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Impressões capixabas 165 anos de jornalismo no Espírito Santo

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Impressões Capixabas 
165 anos de jornalismo no Espírito Santo 
 
José Antônio Martinuzzo (Organizador) 
 
Ananda Bisi 
Andressa Zanandrea 
Carlos Calenti Trindade 
Ceciana França 
Daniella Zanotti 
Danilo Bicalho 
Fernanda Coutinho 
Fernanda Pontes 
George Vianna 
Gleyson Tete 
Guido Nunes 
Juliana Bourguignon 
Karina Moura 
Kênia Freitas 
Letícia Rezende 
Luciana Silvestre 
Luciano Frizzera 
Melina Mantovani 
Milena Simões Murta 
Patrícia Arruda 
Patricia Galleto 
Raquel Machado 
Renata Murari 
Ronald Alves 
Thiago Dal Col 
 
Nota sobre esse e-book: 
Essa é uma versão integral do livro impresso, reformatada para se adequar melhor ao meio 
digital. Podem ocorrer pequenos erros, que são decorrentes dos processos usados nessa 
conversão. No caso específico do livro 4, não foi usado o reconhecimento ótico pelo 
scanner, mas o arquivo pdf original do livro. Para ter acesso aos outros e-books do projeto 
Coca, visite o site.
 
Marcus Vinícius Jacob
DeboraFernanda
Carimbo
Projeto Comunicação Capixaba – CoCa 
 
Editor e organizador – Professor José Antonio Martinuzzo 
 
Revisão – Vitor Bourguignon 
 
Capa e Projeto Gráfico – Ceciana França e Guido Nunes 
 
Fotos – Arquivos pessoais dos entrevistados, Arquivo Público do Estado do Espírito Santo e 
Gustavo Forattini (Capa) 
 
Impressão – Imprensa Oficial do Estado do Espírito Santo 
 
Edições anteriores – Rádio Club Espírito Santo – Memórias da 
Voz de Canaã; Balzaquiano – Trinta anos do Curso de Comunicação 
Social da Ufes; e Diário Capixaba – 115 anos da Imprensa Oficial do 
Estado do Espírito Santo. 
 
Universidade Federal do Espírito Santo 
Centro de Artes 
Departamento de Comunicação Social 
 
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) 
________________________________________________________________________ 
Impressões capixabas : 165 anos de jornalismo no Espírito Santo / José Antonio 
I347 Martinuzzo (organizador) ; colaboradores Ananda Bisi ... [et al.]. - Vitória : 
Departamento de Imprensa Oficial do Espírito Santo, 2005. 
404 p. : il. , p&b ; 22cm. 
2. Jornalismo - Espírito Santo (Estado) - 1840-2005. 2. Imprensa - História - 
Espírito Santo (Estado). 3. Comunicação. I. Martinuzzo, José Antonio. II. Bisi, 
Ananda. III. Título. 
CDU: 070 (815.2) 
CDD: 070.5098152 
________________________________________________________________________ 
Eugenia Magna Broseguini – CRB 12ª Região – nº 408 
 
Prefácio 
 
O jornalismo impresso capixaba fez história. E continua fazendo. Os ideais republicanos foram 
propagados entre nossos antepassados também por intermédio de uma ação centrada em jornais, na 
capital e no interior do Estado. A causa republicana configurou-se como um dos grandes motores 
do jornalismo capixaba na segunda metade do século XIX. 
Muniz Freire, o primeiro presidente eleito do Espírito Santo, foi um desbravador do 
jornalismo. Tendo acumulado experiência na Imprensa em Recife e São Paulo, onde foi estudar 
Direito, Freire, aos 21 anos, em 1882, fundava juntamente com Cleto Nunes e Afonso Cláudio o 
jornal A Província do Espírito Santo, em defesa da causa republicana e dos interesses capixabas. 
Ao longo do século XX, a imprensa não deixou de participar e influir na vida política, social, 
econômica e cultural do Espírito Santo. Cito especialmente o jornal Posição, que teve papel 
importante na mobilização política nos tempos da ditadura. Juntamente com os companheiros do 
movimento estudantil, compartilhei da tarefa de distribuição deste jornal que é um capítulo à 
parte 8 na história da luta capixaba pela reconstrução da democracia em nosso País. 
Também não poderia deixar de registrar o relevante papel desempenhado pela Folha 
Capixaba, O Diário, A Gazeta, A Tribuna, dentre tantos outros, que marcaram ou marcam nosso 
cotidiano. 
No início deste século, por exemplo, nosso jornalismo impresso fez importantes e corajosas 
coberturas que muito contribuíram para que se virasse a página de corrupção e assalto da 
máquina pública pelo crime organizado, àquela época reinante no âmbito dos poderes públicos 
capixabas. 
A Imprensa é um fenômeno das sociedades modernas, em que se estabelecem os poderes 
institucionais e organizam-se os movimentos sociais, funcionando o jornalismo como um 
importante mediador entre as esferas de poder e decisão política. Ou seja, a Imprensa é um 
elemento crucial à política e à democracia que o mundo vem constituindo nos últimos três séculos. 
E parece que no futuro não será diferente. Numa era de relações sociais mediadas por 
mensagens da mídia, o jornalismo não só mantêm seu papel de informar e formar opinião, 
como também se coloca como lugar privilegiado de debate e diálogo de idéias e projetos de vida 
coletiva. 
Nesse sentido, é importante que se multipliquem os canais de emissão jornalística e, na mesma 
medida, se ampliem os meios de acesso da população a tais conteúdos – quando estava no 
Senado, por exemplo, dei entrada na Comissão de Educação ao projeto de TVs comunitárias. 
Informação, comunicação e educação são pilares fundamentais para a conquista de uma sociedade 
de homens e mulheres emancipados, para uma realidade de cidadãos. 
A recuperação da história e a elaboração de uma memória do jornalismo impresso capixaba, 
objetivos desta publicação, contribuem para o processo de formação da identidade capixaba. 
Também nos ajudam a entender nossa trajetória até aqui, fornecendo- nos, dessa forma, 
elementos importantes para projetar o futuro. 
Como afirmamos, os ideais que ajudaram a constituir o Espírito Santo moderno obtiveram nos 
jornais espaço privilegiado, tendo na figura do jornalista Muniz Freire um grande repórter das 
potencialidades capixabas. Que os jornais de hoje possam continuar somando para um futuro digno 
para todos os capixabas, problematizando o presente, discutindo alternativas e 
apontado possibilidades. 
No momento em que o nosso Estado reconstrói sua máquina pública e inicia uma outra fase de 
sua história político-institucional e econômica, estabelecendo as bases de uma nova era capixaba, a 
atuação do jornalismo tem sido peça fundamental. Que boas e melhores notícias estejam sempre na 
pauta de todos os capixabas, inclusive nas manchetes dos jornais. 
 
Paulo Hartung Governador do Estado do Espírito Santo . 
Apresentação 
 
O quarto volume do projeto Comunicação Capixaba (CoCa), coordenado pelo professor José 
Antonio Martinuzzo, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito 
Santo (Ufes), é resultado de uma pesquisa cuidadosa acerca do jornalismo impresso. Trata-se de um 
produto acadêmico consistente e de leitura indispensável, realizado pelos alunos do curso de 
Comunicação Social da Ufes, sob a orientação do professor Martinuzzo. 
A rigor, o jornalismo impresso em terras capixabas possui uma história peculiar e que merece 
ser contada. Não obstante as novas tecnologias que alimentam mídias mais modernas, 
configurando novos e modernos canais de comunicação, o jornalismo impresso possui um traço 
marcante como veículo inserido no cotidiano da comunidade. Desde O Estafeta, passando por O 
Diário, até os atuais A Gazeta, A Tribuna e Notícia Agora, os jornais impressos possuem uma 
marca indelével na história do Espírito Santo. 
Rever a trajetória dos jornais capixabas enriquece a nossa história e nos propicia conhecer os 
caminhos percorridos até os dias atuais. Os acontecimentos mais marcantes da cena 
capixaba podem ser resgatados por meio dos jornais, em cujas páginas podemos compreender a 
evolução do Espírito Santo, nos registros dos episódios mais significativos. 
Nesta edição, Martinuzzo e seus alunos não dispensam a abordagem de uma questão 
fundamental, que é a de tratar do futuro do jornalismo impresso.Com efeito, o jornal feito com 
tintas gráficas suscita algumas análises atuais que dão conta de seu estado terminal; outras, porém, 
asseveram que o seu espaço nas comunicações é insubstituível, inalienável. 
O certo é que estamos diante de um trabalho de grande importância acadêmica, produzido com 
dedicação e rigor, cujo resultado deve-se ao esforço do professor Martinuzzo e de seus alunos. 
Como reitor da Ufes, quero parabenizar mais essa excelente produção do projeto CoCa, 
concebido com o apoio do Governo do Estado do Espírito Santo, um indispensável parceiro da 
nossa Universidade. Deixo o meu reconhecimento em nome da comunidade acadêmica. 
 
Rubens Sergio Rasseli Reitor da Ufes 
 
Introdução 
 
O quarto volume do Projeto CoCa é dedicado a um tema que está na pauta das discussões 
acerca do futuro da comunicação: 
o jornalismo impresso. Originado há vários séculos, mas com suas raízes modernas localizadas 
há pouco mais de 100 anos, o jornalismo impresso é uma prática comunicacional que suscita, no 
mínimo, duas correntes de pensamento em tempos de novas mídias, tecnologias digitais e internet. 
Há aqueles que prevêem o fim das notícias diárias entregues aos leitores a partir da 
combinação de tinta e papel. Outros apostam numa reconfiguração do produto, mas não no seu fim. 
Existem os que vão além: não é só o impresso que tem sua extinção decretada, mas o próprio 
jornalismo. 
Este não é um livro sobre o futuro, mas sobre a história do jornalismo. No entanto, isso não 
quer dizer que não existam correlações entre essas duas temporalidades. A abordagem acerca do 
passado certamente coloca esta publicação a serviço das discussões sobre os dias que virão, pois o 
futuro nada mais é que a conseqüência de nossa caminhada. 
 
