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Avaliação de Feridas

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Aspecto da ferida: avaliação de enfermagem
Adriana Rodrigues do Nascimento
Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem.
Maísa Namba
Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora.
RESUMORESUMORESUMORESUMORESUMO
Avaliação de uma ferida é algo extremamente complexo, pois existe uma gama imensa de
fatores que interferem no seu processo evolutivo, exigindo um olhar atento além de
conhecimento por parte do profissional. O portador da ferida deve ser avaliado
minuciosamente, considerando-se todos os aspectos envolvidos a fim de levar a um diagnóstico
correto e uma conduta eficiente. A literatura mostra que vários critérios devem ser adotados
para nortear a conduta profissional e garantir uma boa evolução da ferida. O presente trabalho
tem como objetivo descrever as variações do aspecto de uma ferida e sua evolução, ressaltando
a importância da utilização de um roteiro. Com uma esquematização de ações, o profissional
pode atuar de forma mais segura e eficaz.
Descritores: Feridas; Avaliação de enfermagem; Cicatrização; Ferimentos.
Nascimento AR, Namba M. Aspecto da ferida: avaliação de enfermagem. Rev Enferm UNISA 2009;
10(2): 118-23.
Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.118
REVISÃO
INTRODUÇÃO
A avaliação da ferida é uma parte fundamental do pro-
cesso de tratamento, permitindo uma tomada de decisões
correta acerca dos recursos a serem utilizados(1).
A avaliação realizada pelos enfermeiros constitui um pro-
cesso indispensável para o tratamento de feridas(2).
A tarefa de avaliar um portador de ferida é algo de grande
complexidade, requerendo do profissional um bom conhe-
ci-mento, pois a avaliação não é feita apenas daquilo que se
vê, pois aquilo que está oculto pode levar a diagnósticos
incorretos, promovendo lentidão no processo de cicatriza-
ção(3).
Destaca-se que a avaliação se mostra como uma forma
de subsidiar a elaboração e o desenvolvimento de um plano
de cuidados com estratégias de tratamentos mais adequa-
dos, reunindo ainda condutas terapêuticas visando uma cica-
trização eficaz e que promova conforto ao paciente(2).
A avaliação de uma ferida pode levar a interpretações
diferentes, levando-se em consideração a natureza, forma e
localização da ferida, além do conhecimento pessoal de cada
profissional(4).
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo des-
crever as variações do aspecto de uma ferida.
METODOLOGIA
A presente pesquisa é um estudo de revisão bibliográfica
voltado para os aspectos evolutivos de feridas e sua cicatri-
zação, através de um roteiro de avaliação, em bases de da-
dos LILACS e SciELO, com os seguintes descritores: feridas,
avaliação e enfermagem. Considerados 14 artigos, em por-
tuguês com recorte temporal de 2002 a 2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação do portador de ferida ocorre em dois mo-
mentos: aquele em que se avalia o estado de saúde e aquele
no qual é avaliada a lesão em si. Já a avaliação da ferida
implica na definição de uma conduta terapêutica, a qual sof-
re influência direta da história da ferida, como causa, tempo
de existência, presença ou ausência de infecção(3).
De um modo geral, na avaliação da ferida devem ser con-
siderados(1):
- História e exame subjetivo do cliente;
- Dados objetivos do cliente, como condições gerais, ex-
119Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.
ames laboratoriais e doenças associadas;
- Avaliação do risco, tendo como base as condições do
cliente e o local da lesão;
- Avaliação e classificação adequada da lesão, consideran-
do-se localização, tempo de evolução, medida do tamanho,
diâmetro, profundidade, vitalidade, do leito e do tecido ao
redor, presença de secreção e necrose, cor do leito da ferida,
sensibilidade da pele e comprometimentos da mesma;
- Diagnóstico adequado do tipo de ferida, suas ne-
cessidades e planejamento de ações.
