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Apostila Criacao Bezerros

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Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio 
Centro Universitário Newton Paiva 
Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
1 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
 
 
 
CRIAÇÃO DE BEZERROS 
 
 
Sandra Gesteira Coelho 
Flavia Adriana Pereira Vieira 
 
Apoio: 
 
 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio 
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Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
2 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
 
 
 
CRIAÇÃO DE BEZERROS 
Índice 
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................4 
DESENVOLVIMENTO FETAL E NUTRIÇÃO MATERNA DURANTE O PERÍODO SECO 5 
Déficit nutricional de proteína: ...............................................................................................6 
Déficit de Energia....................................................................................................................6 
Déficit de Minerais..................................................................................................................6 
Deficiência de Vitaminas ........................................................................................................6 
FORMAÇÃO DO COLOSTRO .....................................................................................................7 
MANEJO E CUIDADOS COM AS VACAS E BEZERROS PRÉ E PÓS PARTO......................8 
Cura do Umbigo ......................................................................................................................8 
Adaptações Fisiologicas após o Nascimento ..........................................................................9 
Ingestão do Colostro..............................................................................................................10 
Absorção das imunoglobulinas .............................................................................................10 
Colostro e metabolismo neonatal ..........................................................................................11 
Colostro e desenvolvimento do trato gastrointestinal ...........................................................12 
Função de nutrição do colostro .............................................................................................13 
DESENVOLVIMENTO E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTIVO .....................................15 
Consumo de Água .................................................................................................................20 
Utilização de Fontes de Fibra na Dieta de Bezerros .............................................................21 
Enzimas e Secreções Digestivas ...........................................................................................22 
Digestão, Absorção e Metabolismo de Carboidratos ............................................................25 
ALIMENTAÇÃO..........................................................................................................................27 
ADMINISTRAÇÃO DO COLOSTRO ....................................................................................27 
REFLEXO DE FECHAMENTO DA GOTEIRA ESOFÁGICA .............................................29 
DIGESTÃO DO LEITE ............................................................................................................30 
SISTEMAS DE ALEITAMENTO............................................................................................31 
Sucedâneos de Leite ..............................................................................................................31 
UTILIZAÇÃO DO COLOSTRO EXCEDENTE .....................................................................34 
Colostro Fermentado .............................................................................................................34 
 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio 
Centro Universitário Newton Paiva 
Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
3 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
CONSUMO DE ALIMENTOS SÓLIDOS...............................................................................36 
Características do concentrado de bezerros ..........................................................................37 
VOLUMOSOS..........................................................................................................................38 
DESMAMA ..............................................................................................................................39 
VACINAÇÕES .........................................................................................................................41 
INSTALAÇÕES PARA BEZERROS ......................................................................................43 
MANEJO NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA..............................................................44 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................................45 
 
 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio 
Centro Universitário Newton Paiva 
Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
4 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
INTRODUÇÃO 
A criação de bezerros é uma etapa de custos elevados devido às altas taxas de mortalidade e 
morbidade, aos altos custos do aleitamento (leite ou sucedâneo) e custos com mão de obra. 
Traduzindo desta forma em alto risco financeiro. Para enfrentar adequadamente este cenário é 
necessario estabelecer um bom programa de criação. 
Este programa deve se iniciar na decisão do peso, da idade à cobertura e do touro adequado para 
o acasalamento e continua durante todo o período de gestação. No caso do peso recomenda-se 
para as raças puras grandes (Holandês e Pardo Suíço) entre 360 e 400 kg, para o gado mestiço 
peso entre 280 e 320 kg. Já a dificuldade de partos para novilhas deve estar entre 7 a 9% e para 
as vacas entre 10 e 11%. O objetivo destas ações é o de reduzir as distocias nos partos de 
novilhas a 15% e nos das vacas a 8%. 
 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio 
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Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
5 
 
Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 
DESENVOLVIMENTO FETAL E NUTRIÇÃO MATERNA DURANTE O PERÍODO 
SECO 
O período de transição entre o final da gestação e o início da lactação representa uma enorme 
mudança metabólica para as vacas de leite. Estratégias de manejo geral e manejo da alimentação 
precisam ter como base o conhecimento da quantidade e da qualidade dos nutrientes necessários 
para suportar o crescimento do feto, durante o final da gestação, e a síntese de leite durante o 
início da lactação. 
A demanda de nutrientes para o feto torna-se particularmente importante durante o último 
trimestre da gestação, sendo observado que 60% do ganho de peso fetal ocorre durante os 2 
últimos meses da gestação. 
Durante o final da gestação a taxa metabólica fetal representada pelo consumo de oxigênio é 
duas vezes maior no feto que na mãe. As taxas de incorporação tecidual de energia, proteína, 
gordura são lineares entre os dias 190 e 270 da gestação. As taxas de incorporação de cálcio e 
fósforo são exponenciais. Este aumento provavelmente reflete a grande mineralização que ocorre 
no feto próximo ao final da gestação. 
A taxa de deposição de proteína é de 74 g/dia entre os dias 190 e 270 da gestação com um peso 
ao nascimento de 45 kg. A necessidade de aminoácido metabolizável para crescimento fetalestá 
estimada em 220 g/dia. 
Já a quantidade de nutriente exigida para deposição de gordura é relativamente insignificante: 12 
g/dia. Estes dados são consistentes com o baixo índice de gordura encontrado na carcaça de 
bezerros recém nascidos (< 30 g/Kg). Este fato é devido provavelmente à baixa permeabilidade 
da placenta a ácidos graxos de cadeia longa e a reduzida capacidade de síntese “de novo” de 
ácidos graxos pelo tecido adiposo fetal durante o final da gestação. 
Os placentomas, miométrio e endométrio, são responsáveis por menos de 20% do peso do útero 
grávido no final da gestação. Entretanto, estas unidades consomem 35 a 50% do oxigênio e 65% 
da glicose capturada pelo útero. 
Durante os 2 meses finais da gestação as exigências diárias de aminoácidos e glicose para o feto 
são equivalentes às exigências para produção de 3 a 6 litros de leite. 
O déficit de glicose disponível para oxidação é acompanhado de um aumento no catabolismo de 
aminoácido e diminuição da síntese de proteína e deposição no tecido fetal. Isto reduz o 
crescimento fetal e aumenta a excreção de uréia pela placenta. 
Deficiências nutricionais de energia, vitaminas A e D, iodo, fósforo, manganês cobalto e selênio 
podem impedir um desenvolvimento fetal adequado, aumentando às taxas de mortalidade e 
morbidade. 
A ordem de prioridade das funções fisiológicas é para: mantença, gestação, crescimento, 
lactação, reserva corporal, reprodução. Esta ordem demonstra que nos animais gestantes a 
deficiência nutricional irá prejudicar em primeiro lugar o crescimento materno, a futura lactação 
e a reprodução. Estando a mantença e a gestação priorizadas. 
 
 
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Déficit nutricional de proteína: 
Embora alguns estudos não apontem efeito significativo do déficit moderado de proteína sobre o 
desenvolvimento dos bezerros, verifica-se que outros autores indicaram uma diminuição na 
absorção de imunoglobulinas pelos bezerros filhos de vacas que foram mantidas com dietas 
deficientes em proteína bruta. 
Outro aspecto levantado por alguns autores é uma diminuição na capacidade dos bezerros de 
resistir a estresse térmico quando as mães foram submetidas a dietas com déficit protéico. 
Déficit de Energia 
Não houve alteração no peso dos bezerros ao nascimento. Os maiores efeitos são vistos nas 
mães. 
Déficit de Minerais 
As deficiências de minerais afetam mais a reprodução que o desenvolvimento fetal, isto parece 
ser devido a grande capacidade do fígado fetal em armazenar abundantes quantidades de 
minerais. 
Deficiência de Vitaminas 
Vitamina A – encurtamento da gestação, aborto, bezerros fracos, falta de coordenação motora e 
cegueira. Quadros de diarréia após o nascimento. 
Vitamina D – Bezerros fracos. 
 