 Iniciamos este volume com uma breve recuperação da história do jornalismo impresso no 
mundo e no Brasil. Em seguida, contamos os primórdios dessa atividade em terras capixabas, do 
inaugural O Estafeta, em 1840, até 1926. Esse capítulo se baseia num exaustivo estudo elaborado 
pelo historiador Heráclito Amâncio Pereira. O inventário A Imprensa no Espírito Santo reúne dados 
sobre mais de 400 publicações, entre jornais e revistas que circulavam em todo o Estado. Publicado 
pelo Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, foi apresentado no oitavo Congresso de 
Geografia, em 1926. 
A seguir, abordamos os jornais diários de maior representatividade socioeconômica, cultural e 
política no Estado. A Gazeta, A Tribuna e Notícia Agora têm suas trajetórias descritas, com 
maior ou menor detalhamento, de acordo com disposição que encontramos por parte das fontes em 
nos atender durante a feitura deste livro. 
Logo após, recuperamos a história de um dos maiores ícones do jornalismo impresso capixaba: 
O Diário. O capítulo foi escrito essencialmente a partir dos depoimentos reunidos no livro O Diário 
da Rua Sete, organizado, em 1998, pelo jornalista Antônio de Pádua Gurgel, a quem agradecemos a 
cooperação e o compartilhamento do conteúdo. Os autores também fizeram novas pesquisas e 
entrevistas, constituindo um texto bastante rico em informações sobre “o maior jornal da Rua Sete”. 
O Jornal da Cidade, eternizado pelas polêmicas colunas assinadas por sua proprietária Maria 
Nilce Magalhães, assassinada em 1989, é o tema do sétimo capítulo. Em seguida, convidamos 
os leitores a fazer um giro pelo Interior do Estado, com uma análise dos principais veículos que 
constituem o jornalismo impresso feito além das fronteiras da Grande Vitória. 
O capítulo nono é também um convite a uma outra viagem. Um passeio pelo mundo 
alternativo dos veículos impressos produzidos fora do esquema comercial da indústria cultural. Os 
autores recuperaram informações sobre o comunista Folha Capixaba, dos anos de 1940, e o 
Posição, dos anos 70, e também analisaram a imprensa ligada a sindicatos e à Igreja Católica nos 
tempos de luta contra a ditadura e de abertura política. 
O décimo capítulo traz uma análise da produção de revistas em terras capixabas, marcando 
uma trajetória que vai desde as publicações focadas em cultura, no início do século XX, até 
os veículos destinados ao consumismo e à fixação pela exposição pública, tão marcantes neste 
começo de milênio. 
Um início de milênio que, conforme salientamos, debate o futuro do jornalismo impresso, 
numa discussão marcada pela perspectiva do fim ou pela certeza de repaginações. Nesse 
sentido, formulamos um convite aos professores do Departamento de Comunicação Social da Ufes 
para escrever sobre o jornalismo e suas perspectivas. A professora doutora Ruth Reis aceitou o 
convite. 
Confira suas reflexões no capítulo décimo primeiro. 
A decretação inescrupulosa de diversos “fins” é uma febre nesta virada de século. Talvez 
porque estejamos num momento de tantas e velozes mudanças, desnorteados pelo tempo real e 
aturdidos pela espacialidade global/virtual, a vida contemporânea parece ser um eterno começo 
sem-fim. Ademais, as tecnologias digitais são tão alucinantes que a revogação do passado e 
seus costumes e práticas é dada como certa. 
Como subjetividades marcadas pela intermitente reconfiguração identitária, esta executada 
essencialmente por processos comunicacionais, somos levados, em um primeiro momento, 
a concordar ou mesmo apostar no fim do passado. Mas, pensando bem e olhando a nossa trajetória 
de humanos em perspectiva, podemos notar que o que mais fizemos foi reciclar nossos hábitos, sem 
grandes rupturas. 
Não há como negar que as tecnologias digitais de comunicação e informação estejam 
transformando a prática jornalística que herdamos da moderna era industrial. Em todas as 
especialidades, podem-se notar mudanças de apuração, produção, publicação, recepção e interação 
entre jornalistas e seus públicos. 
Mas se o impresso acabará, essa é uma questão que, por hora, só pode ser tratada como 
prognósticos e leituras do passado. Por exemplo, há alguns anos, com a popularização dos 
computadores e o boom da internet, pensava-se que o consumo de papel e de livros sofreria um 
grande baque. Nada disso ocorreu. No mundo e no Brasil, os investimentos em produção de papel 
só vêm crescendo. A indústria cultural planetária não deixou de lado o negócio dos livros e registra 
movimentações expressivas em todos os cantos do planeta. 
Certamente, tendo pela frente novos consumidores criados diante das telas de computador e 
ligados no mundo via celular e outros artefatos tecnologicamente radicais, além da concorrência da 
atualização segundo a segundo dos sites de notícias, há de se transformar o jornalismo impresso, 
mas sua extinção nos parece lenda de início de milênio. 
Com algum exercício de serenidade, podemos vislumbrar um impresso mais analítico e 
opinativo, algo que as revistas semanais já exercitam há muitas décadas. Mas, para isso, será 
preciso que se constitua uma nova prática nas redações dos jornais e se crie uma nova cultura de 
produção e de consumo do impresso, com jornalistas mais bem preparados para a análise e 
interpretação do mundo e um público que se ajuste a esse novo tipo de produto jornalístico diário. 
Como se vê, este livro conta uma história essencialmente moderna, de um velho personagem 
em mutação. Mas, para além do registro da memória de tempos idos, essa publicação também 
se coloca como uma alternativa para se entender o atual movimento sociocultural e econômico, ao 
mesmo tempo em que ajuda compreender as origens e as marcas do jornalismo on-line que se 
faz no presente e se fará no futuro. 
Foram imprescindíveis à realização deste livro o apoio do Governo do Estado do Espírito 
Santo, por intermédio do Departamento de Imprensa Oficial e do Arquivo Público Estadual, o 
suporte do Departamento deComunicação Social e da Universidade Federal do Espírito Santo, e a 
colaboração dos entrevistados, que dispensaram um tempo precioso na atenção aos alunos. 
Como sempre registramos neste espaço, salientamos que esta publicação não esgota o tema. 
Muito pelo contrário. É apenas uma contribuição à formação de uma memória da comunicação no 
Espírito Santo. Não busque o leitor um completo relatório de veículos impressos capixabas. Na 
Grande Vitória, por exemplo, o foco foram os grandes jornais, sendo que muitas experiências, como 
o Jornal Metropolitano, citando de memória, ficaram para uma outra oportunidade de pesquisa. 
Os livros do Projeto CoCa são elaborados pelos alunos do sexto período do curso de 
Jornalismo da Ufes como um laboratório de produção editorial, tendo em vista a formação em 
comunicação organizacional. A pauta é discutida coletivamente – nesse sentido, vale o registro de 
que o capítulo sobre a imprensa alternativa, tema que merece um livro à parte, foi 
sugestão/reivindicação dos seus autores, que acabaram produzindo um verdadeiro livro dentro do 
livro. 
Definidos os capítulos, os alunos são reunidos em duplas ou pequenos grupos e partem para a 
pesquisa e produção. Eles são orientados durante esse processo, mas têm autonomia para 
escolher fontes, enfoques e estilo de texto. O que se tem é uma coletânea, executada em torno de 
um tema principal, sem a pretensão de alcançar todos os elementos, personagens e, neste caso, 
jornais/ revistas a ele relacionados. Que as lacunas possam inspirar novos trabalhos que se juntarão 
a este na constituição de uma memória mais completa e multiautoral. 
Além das condicionantes do tempo – os livros são feitos e publicados no período de um 
semestre letivo – e do processo de aprendizado, registramos que dentre as limitações à produção 
de uma memória, objetivada por este projeto, está a falta de receptividade das fontes. 
Esse foi um problema e tanto na produção deste volume. Pelos relatos dos alunos, muitas 
personagens importantes do jornalismo impresso capixaba se recusaram a dar entrevistas. Outras 
não repassaram informações e documentos prometidos. Mas, felizmente, há quem entenda o 
propósito do projeto e a importância da memória para a constituição de uma realidade diferente e, 
mesmo estando fora do Estado e do País, se dispôs a dar entrevistas. 
Em razão desta realidade, cabe uma abordagem acerca da importância da memória. Memória 
não é passado, é leitura presente do que passou com vistas a um futuro desejado. E por que 
a memória é importante? Ela é a principal referência para a constituição de nossa identidade. 
Entendendo-se identidade como o autoconhecimento e a diferenciação em relação ao outro, a 
memória é o que nos dá elementos para nos conhecermos e demarcarmos nossas peculiaridades no 
mundo. 
A comunicação capixaba, como de resto o Estado do Espírito Santo, carece de memória. Sem 
sabermos o que fomos, sem conhecermos nossa caminhada, falta-nos algo essencial na 
construção de um futuro melhor e com maior autonomia social, cultural, política e econômica: falta-
nos uma identidade concreta e objetiva. E identidade é memória em ato. 
Se pudemos resgatar a memória do jornalismo impresso capixaba do século XIX, é porque 
uma inteligência visionária chamada Heráclito Amâncio Pereira dedicou tempo e esforço a 
reunir informações numa época que não tem paralelo com a atualidade em termos de facilidade de 
comunicação. 
O quanto esse material pode nos ajudar a entender a economia, a cultura, a política capixaba 
de então nem se pode imaginar. Só depende de os capixabas de hoje e do futuro tentarem 
buscar explicações sobre as suas razões de ser e os condicionantes de seus olhares para o horizonte. 
Talvez por terem sido raras as figuras como Heráclito Amâncio Pereira nos falte a cultura da 
busca pelo autoconhecimento; 
talvez por isso tenhamos tanta dificuldade em produzir memória no presente. A continuar 
assim, o futuro não se apresenta com as melhores perspectivas. Quem não sabe o que é pode fazer 
muito pouco por si e pelos outros. Tem como destino a periferia e a dominação. Por um outro 
futuro, memória já! 
 
José Antonio Martinuzzo Professor organizador e editor do Projeto CoCa . 
 
