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MARIA INÊS BONIFÁCIO PEREIRA A IMPORTÃNCIA DA ARTE VISUAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL BELO HORIZONTE / MG 2018 2 A IMPOSTÂNCIA DA ARTE VISUAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto IPEMIG como requisito para obtenção do título de especialista em: Educação Musical e Ensino de Artes. Maria Inês Bonifácio Pereira BELO HORIZONTE / MG 2018 3 PEREIRA, Maria Inês Bonifácio. A importância da Arte Visual na Educação infantil. Belo Horizonte: IPEMIG/ FACEL, 2018. Especialização Resumo: Este trabalho acadêmico tem como objetivo principal discutir a importância do ensino das artes visuais no desenvolvimento educacional de estudantes de instituições de educação infantil. É demonstrado aqui como este tipo de arte faz parte da vida das pessoas desde cedo e como é responsável por facilitar o ensinamento de certos conhecimentos. Haja vista que as Artes Visuais e o conhecimento da imagem são de grande importância e se tornam fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e perceptivo da criança. Para se chegar as conclusões, o estudo tratou de reunir os pensamentos de vários autores a respeito do tema e para isso utilizou a metodologia de análise bibliográfica e documental. Assim, pode de forma concreta, considerar que o papel da arte visual, não se esgota na educação infantil, ao contrário, se renova sempre. E, desse modo, acompanha o indivíduo em todos os estágios de sua vida, mas é nos primeiros anos de ensino que ela mais contribui para seu desenvolvimento e obtenção de conhecimentos. Palavras-chaves: Arte Visual – Educação Infantil – Aprendizagem. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................05 2. AS ARTES E A EDUCAÇÃO.......................................................................06 2.1. As Artes Visuais ...........................................................................07 3. AS ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................08 4. CONDERAÇÕES FINAIS ............................................................................10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................12 5 1. INTRODUÇÃO A arte é uma linguagem universal e, como tal, vem sendo valorizada gradativamente, obtendo destaque e conquistando espaço. A sua importância dentro do currículo foi constantemente reconhecida, sem, porém, se desenvolver meios para a sua efetiva aplicação em sala de aula. A mudança de diretrizes no ensino da arte na educação infantil é resultante de um processo de reformas e mobilizações político-sociais que trazem à luz questões como a validade e sua importância do dentro do universo escolar. Baseado neste pensamento, este artigo visa demonstrar como a arte visual pode contribuir para o desenvolvimento educacional das crianças (de 4 a 6 anos) estudantes de instituições de educação infantil. Para que este intuito fosse alcançado, julgou-se necessário observar os objetivos gerais do Ensino de Artes contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino (BRASIL, 1997), onde os mesmos apontam o desejo dos alunos sejam capazes de utilizar as diferentes linguagens artísticas: verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação. A pesquisa bibliográfica realizada para confecção deste artigo permitiu o levantamento de alguns questionamentos a respeito das contribuições das artes visuais para o ensino infantil, tais como: • De que forma a Arte Visual interfere na educação infantil? • Considerando as especificidades da criança da Educação Infantil, como a linguagem visual pode ser usada na obtenção de conhecimentos? • Como os educadores infantis devem lidar com as artes visuais? Sendo a área de Artes constituída pelas linguagens artísticas como a Linguagem Visual, a Música, o Teatro e a Dança, seu ensino visa a formação dos indivíduos para criar, se expressar e apreciar estas diversas modalidades. A pluralidade de ações, a ligação da arte com outras áreas de conhecimento, o estabelecimento de vínculos entre os conhecimentos escolares sobre a arte e seus modos de produção e aplicação na sociedade são alguns dos pontos importantes tratados no PCN que aqui usamos para responder nossas questões. 6 2. AS ARTES E A EDUCAÇÃO Como podemos perceber, as Artes estão presentes em muitos processos educativos, tanto que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) mostram que a arte desenvolve o pensamento, a percepção, a sensibilidade e a imaginação, ajudando na obtenção de novos conhecimentos. A Educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracteriza um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. (BRASIL, 2001). A partir deste pensamento as instituições responsáveis por normatizar a Educação no Brasil passaram a dar mais importância ao ensino de Artes em todos os níveis, pois a Educação em arte é uma prática ligada à produção e reconstrução de experiências. Ao conhecer a arte o aluno torna-se capaz de perceber sua realidade, reconhecendo objetos e formas que estão à sua volta. Eleva, também, a utilização de todos os sentidos como instrumentos imprescindíveis para uma compreensão mais significativa. Com o advento da LDB (lei nº 9.394/96) a Arte é reconhecida oficialmente como área de conhecimento. O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu § 2º, dispõe que: § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural alunos.