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ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 175 
Capítulo 7 
DINÂMICA de Superfície 
Intemperismo e Formação de Solo 
 
Uma paisagem somente estará completamente estudada quando puder ser corretamente descrita em 
termos de estrutura, processo e tempo o que envolve conhecimentos diversificados (da física a 
hidrologia, da botânica a pedologia, etc.) 
 
“A dinâmica superficial é responsável pela modelagem da superfície da Terra” 
 
1. Processos 
 
“São eventos que envolvem a aplicação de forças sob um certo gradiente. Estas forças estão 
relacionadas à ação da chuva, vento, ondas, rios, gelos e etc.” 
 
 Quando estas forças excedem a resistência dos sistemas naturais ocorrem modificações por 
alterações do terreno, mudança de posição ou mudanças na estrutura química. 
 
Diversos agentes estão envolvidos na destruição da superfície da Terra: 
 
Agentes móveis – Rios escavam canais; ondas atacam as praias e costões; vento movimenta as areias 
das dunas e das praias; geleiras desgastam aos ales glaciais. 
 
Agentes imóveis – Variação de temperatura e umidade; dissolução de calcários em cavernas; 
congelamento de águas em fraturas. 
 
“A dinâmica superficial compreende a interação de fatores físicos, químicos, biológicos e fatores 
antrópicos (ação do homem)” 
 
Modificações antrópicas 
 Alteração do escoamento da água superficial 
 Impermeabilização do solo 
 Remoção ou destruição da cobertura vegetal 
 
Os processos da dinâmica superficial que atuam com mais freqüência no Brasil são: 
 
 Intemperismo 
 Erosão 
 Movimento de massa 
 Assoreamento 
 Inundação 
 Subsidiência e colapsos 
 Processos Costeiros 
 
2. Intemperismo 
 
Conjunto de processos que ocasionam a alteração e a decomposição química das rochas e dos 
minerais graças a ação de agentes atmosféricos e biológicos. 
 
São processos que atuam através de mecanismos modificadores das propriedades físicas dos minerais 
e rochas (morfologia, resistência e textura) e de suas características químicas, classificando-se nos 
seguintes tipos: 
 
 Intemperismo físico 
 Intemperismo químico 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 176 
2.1 intemperismo físico 
 
2.1.1 Variações de temperatura repentinas 
 
 Durante o dia a temperatura nas rochas chega a 60º e a 0o durante a noite. Estas variações de 
temperatura fazem com que os minerais das rochas estejam ora em estado de expansão, ora em 
contração. 
 Os coeficientes de dilatação térmica dos minerais são diferentes, sendo assim, começam a 
aparecer pequenas trincas que vão se alongando com o tempo, fraturando todo o maciço com 
conseqüente desintegração em blocos. 
 
Exemplo: 
 Considerando um cubo de granito, com 3 metros de lado, a penetração do calor será maior nos 
vértices e arestas do que no centro das faces, pos nestes pontos a superfície exposta é maior. 
 
Alteração esferoidal resulta na produção de formas arredondadas a partir de formas angulosas de 
blocos de rocha 
 
 Apesar de ser um cubo a linha isotérmica terá a forma de uma esfera. 
 Às 5:00hs o cubo mostraria uma casca de 15 a 20 cm,com temperatura de 26º C, enquanto que 
a temperatura no núcleo do granito estaria numa temperatura da ordem de 35º C. → Nesta 
situação a casca do granito tenderia a esmagar o núcleo. 
 As 17:00 hs a casca do granito estaria aquecida com 63º C, estaria expandida, sofrendo 
esforços de tração. 
 Como as rochas resistem mais à compressão tem-se que s esforços derivados do aquecimento, 
teriam maiores conseqüência na ruptura. 
 A fadiga a tração levaria ao desprendimento de uma casca semelhante a uma cebola, com 15 a 
25 cm de espessura, que tenderia a arredondar as arestas do cubo. Este processo denomina-
se de esfoliação esferoidal. (Victor Hugo, 1992) 
 
