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1/1 
BR2800020 
E15/B/M/V 
BRITTO, J.S. 
DA COOPERACÃO PROLETARIA A CAPITALISCA... 
[COOPERATIVA DE PRODUTORES; BRASIL] 
RIO DE JANEIRO, GB (BRAZIL) 
1928 20 P. (PT) 
/G514 
MICROECONOMIA; COOPERATIVA DE PRODUTORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Da Cooperaçao proletaria 
à capitalistica... 
 
 
 
 
 
 
 
Nem tão somente aos proletarios cabe repudiar o voto plural nas 
suas cooperativas de consumo, trabalho, credito e produc- 
ção, unicos institutos de que se irradia mathematicamente o 
conforto dos justos. Sem a disciplina, a selecção da gran- 
de maioria, o voto singular, a reserva indivisivel, á partici- 
pação proporcional nos lucros, só na razão do esforço, é 
inutil formar cooperativas. O rico terá interesse em de- 
turpal-a, por ambição desmedida, porém o pobre, que pra- 
ticar esse crime contra o mais precioso legado plebeo. 
suicida-se... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Benedicto de Souza 
 Rua da Misericordia, 51 — RIO 
 1928 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Da cooperação proletaría 
 á capítalística... 
 
 
 As grandes virtudes residem no seio das 
classes que almejam a paz numa aspiração de 
justiça economica sem jaça. E na brancura al- 
pina dos Santos Conventos, entre o Céo e a 
Terra, viceja a Caridade, flor d'alma serena.... 
 As pegádas de Christo, no mundo, são sem-
pre beijadas pelos que têm coração porque a 
cooperação é fruto da bondade e da justiça, que 
sem Amor não ha cooperação que preste. 
 Não se troca o «amor ao nosso proximo» 
pelas coisas vãs que fulguram em gemmas d'oiro 
uzurario... 
Por ventura entre os povos cultos a boa 
causa sempre sahio victoriosa, e no que respeita 
á Cooperação tal se deo e em toda a linha, mo- 
vendo-se a universal Idéa como um mundo novo 
sahido da nebulosa das vãs reinvindicações E as 
pegádas da Cooperação ja são seguidas na neve 
do egoismo crú, pela encosta abaixo da Mon- 
tanha branca, até a planice murmura de caudaes 
da energia economica dos povos que se agitam 
num resurgir de mais honesto progresso, sere- 
nando o impeto do materìalismo fulgurante e tu-
multuario a um tempo. 
Eis o grandioso scenario em que se debatem 
as, idéas cooperacionistas hodiernas. 
A parcimoniosa cooperativa do Becco do 
— 4 — 
 
Sapo. cuja vinheta consta da «Storia dei probi 
pionieri di Rochdale», se estampa ao lado dos 
arranha-céos dos Armazens Centraes em Manches-
ter, o grandioso edificio da Associação do Se- 
guro Cooperativo, na mesma cidade, os Arma- 
zens de Newcastle o Quarteirão Geral da C. W.S. 
em Londres, o lindo e vastissimo palacio da 
Wholesale em Bristol, mais o de Cardif, as co- 
lossaes fabricas de Crumpsall os estabelecimen- 
tos numerosos e vastissimos de Irlam, as formi 
daveis fabricas de tecidos de Batley, os Moinhos 
Cooperativos de Dunston e Manchester, que oc-
cupam immenso espaço, a Manifactura de fumo 
em Manchester, os transatlanticos «Fraternity» e 
e «New Pionieer», o Castello e quinta de Gai- 
geley, a fazenda em Ceylão os Armazens de 
Glasgow a Séde-Central dos mesmos, nessa ci- 
dade, a Succursal da C. W. S. em Leith, o Ar- 
mazem de manifacturas em Glasgow, o palacio 
da C.W.S. em Edimburgo, os estabelecimen- 
tos e Moinhos na mesma cidade, os de Leith e 
Glasgow, as Officinas em Shieldhall, o Castello e 
quinta de Calderwood, Mundo proletario pacifico 
que beneficia tambem o publico! Toda essa mara-
vilhosa obra edificada em menos de meio seculo, 
surgida de tão infima origem nunca alterou os 
radicaes princípios que se crystallisam no voto 
singular, na reserva indivisivel, no capital varia- 
vel constituido por acções que não rendem nen- 
hum dividendo, sendo os beneficios conferidos 
pela bonificação redhibitoria proporcional ás com-
pras, no numero illimitado de socios, na intrans-
ferencia das acções, no numero limitado destas. 
No ambiente desse harmonioso mundo que 
conseguio o maximo do progresso material e mo- 
ral, as lagrimas seccaram nos olhos dos escravos 
de hontem que se transformaram nos homens os 
mais livres do Universo... Quem compulsar a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 5 — 
 
