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Superior Tribunal de Justiça
RECLAMAÇÃO Nº 3.894 - SP (2010/0012086-4)
 
RELATOR : MINISTRO VASCO DELLA GIUSTINA 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS)
RECLAMANTE : SILMAR PEREIRA DA SILVA 
ADVOGADO : DOMINGOS RIBEIRO DA SILVA E OUTRO(S)
RECLAMADO : TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO 
ESTADO DE SÃO PAULO 
INTERES. : SUDAMERIS ARRENDAMENTO MERCANTIL S/A 
AYMORÉ FINANCIAMENTOS 
DECISÃO
Trata-se de Reclamação proposta por SILMAR PEREIRA DA SILVA contra 
acórdão da Sexta Turma do Colégio Recursal dos Juizados Especiais Cíveis do Estado 
de São Paulo, assim ementado:
Arrendamento mercantil - valor residual garantido - devolução - 
possibilidade vinculada à comprovação de adequação do valor do bem - 
inexistência - recurso provido (fl. 8).
Aduz o reclamante, em síntese, que o acórdão proferido pela Turma Recursal 
diverge da jurisprudência pacífica desta Corte Superior, que prega "a possibilidade de 
devolução do VRG pago pelo arrendatário quando este não exercite a opção de 
compra do bem arrendado em contratos de leasing " (fls. 4-5).
É o relatório.
DECIDO.
De início, cumpre salientar que, nos termos dos arts. 105, I, "f", da CF/88, 13, 
caput , da Lei nº 8.038/90 e 187, caput , do RISTJ, é cabível a interposição de 
Reclamação perante este Superior Tribunal de Justiça com vistas à "preservação de 
sua competência e garantia da autoridade de suas decisões", não podendo tal 
instrumento processual ser utilizado como sucedâneo de recurso (cf. Rcl 2.974/RN, 
Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 05.03.2009 e Rcl 1.562/RJ, Rel. Min. GILSON 
DIPP, DJ de 21.06.2004).
Todavia, com relação especificamente aos Juizados Especiais estaduais, o 
Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Embargos de Declaração no RE 571.572/BA, 
Documento: 10898414 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2010 Página 1 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
ampliou, para o Superior Tribunal de Justiça, as hipóteses de cabimento da 
reclamação, a fim de possibilitar a uniformização da jurisprudência nacional e a 
segurança jurídica na interpretação da legislação federal, enquanto não for criado um 
órgão uniformizador para esses juizados. Sob esse prisma, a ementa do aludido 
julgado:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. 
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
APLICAÇÃO ÀS CONTROVÉRSIAS SUBMETIDAS AOS JUIZADOS 
ESPECIAIS ESTADUAIS. RECLAMAÇÃO PARA O SUPERIOR 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CABIMENTO EXCEPCIONAL ENQUANTO 
NÃO CRIADO, POR LEI FEDERAL, O ÓRGÃO UNIFORMIZADOR. 
(...)
2. Quanto ao pedido de aplicação da jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, observe-se que aquela egrégia Corte foi incumbida pela Carta 
Magna da missão de uniformizar a interpretação da legislação 
infraconstitucional, embora seja inadmissível a interposição de recurso 
especial contra as decisões proferidas pelas turmas recursais dos juizados 
especiais. 
3. No âmbito federal, a Lei 10.259/2001 criou a Turma de Uniformização da 
Jurisprudência, que pode ser acionada quando a decisão da turma recursal 
contrariar a jurisprudência do STJ. É possível, ainda, a provocação dessa 
Corte Superior após o julgamento da matéria pela citada Turma de 
Uniformização. 
4. Inexistência de órgão uniformizador no âmbito dos juizados estaduais, 
circunstância que inviabiliza a aplicação da jurisprudência do STJ. Risco de 
manutenção de decisões divergentes quanto à interpretação da legislação 
federal, gerando insegurança jurídica e uma prestação jurisdicional 
incompleta, em decorrência da inexistência de outro meio eficaz para 
resolvê-la. 
5. Embargos declaratórios acolhidos apenas para declarar o cabimento, em 
caráter excepcional, da reclamação prevista no art. 105, I, f, da Constituição 
Federal, para fazer prevalecer, até a criação da turma de uniformização dos 
juizados especiais estaduais, a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça na interpretação da legislação infraconstitucional (RE 571.572 
ED/BA, Relª. Minª. ELLEN GRACIE, DJe 27.11.2009).
