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Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF Engenharia Mecânica Elementos de Máquinas II Projeto de Mancal de Deslizamento Autor: Raphael José Pereira JUIZ DE FORA – MINAS GERAIS 2017 2 Enunciado do projeto proposto: Um mancal deslizante de um rotor de turbina a vapor com giro de 1800𝑟𝑝𝑚 suporta uma carga gravitacional constante de 17𝑘𝑁. O diâmetro do munhão foi estabelecido como 150𝑚𝑚, de modo a propiciar uma rigidez suficiente ao eixo. Um sistema de lubrificação com alimentação forçada fornecerá óleo SAE10, controlado para uma temperatura média de filme de 82°𝐶. Determine uma combinação possível para o comprimento e a folga radial do mancal. Determine também os correspondentes valores do coeficiente de atrito, da perda de potência por atrito, da taxa de fluxo de óleo que vai para o mancal e que vem do mancal, e do aumento da temperatura do óleo que vai para o mancal, e do aumento da temperatura do óleo através do mancal. Figura 1: Representação esquemática do projeto proposto e dados fornecidos. Como o projeto já tem definido o óleo responsável pela lubrificação e a temperatura média de filme pode-se utilizar o gráfico da Figura 2 para encontrar o valor da viscosidade absoluta. 3 Figura 2: Viscosidade absoluta em função da temperatura para diferentes óleos. Viscosidade absoluta: 𝜇 = 6,4𝑚𝑃𝑎 ∙ 𝑠 Utilizando a tabela da Figura 3 é possível definir a faixa de carga unitária utilizada nos mancais com buchas na prática corrente para as turbinas a vapor, a faixa encontrada é de 1,0 𝑎 2,0 𝑀𝑃𝑎. 4 Figura 3: Faixas de carga unitária utilizadas nos mancais com buchas na prática corrente. Sabe-se que na prática corrente a relação 𝐿 𝐷⁄ mais encontrada é no valor de 0,5, portanto procuramos uma carga que forneça um valor de 𝐿 de aproximadamente 75 𝑚𝑚, com a utilização da Equação 1, pode-se determinar o valor de 𝐿 para cada valor de carga que esteja contido no intervalo definido anteriormente: 𝐿 = 𝑊 𝐷𝑃⁄ (1) Com o uso de um código no matlab plotou-se a variação de 𝐿 em função dos valores de 𝑃, para 𝑃 variando de 1 a 2 MPa com incremento de 0,05. Encontrou-se um valor para a carga 𝑃 de 1,511 𝑀𝑃𝑎, considerando 𝐿 = 75 𝑚𝑚: Figura 4: Comprimento do eixo em função da carga. 5 Os parâmetros do mancal devem ser dimensionados para um projeto que pertença à área de faixa ótima de operação da Figura 5, para a relação de 𝐿 𝐷⁄ = 0,5 o valor de 𝑆 está no intervalo de 0,037 a 0,35: Figura 5: Carta de Projeto para mancal hidrodinâmico. O valor da folga radia (𝑐) foi calculado para cada valor de 𝑆 e gerou-se no matlab o gráfico da figura 6: Figura 6: Gráfico de S em função da folga radial. 6 Utilizando os gráficos a seguir será possível determinar os outros parâmetros para cada valor de S que está amarrado diretamente ao valor da folga radial: Figura 7: Espessura mínima do filme de óleo em função da folga radial. 7 Figura 8: Carta de Projeto para mancal hidrodinâmico. Figura 9: Coeficiente de atrito em função da folga radial 8 Figura 10: Carta de Projeto para mancal hidrodinâmico. 9 Figura 11: Carta de Projeto para mancal hidrodinâmico. Figura 12: Gráfico da taxa de fluxo de óleo em função da folga radial. 10 Vale observar que as curvas da Figura 12 admitem que o óleo está sempre disponível na entrada do mancal à pressão atmosférica, os fluxos calculados são gerados pelo próprio mancal. O fornecimento de fluxo de óleo para o mancal deve ser igual ao vazamento pelas laterais (𝑄𝑠), para atender a demanda do mancal. Além disso pelo gráfico observa-se que a diferença entre as taxas de fluxo de óleo é indiferente à folga radial. Figura 13: Coeficiente de atrito e Espessura mínima do filme de óleo em função da folga radial. Com uma análise em todas as figuras apresentadas anteriormente o mancal parece ter uma faixa de operação boa para uma faixa da folga radial