seja confiada a inspetores especiais; 
que no ensino secundário e profissional, onde as condições se tornem 
favoráveis, a especialização de inspetores se torne regular. 
RECOMENDAÇÃO N." 11 
(1937) 
Ensino de Línguas Vivas 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que o 
estudo das línguas vivas vem tornando-se cada vez mais importante em 
vários países; 
em virtude de sua utilidade prática, tendo em vista o interesse despertado 
atualmente pelas viagens e as possibilidades de sua realização e o 
desenvolvimento das relações econômicas internacionais; 
 
em decorrência também do interesse cultural inerente ao conhecimento 
direto da literatura, dos costumes da história e da civilização dos países 
estrangeiros; 
uma compreensão mais exata dos diferentes povos deveria estimular o 
sentimento de paz universal, recomenda aos Ministérios de Instrução 
Pública dos diversos países: 
1. Que o estudo das línguas vivas seja, na medida do possível, 
ministrado em diversos ramos de ensino, inclusive no ensino profissional e 
nas classes terminais do primário. 
2. Que o estudo de uma língua estrangeira pelo menos seja 
favorecido a todos os educadores, a fim de que possam tomar conhecimento 
das últimas realizações no campo de sua especialidade, efetuadas no 
estrangeiro, e também para que possam tirar proveito moral e intelectual 
decorrente do conhecimento de uma civilização estrangeira. 
3. Que o ensino das línguas vivas não tenha apenas finalidade de 
ordem prática, mas sobretudo finalidade educacional, procurando levar, pelo 
conhecimento das civilizações estrangeiras, à mútua compreensão entre os 
povos. 
4. Que, tendo em vista esses objetivos, os métodos de ensino devem 
visar não só à possibilidade de falar e escrever com desen-baraço uma língua 
estrangeira, mas também o desenvolvimento da personalidade humana. 
5. Que se deve, entretanto, assinalar a inconveniência de moldar os 
métodos e os objetivos do ensino das línguas vivas pelo das línguas mortas; 
que além de exercícios "formais" deve ser amplamente exercida a prática da 
língua estrangeira, conquanto o emprego do método direto não deva excluir, 
quando necessário, explicações em língua materna. 
6. Que se deve atribuir grande importância não só à aquisição do 
vocabulário e de noções gramaticais, mas também à prática correta da 
pronúncia e da intonação, de modo que os exercícios de fonética, sempre 
indispensáveis, continuem a ser regularmente utilizados com o objetivo 
acima referido. 
7. Que o vocabulário leve em conta a freqüência de emprego de 
certas palavras e seja adpatado aos interesses do aluno. 
8. Que se elaborem manuais de ensino adaptados à idade e às 
necessidades dos alunos — com a colaboração eventual dos dois países 
interessados — e que se levem em conta, sem excessos, os "idiotismos" e as 
expressões idiomáticas; que se procure descrever o país estrangeiro e os 
costumes de seus habitantes. 
9. Que o material de ensino — quadros-murais, bibliotecas de obras 
em língua estrangeira — esteja à disposição dos Professôres; que se procure 
estimular aulas de conversação organizadas pelas associações extra-
escolares; e, finalmente, cursos de férias, intercâmbio de alunos, 
correspondência interescolar venham favo- 
 
