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01. Epitélios e Glândulas

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EPITÉLIOS E GLÂNDULAS 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
1) GARTNER, L. P. ; HIATT, J. L. Tratado de Histologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2007. Capítulo 05, páginas 
87-111. 
2) JUNQUEIRA, L. C. U. ; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2013. 
Capítulo 04, páginas 65-87. 
3) ROSS, M. H. ; WOJCIECH, P. Histologia. Texto e Atlas. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan . 2012. Capítulo 
05, páginas 111-163. 
 
O tecido epitelial ou epitélio consiste em células dispostas em lâminas contínuas, em camadas únicas 
ou múltiplas. As células são densamente agrupadas, mantidas fortemente unidas por numerosas junções 
celulares, existindo apenas pouquíssimo espaço extracelular entre as membranas plasmáticas adjacentes. 
A superfície apical das células epiteliais pode estar voltada para uma cavidade corporal ou para exterior do 
corpo. A superfície basal destas células adere a um tecido conjuntivo subjacente. 
A maioria das células epiteliais se apoia sobre uma camada extracelular denominada membrana 
basal localizada entre o epitélio e o tecido conjuntivo abaixo. Normalmente ela é mal visualizada com o 
corante HE. A membrana basal suporta os epitélios, funciona como uma peneira semipermeável ou barreira 
de filtração seletiva como acontece nos vasos sanguíneos e nos alvéolos pulmonares além de controlar a 
diferenciação das células epiteliais durante o crescimento e o reparo tecidual. A membrana basal é formada 
por proteínas e glicoproteínas filamentosas como as glicosaminoglicanas, proteoglicanas, fibronectina e 
colágenos. Com o advento da microscopia eletrônica, a membrana basal passou a ser chamada também de 
lâmina basal. Os dois termos são usados como sinônimos e isso tem causado alguma confusão. Na 
microscopia eletrônica, a membrana basal é diferenciada em três camadas, a lâmina lúcida em contato com 
células epiteliais, a lâmina densa intermediária e a lâmina reticular em contato com o tecido conjuntivo. 
Observe a figura a seguir que mostra um epitélio de revestimento, sua membrana basal e o tecido 
conjuntivo abaixo. Repare que os vasos sanguíneos não atravessam a membrana basal, porém os nervos 
atravessam e chegam nas células epiteliais. Portanto, o tecido epitelial é avascular, isto é, não tem seu 
próprio suprimento sanguíneo. Os vasos sanguíneos que levam os nutrientes e removem as escórias ficam 
situados no tecido conjuntivo abaixo. As trocas entre o tecido conjuntivo e o epitélio ocorrem por difusão. 
Embora seja avascular, o tecido epitelial tem um suprimento nervoso abundante. 
 
 
 
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O tecido epitelial está repetidamente sujeito a ruptura física e a lesões. Mas, por ter grande 
velocidade de divisão celular ele se renova constantemente descamando as células mortas ou lesionadas 
na superfície e substituindo-as por novas células por mitoses na região do epitélio próxima à membrana 
basal. O intervalo de tempo para a renovação completa das células epiteliais varia entre os diferentes 
órgãos. As células do tecido epitelial da pele (epiderme), por exemplo, estão sendo constantemente 
renovadas no espaço de 28 dias. Outras células epiteliais são renovadas num espaço mais curto de tempo. 
As células do intestino delgado, por exemplo, são renovadas completamente entre 4 e 6 dias. 
O tecido epitelial tem muitas funções no corpo, as mais importantes incluem: (1) revestimento e 
proteção, funções realizadas pelos epitélios de revestimento em geral; (2) absorção, função realizada, por 
exemplo, pelo epitélio de revestimento do intestino delgado; (3) filtração, função realizada pelo epitélio de 
revestimento dos capilares sanguíneos como acontece, por exemplo, nos capilares glomerulares dos rins; 4) 
reabsorção, função realizada pelo epitélio de revestimento dos túbulos renais e (5) secreção, função 
realizada pelos epitélios glandulares em geral. 
O tecido epitelial pode ser dividido em dois tipos: epitélio de revestimento e epitélio glandular. O 
epitélio de revestimento reveste o nosso corpo externamente e praticamente todas as nossas cavidades 
internas como, por exemplo, as cavidades dos sistemas digestório, respiratório, urinário e reprodutor e o 
revestimento interno dos vasos sanguíneos. O epitélio glandular, originado do epitélio de revestimento, é 
responsável pela formação de todas as nossas glândulas, sejam elas exócrinas ou endócrinas. 
 