A classificação das feridas constitui uma importante for-
ma de sistematização para a avaliação das mesmas. Os tipos
de feridas são(4-5):
- Feridas mecânicas: causadas por traumatismos exter-
nos, cortantes ou penetrantes;
- Feridas laceradas: tem margens irregulares, geralmente
produzidas por cacos de vidro ou arame farpado;
- Feridas químicas: causadas pela ação de ácidos, sais e
gases de base forte;
- Feridas térmicas: decorrentes do calor ou frio intenso;
- Feridas elétricas: causadas por raios ou contato com
objeto energizado;
- Feridas radioativas: causadas por longa exposição a raios
solares, raios-X ou outro tipo de radiação;
- Feridas incisas: produzidas por um instrumento cor-
tante;
- Feridas contusas: produzidas por ação contundente de
objetos, traumatizando as partes moles;
- Feridas perfurantes: produzidas por arma de fogo ou
faca;
- Feridas oncológicas: causadas por tumores de pele ou
metástases cutâneas;
- Úlcera arterial: feridas crônicas, procedentes de lesão
das artérias;
- Úlcera por pressão: a ferida surge em decorrência da
compressão entre uma proeminência óssea e uma super-
fície dura por um longo tempo;
- Úlcera venosa: ferida crônica nas pernas, decorrente de
insuficiência das veias da perna e da associação do refluxo de
sangue para as veias superficiais;
- Úlceras vasculogênicas: feridas crônicas de origem vas-
cular, proveniente de distúrbios circulatórios;
- Feridas vasculogênicas / pé diabético: ferida crônica dos
pés, decorrente de complicações da diabetes;
- Queimaduras: feridas decorrentes de processos de con-
tato com calor, eletricidade e congelamento;
- Fístulas: feridas causadas por infecção, traumas.
Avaliação da Ferida
Ao avaliar uma ferida é importante que o profissional
saiba se a cicatrização ocorrerá por primeira, segunda ou
terceira intenção, uma vez que a forma de cicatrização da
lesão sofre influência direta pela perda de tecidual. Assim,
discorrem acerca desse processo de cicatrização(3) :
- 1ª intenção ou primária: a cicatrização primária envolve
a reepitelização, na qual a camada externa da pele cresce
fechada.
- 2ª intenção ou secundária: é uma ferida que envolve
algum grau de perda
de tecido.
- 3ª intenção ou terciária: Ocorre quando intencional-
mente a ferida é mantida aberta para permitir a diminuição
ou redução de edema ou infecção ou para permitir a re-
moção de algum exsudato através de drenagem.
É extremamente importante fazer uma avaliação da fer-
ida, levando em consideração os fatores que podem influen-
ciar positiva ou negativamente a evolução das fases de cica-
trização, sendo eles(5-6) :
- Hematomas;
- Edemas;
- Condições de oxigenação e perfusão tissular;
- Corpo Estranho;
- Tecido Necrótico;
- Ressecamento;
- Estado Nutricional;
- Doenças Crônicas;
- Tabagismo;
- Drogas e Medicamentos;
- Outros fatores como a obesidade, idade avançada, pou-
ca mobilidade, pressão contínua sobre uma determinada
área ou lesão, complicações vasculares e pulmonares, hip-
ertensão venosa e insuficiência arterial;
- E Infecção.
Grau de Contaminação
É extremamente importante averiguar o grau de con-
taminação da ferida, pois orienta o tratamento com anti-
biótico e também fornece o risco de desenvolvimento de
infecção(8).
A ferida colonizada é aquela na qual a microbiota da pele
mantém um equilíbrio com o hospedeiro, sendo caracter-
izadas pela presença de múltiplos microorganismos, que não
provocam danos na ferida nem interrompem o processo de
cicatrização, pelo contrário parecem até favorecê-la(3,6).
Na colonização crítica a ferida apresenta uma carga bac-
teriológica bastante elevada, com presença de sinais de in-
fecção, como cicatrização lenta, mudança de cor do leito da
ferida, tecido de granulação mais frio ou ausente, presença
de mau odor, aumento da produção de exsudado e dor. Na
ferida infectada a carga bacteriológica vai aumentando até
provocar danos nos tecidos e alterações no sistema imu-
nitário da ferida e os sintomas são calor, rubor, edema, dor,
febre, mauodor e exsudado abundante e purulento(6).
A limpeza e a anti-sepsia no manejo das feridas são essen-
ciais para prevenção das infecções(1).
Biofilme
Os biofilmes são comunidades biológicas com um eleva-
do grau de organização, onde as bactérias formam comu-
nidades estruturadas, coordenadas e funcionais e são reves-
tidas por uma matriz extracelular, sendo formadas em duas
etapas(7):
- Primeira etapa: reversível, implantação de uma camada
de proteínas do hospedeiro que se formam sob a ferida.