recer a prática corrente da língua e conhecimento mais direto do país 
estrangeiro. 
10. Que, sem esquecer o papel relevante do professor, se faça uso 
dos recursos da técnica no ensino das línguas modernas: filmes mudos ou 
sonoros representando aspectos da vida estrangeira, paisagens 
características, discos, emissões radiofônicas estrangeiras e nacionais, 
organizadas para o público em geral, ou escolas equipadas com esse fim. 
11. Que, em virtude das exigências especiais desse ensino, o número 
de alunos por classe não seja demasiadamente elevado. 
RECOMENDAÇÃO N.° 12 
(1937) 
O Ensino da Psicologia na Formação de Professôres Primários e 
Secundários 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que 
educação e técnica pedagógica nos diferentes níveis de ensino devem ser 
adaptadas à mentalidade da criança ou do adolescente; foram realizados, 
ultimamente, grandes progressos no campo das ciências psicológicas, cujo 
conhecimento é de alta importância para os educadores, mesmo quando 
esses progressos não impliquem na aplicação imediata e direta; 
mais vale transmitir aos futuros educadores o gosto e o sentido da 
observação para que assumam atitudes prudentes e de zelo em relação à 
criança e às leis do desenvolvimento psíquico, do que lhes ministrar 
conhecimentos psicológicos especiais, recomenda aos Ministérios de 
Instrução Pública dos diversos países: 
1. Que seja proporcionada aos futuros educadores sólida formação 
psicológica integrada nos estudos de formação pedagógica geral e em 
particular, no preparo didático. 
2. Que a referida formação compreenda, além da psicologia geral, a 
psicologia da criança e do adolescente e que não se limite a fornecer aos 
futuros professores noções iniciais sobre a utilização de testes diversos ou de 
métodos psicométricos, já que o emprego dessas medidas supõe espírito 
crítico desenvolvido e certa maturidade científica. Essa formação deve 
comportar ainda o estudo qualitativo do desenvolvimento e da estrutura 
mental da criança em seus aspectos intelectuais afetivos, individuais e 
sociais. 
3. Que seja previsto, além do estudo da criança e do adolescente 
normais, o estudo das crianças difíceis ou anormais (em colaboração com os 
serviços médico-pedagógicos); de aptidões e características individuais (em 
colaboração com os serviços de orientação educacional e profissional) e 
também o estudo dos diferentes "meios": família, escola, etc, nos quais 
vivem as crianças. 
 
4. Que, em cada um desses campos, o preparo psicológico 
consista sobretudo de observações, experiências e pesquisas indi 
viduais sobre o desenvolvimento intelectual, moral e social de dife 
rentes crianças; 
que as observações precedam e acompanhem os cursos ex-catedra, sem as 
quais poderiam eles ser mal interpretados pelos alunos, caso não fossem 
preparados por meio de experiências diretas a compreender o sentido de 
problemas e noções psicológicos, o que os levaria assim ao respeito 
exagerado de fórmulas, em vez de iniciá-los no exame dos fatos. 
5. Que a formação psicológica dos futuros professores seja efetuada 
numa idade em que a maturidade de espírito, a cultura geral e o equilíbrio 
físico lhes permitam compreender toda a significação das experiências em 
que deverão colaborar. 
6. Que esse ensino seja ministrado por profissionais altamente 
qualificados, cuja prática da experimentação científica e das técnicas da 
psicologia se completem por sólida cultura filosófica. 
RECOMENDAÇÃO N." 13 
(1938) 
Remuneração do Professor Primário 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que o 
professor primário e sua família devem possuir condições satisfatórias de 
vida correspondendo ao nível social a que têm direito e aos serviços 
prestados; 
não poderia dedicar-se com a liberdade de espírito necessária à sua relevante 
missão, caso tivessepreocupações materiais constantes; merece êle 
remuneração suficiente para dignas condições de vida, submete aos 
Ministérios de Instrução Pública dos diversos países as seguintes 
recomendações: 
1. As normas contratuais, seja qual fôr a situação jurídica dos 
professores, funcionários públicos federais, estaduais ou municipais, devem 
assegurar-lhes, após verificação dos requisitos de personalidade de títulos 
ou de aptidões, emprego de duração satisfatória e do qual só possa ser 
demitido por falta grave e em processo legal. 
2. Em função das possibilidades financeiras do país, conviria que os 
educadores de todos os níveis recebessem remuneração condizente à 
importância de sua missão, não os colocando, assim, em condição de 
inferioridade às categorias de assalariados ou de trabalhadores manuais de 
nível social correspondente. 
3. Salvo condições especiais, a remuneração básica de uma mesma 
categoria de pessoal docente não deve aptesenta,r diferenças acentuadas 
num mesmo país, Seria recomendável, em particular, 
 