 
Praia do Campeche/Florianópolis 
 
Barra da Lagoa / Florianópolis 
 
 
Ataque 
de um lado 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 177 
 
Esfoliação esferoidal de um bloco de rocha 
 
2.1.2 Congelamento da água 
 
 Fendas (trincas) preenchidas com água em regiões que alcançam baixas temperaturas, têm um 
acréscimo de pressão, da ordem de 150 kg/cm2 (Petrucci, B.;1979), quando do seu 
congelamento (aumento do seu volume em 10%) o que contribui para o seu fraturamento. 
 
Fragmentação por ação do gelo. A água líquida ocupa as fissuras da rocha (a), que posteriormente 
congelada expande e exerce pressão nas paredes (b). 
 
 
Bloco de gnaisse fraturado pela ação do gela nas fissuras 
 
A força de expansão da água durante o seu congelamento é muito superior à força de tração de muitas 
rochas. 
 
Alguns valores típicos de resistência a tração das rochas: 
 
 Granito → da ordem de 70 kg/cm2 
 Mármore → 49 a 63 kg/cm2 
 Arenito → 7-14 kg/cm2 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 178 
2.1.3. Alívio de tensão 
 
As rochas que se formaram a grandes profundidades (15-30 km), tais como as rochas ígneas plutônicas 
abissais (granito, gabro), estiveram submetidas a elevadas pressões 
 
Posteriormente,com o soerguimento daquele ponto da placa continental, tais rochas foram alçadas a 
profundidades menores e sua cobertura foi erodida até que afloraram ficando expostas a atmosfera. 
 
Estas rochas estiveram submetidas a elevadas pressões passam a ser submetida a pressão de 1 atm 
sofrendo assim uma acentuada descompressão. 
 
A conseqüência será a ruptura intensa da rocha segundo a direção paralela a superfície do terreno com 
espaçamento de 1 a 10 metros condicionando a fragmentação desta rocha em formato de placas 
paralelas. 
 
 
Formação de juntas de alívio em conseqüência da expansão do corpo rochoso sujeito a alívio de 
pressão. 
 
 
Exemplos: 
 
 Desplacamento abrupto, assemelhando-se a explosão, que ocorrem nas paredes das galerias 
da Mina do Morro Velho – MG. Destacam-se espontaneamente placas de rocha, em pontos 
imprevisíveis de forma violenta, que tem causado vítimas fatais. 
 Túneis da adução de água da Hidroelétrica Capivari-Cachoeira. Ocorreu desprendimento, 
frequentemente violento, de placas de rocha das paredes das escavações. 
 
 
 
2.1.4 Cristalização de sais e Ação física dos vegetais 
 
 As águas presentes no interior de fendas de rochas podem evaporar e precipitar os sais que se 
encontram em solução. Esta cristalização exerce uma pressão que contribui para a 
desintegração das rochas (comum em regiões costeiras) 
 Ação do crescimento de raízes ao longo das fraturas também separa e remove fragmentos de 
rochas. 
 A porção superficial da rocha é comumente habitada por algas, musgos e liquens que liberam 
produtos químicos ativos que atacam a rocha. 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 179 
 
Ação do crescimento de raízes alargando as fisssuras e contribuindo para a fragmentação da rocha 
 
2.2 Intemperismo químico 
 
Transformação química dos minerais que compõem a rocha. Ocorre fragmentação das rochas 
aumentando a superfície exposta ao ar e à água. 
 
 
O intemperismo físico abre caminho e facilita o intemperismo químico. 
 
O principal agente do intemperismo químico é a água de chuva, que infiltra e percola as rochas. 
 
 
Esta água rica em oxigênio (O2) em interação com o CO2 da atmosfera adquire caráter ácido. Ao entrar 
em contato com o solo, que enriquecem o ambiente em CO2, tem o seu pH diminuído. 
 
