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Avanço Global na Contenção Laboratorial do Poliovírus Selvagem – Julho de 2001 – Agosto de 2002 Desde que a Assembléia Mundial de Saúde lançou a Iniciativa Para Erradicação global da Poliomielite em 1988 (ver quadro), o número de países nos quais o poliovírus é endêmico tem diminuído de 125 para 10 em 2001. Três das seis regiões da Organização Mundial de Saúde (OMS) (Américas, Europa e Pacífico Ocidental) têm sido certificadas como livres da transmissão do poliovírus selvagem (1-4). A Comissão global para a Certificação da Erradicação da Poliomielite declarará o mundo livre de pólio quando todas as regiões tiverem documentado a ausência de transmissão do poliovírus selvagem por pelo menos 3 anos consecutivos e quando os laboratórios com materiais contendo o poliovírus selvagem tiverem implementado apropriadamente as condições de contenção (5). Este relatório descreve as preparações para a contenção laboratorial e a criação de um inventário global de laboratórios e instituições que retêm o poliovírus selvagem e sumariza o avanço global desde julho de 2001 (6). Os dados indicam que avanço substancial tem sido feito na identificação dos laboratórios com materiais contendo o poliovírus selvagem e na realização de inventários nacionais de poliovírus selvagem. Em 1999, a Assembléia Mundial de Saúde recomendou que todos os estados membros iniciassem o processo de contenção do poliovírus selvagem em laboratório (7). Até agosto de 2002, um total de 138 (64%) de 214 países e áreas tinha designado forças- tarefa nacionais para as atividades de contenção laboratorial, comparado com 110 (51%) em junho de 2001 (6); 121 (57%) países e áreas estavam realizando inquéritos de laboratórios, e 76 (36%) tinham concluído inquéritos e enviado inventários nacionais para as comissões regionais de certificação (Figura), comparado com 11 (5%) em junho de 2001. Esses inventários já identificaram 1.242 laboratórios com materiais de poliovírus selvagem (Tabela). As atividades de contenção laboratorial são da mais alta prioridade naquelas regiões que têm sido certificadas como livres da transmissão do poliovírus selvagem. Nas Américas, os inquéritos laboratoriais estão em andamento em 14 (29%) dos 48 países da região. O Canadá concluiu um inquérito de aproximadamente 1.700 instituições em 2001 e está seguindo com 22 (1%) laboratórios que notificaram que possuem materiais contendo o poliovírus selvagem. Em 2002, os Estados Unidos concluiu um inquérito piloto de 306 instituições com 2.951 laboratórios, 47 (2%) dos quais notificaram a retenção de Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 98/11/2002 2 materiais contendo o poliovírus; em outubro de 2002, um inquérito em toda a nação iniciou em 30.097 clínicas, 450 instituições acadêmicas, 637 instituições biomédicas, 56 departamentos estaduais e locais de saúde, e 12 departamentos do governo federal. A conclusão do inventário é esperada para o meado de 2003. FIGURA. Países realizando e notificando inquéritos nacionais laboratoriais para identificar laboratórios contendo materiais com poliovírus selvagem, julho de 2001 – agosto de 2002. Em 2001, as atividades de contenção na Região Européia foram aceleradas em antecipação da certificação livre de pólio da região em junho de 2002 (4). Cada dos 51 países da região tem estabelecido uma força-tarefa nacional, criado um plano de ação, compilado uma lista de laboratórios, e iniciado um inquérito nacional, e 41 (80%) países têm enviado inventários nacionais para a Comissão Regional de Certificação. Os 10 (20%) países que ainda não têm enviado inventários são nações da Europa Ocidental altamente industrializadas que enfrentam desafios logísticos substanciais quanto ao contato de um amplo número de instituições biomédicas. Em 2001, a Alemanha aprovou legislação requerendo que os laboratórios com materiais de poliovírus selvagem concordem com o inquérito e com os procedimentos recomendados de biossegurança. Aproximadamente 3.500 instituições foram identificadas e inquiridas; a taxa de resposta foi 100%. Conteúdos de aproximadamente 7.000 freezers foram revisados. Os materiais contendo poliovírus selvagem foram notificados em 54 (2%) laboratórios, 26 (48%) deles em instituições acadêmicas; 30 (56%) laboratórios destruíram os materiais, e 24 (44%) os retiveram sob condições de biossegurança exigidas. No Pacífico Ocidental, a primeira região OMS a iniciar as atividades de contenção, 31 (86%) de 36 países já enviou inventários nacionais; 69 de 13.178 laboratórios investigados notificaram estoques de materiais contendo poliovírus selvagem. Dos cinco Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 98/11/2002 3 países com inquéritos ainda em progresso, os três (Austrália, China