- Segunda etapa: adesão intercelular e formação de mi-
crocolônias.
Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.120
O papel do biofilme na colonização de feridas aponta que
as bactérias aderem a um substrato e produzem uma ma-
triz onde formam microcolônias(6). A matriz do biofilme age
como um filtro, que retém minerais ou outros componentes
séricos produzidos pelo hospedeiro. Essa ação o torna firme-
mente aderido à superfície e altamente resistente ao trata-
mento antimicrobiano(9).
As bactérias têm sistemas de comunicação entre si, onde
as primeiras bactérias emitem sinais químicos juntando-as a
outras bactérias da mesma espécie nas microcolônias já ex-
istentes ou em novas, e algumas evidências apontam que
espécies diferentes se juntam nos microfilmes e levam maior
resistência a antimicrobianos, com uma espécie capaz de
degradar ou inativar o antibiótico eficiente(6-7).
A população microbiana de lesões crônicas parece ter
ambiente dinâmico, com influência de antimicrobianos e
interações sucessivas entre bactérias e cicatrização, e a
redução da suscetibilidade dos microorganismos do biofilme
podem ser explicadas por diversos fatores incluindo uma
baixa taxa de crescimento e metabolismo, inativação de an-
timicrobianos por substâncias produzidas e pouca pene-
tração do antimicrobiano no biofilme(6-7,10) .
A taxa de crescimento do biofilme é influenciada tam-
bém pelo volume de fluxo de líquido, nutrientes existentes
no líquido, concentração da droga antimicrobiana e tem-
peratura ambiente. As principais fontes desses microrganis-
mos podem ser a pele dos pacientes, profissionais de saúde,
água corrente ou outras fontes ambientais(11) .
Cicatrização
A reparação tissular permite a cura de uma ferida por
reparação ou regeneração dos tecidos afetados, mostran-
do-se através da fase inflamatória, seguida pela fase prolif-
erativa e finalmente a fase reparadora(5). Essas fases fazem
parte de um processo natural de cura, sendo:
- Fase Inflamatória: nesta fase há presença de sinais tópi-
cos do processo inflamatório, como dor, calor, rubor, ede-
ma e perda da função local, iniciando-se com a ruptura de
vasos sanguíneos e o extravasamento de sangue. A lesão de
vasos sanguíneos é seguida rapidamente pela ativação da
agregação plaquetária e da cascata de coagulação, resultan-
do na formação de moléculas insolúveis de fibrina e hemo-
stasia. Durante este processo ocorre o recrutamento de
macrófagos e neutrófilos, ou seja, ocorre reação completa
do tecido conjuntivo vascularizado em resposta à agressão
do tecido, cujo objetivo é interromper a causa inicial carac-
terizada pelos sinais tópicos descritos.
- Fase Proliferativa: ocorre o desenvolvimento de um tec-
ido novo denominado tecido de granulação, o qual é propi-
ciado pelo aumento da concentração de oxigênio no leito da
ferida. Esta fase também é caracterizada pela neovascular-
ização proliferação de fibroblastos, com formação de tecido
róseo, mole e granular na superfície da ferida. Porém, a for-
mação do tecido de granulação é estimulada por níveis baix-
os de bactérias na ferida, mas é inibida quando o nível de
contaminação é elevado.
- Fase Reparadora: é a fase final de cicatrização de uma
ferida que se caracteriza pela redução e pelo fortalecimento
da cicatriz. Durante esta fase, os fibroblastos deixam o local
da ferida, a vascularização é reduzida, a cicatriz se contrai e
torna-se pálida e a cicatriz madura se forma em um período
de 3 semanas a 1 ano a mais). O tecido cicatricial sempre vai
ser menos elástico do que a pele circundante.
Dor
Em quadros com comprometimento venoso a dor pode
estar associada à vasculites; em situações crônicas a dor se
agrava com o frio. Nos casos de comprometimento arterial
aguda, a dor surge de forma repentina, e por isso deve ser
avaliada criteriosamente já que pode ser um diferencial no
diagnóstico. É estabelecido uma graduação de avaliação para
a dor em feridas, que varia de 0 a 3. O paciente informa o
escore de dor, segundo avaliação própria, após ser esclarec-
ido a correspondência de cada valor(3):
- 0 – ausência de dor;
- 1 – leve: dor sem demanda de analgésico;
- 2 – moderada: dor com demanda de analgésico relativa;
- 3 – intensa: dor com demanda de analgésico em horári-
os específicos.
