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Guia de Estudo – FÍSICA II 1 SABE – Sistema Aberto de Educação Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto Varginha - MG - 37010-540 Tele: (35) 3219-5204 - Fax - (35) 3219-5223 Instituição Credenciada pelo MEC – Portaria 4.385/05 Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS/MG Unidade de Gestão da Educação a Distância – GEaD Mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas - FEPESMIG Varginha/MG Guia de Estudo – FÍSICA II 2 532 R696g RODRIGUES, Adriano Guia de Estudo – FÍSICA II. Unid. 1-2 – Adriano Rodrigues. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2007. 53p. 1. Mecânica de Fluidos . 2. Ondas 3. Oscilações I. Título. Atualizado e Revisado em junho/2008 Guia de Estudo – FÍSICA II 3 REITOR Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola GESTOR Prof. Ms. Tomás Dias Sant’ Ana Supervisor Técnico Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza Coord. do Núcleo de Recursos Tecnológicos Profª. Simone de Paula Teodoro Moreira Coord. do Núcleo de Desenvolvimento Pedagógico Profª. Vera Lúcia Oliveira Pereira Revisão ortográfica / gramatical Profª. Maria José Dias Lopes Grandchamp Design/diagramação Prof. César dos Santos Pereira Equipe de Tecnologia Educacional Profª. Débora Cristina Francisco Barbosa Jacqueline Aparecida da Silva Prof. Lázaro Eduardo da Silva Autor ADRIANO RODRIGUES Licenciado em Matemática pela Universidade Vale do Rio Verde – UNINCOR no ano de 1996. Licenciado em Física pelo Centro Universitário de Formiga – UNIFOR-MG no ano de 1998. Especialista em Ensino de Matemática de 1º e 2º Graus pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF no ano de 1999. Mestre em Matemática e Estatística pela Universidade Vale do Rio Verde – UNINCOR no ano de 2006. Doutorando em Estatística e Experimentação Agropecuária pela Universidade Federal de Lavras – UFLA atualmente. Guia de Estudo – FÍSICA II 4 TABELA DE ÍCONES REALIZE. Determina a existência de atividade a ser realizada. Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser realizada. Fique atento a ele. PESQUISE. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação. PENSE. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento. CONCLUSÃO. Todas as conclusões, sejam de idéias, partes ou unidades do curso virão precedidas desse ícone. IMPORTANTE. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada. HIPERLINK. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou endereço de Internet. EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado. SUGESTÃO DE LEITURA. Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar. APLICAÇÃO PROFISSIONAL. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada ao que está sendo estudado. CHECKLIST ou PROCEDIMENTO. Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa. SAIBA MAIS. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. REVENDO. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. Guia de Estudo – FÍSICA II 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 7 EMENTA ..................................................................................................................... 8 AVALIAÇÃO ............................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 UNIDADE 1: OSCILAÇÕES ..................................................................................... 10 OBJETIVOS .............................................................................................................. 10 OSCILAÇÕES .......................................................................................................... 10 Período e freqüência................................................................................................. 12 O pêndulo simples .................................................................................................... 16 Energia no MHS ....................................................................................................... 18 Movimento Harmônico Amortecido ........................................................................... 20 Ressonância ............................................................................................................. 22 UNIDADE 2: ONDAS ............................................................................................... 25 OBJETIVOS .............................................................................................................. 25 ONDAS MECÂNICAS UNIDIMENSIONAIS .............................................................. 25 Diferença de Fase..................................................................................................... 25 Ondas Transversais .................................................................................................. 26 Polarização de uma Onda Transversal ..................................................................... 27 Ondas Longitudinais ................................................................................................. 27 ELEMENTOS DE UMA ONDA ................................................................................. 29 Equação da Onda ..................................................................................................... 30 Princípio de Superposição ........................................................................................ 32 Ondas Estacionárias ................................................................................................. 33 SOM E ACÚSTICA ................................................................................................... 35 Velocidade das Ondas Sonoras ............................................................................... 36 ONDAS SONORAS HARMÔNICAS ......................................................................... 