que não houvesse diferença entre os vencimentos de professores e 
professoras. 
4. Parece justo estabelecer diferença que corresponda aos tí 
tulos ou funções. Exemplificando: os professores de escolas primá 
rias superiores, cursos complementares, classes de excepcionais ou 
de inválidos, assim como diretores e diretoras das escolas primárias 
devem receber vencimentos mais elevados ou de uma complemen 
tação, tendo em vista seus títulos ou maiores dificuldades do cargo. 
Mas, quando a duração dos serviços prestados fôr comparável, as 
professoras de escolas maternais, cujo ensino hoje em dia apresenta 
acentuados progressos, devem ter direito aos mesmos vencimentos 
do pessoal docente primário; 
para fixar a remuneração dos professores em exercício nas cidades e na zona 
rural, devem-se levar em conta: condições peculiares às cidades (aluguéis 
altos, alimentação), as dificuldades materiais por que passam os mestres 
rurais e as despesas que devem enfrentar para a educação dos filhos, 
tratamento médico, etc. Essas despesas devem ser compensadas por 
indenizações especiais (de residência e, eventualmente, moradia, custo de 
vida, bolsas para os estudos dos filhos, etc). 
5. Seria conveniente que os alunos-mestres se beneficiassem de 
gratuidade nas despesas com estudos e moradia ou que tivessem direito a 
bolsas de estudo para cobrir esses gastos. A remuneração dos estagiários 
deve assegurar-lhes condições de vida condignas, enquanto esperam 
nomeação definitiva. 
6. Seria desejável conceder aos professores com encargos de família 
subsídio especial, de acordo com suas obrigações. 
7. Além da promoção por mudança de categoria, que pode ser 
alcançada pela aquisição de novos títulos universitários, por concurso ou por 
seleção, os professores devem fazer jus, dentro da categoria a que 
pertençam, a promoções de classe nas quais as vantagens concedidas por 
seleção não excluam as vantagens asseguradas pela antigüidade. Convém 
evitar que a remuneração inicial na categoria não apresente grande diferença 
com a remuneração máxima; outrossim, a promoção deve ser 
suficientemente rápida, para que, na ocasião da aposentadoria, o montante 
da aposentadoria do funcionário possa ser calculado sobre a remuneração 
máxima da categoria. 
8. Além de suas atividades profissionais normais, os professores 
podem legalmente exercer outras atividades conexas remuneradas. Seria 
recomendável que os Professôres aceitassem o encargo de cursos pós-
escolares e que participassem ativamente das instituições complementares 
da escola; podem, também, legalmente, evitando-se abusos, ministrar aulas 
particulares ou superintender estudos recebendo remuneração. Deve, 
entretanto, ser proibido o exercício de ocupações completamente estranhas à 
função docente e que poderiam comprometer a autoridade moral do 
professor. 
 
9. O número semanal de horas de ensino dos professores deve 
ser fixado de maneira a permitir-lhes não só o preparo cuidadoso 
de suas aulas, mas também dando-lhes tempo para leituras, atividades 
intelectuais e recreativas, necessárias aos educadores. 
10. Os membros do pessoal docente primário devem ter direito a 
licenças pagas em caso de doença ou de maternidade, inclusive de longa 
duração, em casos especiais; têm direito, igualmente, a uma aposentadoria 
satisfatória, em idade não muito avançada, e ainda a uma pensão a ser 
conferida em caso de morte, às viúvas e aos filhos menores. 
11. Salvo por falta grave, o professor primário deve ter direito a 
garantias contra as conseqüências de acidentes sofridos pelos seus alunos 
em classe, por ocasião de exercícios ou de excursões extraclasses. Seria, 
portanto, recomendável que em todos os países a responsabilidade civil 
quanto a esses acidentes coubesse às autoridades às quais se subordina o 
professor, sendo que essas conservariam a possibilidade de processá-lo, no 
caso de falta grave. 
12. Seria recomendável que as autoridades competentes tivessem o direito 
de verificar se os professores do ensino particular gozam de condições 
materiais suficientes. 
RECOMENDAÇÃO N.º 14 
(1938) 
Ensino das Línguas Clássicas 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, fiel ao espírito que 
inspirou no ano passado a recomendação adotada para o desenvolvimento 
do ensino das línguas vivas; lembra o interesse despertado por esse ensino, 
mas, considerando que o objetivo da educação é o de permitir não só a 
aquisição de noções práticas, como uma formação moral, intelectual e 
artística satisfatória; 
que as condições da vida moderna tornam cada vez mais necessária essa 
formação, a fim de assegurar o justo equilíbrio de nossas faculdades e de 
nossas tendências; 
que o meio mais seguro de proporcionar à criança possibilidade de adquirir 
instrução na escola e na fase pós-escolar é, sem dúvida, desenvolver junto 
com as atividades atuais e o sentido da realidade qualidades de julgamento, 
de análise e de acuidade intelectual; que as humanidades clássicas possuem, 
quanto a esse aspecto, especial valor educativo; 
que cada povo tem primordial interesse em conhecer as civilizações que 
exerceram influência marcante sobre a sua própria e principalmente as 
civilizações das quais a sua se originou; 
 