 
O aumento da acidez destas águas proporciona o aumento do seu poder de ataque em relação aos 
minerais, intensificando assim o intemperismo químico. 
 
Na maior parte dos ambientes da superfície da terra, as águas percolantes têm pH entre 5 e 9. Neste 
ambiente as principais reações de intemperismo são: 
 
 Hidratação 
 Dissolução 
 Hidrólise 
 Oxidação 
 
2.2.1 Hidratação 
 
 A hidrataçãodos minerais ocorre pela atração entre os dipolos das moléculas de água (não 
rompidas em H+ e OH-) e as cargas elétricas não neutralizadas da superfície dos grãos. 
 Na hidratação, moléculas de água se incorporam e entram na estrutura dos minerais, 
modificando-as e formando um novo mineral. 
 
 
 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 180 
Exemplos: 
 
1) CaSO4+2H2O → CaSO4.2H2O. 
 (anidrita) (gipsita) 
 
2) Entre os minerais que se hidratam merecem destaque as argilas que apresentam comportamento de 
expansão. Como exemplo tem-se a presença de nontronita em basalto que pode levar a rocha à 
ruptura. 
 
3) A conjugação de processos de intemperismo físico, tais como a variação e temperatura, alívio de 
tensão e hidratação tem grande interesse na intemperização de folhelhos. 
 
Quando aquecidas ou hidratadas as lâminas dos folhelhos, formadas pelas fissilidades, se expandem, 
desprendendo-se das Lâminas subjacentes. Este processo de desplacamento do folhelho cessará, 
quando as plaquetas que se desprenderem, não escorregarem recobrindo a rocha. Este fato ocorrerá 
quando a inclinação da encosta ou do corte for de 1:1, ou seja, 45º. (Victor Hugo, 1992). 
 
 
Empastilhamento de rocha 
 
 
Este processo é considerado um fenômeno de instabilidade superficial e apresenta de maneira 
semelhante à erosão, características de destruição da estrutura do material e sua posterior remoção. 
 
É comum a sua ocorrência em regiões tropicais e resulta de uma ação cíclica de umedecimento e 
secagem. 
 
 
• Rochas sedimentares, como siltitos e folhelhos das formações lrati e Estrada Nova, quando expostas 
às intempéries manifestam desagregação superficial, conhecida por empastilhamento. 
 
• O material desagregado pode atingir a via, colmatar obras de drenagem, bem como descalçar blocos 
de rocha de outras camadas mais resistentes em um processo conhecido com erosão diferencial. 
 
 
Empastilhamento em rochas xistosas 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
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Erosão diferencial 
 
 
 
Empastilhamento de solo – Serra do Corupá/SC 
 
 
Medidas corretivas 
 
• Impedimento da ocorrência de ciclicidade (umedecimento/secagem) através da proteção superficial, ou 
confinamento do talude com camada de solo compactado. 
 
 
2.2.2 Hidrólise 
 
A hidrólise é a principal causa do intemperismo químico dos minerais das rochas. 
 
 A hidrólise resulta da dissociação quase que completa da água, gerando íons de hidrogênio (H+) 
e consequentemente a formação de pH ácido. 
 
 A hidrólise está relacionada intimamente a hidratação. Pela hidratação a água é incorporada à 
estrutura cristalina do mineral. Na hidrólise ocorre a decomposição do mineral pela água 
transformando-o em outras substâncias inteiramente novas. 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 182 
Os silicatos são atacados quimicamente pela água em dois passos sucessivos: 
 
 1º passo: A água penetra nos capilares dos minerais, afrouxando-os 
 2º passo: Ocorre a hidrólise propriamente dita com a quebra da estrutura cristalina do mineral. 
 
Exemplo: Alteração de feldspato potássico. 
 
