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137 - Revista Psique - Relações perigosas

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editorial
Manipulação emocional
Gláucia Viola, editora
“Há muitas espécies de ciúme; 
o mais raro é o do coração.”
Duque de Lévis
12
3R
F
R
elacionar-se não é tarefa fácil em nenhuma esfera do comportamento humano. Seja entre o casal, na 
FAMÓLIA��NO�GRUPO�DE�AMIGOS��COM�OS�lLHOS��3OMOS�SERES�COMPLEXOS�E�SABER�LIDAR�COM�O�OUTRO�EXIGE�
GRANDE�MAESTRIA��%SSE�TEMA�PODE�RENDER�UMA�SÏRIE�DE�BONS�DEBATES�NAS�PÉGINAS�DESTA�REVISTA��MAS�A�
Psique�DIRECIONA�OS�HOLOFOTES�DESTA�EDI¥ÎO�PARA�UMA�QUESTÎO�QUE�LEVANTA�CERTA�PERPLEXIDADE�EM�PLE-
NO�SÏCULO�88)��A�VIOLÐNCIA�CONTRA�A�MULHER��QUE�NO�ÊMBITO�INTERPESSOAL�AINDA�Ï�UMA�DAS�MAIS�DIFÓCEIS�DE�SER�
PREVENIDA�E�EVITADA��-UITAS�MULHERES�QUE�VIVEM�RELA¥ÜES�ABUSIVAS�MOSTRAM�DIlCULDADE�EM�TER�CONSCIÐNCIA�DA�
SITUA¥ÎO��/�CIÞME�EXAGERADO�GERADOR�DE�INÞMERAS�PRIVA¥ÜES��POR�EXEMPLO��Ï�CONSIDERADO�POR�MUITAS�PESSOAS�
como prova de cuidado e amor. 
/�DOSSIÐ�ABORDA�O�CICLO�DESSE�TIPO�DE�RELACIONAMENTO��DESDE�A�FASE�DO�NAMORO�ATÏ�A�DECISÎO�DO�CASAL�DE�TER�
lLHOS��EQUIVOCADAMENTE��COM�A�PRETENSÎO�DE�SOLUCIONAR�ESSAS�QUESTÜES�MAL�RESOLVIDAS��!lNAL��CASAIS�VIOLENTOS�
tendem a seguir o mesmo modelo de conduta na gestação e depois dela, afetando inclusive as crianças. 
Importante destacar que o ciclo da violência ocorre para todas as formas de agressão, não somente a física. 
!�VIOLÐNCIA�PSICOLØGICA�TAMBÏM�APRESENTA�A�MESMA�SÏRIE�DE�EVENTOS��
/�QUE�ACONTECE�NA�MAIORIA�DOS�CASOS�Ï�QUE�A�VIOLÐNCIA�PSICOLØGICA�Ï�
mais difícil de ser detectada, até mesmo para quem sofre dela, dife-
rente da agressão física aparente.
Um estudo recente apresentado no artigo indica que a violência no 
namoro entre casais adolescentes pode se perpetuar até a vida adulta 
COM�NOVAS�ONDAS�DE�RISCO�Ì�SAÞDE�MENTAL�DO�CASAL�E�DOS�lLHOS��h%M�
curto prazo, diversos efeitos danosos da violência no namoro têm sido 
DOCUMENTADOS�� INCLUINDO�DEPRESSÎO�� TRANSTORNO�DE�ESTRESSE�PØS
TRAU-
MÉTICO��ABUSO�DE�ÉLCOOL��DESEJO�DE�PÙR�lM�Ì�PRØPRIA�VIDA�E��EM�CASOS�EX-
TREMOS��SUICÓDIO�E�HOMICÓDIOv��EXPLICAM�OS�PSICØLOGOS�AUTORES�DO�TEXTO�
Romper esse vínculo de afeto, mesmo violento, é um dever ár-
duo. Condutas autolesivas são especialmente frequentes em tenta-
tivas de término, fazendo com que a vítima não saia deste padrão 
de comportamento.
6ALE�RESSALTAR�TAMBÏM�QUE�MUITOS�ELEMENTOS�NESSES�RELACIONAMENTOS�PODEM�SER�GRATIlCANTES��E��MESMO�QUE�
PARA�ALGUÏM�QUE�OBSERVA�DE�FORA�PARE¥A�INCOMPREENSÓVEL�QUE�UMA�RELA¥ÎO�VIOLENTA�POSSA�TER�MUITOS�PONTOS�DE�
SATISFA¥ÎO��Ï�FUNDAMENTAL�ENTENDER�QUE�Ï�EXATAMENTE�POR�ISSO�QUE�O�SENTIMENTO�lCA�TÎO�CONFUSO��¡�TAMBÏM�POR�
ESSA�RAZÎO�QUE�A�PROCURA�POR�AJUDA�ESPECIALIZADA�PODE�FAZER�TODA�A�DIFEREN¥A�PARA�A�SOLU¥ÎO�DO�PROBLEMA�
O atendimento às vítimas e perpetradores de violência nos relacionamentos deve compor um continuum de 
serviços focados no enfrentamento, prevenção e na promoção da qualidade das relações amorosas.
 
Boa leitura! 
Gláucia Viola
www.facebook.com/PortalEspacodoSaber
CAPA
sumário
35
28/06/2017 18:18:2
0
MATÉRIAS
ENTREVISTA
A psicóloga Luiza Elena 
do Valle defende alteração 
de técnicas que propiciam a 
APRENDIZAGEM�INmUENCIADA�PELA�
interação com o ambiente
SEÇÕES
06 EM CAMPO
18 PSICOPOSITIVA
20 PSICOPEDAGOGIA
32 COACHING
34 LIVROS
50 CIBERPSICOLOGIA 
52 NEUROCIÊNCIA
54 RECURSOS HUMANOS
64 DIVÃ LITERÁRIO
66 CINEMA
70 PERFIL 
72 IN FOCO 
80 EM CONTATO
82 PSIQUIATRIA FORENSE
08
Compreensão 
do cérebro
Avanços tecnológicos 
permitiram conhecer melhor 
o funcionamento cerebral e 
tentam responder se a mente 
pode mudar o cérebro
Prejuízo à saúde 
Transtorno de estresse 
pós-traumático é considerado 
um dos diagnósticos mais 
populares da Psiquiatria em 
decorrência das sequelas da 
violência urbana
22
74
O significado de tudo 
O ato do nascimento mostra um ser 
desprovido de qualquer noção de 
si e do outro, mas quando entra na 
linguagem a criança descobre um 
novo mundo56
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A 
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DOSSIÊ: Sérias 
consequências emocionais
Relacionamentos abusivos 
atingem até mesmo mulheres 
grávidas e frequentemente as 
pessoas envolvidas encontram 
GRANDE�DIlCULDADE�EM�SE�
libertar dessa situação
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 5www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 5
giro escala
LIBERDADE X ESCOLHAS
REVISTA FILOSOFIA – EDIÇÃO 127
Em mais um artigo publicado 
na edição 127 da revista &ILOSOlA�
#IÐNCIA�6IDA, o pesquisador do Ge-
des (Grupo de Estudos sobre Direito, 
Estado e Sociedade) e professor con-
vidado do curso de pós-graduação em 
Política e Relações Internacionais da 
FESPSP (Fundação Escola de Socio-
logia e Política), Luiz Felipe Panelli 
aborda a justiça e equidade com base 
na lição aristotélica em relação ao 
Estado no século XXI. Tal estudo im-
pacta um de seus projetos atuais, que 
é sua tese de doutorado, que analisa a 
QUESTÎO�DE� UM� SUPOSTO� CONmITO� ENTRE�
o direito de liberdade e igualdade, em 
especial nas políticas públicas de dis-
tribuição de renda. 
Para o professor, pode-se objetar 
que a teoria marxista separa o mundo 
em base e superestrutura e que, se nos 
preocuparmos em manter a paz social 
e o bom funcionamento do Estado, es-
taremos preservando a base por meio 
de incrementos pontuais na superes-
trutura, ou seja, não estaremos com-
batendo de forma efetiva a exploração 
do homem pelo homem, tampouco 
buscando a igualdade verdadeira que 
só virá com a coletivização dos meios 
de produção. Pensador atuante no 
UNIVERSO� DA� &ILOSOlA� DO�$IREITO� E� DA�
&ILOSOlA�0OLÓTICA��0ANELLI�RESSALTA�UMA�
disciplina que tem chamado atenção 
DE� INÞMEROS� ACADÐMICOS�� A� *USlLOSO-
lA��6ALE� LEMBRAR�QUE�UM�DOS�GRANDES�
REPRESENTANTES� DO� TEMA� Ï� O� lLØSOFO�
Norberto Bobbio, que conseguiu es-
tabelecer conceitos preciosos sobre a 
democracia e a sociedade.
REFLEXÃO E PRÁTICA: o resgate do conceito de comunidade por meio da amizade
ANO X No 127 – www.portalespacodosaber.com.br
Quando a liberdade e o 
individualismo passam a ser 
grandes fontes de angústia e 
bloqueio do pensamento
ARISTÓTELES
A história nos 
mostra que uma das 
aspirações perenes 
do homem do século 
XXI é a Justiça
ÉMILE 
DURKHEIM
Como mobilizar 
argumentos baseados 
nas ideias do mestre 
em debates sobre 
religião e socialismo
ESCOLHAS
SOFISTAS
Uma síntese da obra de umas das maiores 
correntes fi losófi cas de todos os tempos
RENATO JANINE RIBEIRO
A importância do diálogo para o fortalecimento 
da democracia em tempos de cólera
O DILEMA DAS
UMA REBELDE NATA
REVISTA SOCIOLOGIA - EDIÇÃO 69
Uma catadora de histórias e uma 
REBELDE� NATA�� !SSIM� Ï� POSSÓVEL� DElNIR�
em poucas palavras a fotógrafa, docu-
mentarista e cineasta Tania Quaresma, 
que se enquadra em uma classe especial 
de artistas singulares, que, com talento, 
sempre fazem o que querem, mas sem-
pre com muita qualidade e competên-
cia. E isso sem ligar para o machismo 
hegemônico e castrador, que dominava 
seu tempo de juventude, e que ainda 
domina a própria narrativa histórica 
humana da atualidade. Começou sua 
CARREIRA�PROlSSIONAL�MUITO�CEDO��AOS����
anos, para os padrões vigentes da épo-
ca, documentando os movimentos es-
tudantis e operários de protesto contra 
o governo militar.
Desde então, trabalhou para as 
mais importantes redes de TV do 
Brasil. Passou a se dedicar ao cinema 
e seu primeiro longa – Nordeste: Cor-
del, Repente, Canção (1975) – ganhou 
os prêmios Air France de Cinema e 
Coruja de Ouro de melhor som. Jun-
tamente com sua equipe, produziu e 
dirigiu uma série de projetos cultu-
rais e sociais, culminando com o su-
cesso de Catadores de História (2016). 
O f ilme conquistou três prêmios na 
mostra competitiva do TroféuCâma-
ra Legislativa no Festival de Cinema 
de Brasília: melhor trilha sonora, 
melhor fotograf ia e melhor f ilme de 
longa-metragem ( júri of icial). Para 
alcançar seus objetivos no trabalho, 
seja de vídeo ou f ilme, ela não dis-
pensa o sentido social. A entrevista 
completa com Tania está na edição 
69 da revista 3OCIOLOGIA.