que o conhecimento de civilizações anteriores pode ser adquirido 
pelo estudo da arte e da literatura; 
que o conhecimento profundo dessa última implica em contato 
direto com os textos, 
submete aos Ministérios de Instrução Pública dos diversos países 
as seguintes recomendações: 
1. Na medida em que o permitirem as exigências das huma 
nidades modernas e os estudos de caráter científico, deve-se reservar 
tempo suficiente para o estudo das civilizações que exerceram in 
fluência marcante sobre a cultura do país interessado. 
Em todos os países ligados inteira ou parcialmente à civilização 
ocidental, deve ser atribuída importância relevante ao estudo das 
civilizações antigas. 
2. Esse estudo não deve compreender apenas o conhecimento da arte 
e da civilização através de seus vestígios arquitetônicos; supõe igualmente a 
compreensão do modo de vida e de pensar, consignados nas obras escritas. 
Pelas suas qualidades de ordem e de medida, bem como ao permitir 
conhecimento integral do homem, as literaturas grega e latina constituem 
uma incomparável fonte educacional. 
3. Seria recomendável que o contato com as civilizações antigas 
fosse estabelecido, em particular, pela leitura direta dos textos a fim de 
permitir compreensão total. Em decorrência, deve-se conceder, nos países 
de civilização ocidental, importância relevante ao estudo das línguas grega e 
latina. 
4. Em virtude do alto valor educativo desse estudo para o 
desenvolvimento de qualidades de ordem, de clareza, de lógica e de análise, 
parece indispensável reservar-lhe lugar de relevo nãosó na formação dos 
futuros educadores, mas ainda na formação da maior parte possivel de 
alunos do ensino de segundo grau, feminino e masculino. 
5. O estudo das línguas clássicas pode contribuir, especialmente 
através de exercícios gramaticais, para a formação intelectual; contudo, a 
preocupação dominante deve concentrar-se na comparação entre a 
civilização e o pensamento clássico e as civilizações modernas. 
6. A fim de permitir contato satisfatório com essas literaturas, 
convém utilizar, em complementação ao estudo direto dos textos, a leitura 
de traduções justalineares ou de traduções em línguas modernas. 
7. No estudo das línguas clássicas, deve-se recorrer aos métodos 
ativos, utilizados com bons resultados no ensino das línguas vivas. Evitar-
se-á, assim, um ensino demasiadamente formal e abstrato e levar-se-ão em 
conta os interesses da criança, tais como se manifestam no decorrer de seu 
desenvolvimento psicológico. 
 
8. Para se fixar a idade em que deve iniciar o estudo das línguas 
clássicas recomenda-se coordenar os diferentes estudos, levando em conta 
as virtualidades psicológicas da criança. 
9. Seria recomendável que a pronúncia do latim, na medida do 
possível, fosse normalizada em função das recentes descobertas lingüísticas. 
RECOMENDAÇÃO N.,° 15 
(1938) 
Elaboração, Emprego e Seleção de Manuais de Ensino 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que a 
palavra do mestre deve permanecer o elemento essencial e estimulante da 
aula; 
o método ativo recomendado pela Pedagogia moderna apela sobretudo para 
a espontaneidade da criança e visa o desenvolvimento de suas 
faculdades de observação e de raciocínio; exige o contato direto, tão 
freqüente quanto possível, com as coisas, e tende, assim, a diminuir a 
importância relativa do manual; 
todavia, o manual é ainda para todas as matérias, além de guia precioso e, 
eventualmente, uma referência ou elemento de verificação e de revisão, 
auxílio indispensável; 
as autoridades escolares devem atentar para que o livro-texto preencha de 
melhor maneira seus objetivos, 
submete aos Ministérios de Instrução Pública dos diversos países as 
seguintes recomendações: 
1. Os manuais de ensino devem corresponder a três categorias de 
exigências: pedagógicas (fundamentação científica e métodos), técnicas 
(condições materiais de elaboração e de impressão) e econômicas (preço de 
venda). 
2. Nos países em que o ensino é dirigido ou controlado pelo Estado, 
deve caber a esse as medidas próprias a assegurar o aperfeiçoamento dos 
manuais de ensino bem como a fiscalização de seu uso. Esse encargo, nos 
outros países, cabe às autoridades as quais as escolas estão subordinadas. 
3. A concorrência comercial entre autores e editores, podendo 
acarretar uma diminuição da qualidade dos livros, haveria interesse em que 
as autoridades oficiais se encarregassem das disposições necessárias à 
edição de manuais elaborados nas melhores condições pedagógicas, técnicas 
e econômicas, destinados às escolas primárias. 
4. Nos países em que exista controle por parte das autoridades, seria 
preferível que esse controle fosse exercido antes da impressão dos manuais 
e que as comissões de seleção compreendessem, 
 