e Japão) com maiores números de laboratórios na região enfrentam desafios logísticos similares àqueles que os países na Europa Ocidental e América do Norte estão enfrentando. Os outros dois países (Filipinas e Malásia) também enfrentam desafios na identificação correta de informação de contato para muitos laboratórios não registrados. TABELA. Número de países com forças-tarefa nacionais, inquéritos e registros de laboratório e número de laboratórios notificando materiais contendo poliovírus selvagem, por região da Organização Mundial de Saúde (OMS), julho de 2001 – agosto de 2002. Região OMS Países na região* Países com força-tarefa Países investigando laboratórios Países registrados para serem investigados† Laboratórios investigados Laboratórios notificando materiais contendo poliovírus selvagem§ Países com inventário nacional revisado pela comissão¶ Américas** 48 18 14 39.247 2.913 68 0 Européia** 51 51 50 42.065 35.510 807 41 Pacífico Ocidental** 36 36 36 13.855 13.178 69 31 Africana†† 46 7 0 0 0 0 0 Mediterrâneo Oriental†† 23 17 16 8.569 8,430 128 4 Sudeste da Ásia†† 10 9 5 4.920 1.327 170 0 Total 214 138 121 108.656 59.358 1.242 76 * Número de países e territórios † Alguns países notificam número de laboratórios, e outros notificam instituições com jurisdição sobre vários laboratórios. § Inclui materiais potencialmente contendo poliovírus selvagem; dados notificados porém não confirmados. ¶ Laboratórios identificados pelo inquérito como tendo materiais com poliovírus selvagem. ** Certificado livre de pólio. †† Pólio endêmico. As atividades de contenção laboratorial também estão em andamento nas três regiões (África, Mediterrâneo Oriental e Sudeste da Ásia) que ainda não estão certificadas como livres de pólio. Os países nas regiões que não têm notificado casos de pólio em vários anos têm sido estimulados a iniciar as atividades de contenção. Sete países africanos têm estabelecido forças-tarefa nacionais, com Cameroon e Uganda servindo como países pilotos, e 17 países de Mediterrâneo Oriental e cinco países do Sudeste Asiático têm iniciado inquéritos. Quatro países na Região do Mediterrâneo Oriental têm enviado inventários nacionais para a Comissão Regional de Certificação do Mediterrâneo Oriental. Relatado por: Vaccines and Biologicals Dept, World Health Organization, Geneva, Switzerland. Div of Viral and Rickettsial Diseases, National Center for Infectious Diseases; Global Immunization Div, National Immunization Program, CDC. Nota Editorial: Considerável progresso tem sido feito para a conclusão do inventário global de laboratórios e instituições que retêm materiais contendo poliovírus selvagem. Os países em todas as seis Regiões OMS estão implementando as atividades de contenção laboratorial, e o Plano de Ação Global da OMS para a Contenção Laboratorial tem sido revisto para incorporar as lições aprendidas com essas experiências (8).A experiência na Alemanha ilustra os desafios que os países com uma longa história de pesquisa biomédica e estrutura de saúde descentralizadas enfrentam na compilação de inventários. O plano de ação recomenda que o número de laboratórios com materiais contendo o poliovírus selvagem seja diminuído, porém permita que esses materiais sejam retidos pelos laboratórios listados no inventário nacional que atendam as condições de biossegurança prescritas, incluindo que tenham instalações e práticas do nível de Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 98/11/2002 4 segurança básica (BDL-2) acesso limitado ao laboratório, vacinação contra pólio do pessoal, e registros de materiais de poliovírus. Quando a transmissão do poliovírus selvagem for interrompida, os laboratórios serão notificados que as medidas de alta contenção laboratorial (BSL-3/pólio) sejam exigidas para todas as atividades laboratoriais que envolvam replicação de poliovírus em células facultativas ou animais usando materiais de poliovírus selvagem potencialmente infecciosos (p. Ex.: amostras fecais, respiratórias e ambientais coletadas para qualquer finalidade quando e onde o poliovírus foi conhecido ou suspeito de estar presente). Para todas as outras atividades com materiais infecciosos de poliovírus selvagem, as exigências permanecem inalteradas. Os laboratórios de bacteriologia e parasitologia podem continuar a trabalhar com materiais contendo poliovírus selvagem sob condições BLS-2, as quais incluem o uso de cabines biológicas de segurança do padrão classe II. Essas recomendações de biossegurança são introduzidas para permanecer em efeito enquanto as políticas de vacinação global contra pólio continuarem. Entretanto, o plano reconhece que as conseqüências de uma reintrodução do poliovírus selvagem de um laboratório aumentarão após a vacinação contra pólio ser interrompida dentro de