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DPC SEMESTRAL Direito Administrativo Celso Spitzcovsky Data: 12/06/2013 Aula 20 DPC SEMESTRAL – 2013 Anotador(a): Tiago Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1) Servidores Públicos...continuação; SERVIDORES PÚBLICOS 8) Regime Disciplinar (L 8.112/90): f) Instrumentos para apuração de irregularidades: -Sindicância; -Processo administrativo disciplinar. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SINDICÂNCIA Semelhanças entre os institutos São instrumentos voltados à apuração de irregularidades na esfera administrativa Contraditório e Ampla Defesa obrigatório em ambos. Campo de atuação Não tem limite de atuação, podendo ser utilizado para apurar qualquer tipo de irregularidade na esfera administrativa. Só pode ser utilizada para a apuração de irregularidades que comportem no máximo a pena de suspensão de 30 dias. Prazo de Duração 60 dias prorrogáveis uma vez por igual período, se houver motivação para tanto. 30 dias prorrogáveis por mais 30, se houver motivação para tanto. 2 de 6 SINDICÂNCIA: Resultados possíveis para a sindicância (Art. 145 da L 8.112/90): 1 - Se ao término da sindicância o administrador não encontrar nenhuma irregularidade, o procedimento será arquivado. 2 - Se ao término da sindicância encontrar exatamente a irregularidade que justificou a sua abertura, então o servidor será penalizado (no máximo suspensão de 30 dias). 3 - Se ao término da sindicância encontrar irregularidades muito mais graves do que aquelas que justificaram a sua abertura, então a sindicância será convertida em um processo disciplinar (Atenção: Todas as provas produzidas na sindicância poderão ser aproveitadas). PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (Art. 148 da L 8.112/90): É o instrumento voltado à apuração de quaisquer irregularidades na esfera administrativa. Fases do Processo Administrativo Disciplinar (Art. 151 da L 8.112/90); 1 - Fase de Abertura. 2 - Fase do Inquérito Administrativo. 3 - Fase do Julgamento. Fase de Abertura: É aquela que é feita através da publicação de uma portaria. Deve trazer as seguintes informações mínimas: a) Deve indicar as supostas irregularidades praticadas pelo servidor e o seu embasamento legal (Isso viabilizará o exercício do contraditório e da ampla defesa). b) Deve indicar os membros integrantes da comissão processante (Viabiliza verificar eventuais impedimentos; Possibilita verificar se os membros são estáveis e se o presidente da comissão titulariza cargo de hierarquia igual ou superior ao cargo do servidor que está sendo processado, tudo na forma do Art. 149). Publicada a portaria, a comissão poderá determinar o afastamento do servidor (Art. 147) - Isso quando a manutenção do servidor no cargo que titulariza possa vir a comprometer a produção de provas. O afastamento poderá ser determinado a pedido do próprio servidor, isso para que ele posse exercer sua defesa. O afastamento poderá perdurar por 60 dias, podendo ser prorrogado uma vez por igual período (é o mesmo prazo de duração do processo administrativo disciplinar). Atenção: Tal afastamento se dá sem prejuízo da remuneração. 3 de 6 Fase do Inquérito Administrativo: Corresponde à etapa de instrução do processo, de produção de provas. Serão admitidas todas as provas produzidas de forma lícita. Nessa fase, o servidor tem direito a defesa técnica produzida por advogado. Duas situações se apresentam aqui: -Se nessa etapa não for dada a oportunidade de o servidor constituir advogado para o exercício de defesa técnica, então o processo é nulo. -Se for dada a oportunidade, mas o servidor a recusa, então não haverá que se cogitar de anulação (Súmula Vinculante nº 05 do STF - “A falta de defesa técnica produzida por advogado em processo disciplinar não ofende a constituição”). Após, vem as alegações finais. Fase do Julgamento: Art. 128, parágrafo único da L 8.112/90 - Decisão do PAD será sempre motivada (absolvição ou condenação). Tal motivação visa afastar, também, qualquer alegação de condescendência criminosa (Art. 320 do CP). Na aplicação das penalidades, obrigatoriamente, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais (Art. 128 da L 8.112/90). Art. 128, parágrafo único da L 8.112/90: “Causa” - O administrador deve apontar os fatos que concretamente justificaram a decisão proferida (Isso influenciará no futuro, em eventual revisão do processo). L 9.784/99 (Disciplina processos administrativos no âmbito federal): Art. 2º, parágrafo único, VI: A administração está proibida de fazer exigências ou de aplicar sanções em medida superior àquela necessária para a preservação do interesse público (Materialização do princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, para alguns). Proferida a decisão, a L 8.112/90 prevê a possibilidade de Pedido de Revisão (Arts. 174 a 182 da L 8.112/90): Prazo da Revisão: A qualquer tempo. Legitimidade (Art. 174, §1º): -O próprio servidor; -Família, no caso de ausência ou desaparecimento do servidor; -Ministério Público, se o servidor for incapaz. 