 
 
Alteração de um feldspato potássico em presença de água e ácido carbônico, com a entrada de H+ na 
estrutura do mineral substituindo o K+. O potássio é totalmente eliminado pela solução de lixiviação e a 
sílica apenas parcialmente; a sílica não eliminada recombina-se com o alumínio também não 
eliminado, formando uma fase secundária argilosa (caulinita) 
 
2.2.3 Dissolução 
 
Alguns minerais estão sujeitos à dissolução que consiste na solubilização completa. É o caso da calcita 
e da halita que entram em solução conforme a equação abaixo: 
 
 
Exemplos: 
 
CaCO3 → Ca+
2+CO3
-2 
(Calcita) 
 
NaCl → Na++ Cl- 
(Halita) 
 
2.2.4 Oxidação 
 
Alguns elementos podem estar presentes nos minerais em mais de um estado de oxidação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 183 
 
Exemplo: 
 
Ferro – Encontra-se nos minerais ferro-magnesianos (inossilicatos → piroxênios e anfibólios; nesossilicatos → 
Olivina; Filossilicato → Biotita) sob a forma de Fe
+2
 e quando liberado em solução oxida-se a Fé
+3
 e se precipita 
como um novo mineral, a geotita que é um óxido de ferro hidratado. 
 
Formação da geotita: 
 
2FeSiO3 + 5H2O + ½ O2 → 2FeOOH + 2 H4SiO4 
 (Geotita) 
A geotita pode transformar-se em hematita por desidratação: 
 
2FeOOH → Fe2O3 + H2O 
 (Hematita) 
 
A alteração intempérica de um mineral com Fe+2 resulta, por oxidação do Fe+2 para Fe+3, na formação 
de geotita. 
 
3. Formação do Solo 
 
Para a finalidade específica de engenharia civil, o termo solo corresponde a todo material da crosta 
terrestre que não oferece resistência intransponível à escavação mecânica e que perde totalmente toda 
a resistência quando em contato prolongado com a água (Vargas, 1978). 
 
A origem e evolução do solo está relacionada aos seguintes fatores: 
 
 Clima – Condicionado principalmente pela ação da chuva e da temperatura 
 Material de origem – A alteração intempérica depende da natureza dos minerais constituintes 
das rochas 
 Organismos – Vegetais e animais 
 Relevo – Interferindo na dinâmica da água 
 Tempo. 
 
O desenvolvimento do solo inicia-se com o intemperismo físico e químico agindo sobre as 
rochas formando materiais não consolidados. 
 
Este material proveniente da desagregação da rocha poderá permanecer no local onde se desenvolveu 
ou se transportar para outro originando os seguintes tipos de solos: 
 
 Solo residual – Formado no local, diretamente da desagregação da rocha subjacente ao perfil 
do solo. 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 184 
 Transportado – Dependendo do agente transportador pode receber as seguintes 
denominações. 
 
o Coluvionar – ação da gravidade 
o Aluvionar – ação da água corrente 
o Glacial – ação de geleiras 
o Eólicos – ação do vento. 
 
 
Seção esquemática com diversos tipos de solos, em região com escarpa de serra (Serra geral, interior 
do Estado de São Paulo) 
 
3.1 Fatores que condicionam a formação do solo. 
 
3.1.1 Clima 
 
Os aspectos climáticos mais importantes na formação dos solos estão relacionados à temperatura e 
precipitações pluviométricas. 
 
a) Temperatura 
 
 Quanto maior for a temperatura maior a profundidade do terreno submetido à alteração física e 
química. 
 Mantidas as condições pluviométricas, as regiões de clima temperado apresentam solos mais 
profundos. 
 
Um aumento de 10º C aumenta a velocidade de uma reação química de duas a três vezes. 
 
b) Precipitação pluviométrica 
 
 Na formação do solo a ação da água atua nos processos de alteração química e movimento de 
soluções e lixiviação do solo. 
 
 Promove o aumento da alteração química por hidrólise, remoção de elementos solúveis e 
acúmulo de elementos insolúveis em determinadas posições do perfil do solo. 
 