 
 EPITÉLIO DE REVESTIMENTO 
Os epitélios de revestimento são classificados de acordo com duas características: a forma das 
células epiteliais e o número de camadas do epitélio. 
 
 CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS FORMAS DAS CÉLULAS 
a) As células cúbicas têm forma de cubos e núcleo redondos. 
b) As células cilíndricas (colunares ou prismáticas) são compridas com os núcleos elípticos. 
c) As células pavimentosas (ou escamosas) são achatadas e dispostas como ladrilhos com os 
núcleos também achatados. 
d) As células de transição são células que mudam de forma, de cúbica para pavimentosa conforme o 
órgão esteja relaxado ou distendido. 
Na visão da microscopia óptica normalmente os limites das células não são observados e a forma da 
célula pode ser inferida pela observação da forma do núcleo, normalmente bem visível quando o tecido é 
corado com hematoxilina-eosina (HE). Assim quando os núcleos são redondos as células são consideradas 
cúbicas, quando os núcleos são elípticos as células são consideradas cilíndricas e quando os núcleos são 
achatados as células são consideradas pavimentosas. 
 
 CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO À DISPOSIÇÃO EM CAMADAS: 
a) O epitélio simples é formado por camada única de células, com os núcleos normalmente 
posicionados numa única altura e com todas as células tocando a membrana basal. 
b) O epitélio estratificado consiste em duas ou mais camadas de células com os núcleos posicionados 
em diferentes alturas e com apenas algumas células tocando a membrana basal. 
c) O epitélio pseudo-estratificado possui os núcleos em diferentes alturas o que parece ser um epitélio 
estratificado. No entanto, todas as células tocam a membrana basal, o que faz desse epitélio um epitélio 
simples. 
Unindo a classificação baseada na forma das células com a classificação baseada na disposição em 
camadas, obtém-se os seguintes tipos de epitélios de revestimento: 
1. Epitélio cúbico simples: túbulos renais e folículos tireoidianos. 
2. Epitélio cilíndrico simples: estômago e intestinos. 
3. Epitélio pavimentoso simples: casula renal, vaso sanguíneo e alvéolos pulmonares. 
4. Epitélio cúbico estratificado: ducto da glândula sudorípara e salivar. 
5. Epitélio cilíndrico estratificado: parte da uretra feminina. 
6. Epitélio pavimentoso estratificado: pele, boca, esôfago e ânus. 
7. Epitélio (estratificado) de transição: bexiga urinária. 
8. Epitélio cilíndrico pseudo-estratificado: cavidade nasal, laringe e traqueia. 
 
 
 EPITÉLIO CÚBICO SIMPLES 
A forma cúbica das células nesse tipo de epitélio é considerada pelos núcleos redondos e, em geral, 
com localização central. O epitélio cúbico simples reveste os túbulos renais e os folículos tireoidianos e 
ainda forma o revestimento do ducto e da porção secretora de algumas glândulas exócrinas. 
 
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 EPITÉLIO CILÍNDRICO SIMPLES 
As células desse tipo de epitélio são retangulares, com núcleos ovais ou elípticos localizados 
próximos a região basal da célula. O epitélio cilíndrico simples existe sob duas formas: ciliado e não-ciliado. 
O epitélio cilíndrico simples ciliado é encontrado na tuba uterina que ajuda a mover o óvulo até o útero. O 
epitélio cilíndrico simples não-ciliado é encontrado no intestino cujas células contém uma grande quantidade 
de microvilosidades. As microvilosidades são diminutas projeções digitiformes da membrana plasmática em 
contato com a luz encontradas em muitos epitélios, particularmente nos especializados na absorção, onde 
sua presença podeaumentar a área de superfície em até 30 vezes. Nos epitélios altamente absortivos, 
como o intestino delgado, mostrado abaixo possuem até 3.000 microvilosidades por célula. 
 