 
Jornalismo impresso: 
Interesse público ou comércio de notícias? 
Milena Simões Murta 
 
 
A natureza do jornalismo está no medo. O medo 
do desconhecido que leva o homem a querer exatamente 
o contrário, ou seja, conhecer. 
Felipe Pena (2005) 
 
 
Selecionar, apurar, organizar, contar. Estas são algumas das atividades cotidianamente 
exercidas por qualquer jornalista frente aos fatos da vida. E o resultado desse trabalho, as notícias, 
as reportagens, é produto de primeira necessidade no mundo contemporâneo. 
Numa realidade globalizada, em que a nossa superfície de contato é o planeta inteiro, a 
qualquer tempo e hora, o jornalismo nos confere, em alguma medida, os dons divinos da 
onisciência, onipresença e, por que não?, da onipotência. 
Mas, nesse frenesi midiatizado que se tornou a vida atual, pouco se reflete acerca dessa 
máquina de produzir relatos sobre o cotidiano. É tudo tão “normal” que nem paramos para 
pensar sobre as especificidades do jornalismo e suas artimanhas para influenciar de modo tão 
marcante as mentes contemporâneas. 
O hoje decantado jornalismo impresso foi o precursor de tudo, de todas as modalidades 
jornalísticas, tendo desempenhado, ao longo dos séculos XIX e XX, um importante papel na 
constituição do modelo de sociabilidade que compartilhamos atualmente, qual seja, um regime 
dramaticamente dependente dos conteúdos da mídia, incluindo os informativos. 
Desde seus primórdios, a atividade jornalística sempre esteve vinculada à necessidade que o 
homem tem de saber, de vencer a ignorância que afeta seu cotidiano. Ainda que existissem 
cientistas, navegadores ou astronautas para pesquisar e descobrir as engrenagens do mundo, era 
preciso que houvesse também alguém que traduzisse tais relatos exóticos para a linguagem do senso 
comum e tivesse ainda a capacidade de tornar públicas tais reportagens. 
Reportar informações, contar uma história. Há quem diga que o jornalista realiza 
primordialmente duas ações: entender o fato e explicá-lo para as outras pessoas por intermédio de 
um suporte (papel, TV, rádio, internet). E, nesse processo, o jornalista dispõe de certa autonomia 
discursiva para elaborar a versão dos fatos, o que, para muitos, corresponde à verdade dos fatos. 
O senso comum é algo tão forte que jamais os jornalistas publicarão como fato afirmações que 
o contradigam. Por outro lado, é o jornalismo quem coleta novos itens a serem integrados a 
esse conjunto de conhecimentos. Como? Através da mídia, onde estão incluídos todos os tipos de 
manifestação cultural presentes no espaço público. É o que diz Pena (2005, p. 29): “A mídia 
assumiu a privilegiada condição de palco contemporâneo do debate público. Na 
contemporaneidade, as representações substituem a própria realidade”. 
Para realizar essa tarefa de falar e produzir senso comum a partir de um mundo complexo, o 
jornalista é portador de uma autoridade cultural, um contrato tácito estabelecido com a sociedade. 
Tais profissionais formam uma verdadeira comunidade que compartilha noções semelhantes 
acerca do funcionamento das relações socioeconômicas, culturais e políticas, produzindo versões 
socialmente aceitas acerca da vida e seus mais diversos acontecimentos. 
Conforme afirma Zelizer (1992, p. 11), “imprensados entre o público e o evento a ser descrito, 
os repórteres são capazes de construir aquilo que lhes parece ser preferível e 
estrategicamente importante, graças à suposição de que eles dispõem de alguma autoridade acerca 
das matériasque narram”. 
Mas essa autoridade – que existe – não é insulada, resultando mesmo de uma constante 
negociação entre repórteres, empresários e consumidores de notícia. O campo jornalístico é 
subordinado aos índices de audiência, ou, como define Bourdieu (1997), aos “veredictos do 
mercado”. 
O jornalista é portador de uma autoridade que negocia com interesses comerciais e políticos, 
que dialoga com a memória coletiva e o senso comum, mas, verdadeiramente, possui 
uma autoridade cultural nada desprezível. Porém, como esse diálogo se desenvolve? Suas rotinas 
produtivas e suas narrativas se sustentam no tripé “objetividade, imparcialidade e 
neutralidade”, que, por mais que seja utopia ou mero discurso, encontra eco e mantém a vigorosa 
relação jornalismo-sociedade. 
Essa cultura é tão marcante que o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro, no seu Artigo 7, 
destaca: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se 
pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”. 
Relatar a realidade de um modo descomprometido, imparcial e impessoal – será que isso 
realmente existe? Uma das primeiras coisas que se aprende ao estudar jornalismo é: o 
jornalista deve ser o-b-j-e-t-i-v-o. Contudo, será que é possível desligar-se da memória pessoal e 
coletiva e despir-se de tudo o que constrói nossa personalidade (preconceitos, carências, ideologias, 
preferências) antes de produzir uma matéria? 
Não! É sabido que não. A subjetividade, que se opõe à objetividade, é algo inevitável. E, por 
mais que os jornalistas insistam em responder às seis questões básicas do lide – o quê, quem, 
como, quando, onde e por quê –, colocando-as no início da notícia, não há garantias de 
objetividade. Há, no máximo, intenção de ser objetivo. 
Existem, ainda, vários atributos da busca pela objetividade, dentre eles: apresentação de 
possibilidades conflitantes, ou seja, os dois lados da moeda; relação de provas auxiliares; citação 
de fatos suplementares que comprovem o que se está dizendo; e a disposição de falas de 
testemunhas. 
Para além do contrato social, Gaye Tuchman (1993, p. 78) aponta a objetividade como um 
ritual estratégico que o profissional utiliza para se proteger. A autora acredita que o jornalista 
busca a objetividade, primeiramente, para neutralizar potenciais críticas e, depois, para seguir 
rotinas confinadas pelos limites cognitivos da racionalidade. Essas críticas podem ocorrer sob a 
forma de repressão ainda dentro da redação ou até de fontes que se sintam prejudicadas por alguma 
deturpação do que informaram. 
O fato é que, conforme estabelecido no Código de Ética, o compromisso é com a verdade dos 
fatos, mesmo que isso não signifique automaticamente ser objetivo. A objetividade completa não 
existe. Mas, conforme ressalta Pena (2005 p. 51), “a sociedade confunde o texto com o discurso, o 
que fica claro na separação dogmática entre opinião e informação”. Mesmo que seja como um 
ideal, a objetividade sustenta um contrato fundamental desde os tempos modernos entre os 
jornalistas e os cidadãos: o contrato que autoriza a produção de versões da vida, numa indústria que 
teve no impresso o primeiro espaço de comunicação de massa. 
A seguir, um pouco da trajetória do jornalismo impresso, que se confunde com a história do 
próprio jornalismo, esse incrível produtor do real. Faremos um rápido passeio pela 
trajetória mundial e brasileira, para abrir caminho ao detalhamento dessa história aqui no Espírito 
Santo, o tema deste livro. 
 
 
O Impresso na história do Jornalismo 
 
 Os relatos orais foram, sem discussão, a primeira forma de jornalismo que existiu, a primeira 
grande mídia da humanidade. Os mensageiros, apregoadores e, mais tarde, trovadores eram 
responsáveis pela transmissão e circulação das notícias. Mas a escrita em suporte manuseável 
trouxe à comunicação atributos de valor como portabilidade, difusão para além dos limites 
presenciais do enunciador, precisão das mensagens e fidedignidade dos relatos. 
As Acta Diurna, relatos diários do cotidiano político e social do Império Romano, são 
consideradas como um dos primeiros modelos de jornalismo impresso. Todavia, como o jornalismo 
impresso não se estabelece somente pela periodicidade, é no século XIII que encontramos seus 
principais vestígios iniciais. A Europa, mais especificamente Itália, França e Alemanha, em 
plena Idade Média, iniciou o processo de firmação do jornalismo através das Letteri d’Avvisi 
(Itália), Nouvelles à la Main (França) e Geschriebene Zeitungen (Alemanha). Todas elas eram 
espécies de cartas manuscritas, que traziam informações sobre os mercados e se fundamentavam no 
desenvolvimento do comércio. Seu público consumidor era restrito, e sua difusão, razoável, pois as 
notícias circulavam em torno de safras, colheitas e transações comerciais e financeiras. 
Aqui destacamos Gutenberg, que, no século XV, imprimiu a Bíblia, ficando conhecido assim 
como o revolucionário da impressão. 
Mas, segundo Pena (2005, p.27), a invenção dos tipos móveis é atribuída aos chineses. O 
primeiro livro impresso conhecido é do ano de 868, e a invenção do tipo móvel, de 1040. 
Em geral, a criação desses protótipos de impressora muito facilitou a propagação das notícias. 
No século XVI, sobretudo na Itália, as Letteri d’Avvisi passaram a ser gazzetes, ou gazetas 
(uma referência à moeda utilizada em Veneza). As gazzetes são o embrião dos jornais de hoje, 
principalmente pela periodicidade com que eram publicadas. As notícias, no entanto, continuavam 
em torno da pauta comercial. O diferencial era a forma menos séria, menos completa e mais 
apelativa. 
Já naquele momento, era mais importante alcançar um maior número de pessoas do que 
informar em profundidade. 
Nessa época, não podemos deixar de mencionar outro fator que potencializou a necessidade de 
relatos: a expansão marítima. 
Após a descoberta da América, as mensagens regulares se tornaram elementos estratégicos 
para a exploração das colônias. 
É como explica Gontijo (2004, p.211): “As viagens geravam um enorme volume de 
informações sobre povos e culturas completamente desconhecidos e de oportunidades de negócios 
até então inexploradas”. 
Apesar do grande número de analfabetos e de grandes dificuldades nos transportes, a 
sociedade começou a perceber como as gazetas estavam se transformando num poderoso veículo 
de comunicação. Imediatamente, lideranças políticas trataram de descobrir maneiras de controlar o 
que era veiculado. 
Por causa disso, os impressos do século XVI estavam fortemente submetidos às pressões das 
autoridades e dos próprios interesses comerciais de quem os produzia. Segundo Gontijo, surgia uma 
nova modalidade de negócio, “um misto de prestação de serviço, atividade industrial e comercial”. 
Para que o público consumidor das notícias fosse ampliado, bem como os lucros, os impressos 
investiam na linguagem popular e até mesmo no tratamento sensacionalista das notícias. 
No século XVII, surgem as primeiras publicações propriamente jornalísticas. Na Alemanha, 
em 1609, inicia-se a publicação semanal Ordianri Avisa. Na Espanha, o primeiro folheto semanal é 
a Gaceta de Madrid, em 1661. Em Portugal, tem-se A Gazeta, em 1641. No final do século XVIII, a 
imprensa diária chega à França e à Inglaterra. 
No século XIX, verificou-se o crescimento da atividade jornalística, a partir da expansão do 
capitalismo e da ampliação da urbanização – efetivamente, o jornalismo impresso é um 
fenômeno urbano-industrial. 
Em meados desse século, a informação barata dos penny press, que fazem referência ao “um 
centavo” necessário para comprar jornais, ampliou o público dos diários nos Estados Unidos e 
fez movimentar omercado publicitário. 
As tecnologias também influenciaram decisivamente nos destinos do jornalismo. Os avanços 
na rapidez de transmissão da informação, com o auxílio do telégrafo, favoreceram a criação das 
agências de notícias, como a Agence Havas, na França (1836), a Associated Press, nos Estados 
Unidos (1844), e a Reuters, na Inglaterra (1851). Traquina (2004, p. 54) explica: 
 
O impacto do telégrafo no jornalismo foi 
significativo porque consolidou tudo o que a penny press 
tinha posto em movimento: permitiu que os 
jornais funcionassem em tempo real, ajudou a fomentar 
a criação de uma rede mais vasta de pessoas 
empregadas integralmente no trabalho de produzir 
informação, que rapidamente alargaram ao nível 
internacional a sua cobertura jornalística, num processo 
continuado até hoje na globalização do jornalismo, e 
introduziu alterações fundamentais na escrita das notícias, 
uma linguagem telegráfica. 
 
