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Apostila de Planejamento de Lavra

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Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 1 
CCCAAAPPPÍÍÍTTTUUULLLOOO 111 ––– FFFUUUNNNDDDAAAMMMEEENNNTTTOOOSSS DDDOOO PPPLLLAAANNNEEEJJJAAAMMMEEENNNTTTOOO DDDEEE MMMIIINNNAAA 
 
1.1. OBJETIVO DO CURSO 
 
O objetivo principal da disciplina “Projetos de Mineração” é proporcionar ao estudante os 
conhecimentos básicos necessários à elaboração de um Projeto Básico de Lavra de mina à céu 
aberto, nele englobados a pesquisa de mercado e a conseqüente determinação da escala de 
produção até a determinação do custo da lavra, expresso pelo valor da tonelada de minério à 
entrada da Instalação de Beneficiamento (COSTA, R. R., 1979). 
Os elementos fundamentais referentes ao planejamento de lavra por computador também 
deverão ser apreendidos. 
Paralelamente, será dada uma visão global de todo o empreendimento mineiro, no qual o 
Projeto Básico de Lavra se insere. 
Considerando que o tempo de curso disponível é limitado em relação à extensão dos 
assuntos a serem abordados e necessários à análise global de um empreendimento mineiro, a 
disciplina se limitará à análise dos assuntos mais pertinentes à mineração propriamente dita, 
analisando, no entanto, ao nível de detalhe, os princípios básicos e gerais de todas as 
atividades que compõem um Projeto Básico de Lavra, inclusive com a utilização de exercícios 
práticos . 
 
1.2. FUNDAMENTOS PARA O PLANEJAMENTO DE LAVRA 
 
1. 2.1. A INDUSTRIA DE MINERAÇÃO 
 
A indústria de mineração, como qualquer outro empreendimento capitalistas, tem por 
objetivo econômico básico maximizar a sua riqueza futura. Entretanto, a indústria de 
mineração é caracterizada por visar o aproveitamento econômico de um bem de capital 
exaurível e não renovável, o que a diferencia das demais indústrias. Assim, a maximização da 
riqueza futura deve se realizar em um período definido, ou seja, durante a existência do bem 
mineral que lhe deu origem. Em termos econômicos, podemos dizer, mais apropriadamente, 
que o objetivo da indústria de mineração é a maximização do valor atual líquido dos 
benefícios monetários futuros, durante toda a vida da mina (Costa, R. R., 1979). 
Um Projeto de Mineração é o conjunto de estudos necessários à implantação de uma 
indústria de mineração, como acima definida. Estes estudos abrangem especialidades da 
Engenharia de um modo geral, e a condução do Projeto de Mineração ao êxito objetivado é 
fortemente dependente da correção com que os referidos estudos forem realizados, dando a 
cada um deles a importância que o mesmo requeira. 
Exemplificando, podemos dizer que a correta seleção do equipamento de lavra - um dos 
estudos que compõem um Projeto de Mineração - deve ser conduzida com toda a atenção, no 
caso em que existam várias alternativas tecnicamente viáveis, procurando selecionar aquela 
que conduza a resultados economicamente mais interessantes. 
Entretanto, devemos ressaltar a importância fundamental de que se reveste o conhecimento 
geológico da jazida, por constituir a base em que repousa todo o empreendimento mineiro. 
Evidentemente, o perfeito conhecimento da jazida só se adquire quando a mesma é exaurida. 
Existe, no entanto, um estágio de conhecimento mínimo da jazida - a ser atingido ainda na 
fase da pesquisa - afetado de um erro suficientemente pequeno para garantir, com segurança, 
a implantação do Projeto com êxito. Assim, a correta interpretação da estrutura da jazida, sua 
reserva, seus teores e distribuição espacial dos mesmos, características geo-mecânicas do 
minério e encaixantes, composição mineralógica, são valores básicos de um Projeto e a sua 
incompleta ou imprecisa determinação podem comprometer todo o empreendimento, às vezes 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 2 
de forma irreversível. 
É igualmente importante a fase de estudos dos processos de beneficiamento do minério a 
serem feitos em amostras realmente representativas dos vários tipos de minério ocorrentes na 
jazida - se houver mais de um, como é comum acontecer. Estes estudos devem conduzir à 
definição de um processo de beneficiamento que permita a transformação do bem mineral - 
representado pela reserva técnica e economicamente lavrável - em um produto vendável. 
Reserva lavrável e processo de beneficiamento estão intimamente relacionados, de tal 
forma que, o estabelecimento de um sem a devida consideração do outro pode levar a 
resultados tecnicamente possíveis, mas nunca àqueles mais desejáveis, sob o ponto de vista 
econômico. 
Em suma, podemos dizer que, para existir uma mineração é preciso, antes de tudo, que 
exista uma jazida e que o seu minério possa ser recuperado, técnica e economicamente. 
"Projetar ou planejar significa antever o futuro e isto deve estar previsto nos diversos 
estudos que visem a implementação de um projeto de mineração, com o grau de precisão 
necessário. Após os estudos de avaliação de reservas e com base nestes, seguem-se os 
projetos de mineração a nível básico (conceitual) e detalhado. Para minas a céu aberto (cavas 
convencionais), o interesse imediato se reporta à definição do corte ótimo, através da 
parametrização. A maioria dos procedimentos capazes de gerar a cava final otimizada produz 
também o plano seqüencial de lavra a curto, médio e longo prazo (Costa, R. R., 1979). 
Não se pode falar em planejamento de lavra sem levar em conta os conceitos básicos de 
Geologia e pesquisa de Depósitos Minerais, bem como, sem contar com o apoio nos 
fundamentos de cálculo e Estatística. Estes últimos costumam perturbar o estudante novato 
nos problemas de Engenharia Mineral ou mesmo o engenheiro ou o geólogo, práticos, que 
não tiveram por muitos anos oportunidade de usar Cálculo ou Estatística nos problemas do 
dia-a-dia. 
Estas são as bases principais em que deve se apoiar um Projeto de Mineração; todos os 
outros estudos são, de alguma forma, nelas baseados e enfatizamos a sua importância no 
atendimento do objetivo econômico da Indústria de Mineração, como anteriormente citado. 
 
1.3. CONCEITOS ESSENCIAIS 
 
Os processos envolvidos na recuperação dos bens minerais estão divididos em fases 
denominadas prospecção, pesquisa, desenvolvimento, lavra e fechamento de mina e podem 
ser evidenciados pelos seguintes fatores: 
 
 1- Características naturais e geológicas do corpo mineral, tipo do minério, distribuição 
espacial, topografia, hidrogeologia, características ambientais de sua localização e 
características metalúrgicas, etc. 
2- Fatores econômicos: custos operacionais e de investimento, razão de produção, 
condições de mercado, etc. 
3- Legais: regulamentações local, regional e nacional, política de incentivo à mineração, 
etc. 
4- Fatores tecnológicos: equipamentos, ângulos de talude, altura de bancada, inclinação de 
rampas, etc. 
 
A necessidade da conexão entre fatores tão distintos realça a complexidade das operações 
envolvidas na explotação de um bem mineral, e por conseqüência, a importância do 
planejamento criterioso de tais operações. Para melhor compreendermos o que vem adiante 
apresentamos, simplificadamente, alguns conceitos essenciais relacionados ao tema. 
 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 3 
Os conceitos de semântica aparecem nos sistemas de classificação, principalmente em 
relação às palavras recurso, reserva e minério. 
Considera-se "Recurso" aquele material disponível em quantidade e qualidade adequadas 
para o uso industrial, mas que não foi submetida a uma avaliação econômica. 
"Reserva" é o recurso disponível para lavra, que pode ser produzido economicamente, em 
função de custos, demandas e preços atuais. Muitas vezes é possível aproveitar determinados 
materiais que não estavam classificados como reserva. 
 
Considera-se como mina uma jazida em lavra. A lavrarepresenta o conjunto de trabalhos 
que conduzam à explotação completa, econômica, segura e ambientalmente sustentável do 
minério. 
 
Minério é o agregado natural composto, normalmente, de diversos minerais que pode ser 
lavrado e processado economicamente. 
 
Já o estéril também é um agregado natural composto, normalmente, de diversos minerais só 
que sem valor econômico. Qualquer processo de beneficiamento pode gerar rejeitos. Rejeito é 
o material sólido, líquido ou gasoso, desprovido de valor econômico, oriundo do 
beneficiamento. 
 
