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DPC SEMESTRAL Direito Administrativo Roberto Baldacci Data: 13/05/2013 Aula 14 DPC SEMESTRAL – 2013 Anotador(a): Tiago Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1) Bens Públicos...continuação; 2) Controle administrativo. BENS PÚBLICOS Bens Públicos em Espécie: 1) Bens dos Índios: 2) Terrenos de Marinha: 3) Riquezas minerais (inclui todos os minérios, petróleo e gás) e potencial hídrico para gerar energia: 4) Terras Devolutas: Em 1500, a primeira carta régia dividiu em “sesmarias” o território nacional da época em faixas do “Tratado de Tordesilhas” até o litoral, conferindo cada área a um determinado português nomeado. A terceira carta régia de 1501 converteu as “sesmarias” em ”capitanias hereditárias”. Nem todas as capitanias foram assumidas pelo português nomeado. As capitanias que não foram assumidas pelo português nomeado e as áreas públicas conquistadas nos processos de expansão e que nunca foram validamente transferidas a qualquer particular, continuaram a ser terras públicas consideradas “Devolutas”. ***A CF/88 confere as terras devolutas aos Estados onde se encontram, exceto as devolutas taxativamente listadas na Constituição como pertencentes à União. -Regra: Genericamente as terras devolutas pertencem aos Estados. -Exceção: Terras devolutas da União dispostas no inciso II do Art. 20 da CF/88. São terras devolutas da União (Art. 20, II da CF/88): -Terras em zona de fronteira; -Terras em zonas de fortificação ou defesa; -Terras em zonas de passagem; -Terras nas áreas de preservação ambiental. Art. 20. São bens da União: II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; Terras devolutas em regra são bens públicos desafetados e classificados como dominiais ou dominicais. 2 de 4 O ente público (União ou Estados) retoma suas devolutas através de duas formas: A) Ação discriminatória (ação específica para ente público retomar terras devolutas que estejam em posse de particulares). B) Quando o particular que possui uma posse ingressa com ação de usucapião para converter em domínio, deverá citar todos os vizinhos e a União e o Estado. Sendo terra devoluta, bastará ao ente público fazer “pedido contraposto” (ação de usucapião é de rito dúplice, ou seja, não admite reconvenção). Exploração privada: Excepcionalmente, um bem público poderá ser explorado com exclusividade por um particular nas seguintes hipóteses: A) Autorização de uso; B) Permissão de uso; C) Mera concessão de uso; D) Concessão do direito real de uso. A) Autorização de uso: -Não é licitado - ato precário. -Apenas interesse particular autorizado. Não é licitado, decorrendo apenas de ato precário (é o revogável a qualquer tempo). Atende apenas interesse do particular autorizado (Exemplos: mesa de bar na calçada, poço de água [Poço artesiano], portões ou cancelas fechando ruas sem saída). B) Permissão de uso: -Interesse do permissionário + interesse público. -Não é licitado (regra) / licitação (exceção). -Box. Nesta é atendido ao mesmo tempo o interesse do particular permissionário e o interesse público. Em regra não é licitado, decorrendo de ato precário (Exemplos: banca de jornal sobre a calçada, ambulantes legalizados), mas, no caso da permissão qualificada, a licitação é obrigatória, firmando contrato por prazo determinado (Ex: bares e restaurantes em rodovias e terminais, restaurantes em universidade públicas, Box no mercado municipal e no ceasa). C) Concessão de uso: -Interesse concessionário + vultosos investimentos - interesse público. -Licitação obrigatória - concorrência. Atende ao interesse do particular concessionário, que está obrigado a fazer vultosos investimentos, atendendo a interesses públicos. A licitação é obrigatória e pela modalidade concorrência. Exemplos: Concessão de rodovia, concessão de hangar em aeroporto, concessão de estaleiro no porto. 