(BRASIL, 1996) De atividade esporádica e renegada a segundo plano, a Arte-educação passou a ser tratada como área do conhecimento, com toda a metodologia e regulamentação que merece. Com tudo, o que se viu na prática foi uma grande dificuldade por parte dos educadores para tratar com a temática, principalmente na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A explicação destes problemas se encontra no fato de que nestas modalidades de ensino os professores são generalistas e a sua função é lidar com várias áreas do conhecimento, sendo que em algumas não tiveram nem formação adequada. Daí a importância destes docentes estarem em sintonia com as artes. Através dela, o professor pode explorar superfícies diferentes para ajudar no 7 desenvolvimento motor, intelectual e emocional da criança. Ao fazer arte, a criança expressa seu lado afetivo com a manifestação orgânica da emoção, ela usa o papel e o lápis para expressar os seus sentimentos no desenho, a sua relação com a família, os amigos e a escola. Os traços feitos pela criança, até mesmo pelas cores usadas, dão ao professor a percepção do que está acontecendo com ela e o que pode estar levando-a ao fracasso escolar. (CUNHA, 1999). Com a implementação da Arte em todos os níveis da educação brasileira, foi dada a chance ao estudante de desenvolver o seu cognitivo de uma forma mais dinâmica e prazerosa, já que com a arte, ele pode representar o que vê para depois representar o que está gravado (fotografado) na memória. Aprende a sair do plano palpável para o plano abstrato. Dessa forma, o ensino de Artes passa a ter uma significação muito mais ampla na educação, merecendo ser tratado comoum auxiliar importante no desenvolvimento da criança. 2.1. As Artes Visuais Para melhor entendimento e compreensão dos objetivos deste texto é importante discutir alguns conceitos de artes visuais. Desta maneira, dá-se assim ao educador infantil que ler o estudo a escolha de uma explicação que melhor se identifique com sua prática pedagógica e possa dar subsídios para aprimorá-la. Sabemos que as Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentidos a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por vários meios, dentre eles; linhas, formas, pontos, etc. Albinatti (2008) define Artes Visuais, como: um conjunto de manifestações artísticas, compreendem todo o campo de linguagem e pensamento sobre olhar e sentido do ser humano. As Artes que normalmente lidam com a visão como seu meio principal de apreciação costumam ser chamadas de Artes Visuais. Porém as artes visuais não devem ficar restringidas apenas ao visual, pois, através dessas manifestações artísticas (desenho, pintura, modelagem, recorte colagem entre outros), há vários significados que o artista deseja passar. (ALBINATTI , 2008) Completando a ideia, Fusari e Ferraz (2001), apontam que devemos considerar neste contexto outras modalidades de arte como a fotografia, as artes gráficas, os quadrinhos, a eletrografia, o texto, a dança, a publicidade, o cinema, a televisão, o vídeo, a holografia e a computação, pelas suas características de visualidade. 8 Assim, numa perspectiva histórica, a Arte Visual pode ser identificada como uma ciência que vem percorrendo um longo caminho para ter seu reconhecimento intrínseco com a educação, tanto que Hernandez (2007) prefere chamá-la de cultura visual. Segundo suas palavras, é um campo de estudos que fundamenta seus aspectos entre a teoria que trabalha com a abordagem da cultura, apresentando uma reflexão sobre a produção visual. Ainda para o autor, se não se ensina aos estudantes a linguagem do som e das imagens, não deveriam ser eles considerados analfabetos da mesma maneira como se saíssem da universidade sem saber ler ou escrever? Por isso é importante aceitar o fato de que aprender como se comunicar com gráficos, música, cinema é tão essencial como comunicar-se com palavras. (HERNANDEZ, 2007). 3. AS ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Mesmo com certo atraso em relação a outros países, o Ministério da Educação Brasileiro tem se esforçado para que o curso de Artes para educação infantil seja cada vez mais utilizado, área que, provavelmente, se fortalecer dado a sua importância na Educação Infantil. Por esta razão, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI, 1998) enumera que: As crianças exploram, sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas experiências. A partir daí constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre outros conhecimentos a respeito da arte. Nesse sentido, as Artes Visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias. (RCNEI, 1998) A mesma perspectiva elencada pelo referencial é auferida por Ferraz e Fusari (2001), para os autores a compreensão do processo de conhecimento da arte pela criança é sua inserção em seu mundo expressivo. É preciso, portanto, saber como a criança se exprime naturalmente tanto do ponto de vista verbal, como plástico ou corporal e como é motivada pelo desejo da descoberta e por suas fantasias. Ao acompanhar seu desenvolvimento expressivo, percebe-se que ele resulta das elaborações de sensações, de sentimentos e de percepções vivenciadas. (FERRAZ E FUSARI, 2001) 9 Entretanto, mesmo com todos os esforços dos últimos anos, ainda nos deparamos com um distanciamento entre o desejo do professor de ensinar Arte e o interesse do aluno em aprender. Por esse motivo é de suma importância que professores do ensino infantil dêem maior ênfase nas Artes Visuais e preocupem-se de verdade com o aprendizado das crianças. Para que os educadores não cometam mais erros, a arte visual tem que ser encarada como uma estratégia capaz de