Com a instituição da empresa de comunicação, ou seja, uma organização destinada 
exclusivamente a produzir e vender notícias, sustentada pela publicidade e pela vendagem de 
jornais, o jornalismo se distancia cada vez mais da explícita tutela políticoeconômica para se firmar 
como um campo. Agora, estamos em fins do século XIX, falando de uma realidade de primeiro 
mundo, notadamente a norte-americana. 
Conforme afirma Traquina (2004, p.36), “a emergência do jornalismo com seus próprios 
‘padrões de performance e integridade moral’ tornou-se possível com a crescente 
independência econômica dos jornais em relação aos subsídios políticos, método dominante de 
financiamento da imprensa no início do século XIX”. 
O século XX assistiu ao crescimento da indústria da comunicação, influenciada pelo 
surgimento de novas mídias (rádio, TV, internet) e também pelo sombreamento planetário do 
modo capitalista urbano-industrial e burguês de viver. Registre-se que a indústria de mídia, 
fortemente ancorada no jornalismo, é um grande negócio do capitalismo e, ao mesmo tempo, o seu 
mais poderoso preposto ideológico na atualidade. 
Para arrematar esta história, vale reportar as cinco épocas distintas que Ciro Marcondes Filho 
demarcou para o jornalismo, segundo relata Pena (2005): 
1) Pré-história do jornalismo, de 1631 a 1789, caracterizada por produção artesanal e bem 
próxima do livro; 
2) Primeiro jornalismo, de 1789 a 1830, marcado pelo conteúdo literário e político, 
comandado por escritores, políticos e intelectuais; 
3) Segundo jornalismo, de 1830 a 1900, caracterizado pelo surgimento da imprensa de massa, 
início da profissionalização dos jornalistas, instituição de reportagens e manchetes, estruturação de 
empresas e utilização de publicidade; 
4) Terceiro jornalismo, de 1900 a 1960, com imprensa monopolista, enormes tiragens, 
formação de grandes grupos de mídia; e 
5) Quarto jornalismo, a partir de 1960, marcado pelas tecnologias eletrônicas e digitais, 
interatividade, velocidade, atualização intermitente, valorização da imagem e crise da imprensa 
escrita. 
 
O Brasil 
 
Em nosso País, o jornalismo impresso só deslanchou a partir de 1808, com a chegada da 
Família Real, o que demonstra uma defasagem de mais de 300 anos em relação à Europa. Antes 
disso, as notícias circulavam principalmente pela ação dos tropeiros, que se configuravam como 
verdadeiros veículos de comunicação, ou por intermédio da militância intelectual da elite 
tupiniquim. 
A estratégia da Coroa Portuguesa era evitar a circulação de informações. 
Havia controle rígido, com punições severas em caso de transgressões. Sem a autorização da 
metrópole para imprimir, as notícias escritas circulavam através de cartas ou pasquins, que eram 
manuscritos e afixados em pontos de maior circulação ou recopiados e jogados por debaixo das 
portas. 
A luta pela independência do Brasil foi um dos fatores que 30 impulsionou a formação de 
grupos e a produção de folhetins. 
Mesmo assim, durante muito tempo, as notícias dos movimentos políticos ficavam restritas aos 
conchavos nos porões. É como diz Gontijo (2004, p. 276): “O debate de idéias seguia 
acontecendo em diferentes pontos do país, apesar de todas as dificuldades de comunicação. O livro 
e os textos manuscritos foram sem dúvida a principal ferramenta de disseminação de informações, 
na falta de impressoras e de um sistema de correios eficiente”. 
Resumindo: a instalação da primeira tipografia no Brasil, a fundação de jornais e periódicos, 
tudo isso foi possibilitado graças à vinda Família Real e à instalação da Imprensa Régia. Em 10 
de setembro de 1808, saiu o primeiro número de A Gazeta do Rio de Janeiro, patrocinado pela 
corte. Em junho do mesmo ano, Hipólito José da Costa, de Londres, lançou o seu Correio 
Braziliense. 
Gontijo nos relata que foi somente a partir dos anos de 1820, com a Independência e a abertura 
dos primeiros cursos de Direito no País, que a imprensa ganhou vulto. Nesse sentido, em 1823, a 
Assembléia Nacional promulgou a primeira lei de imprensa, garantindo a liberdade de expressão, 
pois a instalação da Imprensa Régia não mudou em nada a realidade do aparato de controle 
da informação. 
Com a nova realidade descrita acima, jornais e pasquins experimentam a pauta política para 
alimentar a disputa pelo poder. 
Durante várias décadas, registra-se um jornalismo impresso bastante panfletário e 
sensacionalista. Duas grandes causas – o fim da escravidão e a proclamação da República e suas 
conquistas – vão funcionar como a base para o surgimento do jornal como empresa, no final do 
século XIX. 
Grandes nomes da literatura e do direito passam a escrever nos prestigiosos espaços da imprensa. A 
urbanização e o desenvolvimento do capitalismo no País, acalentados pela ideologia de ordem e 
progresso, juntamente com a influência dos imigrantes europeus que aqui aportaram com o hábito 
de ler e produz jornais alternativos, acabou por impulsionar a imprensa no Brasil. 
Grandes grupos começaram a se formar e alguns de seus periódicos existem até hoje, como o Jornal 
do Brasil e, posteriormente, O Globo. 
No Brasil, a profissionalização ou autonomização do jornalismo, basicamente o impresso, só vem a 
ocorrer por volta dos anos 50, a partir da reprodução do modelo de objetividade e rotinas produtivas 
lançadas mais de 50 anos antes nos Estados Unidos. 
Os maiores jornais do Brasil investiram num discurso e em processos que referendassem a posição 
de autonomia e profissionalização do jornalismo. Por essa época, as escolas de 
Comunicação tornam-se uma realidade em nosso País. 
Mas a ligação direta com os grupos de poder nunca foi desfeita. 
Ao longo do século XX, registra-se a formação de influentes grupos de mídia, que passam a 
concentrar as novas modalidades de jornalismo (rádio, TV e internet). Atualmente, seis redes 
nacionais de TV – Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! 
E CNT – controlam quase 700 veículos em todo o País. E, em torno delas, estão 50 jornais diários, 
mais de 300 canais de TV e outras 300 e tantas emissoras de rádio, sem falar dos portais de internet. 
Os maiores grupos de mídia são: Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Abril, Grupo Estadão, 
Grupo RBS e CBM – Companhia Brasileira de Mídia. 
Todas essas organizações estão às voltas com a discussão e o ajustamento de suas mídias impressas 
de jornalismo, principalmente, os diários. Concorrência de novas mídias, custos de 
produção, enxugamento de quadros, dilemas de cobertura e posicionamento frente ao “tempo real” 
e ao “vivo’’ da internet e da TV, dentre tantas outras questões, colocam o jornalismo impresso, que 
foi a origem de tudo, no centro das discussões neste início de século XXI. 
Diante desse quadro, o jornalismo impresso vai reciclar-se oudesaparecer? Mas essa é uma outra 
história – a história do futuro. 
Fiquemos com os relatos do passado, especificamente do nosso Espírito Santo, que, inclusive, nos 
ajudam a entender o presente e a pensar e refletir sobre os dias que virão. 
 
 
Cronologia do surgimento dos periódicos nos Estados brasileiros 
 
 
1811 – Bahia, Idade de Ouro do Brasil 
1821 – Pernambuco, Aurora Pernambucana 
1821 – Maranhão, Conciliador Maranhense 
1822 – Minas Gerais, Compilador Mi-neiro 
1822 – Pará, Paraense 
1823 – São Paulo, O Paulista 
1824 – Ceará, Diário do Governo do Ceará 
1826 – Paraíba, Gazeta da Parayba do Norte 
1827 – Rio Grande do Sul, O Diário de Porto Alegre e Constitucional Rio-Grandense 
1829 – Estado do Rio de Janeiro (Niterói), Eco na Vila Real da Praia Grande 
1830 – Goiás, Matutina Meiapontense 
1831 – Alagoas, Íris Alagoense 
1831 – Santa Catarina, O Catharinense 
1832 – Rio Grande do Norte, Natalense 
1832 – Sergipe, Recopilador Sergipano 
1835 – Piauí, Correio da Assembléia Legislativa do Piauhi 
1839 – Mato Grosso, Themis Mattogrossense 
1840 – Espírito Santo, O Estafeta, com apenas um número. 
1849 – O Correio da Vitória 
1851 – Amazonas (província do Império a partir de 1850), Cinco de Setembro 
1854 – Paraná (província do Império a partir de 1853), Dezenove de Dezembro 
 
Fonte: Gontijo (2004) 
 
 
Referências bibliográficas 
 
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. 
CHILDS, Harwood L. Relações públicas, propaganda e opinião pública. Rio de Janeiro: FGV, 1976. 
FREITAS, S. Comunicarte. Campinas. v.2, nº.4. 1984. 
GONTIJO, Silvana. O livro de ouro da comunicação. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 
PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005. 
TRAQUINA, N. Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2004. 
TUCHMAN, G. A objetividade como ritual estratégico. In: TRAQUINA, 
Nelson. (org). Jornalismo - questões, teorias e “estórias”. Lisboa, Vega, 1993. 
ZELIZER, B. Covering the body: the Kennedy assassination, the media, and the shaping of collective 
memory. Chicago and London: University of Chicago Press, 1992. 
Os primórdios da Imprensa no Espírito Santo 
Andressa Zanandrea e Luciano Frizzera 
 
