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Desenvolvimento da política educacional e cultural.

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Presidente da República Federativa do Brasil 
João Figueiredo 
Ministro da Educação e Cultura 
Eduardo Portella 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
SECRETARIA-GERAL 
DESENVOLVIMENTO 
DA POLITICA 
EDUCACIONAL 
E CULTURAL 
Conferência proferida pelo Secretário-Geral do MEC, Prof. João Guilherme de Aragão, 
na Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica — ECEMAR, no Rio de Janeiro, 
no dia 30 de outubro de 1980 
 
DESENVOLVIMENTO DA POLITICA 
EDUCACIONAL E CULTURAL 
 
 
 
 
 
DIRETRIZES DE 
EDUCAÇÃO E CULTURA 
PLANEJAMENTO 
PARTICIPATIVO 
DESENVOLVIMENTO 
Eis-me de regresso a este pódio de ensino de alto nível técnico-profissional da Escola 
de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica, onde são objeto de excogita-ções não 
apenas os objetivos específicos da arma aérea como também os conhecimentos 
pertinentes aos vários setores de estudos e atividades públicas que se inserem na 
organização e no funcionamento do Governo e da Administração do País. De um 
ano a outro, pois, desta mesma eminência, dissertei, a 8 de outubro de 1979, sobre a 
"Política Educacional" então enunciada no contexto das "Diretrizes de Educação, 
Cultura e Desportos" do Governo Federal, em sua fase de lançamento no âmbito do 
Ministério da Educação e Cultura - algo bem sensível e marcante já se acrescenta a 
essa linha mestra, em matéria de ação administrativa. 
Desde então, ingentes esforços têm sido desenvolvidos para superar as dificul-
dades de ordem conjuntural, inerentes ao atual momento histórico senão também 
para se implantar uma atividade programática estabelecida segundo o estilo renova-
dor característico da administração do Ministro Eduardo Portella. Daí o desenvolvi-
mento de duas ordens de considerações no curso desta dissertação: a) as que dizem 
respeito às diretrizes de educação e cultura e ao planejamento participativo; b) as que 
se referem ao desenvolvimento da ação, no afã de cumprir as diretrizes estabeleci-
das. Quanto ao primeiro aspecto, serão examinados alguns pressupostos dominantes 
em que se vem baseando o MEC para estabelecer e desenvolver a sua política educa-
cional. Relativamente ao segundo, procuraremos assentar as linhas de ação progra-
madas, bem como os indicadores de seus primeiros resultados. 
 
 
Pressupostos da Politica Educativo-Cultural 
Iniciado o atual Governo sob a afirmação do Estado de Direito, incumbe-nos 
fixar o primeiro pressuposto fundamental da ação política e administrativa ora 
desenvolvida pelo MEC, a saber, o mandamento do art. 176 da Constituição em 
vigor, assim explícito: 
"Art. 176 A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais 
de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e 
será dada no lar e na escola." 
Inscrito no Estado federativo, o ecúmeno educacional brasileiro diversifica-se 
em três amplos domínios intergovernamentais e interadministrativos, corresponden-
tes aos níveis de competência da União, ou dos Estados, ou dos Municípios. E sen-
do a União a área política mater e coordenadora da política geral, nacional, também 
é fácil concluir pela magnitude da missão educativa reservada ao MEC, em decorrên-
cia do pressuposto constitucional. É que, detendo o Poder Pública o primado do en-
sino em qualquer grau ou modalidade, e exercido primariamente através da União 
Federal, o MEC torna-se o centro irradiador das ações educativas e culturais para 
todo o território nacional, já atuando por intermédio de órgãos próprios da admi-
nistração direta sediados nas unidades federativas, já desenvolvendo uma atividade 
 
 
supletiva de apoio aos Estados e Municípios, mormente na destinação de recursos 
de reforço para o ensino de 1? e 2? graus. Frequentemente, ainda, estende a sua ati-
vidade de apoio financeiro e coordenação normativa ao ensino particular, ao mes-
mo tempo que lhe presta outros tipos de assistência técnico-pedagógica e alimentar. 
Preceitos análogos existem para as atividades de Cultura, já que é dever do 
Estado ampará-la (art. 180 da Constituição) e para as de Desportos, uma vez que a 
União é competente para legislar e baixar normas gerais nesta área. (Constituição, 
art. 8, XVII, letra q) 
Eis a armadura constitucional a cobrir um complexo de macrorrealidades para 
as quais se volta o nosso Ministério, em termos de educação nacional. Primeira 
delas, de ordem geográfica, é a grande dimensão territorial do País com a diversidade 
de suas regiões naturais, geo e sócio-econômicas, culturais, político-administrati-vas, 
tudo isto a desafiar e a mobilizar a estrutura mais ampla e diferenciada de nossa 
organização administrativa federal, a do Ministério da Educação e Cultura. 
Há mais: as macrorrealidades da organização político-administrativa do nosso 
Estado federativo, diferenciado em três graus de Governo e Administração; dos 
desníveis econômicos regionais, das desigualdades sociais de região a região, das 
populações carentes. 
Essas macrorrealidades se convertem em pressupostos da política educacional 
e irrompem sob a forma de temas sem conta, orientados para a ação educativa, 
como sejam educação e pobreza, educação e participação, educação e política 
 
 
social, educação como direito fundamental, educação permanente, educação ina-
dequada-adequada. 
Sob o aspecto pragmático, os temas se transmudam em projetos; os projetos 
inserem-se em programas e os programas compõem o plano global de ação ao nível 
nacional. Levá-lo à execução é obra ciclópica do nosso Ministério. Para tanto, mobi-
liza um numeroso brain trust para o trabalho preparatório da planificação educacio-
nal, estabelece objetivos e metas a serem alcançadas e elabora, por fim, o "Plano", 
documento súmula de ações programadas. 
Assim, numa visão abrangente, defrontam-se, ao longo desta exposição, duas 
ordens de grandeza; a da enormidade do desafio educacional brasileiro e a magnitu-
de da missão do MEC para enfrentá-lo, em face das macrorrealidades acima indica-
das. Nosso objetivo primoridal é transmitir-lhes como estamos atuando nesse sen-
tido, desde o início da gestão do Ministro Eduardo Portella. 
Das "Diretrizes de Educação e Cultura" ao "Planejamento Participativo" 
Devo dizer que o ponto de partida da atual planificação educacional está na 
formulação das "Diretrizes para Educação e Cultura", trabalho anterior à investidura 
do atual corpo dirigente do MEC, e realizado sob a direção do Professor Eduardo 
Portella. Empossado no Ministério, e simultaneamente ao desempenho das 
 