 
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FORMAÇÃO DO COLOSTRO 
Após o alvéolo ser formado começa haver um acumulo de fluído contendo proteínas derivadas 
do soro. O processo de transferência destas proteínas (imunoglobulinas) começa no final da 
gestação e diminui rapidamente com o início da lactogênese. Esta secreção resulta na formação 
do colostro. 
O processo de passagem de imunoglobulinas pela glândula mamária ocorre por captura de 
moléculas por endocitose, transferência destes anticorpos contendo vesículas na porção apical 
das células alveolares e liberação por exocitose. 
O processo é mediado por receptores. Parece que a prolactina envolvida no processo de 
lactogênese é a inibidora do transporte de imunogloglulinas. 
IgGs – vem quase que exclusivamente do sangue para glândula mamária. 
IgA – produção local 
IGM – produção local 
 
 
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MANEJO E CUIDADOS COM AS VACAS E BEZERROS PRÉ E PÓS PARTO 
Próximo ao parto (+ 21 dias antes da data prevista) os animais devem ser levados ao piquete ou 
baia maternidade. O objetivo deste procedimento é iniciar a dieta de transição (preparar a vaca 
para uma nova lactação) e o acompanhamento do parto. Este local deve ter boas condições de 
higiene, ser localizado próximo às instalações para permitir boa alimentação, observações 
freqüentes e assistência nos casos onde ocorram problemas. 
Se forem usadas baias estas devem ter de 14 a 18,5 m2. As baias devem ser limpas, secas, bem 
ventiladas e claras. A preferência de utilização de cama nestas baias é a de feno. Após a saída 
dos animais das baias elas devem ser higienizadas e as camas repostas. 
Piquetes limpos, sombreados, secos e com boa cobertura vegetal são ótima opção para 
maternidade. A área de sombra nestes piquetes deve ser de 2,3 m2 por animal. 
Os primeiros sintomas da proximidade do parto acontecem 2 a 3 semanas antes de sua efetiva 
ocorrência. O úbere começa a ficar cheio; as tetas perdem o aspecto enrugado e ficam 
edemaciadas; os ligamentos da região da cauda sofrem um relaxamento e aparece ai um vazio e 
descargas de muco são observadas na vulva e vagina. Quando este relaxamento acontece a vaca 
está a 2 ou 3 dias do parto. 
As vacas mudam o comportamento próximo ao parto se afastando de suas companheiras e 
repetindo movimentos como os de deitar e levantar. 
Alguns autores recomendam um acompanhamento do parto a cada 2 horas. Existe também a 
recomendação de intervenção no parto para vacas entre 30 e 60 minutos após o aparecimento das 
membranas fetais e para novilhas intervenção entre 60 e 90 minutos após o aparecimento das 
membranas fetais. 
Estas recomendações se baseiam na seguinte estatística: 
2 % dos bezerros nascem mortos, sendo a maioria destas mortes causadas por trabalho de 
parto difícil; 
2% dos bezerros nascem vivos e morrem na primeira semana de vida também devido a 
parto difícil. 
Cura do Umbigo 
Logo após o nascimento deve-se observar o bezerro e, quando necessário, fazer a remoção das 
membranas fetais, muco do nariz e boca. 
A cura de umbigo deve ser realizada imediatamente após nascimento com tintura de iodo (7 a 
10%), sendo este procedimento repetido por três dias consecutivos. O objetivo da cura do 
umbigo é a desidratação do coto umbilical com o colabamento dos vasos sanguíneos e do úraco. 
As onfalopatias e suas conseqüências são responsáveis por altas taxas de mortalidade em 
bezerros, levando os animais que não vão a óbito a perdas de aproximadamente 25% no seu 
desempenho produtivo em relação a outros animais da mesma idade. 
Durante a gestação é o cordão umbilical que liga o feto à placenta, garantindo a chegada de 
sangue arterial com substâncias vitais ao feto, e à saída de sangue venoso que leva os resíduos 
tóxicos do seu metabolismo. 
 
 
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O cordão umbilical é formado por duas artérias umbilicais que se dirigem em sentido caudal para 
as artérias ilíacas internas e que, mais tarde, tornam-se o ligamento redondo da bexiga; uma veia 
umbilical que se dirige cranialmente em direção ao fígado e o úraco que vai em direção à bexiga. 
Estas estruturas passam da cavidade intra para extra-abdominal, através de um anel epitelial de 
âmnion. 
No momento do parto ocorrem transformações anatomo-fisiológicas,a partir da ruptura do 
cordão umbilical e da forte pressão da musculatura abdominal, fazendo com que as artérias e o 
úraco sejam retraídos para dentro da cavidade, enquanto a veia fica fixada ao anel umbilical. A 
perda da função da veia umbilical leva, em aproximadamente uma semana, à atrofia do ducto 
venoso e ao fechamento do forame oval. Com a expansão dos pulmões e início das trocas 
gasosas, o ducto arterioso se torna inoperante e também se atrofia. A excreção urinária, que era 
feita pelo úraco, passa a ser realizada pela uretra. 
Em condições normais de ruptura umbilical, quando as retrações se darão dentro dos limites 
anatômicos e em condições ambientais higiênicas, ocorrerá o início do secamento da bainha 
amniótica a partir de oito a dez horas após o parto, com queda asséptica e mumificação do 
umbigo ocorrendo em até dez dias. 
Adaptações Fisiologicas após o Nascimento 
Após o nascimento o bezerro passa por várias mudanças fisiológicas, adaptando-o à vida extra-
uterina. A primeira e mais imediata é a de iniciar os movimentos respiratórios. O controle do 
balanço ácido básico precisa ser iniciado. Todo o metabolismo precisa estar funcionando para 
que o animal possa iniciar o catabolismo de carboidratos, gordura e aminoácidos para fornecer 
energia para as funções do corpo (Davis & Drackley, 1998). 
Outra adaptação necessária é a regulação da temperatura corporal. Para manter a temperatura 
corporal os bezerros precisam rapidamente ativar os mecanismos termogênicos, tais como, o 
tremor e o metabolismo da gordura marrom. Iniciado este processo, e somando-se ele a ingestão 
do colostro, a produção de calor corporal aumenta e a temperatura corporal se normaliza dentro 
de 48 a 72 horas (Davis & Drackley, 1998). 
Esta regulação é dependente do ambiente, uma vez que a superfície corporal dos bezerros é 
maior que a sua massa corporal interna propiciando uma perda rápida de calor. Desta forma o 
bezerro perde calor através da radiação (em ambientes frios), condução quando está em contato 
com superfícies frias, convecção através do movimento do ar, ventos frios e por evaporação 
através dos pêlos molhados e pela respiração. 
Estas vias de perdas de calor provocam uma queda na temperatura corporal nas 12 primeiras 
horas após o nascimento. O “stress” térmico pelo frio prolongado pode levar o animal a 
hipotermia aumentando as chances de morte. Os riscos de hipotermia são maiores em animais 
fracos e provenientes de parto difícil. Nestes casos os animais apresentam além das dificuldades 
de regulação da temperatura corporal devido à baixa atividade física, acidose e hipoxia ou 
anóxia. Mesmo tendo recebido uma adequada colostragem os bezerros submetidos a stress pelo 
frio apresentam ainda uma baixa concentração de imunoglobulinas na corrente circulatória nas 
primeiras 12 horas após o nascimento. Desta forma eles iniciam a vida com menores chances de 
sobrevivência (Davis & Drackley, 1998). 
 
 
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Ingestão do Colostro 
No nascimento o sistema imunológico dos bezerros está imaturo e incapaz de produzir 
suficientes quantidades de imunoglobulinas para o combate de infecções, além disto, a placenta 
dos bovinos previne a transferência de imunoglobulinas maternas para os bezerros. 
Conseqüentemente os bezerros nascem sem imunidade humoral adequada e dependem da 
transferência passiva de imunoglobulinas maternas pelo colostro (Davis & Drackley, 1998). 
O intestino delgado dos bezerros é capaz de absorver moléculas grandes e intactas como as 
imunoglobulinas e proteínas durante as primeiras 24 horas após o nascimento, sendo que o pico 
desta absorção ocorre nas seis primeiras horas pós-ingestão. (Besser & Gay, 1993; Michanek et 
al, 1998). Após este período de aproximadamente 24 horas ocorre “fechamento” do epitélio 
intestinal, ou seja, a perda da capacidade de transporte de macromoléculas. 
O intestino delgado é relativamente não seletivo a esta passagem de moléculas. Esta falta de 
seletividade faz com que os animais possam também absorver bactérias que podem provocar 
quadros de septicemias. A administração rápida do colostro é necessária para máxima ingestão 
de imunoglobulinas e para prevenir a colonização de bactérias patogênicas no intestino. 
A presença de imunoglobulinas na luz intestinal após a alimentação promove ainda imunidade 
local à infecções virais entéricas e à diarréias causadas por enterotoxinas (Acres, 1985). 
Absorção das imunoglobulinas 
A absorção das Ig do colostro ocorre no intestino delgado do bezerro por meio do sistema 
tubular apical das células epiteliais do jejuno, em quatro etapas: 
1. ligação da Ig com a membrana da microvilosidade formando túbulos, seguida pela 
endocitose do ponto de união, transferindo a ingesta para o citoplasma apical; 
2. perda de continuidade da membrana endocitada com a superfície da célula, formando 
um vacúolo, com conteúdo concentrado, podendo ocupar toda a célula e deslocar 
núcleos e organelas para a região periférica do citoplasma; 
3. transporte do vacúolo até a membrana baso-lateral da célula, adjacente aos vasos 
sanguíneos e linfáticos; 
4. liberação do conteúdo vesicular na lâmina própria, de onde este é transportado para a 
linfa ou circulação porta. 
Os anticorpos presentes no colostro, principalmente à imunoglobulina IgG1, são transportados 
do lúmen intestinal para a corrente sangüínea do neonato por meio de transporte não seletivo de 
macromoléculas, realizado pelos enterócitos do intestino delgado. (Butler, 1994, Stott et al, 
1979). 
Uma característica peculiar dos bovinos é a participação da IgG1 na proteção da superfície do 
trato gastrointestinal. Cerca de 75% das imunoglobulinas presentes no colostro bovino são da 
classe IgG1. Foi demonstrado experimentalmente que 32% das IgG1 absorvidas pelo neonato no 
primeiro dia de vida é secretada novamente no intestino nos 10 primeiros dias de vida do animal. 
É devido a este fenômeno que vacas vacinadas antes do parto contra agentes etiológicos da 
diarréia neonatal, conferem pelo colostro, imunidade local no intestino dos neonatos. 
 