além dos inspetores ou dos funcionários' ministeriais, professores escolhidos 
entre os mais competentes. 
5. Recomendar-se-ia que as condições estabelecidas para os manuais 
a serem aprovados fossem estipuladas por regulamentação e que se 
levassem em conta, sobretudo, o conteúdo e o método pedagógico; não é 
preciso mencionar que o manual deve ser adaptado aos programas oficiais 
— caso existam, que nada deve conter, contrário às instituições do país, e 
que deve procurar conciliação entre os princípios básicos da vida nacional e 
os princípios fundamentais humanos. 
6. Para evitar o inconveniente de freqüente mudança de manuais e as 
conseqüências nocivas dela resultante, recomenda-se que: 
 
a) o número de manuais aprovados pela autoridade oficial seja 
limitado para cada ramo e classe; 
b) a aprovação concedida seja válida por período suficiente; 
c) o número de manuais utilizados numa mesma classe não seja 
demasiadamente elevado, notadamente no ensino primário; 
d) não sejam autorizadas constantes alterações de texto de uma 
edição a outra do mesmo manual, salvo justificativas 
comprovadas; 
e) se procure, na medida do possível, assegurar colaboração 
entre as autoridades escolares locais, para que os alunos que 
mudam de escola não sejam obrigados a adquirir novos 
manuais; 
f) a margem de liberdade concedida ao professor na escolha do 
manual, segundo suas idéias ou preferências pedagógicas, 
seja atenuada pela aprovação ou ratificação de conselhos 
qualificados. 
 
7. Recomenda-se que o manual de ensino fique isento de qualquer 
imposto ou taxa que possa onerar o preço de venda. 
8. No país em que estejam afetas ao Estado a edição e a distribuição 
de manuais, convém utilizar, em larga medida, a distribuição gratuita, para 
atender particularmente às crianças necessitadas-cuja pobreza, muitas vezes, 
as impede de freqüentar a escola normalmente. 
9. O papel do manual de ensino sendo o de guia ou de auxiliar 
convém dar certa liberdade ao mestre no que se refere a sua utilização, nos 
limites do programa. 
 
10. Para facilitar uso metódico do manual pelos mestres po-der-se-
iam editar livros especiais de referências, ou ainda intercalar no texto dos 
manuais certo número de indicações e anotações. 
11. Seria desejável que cada estabelecimento escolar, ou o centro 
escolar de cada localidade, mantivesse, para uso dos profes- 
 
sores, biblioteca compreendendo os diversos manuais de cada ramo e de 
cada nível de ensino, a fim de possibilitar a escolha criteriosa de livros e a 
experimentação adequada de diferentes métodos. 
RECOMENDAÇÃO N." 16 
(1939) 
Remuneração do Professorado Secundário 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, considerando que os 
diversos ramos de ensino do segundo grau, aos quais incumbe em grande 
parte a formação de elites, apresentam, em decorrência, capital interesse; 
por conseguinte, as condições econômicas do magistério devem ser de 
natureza a despertar o interesse de jovens qualificados, moral e 
intelectualmente, para a profissão docente, submete aos Ministérios de 
Instrução Pública dos diversos países as seguintes recomendações: 
1. As condições contratuais, seja qual fôr a situação jurídica dos 
professores,, funcionários federais, estaduais ou municipais, devem 
assegurar-lhes, após verificação dos requisitos necessários de personalidade, 
de títulos e de aptidões, emprego de duração satisfatória e do qual só possa 
ser demitido por falta grave em processo legal. 
2. Além da estabilidade funcional, conviria garantir, no que se refere 
a transferências de uma localidade a outra, que essas só serão efetuadas por 
promoção ou a pedido, ou por imperativos da administração. Neste caso, 
devem ter direito a indenizações justas. Podem ainda ser efetuadas como 
medida disciplinar grave. 
3. Em função das possibilidades financeiras do país, os professores 
devem receber remuneração condizente à importância de sua função, 
igualando-os aos funcionários de nível social correspondente. 
4. Em princípio e salvo condições especiais, a remuneração básica 
de uma mesma categoria de professores não deve apresentar diferenças 
acentuadas num mesmo país. 
5. Em princípio, e em iguais condições de trabalho, seria acon-
selhável que não houvesse diferença entre os vencimentos de professores de 
ambos os sexos e que aos professores chefes de família fosse concedida 
uma suplementação financeira especial. 
6. Os aumentos de vencimentos, sejam eles baseados sobre 
antigüidade, anos de serviço, resultado de concurso, importância da 
localidade, grau,ou tipo de escola, estudos feitos, ramos de ensino, ou 
concedidos em virtude de seleção, devem possibilitar, se a duração dos 
serviços prestados fôr normal, o cálculo do montante da aposentadoria do 
funcionário, baseando-se na remuneração máxima. 
 