 
atividades-meio e à constituição dos escalões dirigentes intermediários nos órgãos de 
atividades-fins, desencadeou o novo titular toda uma série de ações decorrentes das 
"Diretrizes", ao lado da realização de estudos, estabelecimento de prioridades pro-
gramáticas, sem perder de vista a continuidade dos projetos em curso nas adminis-
trações precedentes. Do balanço da programação pessoal com os resultados dos Pla-
nos anteriores (I e II Plano Setorial de Educação e Cultura — PSEC), instaurou-se, 
pela primeira vez, a modalidade do "planejamento participativo". 
Alguns eventos e esclarecimentos merecem registro a esse respeito, desde a 
enunciação das "Diretrizes" até a inovação metodológica em matéria de planifi-
cação educacional. 
Posto que elaboradas antes do início do atual Governo, as "Diretrizes" so-
mente foram divulgadas dias após o 15 de março de 1979, e representam, fora de 
dúvida, uma súmula de princípios inovadores e de metas definitivas sob novo estilo 
de visão do problema educacional. O princípio fundamental inovador enunciado é o 
da "educação para construção". Isto corresponderia, como tive ocasião de afirmar 
na prelação de um ano antes, a revigorar a meta-mater educacional, proclamada por 
Miguel Couto há pouco mais de cinquenta anos, de levar o ensino a todo homem 
brasileiro, onde quer que ele seencontrasse e transformá-lo, daí, à maneira do Japão, 
pela formação educativa, cultural e profissional, no valor fundamental de constru-
ção e afirmação do Brasil. 
Com efeito, a "educação para construção" — tal como apareceu conceituada 
 
 
nas "Diretrizes" — "deverá apoiar-se na pedagogia da qualidade e desenvolver-se como um 
sistema nacional coeso e só poderá ser pensada e posta em execução levando-se em conta 
a nossa diversidade regional, como todas as implicações sociais e econômicas 
correspondentes". 
Dentro desta acepção global, cumpre haver o "pacto indissociável entre Educação e 
Cultura". É que, sendo a Educação em si mesma um processo cultural aberto, ou seja, de 
aquisição contínua de Cultura, terá, ela mesma, de ajustar o seu desempenho, em relação 
aos educandos, ao caráter pluralista das manifestações e dos valores sociais que nos são 
inerentes. 
Por sua vez, a Cultura, que é, inegavelmente, um produto estratificado de Educação 
acumulada, cobre o espaço que se estende desde a sua elaboração de natureza crítica até a 
prática pedagógica que, tendo como núcleo primordial de aplicação a Escola, desta extrapola 
para o meio social, a fim de proporcionar ou confirmar novos meios de conhecimento. E assim 
é que, em sentido lato, a Cultura, sob o enfoque das "Diretrizes", deverá alargar-se como 
"uma realização de todos", contribuindo, pelo pluralismo de suas manifestações, "para a 
ampla democratização da vida nacional". Por fim, Educação e Cultura englobam no homem a 
mesma unidade substancial de afirmação individual ou social. 
Pessoalmente entendo que esta simbiose de Educação e Cultura, além de irrecusável, 
suscita especial ênfase, porquanto há muito quem queira, por mimetismo em relação ao que 
acontece em outros países, separar uma da outra, por amor 
 
 
à criação de um Ministério da Cultura a ser desmembrado do atual, que engloba os dois 
conteúdos inter-relacionados e indissociáveis, de Educação e Cultura, repitamo-lo. 
É de ver que, organizado e atuante na base binomial como visto, o sistema 
administrativo do MEC está orientado para o desenvolvimento da ação educativo-cultural. 
Para tanto, o programa educacional global resultante das "Diretrizes" inicialmente fixou 
objetivos imediatos e prioritários, abrangendo os vários níveis de ensino, bem como as 
formas de atividade cultural, em relação aos quais deverá atuar o sistema administrativo. 
Dentre os objetivos, logo se destacaram desde a primeira hora: a) a universalização 
da educação fundamental através de mais amplo acesso ao ensino de 1? grau precedido de 
ampla irradiação do pré-escolar para, a seguir, abranger tanto a população de 7 a 14 anos 
como a faixa dos adolescentes e adultos subeducados; b) manter, no ensino de 2? grau, um 
ritmo de crescimento, mormente no que se refere ao incremento de conclusões obtidas no 1? 
grau. Também foi prevista a diversificação de atendimento aos postulantes de 2? grau, de 
modo a corresponder às necessidades da clientela de 15 a 18 anos e, oportunamente, dos 
adultos. 
Quanto ao ensino de 3º grau, o objetivo maior é, precipuamente, "o aperfeiçoamento 
da educação superior em seus diferentes níveis e modalidades". Neste particular, especial 
ênfase é dada á facilidade de acesso â universidade por postulantes dos diversos grupos 
sociais e, por outro lado, â adequação da própria universida- 
 