O historiador Heráclito Amâncio Pereira reuniu, em um inventário, dados sobre jornais, 
revistas e outras publicações impressas que circulavam em todo o Estado do Espírito Santo no 
período compreendido entre 1840 e 1926. O trabalho A Imprensa no Espírito Santo foi publicado 
pelo Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e apresentado no oitavo Congresso de 
Geografia, em 1926. Na ocasião, foi considerado um “estudo cuidadoso de grande alcance para a 
vida social e política do Espírito Santo”. 
No trabalho estão registradas mais de 400 publicações. Possivelmente havia outras, mas, já 
naquela época, havia dificuldade em se encontrar os exemplares, sendo esses os que foram 
encontrados por Heráclito Amâncio Pereira. Esta foi a primeira catalogação da imprensa capixaba. 
O que havia sido feito anteriormente era deficiente e permeado de erros. 
Como podemos perceber ao longo do inventário, logo que as primeiras tipografias chegaram 
ao Espírito Santo, havia poucas publicações. O número foi se expandindo com o passar dos anos, e 
a tiragem dos periódicos também foi aumentando. Entre 1840 e 1860, foram publicados apenas 13 
jornais. A partir de 1880, os números começam a ficar mais expressivos. Entre 1880 e 
1900, surgiram 100 jornais. Mas, de 1900 a 1926, o número foi mais que o triplo: 320 publicações. 
Apesar do grande número, foram poucos os que perduraram. Muitos publicaram somente 
uma edição e grande parte não durou mais que um ano – lembrando que a maioria deles não saía 
diariamente. 
Com o material que temos em mãos, não somos capazes de fazer amplas análises. Mas, ao 
longo do texto, podemos apontar os vínculos mantidos por esses jornais, como os políticos e os 
de classe. No entanto, muitos desses periódicos não existiam por razões políticas, mas somente 
como órgãos escolares, publicações destinadas às mulheres ou puramente humorísticas. 
Em 1840, houve a primeira tentativa de se estabelecer um jornal no Estado. Em 15 de 
setembro, o alferes Ayres Vieira de Albuquerque Tovar firmou contrato com o Governo 
Provincial para publicar atos oficiais. Assim, fundou O Estafeta, na Capital do Espírito Santo. 
Pelo contrato, Ayres Tovar comprometia-se a publicar um jornal duas vezes por semana, 
ficando o Governo com o direito a 120 exemplares de cada número, pelos quais pagaria 10 mil réis. 
O jornal tinha como diretor de oficinas José Marcellino Pereira de Vasconcellos. No entanto, 
circulou somente uma vez. Em 1848, sua tipografia foi vendida a Pedro Antônio de 
Azeredo, secretário do Governo, que em 1849 criaria o primeiro impresso de notoriedade: o Correio 
da Victoria. 
O primeiro número do Correio circulou em 17 de janeiro. O jornal tinha Azeredo como 
proprietário e redator, e era impresso em papel de linho azulado. A primeira pessoa que o leu antes 
de sua distribuição foi o coronel José Francisco de Andrade Almeida Monjardim. Era uma folha 
política, literária e noticiosa. 
No ano anterior, em 26 de setembro, Azeredo e o Governo Provincial assinaram um contrato 
de dez anos para a publicação dos atos oficiais, que, para isso, marcava a quantia de um conto 
de réis. Para cada folha de impressão, Azeredo receberia 10 mil réis. 
Em março de 1849, foi lavrado contrato, entre o proprietário do Correio e a Comissão de 
Política da Assembléia Provincial, para a publicação dos atos legislativos na sessão daquele ano. A 
comissão de política, então, compunha-se dos seguintes membros: 
José da Silva Vieira Rios, Wenceslau da Costa Vidigal e Francisco Rodrigues Barcellos Freire. 
 
 
 