37 ONDAS EM TRÊS DIMENSÕES – INTENSIDADE .................................................. 39 Guia de Estudo – FÍSICA II 6 INTENSIDADE SONORA E NÍVEL DE INTENSIDADE ............................................ 40 REFLEXÃO, REFRAÇÃO E DIFRAÇÃO .................................................................. 43 EFEITO DOPPLER ................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 56 Guia de Estudo – FÍSICA II 7 APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), A disciplina FísicaII abordará temas relevantes para o seu processo de formação tais como Oscilações, Ondas, Acústica, Hidrostática e Termodinâmica. Estes assuntos serão tratados de uma forma bastante didática, procurando sempre relacioná-los ao nosso cotidiano. Este Guia de Estudos apresenta textos cuidadosamente selecionados, bem como exemplos de aplicação e exercícios para fixação, proporcionando uma auto- aprendizagem complementada por atividades e discussões propostas no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Após ler a teoria e estudar os exemplos apresentados, sugerimos que realize as atividades propostas, sempre recorrendo à ajuda do professor quando necessário. Desde já, desejamos sucesso, não só nesta disciplina, mas em todo o curso. Um grande abraço, Profº. Ms. Adriano Rodrigues e Equipe GEaD – Unidade de Gestão em Educação a Distância-UNIS/MG Guia de Estudo – FÍSICA II 8 EMENTA A ementa desta disciplina é a seguinte: Oscilações: Movimento Periódico, Movimento Harmônico Simples e Pêndulos; Ondas: Ondas Mecânicas, Interferência, Modos Normais, Som e Audição; Mecânica dos Fluidos: Densidade, Pressão, Princípio de Arquimedes e Princípio de Pascal; Termodinâmica: Temperatura e a Lei Zero, Escalas de Temperatura, Dilatação Térmica, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica, Teoria Cinética dos Gases, Gases Ideais, Expansões Térmicas, Entropia e Segunda Lei da Termodinâmica, Máquinas Térmicas; Gravitação (Opcional). AVALIAÇÃO Você será avaliado no decorrer do curso por meio de atividades e provas que ocorrerão da seguinte forma: Avaliação a Distância: (Etapa I) Serão 45 (quarenta e cinco) pontos distribuídos para a produção e a interação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem. Essa produção e essa interação envolverão análise e aplicação de conhecimentos mostrados através das participações nas atividades previstas no Fórum, Chat, Portfólio e auto-avaliação. Avaliação Presencial: (Etapa 2) Totalizará 55 (cinqüenta e cinco) pontos. Será realizada de acordo com o calendário divulgado e exigirá a aplicação prática do conteúdo trabalhado durante o desenvolvimento da disciplina. Guia de Estudo – FÍSICA II 9 INTRODUÇÃO O objetivo principal desta disciplina é desenvolver o senso crítico, de modo a colaborar para uma formação científica adequada aos professores que lecionarão Física para a educação básica. Neste guia de estudos, abordaremos inicialmente, nas Unidades 1 e 2, os fenômenos oscilatórios, abordando temas como movimento harmônico simples, pêndulos simples, as ondas e fenômenos ondulatórios e a acústica. Posteriormente, na Unidade 3, trataremos da Mecânica dos Fluidos, estudando tópicos como densidade, pressão, Teoremas de Pascal e de Arquimedes. Finalmente na Unidade 4 estudaremos a Termodinâmica e Máquinas Térmicas. A Gravitação Universal é colocada como um tópico especial. Desejamos que você aproveite o máximo desta disciplina e, desde já, colocamo-nos à disposição para facilitar sua aprendizagem. Guia de Estudo – FÍSICA II 10 UNIDADE 1: OSCILAÇÕES OBJETIVOS Entender os movimentos periódicos, procurando relacioná-los com fatos do cotidiano; Aplicar corretamente as equações dos movimentos periódicos para resolver situações-problema. A palavra física tem sua origem no termo grego physiké, que significa “natureza”. Quando nos referimos a este termo, temos que pensar na palavra episteme, também de origem grega, significando “conhecimento”. Portanto, podemos definir Física como a ciência que estuda a natureza. OSCILAÇÕES Qualquer movimento que se repete em intervalos de tempos iguais constitui um movimento periódico. Como exemplos de movimentos periódicos temos: a) pêndulo simples; b) um corpo preso a uma mola oscilante; c) uma corda de violino; d) um pistão no cilindro de uma máquina, etc. Se a partícula em movimento periódico se movimenta para diante e para trás, na mesma trajetória, seu movimento é denominado oscilatório ou vibratório. Muitos corpos oscilantes não se movem para diante e para trás entre limites precisamente definidos devido às forças de atrito que dissipam a energia do movimento, como, por exemplo, o movimento de um pêndulo que logo deixa de balançar. Como será visto, o movimento periódico de uma partícula pode ser expresso em função de senos e co-senos, razão pela qual ele é denominado também movimento harmônico, uma vez que estas funções são chamadas de funções harmônicas. Guia de Estudo – FÍSICA II 11 Um sistema típico que exibe movimento harmônico simples é o constituído por um corpo preso a uma mola, como ilustrado na figura seguinte: Nesta figura, o corpo está ligado a uma mola sobre uma superfície sem atrito. O deslocamento x é medido em relação à posição de equilíbrio. O deslocamento pode ser positivo ou negativo, conforme a mola seja esticada ou comprimida em relação ao seu comprimento natural. No equilíbrio, a força da mola sobre o corpo é nula. Quando o corpo for deslocado x em relação à posição de equilíbrio, a mola exerce uma força Kx , conforme a lei de Hooke: KxF )1( O sinal negativo na lei de Hooke é devido ao fato de a força ser sempre dirigida em oposição à direção do deslocamento. Combinando a equação )1( com a 2ª Lei de Newton, temos: dt xd mmaKxFx 2 ou x m K dt xd a 2 2 )2( . A aceleração é proporcional ao deslocamento e tem direção oposta a este deslocamento. Condição do movimento harmônico