 
de às nossas exigências de criação e reprodução da cultura nacional, de formação e 
desenvolvimento de recursos humanos. Confere-se, mais, alta importância à posição da 
universidade como fator capital na redução e mesmo liberação da dependência científica e 
cultural do País. 
Note-se que nenhum assunto tem sido, nestes dias, objeto de tantos debates, 
questionamentos, agitações, como o da universidade brasileira. A atual gestão do MEC aí 
começou por registrar uma expansão desmedida, mais em termos quantitativos do que 
qualitativos, respondendo a rede das instituições privadas pela carga preponderante de até 
70% do conjunto da área. Mas à hipertrofia da rede particular sucedeu a situação de terríveis 
dificuldades administrativas, tanto nas instituições privadas como nas universidades federais. 
No contexto da rede privada de 3º grau, mais do que uma "crise" de ensino, o que 
parece haver ocorrido, nesta evolução, é uma fase de boom, correspondente à de hipertrofia, 
seguindo-se-lhe a realidade atual de "depressão" funcional como se o ensino superior aí 
estivesse orientado mais para o objetivo económico do lucro do que para a prestação de um 
serviço público de qualidade. 
No âmbito das unidades universitárias, o Ministério encontrou o administrador 
universitário na fase de depressão e, por isso, assoberbado por dificuldades de gestão 
financeira. E não podendo superá-las, exercita o apelo à União para a busca de recursos 
orçamentários adicionais. 
Diante disto, o MEC tem no reordenamento do ensino superior a sua maior 
 
 
problemática atual. E amplo e corajoso é o esquema de ação global estabelecido, já que 
envolve uma interação com os demais níveis de ensino de 1º. e 2º graus, no sentido de bem 
qualificar o postulante à universidade, o que corresponde a fortalecer as estruturas básicas 
da educação brasileira em todos os seus níveis de ensino e formação profissional. E motivos 
há para que já possamos confiar na reversão da anormalidade disfuncional para a de 
funcionalidade do ensino superior a partir do próximo ano, já que a reordenação geral 
projetada deverá começar pela dos recursos financeiros previstos no orçamento de 1981. 
Deixando de parte, por enquanto, os objetivos programáticos do III Plano Setorial de 
Educação, Cultura e Desporto, elaborado e já posto em execução, detenha-mo-nos no ponto 
operacional referente ao aperfeiçoamento dos instrumentos de ação, ou seja, na adequação 
do aparelhamento administrativo do MEC para responder ao desafio educacional brasileiro. 
Neste tópico, as "Diretrizes" fixam, dentre outros de menor importância, os seguintes 
princípios de ação programática: a) descentralização do planejamento regional; b) revisão do 
sistema de financiamento da educação, de modo a tornar mais expeditas as transferências 
de recursos às administrações estaduais e locais e permitir compensar as disparidades 
regionais; c) coordenação entre as modalidades educativas formais, não-formais ou extra-
escolares e ampliação das alternativas não-convencionais de ensino, formação profissional e 
desenvolvimento cultural; d) atualização e consolidação dos planos de cultura, educação 
física e desportos, de pós- 
 
 
graduação, de educação especial. 
Dentre esses princípios, o primeiro e o último, que dizem respeito à descen-
tralização do planejamento regional e à consolidação dos vários planos intersetoriais 
de Educação, Cultura e Desportos, vão constituir o aspecto inovador fundamental 
que consiste na implantação do "planejamento participativo". 
Rumo ao Planejamento Participativo 
O planejamento participativo está ligado metodologicamente à descentralização 
do planejamento regional, e esta ao sistema do regime federativo. Ora, caracteriza-
se a federação brasileira pela triplicidade de competência e atividades públicas, ao 
nível da União, dos Estados e dos Municípios, de onde três poderes de ações que 
se desenvolvem simultaneamente em nosso sistema federativo. Apenas sucede que 
a União dispõe para todo o território nacional sobre matéria de sua competência, ao 
passo que os Estados e os Municípios o fazem em relação às respectivas cir-
cunscrições regionais e locais. 
Ao dispor para o território nacional, a União poderá agir como comando 
central irradiador direto, através dos Estados e dos Municípios, e, sem ouvi-los, 
quando no exercício da competência exclusiva que lhe cabe constitucionalmente. 
Como, entretanto, ao lado de sua competência exclusiva há duas outras, umade na-
tureza concorrente e outra de ordem discricionária, nada- lhe impede que, em relação 
 
 
a estas, prefira ouvir Estados e Municípios, aceitar-lhes proposições de ação comum; 
estabelecer, enfim, com eles programa comum ou concorrente de trabalho, dentro 
de um plano mais amplo, supra-estadual subjacente ao nível nacional. 
É dentro do âmbito da competência concorrente ou discricionária que a 
União se permite confiar às unidades menores da Federação atribuições e incumbên-
cias que lhe são próprias, sem infringência da Constituição. Origina-se daí uma 
espécie de tripartição ou distribuição de ações, de um lado e, de outro, a possibilida-
de de uma colaboração intergovernamental e interadministrativa, capaz de funcionar 
como multiplicador de resultados. Em termos quantitativos, aí se posiciona o prin-
cípio da descentralização administrativa. Imagine-se, por exemplo, a execução de 
um projeto de cem mil unidades escolares de 1º e 2º graus em todo o território 
nacional. Mediante execução direta, a União poderia simplesmente convocar os 
órgãos federais competentes e incumbi-los do empreendimento, tarefa ciclópica. 
Deferida esta, mediante descentralização administrativa, a Estados, Territórios e 
Municípios, haveria, concomitantemente, em termos de realização, um incrível re-
dutor de esforço e um multiplicador de resultados. Em suma, sob aspecto positivo, a 
descentralização administrativa conduz a um somatório de produtos e a uma simul-
taneidade de trabalho construtivo. 
Transposto tudo isto ao nível da descentralização do planejamento regional, 
vê-se que esta ocorre também por via intergovernamental e interadministrativa, 
envolvendo, de um lado, a União e, de outro, as unidades federativas e os Municí- 
 