Na edição de 3 de janeiro de 1852, o Correio publica sua posição: o “dogma político – 
monarquia, constituição e liberdade – dá guarda à defesa do oprimido, e censura o opressor e o 
crime, procurará vulgarizar os melhoramentos morais e materiais que se tenham feito em benefício 
da espécie humana; promoverá quanto em si estiver o engrandecimento desta terra, em que vive, 
acompanhará a administração da província nos benefícios que lhe tiver de fazer, e mesmo lhe 
lembrará aquelas mais urgentes e exigidas precisões para o bem do povo; - publicará enfim os atos 
do governo e daquelas repartições que se quiserem de sua colunas utilizar: é esta sua missão, é este 
o sacerdócio mais nobre e sagrado da imprensa livre, e ordeira – é esta a profissão de princípios que 
vêm hoje fazer em público o Correio da Victoria”. Termina franqueando suas colunas aos cultores 
das boas letras e prometendo invitar todas as forças para o engrandecimento da província. 
Em 25 de junho de 1852, a Assembléia cassou o contrato e, em 3 de julho, o Correio declarou 
que deixava de publicar os atos oficiais e franqueava suas colunas a todas as publicações. Esta foi a 
independência da publicação, como disse em seu editorial, intitulado Nossa missão da imprensa. 
Não obstante, de 18 de setembro de 1852 em diante, tornou a dar publicidade aos atos da 
secretaria do governo, sendo assinado novo contrato aos 30 de julho de 1853. O Correio foi 
bissemanal (quartas e sábados) até 13 de janeiro de 1872, quando começou a circular três vezes por 
semana (terças, quintas e sábados). Defendia a política conservadora, deixando de ser publicado em 
1873, com a cisão levantada no seio do partido. Tinha quatro páginas. 
Entre seus colaboradores estavam Rangel Sampaio, Emílio da Silva Coutinho, João Luiz da 
Fraga Loureiro, Antônio Joaquim Rodrigues e José Joaquim Rodrigues, que foi seu redator 
durante três anos (1852-1854).Com a morte de Azeredo, passou, em janeiro de 1872, a ser 
prioridade de Joaquim Francisco Pinto Ribeiro e gerido por Aprígio Guilhermino de Jesus; antes, 
em 1869, estivera sob a redação de Tito da Silva Machado. Tornou-se, depois, propriedade de 
Jacintho Escobar Araújo. 
O noticiário local era muito resumido, havendo dias em que deixava completamente de 
aparecer no jornal, que não deixava de ser atochado com transcrições de notícias da corte. A 
tiragem era pequena e havia correspondente no Rio de Janeiro. Os anúncios eram poucos e na 
maioria sobre escravos fugidos. O comércio ainda não sabia se servir dessa poderosa arma de 
propaganda. 
No Correio de 10 de setembro de 1859 foi publicado em folhetim um ensaio de crônica sob o 
título A Semana. Seria essa a primeira crônica aparecida na imprensa capixaba. 
O terceiro jornal capixaba foi A Regeneração, que surgiu em 17 de dezembro de 1853, na 
Capital. Era um periódico bissemanal literário, imparcial e de regular formato, que se publicou até 
fevereiro de 1856. Conforme a tradição, exerceu influência salutar sobre os costumes da sociedade. 
O proprietário e redator era Manoel Ferreira das Neves, professor público da segunda cadeira de 
primeiras letras da Capital, e entre seus colaboradores contava- se José Marcellino Pereira de 
Vasconcellos. Manteve contrato com a Assembléia Provincial, para a publicação de seus atos, 
em 1854, por 200 mil réis. Diz-se que foi um dos melhores periódi- cos, pelas matérias, boa redação 
e nitidez de impressão. 
Em 17 de julho de 1856, surge O Capichaba, na Capital. Era um periódico político e noticioso, 
aparecido como órgão das idéias de um dos lados da Assembléia Provincial (minoria) e para 
combater pela eleição de um espírito-santense patriota e ilustrado como deputado pela província à 
Câmara Temporária. Publicava-se às quintas- feiras. Seu 15º e último número circulou em 23 de 
outubro. 
Em 2 de janeiro de 1857, surge O Semanário, na Capital. Era um jornal de instrução e recreio, 
de publicação semanal (sextas- feiras). Era de exclusiva propriedade e direção do major 
José Marcellino Pereira de Vasconcellos. Suspendeu a publicação aos 6 de novembro do mesmo 
ano, em vista de alteração na saúde do diretor, reaparecendo aos 10 de fevereiro do ano seguinte. 
O número 50, último, traz a data de 3 de abril de 1858. Tinha oito páginas. Possuía 202 assinantes: 
41 na Capital; 130 em outros pontos da província e fora dela. 
Em 19 de agosto de 1859 surge o Aurora, na Capital. Era um periódico literário, científico e 
per accidens político, que saía às sextas- feiras, tendo cada número oito páginas. A folha avulsa 
era vendida a 160 réis. Suspendeu a publicação, depois de haver publicado dezesseis números, por 
motivo de se ter retirado desta capital o Dr. Joaquim dos Santos Neves, seu redator. 
Durante o ano de 1860, surgem sete publicações na Capital. O Mercantil, A Liga, O 
Indagador, O Maribondo, O Picapau, O Periódico dos Pobres, que substituiu O Picapau em 9 de 
dezembro. Todos duraram pouco. 
No mesmo ano, em 7 de setembro, começou a circular também O Provinciano. Era um jornal 
político, noticioso e órgão do Partido Conservador, que tinha como editor-proprietário Emílio 
Francisco Guizã e como redatores principais José Camillo Ferreira Rabello e Antônio Joaquim 
Rodrigues, que, ao retirar-se da redação, foi substituído por Joaquim José Fernandes Maciel. 
Publicava-se às quintas feiras e aos domingos. Tinha quatro páginas. 
Em 1861, surgiram na Capital os jornais União Capichaba, O Clarim, O Desapprovador e O 
Tempo. O primeiro data de 3 de fevereiro e era político progressista. O primeiro número de O 
Clarim – que era político, literário e noticioso – circulou em de abril. 
Já O Desapprovador era noticioso, político e recreativo, tendo aparecido em 5 de outubro. 
O Tempo circulou pela primeira vez em 1º de novembro, sob a redação de José Marcellino 
Pereira de Vasconcellos. Era um órgão político e advogado das idéias do Partido Liberal. Em 
1862, suspendeu a publicação durante quatro meses. Sua tipografia foi administrada por Manoel 
Antônio de Albuquerque Rosa até 12 de agosto de 1863. 
Em 1863, foram publicados na Capital pela primeira vez A Borboleta, Amigo do Povo, Liberal 
e O Monarchista, um jornal político e noticioso. O dono e editor era Manoel Antônio de 
Albuquerque Rosa. Surgiu como órgão do Partido Conservador com o fim de O Provinciano e 
usava sua tipografia. Estava sob a redação de Joaquim José Fernandes Maciel (redator-chefe), 
Antônio Joaquim Rodrigues e José Camillo Ferreira Rabello. Publicava-se às quintas-feiras e 
domingos, com quatro páginas. Parou de circular no fim de 1865. 
Em 2 de abril de 1864, surge o Jornal da Victoria. Defendia as idéias do Partido Liberal. Seus 
redatores eram os engenheiros Manoel Feliciano Moniz Freire (redator-chefe e 
proprietário), Leopoldo Augusto Deoclecian de Mello e Cunha, o bacharel José Corrêa de Jesus. O 
gerente era Delecarliense Drumond de Alencar Araripe, que, em 1866, tornou-se o proprietário do 
jornal. 
Entre seus colaboradores estavam Manoel Augusto da Silveira e João Zeferino Rangel de S. 
Paio. O Jornal da Victoria substituiu O Tempo, cuja tipografia herdou, e circulava às quartas-feiras 
e aos sábados, trazendo também atos oficiais. Devido à falta de assinaturas em número suficiente 
para cobrir as despesas, suspendeu a publicação em 29 de dezembro de 1869, com o número 588. 
Em 1866, é publicado o primeiro periódico fora da Capital. 
O primeiro número de O Itabira circula em Cachoeiro do Itapemirim em 1º de julho. O jornal 
era redatoriado por Basílio Carvalho Daemon, editorado por João Paulo Ferreira Rios e usava a 
tipografia de O Monarchista. Era literário, agrícola, comercial e noticioso. Tendo-se tornado 
violento, foi obrigado a suspender a publicação, sendo substituído em 1868 por O Estandarte. 
Na Capital, em 23 de julho, surge o Diário Victoriense, órgão literário e noticioso, sob a 
redação de Emílio Francisco Guizã, seu proprietário. Era publicado diariamente, com exceção 
dos domingos e dias santos. Surge também O Escorpião, de caráter pilhérico, em 16 de dezembro. 
Em 26 de janeiro de 1867, é publicado O Filho do Escorpião, em substituição a O Escorpião. 
No mês de julho, circula, em Anchieta, o primeiro número do Estrella do Sul, que passa a ser 
impresso na Capital em 5 de janeiro de 1868. 
Em 24 de agosto, sai o primeiro número do Sentinella do Sul, na Vila do Itapemirim. Defendia 
o Partido Liberal, sendo propriedade de uma associação. Estava sob a direção política do Dr. 
Climaco Barbosa, administração de Ângelo Ramos e redação de Horta de Araújo, Maximiano 
Bueno, Macedo Pires de Amorim, Antão e Manoel Joaquim de Lemos. Publicava-se aos 
sábados, passando a circular aos domingos, em 22 de setembro. Sustentou grandes lutas com O 
Itabira, tornando-se violento. Deu o nº 52 a 16 de agosto de 1868 e suspendeu a publicação, mas 
ainda circulou em 1869. 
Em 15 de março de 1868, surge, na Capital, O Cidadão, defen- sor do Partido Liberal e 
redigido por José Corrêa de Jesus. A Voz do Povo surge em 27 de agosto, também defensor do 
Partido Liberal e também redigido por José Corrêa de Jesus. Em Cachoeiro, é criado O Estandarte, 
para substituir O Itabira, em 5 de abril. 
Tinha como redator e proprietário Basílio Carvalho Daemon, e os colaboradores eram os 
mesmos de O Itabira. Circulava semanalmente, aos domingos, e era político, literário, noticioso 
e defensor do partido conservador. 
Em 31 de março do ano seguinte, é publicado A Liga, na Capital. 
Em 8 de setembro de 1870, circula pela primeira vez, na Capital, O Espírito Santense. O 
fundador e primeiro redator foi Marcellino Pereira de Vasconcellos, e o gerente e editor, Manoel 
Antôniode Albuquerque Rosa. Era político, científico, literário, noticioso e defendia idéias 
conservadoras. Tinha correspondentes na França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Estados Unidos e 
em algumas repúblicas do Sul, os quais enviavam notícias quinzenalmente. 
Entre seus colaboradores, podemos citar José Joaquim Pessanha Póvoa, Mucio Teixeira, 
Affonso Cláudio, padre Antunes de Siqueira, professor Aristides Freire, Manoel Rodrigues, Ubaldo 
Rodrigues, Antônio Athayde, Almeida Nobre, Amâncio Pereira, Cleto Nunes Pereira, Candido 
Brizindor, Eduardo Gomes Ferreira Velloso, Sebastião Mestrinho, Miguel Thomaz Pessoa, Edgardo 
Daemon, Magno Machado, J. Firmino dos Santos, Godofredo Autran, Emílio da Silva Coutinho, M. 
H. de Moraes, Adrião Rangel, Ignácio Thomaz Pessoa, A. d’Oliveira Costa (correspondente em 
Paris) e Coriolano de Oliveira. 
Era publicado três vezes por semana. Tendo suspendido a circulação por cerca de cinco meses, 
reapareceu em 2 de junho de 1880. H. A. Binner foi seu impressor, até 2 de abril de 1874, quando 
passou a ser impresso por Miguel Pereira Gambôa. 
Em 1877, a despesa com o pessoal de suas oficinas atingia 420 mil réis mensais. Tinha quatro 
páginas e sua tiragem era de 500 exemplares. 
Seus adversários chamavam-lhe a Bíblia da Mentira, o Carrilhão da Victoria, Órgão 