entre cerca de 0,05 e 0,14 𝑚𝑚, realiza-se então uma verificação com a Equação 1: ℎ0 ≥ 0,005 + 0,00004𝐷 (1) O valor encontrado para ℎ0 é de aproximadamente 0,011 𝑚𝑚, é realizada então uma comparação desse valor com o valor da espessura mínima de filme calculada utilizando um fator de segurança de 2,0 aplicado à carga e admitindo um caso extremo onde 𝑐 = 0,14 𝑚𝑚. O valor encontrado para 𝑆 = 0,018 logo o valor aproximado de ℎ0 é 0,008 𝑚𝑚. Sendo menor do que o valor encontrado utilizando a Equação 1 para o cálculo, apesar do valor encontrado ser menor sabe-se que provavelmente o motivo é a temperatura média para o filme de óleo, que parece ser um pouco irreal na prática pois a alta taxa de fluxo de óleo 11 associada à folga radial de 0,014 𝑚𝑚 resultaria em uma temperatura inferior à do exercício proposto. Na Figura 13 observa-se que uma faixa de folga radial entre 0,05 𝑒 0,07 𝑚𝑚 permite a ocorrência de um apreciável desgaste sem levar a operação do mancal para fora da região ótima, para favorecer uma fabricação mais econômica pode-se elevar a folga radial até 0,09𝑚𝑚. Para favorecer a diminuição da temperatura na qual o mancal opera pode-se aumentar a taxa de tolerância para 0,08 𝑎 0,12 𝑚𝑚. Para o cálculo da potência de atrito utiliza-se a Equação 2 para calcular o Torque de atrito e a Equação 3 para calcular a Potência de atrito, o interesse é determinar o ponto de projeto onde acontece a maior perda, esse ponto é para um mancal com o ajuste mais acentuado, nas faixas analisadas isso ocorre quando 𝑐 = 0,05, logo 𝑓 = 0,0052: 𝑇𝑓 = 𝑊𝑓𝐷 2⁄ (2) 𝑃 = 𝑛𝑇𝑓 9549⁄ (3) Na Figura 14 plotou-se a variação da potência de atrito em função do coeficiente de atrito, percebe-se que o comportamento da curva da potência de atrito em função da folga radial será similar à do coeficiente de atrito em função da folga radial, pois a relação entre a potência de atrito e o coeficiente de atrito é linear. Figura 14: Potência de Atrito em função do Coeficiente de Atrito. 12 O valor encontrado para o torque de atrito é de 6,63 𝑁. 𝑚 e a potência de atrito é aproximadamente 1,25 𝑘𝑊. Esse calor gerado é dissipado pelo óleo, e este é fornecido ao mancal à pressão atmosférica (conservador admitir pressão atmosférica para um sistema com alimentação forçada). O aumento de temperatura do óleo ao fluir através do mancal é determinado pela Equação 4: ∆𝑡 = 𝐻𝑓 𝑄𝑠𝑐𝜌⁄ (4) O valor de 𝑐𝜌 = 1,36 𝑀𝑃𝑎 ℃ , como o valor de 𝑄𝑠 está diretamente ligado ao valor da folga radial, plotou-se o gráfico da variação de ∆𝑡 em função da folga radial: Figura 15: Variação da temperatura do óleo em função da folga radial. Com todos esses dados fornecidos pode-se então selecionar alguns projetos viáveis para esse problema proposto. O comprimento ideal do mancal será de 75 𝑚𝑚, a folga radial e os demais parâmetros poderão ser escolhidos levando em consideração alguns fatores: • O projeto mais bem dimensionado e otimizado: Folga radial = 0,05 𝑎 0,07 𝑚𝑚 esse intervalo atende bem a um fator de atrito relativamente baixo e um desgaste aceitável para o projeto, foi escolhido então o valor de 0,06 𝑚𝑚 para gerar os dados solicitados pelo exercício. 13 Potência perdida = 1,13 𝑘𝑊. Taxa de fluxo de óleo (𝑄𝑠) = 40714 𝑚𝑚 3/𝑠. Aumento da temperatura do óleo = 22,94℃. Para uma temperatura média de 82℃, o óleo deveria ser fornecido a umatemperatura de aproximadamente 70℃ e sair do mancal à 93℃. • Um projeto mais econômico (é viável essa análise, pois nada foi informado sobre os custos e o capital disponível para a execução do projeto): Folga radial = 0,09 𝑚𝑚 Potência perdida = 0,98 𝑘𝑊. Taxa de fluxo de óleo (𝑄𝑠) = 72171 𝑚𝑚 3/𝑠. Aumento da temperatura do óleo = 12,94℃. Para uma temperatura média de 82℃, o óleo deveria ser fornecido a uma temperatura de aproximadamente 75℃ e sair do mancal à 88℃. • E por último consegue-se um mancal operando a temperaturas mais baixas: Folga radial = 0,08 𝑎 0,12 𝑚𝑚 esse intervalo atende bem a um fator de atrito relativamente baixo e um desgaste aceitável para o projeto, foi escolhido então o valor de 0,11 𝑚𝑚 para gerar os dados solicitados pelo exercício. Potência perdida = 0,88 𝑘𝑊. Taxa de fluxo de óleo (𝑄𝑠) = 93243 𝑚𝑚 3/𝑠. Aumento da temperatura do óleo = 10,01℃. Para uma temperatura média de 82℃, o óleo deveria ser fornecido a uma temperatura de aproximadamente 77℃ e sair do mancal à 87℃. 