 
pios. Dir-se-á que, neste, não é a União que vai aos demais membros menores da 
Federação levar um modelo de programa ou ação, mas, inversamente, são os Esta-
dos, ou os Municípios, que vêm à União para se fazerem ouvir como co-planejadores, 
na fase de elaboração programática, e co-participantes, na fase de implantação e 
execução do plano elaborado. E isto é que se instaurou inovadoramente na adminis-
tração do Ministro Eduardo Portella. 
A verdade é que, invertendo o caráter centralizante do planejamento educa-
cional vigorante até 1979, no qual, como anotou prestigioso observador de nossa 
realidade educativo-cultural, os planos eram "aprovados ao nível hierarquicamente 
mais alto do sistema, com pouca ou nenhuma participação efetiva dos órgãos de 
menor hierarquia ou das unidades federadas", o MEC, através de sua Secretaria-
Geral, abriu as atividades de elaboração do III PSECD com a realização de um Semi-
nário Nacional, do qual participaram os Secretários de Educação e Cultura e Assesso-
res de Planejamento de todas as unidades federativas, no período de 2 a 4 de julho 
de 1979. 
Esse caráter do planejamento participativo, mediante descentralização do pla-
nejamento regional, completou-se e afirmou-se com a realização de cinco Encontros 
Regionais, realizados de 20 de agosto a 28 de setembro de 1979, e cobrindo todo o 
território nacional, na seguinte ordem: Goiânia, para o Centro-Oeste; Manaus, para 
a Amazônia; Florianópolis, para a Região Sul; Vitória, para a Região Sudeste e 
Natal, para o Nordeste. De região a região ampliou-se o âmbito participa- 
 
 
tivo, por isso que, além de Secretários de Educação e Cultura, acorreram aos encontros 
representantes de Conselhos de Educação dos Estados, das Universidades Federais, das 
Delegacias Regionais, das Superintendências Regionais. 
O processo de participação regional nas bases do planejamento educacional 
descentralizado continuou através de ações de cooperação técnica com as unidades 
federadas, tendo em vista a elaboração dos Planos Estaduais de Educação para 
compatibilização com o Plano Nacional. 
A projeção concreta de todo esse esforço inovador é o "III Plano Setorial de Educação, 
Cultura e Desporto - 1980/1985. Nele se consubstancia o corolário de todas as proposições, 
projetos e problemas, submetidos à discussão e aprovação,de onde defluem cinco linhas 
dominantes de ações que deverão delimitar a atuação do MEC no período considerado. 
Trata-se da "Ação Programada do MEC - 1980/ 1985", que passaremos a expor, sob forma de 
preleção, ponto por ponto, a saber: Educação no Meio Rural; Educação nas Periferias 
Urbanas; O Desenvolvimento Cultural; A Valorização de Recursos Humanos; O Sistema de 
Captação e Alocação de Recursos. Como remate, é posta em causa a posição atual do MEC 
em termos de organização e funcionamento para conduzir à sua desejável efetivação a Ação 
Programada estabelecida. 
 
 
Educação no Meio Rural 
O III Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto (III PSECD), consagrou 
um Programa Nacional de Ações Sócio-Educativas para o Meio Rural 
(PRONASEC/RURAL). Para 1980, estabeleceu-se sua implementação na Região 
Nordeste, mediante ações próprias desenvolvidas na base de três binômios de atua-
ção simultânea e indissociável, ou seja, três "Direções Setoriais": Educação-Integra-
ção, Educação-Produção e Educação-Cultura. Já a programação para 1981 prevê a 
participação direta das Secretarias de Educação dos Estados, não só na intensifica-
ção de esforços conjuntos em relação à região nordestina como na extensão das 
ações aos Estados da Região Norte, da Região Centro-Oeste, com inclusão do Distri-
to Federal, e, ainda, ao Estado do Espírito Santo, nas áreas alcançadas pelo Polí-
gono das Secas. 
A direção "Educação-lntegração" consiste em mobilizara educação básica de 
1º grau de modo que se possa estabelecer um liame de ação entre o meio escolar 
rural e a cultura local, e regionalizar a realização de projetos educacionais mediante 
cooperação conjunta de educadores, educandos e famílias, equipes de atuação de 
âmbito municipal e estadual e demais órgãos e instituições a serviço da comunidade. 
A esta altura, 348 municípios do Nordeste receberam recursos do 
PRONASEC/RURAL para aplicação local pelos respectivos órgãos municipais de 
educação, dentre 1.366 municípios cobertos pelo Programa. De sua parte, as unida- 
 
 
des federativas beneficiadas nesta primeira fase circunscrita a nove Estados nordestinos 
acusam uma expressiva produção regional de material de ensino, sob o signo da 
regionalização educacional e compreendendo: 
— elaboração de nove cartilhas, uma por Estado, adequadas ao meio linguístico e 
cultural das populações rurais; 
— produção de 200 títulos de material suplementar de leitura, abrangendo literatura 
de cordel, contos populares, teatro de fantoches e livros informativos sobre Educação e 
Saúde; 
— revigoramento do ensino a cargo das Escolas Agrícolas de sete Estados do 
Nordeste; 
— criação de escolas hortigranjeiras nos Estados do Ceará e do Maranhão; 
— criação de três núcleos de Escolas de Pesca, um no Maranhão e dois outros no 
Ceará e em Alagoas, envolvendo, no todo, mil famílias de pescadores; 
— implantação de Centros de Atuação Permanente, com vistas ao desenvolvimento 
comunitário de 10 municípios do Baixo São Francisco, sediados nos Estados de Alagoas e 
Sergipe e, por fim, 14 centros de difusão cultural em diferentes regiões do Estado da 
Paraíba. Ainda nesta parte, merece especial atenção o trabalho integrado em regime de 
cooperação consubstanciado no Projeto Rondon/ PRONASEC/ RURAL. Por ele, o MEC e o 
Ministério do Interior acham-se associados em torno de objetivos sócio-educativos comuns, 
que já alcançaram índices os mais expressivos de cooperação interministerial. 
 