simples Sempre que a aceleração de um corpo for proporcional ao deslocamento e tiver direção oposta ao deslocamento, o corpo se move em movimento harmônico simples. Não apenas os sistemas mecânicos podem oscilar. As ondas de rádio, as microondas e a luz visível resultam de campos elétricos e magnéticos oscilantes. Guia de Estudo – FÍSICA II 12 Período e freqüência Se deslocarmos um corpo de sua posição de equilíbrio e o libertamos depois, o corpo oscila em torno da posição de equilíbrio. O período T de um movimento harmônico é o tempo necessário para que a partícula móvel percorra uma vez a trajetória fechada, isto é, para completar uma oscilação ou ciclo. A unidade de período no SI (Sistema Internacional) é o segundo (s). A freqüência f do movimento é o número de oscilações (ou ciclos) realizadas por unidade de tempo. Ela é igual, portanto, ao inverso do período, isto é )3( A unidade de freqüência no SI é o hertz (símbolo Hz), ou ciclos/s. Pode-se registrar, experimentalmente, o deslocamento x de um corpo oscilante em função do tempo t , obtendo-se uma curva senoidal, como na figura a seguir: A equação desta curva é O deslocamento máximo em relação ao equilíbrio é a amplitude A. O argumento da função co-seno é a fase do movimento, t , e a constante é a constante de fase. Durante um ciclo completo do movimento, a fase aumenta de 2 . No final do ciclo, o corpo está na posição original e tem a mesma velocidade que tinha ao iniciar o ciclo. Podemos determinar o período T pelo fato de a fase, no instante Tt , ser exatamente igual a 2 mais a fase no instante t, obtendo: )4( T f 1 )cos( tAx 2 TGuia de Estudo – FÍSICA II 13 Pela equação (3), obtemos a freqüência: )5( A constante f 2 é a freqüência angular. Sua unidade é radiano por segundo. A constante de fase depende da origem dos tempos 0t . Se escolhermos 0t quando ax , a constante de fase é nula e tAx cos . Fazendo 0t na equação )4( encontramos a expressão para a posição inicial cos0 Ax )7( A primeira derivada de x em relação ao tempo dá a velocidade v : )8( Derivando a velocidade (equação 8) em relação ao tempo, consegue-se a aceleração do corpo: )cos(2 2 2 tA dt xd dt dv a que é equivalente a )9( 2 1 T f )(. tsenA dt dx v xa 2 Guia de Estudo – FÍSICA II 14 A freqüência e o período de um corpo oscilando, preso a uma mola, estão, então, relacionados à constante da mola K e à massa de m por )10( )11( Por este resultado, podemos ver que, quando K for grande, como é o caso com uma mola rígida, a freqüência será grande. Analogamente, se a massa do corpo oscilante for grande, a freqüência será pequena. Uma partícula tem o deslocamento x dado por 6 2cos3,0 tx , onde x está em metros e t em segundos. (a) Qual a freqüência, o período, a amplitude, a freqüência angular e a constante de fase do movimento? (b) Onde está a partícula em st 1 ? (c) Achar a velocidade e a aceleração em qualquer instante. (d) Achar a posição inicial e a velocidade inicial da partícula Solução: (a) Ao comparar esta equação com a equação )4( , vemos que a amplitude é mA 3,0 , a freqüência angular é srad /2 e a constante de fase é rad 6 . A freqüência será Hzf 318,0 14,3.2 2 2 . O período é s f T 14,3 1 . (b) Em st 1 , a posição da partícula é mx 245,0 6 )1(2cos3,0 . m K f 2 1 2 K m f T 2 1 Guia de Estudo – FÍSICA II 15 (c) A velocidade se obtém por 6 26,0 )2( 6 23,0 tsen dt td tsen dt dx v . Para obter a aceleração, basta derivar outra vez 6 2cos2,1 )2( 6 2cos6,0 t dt td t dt dv a . (d) Para encontrarmos a posição inicial e a velocidade inicial da partícula, basta fazer t = 0 nas expressões de x e de v. Assim, mx 260,0 6 cos3,00 e smsenv /300,0 6 6,00 . Um bloco de massa 0,1kg, fixo a uma mola, realiza MHS em torno da posição O, na ausência de forças dissipativas. Determine o período de oscilação, considerando K = 10N/m. Solução: O período de oscilação é dado por K m T 2 , portanto, 10 1 .2 10 1,0 2 T sT 5 . Guia de Estudo – FÍSICA II 16 O pêndulo simples O pêndulo simples consiste de uma partícula de massa m suspensa por um fio sem massa e inextensível de comprimento L. Afastada da posição de equilíbrio, sobre a linha vertical que passa pelo ponto de suspensão, e abandonada, a partícula oscila. Para pequenas amplitudes, a partícula descreve um MHS. Ignorando a resistência do ar, as forças que atuam sobre a partícula são a força peso, exercida pela Terra, e a tensão, exercida pelo fio (ver figura). Na direção do movimento atua a componente do peso cujo módulo vale mg sen . A partícula do pêndulo descreve um arco de circunferência. Mas, se a amplitude do movimento é muito menor que o comprimento do fio, ou seja, se o ângulo é pequeno, podemos aproximar o arco por um segmento de reta horizontal sobre o qual fixamos o eixo X, com origem O onde a vertical tirada do ponto de suspensão do pêndulo corta esse eixo. Então, fazendo sen x/L, o módulo da força resultante sobre a partícula fica: x L mg xF )( . O sinal negativo aparece porque a força resultante aponta na mesma direção que aquela escolhida como positiva para o eixo X quando a elongação é negativa e na direção oposta quando a elongação é positiva. Podemos ver que, no caso de ângulos suficientemente pequenos para que a aproximação sen seja válida, a aceleração é proporcional ao deslocamento. Então, o movimento do pêndulo é aproximadamente harmônico simples quando os deslocamentos forem pequenos. Por outro lado, o módulo da força que atua sobre a partícula em MHS é dado genericamente por F = Cx com C = m2, de modo que o período fica dado pela fórmula 2 T . Comparando esta expressão para a força com aquela obtida para o pêndulo simples, temos L mg C e daí, L g 2 e: Guia de Estudo – FÍSICA II 17 g L T 2 Observe que o período é independente da massa suspensa. Um pêndulo simples de comprimento 10 cm realiza um MHS num local onde g = 10m/s2. Qual é: a) o período dessa oscilação? b) o