 EPITÉLIO PAVIMENTOSO SIMPLES 
Este epitélio consiste em uma única camada de células achatadas que se assemelha a um chão 
ladrilhado. O núcleo de cada célula também se achata. O epitélio pavimentoso simples é encontrado nos 
alvéolos pulmonares e nos vasos sanguíneos, onde é denominado endotélio. Também as membranas 
serosas, peritônio, pleura e pericárdio, são constituídas por epitélio pavimentoso simples denominado 
mesotélio. 
 
 EPITÉLIO PAVIMENTOSO ESTRATIFICADO 
As células da camada superficial deste tipo de epitélio são achatadas, enquanto as das camadas 
mais profundas têm forma variável, de cúbica a colunar. As células basais (as mais profundas) passam 
continuamente por divisão celular. Á medida que as novas células crescem, as células das camadas basais 
são empurradas para cima, em direção à superfície apical. Conforme se afastam das camadas profundas e 
do seu suprimento sanguíneo no tecido conjuntivo subjacente, elas ficam desidratadas, murchas e mais 
duras. Na superfície, as células perdem suas junções celulares e são descamadas, mas são substituídas 
pelas novas células que continuamente emergem das células basais. 
O epitélio pavimentoso estratificado existe na forma queratinizado e não-queratinizado. No epitélio 
pavimentoso estratificado queratinizado, uma camada resistente de queratina é depositada nas células da 
superfície como acontece na pele mostrada na figura abaixo à esquerda. A queratina é uma proteína 
resistente ao atrito que ajuda a repelir bactérias. O epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado não 
contém queratina e permanece úmido como acontece nas superfícies úmidas que revestem a boca, o 
esôfago e a superfície que recobre a língua como mostrado abaixo à direita. 
 
 EPITÉLIO CÚBICO ESTRATIFICADO 
Este tipo relativamente raro de epitélio consiste, geralmente, em mais de duas camadas de células, 
com as células da camada apical em forma de cubo. Sua função é, principalmente, protetora, mas também 
atua na secreção e na absorção de forma limitada. Este tipo de epitélio é encontrado nos ductos de 
glândulas sudoríparas e em parte da uretra masculina. 
 
 EPITÉLIO CILÍNDRICO ESTRATIFICADO 
Igualmente ao epitélio cúbico estratificado, este tipo de epitélio é pouco comum. Geralmente, a 
camada ou camadas basais consistem em células poliédricas irregulares e curtas. Apenas as células 
apicais têm forma cilíndrica. O epitélio cilíndrico estratificado atua na proteção e na secreção e é encontrado 
revestindo parte da uretra, os grandes ductos de algumas glândulas, pequenas áreas da membrana mucosa 
do ânus e parte da conjuntiva do olho. 
 
 EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO 
Este tipo de epitélio tem aparência variável dependendo do órgão revestido por ele estar relaxado ou 
distendido. Além disso é um epitélio impermeável. No seu estado relaxado, o epitélio de transição é 
semelhante ao epitélio cúbico estratificado. Conforme as células são distendidas, elas adquirem a forma 
escamosa criando a aparência de um epitélio pavimentoso estratificado. Devido a sua elasticidade, o 
epitélio de transição reveste internamente as estruturas ocas, sujeitas à expansão, de dentro para fora, 
como acontece com a bexiga urinária. 
 
 EPITÉLIO CILÍNDRICO PSEUDO-ESTRATIFICADO 
Os núcleos das células deste tipo de epitélio situam-se em diferentes alturas. Muito embora todas as 
células estejam presas à membrana basal, algumas não atingem a superfície apical. Quando visto de lado, 
estas características dão a falsa impressão de um tecido com múltiplas camadas (daí o nome pseudo-
estratificado). No epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado, as células que atingem a superfície apical 
secretam muco (células caliciformes) ou têm cílios que varrem o muco e as partículas estranhas retidas, 
para sua eventual eliminação do corpo. O muco, secretado pelas células caliciformes, forma uma película 
sobre a superfície respiratória, que retém partículas estranhas inaladas. Os cílios batem movendo o muco e 
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quaisquer partículas estranhas em direção à garganta, onde pode ser eliminado por tosse ou engolido ou 
cuspido. Este epitélio reveste as vias aéreas da maior parte do trato respiratório superior. 
 