 
Assim é que, através do treinamento de universitários a serviço do Projeto associado e 
da aplicação de questionários destinados a fornecer um diagnóstico do ensino rural, foram 
mobilizados de janeiro a julho deste ano 3.200 estudantes, dos quais 2.700 na Região 
Nordeste e 500 na Região Centro-Oeste,em gigantesca operação de levantamento de 
indicadores para servirem de parâmetros de ação nessas duas amplas regiões. Para tanto, 
foram pesquisadas as condições de 100.000 escolas e as formas de atuação didática de 
70.000 professores. 
Registre-se que a utilização dos dados levantados pelos universitários já está servindo 
de apoio á ação administrativa de Secretarias Estaduais de Educação, sendo a esse respeito 
expressivo o exemplo da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul que 
elaborou o seu I Plano Estadual de Educação na base dós coeficientes apurados na 
respectiva área regional. 
Ao lado do PRONASEC/RURAL, ocupa posição altamente auspiciosa, no que respeita 
à prioridade estabelecida para a Educação Rural, o Programa de Expansão e Melhoria da 
Educação no Meio Rural do Nordeste, a ser implementado e posto em execução de 1981 a 
1985, em decorrência do Acordo de Empréstimo entre o MEC e o Banco Internacional de 
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), assinado em 18 de julho deste ano. 
Tal Acordo tem como prioridades a melhoria das condições de ensino, em relação às 
quatro primeiras séries do 1? grau, bem como a expansão e melhoria da rede física de forma 
a incrementar a escolarização, hoje deficitária, até atingir pa- 
 
 
drão deseja'vel de escolaridade, pelo menos na 4ª série do primeiro grau. Previsto também 
está o fortalecimento do processo de planejamento e administração da educação aos níveis 
federal, estadual e municipal e, em relação ao pré-escolar, implementação do Programa 
Criança-para-Criança a ser executado no período 81/85 com especial ênfase aos aspectos de 
saúde e alimentação. 
Também uma referência ao ensino de 2º grau e outra ao supletivo. Quanto ao 
primeiro, há a ressaltar o Programa Nacional de Melhoria do Ensino Agrícola, que visa 
expandir a oferta do ensino agrícola e adequar a escola de 2? grau às necessidades da 
comunidade rural. Na área do ensino supletivo, destacam-se projetos setoriais de particular 
relevo, como sejam: 
— a implantação de Centros de Orientação de Aprendizagem para o Meio Rural; 
— o Projeto de Alfabetização Profissional; 
— o Projeto de Educação Integrada; 
— o Projeto Seringueira; 
— a reformulação do Projeto Minerva (1º e 2º graus); 
— o Projeto de Construção de Materiais Didáticos para o Ensino Supletivo, nas 
aldeias indígenas; 
— o Projeto de Apoio ao Movimento de Educação de Base; e 
— o Projeto de Qualificação da Mão-de-Obra. 
É de ver que, neste elenco, está implícita, como fator de eficiência e êxito de 
 
 
resultados, a ação integrada mediante cooperação interministerial, no âmbito do 
Ministério da Agricultura (aprendizagem no meio rural em ação conjunta com o Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Rural/SENAR); com o Ministério do Trabalho 
(Projetos de Alfabetização Profissional e de Qualificação de Mão-de-Obra); com o 
Ministério do Interior (ensino supletivo nas aldeias indígenas); com Estados e Minis-
térios (Projetos Seringueira e Minerva). Consagra-se o princípio de que Educação, 
mormente de 1º e 2o graus, é obra de ação cooperativa, coordenação e integração 
solidária dos segmentos da atividade pública, tanto ao nível nacional como ao das 
unidades federativas e da colaboração comunitária. 
Educação nas Periferias Urbanas 
A administração atual do MEC atribui especial importância à ação educacio-
nal dirigida às faixas carentes da população escolar, ou marginalizadas da escolari-
zação. Daí a origem da criação de Programas de Ações Sócio-Educativas e Cultu-
rais para as Populações Carentes Urbanas PRODASEC/URBANO, ao lado do 
PRONASEC/RURAL. Sob este enfoque, a educação também atua como instru-
mento eficaz de política social no bom combate à má pobreza, que leva à subcon-
dição humana. 
Define-se, em consequência, uma sorte de política educacional que, no âmbi-
to educativo, exige modificações peculiares à concepção programática e aos modos 
de atuação. 
 
 
No que tange â concepção do Programa, assente-se, desde logo, que à atividade 
educacional em geral devem associar-se ações outras que supram carências básicas da 
população escolar desfavorecida, como saúde, nutrição, emprego e renda, contingências 
susceptíveis de invalidar ou limitar os resultados do esforço educacional. Há, ao mesmo 
tempo, certas especificidades da população carente que cumpre levar em consideração, 
como: 
— a contribuição da criança ou do adolescente para a renda familiar de modo a 
compatibilizar a necessidade de estudo com a do trabalho; 
— a maturação precoce da criança pobre em virtude de sua inserção no mercado de 
trabalho para sobrevivência sua e dos seus; 
— a mobilidade geográfica e ocupacional dos grupos humanos das periferias urbanas, 
causa da alta rotatividade da clientela dos programas educacionais e da formação da mão-
de-obra, que lhes são dirigidos. 
Dir-se-á que a tudo isto se contrapõe, para compensar, o lado positivo da tradição de 
solidariedade criada ao contato quase simultâneo da escola, do lar e do meio de trabalho, 
individuai ou coletivo, o que reverte em benefício do espírito de comunidade capaz de presidir 
a ação de base comunitária dirigida aos grupos carentes. 
Atento a esses princípios, o PRODASEC/URBANO definiu três linhas básicas de ação, 
e com isto entramos nos "modos de atuação". Tais são as ações educacionais, sócio-
culturais e econômicas componentes de cada linha básica. 
Temos, assim, a colimar na primeira linha de ação a ampliação e melhoria dos 
 
 
serviços educacionais de 1? grau e pré-escolar nas periferias urbanas. Trata-se de 
implantar um serviço educacional diferente que deva oferecer, nas áreas de saúde e 
alimentação, compensações para atender às carências básicas que dificultam o pro-
cesso de ensino ou aprendizagem das populações pobres. Por outro lado, cumpre 
conseguir desejável integração entre estudo e trabalho para que se possam pôr à 
disposição da comunidade a que se acham vinculados equipamentos, instalações e 
recursos humanos para fins de desenvolvimento comunitário. 
A segunda linha de ação refere-se ao apoio a projetos sócio-educativos e 
culturais em execução, especialmente os de "desenvolvimento comunitário", no que 
toca â educação não-formal. Deve-se ter em vista, neste particular, os projetos que 
visem a atender, precipuamente, às necessidades básicas da população carente. 
Quanto à terceira linha, que se caracteriza pelo desenvolvimento de projetos 
que atuam na base da relação educação—emprego—renda, oferece-se como área de 
atividade a unidade educacional, de que seriam exemplo as escolas de produção, a 
unidade produtiva, no caso a empresa, quando se trata de treinamento ou aprendi-
zado profissional. 
É oportuno ainda pôr em destaque certos aspectos operacionais que distin-
guem o PRODASEC/URBANO dos demais programas educacionais. Há, de inicio, 
uma "ação intersetorial". Sob este enfoque, o Programa desenvolve-se através de 
órgãos não apenas do setor Educação, mas também da Saúde, Trabalho, Assistência 
Social, Habitação e Desenvolvimento Urbano. 
 