No entanto, há uma variação de 0 a 10 que traz uma
mensuração da dor em uma forma de graduação na qual é
baseada na avaliação comportamental do paciente através
da Escala Comportamental (EC)(12):
- 0 – Dor ausente ou sem dor;
- 3 - Dor presente, havendo períodos em que é esquecida;
- 6 - A dor não é esquecida, mas não impede de exercer
atividades da vida diária;
- 8- A dor não é esquecida, e atrapalha todas as atividades
da vida diária, exceto alimentação e higiene;
- 10- A dor persiste mesmo em repouso, está presente e
não pode ser ignorada, sendo o repouso imperativo.
A dor e a ansiedade estão intimamente relacionadas sen-
do que o medo da dor pode provocar ansiedade no paciente,
sendo importante para uma boa cicatrização das feridas, o
monitoramento e tratamento adequado da dor(9).
Pele ao redor da ferida
As características da pele ao redor da ferida também de-
vem ser observadas, pois a mesma pode auxiliar no diagnós-
tico diferencial das úlceras de membros inferiores, indican-
do uma reação inflamatória exacerbada e abrindo margens
para verificar a presença de quadro infeccioso. A pele com
coloração rosada é considerada de aspecto normal e as feri-
das com a pele ruborizada podem indicar sinais de infecção(3).
A presença do edema está relacionada com uma alter-
ação de temperatura, além de ter ainda uma associação com
uma reação inflamatória, a qual afeta tecidos profundos e a
pele. O edema interfere na proliferação celular e na síntese
protéica, diminuindo o fluxo sanguíneo e o metabolismo
local, favorecendo a necrose celular e o crescimento bacteri-
ano(8,13).
O eczema é uma lesão da pele decorrente de sua in-
flamação e inicia-se pelo aparecimento à superfície da pele
com eritema e edema. Pode ocorrer um acúmulo de líquidos
em pequenas vesículas, das quais um líquido seroso é secre-
tado favorecendo a formação de crosta(3).
121Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.
Profundidade da ferida
Para medir a profundidade da ferida também é utilizada
uma espátula estéril no ponto mais profundo da lesão e
posteriormente a medida com régua, ou ainda o preenchi-
mento da cavidade da lesão com soro fisiológico 0,9%, aspi-
rando com seringa o conteúdo e computando em milímetro
o valor preenchido, realizando uma comparação com o vol-
ume gasto e dos demais em momentos distintos(3).
As feridas podem ou não acarretar em perda tecidual e,
no caso de perdas o profissional deve fazer uma avaliação
criteriosa e objetiva. O método de estadiamento da lesão é
utilizado na classificação de úlceras por pressão, nas quais
tem os seguintes estágios(3,8,14).
- Úlceras de estágio 1 ou superficiais: aquelas nas quais
não há perda tecidual, a pele fica avermelhada, não se rompe,
a mácula eritematosa fica bem delimitada, atingindo a epi-
derme.
- Úlceras de estágio 2: aquelas nas quais a perda tecidual
envolve a epiderme, a derme ou ambas, apresentando-se
em forma de abrasão, apresentando ulceração ou bolhas.
- Úlceras de estágio 3: apresentam comprometimento
do tecido subcutâneo, sem atingir a fáscia muscular.
- Úlceras de estágio 4: aquelasque apresentam compro-
metimento do tecido muscular e adjacentes, como tendão,
cartilagem e osso, ocorrendo uma perda total da pele.
Borda da ferida
A borda da ferida é muito importante ser avaliada, pois
através do aspecto da mesma, o diagnóstico pode ser defini-
do com mais precisão, sendo imperativo no tratamento
apropriado(3).