O DIA A DIA DE CATADORES DE LIXO EM FILME DE TANIA QUARESMA
www.portalespacodosaber.com.br
Caderno de Exercícios: Música negra e racismo nos Estados Unidos
Ego e sociedade
Lógica egoísta 
e paranoica 
orienta mercado 
e nações, em 
livro de Frank 
Schirrmacher
Inteligência 
artificial
Cientistas rumo 
ao algoritmo 
capaz de 
replicar o cérebro 
humano em
meio cibernético-
-informacional
Por uma ideia 
de liberdade
Contracultura 
e transgressão 
sob olhar 
sociológico em 
Easy Rider – 
Sem Destino
Profissão
John Kennedy 
Ferreira 
comenta a não 
obrigatoriedade 
do ensino de 
Sociologia 
nas escolas
DARCY RIBEIRO
O BRASIL DE 
6 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
em campo 
SINAL DE ALZHEIMER
Na Universidade do Sul da Califórnia, 
pesquisadores descobriram que 
adultos idosos com níveis elevados 
de placas de obstrução cerebral – 
mas com cognição aparentemente 
normal – experimentam declínio 
mental mais rápido, sugestivo de 
doença de Alzheimer. Por outro lado, 
também verif icaram que a simples 
presença dessas placas (chamadas 
placas amiloides) no organismo já 
seria um preditor do problema. Os 
pesquisadores compararam a placa 
amiloide no cérebro com o colesterol 
no sangue. Ambos são sinais de alerta 
com poucas manifestações externas, 
até ocorrer um evento catastróf ico. O 
estudo em questão apoia a ideia de que 
a doença começa antes dos sintomas, 
o que estabelece as bases para a 
realização de intervenções precoces e 
ef icazes contra a evolução do quadro.
“Para ter o maior impacto sobre a 
doença, precisamos intervir contra 
a amiloide, a causa molecular básica 
do problema, o mais cedo possível”, 
disse Paul Aisen, autor sênior do 
estudo e diretor do USC Alzheimer’s 
Therapeutic Research Institute (ATRI), 
ligado à universidade, em comunicado 
à imprensa especializada. “Este estudo 
�UM�PASSO�SIGNIlCATIVO�PARA�A�IDEIA�
de que os níveis elevados de amiloide 
são um estágio inicial da doença de 
Alzheimer, um estágio apropriado para 
a terapia anti-amiloide”.
Uma em cada três pessoas com mais 
de 65 anos tem amiloide elevada no 
cérebro, e a maioria desses indivíduos 
evoluirá para a doença de Alzheimer 
sintomática dentro de 10 anos.
por Jussara Goyano
ARTE E COGNIÇÃO
PROJETOS ARTÍSTICOS ATIVAM 
SISTEMA DE RECOMPENSA NO CÉREBRO
De acordo com um novo estudo realizado pela Universidade Drexel, na 
&ILADÏLlA��%5!��PUBLICADO�NO�PERIØDICO�The Arts in Psychotherapy, a realização 
DE�TRABALHOS�ARTÓSTICOS�LEVA�mUXO�SANGUÓNEO�A�ÉREAS�DO�CÏREBRO�PERTENCENTES�AO�
sistema de recompensa. Tal consequência ocorreria independentemente da habi-
lidade artística das pessoas avaliadas, mostrando que tais atividades são fonte de 
PRAZER�E�BEM
ESTAR�EM�POTENCIAL��NÎO�IMPORTANDO�SUA�lNALIDADE�
Os pesquisadores envolvidos utilizaram espectroscopia de infravermelho 
funcional para avaliar a atividade cerebral de 26 voluntários, entre artistas e 
não artistas, enquanto todos completavam diferentes tarefas em artes, tais como 
colorir uma mandala ou desenho livre, intercaladas a intervalos de descanso. 
&OI�VERIlCADO�UM�AUMENTO�NO�mUXO�DE�SANGUE�NO�CØRTEX�PRÏ
FRONTAL�DO�CÏ-
rebro dessas pessoas, em comparação com os períodos de descanso, nos quais 
O� mUXO� SANGUÓNEO� DIMINUIU� PARA� AS� TAXAS� NORMAIS�� /� CØRTEX� PRÏ
FRONTAL� EST�
associado à regulação de pensamentos, sentimentos e ações. Também está rela-
cionado a sistemas emocionais e motivacionais e parte do circuito neuronal de 
recompensas do cérebro humano.
!�ATIVIDADE�QUE�PROPORCIONOU�MAIOR�mUXO�MÏDIO�DE�SANGUE�NAS�ÉREAS�MEN-
cionadas foi o chamado doodle, rabisco realizado enquanto a pessoa está distraída 
ou ocupada, como, por exemplo, os desenhos que são realizados aleatoriamente 
quando se está ao telefone, ou enquanto se ouve uma palestra. O desenho livre 
ativou igualmente o cérebro de artistas e não artistas. Já a atividade de colorir 
mandalas resultou em atividade cerebral negativa nos artistas, que podem ter se 
SENTIDO�LIMITADOS�EM�EXECUTAR�TAREFAS�TÎO�BEM�DElNIDAS��SEM�MUITA�MARGEM�PARA�
o uso de sua criatividade.
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 7
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CUMPRIMENTO 
DE METAS
DISTRAÍDOS DIFICILMENTE 
TÊM OBJETIVOS DE LONGO 
PRAZO, DIZ ESTUDO
Mentes diletantes, ou que tendem a vagar 
por seus pensamentos no dia a dia, são menos 
propensas a manter objetivos de longo prazo, 
segundo pesquisa liderada pela Universidade 
de Waterloo, Canadá, com artigo a respeito 
publicado recentemente no Canadian Journal of 
Experimental Psychology. 
A conclusão foi fruto de três estudos distin-
tos. Nos dois primeiros, os pesquisadores anali-
saram a presença de mente errante, a desatenção 
e o grit de 280 voluntários (grit é um traço de 
personalidade que envolve interesse e esforço 
sustentados em metas de longo prazo, indepen-
dentemente do nível de inteligência da pessoa). 
No terceiro estudo, 105 estudantes foram con-
vidados a avaliar seus hábitos mentais durante 
uma aula e preencher questionários a respeito.
Um próximo passo da pesquisa vai avaliar 
como alternativas como meditação e treinamen-
to mindfulness seriam capazes de mitigar os im-
pactos de tal errância mental e o quanto a força 
DE�VONTADE�EM�FAZÐ
LO�INmUENCIA�NOS�RESULTADOS�
gerais de aplicação das opções citadas.
AR
Q
UI
VO
 P
ES
SO
AL
Jussara Goyano é jornalista e coach certificada pelo Instituto 
de Psicologia Positiva (IPPC). Atua com foco em performance 
e bem-estar. Estudou Medicina Comportamental na Unifesp. 
E-mail: atendimento@jussaragoyano.com
RELAÇÕES E 
INDIVIDUALIDADE
ESTUDO ESTABELECE LIGAÇÃO 
ENTRE SOLIDÃO E EGOCENTRISMO
Estudos realizados ao longo de mais de uma década indicam que a 
solidão aumenta o egocentrismo e, em menor grau, o egocentrismo tam-
bém aumenta a solidão. O achado foi publicado no Personality and Social 
Psychology Bulletin por cientistas ligados à Universidade de Chicago, 
EUA. A descoberta pode ajudar a mitigar questões de saúde pública, 
uma vez que pessoas consideradas solitárias estão mais sujeitas a doen-
ças – essa população apresenta, inclusive, taxa de mortalidade maior que 
a de outros grupos em que a convivência social é mais intensa.
Os pesquisadores escreveram que “abordar o egocentrismo como 
parte de uma intervenção para diminuir a solidão pode ajudar a que-
brar um ciclo de feedback positivo que mantenha ou piore a solidão ao 
longo do tempo”. Lembram ainda que, na sociedade moderna, tornar-se 
mais autocentrado protege pessoas solitárias no curto prazo, mas não 
no longo prazo, em que são acumulados efeitos nocivos ao bem-estar 
individual. Isso levando-se em conta a noção de solidão como “um sen-
timento de angústia anômalo ou temporário, sem valor redimível ou 
propósito adaptativo”.
Os dados referentes às pesquisas foram coletados de 2002 a 2013 
como parte do estudo de saúde, envelhecimento e relações sociais de 
Chicago. A amostra aleatória consistiu em 229 indivíduos que variaram 
de 50 a 68 anos de idade no início do estudo, variando também em gê-
nero e status socioeconômico, incluindo hispânicos, afro-americanos 
e caucasianos.
8 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
Lucas Vasques é jornalista e colabora com esta publicação
Para a psicóloga Luiza Elena L. Ribeiro 
doValle, os resultados da educação 
no Brasil estão nos últimos lugares, 
em comparação com outros países 
do mundo. Então, está na hora de mudar 
técnicas para reverter o quadro
O 
DESAlO�DA�APRENDIZAGEM��AO� LONGO�DOS�
anos, foi e continua sendo tema central 
da preocupação de especialistas e tam-
bém dos pais, que buscam orientação no 
SENTIDO�DE�ACERTAR�O�CAMINHO�MAIS�ElCIENTE�EM�RELA-
¥ÎO�A�ESSA�FASE�DA�VIDA�DOS�lLHOS��.A�OPINIÎO�DE�,UIZA�
%LENA� ,�� 2IBEIRO� DO�6ALLE�� PSICØLOGA� COM� ESPECIALI-
ZA¥ÎO�EM�0SICOLOGIA�#LÓNICA�E�MESTRE�EM�0SICOLOGIA�
%SCOLAR�E�%DUCACIONAL��A�APRENDIZAGEM�PODE�OCORRER�
através do jogo, da brincadeira, da instrução formal 
OU�DO�TRABALHO�ENTRE�UM�APRENDIZ�E�UM�APRENDIZ�MAIS�
experiente, demonstrando a importância da mediação 
PARA�QUE�OS�SIGNOS�CULTURAIS�POSSAM�SER�INTERNALIZADOS�
“São estudos que nos deixam a responsabilidade de 
OFERECER�OPORTUNIDADES�DE�APRENDIZAGEM�PARA�O�DE-
senvolvimento potencial de cada criança. Entretanto, 
MUITAS�CRIAN¥AS�AINDA�hESTUDAMv�COMO�SE�FAZIA�SÏCU-
los atrás, sentadas, em silêncio, diante de um professor 
que “ensina”, e, pior ainda, muitas crianças mal têm 
TEMPO�PARA� BRINCAR�� RECURSO� ESSENCIAL� NA� APRENDIZA-
gem, se pensarmos na apropriação ativa do conheci-
MENTOv��AVALIA�,UIZA�%LENA�
A psicóloga ressalta a importância do sistema sen-
sorial. Para ela, esse elemento é a porta de entrada dos 
estímulos. As informações recebidas pelo sistema sen-
SORIAL� SÎO�CONDUZIDAS�PARA� ÉREAS� ESPECÓlCAS�DO�CØR-
TEX�CEREBRAL��ONDE�AS�FUN¥ÜES�SUPERIORES�ORGANIZAM
SE�
como sistemas funcionais complexos, o que envolve 
uma integração de redes de conexão de neurônios, 
UMA�VEZ�QUE�OS�ESTÓMULOS�SÎO�DIVERSOS�E�SIMULTÊNEOS�
,UIZA�%LENA��DOUTORANDA�EM�0SICOLOGIA�3OCIAL�E�DO�
4RABALHO��COM�EXTENSÎO�EM�#OMPETÐNCIAS�'ERENCIAIS�
E�)NTERNATIONAL�#OACHING��%NTRE�OS�LIVROS�LAN¥ADOS�ESTÎO�
A Aprendizagem na Educação de Crianças e Adolescentes, 
Adolescência. !S�#ONTRADI¥ÜES�DA�)DADE�E�$ESAlOS�DO�-UNDO�
0ROlSSIONAL, todos publicados pela Wak Editora.