 EPITÉLIO GLANDULAR 
Os epitélios glandulares são constituídos por células que apresentam como atividade característica a 
produção de secreções. Quase sempre os produtos elaborados pelas células glandulares são acumulados 
temporariamente no citoplasma, sob a forma de pequenas partículas envolvidas por membrana, as 
vesículas ou grânulos de secreção. O produto secretor pode ser um hormônio produzido, por exemplo, pela 
hipófise, uma cera produzida pelas glândulas ceruminosas do canal auditivo, um muco produzido pelas 
células caliciformes ou uma combinação de proteínas, lipídeos e carboidratos como produzida pelas 
glândulas mamárias. 
 As glândulas originam-se pela proliferação das células de epitélios de revestimento que invadem o 
tecido conjuntivo subjacente e se diferenciam. Nas glândulas exócrinas, a região do epitélio de revestimento 
que se aprofundou no tecido conjuntivo não perde contato com o epitélio que lhe deu origem. Já as 
glândulas endócrinas perdem o contato com o epitélio que lhe deu origem podendo se agrupar em cordões 
ou em folículos formando glândulas endócrinas do tipo cordonal e vesicular, respectivamente. Nas glândulas 
endócrinas tipo cordonal, o produto de secreção é acumulado em pequena quantidade no interior das 
células. Nas glândulas endócrinas tipo vesicular, o produto de secreção é acumulado no interior de 
vesículas formadas quando células se agrupam limitando um espaço interno onde o hormônio pode ser 
armazenado. Observe a figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 GLÂNDULAS EXÓCRINAS 
As glândulas exócrinas secretam seus produtos por ductos que se esvaziam na superfície dos 
epitélios de revestimento que pode ser na superfície da pele ou na luz (ou lúmen) de um órgão oco. As 
secreções das glândulas exócrinas incluem muco, suor, óleo, cera, saliva e as enzimas digestivas. 
Exemplos de glândulas exócrinas são as glândulas sudoríparas e as glândulas salivares. 
 
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Classificação Estrutural das Glândulas Exócrinas 
As glândulas exócrinas são classificadas como tipos unicelulares ou multicelulares. As glândulas 
unicelulares só têm uma célula. Tipo importante de glândula exócrina unicelular é a célula caliciforme 
secretora de muco do trato digestivo e respiratório. Embora as células caliciformes não contenham ductos, 
elas são classificadas como glândulas exócrinas, pois o muco é lançado para fora do epitélio e não na 
corrente sanguínea. As células caliciformes são células cilíndricas modificadas que secretam muco, um 
líquido ligeiramente viscoso. Antes de ser liberado, o muco se acumula na parte superior da célula, fazendo 
com que esta região se dilate. A célula então se assemelha a um cálice ou a uma taça de vinho. O muco 
secretado atua como lubrificante para o revestimento interno dos tratos digestório, respiratório, reprodutivo e 
urinário. O muco também ajuda a reter poeira que entra no trato respiratório e impede a destruição do 
revestimento interno do estômago pelas enzimas digestivas. 
As glândulas multicelulares são classificadas de acordo com dois critérios: se seus ductos são 
ramificados ou não-ramificados, e em relação à forma de suas porções secretoras. Se o ducto da glândula 
não se ramifica, então ela é uma glândula simples. Se seu ducto se ramifica, ela é uma glândula composta. 
As glândulas com porções secretoras em forma de tubo são glândulas tubulares, as com suas porções 
secretoras em forma de frasco são glândulas acinares. As glândulas túbulo-acinares têm partes secretoras 
tubularese em forma de frasco. As combinações do grau de ramificação com a forma da parte secretora 
são os critérios para a seguinte classificação estrutural das glândulas exócrinas multicelulares (acompanhe 
a descrição observando a figura a seguir): 
- Tubular simples: a parte secretora é reta e tubular. Exemplo: as grandes glândulas intestinais. 
- Tubular ramificada simples: a parte secretora é ramificada e tubular. Exemplo: glândulas gástricas. 
- Tubular enrolada simples: a parte secretora é enrolada. Exemplo: glândulas sudoríparas. 
- Acinar simples: a parte secretora tem forma de frasco. Exemplo: glândulas da uretra peniana. 
- Acinar ramificada simples: a parte secretora é ramificada e em forma de frasco. Exemplo: glândulas 
sebáceas (oleosas). 
- Tubular composta: a parte secretora é tubular. Exemplo: glândulas bulbo-uretrais. 
- Acinar composta: a parte secretora tem forma de frasco. Exemplo: glândulas mamárias. 
- Túbulo-acinar composta: a parte secretora é tanto tubular como em forma de frasco. Exemplo: glândulas 
acinares do pâncreas e glândulas salivares. 
 
