Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Comercial Prof. Marcelo Cometti Matéria: Títulos de Crédito (continuação) 14/04/2011 3.2 Hipóteses de Emissão: Os títulos são classificados como causal e não causal. O título de crédito tem por função documentar créditos de natureza pecuniária – que poderão ter causas diversas, p.ex: compra e venda, prestação de serviços, empréstimo, locação etc. Ex.: Um cheque é um título de crédito que pode documentar causas, independentemente da origem que deu causa a prestação. Portanto, o cheque é considerado um título não causal. Ex.: Duplicata de prestação de serviços, a válida emissão está vinculada a causa que deu origem ao crédito nela documentado. Portanto, a duplicata é um título causal. Título não causal/ conceito: É aquele que poderá ser emitido para documentar qualquer espécie de crédito, não importando a causa que lhe tenha dado origem, p.ex: cheque, nota promissória. Título causal/ conceito: É aquele que só poderá ser emitido para documentar determinados créditos, cuja a causa esteja prevista e seja autorizada por lei, p.ex: duplicata de prestação de serviços, duplicata mercantil (só pode ser emitida para documentar causas que decorram de uma compra e venda mercantil). 3.3 Estrutura dos Títulos: - Ordem de Pagamento: O sacador – ao emitir à ordem, ele manda o sacado pagar o credor. Só que o título não será entregue ao sacado, caberá ao credor (denominado tomador) providenciar o seu recebimento – via cheque. Obs.: É possível no cheque o sacador e tomador serem a mesma pessoa, porém tal maneira não é muito usual nos dias de hoje (ocorre quando uma pessoa emiti um cheque em nome próprio – dirige-se ao Banco e retira a quantia requerida na ordem de pagamento). A duplicata muito embora seja uma ordem de pagamento, sacador e tomador sempre serão a mesma pessoa. A letra de câmbio é um título de crédito – ordem de pagamento. - Promessa de Pagamento: Emitente do título (denominado promitente devedor) e do outro lado o beneficiário do crédito, ou seja, aquele que recebe a promessa (denominado tomador – credor). O promitente ao emitir o título promete pagar o tomador – estrutura completamente distinta da ordem de pagamento. Ex.: Nota promissória. 4. Atos Cambiais: 4.1 Aceite: É o ato cambial pelo qual o sacado reconhece, mediante assinatura lançada na face (anverso) do título, a ordem que lhe foi dada pelo sacador vinculando-se ao seu pagamento como devedor principal. a) Letra de Câmbio: Na letra de câmbio o aceite é ato facultativo, pois o sacado tem absoluta liberdade para recusar aceitar a ordem de pagamento que lhe foi dada pelo sacador, desvinculando-se do título sem que para tanto lhe seja exigida qualquer justificativa. Diante da recusa do aceite são gerados dois efeitos: 1º Não vinculação do sacado ao pagamento do título; 2º Vencimento antecipado do título de crédito (da exigibilidade do crédito). O ato fundamental para que ocorra o vencimento antecipado do título – protesto por falta de aceite. b) Duplicata: Na duplicata o aceite é ato obrigatório, pois pressumi-se a vinculação do sacado ao pagamento do título. Portanto, ainda que o sacado não lance expressamente o seu aceite na duplicata poderá o sacador executa-lo judicialmente. Ação de Execução: - Se a duplicata estiver devidamente assinada pelo sacado bastará para instruir a inicial à apresentação do título de crédito, ou seja, a duplicata. - Se a duplicata não estiver assinada, ainda sim, o sacador poderá ser executado, mas neste caso o sacado além de instruir a sua inicial com a duplicata deverá também apresentar outros dois documentos – o comprovante (de entrega das mercadorias – se a duplicata for mercantil) ou o comprovante dos serviços prestados (se a duplicata for de prestação de serviços) + o instrumento de protesto. Todavia poderá o sacado recusar aceitar a ordem que lhe foi dada pelo sacador, desvinculando-se do dever de pagar a duplicata, desde que, justifique as razões de sua recusa em uma das hipóteses taxativamente previstas no Art. 8º (duplicata mercantil) ou no Art. 21 (duplicata de prestação de serviços), da Lei 5.474/68, à saber: 1º Não recebimento das mercadorias ou recebimento de mercadorias com avarias, se expedidas por conta e risco do vendedor. 2º Vícios, defeitos ou divergências na quantidade ou qualidade das mercadorias entregues. 3º Divergências nos preços ou prazos pactuados. c) Cheque: No cheque o aceite é vedado nos termos do Art.6º, da Lei 7.357/85. Obs.: O Código Civil foi alterado, no que tange ao incapaz ser sócio de sociedade – pode, desde que, assistido. A Lei 12.399, de 1º de abril, de 2011 acresceu o § 3o ao Art. 974. Art. 974. § 3o “O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócios incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócios relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” 4.2 Endosso: É o ato cambial pelo qual o credor de um título nominativo à ordem o transfere a 3º vinculando-se ao seu pagamento na qualidade de co-devedor. Efeitos produzidos pelo endosso: 1º Transfere o título e o respectivo crédito do endossante para o endossatário. 2º Vincula o endossante ao pagamento do título na qualidade de co-devedor. Ressalta-se entretatnto que o endossatário deverá realizar o protesto do título por falta de pagamento dentro do prazo legal (2 dias úteis) para que assegure a exigibilidade do crédito perante eventuais co-obrigados (endossantes e respectivos avalistas). Portanto, a perda do prazo para o protesto de um título por falta de pagamento não acarretará na perda do direito de se cobrar do devedor principal. Letra de Câmbio e Nota Promissória – 02 dias úteis a contar do vencimento; Duplicata Mercantil e Duplicata de Prestação de Serviços – 30 dias úteis a contar do vencimento; Cheque – Prazo de apresentação 30 dias (praças iguais) e 60 dias (praças diferentes). Endosso Parcial: É vedado no direito brasileiro o endosso parcial. Endosso Póstumo: É aquele dado após o vencimento e protesto por falta de pagamento do título, produzindo efeitos de mera cessão civil de créditos. 4.3 Aval: próxima aula.
Compartilhar