«Piccola Storia d'una Grande Idea», traducção 
de C. del Soldato, poderá verificar a fabulosa e 
verdadeira victoria da Cooperação authentica, 
alcançada na Inglaterra. 
A «Lega Nazionale delle Cooperative e 
della Federazione Italiana delle Società di M. 
S.», em Milão, Via Pace, 10, Italia editora desse 
e outros preciosissimos folhetos de propaganda, 
poderá remetter aos estudiosos, mediante vale in-
ternacional, o referido livrinho rico de vinhetas 
que provam o que a mentira procura encobrir en- 
tre nós outros, na campanha a mais surrateira que 
vem soffrendo a Cooperação pura Triste «re- 
cord»! 
Quando os «pluralistas» chegariam a erguer 
tamanha obra á sombra desse gigante que não é 
de pedra e sim vibrante do que mais bellamente 
palpita no coração e cerebro humanos ? 
Assim é que aqui se enveredou pelo voto 
plural no banco — Luzzatti, transformando-se um 
instituto sobrio, destinado a adiantamentos que 
o pequeno trabalho exige nas cidades, em instru-
mento da uzura que procura dividendos gordos, 
mirabolantes rendas de depositos, por meio de ele- 
vados juros de emprestimos que exploram a grande 
massa de necessitados que os bancos communs re-
cusam... E abrio se com isso um perigoso prece- 
dente, sendo que esses cogumelos da economia 
popular se baseam na omissão legal, como se não 
cessa de clamar. 
Mas, falta dizer, se o titulo III da Lei fran- 
ceza de 24 de julho de 1867, sobre as sociedades, 
refere-se ás «disposições peculiares ás Socieda- 
des de capital variavel», seja logo ponderado que 
tal lei não favoreceu a uzura na França, onde a 
Lei de 5 de Agosto de 1920 rége a forma com- 
patível com as aspirações do credito cooperativo 
agricola. As sociedades que se fundaram sob o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 6 — 
 
titulo de capital variavel foram as «patronaes» de 
producção, como ficou exposto em a «Cruzada da 
Cooperação Integral» onde impugamos esse caso 
que passa a ser teratologico, desde que se con- 
funda tal sorte de sociedade com a cooperativa 
onde o voto nunca pode deixar de ser singular, 
sendo o contrario uma monstruosidade. 
Uma cooperativa se forma commumente com 
pessoas de posses eguaes ou até sem capitaes, e 
quando o capital se constitue por meio de acções 
não representa mais do que um simples instru- 
mento de defesa de classe para o indubitavel fim 
de ser util á collectividade dos socios e nunca no 
intuito de explorar essa collectividade moure- 
jante e pacifica que procura o arrimo do credito 
social, e não de meia duzia de «mãosinhas» coro-
nelicias.... 
 Luzzatti, mesmo criando o instituto que ac- 
ceita socios de fortunas deseguaes, não infringio o 
principio basilar da cooperação, qual o do voto 
singular, numero limitado de açções e soberania 
da Assembléa Geral, cuja cultura se ímpoe logo. 
Entretando na lavoura e industria connexa reu- 
nidas as duas classes distinctas numa unica coope-
rativa formada com o fim de livrar os producto- 
res, dos intermediarios que opprimem a produc- 
ção os socios industriaes, sendo em numero in- 
firmoe os lavradores em numero esmagador, acha-
ram aquelles que o voto, por esse motivo devia 
ser na razão da capacidade productiva de cada so- 
cio, afim de equilibrar as deliberações compativeis 
com a garantia de que precisam os industrias pa- 
ra não ser sacrificados pelos lavradores pouco 
experientes 
A mentalidade inferior de uns foi assim o que 
pesou mais nessa opção que a omissão do decr. 
n:1.637 de 5 de janeiro de 1907 permitte Mes- 
mo assim, a Sociedade constituida nos limites da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 7 — 
 