 
Segundo ponto digno de registro é o de planejamento e execução do Programa, com 
alto nível de descentralização. A bem dizer, a aprovação de projetos procede do Estado no 
exercício de sua autonomia governamental e administrativa, sob a qual estrutura o Programa 
e utiliza os recursos que lhe são alocados para esse fim. Em terceiro lugar, situa-se o 
"Planejamento com base territorial ou geográfica". Neste é previamente definida a população 
a ser atendida na área regional própria, para onde são dirigidos os diferentes projetos sócio-
educativos e culturais. 
Por fim, há a "Participação comunitária institucionalizada", que consiste não apenas 
em realizar consultas ou recolher informações junto á população para orientar a formulação e 
execução dos projetos, mas, fundamentalmente, em fazê-la participardo processo 
educacional, inclusive por intermédio de representação institucionalizada, de que é exemplo 
corrente a "Comissão de Bairro". 
Através desses modos de atuação, o PRODASEC/URBANO, parte do princípio de que 
tal participação irá desenvolvendo em forma progressiva um conjunto de ações desde a 
simples consulta a pessoas ou instituições até o envolvimento geral da população em todos 
os momentos de realização do projeto. 
Até este momento, o PRODASEC/URBANO vem atendendo ao desenvolvimento de 
31 projetos comunitários, beneficiando diretamente uma população de cerca de 400 mil 
habitantes. No que se refere aos recursos financeiros, montam as aplicações previstas para 
1980 a 495 milhões de cruzeiros, dos quais foram liberados, até 30 de setembro passado, 
247.360 mil cruzeiros para os Estados do Pará, Ceará, Pernambuco e Bahia. 
 
 
Em nove meses de desenvolvimento, a execução do Programa desdobrou-se em 10 
projetos envolvendo as áreas de atuação de Sacramento e Jurunas, a Escola Salesiana do 
Trabalho, a Casa da Cultura em Santarém, ações de educação profissionalizante, de 
educação para o trabalho, desenvolvimento urbano integrado, dinamização do processo 
cultural e dos centros sociais urbanos. E, á guisa de conclusão, podemos afirmar que, nos 
poucos meses de execução do Programa, a celebração de convênios com nove Estados 
permitiu iniciar ações em todas as linhas, asseguradas as diretrizes estabelecidas. 
Desenvolvimento Cultural 
Como referido, Cultura pressupõe educação acumulada, explícita ou implicitamente. 
Educação é transmissão de conhecimentos ou informações de Cultura, direta ou 
indiretamente. Não há bem cultural que não proceda de um ensino ou aprendizado qualquer, 
formal ou informal, intelectivo ou intuitivo. Uma visita ao Museu Imperial proporciona ao 
mesmo tempo a contemplação de um monumento cultural e uma lição de História. Todos 
sabemos que há um famoso quadro de Rembrandt — Lição de anatomia — que é ao mesmo 
tempo um bem cultural, — e de que prodigioso valor! — Não parece que haja uma simbiose 
mais convincente do inter-relacionamento existente entre os dois termos do mesmo binômio: 
Educação e 
 
 
Cultura. Daí o seu caráter indissociável. 
No que se refere ao tópico "Desenvolvimento Cultural", o programa estabelecido volta-
se para a afirmação dos valores culturais, seja quanto à preservação dos bens existentes, 
seja na dinamização e produção dos bens culturais de que somos capazes. 
Nos seus lineamentos gerais, o Programa de Desenvolvimento Cultural esten-de-se a 
todo o território nacional, com prioridades para as Regiões Norte e Nordeste, e desdobra-se 
numa súmula de diversos cometimentos, dentre os quais sobressaem os seguintes: 
— a dinamização dos circuitos de distribuição de bens culturais, já que a melhoria das 
condições de produção exige a formação de um mercado; 
— a preservação e a defesa de bens de valor cultural, mais voltadas para os aspectos 
de conhecimento e de uso adequado dos valores indicativos da unidade nacional, tanto no 
plano da cultura popular quanto no da inserção do País nos grandes movimentos 
internacionais da cultura; 
— a capacitação de recursos humanos para a área da cultura; 
— a integração entre educação e cultura, através da compatibilização dos planos e 
programas nos níveis formal e não-formal, tornando a escola centro cultural da comunidade; 
— a solidificação institucional para integrar o planejamento e a ação dos diferentes 
órgãos e entidades, e das regiões, com vistas à formação de um Sistema 
 