 
 
 
Classificação das glândulas exócrinas baseada no modo de secreção 
A classificação funcional das glândulas exócrinas depende de como a secreção é liberada. 
As glândulas merócrinas ou écrinas formam o produto secretório e o liberam da célula. O produto 
secretório é formado nos ribossomas, presos ao RE rugoso, processado, selecionado e empacotado pelo 
complexo de Golgi e liberado, pela célula, em vesículas secretoras, por meio de exocitose. A maioria das 
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glândulas exócrinas do corpo produz secreções merócrinas. Exemplos de glândulas merócrinas são as 
glândulas salivares, o pâncreas e as glândulas sudoríparas ativadas desde o nascimento. 
As glândulas apócrinas acumulam seu produto secretório na superfície apical da célula secretora. 
Essa parte da célula se destaca do resto da célula para formar a secreção. A parte restante da célula se 
repara por si mesma e repete o processo. Exemplos de glândulas apócrinas são as glândulas mamárias e 
algumas glândulas sudoríparas ativadas na puberdade. Esse tipo de glândula sudorípara se localizada em 
regiões específicas como nas axilas, ao redor dos mamilos e na região anal e libera uma secreção com um 
odor característico. 
As células das glândulas holócrinas acumulam seu produto secretório em seu citosol. Conforme a 
célula secretora amadurece, ela morre e se torna o produto secretório. A célula descamada é substituída 
por nova célula. Exemplo de glândula holócrina é a glândula sebácea (oleosa) da pele. A figura a seguir 
esquematiza os tipos de glândulas exócrinas merócrina, apócrina e holócrina. 
 
 
 
 
 
Classificação das glândulas exócrinas baseada na natureza de sua secreção 
Muitas glândulas exócrinas, nos sistemas digestivos, respiratório e urogenital, secretam substâncias 
que são descritas como tipos mucosa, serosa ou mista. As glândulas mucosas secretam mucinogênios, 
glicoproteínas grandes que, quando hidratadas, crescem e se tornam um lubrificante protetor, espesso e 
viscoso, semelhante a um gel, conhecido como mucina, o principal componente do muco. Os exemplos de 
glândulas mucosas incluem as células caliciformes e as glândulas salivares pequenas da língua e do palato. 
As glândulas serosas, tal como o pâncreas, secretam um líquido aquoso, rico em enzimas como, por 
exemplo, o suco pancreático. As glândulas mistas contêm tanto ácinos (unidades secretoras) que produzem 
secreção mucosa quanto ácinos que produzem secreção serosa. Além disto, alguns dos ácinos mucosos 
podem possuir uma semi-lua serosa, sendo denominados ácinos mistos. As glândulas salivares sublingual e 
submandibular são exemplos de glândulas mistas. A figura abaixo mostra ácinos serosos à esquerda, 
ácinos mucosos ao centro e ácinos mistos à direita. 
 
 
 
 
 
Os ácinos de muitas glândulas exócrinas como as glândulas sudoríparas e as glândulas salivares 
maiores, possuem células mioepiteliais. Embora as células mioepiteliais sejam de origem epitelial, elas 
possuem algumas características de células musculares lisas, especialmente em relação à capacidade de 
realizar contração. Estas células rodeiam os ácinos e alguns de seus ductos pequenos e suas contrações 
contribuem para a expulsão das secreções. A figura a seguir mostra os ácinos de uma glândula salivar. 
 