1.3.1 JAZIDAS E DEPÓSITOS MINERAIS 
 
As jazidas minerais, alvos dos principais projetos de mineração, são geradas por processos 
geológicos que refletem as transformações que aconteceram ou que vem acontecendo na 
crosta terrestre, desde a era Paleozóica (Eon Pré-Cambriano) (4.5Ga), quando se solidificaram 
as primeiras rochas do planeta, até o quaternário. 
Costuma-se dividir os processos formadores de jazidas minerais em endógenos 
(vulcanismo, metassomatismo, metamorfismo), ocorrentes no interior da crosta, e exógenos 
(intemperismo) que acontecem na superfície. As concentrações anômalas ou preferenciais de 
determinados minerais de valor constituem as jazidas. Verifica-se, entretanto, que estas 
mineralizações diferenciadas e localizadas não ocorrem de maneira totalmente aleatória. A 
maioria dos depósitos minerais apresenta um certo zoneamento mineralógico ou 
metalogenético, isto significando que os minerais dispõem-se preferencialmente em certos 
locais da jazida, os quais podem ser determinados pelas atuais técnicas de prospecção e 
pesquisa mineral disponíveis. 
Em se tratando de países com clima tropical, como o Brasil, ou subtropical, o 
intemperismo provoca urna imensa reorganização da mineralogia (primária) original do 
depósito. 
Eventualmente, as intempéries modificam jazidas primárias, oxidando minerais ou até 
mesmo transformando-os, em casos mais extremos, em minerais sem valor econômico. 
Em outros casos, o intemperismo simplesmente altera a constituição mineralógica, gerando 
mineralizações secundárias. 
Os minérios de ferro do Quadrilátero Ferrífero Brasileiro são um exemplo típico. 
Originalmente formados a partir de três tipos básicos de sedimentos; os mais ricos em ferro, 
aqueles que continham, além do ferro, elevada proporção de sílica e carbonatos, estes 
sedimentos originais passaram por diversos ciclos de metamorfismo, organizaram-se sob a 
forma de lentes e sofreram nos últimos ciclos geológicos a ação do intemperismo. Surgiram 
assim os atuais itabiritos, eventualmente as hematitas (por eliminação de sílica por 
dissolução), os itabiritos anfibólicos (derivados dos carbonatos ferruginosos por 
intemperismo) e outros minérios. 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 4 
A natureza dos depósitos minerais é extremamente diversificada. Cada depósito mineral 
tem uma gênese única e, portanto é único, devendo ser encarado como tal. Assim sendo, os 
geólogos e engenheiros agrupam os depósitos minerais, como é comentado abaixo. em 
função das suas semelhanças e diferenças em relação às suas várias características intrínsecas 
e aos processos que os geraram: 
 
Depósitos Maciços: constituem-se de corpos de consideráveis extensões laterais e verticais, 
nos quais as mineralizações são distribuídas de forma relativamente uniforme. Pórfiros de 
cobre (disseminado) e domos de sal incluem-se neste tipo de depósito; 
 
Depósitos em Camadas e Corpos Tabulares: trata-se de depósitos paralelos à estratificação, 
geralmente com ampla extensão lateral, porém com espessura limitada. Associa-se geralmente 
a rochas sedimentares, sendo exemplos desta classe depósitos as jazidas de carvão, fosforitos, 
as bauxitas e caulins amazônicos (Trombetas, Jarí), e alguns evaporitos (.potássio de Sergipe, 
etc). 
 
Veios Delgados e Espessos: correspondem a zonas mineralizadas tipicamente longas, sendo 
menos ou mais espessos. Geralmente considera-se que um veio é delgado quando sua 
espessura é inferior a 3 metros e espesso, quando é acima deste valor. Geralmente o mergulho 
é forte, o corpo é disforme e o contato com as encaixantes ora é brusco ora é gradual. Jazidas 
de ouro do período arqueano ocorrem, geralmente, sob a forma de veios delgados. Já os 
sulfetos polimetálicos gerados em seqüências vu1canossedimentares no Canadá (Kidd_Creek) 
e na Finlândia (Vuonos, Phyhasalmi) enquadram-se na classe de veios espessos. 
 
Stockworks: muitas vezes a jazida corresponde a uma trama de veios delgados, dobrados em 
conjunto, ou interseccionando-se mutuamente. Este arranjo recebe o nome de "stockwork" e 
são exemplos dessa forma de depósito as jazida de Bendigo ("saddle reefs" na Austrália) e o 
amianto de Canabrava em Goiás. 
 
Lentes, Bolsões, Buchos, Charutos: compreendem corpos de minério isolados ou repetitivos 
e eventualmente enriquecidos mas limitados lateral e verticalmente. Exemplos destes 
depósitos são as jazidas de chumbo, zinco, ou mesmo ferro. No Brasil podemos exemplificar 
com a reserva de cobre e ouro do Salobo, na região de Carajás (formada por um conjunto de 
lentes, retorcidas e justapostas) e a jazida de esmeralda de Santa Terezinha de Goiás (bolsões 
e charutos). 
 
Colúvios e Elúvios: são depósitos formados pela decomposição de rochas subjacentes. Como 
exemplos brasileiros temos os fosfatos e bauxitas na região de Minas Gerais, o ouro laterítico 
no Grupo Cuiabá-MT e certos depósitos de cassiterita como os de Potosi em Rondônia. 
 
Alúvios: são depósitos superficiais ou próximos à superfície, usualmente pseudotabulares e 
de ampla extensão, contendo partículas de minerais de valor (ouro, platina, diamante, 
cassiterita) em detritos (areias, conglomerados). 
 
Os diferentes tipos de depósitos minerais, evidentemente, são pesquisados, cartografados, 
modelados e avaliados segundo suas peculiaridades. Por exemplo, corpos maciços, 
disseminações e stockworks são mapeados e modelados tridimensionalmente enquanto que 
corpos tabulares e aluviões comportam modelos bidimensionais. 
Os conceitos de semântica aparecem nos sistemas de classificação, principalmente em 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 5 
relação às palavras recurso, reserva e minério. 
Considera-se "Recurso" aquele material disponível em quantidade e qualidade adequadas 
para o uso industrial, mas que não foi submetida a uma avaliação econômica. 
"Reserva" é o recurso disponível para lavra, que pode ser produzido economicamente, em 
função de custos, demandas e preços atuais. Muitas vezes é possível aproveitar determinados 
materiais que não estavam classificados como reserva. 
Minério é um agregado natural (ou parte de um agregado natural de um ou mais minerais 
metálicos), que pode ser minerado e vendido com lucro, em um dado tempo e um dado local. 
Vários princípios norteiam o sistema de classificação de reservas: 
1 - Suporte geológico através de parâmetros como morfologia, espessura, estrutura interna, 
permitindo estabelecer um modelo de geologia adequado para os depósitos; 
2 - O modelo geológico e o grau de exploração conduzem à determinação do grau de 
confiança na estimativa de fatores relativos ao depósito, ou seja, condicionamento geológico 
da mineralização e da encaixante, acrescentando ainda as condições de estabilidade, 
hidrogeologia, etc. 
3 - Conhecimento das condicionantes geográficas, econômicas e ambientais da área onde 
se localiza o depósito; 
4 - A estimativa é realizada através de serviços de pesquisa (sondagem, escavação, 
geofísica e modelagem geológica); 
5 - Volume e teor da mineralização são determinados "in situ". Estudos de viabilidade 
permitem estabelecer qual é o teor diluído bem como o recuperado. Reservas lavráveis 
somente quando se estimam perdas com lavra e tratamento6 - Determinação das propriedades físicas na qualificação das reservas, tais como 
densidade, grau de liberação, mineralogia dos minerais úteis e da ganga, granulometria, etc. 
 
E a confiança decorre dos seguintes fatores: 
 
a) Bom trabalho de campo suportado por conhecimento científico da geologia dos depósitos 
minerais; 
b) Obtenção de dados de campo e exploratório representado em documentos em escala 
adequada. Localização de contatos e de estruturas (dobras, falhas e fraturas, etc.). Furos 
 de sonda, poços, galerias devem ser cuidadosamente representados em mapas e seções; 
c) A malha de sondagem deve garantir a representatividade da amostragem e os programas 
devem ter suporte científico; 
d) A aplicação da metodologia computacional colabora bastante, mas não garante a 
fidedignidade da estimativa de reservas. 
 
Podemos também caracterizar os depósitos conforme o seu tamanho e estrutura e para 
isto podemos apresentar os seguintes grupos: 
 
Grupo 1 - Grandes depósitos com estrutura simples e constante e distribuição uniforme do 
mineral minério. São exemplos os depósitos de carvão, calcário, ferro e manganês. 
Grupo 2 - Depósitos de estrutura complexa, espessura variada e distribuição não uniforme do 
mineral minério. São exemplos dos depósitos de bauxita, níquel e alguns depósitos de ferro e 
manganês. 
Grupo 3 - Depósitos de tamanho variável, estrutura complexa, espessura muito variável e 
distribuição irregular. São exemplos os depósitos de bauxita, cobre, estanho e alguns 
elementos raros. 
Grupo 4 - Depósitos de tamanho pequeno, com morfologia não definida, mineralização 
irregular e descontínua, estrutura complexa. São exemplos muitos dos depósitos de ouro e 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 6 
elementos raros. 
1.3.2 MODELAGEM GEOLÓGICA 
 
Modelos geológicos de depósitos minerais têm, em princípio, duas componentes; uma 
empírica, baseada na observação e na experiência (morfologia, contatos, espessura, 
mineralogia, teores) e outra conceitual que corresponde à interpretação dos dados no contexto 
da gênese do deposito. Quanto aos dados sobre o depósito, que será classificado em termos de 
recursos (pois não estão em julgamento valores relacionados à viabilidade econômica), o 
modelo dependerá do julgamento, experiência e conhecimento do geólogo e/ou engenheiro de 
minas, que definirá o limite entre a faixa mineralizada com sua encaixante (estéril) ou outros 
fatores como, por exemplo, o teor de corte. Após a definição dos os limites da região 
mineralizada passa-se à determinação da morfologia do depósito. Os conceitos de recursos e 
reservas, em mineração, têm sentido restrito. 
Recursos minerais são concentrações de bens minerais disponíveis na crosta terrestre; 
Reservas minerais são parte dos recursos para os quais se demonstram viabilidades técnicas e 
econômicas. 
As informações mais importantes decorrentes da pesquisa mineral são as definições de 
recursos minerais: inferido, indicado e medido (Reserva: provável e provada). Estas 
informações são mais precisas quanto maior for o conhecimento geológico. 
Os recursos minerais do país são formados pelas "massas" individualizadas de substâncias 
minerais ou fósseis encontradas na superfície ou no interior da crosta terrestre, conforme 
regulamento do código de mineração. 
No Brasil adota-se segundo o Regulamento de Código de Mineração (Decreto 62.934/68) 
as seguintes definições para reservas minerais: 
 
Reserva é parte dos recursos, com especificações de teor, qualidade, espessura e 
profundidade para se lavrar, podendo assumir como legalizado e preparado para produção em 
tempo determinado. O termo legal não significa que todo processo legal esteja solucionado ou 
que todas as pendências tenham sido completamente resolvidas. De qualquer maneira para 
que a reserva exista deve-se eliminar qualquer incerteza significante concernente aos 
resultados que permitam a sua legalização. 
 