 
 
 
 
 
3.1.2 Relevo 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 185 
 
 A influência do relevo se manifesta pela sua interferência na dinâmica da água e nos processos 
de erosão e sedimentação. 
 Relevo com topografia suave facilita a infiltração de água de chuva superando as taxas de 
escoamento superficial. Os processos de formação do solo atuam em profundidades maiores. 
 As perdas de solo por erosão são menos significativas 
 
Em regiões de clima úmido, como o observado em grande pare do território brasileiro, é comum 
a formação de solos influenciados pela circulação de água das chuvas, tendo como exemplo os 
solos lateríticos (ocorrem em regiões aplainadas ou ligeiramente onduladas e bem drenadas).3.1.3 Tipo de rocha 
 
 Muitas propriedades físicas e químicas do solo são determinadas pelo conteúdo mineralógico. 
 Rochas compostas por minerais ricos em sílica produzem solos de textura arenosa (Ex. granito). 
 Rochas com relevante porcentagem de minerais ferromagnésianos (biotita, olivina e piroxênio) e 
feldspatos oferecem condições para a formação de solos argilosos (Ex. basalto, diabásio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solo residual do Granito Ilha – SC401/Florianópolis 
 
 
 
 
Amostra retida # 2 mm 
 
Amostra passante na # 2 mm 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 186 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Amostra integral de solo residual de Diabásio – Itacorobi/Florianópolis 
 
 
3.1.4 Ação de organismos 
 
 Os restos de vegetais, acumulados na superfície do solo, passam progressivamente por 
transformações físico-química com produção de humos. 
 Bactérias e fungos contribuem na alteração de certos minerais 
 Espécies vegetais com raízes profundas e seres vivos que se instalam no interior do solo 
(minhoca, formiga e cupim) contribuem para a evolução do solo, desenvolvem a porosidade do 
solo tornando-o mais permeável. 
 
3.1.5 Tempo 
 
 As regiões de clima quente e úmido com densa cobertura vegetal desenvolvem o solo em um 
período de tempo menor. 
 Superfícies topográficas mais antigas não apresentam necessariamente solos mais evoluídos, 
pois esta evolução depende da conjunção de todos os fatores anteriores. 
 
3.2 Espessura do solo e forma de relevo 
 
Sendo a formação do solo condicionada pela maior ou menor penetração da água e pela alterabilidade 
relativa dos minerais, que constituem a rocha, é de se esperar duas situações principais quanto à 
espessura do solo: 
 
 Espessura do solo em áreas com variação do tipo de rocha 
 Espessura do solo em áreas com o mesmo tipo de rocha 
 
 
3.2.1 Espessura do solo em áreas com variação do tipo de rocha 
 
A espessura do solo tenderá a ser maior nas áreas de rochas constituídas de minerais de maior 
alterabilidade que influenciará a forma do relevo. 
 
 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 187 
Exemplos: 
 
a) Granito – tendo menor alterabilidade apresentará solo de menor espessura e tenderá a formar um 
relevo acidentado 
 
b) Diabásio – por ser mais facilmente alterado, por conter minerais com quantidade menor de sílica, 
tenderá a formar solo de maior espessura. 
3.2.2 Espessura do solo em áreas com o mesmo tipo de rocha 
 
 A espessura do solo será determinada predominantemente pelo fraturamento da rocha e da sua 
estrutura. 
 Nos pontos onde o fraturamento for mais intenso, tenderá a ocorrer maior espessura de solo e o 
desenvolvimento de vales. 
 
 
Menor espaçamento das fraturas, provoca o desenvolvimento de maior espessura de solo e de vales. 
(Victor Hugo , 1992) 
 
3.3 Perfil de alteração 
 
Do que foi exposto anteriormente tem-se que a formação do solo é composta de duas etapas que 
ocorrem simultaneamente: 
 
 Formação do substrato: Ocorre por meio do intemperismo agindo sobre as rochas 
 Diferenciação dos horizontes: a camada de detritos intemperizados vai se diferenciando em 
subcamadas morfologicamente distintas. Ocorre a incorporação da matéria orgânica e a 
migração de matéria mineral e orgânica entre os horizontes do solo 
 
Deere e Patton (1971) definem perfil de alteração com a seqüência de camadas formadas por 
processos de alteração física e química e que permanecem recobrindo o maciço rochoso. 
 
