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Aleitamento Materno Alimentação complementar nos primeiros anos de vida Prof.Enf.Esp. Tailma S. Lino A alimentação é um requisito essencial para promoção da saúde da criança, de forma que esse tema deve estar integrado no cuidado prestado à criança. Nos primeiros anos de vida da criança a alimentação apresenta repercussões para toda a vida de um individuo, pois é um período crucial para o desenvolvimento de hábitos alimentares. Uma alimentação saudável ou uma “boa prática alimentar” foi definida por especialistas como a ingestão de alimentos adequados em quantidade e qualidade para suprir as necessidades nutricionais, permitindo um bom crescimento e desenvolvimento da criança. (SOCIEDADE..., 2006; WHO, 2002) A abordagem da criança pela equipe de saúde deve destacar a importância dos hábitos alimentares na promoção da saúde. Maus hábitos alimentares aumentam a possibilidade de: • Deficiências nutricionais; • Doenças crônicas; • Sobre peso; • Obesidade. Que podem ter um efeito pior quando associado a condições socioeconômicas precárias e a doenças infecciosas. Uma alimentação saudável se inicia com o aleitamento materno (BRASIL, 2004), que isoladamente é capaz de nutrir de modo adequado a criança nos primeiros 6 meses de vida. Já a partir dos 6 meses de vida, devem ser introduzidos alimentos complementares ao aleitamento materno, por dois anos ou mais (WHO, 2001). A situação do aleitamento materno no Brasil tem melhorado. Estudos mostram que a tendência de aumento da prática da amamentação é progressiva e persistente, porém ainda há espaço para melhorias. Uma Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal, realizada em 2008, constatou os seguintes indicadores: • Amamentação na primeira hora de vida – 67,7%; • Aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses – 41%; (mediana de aleitamento materno exclusivo – 54 dias) • Prevalência de aleitamento materno em crianças de 9 a 12 meses – 58,7% (mediana de aleitamento materno – 11,2 meses) Os profissionais de saúde devem disponibilizar o tempo que for necessário para dar apoio à mãe e ao seu bebê durante o início e a manutenção da amamentação. O aconselhamento comportamental e a educação para a prática de aleitamento materno são procedimentos recomendados. Eles podem ser iniciados desde a primeira consulta de pré-natal. O apoio à amamentação deve ser disponibilizado independentemente do local de prestação de cuidados. Além disso, as mães devem receber informações de como buscar suporte à prática de amamentar. Os cuidados com o aleitamento materno devem ser iniciados durante a gestação. Durante as consultas de pré-natal pode-se verificar com a mãe: Ela está amamentado pelo primeira vez? Se não é a primeira vez, como foi da primeira? A mãe dela amamentou? E outras parentes? O que a mãe dela, sua família e seu marido “acham” de amamentar? Para que a nutriz esteja preparada para superar as dificuldades e implementar a prática da amamentação, atividades promotoras do aleitamento materno devem ser realizadas durante o pré-natal. O ideal é planejar um programa que inclua atividades tanto para identificar comportamentos favoráveis como para indicativos de dificuldades para o aleitamento materno. Levantar conhecimentos, atitudes, crenças e experiências maternas relacionadas à amamentação, ouvir as preocupações e dificuldades das mulheres com a amamentação e proporcionar ajuda para superá-las. Examinar as mamas para identificar mamilos planos ou invertidos e indicar procedimentos apropriados para solucionar o problema. Implementar um programa