proporção da capacidade productiva, que differe 
alias do systema anonymo do voto plural, basea- 
do no capital ocioso, usurario, poderá reger-se, no 
conceito mundial associativo, pelas normas ade- 
quadas a um mixto de sociedade anonyma e de 
sociedade cooperativa, entídade que se poderá de 
finir e legalizar systematicamente, sem confundir 
as duas formas que lhe deram origem hybrida. Não 
nos enganemos, pois! Que resta fazer diante dos 
factos? — Legalizar no sentido de caracterizar a 
«sociedade de capital variavel» com direito ao 
voto proporcional á capacidade productiva, no con-
certo mundial associativo, pelas normas adequadas 
a um mixto de sociedade anonyma e de sociedade 
cooperativa, entidade que se poderá definir entre 
socios lavradores e industriaes, dependentes uns 
dos outros, facultando-se tambem o direito de 
maleavel composição dos orgãosa adminstrativos. 
Mas. tal sociedade representa uma especie com- 
plexa, pois se trata de duas classes de producto- 
res: a dos fornecedores de materia prima e os que 
transformam essa materia prima industrialmente. 
Portanto, essa forma de sociedade deixa de ser 
cooperativa propriamente dita, embora possuídora 
de sensivel analogia com a sociedade cooperativa 
authentica, e mais ainda que com a sociedade 
anonyma ou em commandita. Outrosim essa 
fórma de sociedade de capital variavel se não ap-
plica á aggremiação proletaria de producção, visto 
que os socios desta ultima são recrutados numa 
mesma classe, prestando-se assim ao verdadeiro 
pacto cooperativo singularista, entre pessoas de 
posses eguaes, posses que representam tão só- 
mente — capital esforço, capital trabalho. 
Verdade é que na sociedade de producção 
de capital variavel, mixto de classes connexas, 
como na propria sociedade cooperativa de pro-
ducção, os juros das acções devem ser minimos, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 8 — 
 
limitado o numero dellas, e logo que o socio se re- 
tira ou é excluido, as suas acções são reembolsa- 
das, sendo prohibida a não socios a propriedade 
de acções, pertecendo os socios da sociedade mix- 
ta, á lavoura e industria connexa, e os da socieda- 
de cooperativa de producção propriamente dita; 
á classe dos que trabalham em diversos officios ou 
num unico. Outrosim, o capital da mixta, de ca- 
pital variavel, é proporcional á capacidade da pro-
ducção isto é, numa proporção estabelecida so- 
bre a media tomada de diversas safras, e o capital 
da verdadeira sociedade cooperativa de producção 
proletaria, representa um simples instrumento do 
trabalho, numa concorrencia egual ou tendente a 
egualdade, visto capitalizarem-se, os juros das 
acções tomadas até certa concorrencia, dentro dos 
limites estatutarios, de forma que no fim de certo 
tempo os socios possuem um egual numero de 
acções, não havendo portanto duvida sobre os ef-
feitos do voto singular nessa especie de sociedade 
cooperativa, e bem assim nas outras congeneres. 
Em qualquer especie de cooperativa a tendencia é 
essa, emquanto que na sociedade de capital varia- 
vel, que não é cooperativa nem anonyma, man- 
tendo se o hybridismo por força das circumstan- 
cias, tratando-se do pacto entre uma classe me- 
nos numerosa e outra muito mais numerosa, quaes 
a da lavoura e industria connexa, a egualdade de 
voto não subentende mais as pessoas, nem o ca- 
pital, e sim a capacidade de producção fabril e de 
producção agricola, tendo pois. que se dar a con-
veniente proporção que aliás não representa plu-
ralidade de voto, e sim proporcionalidade da 
funcção productiva, activa, e não da funcção pas- 
siva do capital parasitario, destinado á uzura, como 
se dá nos pseudo-bancos Luzzatti que vão devas- 
tando o terreno da economia popular. Isto ape- 
zar do dec. n. 17 . 339 que, felizmente para as cai- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 9 — 
 