A ).4%2!—§/ DA PESSOA 
#/-�/�!-")%.4%�02/-/6%�
A !02%.$):!'%-
,5):!�%,%.!�,��2)"%)2/�$/�6!,,%
Por Lucas Vasques
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E N T R E V I S T A
Segundo Luiza Elena, 
a aprendizagem ocorre 
pela descoberta, no momento 
em que a criança está com a 
maturidade adequada para 
aquela determinada função
10 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
LUIZA: !� APRENDIZAGEM� ACONTECE� PELA�
descoberta, como um registro que se 
FAZ�DAQUILO�QUE�SE�OBSERVOU�NO�AMBIEN-
te. Isso ocorre no momento em que a 
criança está com a maturidade ade-
quada para aquela determinada função 
e esses processos obedecem a caracte-
rísticas pessoais, que são diferentes de 
PESSOA�PARA�PESSOA��5MA�CRIAN¥A�PODE�
aprender a andar mais depressa se tiver 
oportunidade de exercitar o movimen-
to, quando alcançar a maturidade para 
essa função. Há uma sequência no de-
senvolvimento a ser mediado, que se-
gue desde o estágio em que a criança 
SE�ENCONTRA��POR�UMA�ZONA�DE�DESENVOL-
vimento proximal, até chegar ao apren-
DIZADO� DESEJADO� �6YGOTSKY	�� %STUDOS�
POSTERIORES�� DE� 'ARDNER�� MOSTRARAM�
que as inteligências são múltiplas: uma 
pessoa pode ser ótima em matemáti-
ca e ter fraca habilidade para aprender 
leitura, por exemplo. O quanto se pode 
aprender é impossível determinar, não 
TEM� LIMITESå�/� PROCESSO� DE� APRENDIZA-
gem reúne múltiplos sistemas internos 
e externos, por isso cada pessoa é única 
E�ISSO�Ï�FANTÉSTICOå�¡�PRECISO�lCAR�ATENTO�
com crianças porque, você sabe, na in-
fância existem períodos quase mágicos, 
em que as redes neurais se desenvolvem 
muito rapidamente e a criança aprende 
COM�UMA�RAPIDEZ�INCRÓVEL����!PRENDE�ATÏ�
o que ninguém ensinou... Então, você se 
surpreende e pergunta: como foi que ela 
aprendeu isso?
COMO SE DEFINE O SISTEMA SENSORIAL 
E EM QUE MEDIDA ELE INFLUENCIA A 
APRENDIZAGEM?
LUIZA: São as portas de entrada dos es-
tímulos. As informações recebidas pelo 
SISTEMA�SENSORIAL��VISÎO��AUDI¥ÎO��OLFATO��
TATO��PALADAR	�SÎO�CONDUZIDAS�PARA�ÉRE-
AS� ESPECÓlCAS�DO�CØRTEX� CEREBRAL�� ONDE�
AS� FUN¥ÜES� SUPERIORES� ORGANIZAM
SE�
como sistemas funcionais complexos, 
o que envolve uma integração de redes 
DE�CONEXÎO�DE�NEURÙNIOS��UMA�VEZ�QUE�
os estímulos são diversos e simultâneos: 
você ouve, vê e sente ao mesmo tempo, IMA
GE
NS
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ST
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K
É CORRETO AFIRMAR QUE A APRENDIZA-
GEM É O PROCESSO PELO QUAL A CRIANÇA 
SE APROPRIA ATIVAMENTE DO CONTEÚDO 
DA EXPERIÊNCIA HUMANA, DAQUILO QUE 
O SEU GRUPO SOCIAL CONHECE? EM CASO 
POSITIVO, PODE-SE DIZER QUE A APREN-
DIZAGEM DEPENDE FUNDAMENTALMENTE 
DA INTERAÇÃO DA CRIANÇA COM O MEIO?
LUIZA: Sim, a interação da pessoa com 
O� AMBIENTE� PROMOVE� A� APRENDIZAGEM��
Teorias bastante ricas fundamentaram 
esse conhecimento, comprovadas com 
EXAMES�SOlSTICADOS�QUE�AVALIAM�OS�PRO-
cessos do cérebro pela ação sobre o am-
biente, que leva à assimilação e acomo-
dação. Os estudos de Piaget descreveram 
passo a passo o desenvolvimento infantil 
e a adaptação do comportamento através 
DE�ORGANIZA¥ÜES�MENTAIS�QUE�ELE�DENOMI-
nou de “esquemas” de representação do 
mundo, que permitem construir conhe-
CIMENTOS��6YGOTSKY�TROUXE�A�TEORIA�SOCIO-
cultural do desenvolvimento cognitivo, 
mostrando que as estruturas sociais e as 
relações sociais levam ao desenvolvimen-
TO�DAS�FUN¥ÜES�MENTAIS��.ESSA�PERSPECTI-
VA��A�APRENDIZAGEM�PODE�OCORRER�ATRAVÏS�
do jogo, da brincadeira, da instrução for-
MAL�OU�DO�TRABALHO�ENTRE�UM�APRENDIZ�E�
UM� APRENDIZ� MAIS� EXPERIENTE�� DEMONS-
trando a importância da mediação para 
que os signos culturais possam ser inter-
NALIZADOS��3ÎO�ESTUDOS�QUE�NOS�DEIXAM�A�
responsabilidade de oferecer oportunida-
DES�DE�APRENDIZAGEM�PARA�O�DESENVOLVI-
mento potencial de cada criança. Entre-
tanto, muitas crianças ainda “estudam” 
COMO�SE�FAZIA�SÏCULOS�ATRÉS��SENTADOS��EM�
silêncio, diante de um professor que “en-
sina”, e, pior ainda, muitas crianças mal 
têm tempo para brincar, recurso essen-
CIAL� NA� APRENDIZAGEM�� SE� PENSARMOS� NA�
apropriação ativa do conhecimento.
DE ACORDO COM A PSICOLOGIA DA 
APRENDIZAGEM, PARA QUE SE POSSA EN-
TENDER ESSE PROCESSO É NECESSÁRIO 
RECONHECER QUE AS OPERAÇÕES COG-
NITIVAS SÃO SEMPRE CONSTRUÍDAS NA IN-
TERAÇÃO COM OUTROS INDIVÍDUOS. VOCÊ 
CONCORDA COM ESSE CONCEITO?
O quanto se pode 
aprender é impossível 
determinar, não tem 
limites! O processo de 
aprendizagem reúne 
múltiplos sistemas 
internos e externos, 
por isso cada pessoa é 
única e isso é fantástico! 
¡�PRECISO�lCAR�ATENTO�
com crianças 
LUIZA:� #ONCORDO�� PORQUE� � UMA� AlR-
mação comprovada pela ciência. 
#RIAN¥AS� QUE� NÎO� RECEBEM� ESTÓMULO�
visual, por exemplo, não desenvolvem 
a área do cérebro correspondente à 
VISÎO��5MA�PSICØLOGA�RENOMADA��JÉ�FA-
LECIDA�� "EATRIZ� ,EFRÒVE�� REALIZOU� UMA�
PESQUISA� SOBRE� APRENDIZAGEM� COMPA-
rando as crianças da região Sudeste 
DO� "RASIL� COM� CRIAN¥AS� DO� .ORDESTE��
em relação à coordenação motora: ela 
nos mostrou que, enquanto as crian-
ças do Sul respondem melhor ao trei-
no no manejo do lápis, as crianças do 
.ORDESTE� DOMINAM� HABILIDADES� COMO�
bordados, compartilhadas por toda fa-
mília, de acordo com os valores locais, 
MAS� FALHAVAM�NA�ESCRITA� �O�QUE�PODE-
RIA�SUGERIR�HABILIDADE�MOTORA�lNA�DEl-
CIENTE��O�QUE�NÎO�ERA�VERDADE	��)MAGINE�
como foram revolucionárias essas con-
clusões, embora, com frequência, as 
crianças são exigidas e avaliadas sem 
considerar nada disso.
EXISTE UM PROCESSO PREDETERMINADO 
QUE DEFINE A APRENDIZAGEM? OU SEJA, É 
POSSÍVEL MEDIR COMO E QUANDO SE DEVE 
APRENDER? E ESSE PROCESSO É ÚNICO OU 
FUNCIONADE ACORDO COM AS PARTICU-
LARIDADES DE CADA CRIANÇA?
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 11
volvem inteligência espacial: por exem-
PLO�� PARA� ENCONTRAR� E�MEMORIZAR� ROTAS��
em tarefas motoras dirigidas a um alvo, 
em raciocínio matemático. As mulheres 
FALAM�MAIS��mUÐNCIA�VERBAL	��SÎO�MELHO-
RES�EM�CÉLCULOS�SIMPLES�E�EM�MEMORIZAR�
detalhes importantes de um caminho. 
Existem diferenças, de modo geral, mas 
DEVE�lCAR�CLARO�QUE�A�EXPERIÐNCIA�SOCIAL�
interfere, assim como o esforço pessoal, 
EM�DETERMINADA�ÉREA��O�CÏREBRO�Ï�SENSÓ-
VEL�A�ESTÓMULOS	��
HÁ MUITAS CONTROVÉRSIAS SOBRE A ME-
LHOR IDADE PARA O INÍCIO DA ALFABETIZA-
ÇÃO. EM TERMOS DE COGNIÇÃO INFANTIL, 
QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE ESSA QUESTÃO?
LUIZA: É importante entender que a 
APRENDIZAGEM��UM�PROCESSO�PESSOAL�E�
intransferível. Em termos de cognição 
infantil, o importante é que a criança es-
teja pronta, interessada e possa interagir 
COM�OS�ESTÓMULOS�PARA� FAZER� SUAS� hDES-
cobertas”, que a encantam e provocam 
uma vontade de saber mais. Por outro 
LADO��A�ALFABETIZA¥ÎO�Ï�UM�CØDIGO�DETER-
minado, que ela não pode inventar e vai 
aprender com mais facilidade se for me-
diada para aprender corretamente. Fica 
NESSE�PONTO�A�CONTROVÏRSIA��A�APRENDIZA-
gem deve ser espontânea e, ao mesmo 
TEMPO��A�ALFABETIZA¥ÎO�PRECISA�SER�CUIDA-
dosa, porque é a base dos outros conhe-
CIMENTOS���#ONSIDERO�ESSENCIAL�VALORIZAR�
os passos que a criança dá, mas ela pre-
cisa receber as informações mediadas, 
porque não dá para vencer um jogo sem 
SABER�AS�REGRAS��E�NA�ALFABETIZA¥ÎO�NÎO�Ï�
diferente. Aos 6 anos, em geral, a criança 
já tem prontidão, se ela “descobrir” an-
TES�O�PROCESSO�DE�LEITURA��NÎO�DEVE�lCAR�
proibida de seguir em frente, mas, ainda 
assim, há necessidade de mediação posi-
tiva, que a estimula a melhorar. Aquelas 
que não conseguem associar as letras 
aos sons espontaneamente precisarão de 
ajuda para provocar essas descobertas. 
Pode-se chamar atenção para o fato de 
que as crianças nos impressionam com 
o manuseio de recursos tecnológicos, 
em que ela erra e insiste, perde a “vida” 
MUITAS�VEZES�ATÏ�SEM�CONSCIÐNCIA�DISSO��
Existem, ainda, mecanismos internos de 
regulação que acontecem sem a sua de-
terminação, como a condução elétrica 
de estímulos e a produção de hormônios 
que são liberados no sangue e interferem 
em sua resposta, que se soma à memó-
RIA�QUE�VOC�ARMAZENA�SOBRE�OS�EVENTOS��
Até a percepção dos erros nos ajuda a 
nos direcionar. A conclusão que você 
retira das informações percebidas por 
seu sistema sensorial irá formar o seu 
conhecimento do mundo, sua aprendi-
ZAGEM�� %NTRETANTO�� CONSIDERANDO� A� BA-
gagem aprendida, a percepção de um 
objeto, como um facão, por exemplo, 
representa perigo, quando associado aos 
conhecimentos que você já tem, enquan-
to uma criança pequena vê diferente de 
você o mesmo objeto e vai brincar sem 
preocupação. Espera-se que a criança 
possa ser mediada e não precise se ma-
CHUCAR�NESSA�APRENDIZAGEM��
COMO OS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS SE COM-
PORTAM DIANTE DESSE PROCESSO? QUAL SE-
RIA O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA APREN-
DIZAGEM, O DIREITO OU O ESQUERDO?
LUIZA: Diversos pesquisadores, desde o 
século XIX, perceberam diferenças fun-
cionais nos hemisférios cerebrais e pro-
CURARAM�RElNAR�A�BUSCA�PELAS�DIFEREN¥AS�
motoras e sensitivas dos hemisférios. Foi 
concluído que: o hemisfério esquerdo é 
VERBAL��USA�PALAVRAS�PARA�NOMEAR�E�DES-
CREVER	�� Ï� ANALÓTICO� �DECIFRA� POR� PARTES	��
TEMPORAL� �SE� MANTÏM� NUMA� SEQUÐNCIA�
DE�FAZER�UMA�COISA�E�DEPOIS�OUTRA	��ANA-
LÓTICO�E�ABSTRATO��DECIFRA�POR�PARTES�E�AS�
UTILIZA�PARA�REPRESENTAR�O�TODO	��ENQUAN-
to o hemisfério direito é dito “artístico”, 
sintético, emocional, não verbal e espa-
CIAL��-ENINOS�TÐM�DESEMPENHO�SUPERIOR�
ao das meninas nas atividades que en-
Na infância, existem 
períodos quase mágicos, 
em que as redes neurais 
se desenvolvem muito 
rapidamente e a 
criança aprende com 
uma rapidez incrível. 
