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Direito Internacional Prof. Emerson Malheiros Matéria: Disciplinas de Direito Internacional/Princípios/Fontes/Tratados Internacionais. 05/05/2011 1. Disciplinas de Direito Internacional: a) Direito Internacional Público: É o ramo do Direito Internacional que regula e estuda normas consuetudinárias e convencionais, mediante Tratados, Convenções, Acordos entre Nações e cuida dos vínculos entre Estados, Organizações Internacionais e Intergovernamentais, pessoas e os demais sujeitos nas relações exteriores. - Normas consuetudinárias e convencionais: É possível que as regras sejam criadas através de costumes (normas consuetudinárias), bem como a possibilidade da reunião das partes para a criação de suas próprias normas/regras (convencionais). - Instrumentos: Os intrumentos utilizados são os Tratados, Convenções, Acordos etc. - Apenas as Organizações Internacionais e Intergovernamentais e Estados (incluindo a Santa Sé – pois se equipara a Estado): detém personalidade jurídica de Direito Internacional Público, razão pela qual possuem a capacidade para celebrar Tratados Internacionais. Exceção: Comite Internacional da Cruz Vermelha (ONG) – pode celebrar Tratado. Obs.: Trata-se de um caso único de uma ONG celebrar Tratado. b) Direito Internacional Privado: É o ramo do Direito Internacional que regula e estuda um conjunto de regras, que determina a lei e/ou jurisdição aplicável as relações particulares exteriores. Ex.: Um brasileiro se casa com uma argentina em território chileno (descobre que são irmãos). O casamento será dissolvido, conforme as normas apontadas pelo Direito Internacional Privado. 2. Princípios Sociológicos do Direito Internacional/Características da Ordem Jurídica Internacional (expressões sinônimas): 2.1 Ausência de Autoridade Superior: No circuito internacional não há autoridade suprema, à qual todos deverão se reportar, nem tampouco uma personalidade com o poder de ordenar, decidir, atuar e se fazer obedecer. Em outras palavras, é imprescindível compreender que não existe autoridade superior á vontade livremente constituída dos Estados, pois todos se encontram horizontalmente no mesmo patamar. 2.2 Ausência de Hierarquia entre as Normas: Todas as normas estão no mesmo patamar jurídico. Não existe norma mais importante do que outra. Deste modo, os tratados possuem o mesmo valor, independentemente dos Estados envolvidos na relação. Portanto, não há tratado mais importante do que outro. Obs.: Completamente diferente do Direito Interno – pois neste existe uma hierarquia entre as normas. 2.3 Manifestação do Consentimento: Um Estado apenas se submete a uma norma internacional, em regra, quando manifesta seu consentimento em relação a ela. Ex.: Protocolo de Kyoto – os Estados Unidos não assinou este protocolo, portanto não precisa se submeter as suas regras. Obs.: A assinatura é uma das formas de manifestação do consentimento. Esta manifestação comporta duas exceções – vistas oportunamente no decorrer das aulas. 2.4 Descentralização: As relações jurídicas internacionais regulam-se pela organização. Perceba que não há órgão centralizador no Direito Internacional, pois a coordenação é a regra no Direito Internacional. Cada um dos Estados agem com autonomia, atuando em seu próprio nome. A ONU não coordena nem centraliza as regras entre os Estados, pois, os próprios Estados coordenam a sua atuação no Direito Internacional, de acordo com a sua soberania. 2.5 Sistema de Sanções Precário: As sanções aplicadas no Direito Internacional, não raro, não surtem o efeito buscado. As sanções não são eficazes. O descumprimento dos tratados internacionais não tem gerado efeitos punitivos suficientes para impedir que os Estados continuem descumprindo. Ex.: uma resolução da ONU vetou a invasão dos E.U.A ao Iraque, todavia, as sanções aplicadas a eles pelo descumprimento, não surtiram efeitos. 3. Fontes de Direito Internacional Público: As fontes de Direito Internacional Público estão consignadas no Tratado Internacional – Art. 38, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (1945). 