xas-Raiffeisen e os bancos do systema Luzzatti, 
poz em execução os dispositivos do art. 40 da 
abençoada lei orçamentaria, e inspirou a let. i do 
art 5º das «instrucções complementares»: «egual-
dade absoluta de direitos e deveres dos socios», 
expressão que foi interpretada por Namur, o pre- 
claro commentador da lei belga, de que consta 
tal disposição egualitaria, como disposição consa- 
gradora do voto singular na sociedade coopera- 
tiva propríamente dita, que se não pode confun- 
dir com a simples «sociedade de capital variavel» 
que, graça ás referidas circumstancias, deve ser 
especialisada entre nós, só para a classe mixta 
de lavoura e industria connexa, devendo-se, por 
concomitancia, reformar o dec. n. 1.637 de 5 de 
janeiro de 1907, no sentido de transformal-o 
numa lei organica das sociedades cooperativas 
livres, dem omissões funestas á consagração uni-
versal da perfeitissima instituição de que tanto se 
abusa entre nós outros! Resta ainda dizer que a 
bonificação adoptada na sociedade cooperativa de 
consumo, forma redhibitoria de eliminar o lucro, e 
que foi concebida pelo Dr. King, em 1828, como 
nos referimos, ás pàginas 12 da «Cruzada da Coo-
peração Integral», é tambem applicavel e até in-
dispensavel tanto na sociedade de capital variavel 
só destinada á classe mixta de producção agricola 
e industrial connexa, como na sociedade coopera- 
tiva de producção proletaria. Nesta a bonificação 
é tomada conforme o art. 2 dos estatutos constan- 
tes da «Cruzada da Cooperação Integral» ás pagi- 
nas 129 
«Art. 2 — A sociedade se propõe assumir 
e exigir dentro dos moldes da cooperação a con- 
signação do producto do trabalho dos socios em 
conjucto, proporcionando, na razão dos direitos 
de cada qual, uma compensação egual aos salarios 
ou ordenados, de accordo com os costumes lo- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 10 — 
 
caes, conferindo tambem a participação, propor-
cional aos salarios e ordenados, nos lucros liqui- 
dos da sociedade, sendo a percentagem de parti-
cipação fixada pela Assembléa Geral; como a dos 
fundos de reserva de desenvolvimento, de benefi-
cencia, de menores serventes. A sociedade acceita 
as obras de que se encarregam commumente os 
empreíteiros constructores e distribue a tarefa entre 
os seus socios, funda olaria; serraria, mar- 
cenaria e outras officinas; progressivamente». 
E do art. 13, dos estatutos que adaptmos 
para a Cooperativa de trabalho: 
Art. 13 — «Todos os socios têm direito de: 
a) ser admittidos nos trabalhos sociaes 
dentro dos limites da capacidade propria e de ac-
cordo com as normas prescriptas; 
b) participar dos lucros resultantes, na razão 
das partes e da bonificação proporcional á capaci-
dade propria de trabalho, conferida proporcional-
mente ao salario social cabivel a cada socio segun- 
do a habilidade pessoal». 
Na sociedade de capital variavel, como o é 
tambem a cooperativa, deixando de o ser a anony- 
ma ou em commandita, a bonificação tem mais 
importancia que os juros das acções, muito embo- 
ra estas representem a capacidade productiva; to- 
mada em media, o que já se approxima da coope-
rativae se afasta da Sociedade anonyma. Essa 
bonificação individualiza ainda mais o pacto, pois 
se não basea só na media e sim na quantidade dos 
productos consignados e vendidos pela sociedade 
mixta. Portanto é consequente — Não se quer 
saber se trata de capitalistas ou não. O que pesa 
nessa especie de Sociedade entre de cooperativa e 
anonyma, mais cooperativa que anonyma são os 
produtos na sua ordem natural, quer represen- 
tando materia prima, quer esta materia prima 
transformada pela industria connexa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 11 — 
 
As duas classes se unem dentro da distincção 
produzida pela natureza da producção. Cada 
qual tem a segurança da sua força productiva no 
pacto social e a Sociedade tem a summa proprie- 
dade do seu patrimonio proprio, que a reserva 
indivizivel como que eterniza. Assim, se cada qual 
tem a garantia do que é seu particularmente a So-
ciedade, não sómente garante tal posse, dentro do 
pacto social como tambem presta arrimo seguro 
ao que produz essas grandes e pequenas capacida- 
des productivas que a constituiram, na defesa in-
telligente de duas classes que não podem viver 
desunidas e que a desegualdade pronunciada do 
numero e da natureza da producção teve que esta- 
belecer uma proporção niveladora, proporção que 
lhe tirou o caracter de cooperativa. No caso do 
credito não pode haver applicação dessa forma de 
sociedade de capital variavel com o voto propor-
cional, pois não ha producção de sorte alguma. 
Só ha dinheiro disponivel que só é permittido de 
ser depositado em forma de deposito commum, o 
que não influe sobre o voto, ou de deposito — 
acção em numero limitado e dando juro limitado, 
de forma a consentir que a sociedade seja de facto 
para offerecer adiantamentos a juro mui baixo e 
a certas classes laboriosas de socios, sem que se 
possa nunca transformar em intermediaria dos 
uzurarios que pretendam locupletar-se á custa dos 
que lutam e não possuem capitaes ociosos, rapa- 
ces, sob a acção inqualificavel do hymen dos divi- 
dendos gordos, juros altos de deposito, etc. rica pro-
pina tirada dos juros elevados sobre os empresti- 
mos e descontos bancarios, mais proprios do ban- 
co commum que não mystifica a lei, nem burla o 
interesse dos socios, offerecendo até mais vanta- 
gens que os taes cogumelos da usura, brotados nos 
intersticios das omissões do dec. n. 1.637 con-
demnado pelos nossos mais notaveis jurisconsul- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 12 — 
 