 
Nacional de Cultura; 
— a participação da comunidade. 
Ainda no mesmo contexto, há a mencionar o Programa de Desenvolvimento 
Integrado Arte/Educação (PRODIARTE), a ser desenvolvido paralelamente aos de 
educação integrada e alfabetização funcional, ponto para o qual converge, mais 
uma vez, o inter-relacionamento entre Educação e Cultura. 
Valorização de Recursos Humanos 
Na linha de valorização de recursos humanos, o Ministério tem-se debatido na 
elaboração do Programa Nacional de Valorização do Magistério e no desenvolvi-
mento do Projeto de Capacitação do Pessoal Técnico-Administrativo. Cabe reconhe-
cer que dificuldades para o Programa Nacional chegar ao fim têm surgido em face 
da enormidade dos dispêndios cogitados, postos em confronto com as disponibilida-
des financeiras de muito menor porte para esse cometimento, que engloba a prepa-
ração de elevado contingente de recursos humanos destinados às atividades educa-
tivas para crianças do pré-escolar, na faixa de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos. 
Em relação ao ensino de 1? grau, são desenvolvidos estudos com vistas à 
definição salarial adequada; projetos de capacitação de professores leigos (Promuni-
cípio); de capacitação e revitalização das Escolas Normais. Quanto ao ensino de 2? 
grau, estão em curso projetos de emergência para a formação de professores do 
 
 
ensino profissionalizante, tendo sido elaborado o Estatuto para o Magistério de 2? 
Grau. 
Para o ensino supletivo, também se acham em desenvolvimento três impor-
tantes objetivos: um do Projeto LÚMEN para os professores leigos; outro do Pro-
jeto LOGOS que visa a habilitar professores leigos ao nível de 2º grau e, como 
terceiro, o Projeto HAPRONT, que se propõe a habilitar professores não-titulados 
com exercício de fato em diversos Estados. 
De muito maior vulto, porém, apresenta-se o Programa Nacional de Valori-
zação do Magistério, na área do ensino superior, e ora objeto de reestudo, pela sua 
complexidade e magnitude no que se refere às despesas exigíveis para implantação. 
já o desenvolvimento do Projeto de Capacitação de Pessoal Técnico-Administrativo 
prossegue com regularidade, através dos cursos internos de treinamento funcional 
realizados pelo Centro de Treinamento do Ministério da Educação e Cultura 
(CETREMEC). 
Trata-se de um programa de valorização dos recursos humanos já incorpora-
dos à administração ao nível nacional, cobrindo, por isso, não apenas os serviços dos 
órgãos sediados em Brasília, mas também o conjunto das Delegacias Regionais e dos 
demais órgãos disseminados pelo território nacional. 
 
 
Sistema de Captação e Alocação dos Recursos 
Iniciado o atual Governo a 15 de março do ano passado, coube ao MEC 
receber, para executar em 1980, um orçamento elaborado em 1978. É fácil inferir 
como os recursos aí consignados não se ajustariam, senão em termos genéricos, às 
linhas de ação definidas no III Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto 
(PSECD), implantado já em 1979 e em execução a partir de 1980. 
Na conferência aqui pronunciada um ano antes para a outra plêiade de ofi-
ciais, já puderam ser conhecidas as nossas linhas de ação. Não, porém, índices de 
resultados. Eis por que a nossa preleção de hoje é mais factual do que doutrinária e 
enunciativa dos lineamentos programados, que hoje surgem como pontos referen-
ciais de ação. E, neste ponto, o tópico "Captação e Alocação de Recursos" já entra, 
como os demais, em termos de ação operacional. 
Sob esse aspecto, tem prevalência o que foi feito na proposta do orçamento 
apresentada pela administração do Ministro Eduardo Portella, por isso inserida no 
esquema programático do III PSECD, para 1981. 
Ponto fundamental a assinalar é o da consecução do notável incremento de 
recursos, em relação ao orçamento precedente recebido, fato para o qual é de 
justiça pôr em relevo a compreensão da SEPLAN, como órgão central do sistema 
orçamentário. É, portanto, a partir de 1981 que começará a colheita mais consis-
tente de resultados. 
30 
 
Seja dito, a propósito, que o Orçamento do MEC para 1981, segundo Projeto de Lei já 
em tramitação no Congresso Nacional, é contemplado com recursos da ordem de Cr$ 91,8 
bilhões, contra Cr$ 42,7 bilhões em 1980. Registra-se, assim, o incremento de Cr$ 49,1 
bilhões, correspondendo aoacréscimo percentual de 11 5,05%, praticamente igual ao do 
próprio Orçamento Geral da União, expresso em 115,12%. É, pois, fora de dúvida que 
ocorrerá para 1981 significativa abertura em função da programação estabelecida pelo MEC, 
mormente tendo em vista que o índice de incremento do orçamento recebido para 1979 em 
relação ao de 1978 atinge 60,79%. 
Considerada a relevância dos recursos humanos no desenvolvimento das ações 
programadas, a captação e aplicação de recursos para atender às despesas de pessoal 
assume importância significativa. Está, por isso a merecer condigna menção o montante 
consignado ao MEC para esse fim e que representa 61% do Orçamento do Ministério. 
Mais expressivo é o fato de que, para assegurar-se da melhor forma o desempenho 
da programação prevista, ficaram inscritos para 1981 Cr$ 19,6 bilhões contra Cr$ 7,8 bilhões 
para 1980, o que corresponde ao acréscimo de 151,28%, não se considerando nesta parte 
as despesas com a Divida Externa, bem como as despesas financiadas pelas receitas 
vinculadas. 
Para uma visão geral da distribuição de recursos por área de atividades com- 
 
 
prometidas com a programação estabelecida, é ilustrativo o quadro discriminativo 
que passo a enunciar: 
 
 Cr$ 1.000 
Programas 1980 1981 % 80/81 
Ensino de 19 Grau 3.603.435 10.321.878 186,45 
Ensino de 29 Grau 3.338.717 6.433.627 92,70 
Ensino Supletivo 573.726 2.251.355 292,40 
Ensino Superior 26.252.309 57.292.447 118,24 
Educação Física e Desporto 127.094 1.696.587 1.234,91 
Cultura 989.926 2.086.897 110,81 
Parece oportuno destacar certos quantitativos parciais que se encontram con-
tidos nos montantes globais e se referem a projetos e atividades estabelecidos em 
função da realização dos objetivos do 111 PSECD. 
Os dois programas de Educação no Meio Rural e nas Periferias Urbanas aí con-
tam com recursos no total acima de três bilhões de cruzeiros. 
 