Cabeleira, Grande Realejo, Órgão do Percevejo Viajante, entre outros. O jornal durou até 14 de 
junho de 1889. 
Em 5 de agosto de 1872, O Conservador começa a circular na Capital. Era bissemanal e 
começou a ser publicado como aprendizagem de arte tipográfica e passatempo do então 
estudante Manoel Corrêa de Vasconcellos. Tornou-se político mais tarde, sendo então de 
propriedade e redação do capitão Francisco Urbano de Vasconcellos. Colaboravam Tito da Silva 
Machado, José Joaquim Pessanha Póvoa, Joaquim Corrêa de Lírio e outros. Chamavam- lhe 
também Periquito. 
No ano seguinte, em 16 de março, chegou às ruas A União. Era um órgão liberal redigido por 
Tito da Silva Machado e outros. Saía às quintas-feiras e aos domingos, mas suspendeu a publicação 
por falta de recursos, em março de 1874. Tinha quatro páginas e entre seus colaboradores estava o 
padre Antunes de Siqueira. 
Em 3 de janeiro de 1875, na Vila do Itapemirim, surge O Operário do Progresso. Em seu 
artigo de apresentação, comprometia-se a ser imparcial em questões pessoais e políticas, e a 
esforçar-se pelo desaparecimento do analfabetismo. Com quatro páginas, publicava-se aos 
domingos e trazia matérias sobre ciência, artes e indústria. Seu redator-proprietário era Augusto A. 
Pereira César e eram colaboradores José Feliciano Horta de Araújo, Leopoldo Augusto Deocleciano 
de Mello e Cunha e Joaquim Adolpho Pinto Pacca. O último número circulou aos 2 de abril de 
1876. 
Em 24 de setembro, sai, na Capital, o primeiro número de A Aurora. Eram seus redatores 
Moniz Freire, Affonso Cláudio e João Monteiro Peixoto, então estudantes do Atheneu Provincial. 
Publicava-se semanalmente e ocupava-se de ciências, literatura e indústria. Foi o primeiro 
periódico nascido na província por iniciativa de estudantes. 
Em 1º de dezembro, circula O Commercio, que manteve discussões com O Espírito Santense, 
pois atacou o conselheiro Costa Pereira e outros conservadores. Com quatro páginas e tiragem 
de 500 exemplares, circulava às terças-feiras e aos sábados, passando a ser semanal em fevereiro de 
1876. 
Foram seus redatores José Joaquim Pessanha Póvoa e José Feliciano de Noronha Feital 
(também proprietário). Entre seus colaboradores estavam Francisco de Lima Escobar Araújo, 
também revisor, e Benjamin Constant Pereira da Graça. A publicação foi suspensa ainda em 1876. 
Em 14 de maio de 1876, surge O Itapemirinense, na Vila do Itapemirim. 
Era um periódico noticioso, literário, comercial, agrícola e imparcial em política, publicado 
aos domingos. Na Capital, circula A Gazeta do Commercio, em 24 de junho. Era um 
órgão democrático, de quatro páginas, que foi publicado até 1878, ano em que foi substituído pelA 
Gazeta da Victoria. O proprietário era Dr. José Joaquim Pessanha Povoa e entre seus 
colaboradores estavam Cleto Nunes Pereira e Affonso Cláudio. 
No mesmo ano, em 6 de agosto, A Liberdade é publicado pela primeira vez, na Capital. Era 
um semanário de quatro páginas, que tinha por objetivo o desenvolvimento das letras e ciências e 
estava sob a redação de José de Mello Carvalho Moniz Freire e Candido Vieira da Costa, além de 
ter colaboração de Affonso Cláudio e Cleto Nunes Pereira. Durou pouco. Surge também, em 5 de 
outubro, o Opinião Liberal, periódico de quatro páginas e publicação semanal. Defendia o Partido 
Liberal e estava sob a direção do advogado Francisco Urbano de Vasconcellos, sendo seus 
proprietários Alpheu A. Monjardim de Andrade e Almeida, Azambuja Meirelles e Leopoldo A. D. 
de Mello e Cunha. 
Em 7 de janeiro de 1877, sai, em Cachoeiro de Itapemirim, o primeiro número de O 
Cachoeirano. Era de propriedade e redação de seu fundador Luiz de Loyola e Silva. 
Com o nº 52, aos 23 de fevereiro de 1879, completou o segundo ano e paralisou sua 
publicação. Reapareceu em 15 de junho. 
Em 1881, apresentou-se como órgão imparcial, sendo propriedade de João de Loyola e Silva, 
que assumiu a chefia de redação. 
Em 27 de dezembro de 1887, José Feliciano Horta de Araújo deixou de fazer parte de sua 
redação. 
Tornou-se órgão republicano, a partir de 29 de julho de 1888, sob a redação do Dr. Antônio 
Gomes Aguirre e do farmacêutico Bernardo Horta, que já faziam parte da redação. Em 23 de 
setembro do mesmo ano, os títulos das seções passaram a indicar os assuntos nelas tratados: “De 
malho em punho (editoriais); A nova fase; Álbum do povo; Por dentro e por fora (notícias); 
Em busca de Chanaan; Psiu...; Nós e os nossos; Quem diz o que quer... (ineditoriais); Mundo oficial 
(editais); Dobrando sinos; A fama voa (anúncios); No parnaso; Colunas do povo”. 
Em 17 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, editou um número especial. 
Paralisou a publicação durante o mês de dezembro, a fim de reformar seu material tipográfico. 
No ano seguinte, suas seções tomaram as denominações: “Pró-Pátria (editorial), Revista Semanal, 
Avisos, Literatura e Recreio, Coluna Livre, Editais, Anúncios”. 
Aos 15 de junho, tornou-se órgão do Club Republicano 4 de maio, passando a ser redatoriado 
pelo farmacêutico Bernardo Horta de Araújo, Lydio Marianno, José Feliciano Horta de Araújo e 
Custódio Maia, sendo Leopoldino Lima o seu administrador e João de Loyola e Silva o seu gerente. 
Custódio Maia retirou-se do corpo de redação em 14 de setembro, e, aos 18 de janeiro do ano 
seguinte, a administração ficou a cargo de Adolpho Corrêa de Toledo. 
De 10 de maio a de junho, suspendeu a publicação, mais tarde reaparecendo como órgão 
imparcial e com programa completamente mudado, prestando apoio ao governo do barão 
de Monjardim. 
Em 10 de abril de 1892, Alfredo Moreira Gomes deixou de ser co-proprietário e retirou-se da 
redação. Na ocasião, O Cachoeirano apresentou-se como órgão político, comercial e agrícola, 
passando a dirigi-lo Bernardo Horta de Araújo, auxiliado por Costa Cavalcanti e Dias de Freitas e o 
professor Quintiliano Azevedo. 
De 17 de julho até o fim do ano, encarregou-se da redação João Loyola e Silva. 
Começou a publicar serviço telegráfico na Capital Federal, a 1º de agosto de 1893. Opôs-se ao 
golpe de Estado de 3 de novembro de 1891 e ao governo de Marechal Floriano, havendo 
aderido abertamente ao movimento revolucionário chefiado pelos almirantes Custódio e Saldanha. 
Suspendeu a publicação em 3 de dezembro de 1893, por haver sido vendida a tipografia. 
Reapareceu em 6 de janeiro de 1894, quando comprou a tipografia de Opinião. 
Em 1901, foi órgão do partidoConstrutor-Autonomista. No número de 23 de julho de 1905, 
apareceu a seção “Notas avulsas”, destinada à literatura amena, como ligeiro passatempo 
aos avessos à política. 
Suspendeu a publicação por ter sofrido empastelamento na noite de 4 de julho de 1906, 
voltando em março de 1907, sob a direção de Bernardo Horta, redator-chefe, e Victor de 
Moraes, redator-gerente. 
Em 1911, tornou-se propriedade de uma associação, sendo seu gerente Alexandre Ramos. 
Tendo suspendido a publicação logo após a campanha presidencial de 1912, voltou pouco depois, 
aos 4 de agosto do mesmo ano, sob a gerência de Alexandre Ramos, prometendo defender os 
interesses do povo como órgão independente e imparcial e não tomar parte em questões políticas. 
Em 1916, porém, colocou-se em oposição à candidatura de Bernardino Monteiro à Presidência 
do Estado. Aos 6 de maio, José Bento Vidar Júnior assumiu a chefia da redação, de acordo com a 
vontade do diretório oposicionista do município. Com o triunfo da chapa Bernardino-Athayde, O 
Cachoeirano paralisou a publicação, voltando em outubro do mesmo ano, sob a direção de Alfredo 
de Souza Monteiro, então, sob a bandeira do Partido Republicano do Espírito Santo. 
A 1º de novembro de 1921, iniciou uma nova fase, sob direção do Dr. Francisco Gonçalves e 
gerência de José Sobreira. 
A princípio, publicava-se aos domingos. Depois aparecia duas vezes por semana, mas tornou a 
circular semanalmente até 4 de setembro de 1915, quando começou a dar edições vespertinas 
às quartas-feiras e sábados. Na época em que Heráclito fez a pesquisa, saía todas as quintas-feiras. 
Possuía quatro páginas, sendo que, no período de 26 de agosto de 1894 a 11 de novembro do 
mesmo ano, foi impresso em duas páginas devido à falta de papel. Tem seis e, às vezes, mais 
páginas, na fase atual. 
Entre seus colaboradores, nas diferentes fases de sua existência, estão Horta de Araújo, Maria 
Leonilda, Antônio Carlos da Fonseca, Bernardo Horta, Ildefonso Vianna, Eugênio 
Amorim, Godofredo da Silveira, M. C. de Vasconcellos, Deolindo Maciel, Virgílio Vidigal, Oscar 
Leal, Antônio Gomes Aguirre, Affonso Cláudio, Moreira Gomes, Coelho Lisboa, Silva Lima, José 
Marcellino, João Freitas, Jeronymo de Souza Monteiro, José Lino, Joaquim Ayres, Manoel 
Fernandes, Pe. Antônio Fernandes da Silva, padre Carloto Fernandes da Silva, Júlio Leite, Victor de 
Moraes, José Batalha Ribeiro, Cel. Antônio da Silva Marins, João Motta, Mário Imperial, Narciso 
Araújo, Benjamim Silva, José Calasans de Mello Rocha, Antônio Vieira, Tertuliano de Loyola, 
Moacyr Moraes, Sizenando de Mattos Bourguignon, padre Carlos Regattieri, Belisario Vieira da 
Cunha, Everaldino Silva, Sylvio Júlio e Attílio Vivacqua. 
Em abril de 1877, surge, na Capital, um pequeno periódico dedicado ao sexo feminino: o 
Jornal das Moças. Era redigido por um “pai de família”. Em 2 de dezembro, aparece, na Capital, O 
Echo dos Artistas. Era contra a aristocracia e de propriedade do editor Benedicto Ferreira de 
Carvalho e Corrêa. Suspendeu a publicação, por ter se tornando violentíssimo, no oitavo número, 
em 20 de janeiro de 1878. Assinava-se na razão de 500 réis mensais para a Capital, e 3 mil réis o 
trimestre para fora. Avulso custava 120 réis. Tinha quatro páginas. 
Entre seus colaboradores estavam Affonso Cláudio, Cleto Nunes, Joaquim Lyrio, Pedro Lyrio, 
Alexandre Costa e Candido Brizindor. Nas palavras de Amâncio Pereira: “Fez uma 
trajetória rápida, mas de efeito pela independência que sustentou”. 
A Gazeta da Victoria surge em 24 de janeiro de 1878, substituindo A Gazeta do Commercio. 
Em 4 de março de 1879, passou a ser órgão democrático e, em abril de 1881, tornou-se folha 
comercial, política, literária e noticiosa. 
Durou até 1889, ano em que esteve sob a redação de Pessanha Povoa e Joaquim Corrêa Lyrio. 
Circulava às terças, quintas e sábados. 
Tinha quatro páginas, com tiragem de 300 exemplares. 
Faziam parte de seu corpo de colaboradores Gonçalo Marinho de Albuquerque Lins, Affonso 
Cláudio, Ignácio Thomaz Pessoa, Amâncio Pereira, Antônio Athayde, Henrique Cancio, 
Braulio Cordeiro Jr., Horácio Costa, Benevides L. Barbosa, Olympio Hygino, Pedro Lyrio, Genezio 
Lopes, Gomes Netto, Manoel Augusto da Silveira, Moniz Freire, padre Antunes de Siqueira, 
Marins Jr., Mucio Teixeira, Emílio da Silva Coutinho e Candido Brizindor. 
Em 27 de janeiro de 1878, surge, na Capital, o Actualidade. Desapareceu com o falecimento 
de seu redator, ocorrido em 30 de outubro de 1879. Folha política, literária, comercial e órgão 