Aprende até o que 
ninguém ensinou. Então, 
você se surpreende
As estruturas e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais e, nessa perspectiva, a 
aprendizagem pode ocorrer por meio do jogo, da brincadeira
12 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
É importante entender 
que a aprendizagem 
é um processo pessoal 
e intransferível. Em 
termos de cognição 
infantil, o importante 
é que a criança esteja 
pronta, interessada e 
possa interagir com os 
estímulos para fazer 
suas “descobertas”
no joguinho e tenta de novo, até desco-
brir que melhorou para mais um nível e 
COMEMORA�����!�APRENDIZAGEM�DA�LEITURA�
deve reconhecer esse incrível recurso 
que a informática oferece, que não se 
adequa às características escolares co-
piadas de tempos antigos, como se nada 
houvesse acontecido de novo.
VOCÊ JÁ FALOU SOBRE TÉCNICAS PARA 
UM APRENDIZADO EFETIVO E RÁPIDO. 
EXISTEM, DE FATO, ESSAS TÉCNICAS E 
QUAIS SERIAM?
LUIZA: Sem dúvida! Todos os conheci-
mentos sobre o desenvolvimento infan-
TIL�� SOBRE� O� PROCESSO� DE� APRENDIZAGEM�
precisam ser considerados para que a 
criança aprenda rapidamente e de for-
ma efetiva. É muito comum você ouvir 
QUEIXAS� DE� ADULTOS� QUE� AlRMAM� QUE� A�
criança interage com videogames com 
mais facilidade que eles, mas, na hora de 
“estudar”, a mudança é nítida e vira uma 
guerra. De fato, com muita frequência, 
ainda predomina a mesma forma de 
“estudar” que afastou tantas crianças 
da escola. Os resultados da educação 
no Brasil estão nos últimos lugares, em 
comparação com outros países do mun-
do, há muitos anos; então, está na hora 
DE� MUDAR� AS� TÏCNICASå� -EU� INTERESSE�
PELA� APRENDIZAGEM�DA� LEITURA� E� ESCRITA��
eu acho que nasceu comigo. Quando 
TERMINEI�O�ENSINO�FUNDAMENTAL��lZ�CON-
curso para a rede pública no magistério 
DO�2IO�DE�*ANEIRO�E�FUI�APROVADA��-UITO�
jovem, fui trabalhar em escolas e recebi 
CLASSES� DE� ALFABETIZA¥ÎO� COM� DIlCULDA-
DES� DE� APRENDIZAGEM� IMENSAS�� � $ESDE�
então, não parei de procurar entender 
como mudar essa realidade e acho que 
nunca vou parar de estudar essa questão, 
porque a cada momento surgem novas 
possibilidades e é essencial que elas se-
jam aproveitadas por tantas pessoas que 
guardam no coração a vontade de que 
nossas crianças tenham oportunidades, 
ainda inacessíveis, desde os primeiros 
anos da escola. As minhas descobertas 
resultaram numa integração de todas 
as pesquisas a que tive acesso, reunin-
do reconhecidos trabalhos numa ferra-
menta prática, que lançarei este ano: “A 
revolução das letras”. É um novo jeito de 
LIDAR�COM�A�ALFABETIZA¥ÎO��CONSIDERANDO�
MINHA�EXPERIÐNCIA�EM�#LÓNICA��0SICOPE-
dagogia e Psicologia Educacional, que 
me coloca em contato com necessidades 
diversas, levando-me a criar uma turma 
de super-heróis diferentes: a turma do 
&UTURO�6ERDE��VERDE�DE�ESPERAN¥A��VERDE�
DE�NATUREZA��VERDE�DE�"RASIL	��/�TRABALHO�
promove a inclusão digital e social, além 
DO�PRAZER�DE�APRENDER�
HÁ FREQUENTEMENTE UMA CONFUSÃO 
ENTRE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E 
A OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS OU DIS-
TÚRBIOS. QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS?
LUIZA:� 3ÎO� DIFEREN¥AS� QUE� FAZEM� A� DI-
FEREN¥Aå�!�DIlCULDADE�DE�APRENDIZAGEM�
se refere à presença de um obstáculo, 
uma barreira, um sintoma, que pode ser 
de origem tanto cultural quanto cogni-
tiva ou até mesmo emocional. É essen-
cial que o diagnóstico seja feito o quan-
TO�ANTES��UMA�VEZ�QUE�HÉ�CONSEQUÐNCIAS�
EM�LONGO�PRAZO��¡�INTERESSANTE�LEMBRAR�
QUE� A� DIlCULDADE� DE� APRENDIZAGEM��
PODE�� MUITAS� VEZES�� SER� RESOLVIDA� NO�
ambiente escolar, como questão psico-
pedagógica. O transtorno ou distúrbio 
DE�APRENDIZAGEM�EST�LIGADO�A�UMA�DIS-
função neurológica ou biopsicossocial. 
.ESSE�CASO��OS�PORTADORES�DO�DISTÞRBIO�DE� APRENDIZAGEM� NÎO� CONSEGUEM� AD-
quirir o conhecimento de determinadas 
matérias e devem ser encaminhados 
PARA� AVALIA¥ÎO� ESPECIALIZADA�� PARA� QUE�
AS� CRIAN¥AS� NÎO� SEJAM� PENALIZADAS� POR�
SEU�PROBLEMA��#ONCLUSÜES�COM�BASE�EM�
Quando a criança consegue decifrar as letras, ela pode ler, o que não representa uma leitura funcional, 
porque apenas repete os sons, e não aplicará esse conhecimento
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 13
A aprendizagem 
deve ser espontânea 
e a alfabetização 
precisa ser cuidadosa, 
porque é a base dos 
outros conhecimentos. 
Considero essencial 
valorizar os passos 
que a criança dá, mas 
ela precisa receber as 
informações mediadas
suposições em nada ajudam a solucio-
nar a queixa, como convencer a criança 
de que ela “tem” de se esforçar, deixar 
de ser preguiçosa, que ninguém aguenta 
MAIS�ETC��!lRMA¥ÜES�ASSIM�PREJUDICAM�
SUA�AUTOCONlAN¥A�E�ATRASAM�A�INTERVEN-
ção que ela necessita para a adoção de 
recursos adequados à singularidade de 
cada caso. Diante de dúvidas, a colabo-
ração interdisciplinar é indispensável 
para a orientação de pais e professores.
É POSSÍVEL PREVENIR ALGUM DOS PROBLE-
MAS DE APRENDIZAGEM?
LUIZA: Sim. Essa é a função de todos os 
que se dedicam ao desenvolvimento in-
fantil, em qualquer especialidade. Todas 
as crianças podem aprender, o que é um 
direito constitucional, obrigação da fa-
mília e da sociedade e dever do Estado. 
Quando se pesquisa como os indivíduos 
aprendem, quais as etapas e caminhos a 
serem percorridos ou os fatores que in-
TERFEREM�NO�APRENDIZADO��PODEM
SE�AN-
TECIPAR�PROBLEMAS�PARA�PREVENI
LOS��.ÎO�
estamos falando em alterar condições 
biológicas, o que já se tem conseguido 
em muitos casos, mas em adequar a 
situação de ensino para propiciar con-
dições de progresso às necessidades do 
aluno, sendo preciso desenvolver ferra-
mentas que atendam os comprometi-
mentos que não forem reversíveis. 
UM DESSES PROBLEMAS É A HIPERATIVI-
DADE NO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE 
ATENÇÃO. A HIPERATIVIDADE SEMPRE VEM 
ASSOCIADA À FALTA DE ATENÇÃO?
LUIZA: /�TRANSTORNO�DE�DÏlCIT�DE�ATEN-
ção envolve os sintomas de desatenção e 
hiperatividade, basicamente. Pode haver 
predomínio de desatenção, predomí-
nio de hiperatividade-impulsividade e 
apresentação combinada. O TDAH foi 
revisto para publicação da nova edição 
DO� $3-
�� E� SOFREU� ALGUMAS� PEQUENAS�
MODIlCA¥ÜES�� 0ERMANECE� A� LISTA� DE� ���
sintomas, sendo nove de desatenção, seis 
de hiperatividade e três de impulsivida-
DE��ESTES�DOIS�ÞLTIMOS�COMPUTADOS�CON-
JUNTAMENTE	� DA� EDI¥ÎO� ANTERIOR�� 4ODOS�
esses sintomas, para serem considerados 
CLINICAMENTE�SIGNIlCATIVOS��DEVEM�ESTAR�
presentes pelo menos durante seis me-
ses e serem nitidamente inconsistentes 
COM� A� IDADE� DO� INDIVÓDUO� �OU� SEJA�� SER�
muito mais desatento ou inquieto do que 
o esperado para uma determinada ida-
DE	�� $EVE� HAVER� COMPROMETIMENTO� EM�
PELO�MENOS� DUAS� ÉREAS� DIFERENTES� �CASA�
E�ESCOLA��POR�EXEMPLO	�E�OS�SINTOMAS�SÎO�
prejudiciais à adaptação e ao desempe-
nho. As mudanças tornaram possível 
FAZER�O�DIAGNØSTICO�DE�4$!(�COM�UM�
quadro de autismo, mas permanecem 
exigências de os sintomas não ocorre-
rem exclusivamente durante outro qua-
DRO� �ESQUIZOFRENIA�� POR� EXEMPLO	� E� NÎO�
serem mais bem explicados por outro 
TRANSTORNO��ANSIEDADE�OU�DEPRESSÎO��POR�
EXEMPLO	��/�NOVO�$3-
�� TRAZ�A�OP¥ÎO�
de TDAH com remissão parcial, que 
deve ser empregado naqueles casos em 
que houve diagnóstico pleno de TDAH 
ANTERIORMENTE��ISTO���DE�ACORDO�COM�TO-
DOS�OS�CRITÏRIOS	��PORÏM�COM�UM�MENOR�
número de sintomas atuais. Outra novi-
dade da quinta edição é a possibilidade 
DE�SE�CLASSIlCAR�O�4$!(�EM�LEVE��MO-
derado e grave, de acordo com o grau de 
comprometimento que causa na vida do 
indivíduo. O transtorno deve ser diag-
nosticado por um especialista clínico. 
Há pessoas com TDAH que passam a 
vida toda sem terem sido diagnosticadas 
e enfrentam uma série de problemas por 
lhes faltar a compreensão do que pre-
cisam nesse quadro neuropsicológico 
que não se limita à infância. De fato, as 
queixas dos adultos são as mesmas das 
crianças: distração, falta de concentra-
ção, baixo rendimento nas atividades, 
impulsividade, falta de persistência para 
levar as tarefas adiante.
COMO É REALIZADO O PROCESSO DE REA-
BILITAÇÃO COGNITIVA?
LUIZA: Para iniciar a reabilitação, é reco-
MENDÉVEL�CONHECER�O�PROBLEMA��#OME-
ça aí uma controvérsia, porque ainda se 
insiste tentar de “tudo” antes de buscar 
AJUDA� INTERDISCIPLINAR� OU� ESPECIALIZADA�
para avaliar a queixa. O processo de 
reabilitação dependerá da necessidade 
VERIlCADA�� MAS�� BASICAMENTE�� SE� VOLTA�
para atender as causas e reverter os re-
sultados; pode fortalecer os fatores que 
compensam as áreas comprometidas 
�NO� CASO� DE� 4$!(� PODEM� SER� DESEN-
VOLVIDOS� RECURSOS� DE� ORGANIZA¥ÎO� E� DE�
AUTOCONTROLE�� ENTRE� OUTROS	� OU� AUXILIAR�
NA� UTILIZA¥ÎO� DE� RECURSOS� QUE� POSSAM�
permitir uma adaptação satisfatória 
�RECURSOS� TECNOLØGICOS�� POR� EXEMPLO	��
3ABENDO
SE� QUE� O� CÏREBRO� Ï� mEXÓVEL� E�
que as conexões neurais se desenvolvem 
conforme haja estimulação e processa-
mento do conhecimento, a melhora da 
performance não é indicada apenas para 
comprometimento, mas também para 
aqueles que querem melhorar seu índice 
de resultados. Essa foi a intenção quan-
do procurei desenvolver uma técnica 
que me ajudasse a estimular a memória, 
que sofre uma queda na produtividade 
COM�O�AVAN¥O�DA�IDADE��#REIO�QUE�Cére-
bro e Aprendizagem: um Jeito Diferente de 
Viver, livro em que reuni pesquisas sobre 
o assunto, ajudou bastante, especialmen-
te pela proposta de brincar, em qualquer 
IDADE��.ÎO�VALE�MESMO�A�PENA�SE�RENDER�
a tensões que nos provocam diariamen-
te, não é?