tos, isto é, por homens de sciencia que não des- 
cem á mesquinhez de envenenar as questões rela-
tivas á grande causa, pela simples razão de não faze-
rem «pro domo sua» ... Abram logo uma casa de 
prego ou de cambio, porem que se não permittaa 
essa mentalidade essencialmente ambigua, detur- 
par a Cooperação, calumniando os que a defendem. 
Urge, pois, legislar no sentido de estabelecer as 
disposições convenientes á «Sociedade de capital 
variaveI só para a lavoura e industria connexa», 
e á «Sociedade Cooperativa», conforme vimos 
tratando de esclarecer, mais sob o ponto de 
vista da sua propria essencia, ou no sentido 
doutrinario, que d’outra forma, cabendo a 
«Cesar o que é de Cesar» .... Aos governos 
compete observar os phenomenos sociologi- 
cos que se dão no cyclo formado pelas activi- 
dades individualisticas e collectivistas, facultando 
por meio d’uma fiscalização competente, visceral-
mente fiel, a integração dos meios concordes que 
a jurisdição consagra no torvelino das necessida- 
des sociaes, e numa tendencia sensivel ao equili- 
brio das energias nacionaes, sem damno de nin-
guem, nem dos principios consagrados. 
 
 
José Saturnino Britto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTA 
 
 
E’ mui opportuno o que vem appello dis-
tinguir nesta meia duzia de paginas escriptas de 
relance. Pessoas competentes e illustres que, 
além de cargos elevados e brilhante acção politica, 
têm um lugar de destaque na industria assucareira 
do nosso torrão natal, em amistosissima palestra 
com o humilde autor deste folheto, expuzeram o 
seu modo de vêr, quanto ao voto singular, tratan- 
do se d’uma «Coperativa de productores de as- 
sucar e lavradores», e estabelecendo por intuição 
a proporção do voto na razão da capacidade pro- 
ductiva dos socios, allegando a necessidade de 
equilibrio entre duas forças de naturezas diversas 
e que não podem deixar de congraçar os seus in-
teresses dentro d’um pacto social que assegure a 
acção disciplinada tanto da minoria como da maio- 
ria dos socios da cooperativa que se formou entre 
usineiros (em numero restricto) e lavradores (em 
numero dezenas de vezes maior). Porventura, a 
illustre pessoa com quem nos entendemos, de-
monstrou-se perfeitamente de accordo com o voto 
singular nas cooperativas proletarias e outras con-
generes em que entram pessoas de posses mais 
ou menos eguaes. D’ahi a nossa intenção em 
contribuir com o pouco que podemos fazer no 
sentido de esclarecer o assumpto agora abordado, 
debaixo d'um novo aspecto. Portanto, a exis- 
tencia da forma de «sociedade de capital variavel», 
applicavel á classe mixta de lavradores e proprie- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
—14 — 
 