Reserva Medida: a tonelagem de minério computado pelas dimensões reveladas em 
afloramentos, trincheiras, galerias, trabalhos subterrâneos e sondagens, na qual o teor é 
determinado pelos resultados de amostragem pormenorizada, devendo os pontos de inspeção, 
amostragem e medida estar, tão proximamente espacejados e o caráter geológico tão bem 
definido, que as dimensões, a forma e o teor da substância mineral possam ser perfeitamente 
estabelecidos, os quais não devem apresentar variação superior ou inferior a 20% da 
quantidade verdadeira. 
 
Reserva Indicada: A tonelagem e o teor de minérios computados parcialmente através de 
medidas e amostras específicas ou de dados de produção e parcialmente por extrapolação, até 
distância razoável com base em evidências geológicas. 
 
Reserva Inferida: Estimativa feita com base no conhecimento dos caracteres geológicos do 
depósito mineral, havendo pouco ou nenhum trabalho de pesquisa. 
 
Para melhor explicar e elucidar estes conceitos apresentamos algumas terminologias que 
formam a base do código de mineração australiano. 
 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 7 
Um Recurso Mineral é uma concentração ou ocorrência de material de interesse 
econômico intrínseco no interior ou na superfície da crosta terrestre, com tal forma e 
quantidade que pode se tomar um prospecto razoável, para eventual extração econômica. 
Os principais fundamentos que governam a operação e a aplicação do Jorc Code são: 
competência, materialidade e transparência. 
 
Recurso Mineral Inferido é parte do Recurso Mineral para qual a tonelagem, teor e 
conteúdo mineral pode ser estimado com baixo nível de confiabilidade. É inferido a partir de 
evidência geológica e admite-se, mas não se comprova, a continuidade geológica e ou de teor. 
Tem por base exploração detalhada e fidedigna, informação de amostragem e testes, obtidas 
através de técnicas apropriadas, em estações como afloramentos, trincheiras, poços, trabalhos 
subterrâneos e furos de sonda. O espaçamento das estações é o próximo o bastante para 
confirmar a continuidade geológica e/ou de teor. 
Um Recurso Mineral Indicado é à parte do Recurso Mineral para qual a tonelagem, 
densidade, forma características físicas, teor e conteúdo mineral podem ser estimados com 
razoável nível de confiança. Tem por base a informação de exploração, amostragem e testes, 
obtidas através de técnicas apropriadas, em estações como afloramentos, trincheiras, poços 
escavações subterrâneas e furos de sonda. As estações são amplamente ou propriamente 
espaçadas, para confirmar a continuidade geológica ou de teor, mas tem espaçamento 
adequado para que se admita a continuidade. 
Um Recurso Mineral Medido é a parte do Recurso Mineral, para a qual a tonelagem, 
densidade, forma, características físicas, teor e conteúdo mineral podem ser estimados com 
elevado nível de confiança. Tem por base exploração detalhada e fidedigna, informação de 
amostragem e testes, obtidos através de técnicas apropriadas, em estações como afloramentos, 
trincheiras, poços, trabalhos subterrâneos e furos de sonda. O espaçamento das estações é 
próximo o bastante para confirmar a continuidade geológica e/ou de teor. 
Uma Reserva Provável de Minério é a parte economicamente lavrável de um Recurso 
Mineral indicado e, em alguns casos, medido; Avaliações apropriadas, que podem incluir 
estudos de viabilidade, foram realizadas e incluem considerações sobre mudanças, 
realisticamente admitidas, nos fatores de lavra, de concentração, metalúrgicos, econômicos, 
de mercado, legais, ambientais, sociais e governamentais. Essas avaliações demonstram que, 
na época em que foram reportadas, a extração seria razoavelmente justificada. 
Uma Reserva Provada de Minério é a parte economicamente lavrável de um Recurso 
Mineral Medido. Inclui materiais diluídos e descontos sobreperdas, que podem ocorrer 
quando da lavra do material. Avaliações apropriadas, que podem incluir estudos de 
viabilidade, foram realizadas e incluem considerações sobre mudanças, realisticamente 
admitidas, nos fatores de lavra, metalúrgicos, econômicos, de mercado, legais, ambientais, 
sociais e governamentais. Essas avaliações demonstram que, na época em que foram 
reportadas, a extração seria razoavelmente justificada. 
Uma reserva de minério é a parte economicamente lavrável de recurso mineral, medido ou 
indicado e inclui os estéreis que serão gerados pela explotação. 
Os conceitos de recursos e reservas são interdependentes mas se diferenciam em termos do 
conhecimento geológico. Podemos dizer que para a definição de uma ocorrência mineral 
como recurso basta um nível de conhecimento geológico elementar, que pode ser obtido ainda 
na fase de infância da pesquisa mineral, enquanto que, para a definição de uma ocorrência 
mineral como reserva será necessário um conhecimento bem aprofundado e especifico da 
ocorrência mineral que somente poderá ser obtido na fase madura da pesquisa mineral. 
 
"Um recurso mineral torna-se uma reserva uma vez demonstrada a sua exeqüibilidade 
técnica e econômica, porém apenas recursos medidos e indicados farão parte destas reservas 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 8 
que se converterão, respectivamente, em reservas provadas e/ou prováveis."(Joaquim P. 
Toledo). 
As reservas lavráveis relacionadas aos recursos podem ser classificadas em função do grau 
de conhecimento proporcionado pela pesquisa mineral como está discriminado na Tabela 1.1 
abaixo: 
 
Tabela 1.1 – Classificação dos recursos minerais em 
função da pesquisa mineral efetuada 
Recursos Reservas 
Medidos Provadas 
Indicados Prováveis 
Inferidos - 
Potenciais 
 
Recursos Potenciais: São aqueles que não atendem aos critérios de classificação como 
medidos, indicados ou inferidos, porém existe uma razoável probabilidade de seu 
aproveitamento. 
Atualmente esse assunto está sendo amplamente discutido, tendo sido apresentado no II 
Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto ( 2002) trabalhos que suscitam a revisão do 
Código de Mineração Brasileiro no que se refere ao cálculo de reservas minerais. 
Entende-se que a metodologia de classificação de recursos / reservas deve buscar a 
similaridade com os conceitos aceitos internacionalmente e particularmente com o código 
Australiano a fim de facilitar, entre outros aspectos importantes, a emissão / negociação de 
ações das empresas de mineração brasileiras nas Bolsas de Valores Internacionais. 
 
1.3.3 ALTERNATIVAS DE APROVEITAMENTO DE UM BEM MINERAL 
 
Existem duas alternativas extremas de aproveitamento de um bem mineral; ambas são 
tecnicamente possíveis, mas carecem de fundamento econômico já que não conduzem à 
maximização atual dos benefícios futuros. 
A primeira delas diz respeito à lavra da totalidade de depósito mineral, com 
aproveitamento total de toda a substância útil contida, sem atentar para o aspecto econômico 
desta operação. Esta alternativa somente se justifica quando calcada em razões de ordem 
estratégica ditadas pela política mineral do país ou pela necessidade de manutenção da 
segurança nacional. 
A segunda se refere à lavra das partes mais ricas da jazida, caracterizando uma lavra 
ambiciosa e, evidentemente, a um custo operacional baixo. Esta alternativa, no entanto, 
embora conduza a resultados econômicos positivos, não os maximiza, pois a lavra do 
remanescente poderá ficar comprometida pela destruição das características médias do 
jazimento pela retirada de sua porção mais rica; neste caso, a lavra do remanescente 
certamente não poderá se realizar com resultados econômicos satisfatórios. 
O Projeto de Mineração deve objetivar a busca da solução ideal, compreendida entre as 
duas alternativas extremas citadas, e que conduza ao atendimento do objetivo econômico já 
citado. Assim, ao se elaborar um Projeto de Mineração, deve-se analisar várias alternativas 
compreendidas nos limites considerados, através dos respectivos fluxos de caixa até a 
definição da solução ideal. Esta é, evidentemente, uma fase extremamente difícil de um 
Projeto de Mineração, altamente dependente da experiência de quem a realiza, com 
capacidade suficiente para o uso correto de dados básicos muitos deles imponderáveis. 
Entretanto, é uma fase decisiva em um Projeto de Mineração, pois nela se fixa uma escala de 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 9 
produção, base para o cálculo de todas as outras fases do Projeto e que dela dependem (Costa, 
R. R., 1979). 
 
1.3.4 FATORES CONDICIONANTES DO APROVEITAMENTO DE UM BEM MINERAL 
 
Na procura da solução ideal, os fatores relacionados a seguir devem ser considerados. 
 
1.3.4.1. Escala de produção 
 
Deverá ser estabelecida através da pesquisa de mercado, quando será definida - em função 
de produções e consumos verificados para o bem que se deseja produzir e projeções de 
produção e consumo do mesmo bem - a quantidade que a área de influência econômica da 
jazida é capaz de consumir. 
A escala de produção é, ainda, função da reserva lavrável e, conseqüentemente, do método 
de lavra adotado - de tal modo que resulte em uma vida para a mina compatível com o 
atendimento dos objetivos econômicos, ou, em outras palavras, a mina deve ter uma vida 
suficientemente longa para compensar economicamente os investimentos efetuados. 
 