 
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Tabela 1. Absorção de imunoglobulinas 
Imunoglobulinas Quantidade de 
Imunoglobulina 
Tempo de 
absorção 
Absorção Vida média 
(dias) 
IgG 85 - 90% 24 horas 90% 20 - 21 
IgM 7% 16 horas 59% quatro 
IgA 5% 22 horas 48% 2 - 8 
A transferência de imunidade passiva para o bezerro não parece se limitar simplesmente a uma 
absorção adequada de anticorpos no primeiro dia de vida. Como o colostro contém uma grande 
quantidade de células, cerca 1x 106 /ml, um bezerro neonato ingere em torno de 4 bilhões de 
células por dia. Deste montante de células mais de 30% são linfócitos que são as células chave 
de modulação do sistema imune (Le Jan, 1996). A maior parte desta população é constituída de 
linfócitos T, com capacidade imunoreativa (Duhamel et al, 1987). 
As células oriundas do colostro podem ser encontradas na mucosa intestinal, linfonodos 
mesentéricos, sangue, pulmões, fígado e baço. A duração da viabilidade destas células no 
organismo do neonato ainda não está determinada (Le Jan, 1996). 
O congelamento do colostro pode interferir na transferência de imunidade passiva celular. Os 
leucócitos presentes no colostro perdem a sua viabilidade após o congelamento, podendo ser este 
um fator limitante para a utilização de bancos de colostro. 
O colostro também exerce funções muito importantes de modulaçãodo desenvolvimento do trato 
gastrointestinal, do metabolismo e do sistema imune do neonato. 
Bezerros que recebem colostro adequadamente começam a síntese de imunoglobulinas séricas 
com quatro semanas e os que foram privados do colostro iniciam a produção de imunoglobulinas 
dentro de uma a duas semanas após o nascimento (Logan et al., 1974). No entanto se o desafio 
for grande os bezerros não terão tempo de responder adequadamente a estas agressões. 
A concentração de imunoglobulinas no plasma ou soro 48 horas após o nascimento deve ser 
maior ou igual a 10 mg/ml. Uma melhor meta deveria ser de 15 mg/ml. A hipotermia, distocia e 
outras dificuldades podem acelerar o fechamento da passagem de imunoglobulinas do intestino 
para o sangue. 
Um colostro de qualidade deve conter 60 mg/ml de igG. 
A capacidade de absorver as imunoglobulinas vai estar diretamente relacionada ao tempo após o 
nascimento que o colostro foi ingerido e à concentração de Ig no colostro. Uma menor absorção 
tem sido observada quando os bezerros passam por estresse térmico e parto distocico. Existem 
ainda as causas desconhecidas de hipogamaglobulinemia. 
Colostro e metabolismo neonatal 
Durante o período de gestação o feto recebe todo o aporte energético por via placentária, sendo a 
glicose o principal substrato utilizado. Ao nascimento, cerca de 10% do peso hepático do 
neonato é constituído de reservas de glicogênio (Kasari, 1994). 
Estas reservas são totalmente consumidas durante as seis primeiras horas de vida e o neonato 
então precisa de uma fonte externa imediata para manutenção do metabolismo energético. 
 
 
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Diferente do aporte energético recebido durante a fase fetal, o colostro contém uma alta 
quantidade de lipídeos e uma quantidade relativamente baixa de carboidratos, como substrato 
disponível para metabolismo (Hammon & Blum, 1997ª). Deste modo, o neonato precisa 
desenvolver ou ativar rapidamente (nas primeiras horas de vida) mecanismos para captação de 
lipídeos e carboidratos. 
Colostro e desenvolvimento do trato gastrointestinal 
No período imediato após o nascimento o TGI dos neonatos apresenta diversas modificações 
morfológicas, proliferação celular acelerada e maturação de atividades enzimáticas e absortivas. 
Grande parte destes eventos são desencadeados por uma profunda interrelação entre fatores 
presentes no colostro, a quantidade destes fatores que é ingerida, o tempo gasto entre o parto e a 
primeira ingestão, bem como o período de duração da oferta de colostro para o animal. 
O colostro possui vários peptídios biologicamente ativos (PBA) e a função exata de muitos deles 
ainda não esta determinada (Guilloteau et al , 1997, Odle et al, 1996). Os peptídios, presentes no 
colostro mais estudados, são o fator de crescimento epidérmico (EGF) e os fatores de 
crescimento semelhantes à insulina I e II (IGF 1 e IGFII). O EGF é um peptídio ácido-estavél, 
que resiste à degradação protéica estomacal. Sua principal atividade no TGI é de estimular a 
proliferação e diferenciação de células intestinais e a maturação do trato digestivo. 
Os fatores de crescimento semelhante à insulina I e II são peptídios que têm a capacidade de 
estimular a síntese de DNA e a mitose em vários tipos de células e são promotores de 
crescimento do intestino em bezerros neonatos. 
Durante as primeiras semanas de vida o neonato entra em contato com diversos enteropatógenos. 
Desta forma os mecanismos de imunidade passiva e ativa e de reparo do epitélio intestinal são 
imprescindíveis para a preservação da capacidade de absorção do TGI. 
Após a primeira ingestão do colostro há um estímulo da secreção do polipeptídio inibidor 
gástrico (que inibe a secreção de gastrina) e uma inibição da secreção de motilina (hormônio que 
inibe a motilidade do trato gastro intestinal na fase fetal). O efeito cumulativo de 4 alimentações 
com colostro, dentro das 24 primeiras horas de vida ocasiona um aumento das concentrações 
plasmáticas de gastrina, colecistocinina, secretina e peptídio intestinal vasoativo. Todos estes 
hormônios são potentes estimuladores da atividade do trato gastrointestinal (Guilloteau et al , 
1992). Alguns peptidios liberados pela digestão parcial de caseínas do colostro também são 
biologicamente ativos como as caseomorfinas, que são exorfinas que modulam a velocidade de 
transito da ingesta no TGI. 
 
 
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Tabela 2. Exemplos de peptídios biologicamente ativos derivados das proteínas do 
leite 
Nome Aminoácido Atividade 
αs1 Casokinin - 5 αs1-CN (f 23-27) ACE inibidor 
β - Casokinin -7 β - CN ( f177- 183) ACE inibidor 
α -Lactorphin α - LA (f50-53) Opioid agonist 
β - lactorphin β - LC (f 142 – 148) ACE inibidor 
Antihypertensive peptide β - CN (f 169 – 174) Antihipertensiva 
Casoplatelin κ - CN ( f 106-116) Antitrombotic 
Thrombin inibitory peptide κ - CN glycomacropeptide (f112–
116) 
Antitrombotic 
Thrombin inibitory peptide Lactotransferrin (f 39 – 42) Antitrombotic 
Caseinophospeptide αs1-CN (f 59 – 79) Ca binding 
Immunopeptide β - CN ( f 191 - 193) Immunostimulation 
Lactoferricin B Lactoferrin ( f 17 – 41) Antimicrobial 
β - Casokinin -10 β - CN (f 193 – 202) Immunostimulation 
α Casein exorphin αs1-CN (f 90 -96) Opioid agonist 
Serophin BSA ( f 399- 404) Opioid agonist 
β Lactorphin β- LC (f 102 – 105) Opioid agonist 
Casoxin C κ - CN ( f25 -34) Opioid antagonist 
Casoxin D αs1-CN (f 158 – 164) Opioid antagonist 
Lactoferroxin A Lactoferrin (f 318 – 323) Opioid antagonist 
Fonte Dados adaptados de Clare & Swaisgood, 2000 
CN caseína, LG lactoglobulin, BSA bovino serun albumin, ACE angiotensin converin enzima, 
LA lactoalbumin 
Função de nutrição do colostro 
Além da função de conferir imunidade aos bezerros o colostro também age como a sua primeira 
fonte de nutrientes. Como pode ser observado na Tabela 2 ele possui duas vezes mais sólidos 
totais que o leite. As percentagens de proteína e gordura são altas e a de lactose é menor que no 
leite integral. Minerais e vitaminas também estão em maior concentração no colostro. 
A lactose e a gordura presentes no colostro vão ser as fontes de energia para os bezerros. O corpo 
do animal recém nascido possui pouco estoque de gordura sendo a maior parte dos lipídeos de 
origem estrutural e sem possibilidade de serem mobilizados. Os estoques de gordura corporal e 
glicogênio que podem ser mobilizados se esgotam dentro de 18 horas após o nascimento se os 
 
 
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animais não forem alimentados (Okamoto et. al., 1986). Este fato demonstra a extrema 
importância da administração imediata de colostro aos animais. 
Tabela 3. Composição do colostro de animais da raça holandesa 
Constituinte Colostro (ordenha pós-parto) Leite 
 1ª 2ª 3ª 4ª Integral 
sólidos totais % 23,9 17,9 14,1 13,9 12,9 
Gordura % 6,7 5,4 3,9 4,4 4,0 
proteínas % 14,0 8,4 5,1 4,2 3,1 
Caseína % 4,8 4,3 3,8 3,2 2,5 
albumina % 0,9 1,1 0,9 0,7 0,5 
Imunoglobulinas % 6,0 4,2 2,4 - 0,09 
Lactose % 2,7 3,9 4,4 4,6 5,0 
cinzas % 1,11 0,95 0,87 0,82 0,74 
Ca % 0,26 0,15 0,15 0,15 0,13 
P % 0,24 0,11 
Mg % 0,04 0,01 
Fé mg/100g 0,20 0,01-0,07Vit A ug/100ml 295 190 113 76 34 
Vit D U.I/g gordura 0,89 - 1,81 0,41 
Vit E ug/g gordura 84 76 56 44 15 
Vit B12 ug/100 ml 4,9 - 2,5 - 0,6 
Adaptado de ROY (1970) e FOLEY & OTTERBY (1978) 
 