tarios de industria connexa, convem seja lembrada, 
para que as coisas voltem aos seus lugares, tanto 
mais que se trata d’uma mentalidade pujante e su-
perior, que procura fazer escola de associação con-
corde, no interesse collectivo e nacional, fóra dos 
moldes capitalisticos da sociedade anonyma em 
tudo limitada, especialmente no pacto de solida-
riedade moral ... Fosse possivel conseguir-se 
uma assembléa parcial para resolver o compe- 
te aos usineiros, e outra assembléa parcial para 
deliberar sobre o que cabe aos lavradores, haven- 
do uma assembléa geral composta das duas clas- 
ses para ratificar as deliberações das respectivas 
assembléas parciaes, sem prejuizo de nenhuma 
das classes associadas — que o autor deste folheto 
não opporia nenhuma duvida quanto á caracteris- 
tica fundamental, abraçada pela sociedade dos 
productores e lavradores que, sob os auspicios 
da omissão do decr. n. 1637, titulou-se legalmen- 
te «Cooperativa». Mas, dada a differença de cul- 
tura mental entre as classes justapostas, isto sem 
vexame para ninguem, pois é só a fortuna que 
auxilia a instrucção entre nós outros, em face de 
tamanha desegualdade, que esperar das resoluções 
das assembléas reunidas, sob o regimen do voto 
singular — o unico compativel com a Sociedade 
Cooperativa authentica? 
Que a sociedade deixa de ser cooperativa, 
mesmo adoptando o systema da votação propor-
cional á capacidade productiva isto — isto tambem é 
facto. porém, por virtude do dec. n. 1637. só a 
consciencia nos pode aconselhar o respeito á dou-
trina, no caso da producção em que não ha appel- 
lo para o dec. 17.339, que veio expurgar especifi-
camente o banco Luzzatti e a Caixa-Raiffeises da 
deturpação reinante. 
Não somos dos que se contentam com o pon- 
to de interrogação, tratando se de causas magna- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— 15 — 
 
