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POLUIÇÃO E IMPACTO AMBIENTAL Prof. Rafael Oliveira Batista, D.S. Mossoró,RN Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas Engenharia Agrícola e Ambiental UNIDADE III: POLUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS Poluição da água: aspectos legais e institucionais USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA - Abastecimento doméstico (consuntivo) - Abastecimento industrial e agroindustrial (consuntivo) - Irrigação (consuntivo) - Dessedentação de animais (consuntivo) - Preservação da flora e fauna (não consuntivo) - Recreação e lazer (não consuntivo) - Geração de energia elétrica (não consuntivo) - Navegação (não consuntivo) - Diluição de despejos (não consuntivo) Observação: uso não consuntivo é aquele que não requer a retirada de água dos corpos hídricos. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Poluição da água: aspectos legais e institucionais TIPOS DE POLUIÇÃO DA ÁGUA 1) Poluição natural: tipo de poluição não associada à atividade humana - Precipitações pluviométricas e escoamento superficial - Salinização - Decomposição de vegetais e animais mortos Observação: foge do alcance de medidas controladoras. 2) Poluição industrial: constitui-se de resíduos líquidos gerados nos processos industriais. As principais industrias poluidoras são: - Papel e celulose - Refinarias de petróleo - Usinas de açúcar e álcool - Siderúrgicas e metalúrgicas - Químicas e farmacêuticas - Abatedouros e frigoríficos - Têxteis - Curtumes Poluição da água: aspectos legais e institucionais 3) Poluição urbana: proveniente dos habitantes de uma cidade, que geram esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente nos corpos hídricos Observação: é um tipo de fonte que dispõe de tecnologia de controle. 4) Poluição agropastoril: decorrente de atividade ligadas à agricultura e à pecuária por meio de defensivos agrícolas, fertilizantes, excrementos de animais e erosão Observação: esse tipo de fonte é de difícil controle e necessita de um esquema de conscientização elevado (educação ambiental). 5) Poluição acidental: decorrente de derramamentos de materiais prejudiciais à qualidade das águas. Como exemplos citam-se: - Derramamento de petróleo em corpos hídricos e no solo - Vazamento de barragens de rejeitos da mineração - Vazamento de cargas líquidas transportadas por veículos terrestres Poluição da água: aspectos legais e institucionais Poluição natural Poluição industrial Poluição agropastoril Poluição urbana Poluição da água: aspectos legais e institucionais DANOS CAUSDADOS PELA POLUIÇÃO: Em linhas gerais, a poluição das águas pode ocorrer por meio das seguintes formas: - Poluição natural provocada por folhas, cadáveres de animais mortos, erosão, escoamento superficial e outros; - Poluição por causa de lançamento de despejos industriais provenientes das operações desenvolvidas nos diferentes processos industriais; - Poluição por causa de esgotos domésticos, os quais resultam do uso da água para fins higiênicos, preparo de alimentos, lavagem de pisos e utensílios e outros - Poluição dos corpos hídricos advinda da drenagem de áreas agropastoris, provocada pelo carreamento de fertilizantes, defensivos agrícolas, fezes de animais e outros Poluição da água: aspectos legais e institucionais Autodepuração de corpos hídricos A autodepuração é um processo natural, no qual cargas poluidoras, de origem orgânica, lançadas em um corpo d’água são neutralizadas (VON SPERLING, 2011). Segundo von Sperling (2011), a autodepuração é decorrente da associação de vários processos de natureza física (diluição, sedimentação e reaeração atmosférica), química e biológica (oxidação e decomposição). Principais zonas de autodepuração. Fonte: http://slideplayer.com/slide/8388598/ Poluição da água: aspectos legais e institucionais Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): expressa a quantidade de oxigênio necessário aos microrganismos aeróbios para oxidar (mineralizar) o material orgânico carbonáceo biodegradável em suspensão na água residuária, transformando-os em água, gás carbônico, sulfatos, fosfatos, amônia, nitratos e outros (mg L-1). Exemplo: Os esgotos domésticos possuem uma DBO da ordem de 300 mg/L, ou seja, 1 litro de esgoto doméstico consome aproximadamente 300 mg de oxigênio, em 5 dias, no processo de estabilização da matéria orgânica carbonácea. A DBO padrão expressa por DBO5 20 foi padronizada para evitar demora nos ensaios laboratoriais e permitir comparações. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Determinação da DBO - Utiliza-se uma amostra de água destilada; - Na água destilada adiciona-se nutrientes para os microrganismos (Cloreto de Cálcio; Cloreto Férrico; Sulfato de magnésio; Solução tampão de fosfato); - A água destilada com nutrientes é aerada até a saturação; - Mede-se a quantidade de OD (oxigênio dissolvido) dessa água (mg/L); - Adiciona a uma amostra do esgoto a água destilada aerada; - Anota-se o OD inicial; - Coloca-se em incubadora durante 5 dias, a 20ºC; - Mede-se OD final; e - Calcula-se a DBO5,20 = (ODinic – ODfinal) x razão de diluição. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Frascos para DBO/OD Água destilada Incubadora Determinação de OD (inicial e após 5 dias) - Sulfato manganoso - Iodeto-azida - Ácido sulfúrico Amostra de 100 mL Titula com solução de tiossulfato Indicador amido (coloração azul) Coloração azul irá desaparecer Aguardar 20minutos para ocorrer a reação Poluição da água: aspectos legais e institucionais Exemplo do cálculo da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) obtida em laboratório - Uma amostra de água foi coletada a jusante de um corpo hídrico que recebe o lançamento de esgoto doméstico sem tratamento. No laboratório foram retiradas duas alíquotas de 10 mL da amostra de água, posteriormente colocadas em dois frascos com capacidade para 300 mL previamente preenchidos com águas destilada e aerada para determinação da DBO5 20 . Verificou-se que a leitura inicial do oxigênio dissolvido (OD no dia zero) em um dos frascos foi de 7,6 mg L-1. Enquanto o outro frasco foi mantido em incubadora sob temperatura constante de 20ºC durante 5 dias. No quinto dia de incubação constatou-se que a concentração de OD no dia 5 foi de 3,2 mg L-1. Com base nas informações fornecidas determine o valor da DBO5 20. Poluição da água: aspectos legais e institucionais onde: DBO5 20 - demanda bioquímica de oxigênio do dia 5 à 20ºC, em mg L-1; ODdia0 - concentração de oxigênio dissolvido do dia zero, em mg L -1; ODdia5 - concentração de oxigênio dissolvido após do dia cinco, em mg L -1; Vfrasco - volume do frasco para determinação da DBO, em mL; Vam - volume da alíquota da amostra coletada, em mL. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Carga orgânica )kg.(g 1000 )d.(m vazão.)m.(g ãoconcentraç = )d.(kg Carga 1 133 1 Observação: 1 g m-3 = 1 mg L-1. )d.hab.(kg 0,054 .)d.(kg entoempreendim do DBO de carga = EP 11 1 Equivalente populacional Quociente da divisão da carga poluidora de água residuária expressa em DBO, dividida por 54 gramas, que é a estimativa da DBO produzida por uma pessoa durante o dia. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Exercício No sul da Bahia existem300 pequenas unidades extratoras de óleo de dendê que produzem efluentes com Demanda Bioquímica de Oxigênio média (DBO) de 52000 mg L-1. Considerando uma geração diária de 10 m3 de efluente por unidade extratora, qual seria o valor do Equivalente Populacional destes empreendimentos? 1 1 133 1 d.kg156000= Carga 1000 00.103 2000.5 = Carga )kg.(g 1000 )d.(m vazão.)m.(g ãoconcentraç = )d.(kg Carga habitantes 2.888.889= EP 0,054 156000 = EP )d.hab.(kg 0,054 )d.(kg entoempreendim do DBO de carga = EP 11 1 População de Salvador (BA) em 2017 2.953.986 habitantes Poluição da água: aspectos legais e institucionais LEGISLAÇÕES: A LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 “Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989”. Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Poluição da água: aspectos legais e institucionais A RESOLUÇÃO No 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰; II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰; III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰; A RESOLUÇÃO No 410, DE 04 DE MAIO DE 2009 Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamento de efluentes, previsto no art. 44 da Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, e no art. 3º da Resolução nº 397, de 3 de abril de 2008. A RESOLUÇÃO No 430, DE 13 DE MAIO DE 2011 Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Seção II Das Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis: I - condições de lançamento de efluentes: a) pH entre 5 a 9; b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura; c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes; Poluição