 
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DESENVOLVIMENTO E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTIVO 
O sistema digestivo do bezerro inicia seu desenvolvimento no estágio embrionário. Ao 
nascimento o abomaso é o compartimento predominante, representando aproximadamente 50% 
do peso total dos estômagos. O abomaso é conhecido como estômago verdadeiro devido à sua 
habilidade em conduzir uma digestão gástrica de proteínas similar à observada em não-
ruminantes. 
O principal fator que influencia o desenvolvimento dos pré-estômagos (rúmen, retículo, e 
omaso) do bezerro neonato é a dieta. Bezerros criados exclusivamente com dietas líquidas 
exibem um desenvolvimento anormal dos pré-estômagos. Embora algum crescimento tecidual 
ocorra, as paredes tornam-se finas e o desenvolvimento das papilas é atrasado. Uma vez que o 
animal inicia a ingestão de alimentos sólidos, ocorre um rápido crescimento em volume, peso, 
musculatura e capacidade absortiva dos pré-estômagos. 
A habilidade dos bezerros em manter seu status nutricional é dependente do desenvolvimento de 
um rúmen funcional. 
O estômago dos ruminantes é dividido em quatro partes distintas sendo às três primeiras (rúmen, 
retículo e omaso) chamadas de pré-estômagos e, o chamado estômago verdadeiro, o abomaso. 
O estômago dos ruminantes é formado por uma camada externa de tecido conjuntivo que recobre 
outra camada subjacente de tecido muscular que por sua vez envolve uma camada de tecido 
epitelial claramente diferenciada. 
A musculatura, que recobre os estômagos, tem a função de misturar a ingesta e movimentá-la 
pelo sistema digestivo. A musculatura se desenvolve à medida que os bezerros ingerem 
alimentos sólidos, principalmente os mais grosseiros ou fibrosos. 
O epitélio dos pré-estômagos, principalmente do rúmen, é responsável pelo metabolismo e 
absorção dos ácidos graxos voláteis e minerais. Protege também o órgão da abrasão realizada 
pela ingesta e da invasão bacteriana. 
O epitélio é aglandular escamoso estratificado, possui várias camadas de células. A camada mais 
profunda é o extrato basal, do qual as células se dividem e migram para o extrato espinhoso. As 
células do estrato espinhoso iniciam o processo de queratinização que continua no extrato 
granuloso. O estrato granuloso é revestido por uma camada mais externa e queratinizada, o 
extrato córneo. 
É provável que os ácidos graxos voláteis, eletrólitos e água sejam inicialmente absorvidos pelo 
extrato córneo, passando de célula a célula, através das pontes intercelulares, até às células dos 
extratos espinhoso e basal, das quais as substâncias absorvidas passam aos espaços 
intercelulares, antes de penetrarem nos capilares. 
Embora as células do extrato córneo não possuam a maquinaria metabólica adequada 
(mitocôndrias, etc) para manutenção de gradientes apropriados de difusão, as dos extratos 
espinhoso e basal parecem ser metabolicamente ativas. Em função das pontes intercelulares, os 
solutos absorvidos podem ser transferidos das células queratinizadas para aquelas mais 
profundas e de maior atividade metabólica. 
O epitélio ruminal é organizado em papilas, as quais são projeções semelhantes a dedos que 
servem para aumentar a área de absorção. O tamanho e formato das papilas são dinâmicos e 
respondem às mudanças da dieta. É importante que os animais sejam adaptados gradualmente 
 
 
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quando se troca uma dieta de baixa digestibilidade para uma altamente digestível. O motivo 
desta adaptação é preparar a microbiota do rúmen para degradação de novos substratos e permitir 
tempo para um ajuste suficiente do tamanho papilar, até que a absorção de ácidos graxos voláteis 
(AGV) se iguale à sua produção. 
Assim que o bezerro começa a ingerir alimentos sólidos os estômagos aumentam rapidamente o 
seu volume, peso dos tecidos, musculatura e capacidade de absorção (Sutton et al., 1963; Warner 
& Flatt, 1965; Huber, 1969). Estas alterações são interdependentes e podem ser aceleradas ou 
modificadas pelo regime alimentar. 
Tabela 4. Mudanças no estômago dos bovinos em diferentes idades (%) 
Idade em semanas 0 4 8 12 16 20 – 26 34 - 38 
Retículo – rúmen 38 52 60 64 67 64 64 
Omaso 13 12 13 14 18 22 25 
Abomaso 49 36 27 22 15 14 11 
CHURCH, 1988 
Quando o bezerro nasce, a superfície interna do rúmen é lisa mostrando somente formas 
rudimentares de papilas, que mais tarde vão cobrir todo o rúmen. 
Os fatores específicos envolvidos no desenvolvimento das papilas do rúmen são os AGV que são 
produtos da fermentação, pelas bactérias do rúmen, de carboidratos e de frações de proteínas das 
dietas (Brownlee, 1956). O butirato e o propionato são os principais estimuladores do 
crescimento dos tecidos, papilas do rúmen, em parte devido à extensiva metabolização durante a 
absorção (McGilliard, et al, 1965). O metabolismo fornece energia para crescimento do tecido 
epitelial e para contração muscular. O butirato e o propionato, tem efeito direto sobre 
proliferação e diferenciação das células epiteliais gastrointestinais (Velázquez et. al., 1996). 
Pensava-se que o consumo de volumosos era essencial para o desenvolvimento do reticulo- 
rúmen, no entanto, pesquisas demonstraram que eram os alimentos com alto poder de 
fermentação que provocavam um desenvolvimento mais rápido dos tecidos dos estômagos 
(Brownlee, 1956). 
Desta forma para um bom desenvolvimento das áreas de absorção dos estômagos é necessário 
um consumo de alimentos sólidos que direcionem a fermentação para uma maior proporção de 
butirato e propionato. Isto é conseguido com a utilização de dietas com maior participação de 
grãos e menor de volumosos. Os volumosos têm uma taxa de fermentação mais lenta que os 
grãos e direcionam a fermentação para uma produção maior de acetato. 
Enfim o desenvolvimento fisiológico do rúmen está associado com a produção dos ácidos graxos 
voláteis (AGV) absorvidos pelas paredes do rúmen. Os ácidos graxos que mais estimulam o 
desenvolvimento papilar são em ordem: 
 butírico -propiônico- acético. 
Este efeito está relacionado, pelo menos em parte, ao extensivo metabolismo destes ácidos pelo 
tecido ruminal. 50% do ácido propiônico produzido no rúmen é metabolizado durante a 
absorção, e até 90% do ácido butírico é oxidado a corpos cetônicos pelo epitélio ruminal. 
As papilas aumentam a área de superfície do rúmen disponível para absorção dos AGV e são o 
sítio do metabolismo da mucosa ruminal. 
 
 
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Ao nascimento, as papilas medem 1 a 2,6 mm de altura, crescendo rapidamente com a 
introdução de alimentos sólidos e atingindo o tamanho de 5 a 7 mm às 8 semanas de idade. 
O desenvolvimento dos pré-estômagos e do abomaso pode ser dividido em três fases: 
- a primeira, do nascimento até a terceira semana de vida, estando o animal em 
aleitamento e apresentando características de pré-ruminante; 
- da quarta à oitava semana de vida o animal passa por um período de transição quando 
uma maior ingestão de matéria seca e desenvolvimento dos pré-estômagos são 
observados; e 
- apartir da oitava semana de vida a proporção entre os compartimentos dos estômagos 
estabiliza e o animal já pode ser considerado um ruminante, apesar destes 
compartimentos continuarem a crescer e aumentar tanto em peso quanto em capacidade 
volumétrica até os três a quatro anos de idade. 
A ruminação inicia-se com o consumo de alimentos sólidos fibrosos, tendo início dentro de 11-
14 dias após o nascimento. Os padrões de ruminação típicos de animais adultos são estabelecidos 
com 3 meses de idade. 
Ruminação é o ato de remastigar a ingesta ruminal. O tempo gasto na ruminação depende do tipo 
da dieta: o material fibroso requer maior tempo de remastigação do que alimentos finamente 
moídos. O nível de ingestão de alimentos também influencia o tempo de ruminação, com altas 
ingestões estimulando a ruminação. 
O consumo precoce de alimentos sólidos é o fator mais importante na transição de pré ruminante 
a ruminante. 
Somente a partir de 3 semanas de vida o bezerro apresenta um consumo de alimentos sólidos 
capaz de contribuir significativamente no suprimento de seus requisitos de energia (45-55% da 
energia metabolizável total) e proteína. 
Em geral, a proporção das concentrações ruminais dos ácidos acético, propiônico e butírico 
variam, respectivamente, de 70:20:10 nas dietas ricas em volumosos, até 60:30:10 naquelas ricas 
em grãos. 
A quantidade de AGV produzida em uma dieta altamente calórica costuma ser muito maior do 
que a produzida numa dieta rica em fibras, assim como a produção total de ácido acético deve 
ser maior na primeira dieta, mesmo estando reduzida com relação aos outros AGV. 
O benefício obtido pelo hospedeiro está na energia química contida nos AGV. Em ruminantes e 
outros grandes herbívoros, os AGV são o principal combustível energético, desempenhando o 
papel da glicose nos monogástricos onívoros. Eles suprem de 60 a 80% da energia dietética dos 
ruminantes na maioria dos tipos de dieta. Assim sendo, é importante, tanto do ponto de vista da 
digestão quanto do metabolismo do hospedeiro, que esteja presente um mecanismo eficiente e de 
alta capacidade para absorção dos AGV. O epitélio dos pré-estômagos possui este sistema, 
absorvendo quase todo o AGV, com o escape de somente pequenas quantidades para as vias 
digestivas inferiores. Além disso, os processos absortivos ajudam a manter o pH ruminal, 
removendo o ácido da ingesta dos pré-estômagos, e contribuindo com bicarbonato no processo. 
No processo de absorção de uma molécula de AGV, outra de bicarbonato é gerada na luz; 
portanto, a absorção dos AGV ajuda a tamponar o pH ruminal tanto pela produção de base 
quanto pela remoção de ácido. 
 