período de oscilação se ele for levado para um local onde a gravidade é o quádruplo da terrestre. Solução: (a) Sendo L = 10 cm = 0,1m e g = 10 m/s2, da expressão do período do pêndulo simples temos que: 10 1 .2 10 1,0 22 g L T sT 5 . (b) Sendo g’ = 4g, temos g’ = 40 m/s2. A expressão do novo período é dada por: 20 1 .2 40 1,0 2 ' 2' g L T sT 10 ' . Com o uso de um pêndulo simples, podemos determinar o valor da aceleração gravitacional local. Tomando um pêndulo simples de 1 m de comprimento, por exemplo, e medindo o tempo t levado para que ele complete 10 oscilações, temos: 222 )t/(m948.3t/20)m1(T/2Lg . e se t = 20 s, por exemplo, vem: 22 s/m87,9)s20/(m948.3g . Guia de Estudo – FÍSICA II 18 Um modo de aumentar a precisão do experimento é aumentar o número de oscilações para a medida do tempo t, de modo que qualquer imprecisão nesta medida tenha seu efeito no cálculo de g reduzido na mesma proporção. Além do pêndulo simples, que estudamos detalhadamente, existem ainda outros tipos de pêndulo, como o Pêndulo Físico, o Pêndulo de Torção e o Pêndulo Cônico. Faça uma pesquisa sobre esses pêndulos, usando, para isso, a bibliografia de referência no final do guia. Energia no MHS Para estudar a energia do oscilador harmônico, vamos tomar como exemplo o sistema corpo-mola. A energia cinética do sistema está no corpo de massa m. A mola não tem energia cinética porque é uma mola ideal, isto é, além de obedecer à lei de Hooke, tem massa nula. Por outro lado, tomando o nível de referência para a energia potencial gravitacional na altura do centro de gravidade do corpo de massa m, a energia potencial gravitacional do sistema é nula. Mas existe uma energia potencial elástica, associada e localizada na mola. Levando em conta que a energia potencial elástica é dada por EP = ½ kx 2 e que, para um oscilador harmônico, x (t) = A cos t, temos: tcoskAE 22 2 1 P , e levando em conta que EC = ½ mv 2, que, paraum oscilador harmônico, v (t) = A sen t, e que para o sistema corpo-mola k = m2, temos: tsenkAE 22 2 1 C . E como sen2 t + cos2 t = 1, a energia (mecânica) total do sistema corpo- mola, E = EP + EC, fica: 2 2 1 kAE . Guia de Estudo – FÍSICA II 19 Observe que a energia total não depende do tempo, ou seja, é constante. A figura a seguir mostra os gráficos de EP, EC e E em função de t, para um intervalo de tempo correspondente a um período do movimento. A partir daí, os gráficos se repetem periodicamente. A figura ao lado mostra algumas configurações do sistema. As linhas verticais são para referência: linha 1, mola comprimida e corpo parado, linha 2, mola com seu comprimento de equilíbrio e corpo com velocidade máxima e linha 3, mola distendida e corpo parado. As flechas indicam o módulo e o sentido da velocidade nas configurações correspondentes. Em t = 0 (configuração A), o sistema se encontra na configuração correspondente à mola comprimida com uma elongação x = A e o corpo parado: 2 2 1 P kAEE e 0EC . Então (configuração B), o corpo é acelerado pela força que a mola exerce sobre ele, a energia potencial da mola diminui enquanto que a energia cinética do corpo aumenta. Em t = /2 (configuração C), o sistema alcança a configuração em que a mola tem elongação nula e a velocidade do corpo é máxima: 0EP e 2 2 1 C kAEE . Assim (configuração D), o corpo é desacelerado pela força que a mola exerce sobre ele, sua energia cinética diminui enquanto que a energia potencial da mola aumenta. Em t = / (configuração E), o sistema alcança a configuração em que a elongação da mola vale x = A e o corpo está parado: 2 2 1 P kAEE e 0EC . Guia de Estudo – FÍSICA II 20 De t = / até t = 2/ = T (configurações F, G, H e A), o movimento se repete com o corpo se deslocando em sentido contrário. Em t = 2/ = T, o sistema alcança a mesma configuração que em t = 0. Daí por diante, o movimento se repete periódica e indefinidamente. Se existe atrito no sistema, uma parte da energia total é dissipada a cada oscilação e o movimento do corpo é amortecido. Para que o movimento não seja amortecido, isto é, para que a energia mecânica seja constante, deve então existir uma fonte externa que forneça energia para o sistema. Para o pêndulo simples, a discussão é completamente análoga e, escolhendo-se o nível de referência para a energia potencial gravitacional na altura em que se encontra a partícula que faz parte do pêndulo simples quando este se encontra na vertical, a discussão se torna idêntica. Assim, por exemplo, na configuração em que x = A, a energia cinética da partícula é nula e a energia potencial gravitacional do sistema partícula-Terra é máxima e igual à energia total; na configuração em que x = 0, a energia cinética da partícula é máxima e igual à energia total e a energia potencial gravitacional do sistema partícula-Terra é nula; e na configuração em que x = A, a energia cinética da partícula é nula e a energia potencial gravitacional do sistema partícula-Terra é máxima e igual à energia total. Nas configurações intermediárias, a partícula está acelerada ou desacelerada, conforme o caso, tendo então energia cinética não nula e diferente da energia total, de modo que o sistema partícula-Terra tem certa energia potencial também não nula. No sistema corpo-mola, a energia cinética, quando existe, está localizada no corpo, e a energia potencial (elástica), quando existe, está localizada na mola. No pêndulo simples, a energia cinética, quando existe, está localizada na partícula que faz parte do pêndulo, mas a energia potencial está distribuída entre as partes que constituem o sistema partícula-Terra, já que depende da massa da partícula, da massa da Terra e da distância relativa entre elas. Movimento Harmônico Amortecido Até agora supusemos que nenhuma força de atrito atuasse no oscilador. Se tal suposição fosse completamente certa, um pêndulo ou um peso em uma mola oscilariam