14 Código utilizado para alguns cálculos e plotagem dos gráficos: clear; clc; filename = 'mancal'; %% Inputs D = 150; R = 75; W = 17; n = 1800; P = 1; cont = 0; cont1 = 0; Lideal = 0; c = 0; S =0; %% A Viscosidade absoluta é retirada de um gráfico Vi_abs = 6.5; %dado em mPa.s %% Relação de L/D encontrada na prática é de 0.5, portanto: Lideal = 0.5*D; %% Cálculo de L em função da Carga for (P = 1:0.05:2) %Valores em MPa L = (W*1000)/(P*D); %Valores em mm %% Para plotar o Gráfico cont = cont+1; vetorX(cont,1) = P; vetorY(cont,1) = L; R(cont,1) = L/D; Analises(cont,1) = P; Analises(cont,2) = L; Analises(cont,3) = L/D; end for (S=0.037:0.001:0.35) cont1 = cont1+1; SS(cont1,1) = S; c1 = sqrt((6.8544*(10^-4))/S); C(cont1,1) = c1; end %% Importando as tabelas do excel referente aos cálculos dos parâmetros dependentes de c c2 = xlsread(filename, 'K6:K21'); h0 = xlsread(filename, 'P6:P21'); f = xlsread(filename, 'O6:O21'); Q = xlsread(filename, 'R6:R21'); Qs = xlsread(filename, 'T6:T21'); delta = xlsread(filename, 'U6:U21'); %% Cálculo do Torque de atrito e da potência de atrito Tf = (W*f*D)/2; Pf = (n*Tf)/9549; %% Plotando os gráficos figure,plot(vetorX,vetorY,'linewidth',2); figure,plot(SS,C,'linewidth',2); title ('c x S'); xlabel ('S'); ylabel ('c [mm]'); reg1 = polyfit(c2,f,5); yn = polyval(reg1,c2); figure,plot(c2,f,'.',c2,yn,'linewidth',2); title('Gráfico do coeficiente de atrito em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); 15 ylabel('Coeficiente de atrito'); legend('Dados da tabela','Linha de Tendência'); reg2 = polyfit(c2,h0,5); an = polyval(reg2,c2); figure,plot(c2,h0,'.',c2,an,'linewidth',2); title('Gráfico da espessura mínima do filme de óleo em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel('Espessura mínima do filme de óleo[mm]'); legend('Dados da tabela','Linha de Tendência'); reg3 = polyfit(c2,Q,1); bn = polyval(reg3,c2); figure,plot(c2,Q,'.',c2,bn,'linewidth',2); title('Gráfico da taxa de fluxo de óleo (Q) em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel('Taxa de fluxo de óleo[mm³/s]'); legend('Dados da tabela','Linha de Tendência'); reg4 = polyfit(c2,Qs,1); cn = polyval(reg4,c2); figure,plot(c2,Qs,'.',c2,cn,'linewidth',2); title('Gráfico da taxa de fluxo de óleo (Qs) em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel('Taxa de fluxo de óleo[mm³/s]'); legend('Dados da tabela','Linha de Tendência'); figure [hAx,hLine1,hLine2] = plotyy(c2,yn,c2,an); hLine1.LineStyle = '--'; title('Gráfico do coeficiente de atrito e da espessura mínima do filme de óleo em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel(hAx(1),'Coeficiente de atrito'); ylabel(hAx(2),'Espessura mínima do filme de óleo[mm]') legend('Coeficiente de atrito','Espessura mínima do filme de óleo'); figure,plot(c2,bn,':',c2,cn,'linewidth',2); title('Gráfico da taxa de fluxo de óleo (Q) e (Qs) em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel('Taxa de fluxo de óleo[mm³/s]'); legend('Q','Qs'); figure,plot(f,Pf); title('Gráfico da Potência de Atrito em função do Atrito'); xlabel('Coeficiente de Atrito'); ylabel('Potência de Atrito[kW]'); reg5 = polyfit(c2,delta,5); dn = polyval(reg5,c2); figure,plot(c2,delta,'.',c2,dn,'linewidth',2); title('Gráfico da variação da temperatura do óleo em função da folga radial'); xlabel('Folga radial[mm]'); ylabel('Variação da temperatura[ºC]');
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