 
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No período de transição, 3-8 semanas de vida, a gliconeogênese supre as baixas quantidades de 
glicose provenientes do sistema digestivo. O aumento nos níveis de proprionato, provenientes da 
fermentação ruminal, torna-se um importante precursor da síntese de glicose. A desmama, a 
gliconeogênese torna-se a principal fonte de glicose para o metabolismo corporal. A alanina, 
glutamato e glutamina são responsáveis por 40-60% da gliconeogênese de origem protéica. 
Outros AA prontamente gliconeogênicos são: ácido aspártico, arginina, glicina, histidina, 
prolina, serina, treonina e valina. As taxas de gliconeogênese são relativamente constantes dentro 
de um período de 24 horas. 
Outro processo que deve ocorrer no desenvolvimento de um rúmen verdadeiramente funcional é 
o estabelecimento de uma população diversificada e estável de microrganismos. A população 
bacteriana associada à digestão fermentativa é ampla, com pelo menos 28 importantes espécies 
funcionalmente diferentes estando presentes. O número de protozoários é, em média, de 105 a 
106 células por grama de conteúdo ruminal. 
A colonização do trato digestivo inicia-se nas primeiras horas após o nascimento, quando o 
animal entra em contato com o ambiente, pêlos e alimentos não-estéreis. Estes microrganismos 
devem possuir características de crescimento (por exemplo, facultativos ou anaeróbicos, taxa de 
crescimento relativamente rápida, crescimento em uma faixa de pH de 5,0 a 7,0) e requisitos 
nutricionais que possam ser supridos pela dieta ou pela simbiose com outros microrganismos 
não-competitivos. 
Os bezerros criados em condições normais adquirem microrganismos capazes de digerir a 
celulose dentro de 1-3 semanas após o nascimento. Bactérias ácido-láticas são encontradas em 
grande quantidade com 1-3 semanas de idade, mas declinam para números similares aos 
observados em animais adultos com 9-13 semanas. Microrganismos capazes de crescer em 
condições aeróbicas e coliformes são encontrados em grande número durante as primeiras 3 
semanas de vida, mas estas espécies apresentam grande diminuição numérica com o avançar da 
idade. Animais alimentados apenas com leite apresentam uma grande população de 
microrganismos aeróbicos no rúmen. As principais espécies de bactérias ruminais apresentam 
uma população estabilizada com 9-12 semanas após o nascimento dos bezerros. O tipo de dieta 
consumida e a proximidade com animais adultos parecem ser os principais fatores determinantes 
do estabelecimento de protozoários na microbiota ruminal, que normalmente estabiliza-se com 
10-12 semanas de vida. 
Uma função potencialmente importante dos protozoários deve envolver sua capacidade de 
retardar a digestão de substratos rapidamente fermentáveis, como o amido e algumas proteínas. 
Eles são capazes de ingerir partículas de amido e proteína, estocando-as intracelularmente e 
protegendo-as da ação bacteriana. Especialmente no caso do amido, esse efeito deve ser benéfico 
para o hospedeiro, modulando ou retardando a digestão de substratos rapidamente fermentáveis. 
No estabelecimento de uma fermentação normal, um fator crítico é a manutenção de um pH 
variando entre 6,0-6,8 durante a maior parte do ciclo alimentar. As principais mudanças no pH 
ruminal ocorrem quando a ingestão de alimentos sólidos alcança quantidades significativas, de 4-
7 semanas de vida. Durante as 3 primeiras semanas, quando o consumo de MS é relativamente 
baixo, a atividade fermentativa é baixa, os valores de pH são altos, e os microrganismos 
predominantes são as bactérias aeróbicas ou facultativas. Com o aumento na ingestão de MS, o 
ácido lático torna-se o principal produto da fermentação, resultando em uma queda no pH 
ruminal. Após 4-6 semanas de idade dos bezerros, a população total de microrganismos 
aeróbicos ou facultativos diminui, possivelmente em função da mudança nos tipos de substrato 
 
 
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disponíveis. A população de bactérias anaeróbicas aumenta durante este período, resultando em 
uma maior diversidade na população de microrganismos. Ocorre um aumento no número de 
espécies que utilizam amido, proteínas e ácido lático. Com o avançar da idade dos animais, o 
ambiente ruminal torna-se mais estável, o que, juntamente com o pH mais alto, e a 
disponibilidade de substrato, são fatores determinantes no estabelecimento simultâneo das 
populações de bactérias celulolíticas e metanogênicas. 
 
Várias necessidades precisam ser atendidas pelo hospedeiro para que ocorra uma fermentação 
adequada: 
Substrato para a fermentação; 
Temperatura próxima a 37ºC; 
Força iônica (osmolaridade) do líquido ruminal mantida dentro de uma faixa ótima de 
variação (próxima a 300 mosm). 
Potencial de oxidação-redução negativo (-250 a –450 mV) 
Remoção do resíduoindigerível; 
Taxa de remoção compatível com a regeneração dos microrganismos; 
Tamponamento ou remoção dos AGV; 
Bezerros recebendo alimentos sólidos desde o nascimento apresentam padrões ruminais de AGV 
e amônia similares aos observados em animais adultos, com 3 semanas de idade. 
Durante a fase de transição, as enormes variações observadas no consumo de MS entre os 
bezerros estão relacionadas aos efeitos da dieta na fermentação ruminal e, especialmente, no pH 
do rúmen. O controle da taxa de fermentação e da capacidade de tamponamento por meio da 
manipulação da dieta pode ser de grande benefício no alcance de consumos altos e uniformes de 
alimentos sólidos. 
A fase de pré-ruminante, do ponto de vista nutricional, é de importância crucial, pois os animais 
apresentam altas exigências nutricionais, pequenas reservas corporais de nutrientes, e limitada 
capacidade digestiva para nutrientes não-lácteos. Somente a partir de 3 semanas de vida, o 
bezerro apresenta um consumo de alimentos sólidos capaz de contribuir significativamente no 
suprimento de seus requisitos de energia (45-55% da energia metabolizável total) e proteína. 
Os valores de glicose plasmática oscilam de 90 – 100 mg/dl em bezerros com uma semana de 
idade a 65 mg/dl entre a 6ª e a 13ª semana de idade. A queda na concentração de glicose está 
relacionada ao desenvolvimento do rúmen e ao aumento da produção dos AGV. Essa alteração 
deve-se à mudança de substrato energético presente no rúmen e à habilidade do epitélio em 
oxidar esses substratos. 
Observa-se aumento nas concentrações de glicose 3 horas após a ingestão, quando a dieta é 
composta apenas de leite, sendo a queda registrada às 6 horas após a ingestão. 
A maior parte da digestão dos carboidratos nos ruminantes ocorre nos pré-estômagos, mediante 
fermentação. Para enfrentar tal situação, esses animais desenvolveram sistemas eficientes tanto 
de produção quanto de conservação da glicose. 
 