do Partido Liberal. Estava sob a direção do bacharel José Corrêa de Jesus, sendo seu editor 
Benedicto Ferreira de Carvalho. Era continuador das idéias pregadas no Jornal da Victória, União e 
Opinião Liberal. Tinha quatro páginas. 
Em 7 de agosto, começou a se denominar A Actualidade. Devido ao fato de que o expediente 
do Governo ocupava a maior parte das colunas, o Espírito Santense chamava-lhe o “órgão do 
expediente”. 
O primeiro número de Idéa, um semanário literário, saiu em 1º de setembro de 1878. Era de 
propriedade e redação dos tipógrafos de O Espírito Santense e durou até 1880. Afonso Cláudio 
e outros eram os seus colaboradores. 
Em 7 de setembro de 1878, surge, na Capital, o Sete de Setembro. 
Durou pouco, mas pelo menos um ano. Era literário e noticioso, e estava sob a redação de 
Amancio Pereira, Lydio Mululo e Pedro Lyrio, então estudantes do Atheneu Provincial. O papel 
verde e amarelo para imprimir o primeiro número foi emprestado por Pessanha Povoa, de A Gazeta 
da Victoria. 
Em 11 de abril de 1878, A Gazeta da Victoria anunciou o aparecimento de O Bonito. Seria um 
periódico “crítico e chistoso, para mostrar a calva de certos moços tesoureiros de 
sociedades quebradas e de outros pedantes”. 
Em 20 de julho de 1879, surge O Operário, na Vila de Itapemirim. 
Era um periódico comercial, agrícola e literário, que se declarava neutro na luta do partidos 
locais. O editor era Candido Gonçalves Pereira Lopes. Durou até 19 de dezembro de 1880. 
Em 15 de julho de 1880, aparece, na Capital, O Horisonte. Era do Partido Liberal. Durou até o 
número 36, de 6 de junho de 1885, sendo substituído por O Liberal. Quando A Gazeta da 
Victoria suspendeu a publicação dos atos oficiais, em março de 1882, O Horisonte começou a fazê-
lo. Tinha quatro páginas e era vespertino. 
Em 3 de junho de 1882, tornou-se matutino e passou a sair duas vezes por semana, às quartas e 
aos sábados. A tiragem era de 500 exemplares. Entre seus colaboradores estavam José 
Joaquim Pessanha Povoa, Elizeu Martins, Tiburcio de Oliveira, Cerqueira Lima, Paulo de Freitas e 
Manoel Rodrigues de Campos. 
Em 15 de março de 1882, o Província do Espírito Santo surge na Capital. Foi fundado por 
Cleto Nunes Pereira e José de Mello Carvalho Muniz Freire. Consagrava-se aos interesses da 
província e filiava-se à política liberal. Publicava-se inicialmente três vezes por semana e tinha 
quatro páginas. Em 3 de janeiro de 1883, tornou-se diário. 
Aos domingos, a primeira página era dedicada à literatura. Mantinha correspondentes no Rio 
de Janeiro, em São Paulo, Paris e nos municípios da província. Teve a primeira Marinoni 
(impressora rotativa, que imprimia 10 mil exemplares por hora, necessitando apenas de três 
operários) do Espírito Santo. Sua tiragem inicial era de mil exemplares, mas chegou a 1600 em 
1889. Com o advento da República, passou a se denominar Diário do Espírito Santo (1889) e O 
Estado do Espírito Santo (1890). 
Tinha como colaboradores José Joaquim Pessanha Povoa, Affonso Cláudio, Adelina Lyrio, 
Joaquim de Salles Torres Homem, Mucio Teixeira, Francisco Peçanha, coronel Augusto 
Calmon Nogueira da Gama, Ferreira Vianna, Adelino Fontoura, Tiburcio de Oliveira, Emilio daSilva Coutinho, Gama Rosa, Cerqueira Lima e Francisco de Lima Escobar Araújo. 
Na Vila do Itapemirim, surge, em de maio de 1882, A Gazeta do Itapemirim. Durou até 2 de 
novembro de 1884. Publicava-se aos domingos, com quatro páginas, e tinha como 
colaboradores Alvaro Mario Pacca, Amâncio Pereira, Antonio Hautequestt, A. 
Rodrigues, Candido Gonçalves Pereira Lopes, entre outros. 
Em 20 de agosto de 1882, foi criado O Pyrilampo, órgão da sociedade Amor às Letras, de 
estudantes do Atheneu Provincial. 
Era publicado duas vezes por mês e teve como redatores João Magalhães Junior, Aldano 
Paiva, Lydio Mululo e José Antonio Monjardim. Os colaboradores eram Amâncio Pereira, J. Lirio, 
B. 
Bastos, Pessanha Povoa, Jose Batalha Ribeiro, entre outros. 
Em 1º de setembro de 1882, foi lançado, na Capital, O Baluarte. 
Era um semanário literário, recreativo e noticioso, com quatro páginas. Entre os colaboradores 
estavam Ignácio Thomaz Pessoa, Aristides Freire e Francisco Amalio Grijó. 
Em 7 de setembro de 1882, surge O Mitra. Impresso na tipografia de O Horisonte, era um 
periódico satírico e humorístico, de redação de José Joaquim Pessanha Povoa. Publicou 16 
números, em quatro páginas. No mesmo ano, em 5 de outubro, surge O Filho, periódico crítico e 
literário. O nome se deveu à falta de caracteres para o cabeçalho. As existentes só davam para 
formar esse nome. 
Em 7 de janeiro de 1883, apareceu A Passagem de Vênus. Era um semanário crítico, literário e 
científico. Em 8 de julho, aparece A Folha da Victoria, publicado duas vezes por semana, em 
quatro páginas, com tiragem de 600 exemplares. Era político, comercial, agrícola, literário e 
noticioso. Tinha como colaboradores Candido Costa, Ubaldo Rodrigues, Adelina Lyrio, Tiburcio de 
Oliveira, entre outros. Durou até 24 de julho de 1890, sendo substituída pelo Federalista. 
Em 1º de novembro, surge o Vasco Coutinho, na Capital. Diziase alheio às lutas políticas e 
pertencia ao capitão Odorico José Mululo, sendo redatoriado por José Joaquim Pessanha Povoa. 
Deixou de circular em 16 de maio de 1884. 
Em 4 de fevereiro de 1884, edita-se, na Capital, o semanário Magnólia. Era dedicado às 
mulheres e impresso na tipografia do Vasco Coutinho. No mesmo ano, em 10 de fevereiro, surge A 
Meditação. 
Era de propriedade do Província do Espírito Santo e tinha como escopo a elevação do espírito 
de classe e a dignificação da arte. Em 3 de julho, surge O Arado, que tinha publicação bissemanal. 
Suspendeu a publicação no ano seguinte, sendo substituído por O Liberal. Em 6 de setembro, 
aparece O Porvir, um periódico literário, dedicado aos artistas. Já em 6 de outubro, é 
publicado Lúcifer, um jornal crítico e literário. 
Em agosto de 1884, foi publicado o primeiro Almanak Administrativo, Mercantil, Industrial e 
Agrícola da Província do Espirito Santo. 
Interrompeu a publicação em 1887 e reapareceu em 1889. Tinha auxílio do governo 
provincial. 
Em 12 de abril de 1885, foi criado O Constitucional, na Vila do Itapemirim. Em 25 de julho de 
1886, passou a ser publicado em Cachoeiro, onde findou em 25 de dezembro de 1889. Era 
político, agrícola e comercial, sendo órgão do Partido Conservador. 
Tinha quatro páginas e era publicado aos domingos. Em 1889, passou a ser bissemanal. 
Em 17 de junho, surge O Liberal, na Capital. Ele vem para substituir O Horisonte e O Arado. 
Como os anteriores, era órgão do Partido Liberal. Seus redatores foram José Joaquim Pessanha 
Povoa e Maximino Maia. Era publicado três vezes por semana, com quatro páginas. Em 16 de 
agosto do mesmo ano, é publicado O Athleta. O periódico circulava três vezes por mês e era 
redigido por membros da sociedade Amor às Letras, assim como O Pyrilampo. 
Em 1º de janeiro de 1886, circula o primeiro número de A Regeneração, em Anchieta. 
Em 2 de abril de 1889, publica-se O Semanal. Durou 44 números, até 18 de agosto de 1890. 
Era órgão dos alunos do Atheneu Provincial, redigido pelos estudantes Affonso de 
Magalhães, Enéas Tagarro e Sebastião Barroso. Em 18 de agosto, circula A Violeta, em Cachoeiro. 
Era um semanário literário, noticioso e recreativo. 
Suspendeu a publicação em agosto de 1890. Com o advento da República, o Província do 
Espírito Santo mudou de nome, para Diário do Espírito Santo. O primeiro número saiu em 23 
de novembro, com tiragem de 1600 exemplares. No ano seguinte, em 1º de janeiro, seria substituído 
por O Estado do Espírito Santo. 
O Estado tinha como redatores Moniz Freire e Cleto Nunes. Em 2 de outubro, tornou-se órgão 
do Partido Republicano Construtor e Cleto Nunes saiu da redação. Tinha tiragem de 1700 
exemplares e era impresso em quatro páginas. Foi órgão do Governo de março de 1892 a 1905 e 
cessou a publicação em 6 de agosto de 1911, devido a um empastelamento. 
Aos domingos, publicava uma página literária. Estavam entre seus colaboradores: Horacio 
Costa, José Joaquim Pessanha Povoa, Antonio Athayde, Affonso Cláudio, Ignácio Pessoa, 
coronel Augusto Calmon Nogueira da Gama, Argeu Monjardim, Manoel de Alvarenga, Graciano 
Neves, Olympio Lyrio, Henrique Cancio, Zozimo Fraga e Manoel Monjardim. 
Em 2 de fevereiro de 1890, publica-se O Lidador. Era um semanário literário, recreativo e 
noticioso, sob a redação de Phedro Daemon. Publicou 24 números, cessando em outubro do mesmo 
ano. Em março, circulou O Rouxinol, em Anchieta. Era dedicado às mulheres. 
O Diário Official do Estado Federal do Espírito Santo surgiu em 23 de maio. Foi criado pelo 
decreto de 20 de fevereiro de 1890, em vista da rescisão do contrato que o governo mantinha com 
O Estado do Espírito Santo para a publicação dos atos oficiais. Em 1891, passou a se denominar 
Correio Official do Estado Federal do Espírito Santo. 
Em 30 de julho, publica-se O Federalista, órgão democrático da União Republicana Espírito-
Santense. Publicava-se às quintas e aos domingos, com quatro páginas. Teve como 
colaboradores José Francisco Monjardim, Ricardo Vieira de Faria, entre outros. 
No dia 31, publicou-se O Pharol. Era um semanário, órgão do Partido Operário do Estado. 
Em 1º de janeiro de 1891, surge o Commercio do Espírito Santo. No ano seguinte, tornou-se 
órgão do Partido União Espírito-Santense. 
Em 18 de novembro de 1896, tornou-se órgão do Partido Republicano Federal. Em 20 de 
junho de 1904, criou a Seção Italiana, às quintas-feiras, com artigos de literatura, notícias, versos e 
outros interesses da colônia. Em 1º de janeiro de 1909, deixou de lado a feição partidária. Em 1912, 
passou a ser publicado com o nome de Commercio. Era um jornal diário de quatro páginas, com 
tiragem de 1500 exemplares. Trazia aos domingos uma página literária. Teve a colaboração de 
Antonio Aguirre, Antero de Almeida, Amâncio Pereira, Argeu Monjardim, Jose Monjardim, Luiz 
Adolpho Thiers Velloso, Bernardo Horta, Domingos Vicente, Manoel Augusto da Silveira, Affonso 
Magalhães, Lydio Mululo, Antonio Ferreira Coelho, Ricardo Vieira de Faria, entre outros. 
Em 1º de fevereiro de 1891, surge o Companheiro do Silencio, em Cachoeiro. Era um 
semanário, órgão do Partido Republicano- Construtor. Publicou 27 números, até 23 de julho. A 
partir do número , de 6 de agosto, passou a se denominar Affonso Cláudio, sendo publicado até 29 
de novembro. Ainda na primeira quinzena de fevereiro, surge o Amigo do Povo, em Anchieta. Em 
1º de abril, começa a ser publicado o Correio Official do Estado Federal do Espírito Santo, 
substituindo o Diário Official. No ano seguinte, passa a se chamar simplesmente Correio Official. 
Foi extinto pela Junta Governativa em 24 de março de 1892, por causa da despesa que causava. A 
tipografia, que custava 10 contos de Réis, foi vendida para O Estado do Espírito Santo, por três 
contos de Réis. 
Em 15 de agosto de 1891, publica-se

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