educativo que contemple assuntos relacionados a amamentação: • vantagens da amamentação/demanda livre; • técnicas de amamentação e orientação quanto à pega, posição e ordenha. Identificar situações de risco indicativas de dificuldade na implementação da amamentação: • falta de experiência anterior; • desmame precoce de filho anterior • mãe adolescente • problemas anteriores com a mama. Embora o recém-nascidos normais a termo apresentem o reflexo de sucção, o ideal é que a criança seja colocada para sugar o seio na primeira meia hora de vida. A realização de visita domiciliar na primeira semana após o parto e no primeiro mês, são fundamentais para favorecer a implementação do aleitamento materno, pois muitas mães , apesar das diferentes alegações apresentadas pelas mães para a interrupção da amamentação, uma das questões sempre presentes é necessidade de apoio para a consecução da amamentação. Recomendações para estabelecimento do aleitamento materno • Iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto para estimular a descida mais rápida do leite e assegurar que o bebê receba o colostro; • Amamentar com freqüência, demanda livre; • Não oferecer nenhum outro alimento ou líquido nos primeiros 6 meses, como água, solução glicosada ou açucarada, chás, entre outros. Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma adequada. BOA POSIÇÃO BOA PEGA PESCOÇO DO BEBÊ ERETO OU UM POUCO CURVADO PARA TRÁS, SEM ESTAR DISTENDIDO. CORPO DO BEBÊ VOLTADO PARA O CORPO DA MÃE. BARRIGA DO BEBÊ ENCOSTADA NO TÓRAX DAMÃE. TODO CORPO O CORPO DO BEBÊ COM SUSTENÇÃO. BEBÊ E MÃE CONFORTÉVEIS. BOCA BEM ABERTA. QUEIXO TOCANDO O SEIO. LÁBIO INFERIOR VOLTADO PARA FORA. MAIS ARÉOLA VISÍVEL ACIMA DA BODA DO QUE ABAIXO. MÃE SEM DOR NO MANILO DURANTE A AMAMENTAÇÃO. Avaliação da adequação da sucção VERIFICAR SE AS BOCHECHAS ESTÃO SE RETRAINDO EXPRESSIVAMENTE. SE ISSO OCORRER, A SUCÇÃO É INEFICAZ. LOCALIZAR A LÍNGUA POR PALPAÇÃO. ELA PODE ESTAR ENROLADA, EM VEZ DE ESTAR EMBAIXO DO MAMILO E DA ARÉOLA. OBSERVAR O RUÍDO QUE A CRIANÇA FAZ AO SUGAR. UMA BOA SUCÇÃO É ACOMPANHADA DE UM FORTE RUÍDO. O RUÍDO SUAVE INDICA PROBLEMA. ALIMENTAÇÃO DOS PRIMEIROS ANOS DA CRIANÇA Avanços importantes surgiram no campo da alimentação infantil nos últimos 20 anos. Por essa razão, muitos conceitos e recomendações que fizeram parte da prática profissional estão ultrapassados. Fases da alimentação nos primeiros dois anos de vida FAIXA ETÁRIA FASES 0 – 6 MESES ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO. 6 MESES – 12 MESES INTRODUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO EXCLUSIVA. 12 MESES – 24 MESES PERÍODO DE ADULTO MODIFICADO. A alimentação complementar é definida como alimentação oferecida à criança em adição do leite materno. Quando especialmente preparados para a criança, tais alimentos são denominados alimentos de transição, ou podem estar presentes na alimentação da família, modificada para atender às habilidades e necessidades da criança Somente a partir das 6 meses de vida as necessidades nutricionais da criança não são mais supridas apenas com leite materno. Além disso , é a partir dessa idade que a maioria das crianças atingem um estágio de maturidade fisiológica e neurológica que a habilita a receber alimentos semi-sólidos: • apresenta mais reflexo de protrusão, que facilita a ingestão dos alimentos; • seu organismo passa a produzir enzimas digestivas em quantidades suficientes; • quando sentada, sustenta o pescoço, facilitado a alimentação com a colher; • além de demonstrar interesse ou não com movimento da cabeça. RISCOS ASSOCIADOS À INTRODUÇÃO PRECOCE OU TARDIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Introdução precoce de alimentos complementares aumentam: • riscos de diarréias e outras infecções • riscos de déficit nutricional • associada ao desenvolvimento de doenças, como asma, hipertensão, obesidade e diabetes mellitus tipo 1 A introdução da alimentação complementaré precoce há evidências de que a alimentação é monótona, acompanhada de alimentos de baixa densidade energética e pobres em micronutrientes, constituindo um grave problema para a saúde infantil. Introdução tardia da alimentação complementar está associada à: • retardo no crescimento infantil; • deficiência de micronutrientes. OBS.: Postergar a introdução de alimentos potencialmente alérgicos Evitar o uso de mel em menores de 12 meses, uma vez que pode conter esporos de Clostrididuim botulinum. CUIDADOS BÁSICOS NA INTRODUÇÃO DOS ALIMENTOS COMPLEMENTARES OFERECER O ALIMENTO NOVO EM PEQUENA QUANTIDADE, AUMENTO GRADATIVAMENTE. NUNCA INTRODUZIR MAIS DE UMA MODIFICAÇÃO AO MESMO TEMPO, OU SEJA, INTRODUZIR UM ALIMENTO POR VEZ, A CADA 3 A 7 DIAS. EM CASO DE RECUSA, NÃO FORÇAR. VLOTAR A OFERECER O ALIMENTO DE OUTRA FORMA E EM OUTRA OCASIÃO. COM A INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS, OFERECER ÁGUA À CRIANÇA NOS INTERVALOS. INCLUIR ALIMENTOS DISPONÍVEIS PARA A FAMÍLIA, ASSEGURANDO CONSISTÊNCIA E DENSIDADE ENERGÉTICA ADEQUADAS. Evidências cientificas indicam que crianças amamentadas tendem a ter uma aceitação mais facilitada de novos alimentos, visto que os compostos químicos que dão sabor e aroma aos alimentos consumidos pela mãe são repassados , à criança pelo leite materno “acostumando” precocemente a criança aos hábitos familiares ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇA DE 8 A 12 MESES DE VIDA ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇA A PARTIR DE 12 MESES DE VIDA O volume mínimo oferecido à criança por refeição deve ser o equivalente a seis colheres de sopa. É importante que à criança deixe resto no prato, para que tenha certeza que consumiu o suficiente. A criança deve ter o auxílio de um adulto para comer, mas deve ter sue próprio prato e talher adequado. A criança deve comer a maior parte de uma refeição (cerca de 8 colheres de sopa). A medida que a criança cresce, a alimentação é cada vez mais um acontecimento social. Assim deve-se levar isso em conta e consideração que a criança aceitará (ou não) os alimentos de acordo com aceitação dos adultos ou das outras crianças. PREPARO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR A introdução de alimentação complementar aumenta a possibilidade de doenças, sobretudo as diarréicas, principal causa de morbidade e mortalidade a partir do dos 6 meses. Os principais problemas relacionados são: • contaminação da água • alimentos durante o preparo e às condições higiênicas e de conservação inadequadas LAVAR AS MÃOS COM ÁGUA E SABÃO, INCLUSIVE DA CRIANÇA, ANTES DE PREPARAR E OFEECER ALIMENTOS. LAVAR BEM OS UTENSILIOS E OS LOCAIS DE PREPARO E ADMINISTRÇÃO DOS ALIMENTOS. LAVAR BEM AS FRUTAS E HOTALIÇAS, MESMO AQUELAS QUE NÃO FOREM CONSUMINDAS COM CASCA. USAR ÁGUA FILTRADA E FERVIDA PARA O PREPARO DAS REFEIÇÕES E PARA OFERECER À CRIANÇA. PREPARAR QUANTIDADE SUFICIENTE PARA APENAS UMA REFEIÇÃO E SERVIR LOGO APÓS O PREPARO. NÃO OFERECER RESTOS DA REFEIÇÃO DO DIA ANTERIOR À CRIANÇA ALIMENTAR A CRIANÇA COM COLHER, PRATO E COPO NÃO USAR MAMADEIRA. EM RELAÇÃO AO PREPARO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, HÁ QUE SE DESTACAR AS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS.. Alimentação de crianças de 6 a 7 meses Não