indefinidamente. Em realidade, a amplitude da oscilação, devido ao atrito, decresce gradualmente até anular-se. O movimento diz-se amortecido por atrito e denomina-se movimento harmônico amortecido. Freqüentemente, o atrito provém da resistência do ar ou de forças internas. O módulo da força de atrito usualmente depende da velocidade; em muitos casos de interesse ela é proporcional à velocidade do corpo, embora de sentido oposto. Um exemplo de oscilador amortecido está mostrado na figura a seguir. Um disco é ligado à massa m e mergulhado em um fluido que exerce nele a força amortecedora dt dx b . A força restauradora elástica é kx . Guia de Estudo – FÍSICA II 21 Outro exemplo típico dessa situação é a porta dos saloons dos filmes de bang-bang. Quando alguém passa pela porta ela inicia a oscilação com uma grande amplitude, que vai diminuindo com o tempo. A equação de movimento do oscilador harmônico simples amortecido obtém- se aplicando a segunda lei do movimento, maF , em que F é a resultante da força restauradora kx e da força amortecedora dt dx b , sendo b uma constante positiva. Obtem-se maF , ou 2 2 dt xd m dt dx bkx ou ainda, 0 2 2 kx dt dx b dt xd m Se b for pequeno, a solução dessa equação diferencial (dada sem prova) é a seguinte: )'cos(2 tAex m bt , (I) sendo 2 2 '2' m b m k v (II) Na figura a seguir, representa-se o deslocamento x como função do tempo t , para um movimento oscilatório de pequeno amortecimento. Guia de Estudo – FÍSICA II 22 A interpretação dessa solução é a seguinte. Em primeiro lugar, a freqüência é menor e o período maior quando existe atrito, que diminui o movimento, como era de se esperar. Se não houvesse atrito, b seria nulo e ' igualaria m k ou , a freqüência angular do movimento não amortecido. Existindo atrito, ' é menor que . Em segundo lugar, a amplitude do movimento decresce gradualmente, até anular-se. O intervalo de tempo durante o qual a amplitude reduz-se a e 1 de seu valor inicial denomina-se vida média da oscilação. O fator de amplitude é mbtAe 2 , portanto, b m2 . Mais ainda, se não houvesse atrito, b seria nulo e a amplitude teria o valor constante A ; a vida média seria infinita. Se a força de atrito for suficientemente grande, b aumenta a ponto de a equação (I) não ser mais solução da equação de movimento. O movimento deixará então de ser periódico; o corpo simplesmente retorna à sua posição de equilíbrio, quando largado na posição de deslocamento inicial A. No movimento harmônico amortecido a energia do oscilador é gradualmente dissipada pelo atrito, anulando-se com o tempo. Ressonância Quando a freqüência com que um agente externo perturba um corpo é igual à freqüência própria (ou uma das freqüências próprias) de vibração ou de oscilação do corpo, este passa a oscilar com amplitude cada vez maior. Este fenômeno é o que se chama de ressonância. Se o agente externo perturba continuamente o corpo com o qual está em ressonância, a amplitude das vibrações ou oscilações pode ficar extraordinariamente grande a ponto de destruir o corpo, desde que as forças de resistência ou de dissipação sejam pequenas. Além disso, o fluxode energia do agente externo para o corpo é máximo quando eles estão em ressonância. Guia de Estudo – FÍSICA II 23 Um exemplo de ressonância mais ligado ao cotidiano é aquele de uma criança andando de balanço. Ao andar de balanço, a criança encolhe as pernas quando ela e o balanço se movem para trás e estica-as, quando ela e o balanço se movem para frente. Se a freqüência do movimento das pernas da criança é igual à freqüência própria do pêndulo constituído por ela e o balanço, a amplitude das oscilações aumenta cada vez mais. Outro exemplo de ressonância é a ponte de Tacoma Narrows (figura abaixo). Em 1º de julho de 1940 a ponte em Puget Sound, em Washington, foi completada e entregue ao tráfego. Exatamente quatro meses depois, uma brisa suave fez a ponte oscilar até que o vão principal rompeu-se, soltando-se dos cabos e caindo na água. O vento produzira uma força resultante que flutuava com a freqüência natural da estrutura, que entrou em ressonância. Houve um aumento contínuo de amplitude, até que a ponte foi destruída. Muitas outras pontes, posteriormente, tiveram de ser reprojetadas, a fim de se tornarem aerodinamicamente estáveis. 1. Por que em algumas máquinas usam-se dispositivos amortecedores? Dar um exemplo. 2. Dar alguns exemplos de fenômenos comuns em que a ressonância desempenha papel importante. Um corpo de 3kg está preso numa mola que oscila com amplitude de 4cm e o período de 2s. (a) Qual a energia total? (b) Qual a velocidade escalar máxima do corpo? Guia de Estudo – FÍSICA II 24 Solução: (a) A constante da mola K está relacionada ao período por K m T 2 , de modo que 2 2)2( T m K . Assim, mN s kg K /6,29 4 )3)(4( 2 2 . A energia total é, portanto 22 )04,0)(6,29( 2 1 2 1 KAEtotal JxEtotal 21037,2 . (b) Vamos usar a energia total para achar a velocidade máxima. Quando a velocidade for máxima, a energia potencial é nula e a energia total é a energia cinética: max 2 2 1 mvEtotal max 22 .3. 