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3R
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14 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
Todas as crianças podem 
aprender, o que é direito 
constitucional. Quando 
se pesquisa como os 
indivíduos aprendem, 
quais as etapas a serem 
percorridas ou os fatores 
que interferem no 
aprendizado, podem-se 
antecipar problemas 
para preveni-los
QUAIS SÃO OS DIAGNÓSTICOS QUE PO-
DEM SE BENEFICIAR COM A REABILITA-
ÇÃO COGNITIVA?
LUIZA: Todos os conhecimentos são 
úteis para compreender melhor a pessoa 
e podem auxiliá-la a planejar e a alcan-
çar os objetivos que a levarão a uma re-
ALIZA¥ÎO�PESSOAL��A�UMA�MAIOR�INTERA¥ÎO�
com o meio, encontrando satisfação e 
AUTOESTIMA��#URIOSAMENTE��PENSA
SE�QUE�
OS�PROBLEMAS� SE� LIMITAM�A�DElCIÐNCIAS��
mas as crianças bem dotadas também 
sofrem: precisam acompanhar etapas 
que já superaram e são podadas em suas 
INICIATIVAS�DE�UTILIZAR�SEU�POTENCIAL��TEN-
dendo à desadaptação, sem que se reco-
nheça a necessidade de uma orientação 
DIAGNØSTICA�QUE�OS�BENElCIE�
EM SUA OPINIÃO, QUAIS AS RELAÇÕES EN-
TRE COGNIÇÃO E LINGUAGEM?
LUIZA: A linguagem é um processo cog-
NITIVO��COMANDADO�POR�ÉREAS�ESPECÓlCAS�
do córtex cerebral em inter-relação com 
todo o cérebro. A área de Wernick, que 
se situa no centro da face lateral do he-
MISFÏRIO�ESQUERDO��DOS�DESTROS	��Ï�ADMI-
tida como essencial para todas as moda-
lidades de linguagem. Associada a essa 
ZONA�HÉ�UM�POLO�MOTOR�ANTERIOR��REGIÎO�
DE�"ROCA	��UM�POLO�POSTERIOR��PARIETO�OC-
CIPITAL	� RELACIONADO� � LEITURA� E� ESCRITA� E�
um polo parietal relacionado com a ativi-
dade gestual. A linguagem é um instru-
mento de comunicação entre as pessoas 
E�UM�ORGANIZADOR�PRIVILEGIADO�DO�PENSA-
MENTO�n��COMO�DElNO�A� LINGUAGEM�AO�
apresentar o livro Aprendizagem, Lingua-
gem e Pensamento, que reúne importantes 
autores que discutem esse tema com 
base nas teorias que o consolidam. 
EXISTEM EXERCÍCIOS INDICADOS PARA A 
CRIANÇA LER MAIS E MELHOR? VOCÊ FALA 
EM EXERCÍCIOSDE FLEXIBILIDADE NA LEI-
TURA. COMO FUNCIONAM?
LUIZA: Quando a criança consegue deci-
frar todas as letras do alfabeto, ela pode 
ler, mas isso não representa uma leitura 
funcional, porque ela apenas repete os 
SONS�� SEM� SABER� SEU� SIGNIlCADO� E� NÎO�
poderá aplicar esse conhecimento, por-
tanto, às diversas situações de sua expe-
riência. A criança pode decorar também 
algumas palavras que vê com frequência 
E�ALGUMAS�CHEGAM�A�DIZER�UM�TEXTO�IN-
teiro sem ler uma única palavra realmen-
te. A criança está se exercitando quando 
brinca de ler e escrever palavras em situ-
ações diversas, quando tenta ler palavras 
novas ou tenta escrever e ler o que lhe 
interessa. Ela aprendeu o nome dela em 
letra de forma, por exemplo, e descobre 
que pode ser escrito com letras maiús-
culas e minúsculas e que outros nomes 
também apresentam aquelas letras que 
ela conhece. Descobrir que a leitura é 
uma forma de comunicação, quando a 
criança tem oportunidade de perceber 
A�DIVERTIDA�mEXIBILIDADE�DA�LEITURA�OU�AS�
inúmeras combinações de letras que ati-
çam a curiosidade de saber mais. 
É POSSÍVEL APRENDER A ESCREVER BEM 
OU ESSA PRÁTICA É UM DOM INATO QUE SE 
MANIFESTA NA INFÂNCIA E SE CONSOLIDA 
NA IDADE ADULTA?
LUIZA: .ÎO� Ï� UM� DOMÓNIO� INATO�� POR-
que você precisa conhecer o código de 
linguagem para escrever bem; se você 
nunca tiver acesso a esse recurso, será 
impossível aprender. Quando uma pes-
soa tem uma habilidade mais destacada, 
naturalmente, ela se sente bem ao utili-
ZAR�O�DOM��SEJA�NA�ESCRITA��NA�MÞSICA��NO�
domínio da matemática ou de artes, ou 
em qualquer domínio de conhecimento 
OU� INTELIGÐNCIA�� #ONFORME� ELA� SE� DEDI-
CA�� A� CAPACIDADE� SE� DESENVOLVE� E� A� FAZ�
se sentir bem e tende a se consolidar. É 
claro que descobrir um dom inato numa 
CRIAN¥A�E�APOIÉ
LA�Ï�O�MÉXIMOå�-AS��EU�
QUERO�DIZER��QUE�TODOS�PRECISAM�DESCO-
brir seus talentos, em qualquer idade, 
mesmo quem não teve oportunidade 
quando pequeno. 
EXISTEM FORMAS DIFERENTES DE RACIO-
CINAR? QUAIS SERIAM?
LUIZA: O ser humano raciocina para re-
ALIZAR�QUALQUER�TIPO�DE�ATIVIDADE��DESDE�
as mais simples até as mais complexas. 
2ACIOCINAR��A�ATIVIDADE�MENTAL�QUE�PER-
MITE�A�ORGANIZA¥ÎO�DO�PENSAMENTO�PARA�
conseguir a conclusão de ideias, deter-
minar resultados. O raciocínio pode ser 
VERBAL��QUE�CONSISTE�NA�UTILIZA¥ÎO�DE�ELE-
mentos verbais, ou não verbal, quando 
envolve exercícios de raciocínio lógico 
com problemas matriciais, geométricos 
e aritméticos. O raciocínio espacial en-
volve a capacidade de manipular repre-
sentações mentais visuais. O raciocínio 
abstrato se refere à capacidade para 
determinar ligações abstratas entre con-
ceitos através de ideias inovadoras. Di-
versos outros tipos de raciocínio ainda 
podem ser listados, mas o importante é 
observar o foco o melhor possível, rela-
cionar as informações, arriscar proposi-
ções, analisar hipóteses, comparar, ouvir 
as pistas internas e... relaxar. O raciocí-
nio é um super-herói que não gosta de 
pressão: brinque, solte-se e ele acontece. 
O APRENDIZADO É CONSTANTE EM NOSSA 
VIDA. UMA DAS MOTIVAÇÕES, INCLUSIVE, 
FOI A DESCOBERTA SOBRE A ELASTICIDA-
DE CEREBRAL. HÁ TÉCNICAS QUE PODEM 
SER USADAS POR ADULTOS EM DESENVOL-
VIMENTO DE APRENDIZAGEM? SÃO DIFE-
RENTES DAS APLICADAS EM CRIANÇAS EM 
IDADE ESCOLAR? CASO SEJAM, POR QUÊ? IMA
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Não estamos falando em alterar condições 
biológicas, o que já se tem conseguido em muitos 
casos, mas em adequar a situação de ensino para 
propiciar condições de progresso às necessidades 
do aluno, sendo preciso desenvolver ferramentas
LUIZA: Aprender é constante, resulta 
de estar vivo e em relação com o am-
BIENTE��-ESMO� DORMINDO�� A� APRENDIZA-
gem ocorre, porque o sono consolida a 
memória e libera a consciência de crí-
ticas. Sem dúvida, saber que o cérebro 
NÎO�ESTABELECE�UM�LIMITE�DE�APRENDIZA-
gem, e até pode reativar funções cogni-
tivas que possam ter sido afetadas por 
doenças ou traumatismos, abriu um le-
que de expectativas das quais o ser hu-
mano pode usufruir. As técnicas devem 
ser diferentes, porque devem atender as 
características de cada um. Ou seja, a 
APRENDIZAGEM� NÎO� SE� LIMITA� Ì� INFÊNCIA��
embora seja um período de inestimáveis 
POSSIBILIDADES�NA�APRENDIZAGEM��/�CÏRE-
BRO��SENDO�UM�ØRGÎO�mEXÓVEL��DEVE�SEGUIR�
buscando aperfeiçoamento. Eu mesma 
acabei me voltando para a Psicologia 
Social e do Trabalho, área em que com-
PLETEI�MEU�DOUTORAMENTO��NA�530��COM�
a orientação do incrível prof. dr. Sig-
MAR�-ALVEZZI��3ABEMOS�QUE�NEM�TODOS�
têm a oportunidade de receber estímu-
LOS�ADEQUADOS�NA� INFÊNCIA� �MAS� SEMPRE�
EXISTE�A�PSICOTERAPIA	�E�ME�CONVENCI�DE�
QUE��SE�REUNIRMOS�OS�PROlSSIONAIS�QUE�SE�
DEDICAM�A�ESTUDOS�CIENTÓlCOS�DE�CONHE-
cimentos e teorias que fortalecem esse 
CAMPO�� CONSEGUIREMOS� FAZER�MAIS� PELA�
educação, promovendo mais crianças. 
Então, me voltei para os professores, psi-
CØLOGOS��FONOAUDIØLOGOS��lSIOTERAPEUTAS��
MÏDICOS�� ENlM�� PARA� AQUELES� QUE� TRA-
BALHAM��%M�VÉRIOS� LIVROS�QUE�ORGANIZEI�
tive o privilégio de ser atendida por au-
TORES�QUE�ADMIRO�E�ACEITARAM�O�DESAlO�
de melhorar as condições brasileiras de 
educação, saúde e trabalho. Escreveram 
capítulos e defenderam seus temas em 
nosso congresso interdisciplinar, que 
AGORA�FAZ����ANOS�
COMO A PSICOTERAPIA PODE CONTRIBUIR 
PARA O TRATAMENTO DE TRANSTORNOS 
MENTAIS E COGNITIVOS ENTRE OS ADO-
LESCENTES?
LUIZA: O autoconhecimento é a estra-
TÏGIA�UTILIZADA�EM�PSICOTERAPIA��#ONFOR-
me o indivíduo consegue se perceber de 
forma mais consciente, com suas fra-
QUEZAS�E�FOR¥AS��ELE�SE�TORNA�MAIS�CAPAZ�
de aceitar as pessoas e de interferir no 
mundo de forma positiva, com resulta-
dos satisfatórios, que promovem cada 
VEZ�MAIS�ESSA�INTERA¥ÎO�
DE QUE FORMA VOCÊ OBSERVA A QUES-
TÃO DA VISIBILIDADE E INVISIBILIDADE 
SOCIAL DO ADOLESCENTE NO MUNDO 
CONTEMPORÂNEO?