nimas, de que depende a paz no paiz, no mun- 
do. 
Obra tão bellamente concebida, no que res-
peita aos fins, tem que apurar os meios de tonar- 
se de facto cooperativa. dentro do rythmo evolu-
cionario de que nunca poderá ser abolido o voto 
singular, na sociedade cooperativa, por nenhum 
motivo. 
Se assim é, prova se a razão de ser na esco- 
lha das pessoas que devemconstituir a sociedade 
cooperativa. O erro está justamente em afas- 
tar se do pensamento, antes de mais nada, a con-
cepção verdadeira dessa sociedade medularmente 
egualitaria, formada de espiritos affins para a de- 
fesa physica e moral, d’ uma aggremiaçao honesta. 
A sociedade de capital variavel poderá prestar-se 
ao nivelamento futuro, porem não deve ser confun-
dida com a cooperativa, nem ser applicada senão á 
producção mixta de classes justapostas. Dôe-nos 
o pensamanto por não podermos acceitar a «Co-
operativa de Productores de Assucar e Lavrado- 
res», no pé em que se acha, dado o choque dos 
interesses, como uma sociedade cooperativa de 
facto muito embora o dec. n. 1.637 lhe conce- 
da esse titulo Entretanto ninguem mais do que 
o humilde autor deste elementar escripto, deseja 
que essa Sociedade prospere e com o germem 
superior que já possue um dia, venha a equiparar- 
se de vez á forma purissima de Sociedade, cuja 
extructura nunca differio da que nasceo com os 
28 Pioneiros de Rochdale, por influencia do ideal 
de Owen. 
Aventando-se a idéa de, na «Cooperativa de 
Productores de assucar e lavradores», afim de 
manter-se dentro dos principios integraes da so- 
ciedade cooperativa, constituirem-se duas assem-
bléas parciaes, cabendo á geral a ratificação das 
deliberações, valendo sempre o voto singular, fica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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dirimido o receio de eventual conflicto. Dirão 
os mais experimentados: — Vamos recahir no 
mesmo erro, qual o de abandonar-se a minoria 
dos usineiros á grande maioria dos lavradores. 
Perfeitamente Mas, tal acontecimento não 
se dará se a assembléa geral se compuzer d'um 
numero de lavradores egual ao numero de usinei- 
ros; para isso sendo eleitos pela grande massa dos 
lavradores aquelles que dentro dessa proporção 
justa do numero, fossem capazes de competir com 
o numero de usineiros ,sem prescindir de ambas 
as partes a cultura do bom senso associativo, no 
desempenho das ratificações das assembléas par-
ciaes. E coisa tão natural, que não poder ser no- 
va. Dessa forma toda duvida ficaria fóra de campo e 
ninguem mais poderia temer despro- 
porção do voto, criando-se um modo de manter-se 
o voto singular entre usineiros e lavradores, socios 
d’ uma sociedade que, sob esse regimem, seria de 
facto cooperativa, sem precisar de dubias leis para 
ser integrada. Outrosim, é de esperar que os 
ilustres promotores da nova sociedade, que se 
deve estender numa federação pelo paiz, pensem 
tambem nos alícerces das duas classes que a com-
põem, alícerces representados pela classe dos ope-
rarios ruraes e fabris, para os quaes os socios fazen-
deiros da nova sociedade campista, destinada a 
servir de modelo, devem abrir armazens coopera-
tivos nos moldes rochdaleanos, e depositar nesses 
institutos de educação social proletaria, a participa- 
ção global nos lucros, cabivel ao respectivo nu- 
cleo, em cada fazenda de socio da «Cooperativa 
dos productores de assucar e lavradores» parti- 
cipação destinada a obras futuras, moraes ma- 
teriaes para os socios da pequena cooperativa de 
consumo autonoma — instituto mater de educação 
campestre, economica Quaes generaes não pen- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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sam em dar fartura ás tropas em que reside a victo- 
ria collectiva? 
A disciplina e o conforto sem desgarro para os 
vicios. fazem d’ um povo mil maravilhas dignas da 
humanidade. E nesse sentido seria uma medi- 
da justa ser adoptada — qual a dos socios pro-
ductores se comprometterem a produzir sómente 
alcool desnaturado, afim de tolher o principal 
agente do nosso derrotismo — sem que se deixem 
ficar os demais não menos graves, taes como: o 
jogo, a espionagem, o deslocamento da nossa 
produção para mercados intermediarios que se 
compõe da mesma massa representada pelos açam- 
barcadores internos, e quanta coisa nociva e para-
sitaria que impede todo idéa de autonomia fecun- 
da e disciplina no tabalho das industrias e da 
agricultura, de que deve resultar um commercio 
directo, cooperativo que começa pela venda em 
grosso e termina no varejo, uniformizado os meios 
e abolindo a concorrencia e a extorção, estabele- 
cendo-se por meio das estatísticas os estagios da 
produção e distribuição, associativamente orga-
nizadas pelo discortino evolucionario, jamais pelo 
judaismo mercantil, sob os golpes surrateiros do 
imperalismo corruptor e visceralmente barba- 
rico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Post-Scriptim — As consciencias luscofuscola-
res que lagarteam pelas folhas de couve plantadas 
pelos banzeiros gajos da alta «chantage» jornalistica, 
continuam, d'aqui, d ali, a entrelinhar sua gosma 
marinonica, sobre a obra dos justos, no que respeita 
ao expurgo da cooperação, forma de sociedade que 
soffreu entre nós outros a mais grosseira deturpação, 
Judas deixou no Rio copiosa prole. E cada qual com 
o seu sacco sob a bodifica axilla, a esvasial-o no de- 
boche, trahe com a maior naturalidade — a patria, a 
familia, os idéaes, a humanidade. A penna se trans-
formou em maravilha, e a «verve», na mais réles 
chalaça. 
Os trapaceiros impam e a ventruda burguezia 
tudo reduz a galhofa. Em vertiginoso remoinho a 
cidade se cobre com as joias da sua illuminação, na 
noite dos seus vicios... E’ o fim. Os egoismos se 
assanham em paroxismos de corrupto deslumora-
mento e a corrente do desvario percorre todas as ca-
madas sociaes. Tal mentalidade não é digna da 
Cooperação, aliás innata nos povos sadios, jamais 
variando a sua essencia. O capital individualístico, 
diabolico comediante, a mystificou. — O que, com 
a Cooperação nunca passou de patrimonio collectivo 
ou commum, regido pela moral a mais humana, 
transformou-se aqui em acções, cada acção dando di-
reito a um voto, ou na comediasinha, qual a de cada 
grupo de 10 acções valer por um voto .... 
Se as raizes do sentimento cooperacionista não 
forem encontradas nos lugares onde se empreende a 
fundação de cooperativas honestas, é melhor não 
tratar disso. Adaptal-as com meios falsos, é permit-
tir coisa peor que o que ha por ahi sob a forma 
commum, de sociedades capitalisticas que se devo-
ram entre si, na mais amavel das anthropophagias... 
Deixemos que as serpentes, neste maravilhoso 
Butantan, se devorem mutuamente. 
Mas, em vão os fosseis inimigos dos idéaes ho-
nestos impedirão a acção dos que promovem a sua 
defesa, embora platonicamente e sob esse dubio re- 
gimen de democracia em decadencia, de derrotismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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capitalistico, pois a quem visa tão somente o lucro 
vertiginoso, pouco importa que tal rythmo da cobiça 
comprometta a paz nacional, a liberdade do nosso 
povo, a nossa propria autonomia social e politica. 
Para refrear essa corrida da morte, é que a 
consciencia nos obriga a educar o povo dentro dos 
moldes cooperacionistas, aliás criados pelo proprio 
povo... 
Falta a lei organica que estabeleça a forma de-
finitiva, emanada dos principios fundamentaes es-
sencialmente cooperacionistas, sem que se deixe de 
indicar legalmente o mecanismo das respectivas es-
pecies — taes como a de consumo, compra e venda, 
producção, construcção, trabalho, credito, e isso não 
impede que seja tambem considerado o typo mixto, 
sem prejuizo dos principios fundamentaes. 
Para o credito, ha necessidade de especificar o 
seu desdobramento compativel com a natureza dos 
institutos que variam da seguinte forma: 
a) caixa — Raiffeisen (federação por Estado); 
b) banco — Luzzatti (federaçãopor Estado); 
c) caixa ou banco da federação do consumo; 
d) caixa ou banco da federação da producção; 
e) caixa de classe; 
f) caixa ou banco exclusivamente destinados á 
agro-pecuaria 
Isto, sem esquecer as caixas inherentes ou que 
entram em funcção em cada especie de cooperativa 
que julgue necessario estabelecel-as para uso pro-
prio do seu emporio, annexando-lhes as carteiras de 
mutualidade de assistencia e previdencia. 
Legislar é consagrar os bons costumes, traduzir 
em lei o que a collectividade laboriosa cria na defesa 
dos seus esforços exhaustivos, a prol das familias ho-
nestas dos que labutam em qualquer mester e tiram 
o pão do seu proprio suor, enfim, o que a collecti-
vidade cria sob o famigerado aguilhão da concorren- 
cia e do acervo, entre a cobiça e a impiedade. 
Em materia de Cooperação foram observadas 
as mesmas normas em toda a parte, no attender das 
necessidades que não variam, nem os males que pro-
duzem o acervo. 
A Cooperação é o asylo dos validos e que os li-
vra de se transformarem em poeira do asphalto e na 
edade em que o homem sente todos os estimulos 
em si para o trabalho que ora lhe é negado ou lhe 
 