2 1 1037,2 vx smv /126,0 . Caro (a) aluno (a), neste momento, é hora de realizar atividades sobre esta unidade. As atividades serão colocadas no ambiente pelo professor, devendo, você, realizá-las e publicá-las. Guia de Estudo – FÍSICA II 25 UNIDADE 2: ONDAS OBJETIVOS reconhecer os movimentos ondulatórios como periódicos; aplicar as equações da ondulatória; identificar os fenômenos ondulatórios; entender a acústica e ondas sonoras para resolver problemas aplicados. ONDAS MECÂNICAS UNIDIMENSIONAIS Onda mecânica é um distúrbio que se propaga através de um meio elástico. Não existe transporte de matéria, e sim de energia pela onda. Se cada ponto do meio elástico executa um MHS, a onda é dita harmônica. Diferença de Fase Para discutir o conceito de diferença de fase, consideremos duas partículas, A e B, com movimentos circulares uniformes idênticos. Em t = 0, a partícula A ocupava a posição Po (Figura). As partículas estão separadas por uma distância 2R/4, medida sobre a trajetória comum de raio R. Esta distância corresponde a um ângulo de /2 entre os segmentos de reta que unem as partículas ao centro da trajetória ou a um intervalo de tempo /2. Dizemos que entre os dois movimentos circulares uniformes das partículas A e B existe uma diferença de fase = /2 radianos. Guia de Estudo – FÍSICA II 26 Por outro lado, o movimento harmônico simples pode ser visto como a projeção ortogonal do movimento circular uniforme sobre qualquer diâmetro (ou qualquer reta paralela a qualquer diâmetro) da circunferência que constitui a trajetória da partícula. Assim, os movimentos circulares uniformes das partículas A e B, projetados ortogonalmente sobre as retas verticais DD’ e EE’, respectivamente, constituem os movimentos harmônicos simples das partículas A’ e B’. Observando os respectivos gráficos das elongações em função de t, vemos que a diferença de fase entre os movimentos circulares uniformes e, agora, entre os movimentos harmônicos simples, aparece como um deslocamento de um gráfico em relação ao outro ao longo do eixo t, deslocamento este dado por = /2 radianos. A equação horária de movimento para uma partícula em MHS é: )t(cosA)t(x . Aqui, o argumento (t + ) é chamado fase, com sendo a fase inicial já que dá a posição da partícula em t = 0. No exemplo discutido, = 0 para a partícula A’ e = /2 para a partícula B’, de modo que as respectivas equações horárias ficam: tcosR)t(xA e )2/t(cosR)t(xB . Discutimos o conceito de diferença de fase considerando o exemplo de dois movimentos com uma diferença de fase de /2 radianos. De modo geral, os movimentos podem ter qualquer diferença de fase. Ondas Transversais Se os pontos do meio pelo qual passa uma onda oscilam numa direção perpendicular à direção de propagação da onda, esta é chamada de onda transversal. A figura ao lado representa as posições de onze pontos de um meio elástico em três instantes de tempo sucessivos: t, t + t e t + 2t. Observe que o movimento de um ponto qualquer tem sempre uma diferença de fase negativa em relação ao movimento do ponto adjacente a sua direita e que é justamente isso que torna o movimento coletivo uma onda transversal que se propaga para a direita. Se a diferença de fase fosse positiva, a onda se propagaria na direção oposta. Guia de Estudo – FÍSICA II 27 A onda gerada numa corda horizontal pelo movimento para cima e para baixo da mão que segura uma de suas extremidades é um exemplo de onda transversal. Outro exemplo de onda transversal, só que não mecânica, é a onda eletromagnética, na qual os campos elétrico e magnético oscilam perpendicularmente um ao outro e à direção de propagação da onda. Polarização de uma Onda Transversal A direção do movimento das partículas do meio, quando por ele passa uma onda transversal, é perpendicular à direção de propagação da onda. Mas existem infinitas direções que são perpendiculares à direção de propagação da onda. Caso as partículas do meio se movimentem sempre na mesma direção, ou seja, caso a onda permaneça sempre no mesmo plano, dizemos que ela é linearmente polarizada. Qualquer onda transversal pode ser considerada como combinação de duas ondas linearmente polarizadas em direções perpendiculares. Se os deslocamentos das partículas do meio, têm todos o mesmo módulo, mas direções diferentes, de modo que a onda tenha forma helicoidal, dizemos que a onda é polarizada circularmente. Nesse caso, cada partícula do meio descreve uma circunferência em torno da reta que passa pelos pontos de equilíbrio das partículas do meio. Ondas Longitudinais Se os pontos do meio, pelos quais passa uma onda, oscilam numa direção paralela à direção de propagação da onda, esta é chamada de onda longitudinal. A figura abaixo representa, na horizontal, as posições de treze pontos de um meio elástico em onze instantes de tempo sucessivos: t0 = t, t1 = t + t, t2 = t + 2t, ...t10 = t + 10t. Os pontos de equilíbrio dos movimentos harmônicos das partículas do meio estão sobre as linhas verticais, e as linhas curvas servem para explicitar esses movimentos. Observe, em particular, a segunda partícula do meio, que oscila ao redor do ponto de equilíbrio sobre a linha tracejada e cujaselongações estão representadas pelas flechas. Observe, também, que as distâncias relativas entre o primeiro, o segundo e o terceiro pontos no instante t são as mesmas que Guia de Estudo – FÍSICA II 28 entre o segundo, o terceiro e o quarto pontos em t + t, e assim por diante, mostrando que a onda se propaga para a direita. O movimento de qualquer ponto tem sempre uma diferença de fase negativa em relação ao movimento do ponto adjacente a sua direita e é justamente isso que torna o movimento coletivo uma onda longitudinal que se propaga para a direita. A onda gerada numa mola, golpeando ritmicamente uma de suas extremidades na direção do seu eixo (Fig. (a)), é uma onda longitudinal. Uma onda sonora no ar, gerada pelo movimento de vai e vem da membrana de um alto-falante (Fig. (b)), e uma onda sonora em um sólido qualquer, gerada golpeando-se ritmicamente qualquer região dele, são outros exemplos de ondas mecânicas longitudinais. As ondas do mar são, ao mesmo tempo, transversais e longitudinais. Cada partícula da água descreve um movimento circular ou elíptico que pode ser considerado como a superposição de dois movimentos harmônicos simples de mesma freqüência, um na horizontal e outro na vertical. A onda pode, assim, ser considerada como a superposição de duas ondas, uma longitudinal e outra transversal, com uma diferença de fase de /2 rad, com amplitudes diferentes. Para diferenciar ondas longitudinais e transversais você pode acessar o site: http://www.kettering.edu/~drussell/Demos/waves/wavemotion.html e assistir animações destes dois tipos de ondas. Guia de Estudo – FÍSICA II 29 ELEMENTOS DE UMA ONDA O padrão espacial, que caracteriza a forma da onda, se desloca para a direita à medida que o tempo passa, com uma velocidade dada por v = d/t. O período de oscilação de um ponto qualquer do meio, ou seja, o intervalo de tempo levado para realizar exatamente uma oscilação, é igual ao período da onda. A distância percorrida pela onda durante um dos seus períodos é o que se chama de comprimento de onda. Assim, representado por T o período e por o comprimento de onda, a velocidade de propagação da onda pode ser escrita: T/v . De modo análogo, a freqüência do MHS associado a cada ponto do meio elástico pelo qual se propaga a onda é, também, a freqüência da onda, ou seja, o número de comprimentos de onda contidos dentro da distância percorrida pela onda na unidade de tempo. Assim, representada por f a freqüência da onda, temos: T/12/f , e definindo o número de onda, representado por k, pela expressão k = 2/, a velocidade de propagação da onda pode ser escrita: k/fv A velocidade de propagação de uma onda é constante em um dado meio e é determinada apenas pelas propriedades físicas e pelo estado desse meio. Portanto, ondas mecânicas com freqüências ou comprimentos de onda diferentes se propagam, no mesmo meio, com velocidades iguais. Como v = f, uma onda com uma dada freqüência só pode ter um único comprimento de onda. Se a freqüência é grande, o comprimento de onda é pequeno e vice-versa. Isso possibilita caracterizar as ondas mecânicas em um meio tanto pela freqüência quanto pelo comprimento de onda. Por outro lado, a freqüência é característica da fonte emissora da onda. Assim, ao passar de um meio para outro, a freqüência de uma onda não muda. Como f = v/ e como a velocidade de propagação da onda muda quando essa passa de um meio para outro, já que é função das propriedades físicas e do estado do meio, muda também o comprimento de onda. Isso faz com que se possa caracterizar apenas pela freqüência uma onda que muda de meio. Guia de Estudo – FÍSICA II 30 A figura a seguir ilustra uma onda mecânica que se propaga numa velocidade 3,0m/s. Qual é a sua freqüência? Solução: Aos pontos mais altos da onda, damos o nome de cristas e aos pontos mais baixos, vales. A distância entre duas cristas (ou vales) consecutivas corresponde ao comprimento de onda ( ). Nesta figura, temos a distância 0,60m representada indicando a distância entre duas cristas que não são consecutivas. Logo, m30,0 2 60,0 . Assim, pela equação fv . , temos Hz v f 10 30,0 3 . Equação da Onda Para estabelecer a equação da onda, vamos tomar uma onda transversal que se propaga na direção do eixo X e no mesmo sentido desse eixo, com velocidade de módulo v (ver figura abaixo). O padrão espacial da onda se desloca no espaço com o passar do tempo. Na figura, representamos a onda no instante de tempo considerado como inicial (t = 0) e num instante posterior genérico (t 0). Como estamos estudando ondas harmônicas, em qualquer instante de tempo, o padrão espacial da onda é dado por uma Guia de Estudo – FÍSICA II 31 função harmônica (seno ou cosseno). Assim, para t = 0: kxsenA)0t,x(y onde A representa a amplitude da onda, , o comprimento de onda e k = 2/, o número de onda. No argumento da função seno, aparece a variável x multiplicada por k pela própria definição do seno como função periódica (e da onda como fenômeno periódico no espaço). Por isso, devemos ter y (x + ,t = 0) = y (x,t = 0) que, usando a expressão acima, fica A sen (kx + k) = A sen kx. Essa expressão é uma identidade trigonométrica porque k = 2. Tomando os pontos x’ e x tal que x x’ = vt, ou seja, tal que x x’ representa a distância percorrida pela onda durante o intervalo de tempo t, temos: )0t,'x(y)t,x(y ou: )0t,vtx(y)t,x(y , e usando a expressão acima para y(x,t = 0) com v = /k vem: )tkx(senA)t,x(y . Nesta equação está implícita a condição y = 0 para x = 0 e t = 0, o que não é necessário para uma onda arbitrária. A equação geral da onda que se propaga sobre o eixo X no mesmo sentido que aquele considerado positivo para esse eixo é: )tkx(senA)t,x(y onde é chamada fase inicial. Fazendo v v na demonstração acima, obtemos a equação da onda que se propaga em sentido contrário àquele considerado positivo para o eixo X: )tkx(senA)t,x(y . Observe que tomando = 0 e x = /k na primeira equação geral da onda, obtemos y (/k,t) = A sen ( t), e levando em conta que sen ( ) = sen , temos que y (/k,t) = A sen t. Esta é a equação de movimento de uma partícula em MHS com elongação nula em t = 0. Assim, a partícula do meio pelo qual passa a onda, na Guia de Estudo – FÍSICA II 32 posição x = /k, é um oscilador harmônico. O mesmo cálculo pode ser feito para outra posição, levando a conclusão de que a partícula correspondente tem, também ela, um MHS, mas com uma diferença de fase em relação ao MHS da primeira partícula. Isso já era de se esperar já que estamos considerando ondas harmônicas. Embora a discussão acima tenha sido baseada nas ondas transversais por questões didáticas, as fórmulas obtidas valem também para as ondas longitudinais. A função de onda de uma onda harmônica numa corda é )5,32,2(03,0),( txsentxy onde y e x estão em metros e t está em segundos. Achar a amplitude, o comprimento de onda, a freqüência, o período e a velocidade da onda. Solução: Comparando esta função de onda com a equação geral da onda, podemos ver que a amplitude é A = 0,03m, o número de onda é K = 2,2m-1 e a freqüência angular é 15,3 s . Então o comprimento de onda é m K 86,22 e o período é sT 80,1 2 . A velocidade da onda é, portanto, sm s m T fv /59,1 80,1 86,2 . . Princípio de Superposição Duas ou mais ondas podem se cruzar na mesma região do espaço, movendo- se independentemente. Então, o deslocamento de qualquer partícula do meio em um dado instante é a soma vetorial dos deslocamentos que seriam produzidos pelas ondas individualmente. Este constitui o princípio de superposição e ele só vale para ondas em meios elásticos, onde as forças de restauração são proporcionais às deformações. Inversamente, qualquer movimento ondulatório pode ser analisado como combinação de movimentos ondulatórios simples (harmônicos, por exemplo). Os efeitos físicos associados à superposição de duas ou mais ondas são chamados de interferência. Como exemplo, consideremos duas ondas de mesma direção e sentido, com freqüências, amplitudes e velocidades iguais, uma atrasada em relação à outra: )tkx(senA)t,x(y1 e )tkx(senA)t,x(y2 . Guia de Estudo – FÍSICA II 33 Em um instante de tempo qualquer (t fixo), y1 e y2 representam duas ondas separadas por uma distância / k sobre o eixo X (Fig.