LUIZA: Os problemas da adolescência 
estão ganhando espaço social no mun-
do contemporâneo com avanços em sua 
visibilidade, mas há muito a caminhar e 
vencer. Frequentemente, os adolescen-
tes estão visíveis, como preocupação, e 
mais pela percepção dos problemas do 
que pelas soluções. A vulnerabilidade 
dessa etapa de vida diante da violência 
urbana, do apelo às drogas, da falta de 
PERSPECTIVAS� PROlSSIONAIS� DE� REALIZA-
ção pessoal ainda representa um desa-
lO�PARA�O�%STADO�E�A�SOCIEDADE��3ENDO�
uma fase essencial para o futuro, com 
forte impacto na sociedade e em sua 
produção, é preciso conseguir mais do 
que promover a punição de infrações e, 
também, apoiar os pais através de pro-
gramas que possam orientar os jovens 
e prevenir desvios de conduta, espe-
cialmente nas comunidades mais ca-
rentes, que contam com menos opções 
Quando a pessoa tem uma 
habilidade, naturalmente ela se 
sente bem ao utilizar o dom, 
seja na escrita, na música ou no 
domínio da matemática
16 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
DE� SUPORTE��-EDIDAS� DE� INCENTIVO� PRO-
lSSIONALIZANTE� PODEM� AJUDAR� A� OCUPAR�
o tempo e a energia dos adolescentes, 
para que invistam em retorno concreto, 
tão necessário a essa fase que se perde 
em devaneios com facilidade. Educa-
¥ÎO��SAÞDE��ESPORTE��CULTURA��ARTE�E�LAZER�
devem estar mais ao alcance dos jovens 
nas políticas públicas, apesar das re-
conhecidas conquistas. A visibilidade 
que governantes precisam ter sobre a 
adolescência é de conhecimentos que 
tragam respostas aos problemas, com 
caminhos mais seguros para lidar com 
ELES�E��PARA�ISSO��PROlSSIONAIS�PESQUISA-dores deveriam ser reunidos e ouvidos, 
para que os projetos sejam debatidos e 
acertados, buscando os aspectos que 
ainda estão invisíveis, que são as expec-
tativas dos adolescentes e suas possibili-
dades de contribuir com a sociedade: “A 
SOCIEDADE�PRECISA�SE�DISPOR�A�FAZER�MAIS�
do que críticas, ajudando a construir o 
FUTURO�DOS�NOSSOS�JOVENSv��Adolescência – 
as Contradições da Idade	�
DENTRE OS INÚMEROS DESAFIOS PARA O 
EDUCADOR DO SÉCULO XXI, CONVERSAR 
COM OS ALUNOS SOBRE SEXUALIDADE E GÊ-
NEROS SERIA UM DOS MAIORES?
LUIZA: .ÎO� DEVERIA� SER� UM� PROBLEMA�
conversar com alunos sobre sexuali-
DADE�E�GÐNEROS��!�DIlCULDADE�ESTÉ�EM�
conversar. O educador do século XXI 
acumulou inúmeras funções, confor-
me se entende cada aluno como um 
ser especial em desenvolvimento, e seu 
papel presume muito mais do que re-
PASSAR�INFORMA¥ÜES��QUE��AlNAL��PODEM�
ser obtidas por diversos meios. Os pais, 
parceiros mais do que interessados em 
compartilhar dessas tarefas, nem sem-
pre são alcançáveis. Acho que o mais 
difícil é ouvir esses alunos, que acumu-
lam conhecimentos de fontes duvidá-
veis, e responder conforme as dúvidas, 
permitindo a chance de se colocarem 
no lugar do outro para aceitar cada um, 
mas, principalmente, visando autoes-
TIMA�� VALORIZANDO� AS� PRØPRIAS� CARAC-
terísticas e sonhos, que, dessa forma, 
POSICIONAM
SE�ACIMA�DE�BULLYING��4AM-
bém é difícil para o adolescente lidar 
com seus fracassos pessoais, que acon-
tecem nas relações diárias e advêm da 
DIlCULDADE�PARA�AGIR�EM�CONFORMIDADE�
com seus valores, lembrando que, nessa 
fase, os grupos se formam e o desejo de 
SER� ACEITO� FAZ� O� JOVEM� PASSAR� AT� POR�
cima de si mesmo ou se isolar.
OUTRA QUESTÃO FUNDAMENTAL SERIA A 
RELAÇÃO DO ADOLESCENTE COM A VIO-
LÊNCIA, EXTRAPOLANDO PARA CONFLI-
TOS NA ESCOLA. COMO LIDAR COM ESSE 
PROBLEMA?
LUIZA: O estresse está presente na vida 
diária e as exigências, frequentemente, 
superam as possibilidades de o jovem 
CORRESPONDER��O�ADOLESCENTE�PODE�ABRIR�
mão de encontrar com a pessoa que 
FAZ� SEU� CORA¥ÎO� BATER�MAIS� FORTE��MAS�
NÎO�TERÉ�GARANTIAS�DE�UMA�BOA�CLASSIl-
CA¥ÎO�NUMA�PROVA	��¡�UM�MOMENTO�DE�
desenvolvimento em que os amigos do 
grupo parecem ser aqueles que podem 
compreendê-lo, o que nem sempre se 
CONCRETIZA��3ÎO�FATOS�QUE�TORNAM�A�ADO-
lescência uma fase complicada, exter-
namente, enquanto, internamente, as 
mudanças não obedecem o seu coman-
do e se evidenciam nas espinhas do 
rosto, no corpo que muda, nos pensa-
mentos que ganham o espaço. Sentir-
-se confuso, sem saber como conciliar 
desejos e práticas, aumenta o descom-
PASSO� DE� UMA� FASE� CARACTERIZADA� POR�
uma montanha-russa de emoções, que 
incluem também a agressividade. De 
repente, para aquele jovem grande, de 
CORPO�� E� AINDA� IMATURO� NAS� A¥ÜES� FAZ�
Para iniciar a 
reabilitação cognitiva 
é recomendável conhecer 
o problema. Começa 
aí uma controvérsia, 
porque ainda se insiste 
em tentar de “tudo” 
antes de buscar ajuda 
interdisciplinar ou 
especializada para 
avaliar a queixa
Na fase da adolescência, é comum a formação de grupos, pois a necessidade de ser aceito faz o jovem 
passar até por cima de si mesmo ou se isolar
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falta um direcionamento, ao seu lado, 
ACOMPANHANDO� SEU� FAZER�� SEU� QUERER�
e ajudando-o a se posicionar com su-
cesso, lidando com a inteligência emo-
cional, que se divorcia do adolescente 
nessa fase tão inexplorada. A violência 
SE�FAZ��NOSSA�VOLTA�E�SE�LIGA�A�UM�COM-
portamento social que precisa ser com-
preendido, porque ela exclui indivíduos 
da possibilidade de convívio. A escola 
TEM�A�CHANCE�DE�ACOLHER�OS�CONmITOS�E�
buscar resoluções com a família, com a 
0SICOLOGIA�OU�COM�OS�PROlSSIONAIS�QUE�
forem indicados para a resolução do 
problema, na prevenção, antes que ele 
aconteça. Ignorar a situação é empur-
rá-la para um agravamento, por isso, 
no livro Violência e Educação – a Socie-
dade Criando Alternativas, procuramos 
ouvir especialistas, que nos mostram 
que o futuro se constrói agora. 
EXISTE UMA AFIRMAÇÃO DE QUE O ADO-
LESCENTE DORME DEMAIS, SENTE MAIS 
SONO. HÁ UMA ASSOCIAÇÃO ENTRE SIN-
TOMATOLOGIA DEPRESSIVA E DISTÚRBIOS 
DO SONO NESSA FAIXA ETÁRIA?
LUIZA: .ÎO� NECESSARIAMENTE�� ¡� UMA�
fase de intenso gasto de energias, e a 
reposição ocorre justamente através 
do sono, tema que considero da maior 
importância e que não recebe a aten-
ção correspondente aos danos que sua 
falta provoca e poderiam ser evitados 
�ORGANIZEI� DOIS� LIVROS� SOBRE� O� ASSUNTO�
e tive como coorientador de doutorado 
O� PROF�� DR�� 2UBENS�2EIMÎO�� DO�'RUPO�
DE�0ESQUISA�!VAN¥ADA�EM�-EDICINA�DO�
3ONO��DO�QUAL�FA¥O�PARTE	��!S�ALTERA¥ÜES�
HORMONAIS�NA�ADOLESCÐNCIA�INmUENCIAM�
AS�MUDAN¥AS��!�MELATONINA�PRODUZIDA�
pela glândula pineal e altamente envol-
vida no ciclo do sono passa a ter seu 
pico de excreção mais tarde, atrasando 
a sensação de sono nos jovens. Sua pro-
dução também é afetada com a exposi-
¥ÎO�Ì�LUZ��O�QUE�ACONTECE��POR�EXEMPLO��
no uso de aparelhos eletrônicos antes 
de dormir, o que é quase uma norma. 
!O�LADO�DA�MUDAN¥A�lSIOLØGICA��APARE-
cem as mudanças sociais, assim como 
O processo de 
reabilitação dependerá 
da necessidade, mas 
se volta para atender 
as causas e reverter os 
resultados; pode fortalecer 
os fatores que compensam 
as áreas comprometidas 
ou auxiliar no uso de 
recursos que permitam 
adaptação satisfatória
a carga de exigências escolares, que 
contribuem para que o adolescente 
durma mais tarde, alterando o padrão 
do ciclo vigília-sono. O adolescente é 
um ser biologicamente programado 
para dormir e acordar mais tarde, sen-
do que na maior parte da manhã seu 
cérebro não está em estado de vigília. 
A duração do sono noturno desem-
penha papel importante na saúde dos 
ADOLESCENTES��TEM�IMPACTO�SIGNIlCATIVO�
em seu bem-estar físico e psicológico 
e está associada a problemas compor-
tamentais e neurocognitivos. Estudos 
têm sugerido que os adolescentes pre-
cisam de nove a nove horas e meia de 
sono por noite e, quando isso não ocor-
re, eles podem apresentar maior sono-
LÐNCIA� DIURNA�� DIlCULDADES� DE� ATEN¥ÎO�
e de concentração, baixo desempenho 
ESCOLAR�� ALÏM�DE� mUTUA¥ÜES� DO�HUMOR��
É importante pensar em práticas ade-
quadas de atividades físicas regulares, 
redução do tempo de ociosidade em 
frente ao computador e à televisão e, 
ainda, um tempo para acompanhar as 
situações que lhe provocam ansiedade 
– tudo isso ajuda a promover uma roti-
na no período noturno para que o sono 
seja satisfatório. Da mesma forma, ape-
NAS�RECLAMAR�DESSE�TRA¥O�lSIOLØGICO�SØ�
OS�FAZ�BUSCAR�DISSIMULAR�O�QUE�SENTEM��
causando uma irritação que, mesmo 
CONTROLADA��NÎO�TRAZ�OS�OBJETIVOS�DESE-
jados, que devem ser enunciados junto 
COM�OS�JOVENS��%M�-"!�EM�'ESTÎO�DE�
0ESSOAS� PODE
SE� CONlRMAR�� HOJE�� LIDE-
rança não é a capacidade de falar mais 
ALTO��3AIR�DO�CONTROLE�S�CONDUZ�AO�ES-
tresse, doença que se espalha facilmen-
te. Por isso, se tiver dúvidas, procure 
um especialista. 
O adolescente é um ser biologicamente programado para dormir e acordar mais tarde, sendo que na maior 
parte da manhã seu cérebro não está em estado de vigília
18 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
psicopositiva por Lilian Graziano
O trabalho nos desafia e, ao fazê-lo, nos 
torna seres humanos melhores. Dessa 
forma, vale dizer que uma outra implica-
ção da pergunta inicial seria a existência 
de uma conexão entre a felicidade e aqui-
lo quefazemos de nossas vidas, o que faz 
todo sentido, uma vez que somos o exato 
produto de nossas escolhas. 
O questionamento sobre a existên-
cia ou não de profissões mais felizes 
logia anacrônica que insiste em discutir 
a mais valia. É sempre bom lembrar que, 
apesar de também poder ser utilizado 
como forma de exploração, o trabalho é, 
antes de tudo, uma forma de autorreali-
zação. Além disso, às demandas geradas 
pelo mundo do trabalho devemos boa 
parte de nossas conquistas pessoais, tais 
como a disciplina, a responsabilidade, o 
convívio com o outro, a tolerância etc. 
