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DIREITO PENAL I COMPLETO
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não são necessárias quando se tem provas o suficiente para demostrar que ele é evidentemente culpado dos crimes que se trata. 10 X - DOA INTERROGATÓRIOS SUGESTIVOS Neste ponto, Beccaria critica severamente os interrogatórios que utilizam a dor como meio de se obter informações do acusado. Segundo o autor, a proibição de interrogatórios sugestivos, que indiquem uma resposta direta do acusado, uma resposta que o faça escapar da tortura, seria uma proibição hipócrita e contraditória, pois não haveria nada mais sugestivo do que a dor infligida a umas pessoas ao ser questionada. Esta, na primeira oportunidade, inventaria uma história para escapar daquele momento. As confissões obtidas por força seguiriam o seguinte princípio: “a punição será aplicada por não ter você resistido a dor e ter confessado, não por ser uns criminosos. ” “E não lhe puniria se você houvesse resistido, mesmo sendo uns criminosos. ” XI. DOS JURAMENTOS O juramento é uma contradição entre leis e sentimentos, não há como exigir de um acusado que diga a verdade, quando seu interesse é esconder, isso destrói a força do sentimento religioso ao jurar em nome de Deus, por esse motivo, entre outros, o juramento é uma mera formalidade, tanto é inútil que o juramento nunca faz com que o acusado diga a verdade. XII. DA QUESTÃO OU TORTURA Diz-se que a tortura é inútil somente quando é certo que o delito foi cometido, tendo em vista que não há necessidade de o acusado confessar o crime. Porém, se o delito é incerto, é legal apelar para a tortura, mesmo que moralmente desprezada. O autor se posiciona contrastais castigos alegando que é inaceitável exigir que um homem acuse si mesmo, ainda mais sob tormentos físicos, como se fosse a única maneira de se conseguir a verdade. Muitas vezes, pode o inocente alegar que é culpado somente para que cessem tais tormentos, e em outras vezes, poderá o culpado aguentar tais dores pra ser inocentado. Mas será isto justo? O que está em questão é a bravura do ser humano ou seu mérito? O autor faz nobre e humilde protesto contra práticas abusivas dos tribunais, como a legitimidade dos testemunhos, os julgamentos secretos, os interrogatórios sugestivos, a utilização da tortura na obtenção de confissões, a duração e prescrição das penas, a utilidade da pena de morte, entre muitas outras. Nessa obra, o autor lança luz sobre princípios básicos que hoje regem as leis, por exemplo, a igualdade de julgamento para criminosos que cometem o mesmo crime, a necessidade da aplicação da mais moderada das penas 11 aplicáveis, para que a justiça não seja instrumento de vingança particular ou punição e a proporção das penas considerando se exclusivamente o delito cometido. “Cabe tão-somente às leis determinar o espaço de tempo que se deve utilizar para a investigação das provas do crime, e o que se deve conceder ao acusado para que se defenda. ” Para crimes hediondos não deve haver qualquer prescrição em favor do culpado. O tempo que é empregado na investigação das provas e o que determina a prescrição não deve ser aumentado em virtude da gravidade do delito que se persegue. Separa- se então duas categorias de delitos: Grandes e Pequenos. São separados, dentre outros critérios, pela verossimilhança, sendo o primeiro menos verossimilhante e o segundo mais. XIII – DOS CRIMES INICIADOS; DOS CÚMPLICES; DA IMPUNIDADE O princípio de um crime deve ser castigado, mas de forma mais branda, por se tratar da vontade de cometer um crume. Busca-se prevenir até tentativas iniciais do crime; porém, a punição deve ser mais branda para também fazer com que a pessoa que iniciou o crime não busque completá-lo. Há tribunais que oferecem impunidade para cúmplice que trair seus colegas, considerado uma covardia do legislativo e, logo, do soberano, mas que pode funcionar. A impunidade pode encorajar o povo e prevenir grandes delitos; propõe que seja feita lei geral para isto, ao invés de declaração especial num caso particular. XVI. DA PENA DE MORTE Ele inicia sua extensa argumentação posicionando se contra, listando os motivos a seguir: o A pena de morte não se baseia em nenhum direito e é contrária a analogia inicial que as leis e soberania nascem da cessão de direitos individuais a um bem maior (Você daria a liberdade de próximo retirar sua vida? Acho que não ) o A pena de morte torna se mero espetáculo e é facilmente esquecível. Ele explica que é melhor longas penas que traduzem medo do que vitoriosas penas que aplicam toda dor de uma vez só o Alguns simplesmente não tem medo da morte. Ela será rápida, sem dor e talvez até melhor, podendo ser adoçada com o sentido religioso de perdão e bênçãos eternas 12 Ele apresenta então como alternativa de pena máxima a escravidão perpétua. Ela é constante, dosada, causa constante estado de medo na população e inclusive no infrator que terá terror em passar a vida sofrendo, castigado e pertencente a outrem. Ele também dá a ideia de que essa escravidão poderia retornar algum bem à sociedade, através de seus serviços.