1.3.4.2 Investimento inicial 
 
É função da escala de produção e com ela se relaciona através da seguinte fórmula, 
suficientemente aproximada quando se realizam estudos preliminares de aproveitamento de 
um depósito mineral: 
 
 
0,6
i
0
i
0
P
P
I
I






= , em que: 
 
I o = Investimento inicial correspondente à produção Po 
I i = Investimento inicial correspondente à produção Pi 
 
Como se sabe, o investimento inicial é composto de todas as inversões necessárias ao 
inicio de produção do bem mineral. 
 
1.3.4.3 Custo de produção 
 
É função da escala de produção variando inversamente e não linearmente com esta, 
caracterizando a economia de escala. 
Compreende o somatório dos custos relativos às diversas fases de transformação do 
minério em um produto vendável. 
 
1.3.4.4 Valor do produto 
 
É função direta do mercado consumidor e oscila conforme as tendências deste. É este um 
fator altamente decisivo na viabilização de um empreendimento mineiro e, ao mesmo tempo, 
de previsão de evolução difícil, por dependente de fatores muitas vezes imprevisíveis. Ao se 
fazer a análise econômica de um empreendimento mineiro, devem ser considerados vários 
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Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 10 
valores para a venda do produto, com o objetivo de se determinar o valor mínimo que 
conduza ao resultado econômico desejado. 
A devida consideração dos fatores listados, fazendo variar a escala de produção dentro dos 
limites ditados pelo mercado e, com ela, os fatores que lhe são correlacionados, permitirá 
determinar a direção na qual se deve dirigir o Projeto de Mineração de tal modo que seus 
objetivos sejam atingidos. 
 
1.3.5 RELACIONAMENTO COM A ENGENHARIA ECONÔMICA 
 
Considerando que o bem mineral é não renovável, vemos que, se da análise do 
empreendimento, como citada no item anterior, resultar uma operação que não conduza à 
maximização dos valores atuais líquidos dos benefícios futuros, poderemos estar 
comprometendo, para sempre e irreversivelmente, o valor da jazida para a empresa e, 
conseqüentemente, para o poder público. 
Vemos, assim, a extrema importância da aplicação de critérios de medida de rentabilidade 
e de seleção de alternativas de investimentos dos Projetosde Mineração, evidenciando a ne-
cessidade destes se basearem, fortemente, nos princípios da Engenharia Econômica em 
simultaneidade com aqueles da Engenharia Mineral (Costa, R. R., 1979). 
 
1.3.6 FASES DE UM PROJETO DE MINERAÇÃO 
 
Costuma-se dividir o planejamento em três fases chamadas de Estudo Conceituais, Estudos 
Preliminares e Estudos de Viabilidade. 
 
ESTUDO CONCEITUAL 
 
E o primeiro estágio onde se apresentam as proposições de investimento, a partir das idéias 
iniciais. Utiliza-se nesta fase dados históricos de outras áreas e projetos semelhantes, criando 
situações comparativas. Nesta fase aceita-se erros da ordem de 30%, em termos de estimação 
de custos e de investimento. 
 
ESTUDO PRELIMINAR 
 
Os estudos preliminares apresentam um nível intermediário de detalhamento, cujos 
resultados não são, ainda, adequados para uma decisão de investimento. Seu principal 
objetivo é determinar se o projeto conceitual justifica uma análise mais detalhada através e 
um estudo de viabilidade. 
Esse estudo deve ser visto como o intermediário entre um estudo conceitual de baixo custo 
e um estudo de viabilidade de alto custo. 
Alguns desses estudos são realizados por duas ou três pessoas da empresa com acesso a 
consultores de vários campos de conhecimento. Hustrulid (1989) lista e discute as importantes 
seções que compõe um relatório intermediário de avaliação. 
1. Objetivo. 
2. Conceitos Técnicos. 
3. Conhecimento inicial. 
4. Tonelagem e Teor. 
5. Programação de Lavra e Produção. 
6. Estimação de Custos de Investimento. 
7. Estimação de custos operacionais. 
8. Estimação de receita. 
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9. Impostos e Aspectos Financeiros. 
10. Fluxo de Caixa ou Cash Flow. 
 
ESTUDO DE VIABILIDADE 
 
A prospecção e a avaliação de um depósito mineral culminam com a preparação de um 
estudo detalhado de viabilidade de lavra. Tal estudo considera os aspectos econômicos, legais, 
tecnológicos, geológicos, ambientais e sócio-políticos. 
O objetivo do estudo de Viabilidade é recomendar ou não o projeto da mina. Até o estágio 
de avaliação muito dinheiro foi gasto, porém isso por si só não recomenda a lavra, sendo 
necessário que a lavra em si venha a dar lucro. 
Um estudo de viabilidade é um relatório escrito que contém os seguintes itens (Costa, R. 
R., 1979) : 
1. Introdução, resumo, definições; 
2. Locação, clima, topografia, história local, propriedade e condições de transporte; 
3. Aspectos ambientais: condições atuais, padrões, medidas de proteção, recuperação de áreas, 
estudos especiais; 
4. Aspectos geológicos: origem, estrutura; 
5. Reservas minerais: procedimentos de avaliação, cálculo de tonelagem e teor; 
6. Planejamento da Lavra, desenvolvimento; 
7. Beneficiamento, processos; 
8. Instalações de superfícies; 
9. Operações auxiliares: energia, suprimento de água, acessos, área de disposição de estéril, 
barragem de rejeitos; 
10. Quadro de pessoal; 
11. Comercialização: oferta, demanda de preço, contratos de fornecimento; 
12. Custo direto, indireto e total de desenvolvimento, lavra, beneficiamento e transporte; 
13. Avaliação do depósito mineral, classificação; 
14. Projeção do lucro: determinação da margem de lucro, por faixas de teores e preços. 
As principais funções deste relatório são: 
 - Prover através de uma estrutura compreensível os fatos detalhados e comprovados 
concernentes ao projeto mineral; 
 - Apresentar um esquema apropriado de lavra contendo desenhos, figuras ou fotos e lista de 
equipamentos, com detalhamento de previsão de custos e resultados; 
 - Indicar aos proprietários do projeto a lucratividade considerando os equipamentos que 
operam dentro das especificações. 
Alternativamente, pode-se também considerar que um Projeto de Mineração se desenvolve 
segundo 4 (quatro) fases distintas, classificadas segundo a época em que esta fase ocorre e o 
grau de precisão admissível em cada fase. Segundo este critério, podemos classificá-los em: 
 
1.3.6.1. Projeto (ou Estudo) de Viabilidade 
 
Compreende os primeiros estudos realizados sobre uma determinada ocorrência, com a 
finalidade de demonstrar a viabilidade da sua lavra sob os pontos de vista técnico e 
econômico. Geralmente, são estudos preliminares baseados em dados igualmente preliminares 
sobre o jazimento e sua área de influência, e objetivam unicamente formar um consenso sobre 
a conveniência de se desenvolverem estudos mais detalhados sobre o referido jazimento, e, 
assim, proceder à real determinação de dados que normalmente são assumidos nesta fase. 
Têm-se, em uma primeira aproximação, os valores do investimento necessário e o benefício 
que este possa gerar, embora com um erro admissível de 40%. Um Estudo de Viabilidade 
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pode se realizar antes mesmo de se ter uma Pesquisa Geológica realizada, e por isso mesmo, 
não é conclusivo a ponto de permitir a implantação do empreendimento. 
 
1.3.6.2 Ante Projeto 
 
Trata-se de uma fase que se realiza em seqüência ao Estudo de Viabilidade e, usa, em sua 
elaboração, dados mais precisos sobre o jazimento, realmente determinados em campo ou 
laboratório. Nesta fase, já se consegue diminuir o erro cometido no Estudo de Viabilidade 
para 30%. Com base nos resultados do Ante Projeto, já é possível iniciarem-se negociações 
para o financiamento do Empreendimento - se o mesmo se mostrar viável - bem como são 
levantadas novas imprecisões, decorrência natural do aprofundamento do estudo realizado. 
Em suma, o Ante Projeto é uma ferramenta de decisão sobre o que, como e quando realizar 
ações para o levantamento de imprecisões que ainda persistem. 
 
1.3.6.3. Projeto Básico 
 
Nesta fase, considerando o erro cometido em suas conclusões de cerca de 20% - já se pode 
concluir pela viabilidade ou não de implantação do empreendimento. Considera-se que a 
jazida já é suficientemente conhecida bem como todos os outros fatores que condicionam a 
sua lavra. 
Pode ocorrer que o Projeto Básico ainda revele imprecisões ou carência de dados, cujas 
naturezas determinam ou não a necessidade de acurá-los ou supri-los, antes de se passar ao 
Projeto Detalhado, fase que vem em seqüência àquele. 
 
1.3.6.4. Projeto Detalhado 
 
Corresponde à fase final de um Projeto de Mineração e a sua precisão deve ser suficiente 
para permitir a implantação do Empreendimento - esta imprecisão é da ordem de 10%. 
Na realidade há uma superposição entre o Projeto Detalhado e a sua implantação, benéfica 
sobre todos os aspectos, pois, admitindo-se a confiabilidade dos números em que o mesmo se 
calcou permite-se o início da produção - e, conseqüentemente, retorno de capital - em um 
prazo mais curto. 
Pelo exposto, nota-se que um Projeto de Mineração, na realidade, é o somatório de vários 
projetos, constituindo aproximações sucessivas em busca da garantia do sucesso do 
empreendimento. 
É também importante notar que, embora sucessivos, os diversos tipos de projetos 
mencionados não são elaborados imediatamente após o que o antecede. Pelo contrário, há 
sempre hiatos entre os mesmos, correspondentes à eliminação de falhas que o antecedente 
evidenciou. A boa prática mineira aconselha que assim se proceda. 
Em projetos de grande porte, os estudos como referidos acima podem levar de 6 a 8 anos 
para a sua execução, estando incluída neste período a implantação propriamente dita. 
 