VISTO POR MUITOS COMO FONTE DE SOFRIMENTO, 
O TRABALHO POSSUI ESTREITA LIGAÇÃO COM A FELICIDADE. 
EXISTIRIAM, ENTÃO, PROFISSÕES MAIS “FELIZES”?
D
ia desses me dirigiram uma 
pergunta interessante: Exis-
tem profissões mais felizes que 
outras? Podemos analisar essa 
pergunta de várias maneiras. Come-
cemos (é claro) pela mais otimista. Tal 
questão estabelece o pressuposto de que 
felicidade e trabalho sejam conciliáveis, o 
que por si só representa para mim um alí-
vio, acostumada que estou a uma Psico-
O que você vai ser 
quando CRESCER?
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 19
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão 
em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora 
universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, 
onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. 
graziano@psicologiapositiva.com.br
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O 
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demonstra também um crescente inte-
resse das pessoas pelo tema da satisfação 
no trabalho, o que parece corroborar 
a afirmação de Seligman de que nossa 
economia estaria mudando rapidamente 
“de uma economia de dinheiro para uma 
economia de satisfação”. O problema 
ocorre quando a opção pela satisfação 
entra em choque com a concepção vi-
gente acerca do sucesso. Reféns de uma 
educação voltada para o “ter”, crescemos 
acreditando no sucesso como prosperi-
dade financeira e, fundamentados por 
essa crença, muitas vezes nos perdemos 
na trajetória de nossas carreiras. Nesse 
sentido, ao discutir o sucesso, o psicólo-
go Viktor Frankl parece bastante atual. 
Diz ele: “O sucesso, assim como a felici-
dade, não pode ser perseguido; ele deve 
acontecer, e só tem lugar como efeito 
colateral de uma dedicação pessoal a 
uma causa maior que a pessoa, ou como 
subproduto da rendição pessoal a outro 
ser. A felicidade deve acontecer natural-
mente, e o mesmo ocorre com o suces-
so; vocês precisam deixá-lo acontecer 
não se preocupando com ele. Quero que 
vocês escutem o que a sua consciência 
diz que devem fazer e coloquem-no em 
prática da melhor maneira possível. E 
então vocês verão a longo prazo – estou 
dizendo: a longo prazo! – o sucesso vai 
persegui-los, precisamente porque vocês 
esqueceram de pensar nele”. 
É aí então que chegamos ao que cha-
mo de premissa equivocada da pergunta 
inicial sobre a possibilidade da existência 
É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE, 
APESAR DE TAMBÉM PODER SER 
UTILIZADO COMO FORMA DE EXPLORAÇÃO, 
O TRABALHO É, ANTES DE TUDO, 
UMA FORMA DE AUTORREALIZAÇÃO
de profissões mais felizes, que é a de que 
a felicidade estaria em algo externo ao 
próprio indivíduo, tal como uma profis-
são que seria mais ou menos feliz per se.
Talvez nesse ponto devamos substi-
tuir a clássica pergunta “o que você vai 
ser quando crescer?” por algo do tipo 
“como você vai ser quando crescer”? 
Isso porque, ao questionarmos nossos 
filhos sobre o que deverão ser, talvez 
estejamos lhes ensinando, equivocada 
e subliminarmente, que existem profis-
sões melhores do que outras e nos fe-
chando para o fato de que uma pessoa 
pode atingir o verdadeiro sucesso (leia-
-se felicidade) por meio de uma dezena 
de profissões diferentes, desde que por 
meio delas encontre meios de expressar 
o seu melhor, deixando no mundo a sua 
marca individual como ser humano. 
Vale lembrar também que, com o au-
mento da expectativa de vida, costuma-
-se falar hoje sobre múltiplas carreiras. 
Portanto, como você vai ser quando 
crescer? Quando partir para a segun-
da, terceira ou mesmo quarta carreira? 
Lembre-se de que se hoje para nós a 
medida do sucesso parece vir de uma 
comparação constante entre o nosso 
modelo de iphone ou de carro com o do 
nosso vizinho, acreditar na felicidade 
no trabalho como resultado da maneira 
com que nos relacionamos com ele tal-
vez nos faça enxergar que, como dizia 
Hemingway, “não há nobreza em ser 
superior ao próximo. Nobreza é ser su-
perior ao que você já foi”.
NAS BANCAS!
www.escala.com.br
20 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
psicopedagogia por Maria Irene Maluf
A EPILEPSIA 
é um problema biológico
A ESCOLA, RESPONSÁVEL PELA FORMAÇÃO DO 
CIDADÃO, PRECISA FAZER PARTE DAS INTERVENÇÕES, 
QUER NO ASPECTO PEDAGÓGICO OU NO 
SOCIOEMOCIONAL DAS CRIANÇAS QUE TÊM A DOENÇA
D
e origem grega, a palavra 
epilambanei (“surpresa”) é 
uma condição biológica, que 
revela um desequilíbrio neu-
rológico manifestado frequentemente 
na forma de crises convulsivas inespe-
radas e recorrentes, com grau variável 
de intensidade e duração. 
através de exames específ icos, e que 
a intervenção, medicamentosa ou 
cirúrgica, ofereça à grande maioria 
dos epilépticos uma condição de vida 
normal, alguns fatores decorrentes 
podem trazer prejuízos a sua vida 
escolar, mesmo se sabendo que não 
há comprometimento cognitivo asso-
A convulsão é apenas um dos sinto-
mas da doença, a qual traduz a existên-
cia ocasional de uma descarga excessiva 
e desordenada do tecido nervoso sobre 
os músculos do organismo. Não é con-
tagiosa e pode surgir em qualquer idade. 
Ainda que a conf irmação des-
se diagnóstico seja da área médica, 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 21
Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e 
Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de 
Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em 
publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de 
especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br
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ciado ao quadro, até pelo contrário: 
a maioria dos epilépticos tem funcio-
namento normal e acima da média 
(Mattos, Duchesne, 1994).
A epilepsia é comum a cerca de 
2% de nossa população, especialmen-
te na infância, já que nos primeiros 
anos de vida há mais vulnerabilida-
de para infecções do sistema nervo-
so central, e acidentes ocorrem com 
certa frequência. As crises epilépticas 
podem ser de diversos tipos, confor-
me as áreas do cérebro afetadas. Há 
crises parciais, outras generalizadas, 
assim como há as chamadas crises de 
ausência, em que não há uma evidên-
cia motora. Os sintomas da epilepsia 
variam de acordo com os neurônios 
que estão em estado de hiperexcita-
ção, e em decorrência podem surgir 
confusão temporária, ausência, mo-
vimentos musculares descoordena-
dos e completa perda da consciência. 
Quando as crises ocorrem apenas em 
parte do cérebro, elas são chamadas 
de crises convulsivas parciais, mas 
quando a hiperexcitação neuronal 
não se atém apenas a uma determi-
nada região cerebral, ocorrem crises 
convulsivas generalizadas. 
Relatos e registros têm mostrado 
que nem todo professor está apare-
lhado para agir no caso de um aluno 
ter uma crise convulsiva e, decorren-
te a esse fato, as crianças, os cole-
gas de classe também não têm esse 
conhecimento e se assustam, pois 
não fazem ideia do que ocorrecom o 
amigo em crise.
Por isso, o impacto geral é na 
maioria das vezes marcante para 
quem assiste a uma convulsão, já que 
a ideia de morte, aliada aos mitos que 
envolvem a epilepsia, ainda é grande 
na atualidade. Pode ser mesmo uma 
cena impactante se a crise for inten-
sa e a pessoa se machucar na queda. 
Embora quem tem o ataque epilépti-
co não padeça de dor f ísica, pode se 
machucar ao se debater contra uma 
superf ície rígida, pontiaguda.
Mas pior é o mal-estar do ponto 
de vista pessoal e social: epilépticos 
em geral relatam vergonha dos co-
legas, sentem-se vulneráveis a ter 
outras crises e serem objeto de pena 
e discriminação. Tornam-se crian-
ças e jovens menos sociáveis, pois 
a sua condição repercute no aspec-
to psicossocial, de relacionamento 
com meio ambiente, tanto na famí-
lia como na escola e, mais tarde, na 
vida prof issional.
A família toda precisa de orien-
tação e frequentemente essa advém 
da escola: muitos pais tornam-se su-
perprotetores, ansiosos, permissivos 
e há um importante estresse familiar 
permeando, o que aumenta o senti-
mento de inadequação, dependência, 
imaturidade do epiléptico. Além dis-
so, nesse contato do professor com 
a família, informações sobre diag-
nóstico, medicação e características 
especiais desse aluno trarão maiores 
recursos aos prof issionais, criando 
ainda condições de esclarecimento 
de base científ ica sobre o que é uma 
convulsão, o que é a epilepsia e afas-
tar tabus que rondam a doença. Por 
essa razão, é de extrema importância 
RELATOS E 
REGISTROS TÊM 
MOSTRADO QUE 
NEM TODO 
PROFESSOR ESTÁ 
APARELHADO PARA 
AGIR NO CASO DE 
UM ALUNO TER UMA 
CRISE CONVULSIVA 
NA SALA DE AULA
que os professores saibam o que fazer 
antes, durante e após a crise. 
Conhecimentos científ icos especí-
f icos sobre o assunto estão em bons 
sites na internet, em boas revistas e 
em livros de autores experientes, além 
de cursos de primeiros socorros que 
são indispensáveis para quem tem sob 
sua responsabilidade muitas crianças 
e adolescentes diariamente.
Sabe-se que mesmo entre os alu-
nos medicados e que não apresentam 
crises convulsivas típicas na escola, 
devido ao efeito de algumas dessas 
medicações e a algumas interrupções 
na frequência às aulas, podem apare-
cer prejuízos no processo de apren-
dizagem devido a uma relativa baixa 
atentiva, e de memória, um rebaixa-
mento na velocidade de processamen-
to, no desenvolvimento das funções 
da linguagem, no perceptivo motor e 
no aprendizado do cálculo (Mattos; 
Duchesne, 1994).
Se houver surgimento de uma 
eventual dif iculdade de aprendizado 
ligada à epilepsia, certamente será 
complicada por fatores de ordem 
socioemocionais e de ensino-apren-
dizagem, referente à maneira como 
a escola desenvolve a inclusão da 
criança no grupo.
É importante não apenas lembrar 
que incentivar a criança a elaborar es-
tratégias de aprendizagem adequadas 
ao seu perf il de aprendiz lhe oferece 
oportunidade de desenvolver suas ha-
bilidades cognitivas e ter sucesso na 
escola, autoconf iança e motivação. 
Mas também é preciso estar atento ao 
fato de que alunos com dif iculdades 
escolares de toda ordem precisam de 
retorno e reforço mais constante, para 
que modif iquem sua conduta no senti-
do da superação.
