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Plano de Aula: Contabilidade Pública - aspectos introdutórios CONTABILIDADE PÚBLICA - GST0088 Título Contabilidade Pública - aspectos introdutórios Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 8 Tema Introdução à Contabilidade Pública Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: Relativamente à Contabilidade aplicada ao Setor Público, conhecer seus princípios, regime, objeto, objetivo, campo de aplicação e função social. Traçar um breve histórico da evolução da Contabilidade Pública no Brasil. Conhecer os principais componentes da legislação que rege a Contabilidade Pública. Estrutura do Conteúdo Contabilidade aplicada ao Setor Público A NBC T 16.1, aprovada pela Resolução CFC nº 1.128/08, conceitua e define o objeto, o objetivo e o campo de aplicação da Contabilidade aplicada ao Setor Público. Conceito de Contabilidade Pública - NBC T 16.1 Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. Objeto da Contabilidade Pública - NBC T 16.1 O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público. Objetivo da Contabilidade Pública - NBC T 16.1 O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Função Social da Contabilidade Pública - NBC T 16.1 A função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir, sistematicamente, o ciclo da administração pública para evidenciar informações necessárias à tomada de decisões, à prestação de contas e à instrumentalização do controle social. Campo de Aplicação da Contabilidade Pública - NBC T 16.1 O campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor público. As entidades abrangidas pelo campo de aplicação devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, considerando-se o seguinte escopo: a. integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos profissionais; b. parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social. Regime contábil Regime contábil é um procedimento que estabelece as regras para classificação e registro das variações ou alterações patrimoniais (fatos contábeis). Os regimes contábeis podem ser: a. Regime de caixa: estabelece que as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo ingresso dos recursos financeiros e as despesas no momento da efetiva saída dos recursos financeiros; b. Regime de competência: estabelece que as receitas e as despesas sejam reconhecidas no momento em que ocorrerem os seus respectivos fatos geradores, independentemente do ingresso ou da saída dos recursos financeiros; c. Regime misto: mescla o regime de caixa e o regime de competência, ou seja, estabelece que as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo ingresso dos recursos financeiros e as despesas no momento em que ocorrerem os respectivos fatos geradores, independentemente do ingresso dos recursos financeiros. Regime contábil do Setor Público Na doutrina contábil é comum encontrarmos o entendimento de que na área pública o regime contábil é misto, ou seja, de caixa para as receitas e de competência para as despesas. Esse entendimento tem origem na interpretação do artigo 35 da Lei nº 4.320/1964. "Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas". Também concorre para sedimentar esse entendimento o inciso II do art. 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece: "a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa". Por outro lado, a Portaria Conjunta STN/SOF nº 3, de 2008, alterou esse entendimento doutrinário e estabeleceu que o regime da competência, tanto para a receita quanto para a despesa, aplica-se de forma integral. Dessa forma, restou sedimentado o entendimento de que exclusivamente para o regime orçamentário, o regime aplicado ao setor público é o regime misto, no qual: a. as receitas são reconhecidas no momento da arrecadação, que é o segundo estágio da execução orçamentária da receita; e, b. as despesas são reconhecidas no momento em que ocorre o fato gerador, o que normalmente coincide com a liquidação, que é o segundo estágio da execução orçamentária da despesa. É verdade que a Lei nº 4.320/64 não indica o regime contábil que deve ser adotado, só vindo a tratar da Contabilidade a partir do artigo 83, e que também a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, como ramo especializado da contabilidade, deve obedecer aos Princípios de contabilidade, dentre os quais encontramos o da Competência e o da Oportunidade, cujos conceitos estão definidos na Resolução CFC n.º 750/93: a. "O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas"; e, b. "O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento". Dessa forma, conclui-se que, na área pública, para o regime contábil aplica-se integralmente o regime de competência. Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público O CFC, com base no Decreto-Lei nº 9.295, de 27/05/1946, com as alterações introduzidas pela Lei nº 12.249/2010, edita resoluções que visam a disciplinar as Normas Brasileiras de Contabilidade, e regular os Princípios de Contabilidade. O Apêndice II da Resolução CFC nº 750/93, aprovado pela Resolução CFC nº 1111/07, trata dos Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público e na sua introdução traz o seguinte enunciado: "O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem que institui. Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema". Segundo o CFC, são seis os Princípios de contabilidade: Entidade; Continuidade; Oportunidade; Registro pelo Valor Original; Competência e Prudência. (OBS: o Princípio da Atualização Monetária foi revogado pela Resolução CFC nº 1282/2010). Resolução nº 1.111/07 Princípios de Contabilidade sob a Perspectiva do Setor Público Princípio da Entidade Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seussócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou a agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. Perspectivas do Setor Público O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente. A autonomia patrimonial tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos Princípio da Continuidade Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. Perspectivas do Setor Público No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao estrito cumprimento da destinação social do seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade. Princípio da Oportunidade Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. Perspectivas do Setor Público Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à fidedignidade dos processos de reconhecimento, mensuração e evidenciação da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público. A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência, visando ao completo atendimento da essência sobre a forma. Princípio do Registro pelo Valor Original Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. Perspectivas do Setor Público Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor original dos componentes patrimoniais. Valor Original, que ao longo do tempo não se