1.3.7 CUSTOS DE PLANEJAMENTO 
O custo desses estudos varia substancialmente de acordo com o porte, natureza do projeto, 
tipos de estudos e pesquisas e número de alternativas a serem investigadas. Desta forma, a 
ordem de grandeza em termos de estudos técnicos, excluindo itens como sondagens, testes 
metalúrgicos, estudos de impacto ambiental podem ser expressos (segundo Hustrulid(1995)) 
em termos do capital para o investimento total: 
♣ Estudo Conceitual= 0,1 a 0,3 % 
♣ Estudo Preliminar = 0,2 a 0, 8 % 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
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♣ Estudo de Viabilidade = 0,5 a 15 % 
Dados que necessitam precisão: 
♣ Tonelagem e qualidade: aceita-se um erro de +/- 5% ; 
♣ Fatos importantes a se considerar: Reserva mínima de minério deve ser suficiente para 
suprir os anos de fluxo de caixa que estão projetados no relatório de viabilidade; 
♣ Definição das áreas de lavra, das utilidades e facilidades fora da área mineralizada a qual 
não deverá ser invadida por nenhuma obra. 
 
1.3.8 ETAPAS DO PLANEJAMENTO MINEIRO 
Os processos envolvidos na recuperação dos bens minerais estão divididos em fases 
denominadas prospecção, pesquisa, desenvolvimento, lavra e fechamento de mina às quais 
podem ser evidenciados conforme os fatores citados por (Soderberg e Roush - 1968, Atkinson 
- 1983): 
 1- Características naturais e geológicas do corpo mineral, tipo do minério, distribuição 
espacial, topografia, hidrogeologia, características ambientais de sua localização e 
características metalúrgicas, etc. 
2- Fatores econômicos: custos operacionais e de investimento, razão de produção, 
condições de mercado, etc. 
3- Legais: regulamentação local, regional e nacional, política de incentivo à mineração, etc. 
4- Fatores tecnológicos: equipamentos, ângulos de talude, altura de bancada, inclinação de 
rampas, etc. 
A conexão destes fatores evidencia a complexidade das operações envolvidas na 
explotação mineral, e por conseqüência a importância do planejamento de tais operações. 
A figura abaixo ( segundo Hustrulid - 1995) representa a habilidade de influência nos custos 
de cada fase do empreendimento de mineração: 
 
 
FASES : PLANEJAMENTO IMPLEMANTAÇÃO PRODUÇÃO 
Estágios : Estudo Estudo Estudo de Projeto e “Star Up” Operação 
 Conceitual Preliminar Viabilidade Construção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.1.1 – Fases de um projeto de mineração 
"A fase de planejamento oferece as melhores oportunidades de minimizar o capital de 
investimento e os custos operacionais do projeto final e de maximizar a operacionalidade e a 
lucratividade do empreendimento. É preciso estar atento, pois o contrário também é uma 
verdade, nenhuma outra fase do projeto é tão propícia a um desastre técnico ou financeiro 
Comissionamento 
DECISÃO 
DE 
INVESTIMENTO 
Não se consegue mais 
modificar os custos 
Descomissionamento 
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como a fase do planejamento." (Lee citado por Hustrulid & kuchta, 1995). 
No estudo conceitual, existe uma oportunidade relativa e limitada de influência nos custos 
do projeto. À medida que as decisões corretas e/ou incorretas são tomadas, durante o 
planejamento, as oportunidades de influenciar nos custos do empreendimento diminuem. 
A habilidade de influenciar nos custos do projeto diminui ainda mais quando novas 
decisões são tomadas durante o estágio inicial do projeto, na fase de implementação. No final 
desta fase não existe, praticamente, mais oportunidades de influenciar nos custos futuros. 
A chave do conceito de explotação mineral dirigida para benefícios, para os engenheiros, 
é simples: 
- Benefício = receita - custos 
O preço do minério é comandado pelas leis de mercado da oferta e procura (demanda). 
Embora o desenvolvimento de novas tecnologias possa ser, em princípio, responsabilidade da 
empresa mineradora, as novas tecnologias são rapidamente difundidas e a área mais 
interessada em desenvolver e pesquisar novas tecnologias, para tomar competitivo o seu 
minério, é a própria equipe de engenharia, que lida com a produção. Desta forma o objetivo é 
buscar continuamente a redução de custos das operações, sem nunca se esquecer que uma 
nova tecnologia pode transformar o que é estéril hoje, no minério do amanhã. 
O processo para o empreendimento mineiro mostrado pela figura 1.2 seguinte indica 
sempre uma troca positiva no mercado, criando aumento da demanda para produtos minerais. 
Em resposta às velhas e novas demandas, recursos financeiros são aportados na pesquisa 
mineral resultando em descobertas de novos depósitos. Através de aumento de preço, reservas 
podem tomar-se atrativas, passando a economicamente viáveis. 
Na fase de planejamento todos estes estudos econômicos já deverão estar concluídos. Ao 
mostrarem positivos passa-se à fase do desenvolvimento da mina para se estabelecer sua 
implementação e iniciar-se a fase de produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1.2 – As fases da mineração e sua relação com o mercado consumidor e de capitais. 
1. 3.9 PRÉ-REQUISITOS PARA A LAVRA 
 
Um estudo detalhado dos estágios na vida de uma mina começa com pesquisa e avaliação, 
que são precursoras da lavra. A lavra por sua vez inclui desenvolvimento e exploração. 
O estudo de lavra de minas, leva em conta entre outros, os conhecimentos de geologia. Um 
depósito mineral é uma anomalia geológica,; um depósito de minério existe graças à uma 
Demanda por 
um produto 
 
TECNOLOGIA 
 
AVANÇADA 
Exploração 
Descobertas 
Diretrizes 
Ocorrência de 
depósito 
mineral 
Desenvolvimento da 
nina e facilidades Mina e processo 
Venda 
de 
$ 
Necessidades do 
mercado 
Demanda de 
produto mineral 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 15 
série de ocorrências na natureza. Nem toda área prospectada passa pelas demais fases da 
mineração. Há um exemplo no norte do Canadá, onde de 1000 áreas prospectadas só uma 
resultou em mina. Também por isso, a atividade de mineração é de alto risco econômico, 
fazendo com que muitas empresas procurem adquirir jazidas por compra ou associação com 
outras empresas, ao invés de realizar a pesquisa realizar a pesquisa em áreas desconhecidas 
(Costa, R. R., 1979). 
 
1.3.9.1 PROSPECÇÃO 
 
Prospecção é a procura de depósitos de minérios metálicos ou de depósitos de minerais 
comerciais em geral. É o primeiro estágio, que objetiva a descoberta, no qual começa a vida 
de uma mina. Prospecção e avaliação juntas constituem o meio de encontrar e definir o valor 
de um depósito mineral. Mais especificamente, entretanto, a Prospecção tem como objetivo a 
locação de uma anomalia geológica com características de um depósito mineral. 
Prospecções em grandes áreas são normalmente feitas geralmente com o apoio financeiro 
do governo. 
 
A decisão de se fazer prospecção e / ou avaliação depende de: 
 
- condições de mercado, como preço, disponibilidade e projeções de demanda; 
- possibilidade de substituto para o mineral; 
- objetivos gerais da empresa tais como, produção e crescimento; 
- condições geológicas e geográficas favoráveis; 
- condições políticas e de negócio. 
 
1.3.10 PLANEJAMENTO OPERACIONAL DA LAVRA 
 
 
DESMATAMENTO 
 
As áreas destinadas à lavra devem ser desmatadas conforme as necessidades de 
desenvolvimento da lavra, abertura de acessos e disposição de estéril. Deve preceder a todas 
estas ações, porém de forma racionalizada e em consonância com o órgão ambiental 
responsável. 
 
SISTEMA DE ACESSOS 
 
O planejamento do sistema de acessos está vinculado às necessidades de desenvolvimento 
de frentes de lavra, de remoção dos estéreis, conciliando a otimização com a racionalidade. O 
desenvolvimento da lavra e o acesso às pilhas de estéril depende do sistema de acesso à mina. 
De tal forma que o conjunto de rampas ao longo da lavra deve ser estrategicamentedefinido 
para que possa dar rendimento, segurança e funcionalidade. A malha viária deve ser de tal 
forma dimensionada a atender as necessidades, procurando não se abrir rampas sem 
necessidades para evitar aumento de poeira, ruídos, consumo de águas para irrigação e 
processos erosivos. 
 
SISTEMA DE DRENAGEM 
 
Através dos planos de longo prazo são definidos o plano de drenagem das minas, como 
objetivo de racionalizar a seqüência de lavra sem prejudicar a sua operação. Cabe ao sistema 
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Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 16 
de drenagem prover de condições favoráveis à retenção de finos dentro da mina, buscando 
evitar assoreamento de barragens e possíveis transtornos à comunidade. 
Na fase do planejamento e ao longo da lavra deve-se manter o controle do nível de 
drenagem das bancadas para que se favoreça ao aspecto operacional e econômico, reduzindo 
os processos erosivos causados pelas águas de chuva e conseqüente carreamento de finos para 
áreas externas à lavra. Um sistema de canaletas deve ser utilizado para coletar as águas 
superficiais que posteriormente devem ser bombeadas para fora ou reutilizadas nos processos 
da usina. 
 
PLANEJAMENTO DE DIQUES DE CONTENÇÃO DE FINOS 
 
De posse do planejamento da lavra a longo prazo, deve-se levantar através da localização e 
do traçado da cava, do sistema de drenagem os pontos que deverão ser dotados de sistema de 
contenção de finos. 
 