4 de 6 Razões da Revisão (Arts. 174 e 176): Surgimento de fato (substancialmente) novo ou no caso de inadequação da sanção aplicada. O fato novo deve ser aquele substancialmente novo, que surja após a decisão proferida ou que, ao tempo da decisão, ainda não era conhecido. Pena inadequada é aquela que se revela estranha aos fatos que foram apurados, é pena desarrazoada. Atenção: A simples alegação de injustiça não é motivação idônea a embasar pedido de revisão (Art. 176 da L 8.112/90). Provas: No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente (Art. 175 da L 8.112/90). A decisão da revisão pode acarretar no agravamento da situação do servidor (Reformatio in pejus)? Não, conforme Art. 182, parágrafo único da L 8.112/90 (“Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade”). Atenção: O STJ tem entendido que se durante o pedido de revisão forem apresentados fatos que demonstrem que a situação era muito mais grave do que a inicialmente investigada, então poderá haver agravamento da sanção. *Eventual desrespeito aos requisitos acima expostos no que tange à aplicação da sanção acarreta em ilegalidade, ensejando na possibilidade de questionamento perante o judiciário. No Judiciário, se o servidor for absolvido por falta de provas, não terá direito à reintegração porque o mérito aqui não foi debatido. De outra parte, se a absolvição judicial for fundamentada em inexistência do ilícito ou negativa de autoria pelo servidor, então a administração deverá reintegrá-lo. 9) Licenças (Arts. 81 a 92 da L 8.112/90): Licença para tratar de doença em família (Art. 83 da L 8.112/90): Necessidade de demonstrar que o auxílio ao familiar é imprescindível e que tal auxílio não pode ser prestado fora do horário do expediente. Se os requisitos acima forem comprovados, então a L 8.112/90 autoriza a licença, SEM prejuízo da remuneração, por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Não obstante, o §2º, II do Art. 83 da L 8.112/90 autoriza um novo período de licença por 90 dias, só que agora COM prejuízo da remuneração. Licença por afastamento do cônjuge (Art. 84 da L 8.112/90): Nesse caso a licença ocorre por prazo indeterminado e sem remuneração. 5 de 6 Art.84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outroponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. §1 o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. §2 o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. *O cônjuge também é servidor. Licença para prestar serviço militar obrigatório (Art. 85 da L 8.112/90): O prazo de afastamento perdura durante o período militar e se estende até 30 dias após finalizar a prestação do serviço. Não há remuneração (Isso porque será remunerado pelas forças armadas). Trata-se de direito do servidor, ou seja, o administrador não tem espaço para juízo de valores, de conveniência e oportunidade. Licença para o exercício de atividade política (Art. 86 da l 8.112/90): Aqui temos dois períodos diferentes: 1º) Período de licença para participar da convenção do partido (ainda não é candidato a nada). Aqui o afastamento ocorre sem remuneração. 2º) Período de licença em que o servidor é de fato candidato político (aprovação na convenção e na justiça eleitoral), que vai da eleição até 10 dias após o seu término. Nesse período o servidor fará jus à remuneração (somente pelo período de três meses, conforme parte final do §2º do Art. 86 da L 8.112/90). Trata-se de direito do servidor, ou seja, o administrador não tem espaço para juízo de valores, de conveniência e oportunidade. Licença para capacitação (Art. 87 da L 8.112/90): Aquela em que o servidor pede para participar de curso de capacitação, sendo secundário saber se tal curso ocorrerá no Brasil ou fora dele. *Essa licença, ao nível federal, substituiu a licença-prêmio, que não existe mais. Servidor deve comprovar efetivo exercício das atribuições por no mínimo 05 anos (03 anos do estágio probatório + 02 anos de efetivo exercício, no mínimo). Tal licença perdurará por até 03 meses, e sem prejuízo da remuneração. 6 de 6 Licença para tratar de interesses particulares (Art. 91 da L 8.112/90): Para que esta licença seja atribuída, o servidor não pode estar em estágio probatório. Aqui o administrador faz análise de conveniência e oportunidade. Prazo de até 03 anos consecutivos sem remuneração. O servidor não precisa justificar qual o motivo particular para a licença. Conforme parágrafo único do Art. 91, a licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. Licença para o exercício de mandato classista (Art. 92 da L 8.112/90): O fato gerador dessa licença é o exercício de um mandato classista. Trata-se de direito do servidor, ou seja, o administrador não tem espaço para juízo de valores, de conveniência e oportunidade. O prazo de duração da licença é o mesmo do mandato classista, sendo que, no caso de reeleição, ocorrerá por uma única vez (Art. 92. § 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez.). No que tange à remuneração, esta ocorrerá pela entidade em que o mandato está sendo exercido.
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