 
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Essencialmente, toda a glicose disponível para os ruminantes na maioria dos tipos de dieta se 
origina da gliconeogênese. Em termos quantitativos, o precursor mais importante da glicose é o 
propionato, que contribui para a síntese de glicose após entrar no ciclo de Krebs, no nível do 
succinato. 
Os outros AGV, acetato e butirato, também entram no ciclo de Krebs; entretanto, como os ácidos 
graxos de cadeia longa do tecido adiposo, o acetato e o butirato entram no ciclo como acetil 
CoA, que não leva à produção de oxaloacetato e de glicose. 
Quase todo o propionato absorvido a partir do rúmen é extraído do sangue pelo fígado, quase 
nunca entrando na circulação sistêmica. A extração hepática do propionato significa que todo ele 
é utilizado para a gliconeogênese. 
Além do propionato, os AA provenientes da absorção intestinal também fornecem substrato para 
a gliconeogênese. 
Consumo de Água 
Apesar da água ser considerada um nutriente essencial, ainda há muita controvérsia sobre o 
início do fornecimento de água aos bezerros. Animais recebendo água “ad libitum“ desde a 
primeira semana de vida apresentam desempenhos superiores aos observados em animais que 
recebem água somente pelo fornecimento de leite. 
O consumo de água está diretamente relacionado ao consumo de MS. Os animais em 
crescimento têm uma alta exigência nutricional, que aumenta proporcionalmente ao crescimento. 
Qualquer problema que leve a uma redução no consumo de água levará também a uma queda no 
consumo de alimentos e nas taxas de desenvolvimento. 
O consumo de água varia muito e é influenciado por uma série de fatores, entre os quais citam-
se: tamanho corporal, nível de atividade física, estado fisiológico, composição e forma física da 
dieta, consumo de alimentos, horário de pastejo, temperatura, umidade, velocidade dos ventos, 
qualidade e acesso à água, precipitações e interações sociais. Além desses efeitos, ocorre ainda 
grande variação individual. 
 
 
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0,0
1,0
2,0
3,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Semanas
M
S
T 
(K
g)
0,0
1,0
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3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Á
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a 
(li
tro
s)
MST Água
 
Figura 1. Consumo médio diário de matéria seca total (MST) e água, agrupados por 
semanas, de bezerros alimentados com concentrado e feno ou apenas feno e 
desaleitados aos 30 dias de idade (dados agrupados dos dois tratamentos) 
Coelho, 1999. 
Utilização de Fontes de Fibra na Dieta de Bezerros 
O tipo de dieta sólida fornecida aos bezerros afeta a taxa de crescimento e desenvolvimento do 
trato digestivo. Partículas longas de feno não são adequadas para a dieta de bezerros do 
nascimento até a 6a - 8a semana de vida devido à dificuldade dos animais em apreender e digerir 
este tipo de alimento. 
A taxa de degradação do feno é muito menor que a de alimentos concentrados e os 
microorganismos que degradam a fibra demoram um tempo maior para se estabelecer no 
retículo-rúmen que aqueles que degradam amido e outros carboidratos solúveis (Davis e 
Drackley, 1998). 
Apesar da utilização de feno inteiro ou picado em grandes partículas na dieta de bezerros não ser 
adequado, a adição de fontes de fibra em partículas menores é essencial. 
A incorporação de 10 a 25% de feno picado, ou outra fonte de fibra de boa qualidade, ao 
concentrado aumenta o consumo de matéria seca e o ganho de peso dos animais (McGavin e 
Morril, 1976; Miller et al, 1969, Nocek et al, 1984). Os alimentos fibrosos, além de contribuírem 
para formação da microbiota típica do rúmen, provocam o aumento do pH em seu interior, pois 
estimulam mais a salivação e ruminação que os alimentos concentrados. 
Os alimentos volumosos ainda contribuem para o aumento do volume do rúmen e fortalecimento 
do tecido muscular de suas paredes, aumentando o número e à potência das contrações ruminais 
(Castro e Zanetti, 1998). 
A forma física da dieta, em particular o tamanho das partículas, influencia o consumo de 
alimentos, o ganho de peso e a saúde dos bezerros. Segundo Warner et al (1991), o tamanho das 
partículas é mais importante que o próprio teor de fibra da dieta quando se trata da saúde do 
rúmen de bezerros até oito semanas de idade. 
 
 
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A quantidade de fibra a ser incluída no na dieta depende: 
. Dos ingredientes utilizados no concentrado, 
. Do tamanho da partícula da fonte de fibra, e 
 Do nível de consumo. 
Fontes de fibra mais utilizadas: 
Fenos de leguminosas, fenos de gramíneas, caroço de algodão, polpa de beterraba, trigo, 
resíduos de destilaria, casquinha de soja, casca de aveia. 
A quantidade de fibra a ser incluída na dieta deve estar entre os seguintes valores: acima de 6% e 
abaixo de 20% de fibra detergente ácido (FDA). Os níveis de fibra detergente neutro (FDN) 
aceitos são 15 a 22%. A quantidade de FDN incluída na dieta vai depender dos alimentos 
utilizados. Alto conteúdo de FDN pode ser tolerado se a maior porção de fibras vier de alimentos 
como caroço de algodão, casca de soja, casca de aveia e polpa de beterraba. 
Tabela 5 . Efeito da forma física da dieta sobre o consumo de alimentos e ganho de 
peso até a 8a semana de vida (Kg/dia) e idade de início da ruminação 
(semanas) de bezerros desaleitados aos28 dias de idade. 
 Forma física da dieta 
Propriedades fisico-químicas da dieta Finamente moída Grosseira 
FDN (%) 23,60 23,00 
FDA (%) 12,10 11,10 
Tamanho de partícula (%>1190 µm) 25,30 86,60 
Bezerros 
Consumo (Kg) 0,85 1,09 
Ganho de peso (Kg) 0,32 0,41 
Início da ruminação (dias) 6,00 3,70 
Adaptado de Warner et al, 1991. 
Após a escolher a fonte de fibra é necessário decidir sobre os grãos que vão compor o 
concentrado: 
Os grãos mais comumente utilizados tem sido: 
Milho, cevada (alta palatabilidade), sorgo, trigo, triticale, aveia 
Enzimas e Secreções Digestivas 
O desenvolvimento da capacidade e habilidade absortiva do trato gastrointestinal é um aspecto 
essencial na digestão em bezerros. Entretanto, a secreção de fluidos e enzimas é igualmente 
importante, se não for de importância superior. 
As enzimas digestivas têm várias origens: glândulas salivares, tecido abomasal, pâncreas e 
intestino delgado. As enzimas secretadas por cada tecido e os substratos nos quais elas atuam 
estão listados na tabela. 
 
 
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Á medida que o alimento é mastigado, mistura-se com as secreções salivares que permitem 
moldá-lo num bolo bem lubrificado, facilitando a deglutição. Além disso, a saliva pode ter ação 
antibacteriana, digestiva e função refrescante evaporadora, dependendo da espécie. A atividade 
antibacteriana da saliva provém dos anticorpos e da lisozima. Assim, a saliva auxilia na 
conservação de uma população de bactérias sob controle, prevenindo doenças infecciosas bucais. 
A saliva dos ruminantes é isotônica e, comparada ao soro bovino, possui uma concentração 
relativamente elevada de bicarbonato e fosfato, além de um pH relativamente elevado. Essa 
solução bem tamponada é necessária para neutralizar os ácidos formados pela fermentação no 
rúmen. 
As maiores áreas superficiais do abomaso estão cobertas por células mucosas superficiais. Estas 
células elaboram um muco persistente e espesso, característica especial do revestimento do 
abomaso. As células mucosas e suas secreções associadas são importantes para a proteção do 
epitélio gástrico das condições ácidas. Quando as células mucosas são lesadas, o resultado é o 
surgimento de úlceras. 
 
 
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Tabela 6. Principais Enzimas Digestivas em Bezerros 
Tipo de Enzima Fonte Substrato Sítio de Ação Tipo de Ação Idade 
Carboidrases nascimento 30 dias 
Lactase Mucosa Intestinal Lactose Intestino Delgado Quebra da lactose em glicose e galactose Alta Em queda até 
desmama 
Maltase Mucosa Intestinal Maltose Intestino Delgado Quebra da maltose em glicose Baixa Alta 
Isomaltase Mucosa Intestinal Isomaltose Intestino Delgado Quebra da isomaltose em glicose Baixa Alta 
Amilase Pâncreas Amido Intestino Delgado Quebra do amido em dextrinas e maltose Baixa Alta 
Proteases 
Quimosina (Renina) Abomaso k-caseina Abomaso Formação do coágulo no abomaso pela quebra das ligações fenilalanina-metionina 
(posição 105-106) da k-caseina 
Alta Em queda até 
desmama 
Pepsina Abomaso Proteínas Abomaso Quebra das cadeias polipeptídicas nas ligações envolvendo fenilalanina, tirosina, ou 
triptofano. Pode afetar a coagulação da caseína 
Alta Alta 
Tripsina Pâncreas Proteínas Intestino Delgado Quebra das cadeias polipeptídicas nas ligações envolvendo arginina e lisina Baixa Alta 
Quimotripsina Pâncreas Proteínas Intestino Delgado Quebra das cadeias polipeptídicas nas ligações envolvendo fenilalanina, tirosina, 
triptofano, histidina, leucina ou metionina 
Baixa Alta 
Carboxipeptidases Pâncreas Peptídeos Intestino Delgado Quebra peptídeos com grupos carboxil livres para liberar aminoácidos 
Aminopeptidases Intestino Delgado Peptídeos Intestino Delgado Quebra de peptídeos em aminoácidos 
Lípases 
Esterase Pré-Gástrica Glândulas Salivares Gorduras Abomaso Quebra de ácidos graxos C2-C8 provenientes dos triglicérides da gordura do leite; 
menos ativa em ácidos graxos de cadeia longa 
 