A borda macerada aponta para o amolecimento da pele
circundante devido ao excesso de drenagem ou contato de
fluidos na pele intacta, e pode ocorrer devido a tratamento
inadequado ou ao aumento do exsudado devido a mudanças
no tecido da ferida. Em relação à borda desnivelada as mar-
gens da lesão podem indicar insuficiência tecidual de base
para a migração de células epiteliais. A borda fibrosa apre-
senta um tecido de coloração amarela ou branca, que adere
ao leito da ferida e se apresenta como cordões ou crostas
grossas, podendo ainda ser mucinoso(14).
É extremamente importante o monitoramento da di-
mensão da ferida, com vistas a documentar de forma mais
fidedigna possível a evolução do processo de cicatrização,
devendo especificar o comprimento, a largura, a circunfer-
ência e a profundidade da lesão em centímetros, bem como
documentar a evolução de feridas através de fotografias, as
quais podem ser anexadas ao processo do cliente, sendo
avaliada posteriormente pelo médico e transferida para um
banco de dados no computador como um registro do pa-
ciente ao longo do tempo(3,14). As questões técnicas de fo-
tografia como a iluminação, a distância e o posicionamento
adequado do paciente são pontos fundamentais para a
captação da imagem fotográfica. Outro aspecto importante,
nesta prática é o consentimento dos pacientes, assegurando
os aspectos éticos e legais(14).
Ainda referente a mensuração, com o auxilio de uma
régua, é possível medir a largura e o comprimento da ferida,
e para calcular a área em cm2, é necessário multiplicar a
maior largura x maior comprimento, onde o comprimento
estará se referindo a medida no sentido vertical (cefalo-cau-
dal) e a largura à medida horizontal. A mensuração em cm3
refere a medida do comprimento x largura x profun-
didade(5,14) .
Outras técnicas também são utilizadas ( 15):
- Filme transparente quadriculado: onde o filme é coloca-
do sobre a lesão e então são contados todos os cruzamen-
tos entre as linhas verticais e horizontais. Quando o quad-
riculado for de 1cm, cada ponto valera 1 cm2; quando for de
0,5 cm, dividir o valor final por 4.
- Filme Transparente: este filme deve ser aplicado sobre a
lesão e com uma caneta porosa, é feito um contorno ao
redor de toda a área da ferida. Inclusive as cavidades sub-
cutâneas devem ser pontilhadas. A lesão pode ser dividida
em quatro quadrantes para determinar a porcentagem de
áreas comprometidas ou granuladas.
Quanto às dimensões(14):
- Pequena: menor que 50 cm²;
- Média: maior que 50 cm² e menor que 150 cm²;
- Grande: maior que 150 cm² e menor que 250 cm²;
- Extensa: maior que 250 cm²
Leito da Ferida
Ao avaliar o leito da ferida, é importante definir a viabil-
idade do tecido que se apresenta no mesmo. Há dois tipos
de tecido, sendo viável e inviável. O tecido viável é aquele
formado no processo de cicatrização, visando à reconstitu-
ição epitelial da área lesada, trata-se(3,6):
- Granulação: tecido granuloso, vermelho vivo, brilhante,
úmido, ricamente vascularizado.
- Epitelização: revestimento novo, rosado e frágil.
Já o inviável é tecido necrótico, constituído por difer-
entes materiais orgânicos, podendo se apresentar de diver-
sas formas(3,6).
- Necrose de coagulação ou necrose seca (escara) carac-
terizada como uma capa ou crosta de camadas de tecidos
ressecados e comprimidos, geralmente com consistência dura
e seca, podendo ser macia conforme o grau de hidratação da
mesma.
- Necrose de liquefação ou necrose úmida: amolecida, car-
acterizada pelo tecido amarelo/ esverdeado, quando a lesão
apresentar infecção ou presença de secreção purulenta.
- Desvitalizado ou fibrinoso (esfacelos): faz referência ao
tecido amarelado, esbranquiçado, acinzentado, necrosado,
de consistência mais delgada, macia, podendo estar firme-
mente ou frouxamente aderido ao leito e bordas, apresen-
tado como cordões, crostas ou mucinoso, sendo formado
por bactérias, fibrina, elastina, colágeno, leucócitos intactos,
fragmentos celulares, exsudato e grandes quantidades de
DNA .
O sistema Red/Yellow/Black (RYB) que especificam o tipo
de tecido no leito da ferida(1).