7. Em princípio seria aconselhável que a remuneração inicial não 
apresentasse diferenças acentuadas com a remuneração máxima. 
8. Os estagiários e os professores nomeados a título provisório 
devem receber remuneração que lhes assegurem condições condignas de 
vida, enquanto aguardam nomeação definitiva. 
9. Os diretores e diretoras das escolas secundárias devem ter direito, 
em virtude de seus títulos ou das dificuldades do cargo, a vencimentos mais 
elevados ou a uma suplementação. 
 
10. Uma suplementação de vencimentos ou indenizações especiais 
de residência, custo de vida, etc, pode ser prevista para os professores em 
exercício em grandes centros urbanos ou em regiões ou localidades onde a 
vida apresente condições particulares. 
11. Convém dar aos professores direito às diversas indenizações e 
vantagens concedidas aos funcionários de mesmo nível (vantagens especiais 
para os estudos dos filhos, despesas de mudança, facilidades de viagens, 
etc). 
12. Além das atividades profissionais normais, os professores 
podem legalmente exercer atividades conexas remuneradas. Podem, por 
exemplo, dar aulas particulares, sendo que uma regulamentação especial 
deve ser estabelecida para evitar abusos. Recomenda-se interditar aos 
professores o exercício de ocupações estranhas a sua função e que poderiam 
comprometer sua autoridade moral. 
13. O número de horas de aula semanais deve ser fixado de tal 
maneira que possibilite aos professores não só o preparo cuidadoso das 
aulas, mas ainda tempo suficiente para leituras, atividades intelectuais e 
lazer 
14. Os professores do ensino secundário devem ter direito a uma 
aposentadoria condigna, representando porcentagem suficientemente 
elevada da remuneração, ou a uma pensão para as viúvas e filhos menores. 
15. Os membros do pessoal docente secundário devem ter direito a 
licenças remuneradas, no caso de doença e de maternidade, e a uma 
aposentadoria em conseqüência de invalidez. 
16. Salvo falta grave, o professor deve ter direito a garantias contra 
acidentes sofridos por seus alunos em classe, no decorrer de exercícios ou 
excursões extraclasses. Seria, portanto, aconselhável que em todos os países 
a responsabilidade civil quanto a esses acidentes coubesse às autoridades 
das quais dependem os professores, sendo que essas conservariam a 
possibilidade de processar o professor no caso de culpa grave. 
17. Seria aconselhável que as autoridades competentes verificassem 
se as condições materiais dos professores do ensino privado de segundo grau 
são comparáveis, na medida do possível, àquelas dos Professôres do ensino 
público. 
 