Lípase Pancreática Pâncreas Gorduras Intestino Delgado Quebra dos ácidos graxos dos triglicérides para produção de monoglicerídeos e ácidos 
graxos livres 
Baixa Alta 
Co-lipase Pâncreas Gorduras Intestino Delgado Proteínas de baixo peso molecular requeridas em algumas espécies pela lipase 
pancreática para neutralizar o efeito inibidor dos sais biliares 
Baixa Alta 
Fosfolipase A2 Pâncreas Fosfolípide
s 
Intestino Delgado Quebra dos ácidos graxos da lecitina para produção de lisolecitina Baixa Alta 
Outras 
Ribonuclease Pâncreas Ácidos 
Nucléicos 
Intestino Delgado Conversão de ácidos ribonucléicos em nucleotídeos 
 
 
 
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Digestão, Absorção e Metabolismo de Carboidratos 
A glicose, a galactose e a frutose são os açúcares simples mais importantes nas dietas animais. 
Esses monossacarídeos estão presentes, pré-formados, em pequenas quantidades nas dietas 
normais. Os açúcares complexos mais importantes são a lactose e a sacarose. Outros açúcares 
complexos importantes são a maltose, isomaltose e maltotriose, que raramente se apresentam 
pré-formados nas dietas, aparecendo em maior quantidade no intestino, como produtos 
intermediários da digestão do amido. 
O amido é um carboidrato estocador de energia dos vegetais, que se apresenta em duas formas 
químicas: amilose e amilopectina. Ambas são polímeros de glicose de cadeia longa, mas a 
amilose é uma molécula de cadeia estreita, contendo monômeros da glicose unidos por ligações 
α [1-4] glicosídicas. A amilopectina também contém cadeias de glicose unidas por ligações α [1-
4] glicosídicas, mas as cadeias de amilopectina são ramificadas, possuindo uma ligação α [1-6] 
em cada ramo. Embora a estrutura química do amido esteja limitada a estes dois tipos 
moleculares, a estrutura física e a encapsulação dos amidos varia entre as fontes vegetais. Esta 
variação resulta nas características únicas dos amidos de diferentes origens, como o trigo, o 
milho ou a cevada. 
Com exceção da lactase, todas as demais carboidrases são encontradas em quantidades 
relativamente pequenas, apresentando, portanto, baixa atividade no sistema digestivo dos 
bezerros recém-nascidos. Os bezerros apresentam altas concentrações de lactase intestinal ao 
nascimento, apresentando uma queda de 25% aos 8 dias de vida. 
As mudanças na secreção das diferentes enzimas intestinais estão relacionadas à renovação do 
epitélio intestinal. Conseqüentemente, a utilização de qualquer dissacarídeo ou polissacarídeo, 
com exceção da lactose, é severamente limitada no bezerro recém-nascido. 
Os bezerros não possuem sacarase e amilase salivar; enzimas que estão presentes na maior parte 
dos animais jovens de espécies não-ruminantes. 
A maltase intestinal e a amilase pancreática são encontradas em pequenas quantidades ao 
nascimento, mas aumentam sua atividade com a idade, especialmente a amilase. A frutose é 
absorvida apenas em pequenas quantidades, sendo que o seu excesso pode provocar diarréias. 
A digestão pós-ruminal de amido e maltose aumenta consideravelmente durante os 3 primeiros 
meses de vida dos ruminantes, mas permanece abaixo dos valores observados em monogástricos, 
mesmo em ruminantes adultos. Não são observados aumentos nos níveis plasmáticos de glicose, 
possivelmente devidoà lenta liberação e o metabolismo concorrente pela mucosa intestinal e 
fígado, ou devido à fermentação microbiana no íleo. 
Quando o escape de amido do rúmen não é excessivo, observa-se uma digestibilidade intestinal 
de 80-90%, podendo chegar a 100% quando o amido é parcialmente hidrolisado. O amido que 
escapa da digestão intestinal serve como substrato prontamente disponível para fermentação 
microbiana no ceco. Os AGV produzidos contribuem para o metabolismo energético do animal, 
mas as proteínas são perdidas nas fezes. 
Em ruminantes, quatro períodos do metabolismo de carboidratos têm sido sugeridos: (a) o 
estágio intra-uterino, no qual os requisitos de glicose fetal são supridos pela circulação materna, 
(b) o estágio que vai do nascimento a 2-3 semanas de vida, no qual a glicose é suprida pela 
lactose do leite, (c) o período de transição que vai de 3-8 semanas de idade, no qual o rúmen está 
 
 
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em desenvolvimento e o suprimento de leite diminui, (d) o estágio no qual o animal torna-se um 
ruminante, com 8-12 semanas de vida, a partir do qual, as exigências de energia são supridas 
pelo rúmen. 
Antes do nascimento, a glicose é a principal fonte de energia para o feto. Dentro de 2 horas após 
o nascimento, os níveis de glicose plasmática aumentam devido a glicogenólise. O pico é 
atingido com 48 horas (100mg/dl) e não é dependente da alimentação, embora possa ser 
aumentado por certos regimes alimentares. Durante este período, o glicogênio hepático cai para 
10% dos valores fetais, permanecendo baixo por vários dias, alcançando os valores observados 
em adultos, com 2-3 semanas de idade. 
Os altos níveis plasmáticos de glicose, observados em bezerros neonatos, gradualmente 
alcançam os valores observados em adultos (45-55mg/dl) com 12 semanas de idade. 
Em contraste com ruminantes adultos, fetos e neonatos de espécies ruminantes respondem a 
injeções de insulina com depressão nos níveis de glicose sanguíneos, enquanto os altos níveis de 
glicose estimulam a secreção de insulina. 
A gliconeogênese hepática normalmente inicia-se imediatamente após o nascimento, prevenindo 
assim, a hipoglicemia. 
Apesar de haver outros combustíveis importantes no organismo, a glicose possui significado 
especial porque, na maioria das condições, é o único dos combustíveis consumido pelo SNC. 
O glicogênio é a única forma de estocagem direta de glicose no organismo, embora a glicose 
possa ser sintetizada a partir de outros compostos. Quando a glicose é liberada a partir do 
glicogênio, o processo denomina-se glicogenólise. 
 
 
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ALIMENTAÇÃO 
ADMINISTRAÇÃO DO COLOSTRO 
A administração do colostro pode ser realizada com o bezerro mamando na vaca, em 
mamadeiras ou através da utilização de sondas esofagianas. Todos três métodos possuem 
vantagens e desvantagens. 
A sucção do colostro diretamente na teta aumenta a absorção das imunoglobulinas, mas por 
outro lado quando as vacas apresentam-se com o úbere edemaciado, sujo, produzem uma grande 
quantidade de colostro ou tem um temperamento agressivo à ingestão do colostro não é realizada 
de forma adequada. Uma outra desvantagem seria a incapacidade de avaliar o volume ingerido. 
Com a utilização de mamadeiras temos a certeza do volume ingerido, mas, imediatamente após o 
nascimento, o bezerro tem dificuldade em mamar na mamadeira. Os tratadores precisam ter 
paciência para que os bezerros possam ingerir adequadamente o volume necessário, e ainda é 
preciso que entendam a necessidade da higienização de todo o material para que este não se 
transforme em porta de entrada para agentes patogênicos. 
Com a utilização de sondas temos a certeza do volume ingerido. No entanto elas só devem ser 
utilizadas por pessoas treinadas para evitar riscos de aspiração. Uma outra desvantagem da 
utilização das sondas seria fato do colostro passar primeiro pelo retículo – rúmen o que atrasaria 
a sua chegada ao intestino delgado para a absorção das imunoglobulinas. 
A quantidade de colostro oferecida depende do peso corporal e da quantidade de 
imunoglobulinas presentes no colostro. Como regra geral se o fornecimento for realizado duas 
vezes ao dia, a cada alimentação, a quantidade não deve ultrapassar o valor de 5% do peso 
corporal. Ex: para um bezerro com peso ao nascimento de 40 kg deve ser fornecido 2,0 quilos de 
colostro em cada alimentação. Pesquisas recentes tem indicado a necessidade do bezerro receber 
uma quantidade maior que a proposta acima o mais rápido possível. Nestas pesquisas o volume 
proposto é de pelo menos 3 litros de colostro nas 2 primeiras horas após nascimento. 
O bezerro pode ficar na companhia da vaca nas primeiras horas após o nascimento e receber o 
colostro nas primeiras horas de vida. Nos primeiros três dias de vida ele deve receber colostro da 
mãe, ou, alternativamente, uma mistura de colostro de outros animais que tenham parido no 
mesmo dia. 
A concentração média de imunoglobulinas no colostro é de 6% (6g/100g) e é influenciada pela: 
- duração do período seco (< concentração com período seco curto); 
- idade da vaca (< concentração em animais de primeira cria); 
- ordenhas antes do parto (reduzem drasticamente a quantidade de imunoglobulinas); e. 
- raça (Jersey 9%, Pardo Suíço 8,6%, Holandês 5,6%) 
O manejo inadequado após o nascimento pode diminuir a absorção de imunoglobulinas. A 
privação do colostro aumenta em 74 vezes a chance de mortalidade nos primeiros 21 dias de vida 
de bezerros filhos de vacas de primeira cria. No entanto outros fatores também colaboram para 
esta alta mortalidade como por exemplo: alto desafio de agentes infecciosos e praticas 
inadequadas de manejo. 
 