 
 
 
 
 
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é offerecido a vil preço. Isto não se dá tão somente 
com o operario. E’ um povo inteiro que soffre os 
revezes da sorte. por lhe faltar o amparo da coope-
ração que organiza systhematicamente a vida nas ci-
dades e nos campos. 
O caracter desse instituto se confunde com o 
sentimento dos que se salvam mutuamente d'um nau-
fragio. 
Scientistas de escol, imbuidos na experiencia 
dos factos, e não mascadores de idéas — papel, de 
phrases livrescas, nunca admittiram nas cooperativas 
principios diversos dos que nasceram com ellas, 
especie de essencia transformadora do mundo 
bronco, coberto de bellos ornatos, como os tumulos a 
esconder a podridão por dentro — O mesmo disse 
Jesus dos phariseus, que aqui tambem ajudaram a 
deturpação da verdadeira sociedade cooperativa... 
Os que ainda podem valer ao resurgimento das 
energias populares neste paiz que espera esse vibran- 
te despertar dos seus filhos validos, não devem pres- 
tar: ouvidos aos testas de ferro dos que possuindo 
capitaes, mystificam a sociedade cooperativa, tornan- 
do-a intermediaria ainda mais gananciosa do que a 
sociedade anonyma que só cuida dos capitaes, dei-
xando que as pessoas se arranjem. 
Os que se prestam mutuo apoio, por identica 
necessidade, têm na cooperativa de egual para egual 
uma alavanca mais forte que a do oiro dos «trust». 
O sentimento de solidariedade entre os que se esfor-
çam para um mesmo fim, dentro do respeito humano 
o mais nobre, é capaz de arrazar morros, afastar 
os mares, desviar o curso das caudaes do mal... A 
Cooperação educa o proprio egoismo que a socie-
dade de capitaes aguça. 
Queira Deus que os nossos legisladores se 
compenetrem dessa verdade. Mas, cuidado com os 
«mentores». os apologistas desse formidavel «trust» 
do tal pseudo — credito agricola pluralico, 
confederado capitalisticamente em nome da 
cooperação «trust» cujo fim é explorar a lavoura, 
impedindo, por concomitancia, que se criem 
verdadeiras caixas — Raiffeisen federadas de Estado 
em Estado, ou outra qualquer especie de cooperativa 
authentica. 
Em paiz nenhum houve campanha tão capciosa 
contra o mais sagrado dos institutos.

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