PLANEJAMENTO DE PILHA DE ESTÉRIL 
 
É da responsabilidade do planejamento de longo prazo dentro das diretrizes estratégicas 
dos planos de lavra, elaborar os projetos detalhados das pilhas de disposição de estéril, bem 
corno o seqüenciamento. 
A partir dos dados e premissas básicas do longo prazo, levanta-se os quantitativos 
referentes ao projeto final de lavra e do seqüencial. Estima-se então os volumes e tipos de 
estéril a serem empilhados, corno também se determina empolamento de cada material, para 
ajuste da configuração projetada da pilha. O estéril temporário (minério marginal) deve ficar 
preferencialmente próximo da usina de beneficiamento para em caso de retomada reduzir a 
distância de transporte. 
Após estes procedimentos projeta-se pilhas que possuam capacidade para atender às 
necessidades levantadas, contemplando as drenagens e acessos. Define-se uma trajetória que 
resulte em menor distância de transporte, entre o ponto de origem e destino do estéril. Os 
dados básicos informados pelo longo prazo são localização, início de operação, dimensões, 
características geométricas, métodos de transporte. Há algumas condições específicas, ou seja 
dispor o estéril dentro da cava ou o mais próximo possível, preferencialmente em áreas já 
degradadas. 
 
A LOCALIZAÇÃO DA JAZIDA 
 
VIAS DE ACESSO 
 
A viabilidade de um empreendimento não se prende apenas à existência de uma reserva 
técnica e economicamente lavrável sem considerações quanto a sua localização em relação 
aos consumidores do bem que ela irá gerar e dos fornecedores de insumos necessários à 
geração deste bem. Não se pode dizer que existe uma jazida se o preço de venda do seu 
produto não for competitivo. Esta competitividade - admitindo-se que o produto tenha 
características condizentes com as especificações de consumo - é fortemente dependente das 
distâncias de transporte envolvidas, seja para a entrada de insumo, seja para o escoamento do 
produto. 
Assim, uma análise cuidadosa da rede viária da região da jazida, bem como da conexão 
dessa rede com a rede viária nacional, apresenta-se como um dos condicionalismos da 
viabilidade do Projeto. Esta análise deve ser dirigida no sentido de levantar custos de 
transporte de insumos e produtos, de modo a permitir o cálculo do custo do produto no local 
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em que o mesmo será consumido. 
 
ENERGIA E ÁGUA 
 
Dois fatores altamente ponderáveis na composição do custo final do produto se referem à 
disponibilidade local de energia e água a serem consumidas na mineração. 
Considerando a crise mundial de energia derivada do petróleo é intuitiva a orientação que 
deve ser dada ao Projeto no sentido de maximizar o uso de energia elétrica ou outras fontes 
alternativas. Como se sabe o potencial hidrelétrico do Brasil é imenso e assim, e óbvio que 
esta alternativa deve ser encarada com prioridade, principalmente se considerarmos que as 
outras (álcool, carvão, energia solar) ainda não constituem uma disponibilidade real. 
Entretanto, a decisão por uma forma de energia depende, ainda, da nobreza do bem mineral a 
que dará origem, podendo autorizar o uso de energia do petróleo, com resultados 
economicamente satisfatórios. Porém, o ponto de vista a prevalecer deve ter conotações 
estratégicas, optando-se por uma solução que não sofra solução de continuidade. 
No que diz respeito ao abastecimento de água, a sua importância se mede pela incidência 
desta nos processos mineiros, onde, geralmente, apresenta valores de consumo significativos. 
Ao contrário da energia, em suas diversas formas alternativas, a água não apresenta 
alternativas e é, na maioria das vezes, insubstituível, tornando-se, pois, uma condicionante da 
viabilidade de um projeto. 
Assim, as disponibilidades locais destes dois insumos devem ser cuidadosamente 
analisadas pela importância que assumem na constituição do custo de mineração. 
 
INFRA-ESTRUTURA 
 
Os mineiros e suas famílias necessitam de condições adequadas de subsistência, a um nível 
compatível à sua fixação no local de trabalho, por um tempo suficiente para manter o turn-
over dentro dos limites toleráveis. É necessário que se disponha de hospitais, centros de 
abastecimento de alimentos, escolas, clubes recreativos, moradias, transportes, enfim, toda 
uma infra-estrutura capaz de propiciar um padrão de vida em níveis normais. 
O porte do empreendimento mineiro irá determinar a natureza e tamanho da infra-estrutura 
necessária para suportá-lo. Quando acontece estar a jazida localizada em região desprovida 
das facilidades acima listadas, este fato deve ser cuidadosamente analisado e quantificado, por 
ser uma parcela às vezes importante do investimento inicial. 
É preciso ter sempre em mente, que, em regiões ínvias, além de bons salários, é necessário 
prover boas condições de vida, como condição de conseguir, por um tempo razoável, a mão 
de obra necessária à realização do empreendimento. 
 
MÃO DE OBRA 
 
Considerando o aspecto meramente social de um empreendimento, um de seus objetivos é 
levar o progresso à região de sua implantação, com o máximo aproveitamento da mão de obra 
local, como meios para elevação do padrão de vida dos habitantes da área de influência do 
empreendimento. Uma análise fria desta atitude, considerando agora apenas o aspecto 
econômico, conclui pela sua conveniência uma vez que diminuirá os investimentos em infra-
estrutura. 
Devemos, no entanto, lembrar que, antes de tudo, um empreendimento mineiro deve ser 
considerado como um aproveitamento de uma riqueza da Nação: o seu sub-solo. E esta 
concessão da Nação exige em troca, além dos impostos devidos, a consciência do dever de 
participar do esforço governamental dirigido à geração de empregos. Assim, sem devaneios 
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nacionalistas ou demagógicos e falsas atitudes paternalistas - ambas ameaçadoras à solidez do 
empreendimento - deve-se considerar, dentro dos seus devidos limites, o aspecto social do 
empreendimento. 
Este fato nos leva a considerações sobre o aproveitamento máximo da mão de obra local, 
sem comprometimento do objetivo econômico do empreendimento. Deste modo, evidencia-se 
a necessidade de levantar as potencialidades da região, em número e natureza, e prover meios 
para adequá-laà utilização nas atividades mineiras. 
As conseqüências dessa política se traduzem na necessidade de criar cursos de treinamento 
específicos, com a intensidade e antecedência necessários à implantação do empreendimento 
segundo as técnicas e prazos previstos; além disso, o grau de complexidade dos equipamentos 
e técnicas mineiras deve ser compatível com a capacidade da mão de obra prevista para a 
operação. Muitas vezes é preferível sacrificar a sofisticação em favor da simplicidade se se 
mostrar que é impossível a coexistência de sofisticação e produtividade, pela ausência dos 
meios materiais necessários. 
 
ASPECTOS AMBIENTAIS 
 
A implantação de um empreendimento tem conseqüências imediatas no meio ambiente, 
seja dentro dos limites da própria mina, seja nas áreas que lhe são vizinhas. O equilíbrio 
ambiental é geralmente afetado, com maior ou menor intensidade: uma mina é sempre 
geradora de vibrações, ruídos, pó e lama, e estes efeitos devem ser reduzidos a um mínimo 
necessário a manutenção do referido equilíbrio. 
Assim, ao se proceder às operações de desmonte com o uso de explosivo, podem ser 
geradas ondas de choque de igual freqüência e síncronas, que encontrando condições de 
transporte propícias no solo onde ocorrem, podem ocasionar vibrações acima do limite 
tolerável, pondo em risco as edificações vizinhas, às vezes situadas a quilômetros de 
distância. Este fato exige um controle das detonações, com o objetivo de anulá-lo, mediante a 
correta utilização de espoletas de retardo e limitação das cargas explosivas entre estas; 
consegue-se, assim, diminuir a intensidade da onda de choque e a não sincronização destas. 
É sabido que um ambiente saturado de poeira e ruídos ocasiona sérios danos à saúde das 
pessoas que nele operam, às vezes em formas fatais ou, no mínimo, irreversíveis. O uso de 
caminhões pipa na área da mina, coletores de pó e supressores de ruídos na área da Usina de 
Beneficiamento, além do seu aspecto humanístico de propiciar condições saudáveis de 
trabalho, acarretam também benefícios de ordem econômica, pelo que conduzem a 
maximização da vida útil dos equipamentos operantes naquelas áreas. Finalmente, toda mina 
é poluidora dos mananciais à sua jusante, já que os efluentes da área da mina e da Usina de 
Beneficiamento para os mesmos convergem naturalmente. Torna-se, pois, necessária a adoção 
de medidas que anulem a perturbação do equilíbrio ecológico; uma dessas medidas é a 
construção de barragens de decantação dos finos gerados nas operações mineiras; deve ser 
lembrada a conveniência deste procedimento - além da manutenção do equilíbrio ecológico - 
que é a possibilidade de re-circulação da água resultante desta decantação. 
Todos estes aspectos devem ser considerados ao se planejar um empreendimento mineiro: 
envolvem grandes despesas de capital e de operação e, mesmo que não existissem imposições 
de ordem legal regulando a sua adoção, uma Engenharia de Minas não poderia ser rotulada de 
sã se não os considerá-los (Costa, R. R., 1979). 
 