 
Com Cr$ 2,7 bilhões para 1981 contra Cr$ 1,25, em 1980, as atividades de 
Cultura são favorecidas com o incremento duplicado: 118,24%. Por outro lado, os 
recursos alocados à conta dos "Encargos Gerais da União", no montante de Cr$ 
755 milhões, constituem novo aporte às atividades educativo-culturais abrangendo 
dois programas específicos, um dos quais, na área cultural, dirigido às Cidades 
Históricas brasileiras, no valor de 350 milhões e outro, na área da Educação Física 
e Desporto, referente aos Módulos Esportivos, com Cr$ 140 milhões. Acres-centem-
se-lhes Cr$ 200 milhões para a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade; Cr$ 
40 milhões para a Orquestra Sinfónica Brasileira e Cr$ 25 milhões para o Museu de 
Arte Moderna, além de assistência financeira a Entidades, através do Conselho 
Nacional de Serviço Social, com Cr$ 1.060,0 milhões. 
Com isto creio encerrar sob bons auspícios os esforços despendidos para 
garantir um melhor desempenho do MEC em razão de maiores recursos a serem 
aplicados em 1981. 
 
CONCLUSÃO 
Eis, Senhores Oficiais, os traços marcantes de um ano de jornada político-
administrativa do MEC, no contexto da execução do III PSECD. Desde "A Política 
Educacional" de um ano atrás à conferência de hoje, sob o título "Desenvolvimento 
da Política Educacional e Cultural", há a passagem do aspecto enunciativo das 
prioridades programadas à primeira fase pragmática das ações em desenvolvimento, 
englobando o binômio "Educação e Cultura". Noutros termos, de uma alocução à 
outra interpenetram-se constantes e variáveis, ou seja, mantém-se as definições de 
prioridades em torno das quais se desdobram as variáveis de ação. 
Em meio à esse processo, creio que o exposto traduz um tipo de administra-
ção renovadora, diligente, operosa. Uma vez, porém, que o MEC atua na direção do 
homem e não em função de obras e realizações majestosamente visíveis a curto 
prazo, suas atividades se assemelham por vezes às de um trabalho doméstico, como, 
aliás, o é o da própria educação no lar. O homem feito custa normalmente mais de 
20 anos de trabalho. Então, alguém poderá repetir o achado frente ao MEC: "eis um 
serviço que não aparece", ou melhor, acrescentemos, "só aparece quando não é 
feito". Casa arrumada não dá na vista; dessarrumada, — sim! 
Não obstante, para melhor atuar, o MEC também está em arrumação. A isto 
chamamos, com certo pernosticismo tecnocrático, estar "em fase de modernização 
técnico-administrativa". 
E voltando à postura de sisudez, então digo que, à enormidade das ações 
programadas, bem se justifica que lhe corresponda um Ministério de amplas propor-
ções, como as do MEC: oito órgãos colegiados, três de assistência direta e imediata 
ao Ministro de Estado; dois órgãos centrais de planejamento, coordenação e contro-
le financeiro, nove centrais de direção superior, dez Delegacias Regionais, seis ór-
gãos autónomos, numeroso complexo de entidades da administração indireta, desde 
as de tipo autárquico como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o 
Colégio Pedro II, mais vinte Escolas Técnicas Federais, quatro Centros de Educação 
Tecnológica, dezenove Universidades Federais, sete Estabelecimentos Isolados de 
Ensino Superior. Acrescentem-se-lhes ainda uma Empresa Pública, uma Sociedade 
de Economia Mista, quinze Fundações Universitárias, além de oito Fundações de 
atividades específicas. 
Não se imagine, como alguém que viu o MEC como gigante perdido entre 
 
Educação e Cultura, que, por trás dessa copiosa enumeração, haja um amontoado de 
organismos dispersos. Para desfazer imaginação que tal, já tive ocasião de, também 
em conferência, tratar do tema "O Ministério da Educação e Cultura — Estrutura, 
Organização e Funções". 
Mas a verdade é que, para dar mais eficiente seguimento à execução do III 
PSECD, também se acha em curso uma reorganização corretiva, limitada do MEC, 
em dois pontos: dar maior funcionalidade à nova estrutura do Ministério pelo 
provimento formal de suas chefias; reajustar as funções gerenciais, através da moder-
nização técnico-administrativa, ao desempenho produtivo de programas prioritários. 
Compreende-se, pois, com à enormidade das ações em desenvolvimento correspon-
dem as amplas proporções do MEC. 
Só me resta encerrar esta dissertação que duplica a presença do MEC no 
fórum de estudos e debates promovidos pela tão prestigiosa Escola de Comando e 
Estado-Maior da Aeronáutica. E, ao fazê-lo, também expresso duplicadamente os 
meus agradecimentos a essa brilhante instituição, na pessoa de seu ilustre Coman-
dante, Major-Brigadeiro-do-Ar Alberto Bins Neto, com menção pessoal ao Ten. Cel. 
Int. Nebar Guillem Baltoré, Chefe da Seção de Coordenação. 
Praza a Deus que as minhas palavras desta hora posto que fastidiosas, possam 
transformar-se na compreensão dos 108 Oficiais que me ouviram em algo bem mais 
alto e construtivo como a crença de que o MEC atual trabalha consciente e diligen-
temente na direção do homem para torná-lo "valor em si" capaz de dignificar-se a si 
mesmo e elevar a sociedade em que vive, e "valor dos valores" a serviço do País 
como primeiro fator de grandeza nacional. Isto, porém, não é um macrocometi mento 
exclusivo do MEC, senão extensivo a muitas outras instituições educativas e cultu-
rais, dentre as quais tenho de exaltar a ECEMAR. Todos trabalhamos a caminho da 
afirmação do homem civil e militar, ao lado dos que, à nossa vista, tão solidária e 
afetuosamente nos acompanham. 
Da afirmação do homem brasileiro, à afirmação do Brasil mesmo, eis as divisas 
de um caminho que, partindo do MEC e ao lado do MEC, vai terminar em obra 
magna de Governo. E esta deverá ser a do Presidente João Figueiredo a quem leal-
mente servimos na gestão do Ministro Eduardo Portella. E como remate final, muito 
me apraz deixar as minhas simpatias aos oficiais estagiários da Argentina, da Bolívia, 
do Chile, dos Estados Unidos e do Paraguai, juntamente com a saudação que lhes 
trago doMinistro de Estado da Educação e Cultura do Brasil.

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