A migração de matéria orgânica e mineral depende da presença da água podendo ser descendente ou 
ascendente, na zona de aeração e de saturação, e horizontais para a água da zona de saturação. 
 
Entre estes processos de migração estão as substâncias solúveis sobre a forma de sais (lixiviação), 
migração de de Fe e Al sobe a forma de complexos organometálicos (queliviação) e migração de 
partículas de argilominerais em suspensão. 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 188 
 
Relações entre minerais formadores de rochas e os argilominerais produzidos por intemperismo 
 
 
 
Série de Goldich: Ordem de estabilidade frente ao intemperismo dos minerais mais comuns. 
Comparação com a série de cristalização fracionada magmática de Bowen 
 
Os três principais horizontes de solo definidos pela PEDOLOGIA são os seguintes: 
 
Horizonte Características 
A Superficial, acumula matéria orgânica e lixívia material para o horizonte inferior 
B Intermediário, com pouca matéria orgânica originada do horizonte A, acúmulo de 
material lixiviado (húmus,argila, óxido de ferro e alumínio transportados do 
horizonte A); não é encontrada estrutura ou textura da rocha original; 
C Corresponde a rocha alterada, mantém a estrutura da rocha original, alguns 
minerais ainda não sofreram intemperismo (saprolito), nenhuma matéria 
orgânica; podendo conter até 10% de blocos de rocha 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 189 
Muitos pesquisadores propuseram sua própria terminologia para designar as diferentes camadas de um 
perfil de solo. 
 
Baseado em diferentes proposições existentes, Pastore (1995) propôs uma padronização da 
terminologia para descrever o perfil do solo. As características dos horizontes de solo são descritas 
como: 
(I)Horizonte de solo orgânico – Presente em todos os perfis, geralmente com pequena espessura. 
Composto por areia, silte e argila e quantidade apreciável de matéria orgânica. 
(II)Horizonte laterítico – Pode estar presente em solos residuais ou transportados e não apresenta 
estrutura típica da rocha de origem. 
(III)Horizonte de solo saprolítico – Composto por solo residual cuja principal característica é 
apresentar a estrutura reliquiar da rocha de origem, podendo conter até10% de blocos de rocha. 
(IV)Horizonte saprolítico – É a transição entre o maciço de solo e o maciço rochoso. É composto por 
blocos ou camadas de rochas em vários estágios de alteração. Quantidade de blocos de rocha superior 
a 10%. 
(V)Horizonte de rocha muito alterado – Caracteriza o topo do maciço rochoso, sendo a rocha 
composta por minerais em avançado estado de alteração, sem brilho e com resistência reduzida. 
(VI)Horizonte de rocha alterada – a resistência da rocha é bem maior do que a do horizonte de rocha 
muito alterada. 
(VII)Horizonte de rocha sã 
 
Perfil de alteração típico de rochas areníticas 
 
Rocha: 
Arenito 
SOLO RESIDUAL 
Textura: 
Areia 
Horizonte C Horizonte B 
% média dos minerais 
da rocha 
Areia Silte Argila Areia Silte Argila 
Quartzo – 90% 90% 85% 
Argila – 10% 10% 15% 
Granulometria 90% 10% 85% 15% 
Classificação Arenoso Arenoso 
Relação esquemática da rocha mãe e solo residual 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
 190 
 