confunde com o custo histórico, corresponde ao valor resultante de consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada - a exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e custo corrente; ou valores de saída - a exemplo de valor de liquidação, valor de realização, valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo. Princípio da Competência Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. Perspectivas do Setor Público O Princípio da Competência aplica-se integralmente ao Setor Público. Princípio da Prudência Art. 10 O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. Perspectivas do Setor Público A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturado por determinados valores, segundo os Princípios do Valor Original, surgirem possibilidades de novas mensurações. A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situações classificáveis como manipulação do resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância com os Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve constituir garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou pessoas, especialmente gestores, ordenadores e controladores. Evolução da Contabilidade Pública no Brasil Ano Fato 1808 Alvará de 28 de junho de 1808 baixado por D. João VI, criando o erário régio e o Conselho da Fazenda. 1922 Decreto nº 4.536/1922 - Código de Contabilidade Pública (926 artigos). Aprovado pelo Decreto nº 15.783/1922. 1964 Lei nº 4.320/1964 - Lei Geral de Finanças Públicas. 1986 Decreto nº 95.452/86 - cria a Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda. 1987 Implantação do Sistema Integrado de Administração Financeira Adoção do Plano de Contas Único Federal (PCASP) e da Conta Única. 1988 Constituição Federal - PPA / LOA / LDO. 1997 Edição das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (International Public Sector Accounting Standards - IPSAS) pela Federação Internacional de Contadores (International Federation of Accountants - IFAC). 2000 LC nº 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. 2004 O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) cria um Grupo de Estudos para estudar e propor Normas de Contabilidade Aplicada ao Setor Públco - Portaria CFC 37/2004. 2007 O CFC cria o Comitê Gestor da Convergência no Brasil - Resolução nº 1.103/2007 e edita a Resolução nº 1.111/07, que trata da aplicação dos Princípios da Contabilidade na perspectiva do setor público (aprova o Apêndice II da Res. CFC 750/93). 2008 Estabelecimento de diretrizes para o setor público quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma convergente com as normas internacionais - Portaria MF nº 184/2008. O CFC Traduz para o português as IPSAS, edita as 10 primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP) e o documento Orientações Estratégicas para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil. 2009 LC nº131/2009, acrescenta dispositivos à LC nº 101/2000. Decreto nº 6.976/2009 - dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Federal. Edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 2012 Início de Vigência das NBCTSP alinhada com os padrões internacionais. 2014 PCASP obrigatório para todos os entes públicos. 2015 Consolidação do novo padrão Contábil. Desde o início da década de 90 a Administração Pública tem se consolidado dentro de um ambiente globalizado, sob o eixo central da transparência e da melhoria da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. Nesse contexto, a Contabilidade Pública assumiu um papel de destaque como instrumento de operacionalização e controle do orçamento e das finanças públicas, e foi nessa direção que, em 2004, o CFC deu o primeiro passo dentro dos processos de alinhamento da Contabilidade Aplicada ao Setor Público com os Princípios de Contabilidade e de convergência para os padrões internacionais estabelecidos pela International Federation of Accounting (IFAC), criando um grupode estudos para analisar e propor normas de contabilidade para o setor público brasileiro. Em 2007, com a criação do Comitê Gestor da Convergência no Brasil, o movimento de convergência e o alinhamento à Ciência contábil ganharam força e, logo no ano seguinte, 2008, o CFC editou as dez primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Púbicas (NBCASP T16), que foram internalizadas, em tempos diferentes, pelos entes públicos brasileiros da administração pública federal, estadual, municipal e distrital, segundo um cronograma que iniciou em 2010, se encerrou em 2014, e passou a vigorar plenamente a partir de 2015. Os processos de convergência e alinhamento à Ciência Contábil demandaram, e têm demandado, esforços que passam pela mudança de práticas há muito consolidadas e não decorrem apenas de exigências formais, mas sim, e principalmente, da necessidade de dotar o País de uma Contabilidade Pública que reflita a efetiva dimensão do patrimônio público e dê suporte aos gestores no complexo processo de tomada de decisão na área pública. Principais normas e leis relacionadas com a Contabilidade Pública Lei Federal nº 4.320 de 17/03/1964 - Conhecida como Lei Geral de Finanças Públicas. Esta Lei estabelece regras de contabilidade e de controle dos orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Lei Complementar n º 101, de 04/05/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão. Códigos de Administração Financeira - que compõem a legislação que trata de matéria contábil, financeira e orçamentária, nas esferas estadual e municipal, de forma complementar a Lei nº 4.320/64. Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP), editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, representam um importante marco na normatização da contabilidade do setor público. Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP), Aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, editado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda (MF), desenvolvido com conteúdo alinhado às NBCTSP. Manual Técnico de Contabilidade Aplicado ao Setor Público, Aplicado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, cujos volumes I e II, recebem os subtítulos de Manual da Despesa Nacional e Manual da Receita Nacional, respectivamente. Aplicação Prática Teórica Exercício 01 As entidades abrangidas pelo campo de aplicação da Contabilidade Pública que devem observar integralmente as normas e aplicar as técnicas próprias desse segmento são: a) Apenas as autarquias e as fundações públicas. b) As autarquias, as fundações públicas e todas as sociedades de economia mista. c) Todas aquelas da Administração Direta e da Administração Indireta. d) Todas aquelas da Administração indireta. e) Todas as da Administração Direta. Exercício 02 Segundo o CFC, são seis os Princípios de contabilidade. Entre as opções abaixo, assinale aquela que não representa um Princípio de Contabilidade: a) Entidade. b) Continuidade. c) Anualidade d) Oportunidade. e) Competência.
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