contribuir para a construção do conhecimento, ajudando a trabalhar a coordenação motora, a ampliar suas leituras de mundo e tornando inelegível o que antes era somente abstrato. Quando a produção artística é realizada, as crianças são estimuladas em diversos pré-requisitos importantes para o desenvolvimento da aprendizagem, como a sensibilidade, a percepção, o pensamento, a imaginação e a intuição. Tanto que a Arte visual é discutida no RCNEI (1998), como maneira de se considerar as individualidades das crianças, podendo elas se expressar sem comparações: O trabalho com crianças da Educação Infantil (0 a 6 anos) deve levar em conta o processo de aprendizagem que se realiza de acordo com as fases de desenvolvimento da criança. Contudo, é bom lembrar que cada criança é única, com identidade própria e um ritmo singular de desenvolvimento. Portanto, além de levar em conta o processo de maturação da criança de modo geral e suas características individuais, é preciso propor situações que a incentivem à conquista devagar da autonomia e da individualidade em seus diversos contextos. Detectar os conhecimentos prévios das crianças não é tarefa fácil. Implica que o professor estabeleça estratégias didáticas para fazê-lo (BRASIL, 1998). Para potencializar as contribuições das artes visuais na Educação Infantil, no período entre 4 e 6 anos, o educador deve encarar o ensino da arte como uma linguagem que tem estrutura e características próprias, cuja aprendizagem se dá por meio de articulações dos seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. É durante o fazer artístico que as crianças poderão criar as suas próprias produções, compartilhando perguntas e afirmações que realiza instigada pelo professor e no contato com suas próprias produções e as dos artistas. (BRASIL, 1998). Não é exagero, dizer que as escolas infantis devem trabalhar com diferentes objetos para que as crianças possam manuseá-los, entrando em contato com sensações diferentes. Deste jeito são influenciadas desde cedo a ser autônomas e observadoras. Com a Arte Visual tendo a função de desenvolver o cognitivo e a 10 afetividade, pois transmite sentimentos e pensamentos. Além disso, trabalha a interação social, contribui para o desenvolvimento da motricidade infantil e de outros conteúdos trabalhados em sala de aula que irão refletir, futuramente, na vida pessoal, escolar e profissional do indivíduo. (BARBOSA, 2010). Qualquer desenho, rabisco e obra artística elaborado pela criança têm a significação que ela mesma dá. Quando desenha, ela representa algo que lhe chamou atenção, por isso, através da Arte Visual, os educadores podem identificar as dificuldades, explorar e conhecer suas potencialidades colaborando com o crescimento em diversos campos no saber. 4. CONDERAÇÕES FINAIS Ao longo da confecção deste artigo foi possível perceber como as Artes Visuais estão presentes desde cedo na vida das pessoas e como elas possibilitam experiências capazes de potencializar o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem nas crianças do Ensino infantil (de 4 a 6 anos). As Artes Visuais são uma das formas que a criança tem de expressar sua visão de mundo e com isso desenvolver suas dimensões: afetiva, motora e cognitiva. O uso das diferentes linguagens artísticas que compõem as artes visuais, dá a oportunidade de construir, criar, recriar e inventar, ensinando a ser um sujeito ativo e crítico na sociedade. Podemos constatar que a sua importância dentro do currículo da Educação infantil foi mesmo reconhecida institucionalmente, porém, na prática ainda falta desenvolver meios mais eficazes para a sua aplicação em sala de aula. Ainda há muito desafios para que as Artes possam realmente ser usadas de forma plena,entre eles levar os educadores a dar a real relevância aos seus métodos, sendo que formações continuadas e trocas de experiências devem ser fomentadas para este fim. Concluímos, então, que onde as Artes visuais são utilizadas como recursos didáticos acabam por proporcionar uma formação completa da criança, trabalhando- as não como passatempo ou um recurso decorativo, mas sim como uma forma de aprendizagem lúdica, repleta de objetivos importantes no desenvolvimento da 11 criança. Vimos que se expressando no papel, com argila, na tela ou fazendo colagem, a criança faz arte naturalmente e ela lhe proporciona um contato direto com os sentimentos, despertando no indivíduo maior atenção e vontade de aprender. Portanto a Arte torna o mundo abstrato mais visível e concreto. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBINATTI, Maria Eugênia Castelo Branco. Artes visuais. Artes II. Belo Horizonte. 2008. BARBOSA, Ana Mae. Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós- modernismo. São Paulo, 2003. Disponível em: http://www. revista.art.br/site- numero-00/anamae.htm Acesso em: 5 abr. 2018. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Secretaria de Educação Fundamental. Caracterização da área de arte. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. Cap.1, p. 19-43. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CUNHA, Suzana Rangel Vieira. Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 1999. FUSARI, Maria F. de Rezende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de Toledo. Arte na Educação Escolar. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001. HERNANDEZ, Fernando. Catadores da Cultura visual: proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Editora Mediação, 2007.
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