 
 
 
 
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1.3.11 UMA ANÁLISE GLOBAL DO EMPREENDIMENTO MINEIRO 
 
Entende-se por Planejamento da Lavra o projeto de evolução da mina compreendendo a 
previsão de meios e determinação dos custos inerentes a esta evolução. Os meios utilizados 
são os equipamentos e o pessoal e os custos são aqueles decorrentes da operação destes 
equipamentos e pessoal (Costa, R. R., 1979). . 
Um Planejamento de Lavra é essencialmente dinâmico: à medida que a mina vai sendo 
lavrada, novas informações vão se tornando disponíveis, obrigando a uma constante 
adaptação do plano original às novas condições da mina, evidenciadas pela evolução da lavra. 
No entanto, antes de se iniciarem as atividades de lavra é necessário, com as informações 
então disponíveis sobre a jazida e segundo um programa de produção preestabelecido, 
projetar as transformações que a mina sofrerá, no espaço e no tempo. 
O Planejamento de Lavra se apresenta, assim, como um roteiro das operações que se 
desenvolverão na mina, desde a sua preparação para início da produção até o seu término, 
quando a mina se tornar exaurida (Costa, R. R., 1979). . 
Assim, torna-se possível, com a antecedência necessária, preverem-se os meios necessários 
à consecução deste Planejamento e proverem-se os recursos necessários. 
O Planejamento da Lavra, cumprindo a finalidade de roteiro das operações mineiras, se 
baseia em planos diferenciados pelas suas finalidades e naturezas; em termos gerais, estes 
planos se classificam em planos a longo, médio e curto prazos. 
O Plano de exaustão da mina constitui o plano a longo prazo. A sua elaboração se faz com 
os objetivos de cubar a reserva tecnicamente lavrável, determinar o estéril a ser removido e, 
conseqüentemente, a relação estéril/minério - definir os limites da cava final, impedindo, 
assim, a construção de obras permanentes dentro destes limites e prever as vias de acesso que 
se fizerem necessárias. Este Plano, por definir os limites da cava final, é fundamental para a 
elaboração dos planos de lavra a médio e curto prazos, que são elaborados como partes 
integradas e básicas daquele (Costa, R. R., 1979). . 
O Plano de Preparação da mina constitui um dos planos a curto prazo. A sua elaboração 
visa programar os trabalhos a serem realizados antes de se iniciar a produção, de modo a 
prover condições para que esta se inicie e se processe sem sofrer solução de continuidade. 
Assim, este Plano consiste, principalmente, em se projetarem as estradas de ligação das 
frentes de lavra ao britador primário e área de deposição de estéril, as praças iniciais de 
operação das escavadeiras e a limpeza mínima necessária para se iniciar a produção. 
O Plano de primeiro ano de produção é também considerado um plano a curto prazo e é 
elaborado com a finalidade de provar a viabilidade do programa de produção proposto, a curto 
prazo, prever as necessidades para a consecução deste e programar, com a antecedência 
necessária, os meios indispensáveis ao cumprimento do referido programa. 
Conforme referido anteriormente, o Planejamento da Lavra possui um caráter 
essencialmente dinâmico, devendo sofrer constantes modificações que reflitam as novas 
condições da mina, evidenciadas pelo desenvolvimento da lavra. Assim, elaborar um Plano de 
Lavra correspondente ao 2.° ano de produção pode-se tornar um detalhamento desnecessário, 
uma vez que, muito dificilmente, a Mina terá a configuração, ao fim do 1.° ano de produção, 
como projetada no plano correspondente, e conseqüentemente, qualquer plano que tenha este 
como ponto de partida, perderá a sua validade (Costa, R. R., 1979). . 
No entanto, planos que abranjam períodos de tempo maiores, apresentam maiores 
probabilidades de refletirem de perto a realidade, por englobarem massas maiores e, 
conseqüentemente, menores erros nas avaliações de médias efetuadas, sobre as variáveis 
endógenas. 
Assim, enquadrados na categoria de planos a médio prazo, é usual elaborarem-se os planos 
correspondentes ao 5.° e ao 10.° anos de produção, como medidas necessárias à visualização 
Fundamentos do Planejamento de Lavra 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 20 
da evolução da lavra, com relativamente pequena margem de erro, para os períodos 
considerados. 
 
Os planos acima mencionados, evidenciando as mutações que a mina sofrerá ao longo de 
sua vida, permitirão o dimensionamento dos equipamentos encarregados destas mutações e 
conseqüentemente, os investimentos e custos operacionais envolvidos, conforme se verá a 
seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Conhecimento da Jazida 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 21 
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Conforme dissemos anteriormente, estudaremos, dentro do Empreendimento Mineiro Global, 
somente a parte referente ao Projeto de Lavra em uma seqüência lógica de estudos, em que 
cada um depende ou é, no mínimo, correlacionado com aquele que o antecede. 
Serão emitidos conceitos teóricos de ampla aplicação e se procederá à sua aplicação 
específica à cada jazida em estudo. E esta aplicação se fará ao nível de Projeto Básico como 
anteriormente definido. 
 
2.1. O CONHECIMENTO DA JAZIDA 
 
Inicialmente, é necessário conhecer a jazida nos aspectos relativos a quantidade e 
qualidade das reservas dos bens minerais a ela associados, o modo de determinação dessas 
qualidades e quantidade, e o grau de confiabilidade dessas determinações. 
Uma vez adquiridos, com confiança, estes conhecimentos, passa-se a considerações de 
ordem geográfica, estudando-se a localização da jazida em relação ao mercado consumidor, 
procurando-se assegurar a propriedade da jazida e a designação de jazida dada ao corpo 
mineralizado estudado e cuja existência se comprovou. 
 
2.1.1. ANÁLISE DO RELATORIO DE PESQUISA 
 
A primeira etapa a ser cumprida na elaboração de um Projeto de Lavra é a análise 
cuidadosa do Relatório de Pesquisa orientada de acordo com os pontos listados a seguir. 
 
a) Propriedade do método de pesquisa empregado 
 
Evidentemente, para cada tipo de jazimento existe um método de pesquisa que é o mais 
apropriado para a determinação de seus volumes e características. Este método deve ser 
seguro, objetivo, rápido e econômico, de modo que, a um custo mínimo se determinem, com 
segurança, as características principais do jazimento. 
A impropriedade do uso único de sondagens verticais em jazidas sedimentares com 
camadas fortemente inclinadas é indiscutível pela grande possibilidade que apresenta de se ter 
um furo de sonda totalmente contido em uma única camada, e, conseqüentemente, deixando 
de evidenciar variações de teores que, certamente, serão mais sensíveis em camadas 
diferentes. É certo que as informações a serem fornecidas serão úteis, mas torna-se 
indispensável a abertura de galerias locadas segundo direções perpendiculares a direção geral 
das camadas, como condição à determinação da variação lateral das características do corpo 
mineralizado segundo aquelas direções e que terão forte influência sobre o método de lavra 
mais indicado para o referido corpo. Ainda com relação a estas galerias, é igualmente 
importante, além da sua direção, o seu posicionamento relativo no corpo em pesquisa: este 
deve ser tal que cubra a extensão a pesquisar, objetivando a determinação da variação das 
características em estudo segundo a extensão da jazida. 
Em suma, as características de uma jazida sedimentar devem ser pesquisadas segundo as 
três direções consideradas e não somente em uma delas - como no caso em que se executem 
somente furos de sonda. Caso tal procedimento não seja adotado poder-se-á incorrer no erro 
de chegar a conclusão que a jazida é mais homogênea do que realmente o é; e ao se 
determinar o método de lavra e os equipamentos equivalentes, certamente estes serão sub-
dimensionados, em número, e a heterogeneidade realmente existente não poderá ser anulada, 
com todos os inconvenientes de ordem econômica que este fato acarretará. 
 
O Conhecimento da Jazida 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 22 
b) Intensidade da pesquisa efetuada 
 
Em um país onde se prega o desenvolvimento industrial acelerado, indispensável à 
manutenção do equilíbrio econômico ameaçado por um crescimento demográfico 
desordenado, não é raro a implantação de projetos calcados em Relatórios de Pesquisa 
elaborados apenas para atendimento de imposições de ordem legal. Não e necessário dizer da 
precariedade de bases que sustentam uma decisão desta natureza, que fatalmente, sofrerá os 
efeitos da precipitação desta tomada de decisões, traduzidos pela paralisação do projeto, 
temporária ou mesmo definitiva. 
Cabe aos profissionais envolvidos em “Projetos” desta natureza a responsabilidade de 
refrear os ímpetos políticos dissociados da realidade puramente mineira. 
Neste sentido, o exame do Relatório de Pesquisa em seus aspectos de quantidade de 
informações obtidas, adquire uma importância fundamental como condição de garantia do su-
cesso de implantação do empreendimento. 
Geralmente, as pesquisas são conduzidas segundo modelos pré-estabelecidos, adotando-se 
uma densidade de informações que se provou suficiente para jazidas similares. Mas é preciso 
não se esquecer que não existem duas jazidas iguais: cada uma tem suas características 
próprias, e, muitas vezes, uma característica que a primeira vista, não apresenta grande 
importância, pode inviabilizar um projeto. 
Assim, uma pesquisa geológica, se bem conduzida, deve ser abrangente em termos de 
densidade de informações sem descambar para o exagero - culminando com uma informação 
suficiente sobre a substância útil pesquisada bem como sobre aquelas que afetam 
negativamente a qualidade dessa substância útil. 
É necessário, portanto, que à quantificação destas características seja associado o erro 
cometido na mesma, como única maneira de se concluir se foi ou não suficiente a pesquisa 
realizada. Há métodos diretos e indiretos de se determinar este erro, como se verá mais 
adiante, sendo o mais notável o que se baseia nos princípios da Geoestatística. 
Enfatizamos a necessidade de se concluir pela propriedade da pesquisa realizada quanto ao 
número de informações geradas, em todos os aspectos, proporcionais à complexidade do 
corpo estudado. Em suma, não basta que o método de pesquisa seja correto, se a mesma foi 
insuficiente. 
 
c) Confiabilidade das determinações efetuadas 
 
Somente as firmas com dedicação exclusiva a pesquisa mineral - e, mesmo assim, as de 
médio e grande portes - são aparelhadas com laboratórios químicos onde se processam as 
determinações analíticas das amostras relativas a uma determinada pesquisa. 
O mais comum é enviarem-se as amostras para análises em laboratórios comerciais, que 
muitas vezes, não estão preparados fisicamente ou mesmo conscientizados da importância 
desta fase de uma operação mineira. O resultado deste procedimento é o surgimento de 
resultados não confiáveis e cujos reflexos podem se fazer sentir, às vezes, após o projeto 
implantado, em pleno regime de produção. 
 