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NEUROPLASTICIDADE
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NEUROPLASTICIDADE
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Marineide Almeida Fernandes é psicóloga, terapeuta de casais e família, terapeuta 
EMDR, master coach, practitioner em PNL e hipnoterapeuta e ativista quântica. Site: 
marineidealmeida.com.br | Fanpage: facebook.com/PsiMarineideAlmeida | 
Instagram: @PsiMarineideAlmeida
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Site: drmiltonmoura.com | Canal no Youtube: youtube.com/DrMiltonMoura | Fanpage: 
facebook.com/AtivismoQuantico | Instagram: @DrMiltonMoura-AtivismoQuantico
Por Marineide Almeida Fernandes e Milton Cesar Ferlin Moura
Avanços tecnológicos 
proporcionam entender melhor 
o funcionamento da mente, 
especialmente em pesquisas 
realizadas pela neurociência que 
mostram que o cérebro não 
diferencia realidade da imaginação
Processos de 
SINAPSES 
IGUAIS
PPPPPPPPPPPPooooooooooorrrrrrrrrrrrrr MMMMMMMMMMMMMMMMaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrriiiiiiinnnnnnnnnnnnnneeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiddddddddddddddeeeeeeeeeeeeee AAAAAAAAAAAAAAAAllllllllllmmmmmmmmmmmmmeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiddddddddddddddaaaaaaaaaaaaa FFFFFFFFFFFFFeeeeeeeeeeeeeerrrrrrrrrrrrrrnnnnnnnnnnnnnnaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnnnndddddddddddddeeeeeeeeeeeeeessssssssssssss eeeeeeeeeeeeee MMMMMMMMMMMMMMMiiiiiiiiiilllllllllttttttttttttttooooooooooonnnnnnnnnnnnnn CCCCCCCCCCCeeeeeeeeeeeeeessssssssssssaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrr FFFFFFFFFFFFFeeeeeeeeeeeeeerrrrrrrrrrrrrrllllllllllliiiiiiiinnnnnnnnnnnnnn MMMMMMMMMMMMMMMMooooooooooouuuuuuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaPor Marineide Almeida Fernandes e Milton Cesar Ferlin Moura
AAAAAAAAAAAAvvvvvvvvvvvaaaaaaaaaannnnnnnnnnççççççççççoooooooosssssssss ttttttttttteeeeeeeeeeeccccccccccnnnnnnnnnnoooooooolllllllóóóóóóóóóógggggggggggggiiiiiiiccccccccoooooooosssssssss 
ppppppppppprrrrrrrrrroooooooopppppppppppoooooooooorrrrrrrrrrrcccccccciiiiiioooooooonnnnnnnnnnaaaaaaaaaaammmmmmmmmmm eeeeeeeeeeennnnnnnnnnttttttttttteeeeeeeeeeennnnnnnnnnddddddddddeeeeeeeeeeerrrrrrrrrr mmmmmmmmmmmeeeeeeeeeeellllllllhhhhhhhhhhhoooooooorrrrrrrrrrr 
oooooooo fffffffffffuuuuuuuuuunnnnnnnnnncccccccciiiiiiioooooooonnnnnnnnnnaaaaaaaaaammmmmmmmmmmeeeeeeeeeeennnnnnnnnntttttttttttoooooooo ddddddddddaaaaaaaaaa mmmmmmmmmmmeeeeeeeeeeennnnnnnnnntttttttttttteeeeeeeeeee,,,, 
eeeeeeeeeeessssssssspppppppppppeeeeeeeeeeeccccccccciiiiiiiaaaaaaaaaallllllllmmmmmmmmmmmeeeeeeeeeeennnnnnnnnntttttttttttteeeeeeeeeee eeeeeeeeeeemmmmmmmmmm pppppppppppeeeeeeeeeeesssssssssqqqqqqqqqquuuuuuuuuuiiiiiiisssssssssaaaaaaaaaasssssssss 
rrrrrrrrrrreeeeeeeeeeeaaaaaaaaaalllllllliiiiiiizzzzzzzzzzzaaaaaaaaaaaddddddddddaaaaaaaaaaasssssssss pppppppppppeeeeeeeeeeelllllllaaaaaaaaaaa nnnnnnnnnneeeeeeeeeeeuuuuuuuuuurrrrrrrrrrrooooooooccccccccciiiiiiiêêêêêêêêêêênnnnnnnnnnccccccccciiiiiiaaaaaaaaaaa qqqqqqqqqquuuuuuuuuueeeeeeeeeee 
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Avanços tecnológicos 
proporcionam entender melhor 
o funcionamento da mente, 
especialmente em pesquisas 
realizadas pela neurociência que 
mostram que o cérebro não 
diferencia realidade da imaginação
Processos de 
SINAPSES 
IGUAIS
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NEUROPLASTICIDADE
Em cada percepção surgem, 
simultaneamente, o sujeito que observa e o 
objeto que é observado. Como isso acontece? 
Como ocorre essa separação entre o sujeito e 
o objeto? Por meio da chamada cisão 
sujeito/objeto da observação
Em algum momento al-guém já pensou sobre o fenômeno da percep-ção? Como se perce-bem as coisas ao redor 
e no mundo externo? Todos temos 
um aparato de percepção: o cére-
bro. Ele é o responsável por colocar 
o ser humano em contato com tudo 
o que existe. É praticamente impos-
sível não se impressionar quando 
se pensa na compreensão do fenô-
meno da percepção. A cada obser-
vação, o cérebro grava o ambiente 
externo e cria uma representação 
interna. Um processo complexo e 
ainda pouco compreendido emsua 
totalidade pela neurociência. 
Em cada percepção surgem, si-
multaneamente, o sujeito que ob-
qual a mente e o cérebro interagem: 
realidade e imaginação. A mente 
pode mudar o cérebro? Essa é uma 
questão que sempre esteve pre-
sente em várias discussões. Quem 
causa quem? O cérebro, através dos 
seus processos internos de funcio-
namento dos neurônios, produz a 
mente? A mente pode causar algu-
ma mudança na estrutura física do 
cérebro? São questões importantes 
e merecem ser respondidas. Essas 
respostas permitirão uma expansão 
da própria consciência. 
Consciência e cérebro guardam 
uma íntima (inter)relação, o pro-
blema é acreditar que a consciên-
cia surge devido ao funcionamento 
do cérebro. Desde muito tempo, 
William James – um dos fundado-
res da Psicologia moderna – já pen-
sava nessa interação. Ele realizou 
experimentos pessoais com o óxido 
nítrico, ou gás hilariante, com o 
qual sentia a consciência se libertar 
do corpo. Isso o levou a questionar 
publicamente, em 1898, se o cére-
bro de fato produzia a consciência. 
Hoje, com a utilização do mape-
amento cerebral, é possível estudar 
o cérebro de forma dinâmica (es-
tudar o cérebro vivo), o que trouxe 
uma importante consequência para 
as pesquisas da consciência. O cé-
rebro não consegue diferenciar rea-
lidade de imaginação. Os processos 
de sinapses utilizados pelo cérebro 
durante a percepção de um objeto 
separado e externo são os mesmos 
usados durante a imaginação desse 
mesmo objeto, agora na percepção 
interna e particular. Isso começa 
a proporcionar um embasamento 
científ ico para todas as terapias que 
lidam com o campo sutil, sejam elas 
oficializadas por órgãos competen-
tes ou não. 
O fato de um grupo de pessoas 
apenas imaginar que está apren-
dendo determinada habilidade, 
comparado com outro grupo que IMAG
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serva e o objeto que é observado. 
Como isso acontece? Como ocorre 
essa separação entre o sujeito e o 
objeto? Por meio da chamada ci-
são sujeito/objeto da observação. 
Como surge o sujeito que observa? 
Existe a mais pura nitidez dessa se-
paração: a observação é capaz de 
produzir o “Eu” que percebe, que 
dá signif icado, que cria a realida-
de. Percepção e realidade guardam 
uma íntima correlação. E a imagi-
nação? Quando se fecham os olhos, 
o que acontece com o cérebro?
Os avanços tecnológicos de in-
vestigação do cérebro permitiram 
uma expansão na compreensão de 
seu funcionamento. Avançou-se 
muito com os estudos proporciona-
dos pela neurociência no campo no 
O cérebro coloca o ser humano em contato com tudo o que existe, ou seja, a cada observação, o 
cérebro grava o ambiente externo e cria uma representação interna
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 25
A mente pode mudar o cérebro? Essa é uma 
questão que sempre esteve presente. 
O cérebro, através dos seus processos internos 
de funcionamento dos neurônios, produz a 
mente? A mente pode causar alguma 
mudança na estrutura física do cérebro? 
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realmente está treinando mecani-
camente essa habilidade, não mos-
trou nenhuma diferença signif i-
cativa entre ambos. Esse conceito 
fez despertar e emergir o conceito 
da neuroplasticidade: a capacidade 
que todos têm de criar novos cir-
cuitos cerebrais para expressar no-
vas habilidades de nossa consciên-
cia. Ou seja, estimular a formação 
de novas sinapses em um processo 
denominado sinaptogênese, que 
é feito a cada momento diante das 
inúmeras percepções que são cap-
tadas do mundo exterior. As novas 
sinapses determinam novas redes 
neurais que, por sua vez, formarão 
novas memórias. 
Pesquisa realizada pelo médi-
co espanhol Alvaro Pascual-Leone 
observou esses aspectos, um expe-
rimento elegante e elogiado pelos 
cientistas que estudam o fenôme-
no da neuroplasticidade. Com o 
aperfeiçoamento dos equipamentos 
de mapeamento cerebral, Pascu-
al-Leone conseguiu levar adiante os 
trabalhos de Ramón y Cajal, médico 
e histologista espanhol, considerado 
o “pai da neurociência moderna”. 
A imaginação pode mudar a 
anatomia cerebral? Os detalhes do 
experimento sobre a imaginação 
foram simples e realizados com 
pessoas que nunca tinham estuda-
do piano. Foi ensinado a um grupo 
uma sequência de notas, mostran-
do-lhes quais dedos mexer e dei-
xando que ouvissem as notas à me-
dida que fossem tocadas. Ou seja, 
esse grupo estava sentado ao piano 
e fazendo os exercícios físicos. Um 
outro grupo, chamado grupo do 
exercício mental, iria apenas imagi-
nar a mesma sequência de notas por 
duas horas por dia, durante cinco 
dias. Os grupos tiveram o cérebro 
mapeado antes, durante e depois do 
experimento. Ambos os grupos fo-
ram solicitados a tocar a sequência 
aprendida e treinada enquanto um 
computador media a precisão de 
sua performance. 
Pascual-Leone concluiu que 
ambos os grupos mostraram mu-
danças semelhantes no mapa cere-
bral. O grupo do exercício mental 
produziu uma mudança física no 
sistema motor semelhante ao gru-
po que executou o exercício físi-
co. Ao f inal do quinto dia, as mu-
danças para os músculos eram as 
mesmas nos dois grupos. Durante 
o processo de imaginação, é pos-
sível promover mudanças físicas 
no cérebro, demonstrando que o 
exercício mental provoca tais mu-
danças cerebrais. Isso traz à tona 
Um dos criadores da Psicologia moderna, William 
James sempre acreditou que a consciência e o 
cérebro têm uma íntima relação de interatividade
TECNOLOGIA É UTILIZADA 
PARA ATIVAR NEURÔNIOS
 PARA SABER MAIS 
Um aparelho chamado Transcranial Magnetic Stimulation (TMS) foi utilizado pela primeira vez na Faculdade de Medicina de Harvard. Trata-
se de um dispositivo que emite uma estimulação magnética transcraniana 
capaz de impulsionar os neurônios. Pascual-Leone é o pioneiro no uso da 
TMS para ativar neurônios. Ele estudou como os pensamentos alteram o 
cérebro utilizando a TMS para observar mudanças nos mapas dos dedos 
de pessoas que aprendem a tocar piano. Podemos mudar nossa anatomia 
cerebral simplesmente usando a imaginação. Dois grupos de estudos foram 
formados, um sentado diante de um piano e executando uma sequência 
de notas com dedos específicos. Outro grupo imaginaria tocar a mesma 
sequência de notas sem estar diante do piano. Após algumas semanas de 
treinos e submetidos ao mapeamento cerebral através do TMS, observou-
se que no grupo do exercício mental o nível alcançado em performance era 
igual ao nível atingido pelo grupo do exercício físico. O cérebro não separa 
realidade de imaginação!
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NEUROPLASTICIDADE
novamente que a consciência não 
pode ser o resultado do funciona-
mento dos neurônios. Pelo contrá-
rio, a consciência deve exercer um 
papel causal. 
Mundo quântico
Será que o pensamento e o mundo quântico têm alguma relação? 
Em 1988, Amit Goswami – profes-
sor PhD de Física Quântica Teórica 
da Universidade de Oregon, nos Es-
tados Unidos – afirmou que sim. Le-
vou um bom tempo para se perceber 
a mensagem da Física Quântica: a 
matéria, assim como qualquer forma 
de energia, comporta-se como on-
das de possibilidades, em potentia. A 
Física Quântica traz para a fórmula 
da realidade o papel do observador 
até então afastado e separado. A ex-
periência da fenda dupla, idealizada 
por Tomaz Young – físico, médico 
e egiptólogo britânico, conhecido 
pela experiência que possibilitou 
a determinação do caráter ondula-
tório da luz –, sintetiza muito bem 
essa mensagem. O fenômeno da ob-
Quando se entra em contato 
com o mundo externo, tornando-
-o real, ocorre na percepção a cisão 
sujeito/objeto, ou seja, percebe-se

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