Perfil de alteração típico de rochas basálticas 
 
Rocha: 
Basalto Colunar 
SOLO RESIDUAL 
Textura: 
Equigranular fina 
Horizonte C Horizonte B 
% média dos minerais da rocha Areia Silte Argila Areia Silte Argila 
Plagioclásio 
Cálcico – 50% 
5% 25% 20% 20% 30% 
Piroxênio – 30% 5% 15% 10% 10% 20% 
Vidro – 15% 15% 15% 
Titânio, 
Magnetita – 5% 
5% 5% 
Granulometria 15% 40% 45% 5% 30% 65% 
Classificação Argilo siltoso ou Síltico argiloso Argilo siltoso 
Relação esquemática da rocha mãe e solo residual 
 
Perfil de alteração típico de rochas graníticas 
 
Rocha: 
Granito 
SOLO RESIDUAL 
Textura: 
Grosseira 
Horizonte C Horizonte B 
% média dos minerais da 
rocha 
Pedregulho Areia Silte Argila Areia Silte Argila 
Quartzo – 20% 0 a 5% 15 a 20% 20% 
Feldspato k – 70% 0 a 35% 20 a 40% 10 a 25% 5 a 40% 5 a 15% 30 a 60% 
Biotita – 10% 0 a 5% 5 a 10% 10 a 20% 10% 
Granulometria 0 a 40% 35 a 85% 10 a 25% 10 a 50% 25 a 35% 10 a 20%40 a 70% 
Classificação 
Arenoso com pedregulho 
Areno argilo siltoso 
Argilo areno argiloso 
Argilo areno siltoso 
Relação esquemática da rocha mãe e solo residual 
 
 
 
 
ECV5149 – Geologia de Engenharia 
 
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3.3.1 Solos Tropicais 
São chamados solos tropicais aqueles que apresentam peculiaridades de propriedades e de 
comportamento, em decorrência da atuação nos mesmos de processos geológicos e/ou pedológicos, 
tipo das regiões tropicais úmidas. Encontram-se os seguintes solos nas regiões tropicais: lateríticos, 
saprolíticos e transportados. 
 
Solos Lateríticos 
 
 São solos superficiais, típicos das partes 
bem drenadas das regiões tropicais 
úmidas, resultante de uma transformação 
da parte superior do subsolo pela atuação 
do intemperismo. 
 No processo de laterização há um 
enriquecimento no solo de óxidos 
hidratados de ferro e/ou alumínio e a 
permanência da caulinita como argilo-
mineral predominante e quase exclusivo, 
conferindo a estes solos uma coloração 
típica: vermelho, amarelo, marrom e 
alaranjado. 
Em alguns locais podem apresentar, inseridos em 
sua constituição, pedregulhos lateríticos 
denominados de laterita, que são massas 
consolidadas, maciças ou porosas, de mesma 
mineralogia dos solos lateríticos e que tem sido 
muito aproveitadas como materiais de construção 
rodoviária. 
Solos Saprolíticos 
 
 São solos que resultam da decomposição 
e/ou desagregação "in situ" da rocha matriz 
pela ação das intempéries (chuvas, 
insolação, geadas), mantendo ainda de 
maneira nítida a estrutura da rocha que lhe 
deu origem. São solos, genuinamente 
residuais, isto é, derivam de uma rocha 
matriz e as partículas que a 
 constituem permanecem praticamente no 
mesmo lugar em que se encontravam em 
estado Pétreo. 
 Constituem a parte subjacente à camada de 
solo superficial laterítico aparecendo 
somente na superfície do terreno através de 
obras executadas pelo homem ou erosões. 
 São mais heterogêneos e constituídos por 
uma mineralogia complexa, contendo 
frequentemente minerais ainda em fase de 
decomposição. São designados também de 
solos residuais jovens, em contraste com os 
solos superficiais lateríticos que seriam 
maduros. 
 
 
 
 
Perfil de solo mostrando os horizontes A, B e C 
(Maragon, 2004) 
 
 
Diferença de erodibilidade entre camada superficial 
laterítica e camadas subjacentes de solos 
saprolíticos Nogami e Villibor (1995) 
 
 
Horizonte A 
Horizonte B 
Horizonte C 
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Ocorrência de solos lateríticos no Território brasileiro (Nogami et al, 2000)

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