ofertar alimentos em consistência rala Alimentação de crianças de 8 a 12 meses Pode iniciar alimentação familiar desde que não tenham sido preparados com condimentos muito fortes. Alimentação de crianças a partir de 12 meses Os alimentos devem ser gradualmente oferecidos em pedaços um pouco maiores SELEÇÃO DOS ALIMENTOS COMPLEMENTARES Cereais e derivados (arroz, milho, macarrão, pães, biscoitos): alimentos ricos em carboidratos, constituem uma excelente fonte de energia. São alimentos de base importantes na alimentação complementar. Deve-se aconselhar o uso de farinhas com ferro. Tubérculos (batata-doce, batata inglesa, mandioca, inhame): são alimentos básicos da alimentação complementar em algumas regiões brasileiras. Carnes (boi, ave, peixes): são mais caras e nem sempre são utilizadas na alimentação complementar, mas é importante oferecê-las, mesmo pequena quantidade. Eles fornecem proteína de alto valor biológico e ferro heme, além de contribuir para o aumento da absorção do ferro de origem vegetal. O fígado é um excelente fonte de ferro e vitaminas lipossolúveis. Ovos: a gema pode ser utilizada na indisponibilidade de carne, porém contem ferro de baixa biodisponibilidade e ainda tem substâncias que diminuem a absorção do ferro de outro alimentos. A clara é contra-indicada no primeiro anos de vida por conta do elevado poder alergênico. Leguminosas (feijão, ervilha, lentinha, soja e grão de bico): são ricas em proteínas e fornecem carboidratos e ferro não heme. Têm função importante na alimentação complementar Hortaliças (cenoura, chuchu, abóbora, abobrinha, brócolis, couve, agrião, repolho, vagem, couve-flhor, acelga, escarola, beterraba, etc..) constituem uma fonte importante de vitaminas, minerais e fibras. Frutas (laranja, mamão, banana, maçã, abacaxi, limão, melancia, melão, morango, maracujá, acerola, caju, abacate, kiwi etc...) : constituem ma fonte importante de vitaminas, minerais e fibras. Complementam a alimentação da criança, principalmente em relação à vitamina C e A. contêm substâncias que melhoram a absorção do ferro e, portanto, são indispensáveis na dieta da criança após os seis meses de vida. Óleos e gorduras (óleo vegetal, manteiga e margarina): são uma fonte importante de calorias em razão da alta densidade energética. Tornam o alimento mais saboroso e macio, porém deve-se evitar frituras para crianças menores de 2 anos. AÇÚCARES E DOCES: deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida, trata- se de caloria vazia, contribuem também ara a formação de caries. CAFÉ: diminui a absorção do ferro e a cafeína pode irritar a mucosa gástrica, alem de agir como estimulante. CHÁ: chá mate e preto contêm tanino e polifenóis, que interferem na absorção do ferro, estudos comprovam que lactentes que consomem chá diariamente tem maior chance de ter anemia. REFRIGERANTES: são contra-indicados por não contribuírem em termos nutricionais, diminuem a absorção de ferro, é irritante gástrico e leve a hábitos inadequados CHOCOLATES: contra-indicados pelo risco de alergia e diminui a absorção de ferro. ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS: contêm aditivos alimentares, como corantes, conservantes e estabilizantes, que podem ser nocivos ao organismo da criança. Enlatados podem estar contaminados por chumbo COMBINAÇÃO BÁSICA CRERAL OU TUBÉRCULOS LEGUMINOSAS COMBINAÇÃO COMPLETA CEREAL OU TUBÉRCULO CARNE OU LEGUMINOSAS HORTALIÇAS FRUTAS ÓLEO VEGETAL COMUMENTE UTILIZADA, MAS DEFICIENTE EM VITAMINAS E MINERAIS COMBINAÇÃO QUE SATISFAZ AS NECESSIDADE NUTRICIONAIS DA CRIANÇA
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