De acordo com o sistema RYB, temos:
- Feridas vermelhas: predomínio do tecido de granulação
e novo epitélio, favorecendo o ambiente úmido, protegen-
do os tecidos e prevenindo a infecção;
Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.122
- Feridas amarelas: apresentam exsudato fibroso e seus
tecidos são moles e desvitalizados, podendo estar coloniza-
das, o que favorece a instalação de infecções.
- Feridas pretas: apresentam necrose do tecido, com for-
mação de escara espessa e necessitando remoção do tecido
necrosado com a máxima rapidez e eficácia através do des-
bridamento.
Os métodos de desbridamento podem ser(5-14):
- Instrumental: utilizam-se materiais cortantes como te-
souras, lâminas de bisturis e outros. É indicado para remov-
er grande quantidade de tecidos ou em extrema urgência.
- Mecânico: envolve curativos úmidos a secos, utilizados
normalmente em feridas com excesso de tecido necrótico e
secreção mínima. Esse método utiliza a força física, poden-
do lançar mão do uso de gazes ou esponjas macias (fricção);
irrigação através da força gerada pelo fluído pressurizado; e
através da hidroterapia , onde o debridamento ocorre pela
hidratação e pela ação vigorosa promovida pela água sobre
os tecidos.
- Autolítico: através de um processo fisiológico, o qual o
ambiente é mantido
úmido estimulando as enzimas auto-digestivas do corpo.
- Químico: agentes enzimáticos é um método seletivo de
desbridamento, onde as enzimas são aplicadas topicamente
às áreas de tecido necrótico, fragmentando os elementos
presentes. As enzimas digerem somente o tecido necrótico
e não agridem o tecido saudável.
Exsudato
O exsudato é o líquido inflamatório extravascular com
concentração protéica elevada e grande quantidade de res-
tos celulares(5). A presença de exsudato no leito da ferida é
uma reação natural do processo de cicatrização, sendo
freqüente na fase inflamatória, devido o extravasamento
de plasma, em decorrência da vasodilatação dos pequenos
vasos, provocada por traumas. Portanto é de suma im-
portância avaliar cor, volume, consistência e odor do exsu-
dato, pois subsidirão no diagnóstico diferencial da ferida e
de infecção(3).
Com referência ao odor o exsudato pode ser inodoro
(sem cheiro) ou fétido. São destacados três tipos de exsuda-
to(3,5):
- Seroso: plasmático, aquoso, transparente e encontrado
nas lesões limpas.
- Sanguinolento: avermelhada, indicativo de lesão vascu-
lar.
- Purulento: espesso, coloração amarelada, esverdeada,
achocolatada (marrom), conforme o processo de infecção.
A mensuração do exsudato é anotada por muitos profis-
sionais por pequena, média e grande quantidade, porém
esta forma torna a avaliação subjetiva e não confiável. A
mensuração de gazes molhadas retiradas no curativo ante-
rior pode ser um método mais preciso, onde é possível ob-
ter os seguintes volumes(14):
- Pouco: até 05 gazes;
- Moderado: de 05 a 10 gazes;
- Acentuado: mais de 10 gazes.
Odor
O odor é proveniente de produtos aromáticos produzi-
do por bactérias e tecidos em decomposição. O sentido do
olfato pode auxiliar no diagnóstico de infecções (microor-
ganismos) na ferida(9).
CONCLUSÃO
Ao descrever as variações do aspecto de uma ferida e
todos os fatores que envolvem o seu processo de evolução e
cura, ficou evidente a importância de verificar de forma cri-
teriosa a forma como a mesma se apresenta.
Dessa forma faz se necessárioque o profissional de enfer-
magem tenha uma ação baseada em técnicas eficazes, não
devendo ter uma visão centralizada, mas sim totalitária da
situação em que se encontra a ferida. Ao estabelecer critéri-
os avaliativos, o profissional permite conduzir o tratamen-
to de forma mais dinâmica, e tal conhecimento também
fornece uma base importante para uma avaliação correta, o
que conduz a utilização de técnicas adequadas, contribuin-
do para uma evolução significativa dentro do processo de
cicatrização.
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feridas_e_curativos.html
123Rev Enferm UNISA 2009; 10(2): 118-23.
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enfermagem nos procedimentos de coleta para análise
microbiológica de feridas: aplicabilidade de duas
técnicas. Ciência Saúde 2004; 11(3):137-41.

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