3 de 4 ATENÇÃO: As três formas acima são personalíssimas e aquele que explora o bem público está proibido de ceder no todo ou em parte o direito de exploração. D) Concessão do direito real de uso: -Para transferência É uma concessão que segue as mesmas regras da concessão comum acima, porém o concessionário investe para transferir parcelas do bem a terceiros. Exemplos: Os condomínios de casas populares, polos industriais. CONTROLE ADMINISTRATIVO 1) Controle legislativo sobre a administração: A) Controle de Moralidade: O legislativo realiza uma comissão parlamentar de inquérito para realizar tal controle. A CPI depende de 1/3 de membros da câmara OU 1/3 de membros do senado para ser instalada (Quando câmara e senado fizerem requerimento em conjunto, exige-se 1/3 de membros da câmara E do senado, criando uma CPIM - comissão parlamentar de inquérito mista). A CPI é criada para apurar fato específico e por prazo determinado - pode ser prorrogado o prazo livremente, desde que não ultrapasse aquela legislatura. A CPI tem poderes de investigação próprios de autoridade judicial (não tem poder de autoridade judicial), podendo quebrar sigilos bancário e fiscal, e não podendo quebrar sigilo telefônico, mas pode requisitar os históricos das ligações feitas. A CPI é encerrada por “Relatório Circunstanciado”, devendo sugerir qual ilícito foi cometido e quais medidas devam ser adotadas (elementos produzidos pela CPI não fazem prova judicial, pois CPI é inquisitorial- discricionária. Para converter em prova é necessário “judicializar” através de contraditório e ampla defesa). B) Controle de Fatos Públicos: O legislativo pode exigir que uma autoridade pública preste, obrigatoriamente, esclarecimentos sobre determinado fato público. Para esclarecimentos orais a autoridade comparece perante o Congresso e está proibido de ler uma declaração (pode consultar apontamentos / anotações). O legislativo também pode exigir explicações por escrito no prazo de até 30 dias. Não prestando esclarecimentos ou empregando evasivas, a autoridade responderá por crime de responsabilidade. C) Controle de Legalidade de Atos Normativos: O legislativo controla o conteúdo dos atos administrativos normativos, e quando estes atos excederem a matéria que foi delegada por lei, o Congresso Nacional expedirá uma resolução sustando a eficácia do ato 4 de 4 normativo e caso o ato normativo tenha gerado efeitos concretos, será editado um DECRETO LEGISLATIVO regulamentando os efeitos. D) Controle de Contas: As contas prestadas pelo chefe do executivo são encaminhadas primeiro ao tribunal de contas para a emissão de um parecer pela aprovação ou reprovação, e depois as contas são votadas pelos membros do legislativo. Nas esferas federal e estaduais o parecer é opinativo e o legislativo vota livremente. Nas esferas municipais o parecer é vinculante e para a câmara de vereadores poder discordar deverá derrubar o parecer mediante votação qualificada por 2/3 de seus membros. 2) Controle administrativo: Além da autotutela, que permite para a administração controlar de ofício tanto a legalidade quanto a perda do mérito de seus próprios atos, a lei do processo administrativo e outras normas preveem demais formas de controle: A) Recurso hierárquico: De uma decisão administrativa a parte prejudicada pode interpor recurso hierárquico perante a própria autoridade que proferiu a decisão, pois esta poderá exercer juízo de retratação. Não retratando, encaminhará para o seu superior. Caso o superior não acolha o recurso, o recorrente reitera a intenção de recorrer, fazendo o recurso subir parao próximo nível superior, subindo por até três níveis hierárquicos. Quando os três níveis integrarem uma mesma estrutura será um “Recurso hierárquico próprio”. Quando o recurso subir para outra estrutura ou ente (Ex: recorrendo da decisão do delegado geral, em certos casos o recurso sobe ao secretário de segurança pública) será um “Recurso hierárquico impróprio”. ***Refomatio in Pejus: A autoridade superior não pode agravar a pena mediante a reapreciação dos fatos e provas, mas PODE AGRAVAR DE OFÍCIO QUANDO NA PUNIÇÃO IMPOSTA NÃO CONSTAR PENA OBRIGATÓRIA POR LEI. Exemplo: Para certa infração a lei prevê obrigatoriamente multa e suspensão por até 05 dias. Mas, o agente foi punido somente com pena de multa. O superior, ao analisar o recurso não pode de ofício aumentar a multa em função das provas dos autos, mas pode acrescentar de ofício a pena de suspensão que não havia sido incluída na pena originária. B) Revisão Administrativa: É uma medida autônoma para desconstituir ou abrandar uma punição funcional sofrida. Não é recurso e, portanto, não tem prazo, podendo ser proposta a qualquer tempo, desde que o recorrente apresente: i) novas provas de sua inocência; ii) de que houve falso testemunha ou; iii) que a punição é manifestamente contrária a texto de lei.
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