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Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 1.099.760 - RJ (2008/0232545-0) RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : ELTON NOBRE DE OLIVEIRA E OUTRO(S) RECORRIDO : ELAINE FERREIRA MATOS ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS EMENTA RECURSO ESPECIAL - CONTRATO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL COM CLÁUSULA RESOLUTÓRIA EXPRESSA - INADIMPLEMENTO - ESBULHO POSSESSÓRIO - POSSIBILIDADE - NOTIFICAÇÃO PRÉVIA - NECESSIDADE - APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO ARRENDAMENTO MERCANTIL (ART. 10 DA LEI N. 10.188/2001) - INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DO ENUNCIADO N. 369 DA SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - A Lei n. 10.188, de 12.2.2001, que rege especificamente a matéria relativa ao arrendamento residencial, apesar de estabelecer a necessidade de prévia notificação ou interpelação do arrendatário para a sua constituição em mora, apta a configurar o esbulho possessório e autorizar o arrendador a propor a ação de reintegração de posse, não prevê a necessidade ou não de prévia notificação do arrendatário na hipótese da existência de cláusula resolutiva expressa; II - Aplicando-se ao arrendamento residencial as normas relativas ao arrendamento mercantil (art. 10 da Lei n. 1.0188/2001), tem-se que a Segunda Seção desta Corte já pacificou o entendimento de que constitui requisito para a propositura da ação reintegratória a notificação prévia da arrendatária, ainda que o contrato de arrendamento mercantil contenha cláusula resolutiva expressa (Súmula n. 369/STJ); III - Recurso especial improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, a Turma, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS) e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 07 de dezembro de 2010(data do julgamento) MINISTRO MASSAMI UYEDA Relator Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 1 de 7 Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 1.099.760 - RJ (2008/0232545-0) RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : ELTON NOBRE DE OLIVEIRA E OUTRO(S) RECORRIDO : ELAINE FERREIRA MATOS ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA (Relator): Os elementos dos autos dão conta de que a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF ajuizou ação de reintegração de posse em face de ELAINE FERREIRA MATOS, tendo por objeto contrato particular de arrendamento mercantil com opção de compra relativo a imóvel adquirido com recursos do Programa de Arrendamento Residencial - PAR (fls. 2/8). O r. Juízo da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro proferiu despacho, determinando à autora CAIXA, no que interessa, "comprovar, nos termos do art. 283 do CPC, a indispensável notificação prévia à arrendatária contendo a especificação dos valores devidos, a fim de se configurar a sua constituição em mora, visto que o documento de fls. 20 configura apenas um acordo extra-judicial, que não comprova, a princípio, a sua constituição em mora", sob pena de indeferimento da inicial (fl. 22). Em primeiro grau, o processo foi extinto, sem o julgamento do mérito, nos termos dos arts. 267, inciso I, e 295, inciso VI, do Código de Processo Civil, tendo em vista o desatendimento, pela CAIXA, da determinação judicial de emenda à inicial (fl. 32). Interposto recurso de apelação, o e. Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou provimento ao recurso, nos termos da seguinte ementa: “DIREITO CIVIL. PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL. LEI Nº 10.188/01. INADIMPLEMENTO. ESBULHO POSSESSÓRIO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NOTIFICAÇÃO. NECESSIDADE. POSSIBILIDADE DE PURGAÇÃO DA MORA. RECURSO NÃO PROVIDO. Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 2 de 7 Superior Tribunal de Justiça - O imóvel em questão é objeto de contrato de arrendamento residencial, que prevê expressamente, em sua cláusula décima nona, a caracterização do esbulho possessório, em caso de não cumprimento das obrigações avençadas, autorizando a propositura da correspondente ação de reintegração de posse. - Nesse diapasão, para que se configure o esbulho possessório, dois requisitos se fazem necessários: o inadimplemento da obrigação contratual assumida pelo arrendatário e a notificação deste por parte da Caixa Econômica Federal, o que não se verificou. - Recurso não provido. ” No presente recurso especial, interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "c", da Constituição Federal de 1.988, busca a recorrente a reforma do r. decisum , sustentando, em síntese, que o inadimplemento da recorrida ELAINE FERREIRA MATOS é incontroverso e que não há, na espécie, necessidade de sua notificação prévia para constituição em mora, uma vez que, no contrato firmado entre as partes, consta cláusula resolutiva expressa nesse sentido. Aduz, assim, a existência de divergência jurisprudencial sobre o tema posto em debate. Anota-se que não foi aberto prazo para contra-razões ao recurso especial, ante a inexistência de relação processual regularmente estabelecida entre a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF e ELAINE FERREIRA MATOS (fl. 76). A Vice-Presidência do egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região proferiu juízo positivo de admissibilidade ao apelo nobre (fls. 79/80). É o relatório. Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 3 de 7 Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 1.099.760 - RJ (2008/0232545-0) EMENTA RECURSO ESPECIAL - CONTRATO DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL COM CLÁUSULA RESOLUTÓRIA EXPRESSA - INADIMPLEMENTO - ESBULHO POSSESSÓRIO - POSSIBILIDADE - NOTIFICAÇÃO PRÉVIA - NECESSIDADE - APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO ARRENDAMENTO MERCANTIL (ART. 10 DA LEI N. 10.188/2001) - INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DO ENUNCIADO N. 369 DA SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - A Lei n. 10.188, de 12.2.2001, que rege especificamente a matéria relativa ao arrendamento residencial, apesar de estabelecer a necessidade de prévia notificação ou interpelação do arrendatário para a sua constituição em mora, apta a configurar o esbulho possessório e autorizar o arrendador a propor a ação de reintegração de posse, não prevê a necessidade ou não de prévia notificação do arrendatário na hipótese da existência de cláusula resolutiva expressa; II - Aplicando-se ao arrendamento residencial as normas relativas ao arrendamento mercantil (art. 10 da Lei n. 1.0188/2001), tem-se que a Segunda Seção desta Corte já pacificou o entendimento de que constitui requisito para a propositura da ação reintegratória a notificação prévia da arrendatária, ainda que o contrato de arrendamento mercantil contenha cláusula resolutiva expressa (Súmula n. 369/STJ); III - Recurso especial improvido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA (Relator): Inicialmente, observa-se a existência de comprovação e de Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 4 de 7 Superior Tribunal de Justiça demonstração da divergência jurisprudencial, estando presentes os requisitos do art. 255, § 1º, do Regimento Interno deste Superior Tribunal de Justiça. Entretanto, o inconformismo recursal da CAIXA não merece prosperar. Bem de ver, na espécie, que, nos termos do art. 9º da Lei n. 10.188, de 12.2.2001, "na hipótese de inadimplemento no arrendamento, findo o prazo da notificação ou interpelação, sem pagamento dos encargos em atraso, fica configurado o esbulho possessório que autoriza o arrendador a propor a competente ação de reintegração de posse" . Na realidade, observa-se que a Lei específica que rege o arrendamento residencial, apesar de estabelecer a necessidade de prévia notificação ou interpelação do arrendatário para a sua constituição em mora, apta a configurar o esbulho possessório e autorizar o arrendador a propor a ação de reintegração de posse, não prevê a imprescindibilidade de prévia notificação do arrendatário na hipótese da existência de cláusula resolutiva expressa. Contudo, o art. 10 da Lei n. 10.188/2001 assim dispõe, in verbis : "Aplica-se ao arrendamento residencial, no que couber, a legislação pertinente ao arrendamento mercantil" . Aplicando-se, assim, à hipótese dos autos, as normas relativas ao arrendamento mercantil, tem-se que a Segunda Seção desta Corte já pacificou o entendimento de que constitui requisito para a propositura da ação reintegratória a notificação prévia da arrendatária, ainda que o contrato de arrendamento mercantil contenha cláusula resolutiva expressa. A propósito, o seguinte precedente: "PROCESSUAL CIVIL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DA ARRENDATÁRIA PARA CONSTITUIÇÃO EM MORA. AUSÊNCIA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. CPC, ART. 267, VI. I. Constitui entendimento hoje pacificado no âmbito da 2ª Seção do STJ, que é necessária a notificação prévia da arrendatária para a sua constituição em mora, extinguindo-se o processo em que tal pressuposto não foi atendido, nos termos do art. 267, VI, do CPC. II. Embargos de divergência conhecidos e providos" (ut EREsp 162.185/SP, relator Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 5 de 7 Superior Tribunal de Justiça Ministro Aldir Passarinho Júnior, DJ de 6.11.2006). Oportuno deixar assente, ainda, que tal entendimento restou cristalizado no recente Enunciado n. 369 da Súmula/STJ (DJe 25/02/2009), in verbis : "No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora" . Nega-se, pois, provimento ao recurso especial. É o voto. MINISTRO MASSAMI UYEDA Relator Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 6 de 7 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2008/0232545-0 REsp 1.099.760 / RJ Número Origem: 200651010224804 PAUTA: 07/12/2010 JULGADO: 07/12/2010 Relator Exmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE ANDRADA Secretária Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA AUTUAÇÃO RECORRENTE : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : ELTON NOBRE DE OLIVEIRA E OUTRO(S) RECORRIDO : ELAINE FERREIRA MATOS ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Compra e Venda CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS) e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 07 de dezembro de 2010 MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA Secretária Documento: 1028653 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/02/2011 Página 7 de 7
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