RECOMENDAÇÃO N." 17 
(1939) 
Organização do Ensino Pré-Primário 
A Conferência Internacional de Instrução Pública, reafirmando a 
importância da vida em familia e de uma educação dada num período mais 
demorado nesse meio; 
considerando que, em virtude das condições da vida moderna, sobretudo 
nos centros urbanos, grande número de mulheres trabalha fora do lar e que 
numerosas mães de família se vêem na impossibilidade de cuidar 
convenientemente de seus filhos; que, por conseguinte, a criação de 
instituições onde estas crianças possam ser vigiadas e educadas continua a 
ser de elevada importância; 
e, por outro lado, os progressos da pedagogia possibilitaram o aparecimento 
de métodos de ensino altamente fecundos para o desenvolvimento físico, 
mental e moral de crianças em idade pré-escolar; que a educação 
concernente à vida no lar e na família deve ser desenvolvida a fim de que as 
mães possam ser iniciadas nesses métodos, sendo aconselhável generalizar 
sua utilização, aplicando-os em estabelecimentos de educação pré-escolar, 
acessíveis às famílias que delas necessitam; 
e, de fato, o valor dessas instituições vem sendo comprovado pelo 
desenvolvimento que tomaram em muitos países, onde sua influência 
positiva sobre todo o ensino teve grande repercussão sobretudo através da 
difusão de novos métodos de ensino; que esse sucesso é devido em grande 
parte ao pessoal docente especialmente preparado para ministrar educação 
pré-escolar, submete aos Ministérios de Instrução Pública dos diversos 
países as seguintes considerações: 
1. A educação pré-escolar destinada às crianças em idade que 
antecede a escolaridade obrigatória deve constituir preocupação das 
autoridades escolares, generalizando-a a todas as crianças. 
2. Essa educação deve ser oferecida pelos podêres públicos (União, 
Estados e Municípios) ou por instituições particulares (associações 
religiosas filantrópicas, empresas industriais, cooperativas, etc). 
3. Nas localidades onde não existam instituições pré-escolares, a 
escola primária deve ser franqueada às crianças em idade pré-escolar, em 
que devem encontrar condições favoráveis a seu desenvolvimento natural 
— psicológico e físico. 
4. A idade mínima para a admissão de crianças em instituições pré-
escolares deve ser fixada em idade pouco elevada, de maneira a possibilitar 
o ingresso de crianças cujas mães trabalhem fora. 
 
5. A idade de egresso das instituições pré-escolares deve cor-
responder à idade de ingresso na escola primária. Para atender às 
necessidades do ensino primário, mesmo se o ingresso na escola maternal 
foi permitido em qualquer época do ano, a passagem para a escola primária 
convém realizar-se em datas precisas (uma ou duas anuais). 
6. A gratuidade da educação pré-escolar deve ser concedida nas 
mesmas condições do ensino primário. 
7. O horário das instituições pré-escolares mais flexível que o da 
escola primária. Seria recomendável que um serviço especial de guarda 
permitisse a permanência das crianças na escola fora das horas de classe. 
8. O ano escolar poderia ser estabelecido de acordo com as estações 
do ano, nos países onde o clima ou as condições de trabalho o exijam 
(jardins de infância de verão, etc). 
9. Seria altamente aconselhável que o número máximo de crianças 
confiadas às professoras encarregadas da educação pré-escolar não 
excedesse o número de alunos das classes primárias e seria de grande 
utilidade a existência de ajudantes ou empregadas. 
 
10. Seria também recomendável que a inspeção e a direção da 
educação pré-escolar fossem exercidas por inspetoras e diretoras 
especializadas. 
11. Na construção, equipamento e instalação dos estabelecimentos 
pré-escolares, devem-se levar em conta as necessidades especiais das 
crianças a que se destinam esses estabelecimentos. 
12. As autoridades devem possibilitar aos estabelecimentos pré-
escolares a aquisição e utilização de material educativo especializado. 
13. Ê aconselhável o uso de métodos que estimulem a atividade 
espontânea da criança, adaptados às condições específicas de seu 
desenvolvimento físico, moral e mental 
14. A aprendizagem sistemática da leitura, da escrita e do cálculo 
deve ser realizada no ensino primário; a educação pré-escolar se limita à 
educação sensório-motriz, sendo essencial, em particular, o preparo ao 
ensino posterior do cálculo por meio de manipulações e de material 
permitindo a aquisição das noções numéricas e das formas. 
15. As autoridades devem cuidar da saúde das crianças que 
freqüentam as instalações pré-escolares por meio de assistência médica, pelo 
desenvolvimento da higiene mental, pela criação de cantinas, distribuição 
de leite, etc. 
16. A colaboração da família, tão necessária à vida escolar, será 
considerada primordial nessa idade. As reuniões de pais, as visitas a 
domicílio, a participação dos pais em atividades da es- 
 
cola e todas as

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