Os cuidados que devem ser tomados nesta fase, independem do tamanho do projeto; os 
erros sistemáticos porventura cometidos em determinações químicas levam a considerações 
carentes de fundamento principalmente no dimensionamento de equipamentos destinados a 
manusear um determinado minério, cujo teor é, na realidade, diferente daquele erroneamente 
determinado. 
Um profissional experimentado adota a prática de enviar uma mesma amostra para 
laboratórios diferentes e de competência comprovada a fim de comparar os resultados obtidos 
O Conhecimento da Jazida 
Prof. Adilson Curi – Escola de Minas da UFOP 23 
e optar por aqueles que apresentem resultados coerentes. Mesmo assim, a comprovação da 
competência dos laboratórios selecionados é finalmente alcançada se, para uma mesma 
amostra, rotulada com designações diferentes, obtiverem-se resultados iguais, de um mesmo 
laboratório, para a característica a ser dosada. 
 Estas são práticas e cuidados que devem ser tomados ainda na fase de pesquisa geológica, 
e a verificação de sua ocorrência, ao se analisar um Relatório de Pesquisa, é fundamental à 
conclusão de sua correta execução. 
Assim como para as análises químicas, devem-se adotar procedimentos semelhantes na 
determinação de outras grandezas, de modo que a totalidade de informações a serem 
utilizadas seja confiável. 
 
2.2 AVALIAÇÃO/ ESTIMAÇÃO DE RESERVAS LAVRÁVEIS 
 
2.2.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE JAZIDAS 
 
Existem, na prática mineira, váriosprocedimentos empregados para a avaliação de 
reservas, amplamente descritos em livros textos de Pesquisa Mineral (v.g. Peten (1978)) que 
costumam ser subdivididos em três grupos: 
 
1. Métodos Clássicos; 
 
2. Métodos Estatísticos; 
 
3. Métodos Geoestatísticos. 
 
Os métodos clássicos (tradicionais ou convencionais) são usados de longa data e baseiam-
se em dois princípios (Popoff, 1966): 
 
1. Princípio das iguais áreas de influência: que postula a extensão do teor verificado em um 
ponto para toda uma área (distância ou volume de influência); 
 
2. Princípio das variações graduais: que postula a variação contínua ou gradual do teor 
entre dois pontos amostrais. 
 
Estes princípios abordam o problema de uma forma simplificada podendo apresentar 
alguns casos desvios importantes em relação aos dados reais. Na verdade, a natureza dos 
depósitos minerais apresenta aspectos nitidamente probabilísticos, apenas levados em conta 
em procedimentos mais avançados. Em que pese tal deficiência, os métodos clássicos 
serviram no passado e ainda tem servido no presente para avaliar jazimentos minerais. 
O princípio das iguais áreas de influência deu origem aos métodos dos polígonos (no 
plano), prismas (no espaço) etc. O princípio das variações graduais deu origem a métodos 
como o de análise das superfícies de tendência, ao Inverso da distância e outros. 
Todos estes métodos apresentam inúmeros problemas de estimação, notadamente pela sua 
natureza apriorística não satisfazer o comportamento real do jazimento mineral, o que pode 
produzir resultados catastróficos. Por exemplo, o IQD apresenta uma incongruência 
matemática quando uma mostra coincide com o corpo do bloco. Certamente, os depósitos 
minerais não seguem a lei newtoniana do inverso do quadrado das distâncias. Estas e outras 
incongruências serão discutidas em classe. 
Os métodos denominados estatísticos surgiram na década de 1950, simultaneamente, nos 
Estados Unidos, União Soviética e África do Sul. Interpretaram a natureza aleatória das 
O Conhecimento da Jazida 
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minerações à luz dos princípios elementares de estatística convencional. Tiveram um certo 
êxito na modelação das jazidas de ouro do Witwatersrand na África do Sul, porém 
estagnaram-se e hoje estão praticamente abandonados. 
Os métodos que prosperaram foram os geoestatísticos em virtude de inúmeros pontos de 
relevância, entre os quais: 
 
1. O primeiro e talvez o mais importante é o de levar em conta a estruturação dos teores no 
depósito. Os modelos quantitativos não são apriorísticos e ajustam-se à realidade da 
variação dos teores no jazimento mineral; 
 
2. O modelo não promove sub ou super-estimação das reservas (o que pode ocorrer com os 
métodos clássicos) pois seus estimadores são formulados para se evitar erros sistemáticos; 
 
3. Toma o melhor partido das informações coletadas pois os estimadores geralmente usados 
(v.g. krigagem) avaliam o domínio proposto, com variância (erro) mínimo. Trata-se pois de 
um estimador. 
 
Inúmeras outras vantagens, podem ser assinaladas como aquela da krigagem em contornar 
o efeito de redundância das informações, de garantir o balanço do metal quando se unem 
blocos, de ser um interpolador exato, etc. 
 
Até a década de 70 a avaliação das reservas era feita a partir de interpretações dos furos de 
sonda e estimação da geologia das áreas de influências dos mesmos. 
Os modelos geológicos eram contínuos, e algumas mineradoras de cobre preconizaram a 
utilização de blocos para representar sua jazida, utilizando duas cores, uma para minério e 
outra para estéril, como se fossem uma camada justaposta de tijolos a representar cada nível. 
Ao longo da lavra, blocos lavrados eram removidos. 
Atualmente pode-se estimar uma reserva global de uma mina, com também proceder a uma 
estimativa local, através da discretização em blocos. Esta fase somente terá êxito caso a 
pesquisa tenha sido bem executada, aproximando ao máximo o modelo da realidade. Caso 
contrário resultará em prejuízo. 
Para a avaliação da jazida em blocos utiliza-se a krigagem. Estas reservas geológicas ou 
"in situ" são chamadas de inventário mineral. A reserva lavrável normalmente é um sub 
conjunto de blocos, pois nem todos os blocos são aproveitados industrialmente. 
Para se avaliar um depósito inicia-se por conhecer e avaliar sua extensão, profundidade e a 
qualidade de cada componente do mesmo. Para isto vamos supor uma malha de furos de 
sonda verticais atravessando os corpos. Cada furo é amostrado em intervalos definidos para a 
obtenção dos teores das diversas litologias, ao mesmo em que é utilizado para interpretação 
dos corpos. É possível localizar em planta sua posição através de coordenadas e, por 
conseguinte definir níveis através do trecho em que o mesmo corta o nível. 
O primeiro processo que iremos mostrar para avaliação é o das figuras geométricas obtidas 
através das áreas de influência. O objetivo da avaliação é definir e avaliar o depósito 
encontrado pela prospecção. A avaliação determina as quantidades e características do estéril 
e do minério. A avaliação determina também o valor do minério em função do seu possível 
aproveitamento. 
A quantidade é determinada em volume e/ou em peso. O volume em metros cúbicos x 
altura x largura. Não há como pesar um depósito mineral, portanto o peso em toneladas é 
determinado de forma indireta pela fórmula: 
Massa (t) = Volume (m3) x Densidade (t / m3) 
Densidade (t / m3) = peso (t) / volume (m3) 
O Conhecimento da Jazida 
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O valor do minério depende da quantidade de minerais úteis contidos. O teor é a expressão 
desta quantidade na forma de porcentagem ou de gramas por tonelada de minério, ou ainda 
em gramas por m3 de minério. Exemplos: a) minério de ouro com 6 gramas por tonelada b) 
minério de ferro com 65% Fe. c) minério de fosfato com 8% de P2O5. Para se avaliar um 
depósito é necessário conhecer as suas extensões horizontais e verticais, assim como as 
características ou qualidade detalhada do corpo mineral. Para fragmentos do depósito 
chamados amostras que analisadas fornecem a qualidade do corpo ou teor naquele trecho em 
que o furo cortou o corpo. A avaliação produz o relatório de pesquisa que pode ser analisado 
conforme o método que foi utilizado para interpretação dos dados, de suma importância para 
dar suporte ao projeto e execução de lavra da mina. A seguir alguns exemplos dos métodos. 
 
2.2.1.1 MÉTODOS DE FIGURAS GEOMÉTRICAS (ÁREAS DE INFLUÊNCIA) 
 
Consiste em se estender, pura e simplesmente, os teores obtidos em um determinado 
trabalho de pesquisa a uma determinada área ou volume de influência. 
A figura 2.1 a seguir exemplifica este procedimento: 
Fig.2.1 – Exemplo ilustrativo do método das áreas de influência. 
 Fonte : COSTA, R. R. (1979) 
 
Nesta figura temos representado o traço de um corpo mineralizado qualquer em um nível 
N; aparecem, também os furos de sonda F1, F2,..., F14, cujos teores, para o intervalo N + h 
são conhecidos (h é a altura da lâmina do corpo cuja massa e teor médio se quer calcular). Isto 
posto, traçam-se as áreas de influência de cada furo, determinadas pelas mediatrizes 
correspondentes a furos contíguos. 
Assim, a área abcdefg é a área de influência do furo F7, e o seu teor é o teor determinado 
para o intervalo considerado. A massa da lâmina considerada é o somatório dos prismas 
correspondentes a cada área de influência, para uma altura h e uma densidade d comum e o 
seu teor médio se obtém ponderando teores com respectivos prismas de influência. A 
cubagem de todo o corpo mineralizado é a resultante do somatório das massas de cada lâmina 
e o teor médio é o resultante da ponderação do teor médio de cada lâmina com a massa 
respectiva. 
Evidentemente, o método acima

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