3.1 Fontes Primárias: - Tratados Internacionais; - Costumes Internacionais; - Princípios Gerais de Direito. 3.2 Fontes Secundárias: - Jurisprudência Internacional; - Doutrina Internacional; - Princípios “Exaequo Et Bono”/Equidade. Obs.: Inexiste hierarquia entre as fontes, independentemente de serem denominadas como primárias e secundárias. Ademais, as fontes secundárias apresentadas no Art. 38 são consideradas como meios auxiliares, razão pela qual foram denominadas secundárias (mas estão no mesmo patamar das primárias). O rol do Art. 38 é exemplificativo, portanto existem outras fontes que podem ser incluídas, são elas: - Decisões das Organizações Internacionais e Intergovernamentais (O.I.I.); - Atos Unilaterais Normativos dos Estados. Estas duas fontes (não previstas no Art. 38) e todas as demais que surgirem, ingressaram nas fontes secundárias. Análise das Fontes de Direito Internacional Público: - Costumes Internacionais: O costume quando internacionalmente reconhecido, vincula as partes como se fosse uma norma evidentemente escrita, independentemente de manifestação do consentimento. Isto significa, que os costumes obrigam as partes. - Princípios Gerais de Direitos: São valores que apontam um caminho a ser seguido, ou seja, serviram de base. Exs.: 1º “Pacta Sunt Servanda” – Os Tratados livremente constituídos devem ser fielmente cumpridos; 2º Não-intervenção nos assuntos internos dos Estados (positivado no Art. 4º, da CF). - Doutrina Internacional: No Direito Internacional Público a doutrina é mais ampla e generalizada, diferentemente do Direito Internacional Privado que utiliza-se da doutrina mais restrita. - Jurisprudência Internacional: É relevante destacar que só forma jurisprudência internacional – as decisões que forem proferidas por Tribunais Internacionais, por ex.: Corte Internacional de Justiça, Tribunal Penal Internacional etc. Portanto, as decisões internas (STF e STJ), ainda que versem sobre matéria de direito internacional – não forma jurisprudência internacional. - Equidade: É o exato ponto de equilíbrio entre duas partes conflitantes. A equidade somente poderá ser utilizada quando as partes envolvidas assim desejarem a sua aplicação. - Decisões das Organizações Internacionais e Intergovernamentais (O.I.I.): São consideradas fontes estas decisões, porque detém o caráter de abstração e generalidades. Ex.: Resoluçao da ONU. -Atos Unilaterais Normativos dos Estados: O Estado age sem pedir ordem à quem quer que seja (realiza a conduta de acordo com a sua soberania). Este ato se torna uma regra de obediência à todos. Ex.: Delimitação de mar territorial brasileiro. 4. Tratados Internacionais: Tratado é um acordo, ajuste, convenção, declaração formal entre pessoas jurídicas de Direito Internacional Publico, que firmam o compromisso de cumprimento e respeito às cláusulas e condições estabelecidas por escrito, tendo a finalidade de produzir efeitos jurídicos, criando preceitos de direitos positivos de acordo com as regras nas relações exteriores. Nota-se que são seguidas as formalidades para a elaboração de Tratados Internacionais. A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969) – Art. 2º, p.1º, “a” – exige a forma escrita no âmbito global, bem como a Convenção de Viena de Havana (1928) em seu Art. 2º. Obs.: No Brasil a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969) assumiu a forma do Decreto 7.030/09. Art.2º, p.1º, “a” - "tratado" significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, querde dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.” Todos os efeitos do conceito apresentado acima sobre Tratados Internacionais devem estar presentes para que seja considerado um Tratado, portanto a ausência de qualquer um dos elementos não será considerado um Tratado, mas pode ser denominado um documento qualquer com eficácia internacional. Ex.: Gentlemen’s Agreement. Representantes dos Estados e das Organizações Internacionais e Intergovernamentais/ O.I.I – próxima aula.
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