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 GLÂNDULAS ENDÓCRINAS 
As glândulas endócrinas liberam suas secreções, denominadas hormônios, no interior de vasos 
sanguíneos para serem distribuídos aos órgãos-alvo. As maiores glândulas endócrinas do corpo incluem as 
glândulas suprarrenais (adrenal), hipófise, tireoide, paratireoide, pineal, pâncreas, testículos e ovários. Os 
hormônios secretados pelas glândulas endócrinas incluem peptídeos, proteínas, aminoácidos modificados, 
esteroides e glicoproteínas. Por causa de sua complexidade e de seu importante papel na regulação de 
processos do organismo, as glândulas endócrinas são estudas como parte de um sistema, o sistema 
endócrino. As secreções das glândulas endócrinas entram no líquido extracelular e, em seguida, se 
difundem diretamente para a corrente sanguínea, sem fluir por um ducto, para regular muitas atividades 
metabólicas e fisiológicas. 
Como já explicado anteriormente, as glândulas endócrinas estão organizadas em cordões (tipo 
cordonal) ou estão arranjadas em vesículas (tipo vesicular ou folicular). No tipo cordonal, o tipo mais 
comum, as células da glândula formam cordões que se enrolam ao redor dos capilares sanguíneos. O 
hormônio a ser liberado é armazenado dentro da célula e liberado diretamente no interior dos capilares. 
Exemplos de glândulas endócrinas tipo cordonal incluem a glândula suprarrenal, hipófise e a paratireoide. 
No tipo folicular de glândula endócrina, as células secretoras formam vesículas ou folículos que 
rodeiam a cavidade que recebe e armazena o hormônio secretado. Quando um sinal de liberação é 
recebido, o hormônio armazenado é reabsorvido pelas células do folículo e liberado no tecido conjuntivo 
para entrar nos capilares sanguíneos. Um exemplo do tipo folicular de glândula endócrina é a tireoide. 
Deve-se lembrar que algumas glândulas endócrinas do corpo são mistas, isto é, contêm tanto 
unidades secretoras exócrinas quanto endócrinas. Nessas glândulas mistas, a porção exócrina secreta o 
seu produto num ducto, enquanto a porção endócrina da glândula secreta seu produto na corrente 
sanguínea. Um exemplo de glândula mista é o pâncreas que secreta o suco pancreático no interior de 
ductos que desembocam no intestino delgado e hormônios, como a insulina e o glucagon, no interior de 
vasos sanguíneos. 
 
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 MEMBRANAS EPITELIAIS 
Membranas epiteliais são membranas formadas por epitélio de revestimento mais o tecido conjuntivo 
abaixo que revestem o nosso corpo externamente e as nossas cavidades internas. As principais 
membranas epiteliais do corpo são as membranas mucosas, as membranas serosas e a membrana cutânea 
ou pele. Outro tipo de membrana é a membrana sinovial que reveste internamente as cavidades articulares. 
No entanto, a membrana sinovial não é considerada membrana epitelial, pois é formada apenas por tecido 
conjuntivo. 
 
 MEMBRANAS MUCOSAS 
Uma membrana mucosa é uma membrana úmida que reveste uma superfície que está diretamente 
ou indiretamente em contato com o exterior. Membranas mucosas revestem os sistemas digestório, 
respiratório e urinário e reprodutivo. 
A camada epitelial de uma membrana mucosa é característica importante dos mecanismos de defesa 
do corpo, porque é uma barreira contra a penetração de micróbios e outros patógenos. As células 
caliciformes e outras células da camada epitelial da membrana mucosa secretam muco que impede que as 
cavidades se ressequem. Também capta partículas nas vias respiratórias e lubrifica o alimento conforme ele 
se desloca pelotrato gastrintestinal. Além disso, a camada epitelial secreta parte das enzimas necessárias à 
digestão e é o local de absorção dos nutrientes no trato gastrintestinal. 
 
 MEMBRANAS SEROSAS 
Uma membrana serosa reveste uma cavidade corporal que não se comunica com o exterior, 
recobrindo os órgãos situados nessa cavidade. As membranas serosas consistem em tecido conjuntivo 
recoberto por epitélio pavimentoso simples denominado mesotélio. A parte da membrana serosa fixada na 
parede da cavidade é chamada camada parietal. A parte que recobre e se fixa aos órgãos, no interior da 
cavidade, é a camada visceral. O mesotélio da membrana serosa secreta líquido seroso, fluido, aquoso e 
lubrificante permitindo o fácil deslizamento dos órgãos. A membrana serosa que reveste a cavidade torácica 
e os pulmões é a pleura. A membrana serosa que reveste a cavidade cardíaca e o próprio coração é o 
pericárdio. A membrana serosa que reveste a cavidade abdominal e os órgãos abdominais é o peritônio. 
 
 ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA PLASMÁTICA 
As superfícies laterais das células epiteliais estão ligadas por junções celulares, de maneira que o 
epitélio possa formar uma camada coesa e contínua. As junções celulares também operam como canais de 
comunicação entre as células epiteliais. Os vários tipos de junções celulares são formados por proteínas 
transmembranas que interagem com proteínas similares de células adjacentes ligadas a estruturas 
intracelulares no lado citoplasmático. Existem quatro tipos básicos de junções localizadas na membrana 
lateral das células epiteliais (observe as figuras a seguir): junções fechadas (junções de oclusão, junções 
íntimas ou tight junctions), junções aderentes (junções de adesão), desmossomas (máculas de adesão) e 
junções abertas (junções comunicantes ou gap junctions). 
As junções fechadas (também conhecida como zonula de oclusiva bloqueiam a passagem de 
moléculas entre as células adjacentes selando os espaços intercelulares de maneira que o conteúdo luminal 
não possa penetrar por entre as células epiteliais. Na junção fechada, proteínas transmembranas de uma 
célula se ligam a proteínas transmembranas da célula adjacente no espaço intercelular. As junções 
fechadas são comuns entre as células dos tecidos epiteliais que revestem o estômago, os intestinos e a 
bexiga, impedindo que o conteúdo destes órgãos atravesse o epitélio e vaze para o tecido conjuntivo e 
consequentemente ao sangue, o que poria em risco a vida, caso isto acontecesse. 
As junções aderentes: glicoproteínas transmembranas de uma célula ancoradas por placa de 
microfilamentos, cruzam o espaço entre as membranas, conectando-se com as proteínas transmembranas 
da célula adjacente também ancoradas por placas de microfilamentos. As junções aderentes funcionam 
como cintos de aderência evitando que as células de um epitélio de revestimento se separem. 
Os desmossomos: também são formados por placas ligadas por glicoproteínas transmembranas 
como acontece nas junções aderentes. Desta forma também ajudam a fixar as células entre si. No entanto, 
diferentemente das junções aderentes, filamentos intermediários se estendem da placa do desmossomo em 
um lado da célula até o desmossomo do lado oposto da célula, passando por todo o citoplasma, reforçando 
ainda mais a função de adesão. Os desmossomos são bastante numerosos entre as células que formam a 
epiderme e entre as células do músculo cardíaco. Uma doença autoimune denominada pênfigo é provocada 
por anticorpos que atacam proteínas constituintes dos desmossomos. Leia sobre essa doença no seguinte 
endereço eletrônico: 
http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2010/12/complexo-penfigo-penfigoide.html 
As junções abertas são formadas por proteínas transmembranas na forma de canais que atravessam 
as membranas de duas células adjacentes colocando os citoplasmas destas duas células em comunicação. 
Os íons e as moléculas pequenas podem difundir-se por estes túneis, do citosol de uma célula para o citosol 
da célula adjacente. As junções abertas permitem que as células de um tecido se comuniquem. Por 
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exemplo, as junções abertas permitem que os impulsos nervosos e musculares passem rapidamente de 
célula a célula, processo que é crucial para a operação normal de algumas partes do sistema nervoso e 
para a contração do músculo cardíaco. 
As superfícies apicais das células epiteliais podem conter três tipos de especialização, os cílios, 
microvilosidades e os estereocílios. Os cílios são estruturas ativamente móveis, fáceis de identificar à 
microscopia óptica e encontrados em grande parte do trato respiratório. Já as microvilosidades são 
projeções da membrana plasmática que são mais difíceis de ser identificadas à microscopia óptica e 
encontradas em no intestino delgado e grosso. Os estereocílios são microvilosidades mais longas e em 
menor número e encontrado no epidídimo e no canal deferente. Diferentemente dos cílios, os esterocílios 
não são móveis. 
Na superfície basal das células epiteliais estão presentes os hemidesmossomos, uma especialização 
semelhante ao desmossomo que liga a célula epitelial na membrana basal. 
 
 
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