 
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Até os 28 - 30 dias de idade o bezerro necessita de dieta líquida. O sistema digestivo esta 
preparado para este tipo de dieta, com o bezerro apresentando o reflexo da goteira esofagiana 
(fazendo com que os alimentos sejam digeridos no abomaso). Além disso, o rúmen e todo o 
epitélio ruminal estão se desenvolvendo e a população microbiana está se estabelecendo. 
 
 
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REFLEXO DE FECHAMENTO DA GOTEIRA ESOFÁGICA 
Uma característica única do sistema digestivo dos pré-ruminantes é a presença da goteira 
esofágica, que permite uma ligação direta entre o esôfago e o omaso abomaso. A contração de 
uma dobra de tecido da base do esôfago ao orifício retículo omasal forma um tubo que é 
denominado goteira esofagiana. O leite ingerido pelo bezerro flui então diretamente do esôfago 
ao omaso e abomaso em conseqüência deste reflexo. 
Varias teorias tem sido propostas para explicar a ativação deste reflexo. A mais aceita é a de que 
o mais importante para o desencadeamento do reflexo seja o condicionamento do animal. A 
repetição dos mesmos hábitos e a utilização dos mesmos utensílios no momento do aleitamento 
faz com que os bezerros ativem este reflexo, não sendo dependente da composição da dieta 
líquida, ou da maneira como a dieta é fornecida (mamadeira ou balde). (Orskov, 1972). 
O reflexo de fechamento é também estimulado pelo ADH, indicando que deve haver certa 
função fisiológica na vida adulta. O ADH é secretado pela hipófise posterior,em resposta à 
desidratação ou aos aumentos da osmolaridade plasmática. Este pode ser um mecanismo 
funcional para assegurar que a água chegue rapidamente ao local de absorção mais rápida, o 
intestino delgado. Em animais normais, apenas cerca de 3% do leite consumido chega ao 
retículo-rúmen. 
 
 
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DIGESTÃO DO LEITE 
No abomaso a caseína do leite é coagulada pela ação da renina (quimosina), pepsina e pelo forte 
ambiente ácido formando o coágulo (proteína e gordura) e o soro. O ácido hidrocloridrico tem 
um papel importante na digestão de proteínas no abomaso. A taxa de secreção pelas células 
parietais é baixa ao nascimento, mas aumenta 50% durante as quatro primeiras semanas de vida 
(Davis & Dracley 1998). 
Duas enzimas proteolíticas são secretadas na forma inativa renina e pepsina, e são ativadas pelo 
pH ácido do abomaso. A quimosina é a principal enzima envolvida na formação do coágulo. A 
pepsina também possui atividade de formação de coágulo, no entanto, a quimosina é duas a três 
vezes mais efetiva. A atividade da quimosina é relativamente alta aos dois dias de idade e declina 
com a idade, o declínio é acentuado após a desmama. A atividade da pepsina não é afetada pela 
idade. Nas dietas onde a fonte protéica não é a caseína também ocorre uma queda na atividade da 
quimosina (Davis & Dracley 1998). 
Exceto a lactase todas as outras enzimas que quebram os carboidratos são encontradas com 
atividade relativamente baixa no intestino dos bezerros (Toullec & Guilloteau, 1989). Faltam nos 
bezerros sacarase e amilase salivar. A maltase intestinal e amilase pancreática são encontradas 
em limitadas quantidades ao nascimento, mas aumentam em atividade com a idade, 
especialmente a amilase. Desta forma o uso de algum dissacarídeo ou polissacarídeo que não 
seja a lactose é severamente limitado no bezerro jovem (Davis & Dracley 1998). 
Antes da ingestão de alimentos o pH do abomaso está entre 1.5 e 2.0, imediatamente após 
alimentação o pH sobe para 6.0 e declina nas próximas seis horas para os níveis anteriores. A 
digesta abomasal que chega ao intestino tem pouca caseína intacta indicando que esta proteína é 
extensivamente hidrolisada no abomaso. A digestão das proteínas continua no intestino delgado 
primeiro por ação das peptidases secretadas pelo pâncreas e mucosa intestinal. A digestibilidade 
aparente da proteína do leite varia de 90 a 97% (Toullec & Guilloteau, 1989). 
A digestão das gorduras do leite começa na boca pela ação da estearase salivar e sua ação 
continua no abomaso. O abomaso não secreta enzimas lipolíticas. Desta forma a hidrolise de 
gorduras que chegam ao intestino delgado é devida somente à ação da estearase salivar. Esta 
enzima tem grande atuação sobre as gorduras do leite porque esta gordura é rica em ácidos 
graxos de cadeia curta. No entanto menos de 1/3 dos ácidos graxos de cadeia longa estão 
hidrolisados quando chegam ao intestino delgado. Desta forma a maioria da capacidade lipolítica 
do trato digestivo do ruminante jovem é realizada no intestino delgado pela lípase pancreática 
(Davis & Dracley 1998). 
A quantidade de leite oferecida aos bezerros após o fornecimento do colostro vai depender do 
tamanho do bezerro, variando em torno de 10% do peso vivo. Esta alimentação deve ser 
oferecida uma ou duas vezes ao dia, em horários fixos. Na primeira semana de vida é 
recomendado o fornecimento duas vezes ao dia. Após a primeira semana de vida o fornecimento 
pode ser realizado uma vez ao dia. Uma das vantagens do aleitamento uma vez ao dia é que 
bezerros neste sistema iniciam mais cedo a ingestão de alimentos sólidos e ocorre uma redução 
de mão de obra. 
 
 
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SISTEMAS DE ALEITAMENTO 
Basicamente as formas de alimentação são: aleitamento natural (bezerro mamando na vaca) ou 
aleitamento artificial (mamadeiras, biberões e balde) 
Critérios para escolha do sistema de alimentação: 
 Aleitamento natural : 
- Quando a produção total de leite individual das vacas for igual ou inferior a 8 kg de 
leite por dia; 
- Quando as vacas não descem o leite sem a presença do bezerro; e 
- Quando as condições de higiene são precárias. 
Aleitamento natural controlado: durante o primeiro mês uma teta é deixada para o bezerro na 
ordenha da manhã e outra na da tarde (o bezerro ingere desta forma 4 litros de leite /dia) . No 
segundo mês a ordenha é realizada nas quatro tetas sem a esgota total do úbere (o bezerro ingere 
o leite residual 2 kg de leite /dia). Fornecer concentrado aos bezerros. 
 Aleitamento Artificial: 
- Quando as vacas descem o leite sem a presença do bezerro; 
- Quando a produção média diária individual é superior a 8 kg de leite; e 
- Quando o tratador dos bezerros reconhece a importância da higiene. 
O aleitamento artificial permite a racionalização do manejo, uma ordenha mais higiênica e o 
controle da quantidade de leite ingerida pelo bezerro. 
Este aleitamento consiste de fornecimento de 4 kg de leite / dia, sendo oferecido uma ou duas 
vezes ao dia. 
Apesar o leite ser o melhor alimento para os bezerros nos primeiros 30 dias de vida ele apresenta 
os seguintes problemas: 
•É o produto de venda de uma propriedade leiteira 
•Possui alto custo variando de R$ 0,27 a 0,61 
Desta forma é necessário que busquemos alternativas para a redução dos custos de aleitamento. 
As alternativas que temos são: 
• Utilização de colostro excedente 
• Utilização de colostro fermentado 
• Utilização dos sucedâneos 
• Redução do período de fornecimento de leite 
Sucedâneos de Leite 
É a combinação de produtos de origem vegetal e animal destinados a substituir completamente o 
leite. 
 
 
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Os primeiros sucedâneos do leite utilizavam a caseína como principal fonte protéica. 
Atualmente, a maior parte destes produtos é formulada empregando-se soro de leite e proteína de 
soja, que são fontes protéicas não formadoras de coágulo. No passado, os sucedâneos que não 
apresentavam habilidade de coagulação eram considerados de baixa qualidade, pois, geralmente, 
estavam associados a taxas de crescimento inferiores e altos índices de diarréia. Outros fatores 
podem ser os responsáveis pelo pior desempenho de animais alimentados com sucedâneos não 
formadores de coágulo, podendo ser citados a baixa qualidade da fonte protéica, presença de 
fatores anti-nutricionais, temperatura excessiva no processamento e reconstituição, e método de 
processamento da gordura. O tratamento térmico severo, aplicado nos processos industriais do 
leite, pode causar uma interação entre a κ-caseína e a β-lactoglobulina, interferindo com o 
mecanismo de formação do coágulo pela redução na secreção de HCl no abomaso, e 
promovendo uma desnaturação das proteínas, que se tornam resistentes à digestão no trato 
gastrointestinal, podendo ainda aumentar a incidência de diarréias. Os avanços tecnológicos na 
indústria láctea minimizaram os efeitos adversos do tratamento térmico, tornando-o bastante 
seguro na formulação dos sucedâneos de leite atuais. 
Um bom sucedâneo deve ter as seguintes características: 
a - Ser fácil de preparar e administrar; 
b - ser palatável; 
c - ser nutricionalmente adequado, pobre em fibra (máximo de 3%), rico em proteína (20% 
ou mais), rico em energia (mínimo de 80% NDT) e enriquecido com minerais e 
vitaminas 
d - não provocar diarréias.

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