da água: aspectos legais e institucionais d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente; e) óleos e graxas: 1. óleos minerais: até 20 mg/L; 2. óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L; f) ausência de materiais flutuantes; e g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60%de DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo deautodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor; Art. 20. O lançamento de efluentes efetuado por meio de emissários submarinos deve atender, após tratamento, aos padrões e condições de lançamento previstas nesta Resolução, aos padrões da classe do corpo receptor, após o limite da zona de mistura, e ao padrão de balneabilidade, de acordo com normas e legislação vigentes. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Padrões de lançamento de efluentes: Poluição da água: aspectos legais e institucionais Continuação ..... Poluição da água: aspectos legais e institucionais Seção III Das Condições e Padrões para Efluentes de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários Art. 21. Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários deverão ser obedecidas as seguintes condições e padrões específicos: I - Condições de lançamento de efluentes: a) pH entre 5 e 9; b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura; c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes; Poluição da água: aspectos legais e institucionais d) Demanda Bioquímica de Oxigênio-DBO 5 dias, 20°C: máximo de 120 mg/L, sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor. e) substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L; e f) ausência de materiais flutuantes. Art. 22. O lançamento de esgotos sanitários por meio de emissários submarinos deve atender aos padrões da classe do corpo receptor, após o limite da zona de mistura e ao padrão de balneabilidade, de acordo com as normas e legislação vigentes. Poluição da água: aspectos legais e institucionais Parágrafo único. Este lançamento deve ser precedido de tratamento que garanta o atendimento das seguintes condições e padrões específicos, sem prejuízo de outras exigências cabíveis: I - pH entre 5 e 9; II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura; III - após desarenação; IV - sólidos grosseiros e materiais flutuantes: virtualmente ausentes; e V - sólidos em suspensão totais: eficiência mínima de remoção de 20%, após desarenação. Poluição da água: aspectos legais e institucionais RESOLUÇÃO CONAMA Nº 274, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2000 dispõe sobre os níveis estabelecidos para a balneabilidade. As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias: a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros; b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidasno mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros; c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros. Poluição da água: aspectos legais e institucionais As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for verificada uma das seguintes ocorrências: a) não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias; b) valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros; c) incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias ; d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação; e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais; e f) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana. Poluição da água: aspectos legais e institucionais EXERCÍCIO EM GRUPO (INDIVIDUAL): Quais são os principais impactos negativos ocasionados pela poluição dos corpos hídricos? Quais as recomendações técnicas para minimizar esses impactos? Poluição da água: aspectos legais e institucionais EXERCÍCIO EM GRUPO (INDIVIDUAL): O efluente da ETE de Mossoró é lançado no rio Apodi-Mossoró diariamente. Realizou a análise do efluente e constatou-se as seguintes características: a) Características físico-químicas: 28oC de temperatura do efluente, 1,5 mL/L de sólidos sedimentáveis, DBO de 200 mg/L, 150 mg/L de óleos e graxa, 3,0 mg/L de cobre dissolvido e 10 mg/L de zinco. O efluente tratado lançado no corpo hídrico atende à legislação ambiental vigente? BOA SORTE A TODOS E A TODAS! “O sucesso na vida de uma pessoa é fruto do esforço e da sabedoria nos momentos de oportunidade” Rafael Oliveira Batista e-mail: rafaelbatista@ufersa.edu.br eng.batista@gmail.com
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