um país ou região. As exigências de contenção sob este cenário serão reexaminadas e incrementadas para os materiais contendo poliovírus vacinal e poliovírus selvagem. QUADRO. Ações internacionais para erradicar a pólio A Iniciativa Global para Erradicação da Poliomielite (GPEI) foi lançada em 1988 pela Assembléia mundial de Saúde após o sucesso das ações para eliminação da poliomielite nas Américas. A meta do GPEI é proteger todas as crianças de uma doença debilitante algo fatal e para construir uma infraestrutura que possa apoiar ações para controle de outras doenças. O CDC continuará a fornecer a vacina contra o poliovírus e apoio laboratorial e epidemiológico para essa ação humanitária importante. O GPEI é liderado pela Organização Mundial de Saúde (WHO), Rotary Internacional, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e o CDC em parceria com os ministérios da saúde dos estados membros da OMS, governos doadores, fundações, Banco Mundial, União Européia, doadores do setor privado, outras agências das Nações Unidas, e organizações não governamentais. Em 2001, aproximadamente 10 milhões de voluntários auxiliaram a vacinar 575 milhões de crianças como parte do salto final para interrupção da transmissão do poliovírus selvagem no mundo. O último avanço em 2002 confirma que a transmissão de todos os três sorotipos de poliovírus selvagem pode ser interrompido globalmente. Três regiões da OMS (Américas, Européia e Pacífico Ocidental) com uma população total de >3 bilhões de pessoas em 134 países, territórios e áreas têm sido certificadas como livres de pólio (ou seja, não tendo pólio natural causada por vírus selvagem). Os poliovírus selvagens estão circulando em um número mais baixo de países na história, com seis países notificando a continuidade da transmissão da pólio durante o mês de outubro de 2002; 90% de todos os casos de pólio têm sido notificados por 9 de 76 estados e províncias na Índia, Nigéria e Paquistão. O tipo II de poliovírus selvagem não tem sido detectado desde outubro de 1999. Os desafios para interromper a cadeia final da transmissão do poliovírus selvagem incluem a vacinação de crianças isoladas por conflitos, geografia, ou situação minoritária assegurando política adequada e apoio financeiro para implementar completamente as estratégias para erradicação.. O trabalho está em andamento para minimizar os riscos para liberação laboratorial inadvertida e para determinar quando será factível interromper a vacinação com a vacina oral contra pólio, o que é a meta principal do programa. Informações adicionais sobre o GPEI em http://www.polioeradication.org. A contenção laboratorial de materiais contendo poliovírus selvagem é um componente essencial para a erradicação do poliovírus selvagem. Os países estão cooperando satisfatoriamente para a implementação das atividades de contenção laboratorial, e a Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho E-mail: edson.moura@saude.gov.br Em: 98/11/2002 5 meta de identificação dos laboratórios com materiais de poliovírus selvagem está sendo alcançada. Todos os países nos quais a pólio não é endêmica são apressados para concluírem um inventário nacional de laboratórios que mantêm os materiais contendo o poliovírus selvagem até o final de 2003. Referências 1. CDC. Progress towards global eradication of poliomyelitis, 2001. MMWR 2002;51:253-6. 2. CDC. Certification of poliomyelitis eradication-the Americas, 1994. MMWR 1994;43:720-2. 3. CDC. Certification of poliomyelitis eradication-Western Pacific Region, October 2000. MMWR 2001;50:1-3. 4. CDC. Certification of poliomyelitis eradication-European Region, June 2002. MMWR 2002;51:572-4. 5. Department of Vaccines and Biologicals. Report of the third meeting of the Global Commission for the Certification of the Eradication of Polio, July 9, 1998. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1999. 6. CDC. Global progress toward laboratory containment of wild polioviruses, June 2001. MMWR 2001;50:620-3. 7. World Health Assembly. Poliomyelitis Eradication. Resolutions of the 52nd World Health Assembly. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1999. 8. World Health Organization. WHO global action plan for laboratory containment of wild polioviruses (draft). Geneva, Switzerland: World Health Organization. Available at http://www.who.int/vaccines-polio/all/news/files/pdf/globalactionplan_2nd.pdf. Este documento traduzido trata-se de uma contribuição da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI/CENEPI/FUNASA/MS, em parceria com a Organização Pan Americana de Saúde – OPAS - Escritório Regional da Organização Mundial de Saúde para a Região das Américas - Brasil, a todos que se dedicam às ações de imunizações.
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