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DIREITO PENAL I COMPLETO
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na história e na sociedade, do Brasil e do mundo, os temas e debates trazidos na obra “Dos Delitos e das Penas”, comprovando que uma obra de três séculos consegue, e é, tão atual e condizente com a realidade do século XXI. O Estado objetivando a manutenção da paz social e o bem comum instituiu regras de convivência que devem ser respeitadas, assim, qualquer indivíduo que transgrede uma norma violando o direito de outrem, Capez (2007) assegura que, no momento em que é cometida uma infração, esse poder, até então genérico, concretiza-se, transformando-se numa pretensão individualizada, dirigida especificamente contra o transgressor. Apesar dessa expressão já estar consagrada na doutrina e na jurisprudência, não é exato dizer que o Estado tem o direito de punir o infrator, mas um poder-dever de exercitar essa punição, pois, a própria Constituição Federal coloca que a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos (art. 144, caput). 7 III. CONSEQUÊNCIA DESSES PRINCÍPIOS Somente a lei pode fixar pena Somente o legislador, que representa a sociedade unidade por meio do contrato social, pode fazer tais leis. O soberano só pode fazer leis gerais, ou seja, que competem a todos. Entretanto ele não possui o direito de julgar se essa lei foi cumprida ou não por um indivíduo. Se a crueldade de uma pena for inútil, isso já deveria ser o bastante para ela se tornar arcaico por ferir a natureza do contrato social. IV. DA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS Acerca da interpretação das leis de acordo com beccaria, a interpretação das leis cabe ao poder soberano, pois os juízes não são legisladores, ou seja cabe ao mesmo o dever de fazer o silogismo ou seja o termo filosófico exposta por Aristóteles que designa uma “conexão de ideias”, a argumentação lógica perfeita para deduzir uma conclusão e guiar os interesses particulares para o bem geral. Assim como a norma penal especifica que primeiramente deve-se descrever com objetividade a infração penal e após isso designar a pena, o juiz deve se ater a lei geral, assim evitasse recorrer ao espirito da lei resultado da má lógica ou paixão do magistrado já que cada homem pode ter uma interpretação diferente acerca do mesmo caso, assim como Aristóteles citou “a lei é a razão livre da paixão”. Deve se ater a letra da lei, fixas e literais, pois assim tanto o ignorante quanto o instruído estarão sujeitos ao conhecimento que poderá desvia-los do crime em cumprimento da lei que será justa para que ambos possam cumprir a mesma, já que “dura lex sed lex”, A lei é dura, mas é a lei. V- OBSCURIDADE DAS LEIS Nos tempos antigos as leis eram feitas pelos nobres, e sempre favorecia o que lhe convinham, ou seja, benefício próprio, para que se possa saber o que é certo ou errado, devemos ter através das leis escritas um juízo de valor para identificar o que é certo ou errado. Toda sociedade tem que regida por estatuto que irá ditar as regras, que não poderá ser modificada ao seu bel prazer, podemos relacionar a constituição de um país, que tem que ser seguida por todos, que é a lei máxima de um país. A lei tem a capacidade hermenêutica de interpretação, o mesmo juízo poderá ser traçado de várias formas pelas diversas pessoas que a interpretam, não devendo centralizar em uma só pessoa a interpretação das leis. Ex; O supremo tribunal federal sendo defensor da constituição, e mesmo assim tendo onde ministros que divergem entre si, sempre sendo soberanos a decisão do colegiado. 8 VI - DA PRISÃO " À medida que as penas forem mais brandas, que se eliminem a miséria a fome das prisões, quando a piedade e a humanidade penetrem além das grades, quando enfim os ministros da justiça abrirem os corações á compaixão, as leis poderão contentar-se com indícios sempre mais leves para efetuar a prisão." Beccaria faz duras críticas aos abusos dos séculos anteriores a ele. O autor aponta uma série de questões sobre a finalidade da lei, sua eficácia e sobre a influência dos costumes sobre ela. Cesare Beccaria defendia que a prisão tinha que ser um espaço de ressocialização, ser mais humana e não uma masmorra que sirva apenas para depósito de condenado. Não cabendo ao juiz essa função, a lei deve estabelecer claramente quais os critérios necessários para que o acusado seja preso. Que sua pena seja proporcional ao seu delito. VII. DOS INDÍCIOS DO DELITO E DA FORMA DOS JULGAMENTOS Existem dois tipos de provas “quantidade e qualidade”; quando falamos de quantidade os indícios não merecem tanta importância, em virtude de se apoiarem em uma única prova concreta, pois, se derrubada esta prova, ela levará consigo todos os outros supostos indícios, ou seja, se destruindo uma, as outras não valem. Quanto à qualidade, se houver várias provas que são independentes entre si, que levem a um mesmo julgamento, a probabilidade de o delito existir é muito maior. Além dos dois tipos de provas, também existe uma divisão entre elas que são denominadas como “perfeita e imperfeita”, sendo que a perfeita demonstra claramente a impossibilidade de o acusado ser inocentado, sendo necessária somente está para autorizar a condenação, por outro lado, as provas imperfeitas, não excluem a possibilidade de inocentar o acusado, nesse caso é necessário obtermos outros tipos de provas contundentes para então ocorrer a condenação. O autor sugere em casos complicados e difíceis, que pelo menos metade dos julgadores fossem magistrados e a outra metade deveriam ser cidadãos, para então haver um equilíbrio nos julgamentos, não havendo, então sentimentos de desigualdade, devendo, ainda, o julgamento ser público e obter a legitimidade. 9 VIII – DAS TESTEMUNHAS A confiança que se deposita em uma testemunha deve ser medida pelo interesse que ela tem em dizer ou não a verdade; deve-se, portanto, ceder à testemunha maior ou menor confiança, na proporção do ódio ou da amizade que tem ao acusado e de outras relações mais ou menos estreitas que ambos mantenham. Houve abusos diversas vezes cometidos, como considerar nulos os testemunhos de condenados e de mulheres. Arrolar testemunhas pode parecer adiar um processo, entretanto, procrastinações são necessárias, pois, assim, não há arbítrio do juiz e faz o povo entender que julgamentos são feitos formalmente e não pelo interesse. Há necessidade de que não seja apenas uma testemunha. É dada maior importância às testemunhas quanto mais atrozes os crimes. O discurso da testemunha é, também, muito importante, pois se ele tiver a intenção de incriminar e não puder ser repetido com a mesma intensidade e tonalidade não pode ser considerado. IX. DAS ACUSAÇÕES SECRETAS Nossas leis proíbem os interrogatórios, isto é, os que se fazem sobre o fato mesmo do delito; porque, segundo os nossos jurisconsultos, só se deve interrogar sobre a maneira pela qual o crime foi cometido e sobre as circunstâncias que o acompanham. Um juiz não pode, contudo, permitir as questões diretas, que sugiram ao acusado uma resposta imediata. O juiz interroga e dizem os criminalistas, só deve ir ao fato indiretamente, e nunca em linha reta. Aquele que se obstina a não responder ao interrogatório o que é submetido merece sofrer uma pena que deve ser fixada pelas leis. Que essa pena seja muito pesado, porque o silêncio de um criminoso, perante o juiz que interroga, e para a sociedade um escândalo e para a justiça uma ofensa que cumpre prevenir tanto quanto possível. Essa pena particular já não é necessária quando o crime já foi constatado e o criminoso convencido. Nesse caso o interrogatório de tonar inútil, as confissões do acusado