Ao seu turno, a Corte Especial, seguindo tal orientação, na sessão do dia 
18.11.2009, acolheu proposta da e. Minª NANCY ANDRIGHI a fim de editar uma 
resolução para regulamentar tais tipos de reclamações. 
Por isso, em 14.12.2009, sobreveio a Resolução nº 12/2009, dispondo sobre o 
Documento: 10898414 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2010 Página 2 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
processamento, no Superior Tribunal de Justiça, das reclamações destinadas "a dirimir 
divergência entre acórdão prolatado por turma recursal estadual e a jurisprudência 
desta Corte". 
Essa é a espécie dos autos.
Pois bem, no que tange à controvérsia em exame, a solução encontrada pela 
Turma Recursal, a princípio, diverge daquela firmada pela jurisprudência desta Corte, 
no sentido de que o rompimento do contrato, com a reintegração do bem à 
arrendadora, enseja a restituição ao arrendatário dos valores pagos a título de VRG, 
senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
ARRENDAMENTO MERCANTIL.
RESOLUÇÃO DO CONTRATO. RETORNO AO ESTADO 
ANTERIOR. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO 
DE VRG. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. A resolução do negócio jurídico firmado entre as partes implica a 
restituição dos contratantes ao estado anterior, consubstanciando, 
pois, mera conseqüência do desfazimento do contrato, a 
reintegração do bem ao arrendante e a restituição, ao arrendatário, 
dos valores pagos a título de VRG .
2. Agravo improvido.
(AgRg no Ag 864.953/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA 
BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 26/06/2007, DJ 
06/08/2007 p. 518).
CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO. 
ARRENDAMENTO MERCANTIL. RESOLUÇÃO DO 
CONTRATO. VRG. DEVOLUÇÃO. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. SÚMULA 83. IMPROVIMENTO.
I. Com a resolução do contrato e a reintegração do bem na posse da 
arrendadora, possível a devolução dos valores pagos a título de VRG 
à arrendatária . Precedentes.
II. "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a 
orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão 
recorrida" - Súmula n. 83/STJ.
III. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no Ag 923.321/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO 
JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 13/11/2007, DJ 17/12/2007 
p. 201).
Documento: 10898414 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2010 Página 3 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. VRG. 
DEVOLUÇÃO CONDICIONADA À RESOLUÇÃO DO 
CONTRATO E À DEVOLUÇÃO DO BEM. PRECEDENTES.
1. Com a resolução do contrato e a reintegração do bem na posse da 
arrendadora, possível a devolução dos valores pagos a título de VRG 
à arrendatária ou sua compensação com o débito remanescente .
Precedentes.
2. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no Ag 960.513/RJ, Rel. Ministro FERNANDO 
GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 25/11/2008, DJe 
09/12/2008).
Agravo no recurso especial. Ação de restituição de valores de contrato 
de arrendamento mercantil. Devolução do VRG.
- É possível a devolução do VRG, pago antecipadamente, após a 
resolução do contrato de arrendamento mercantil e desde que 
restituído o bem na posse da arrendante . Precedentes.
Agravo não provido. 
(AgRg no REsp 960.532/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 14/11/2007, DJ 26/11/2007 p. 191).
Por tais fundamentos, ADMITO o processamento da presente reclamação.
Oficie-se o Presidente do TJ/SP, o Corregedor Geral de Justiça do Estado de 
São Paulo e o Presidente da Turma Recursal prolatora do acórdão reclamado, 
comunicando o processamento desta reclamação e solicitando informações, nos termos 
do art. 2º, II, da Resolução 12/2009 do STJ.
Outrossim, publique-se "edital no Diário da Justiça, com destaque no noticiáriodo STJ na internet, para dar ciência aos interessados sobre a instauração da 
reclamação, a fim de que se manifestem, querendo, no prazo de trinta dias" (art. 2º, 
III, da Resolução 12/2009 do STJ).
Por fim, cientifique-se o réu da ação principal, SUDAMERIS 
ARRENDAMENTO MERCANTIL S/A - AYMORÉ FINANCIAMENTOS, 
oportunizando-lhe que se manifeste, no prazo de 05 (cinco) dias.
Após, abra-se vista ao Ministério Público Federal, na forma do art. 3º da 
Resolução 12/2009 do STJ. 
Publique-se. Intimem-se. Comunique-se.
Documento: 10898414 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2010 Página 4 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Brasília-DF, 30 de junho de 2010.
Ministro VASCO DELLA GIUSTINA 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS) 
Relator
Documento: 10898414 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2010 Página 5 de 5

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