(a)). Numa dada posição (x fixo), y1 e y2 representam dois movimentos harmônicos simples defasados por um intervalo de tempo / . A onda resultante da superposição de y1 e y2 é dada por: )]tkx(sen)tkx(sen[Ayy 21 , e pela fórmula trigonométrica sen A + sen B = 2 sen[ ½ (A + B)] cos [½ (A B)], temos: )2/tkx(sen]2/cosA2[yy 21 . A onda resultante tem a mesma freqüência angular que y1 e y2. Mas a amplitude, agora, é dada pelo fator 2A cos / 2. Para = 0, temos y1 = y2, a amplitude da onda resultante vale 2A (Fig.(b)) e dizemos que existe interferência construtiva entre y1 e y2 (condição de máximo). Para = temos y1 = y2, a amplitude da onda resultante vale zero (Fig.(c)) e dizemos que existe interferência destrutiva entre y1 e y2 (condição de mínimo). De modo geral, pode haver interferência entre ondas com quaisquer freqüências e/ou amplitudes e com qualquer diferença de fase. Ondas Estacionárias Consideremos uma corda ao longo do eixo X, com uma das extremidades fixa em x = 0, ao longo da qual se propaga uma onda transversal no sentido contrário àquele tomado como positivo para o Guia de Estudo – FÍSICA II 34 eixo. Ao alcançar o ponto 0, a onda é refletida, propagando-se no sentido contrário (ver figura). As ondas incidente e refletida são descritas, respectivamente, pelas expressões: )tkx(senA)t,x(yI e )tkx(sen'A)t,x(yR . O movimento de qualquer partícula da corda é o resultado da superposição das duas ondas: )t,x(y)t,x(y)t,x(y RI ou )tkx(sen'A)tkx(senA)t,x(y . Como a partícula da corda em x = 0 permanece em repouso, y (0,t) = 0 para qualquer t. Usando a propriedade sen ( ) = sen , temos que 0 = A sen t A’ sen t = (A A’) sen t e daí, A = A’, ou seja, as ondas incidente e refletida têm a mesma amplitude e uma diferença de fase de rad uma em relação à outra. E como sen A sen B = 2 sen [ ½ (A B)] cos [½ (A + B)], temos: tcoskxsenA2)t,x(y . Como as fases (kx + t) e (kx t) não aparecem em y(x,t), a expressão acima não descreve uma onda viajante mas o que se chama de onda estacionária. Observe que todas as partículas da corda descrevem movimentos harmônicos simples de mesma freqüência [y ~ cos t] e que a amplitude de cada movimento [2A sen kx] depende da posição da partícula em questão. A amplitude da onda estacionária é nula para kx = n onde n = 0, 1, 2, ... Como k = 2/, podemos escrever: )2/(nx . Os pontos dados por essa expressão são chamados nós. Dois nós consecutivos estão separados por uma distância /2. O comprimento de onda é determinado pela freqüência e pela velocidade de propagação, pela fórmula = v/f. Se em x = L a corda tem a outra extremidade fixa, y (L,t) = 0 para qualquer t. Então, 0 = 2A sen kL cos t, ou seja, sen kL = 0, kL = n’ onde n’ = 1, 2, 3, ... e: ,n/L2 . Essa expressão dá os comprimentos de onda das ondas estacionárias possíveis na corda. Correspondentemente, as freqüências possíveis são dadas por: Guia de Estudo – FÍSICA II 35 )L2/v(nf , , e as posições dos nós, por: ,n/nLx com n = 0, 1, 2, ... n’. Nas figuras a, b e c, estão representadas as formas de uma corda com ondas estacionárias para n’ = 1 [ = 2L, dois nós (n = 0 e n = 1), um em cada extremidade fixa], n’ = 2 [ = L, três nós (n = 0, n = 1 e n = 2)] e n’ = 3 [ = 2L/3, quatro nós (n = 0, n = 1, n = 2 e n = 3)], respectivamente, em cinco instantes de tempo sucessivos. As flechas indicam a direção instantânea do movimento da corda. Podem existir ondas estacionárias com qualquer número de nós. Uma corda está esticada entre dois suportes fixos, separados por 1m, e a tensão da corda ajustada até sua freqüência fundamental ser 440Hz. Qual a velocidade das ondas transversais nesta corda? Solução: Pela condição de onda estacionária, o comprimento de onda do primeiro harmônico é mL 22 . Então a velocidade da onda é smxfv /8804402. . SOM E ACÚSTICA As ondas sonoras são ondas longitudinais de compressão e de rarefação num gás, ou num líquido, ou num sólido. São provocadas quando um corpo – um diapasão ou uma corda de violino – vibra e acarreta uma perturbação da densidade Guia de Estudo – FÍSICA II 36 de um meio. A perturbação é propagada no meio graças às interações moleculares. A vibração das moléculas ocorre na direção de propagação da onda. Como no caso das ondas numa corda, apenas a perturbação se propaga; as moléculas apenas vibram, para frente e para trás, em torno das respectivas posições de equilíbrio. Velocidade das Ondas Sonoras A velocidade das ondas sonoras, como a velocidade das ondas em cordas, depende das propriedades do meio. No caso de ondas sonoras num fluido como o ar, ou como a água, a velocidade v é dada por B v onde é a densidade do meio em equilíbrio e B é o módulo de compressibilidade. Nas ondas sonoras num gás, como o ar, o módulo de compressibilidade é proporcional à pressão que, por sua vez, é proporcional à densidade e à temperatura absoluta do gás T. Podemos mostrar que a equação anterior é equivalente a M RT v Nesta equação, T é a temperatura absoluta medida em Kelvin (K), que está relacionada à temperatura Celsius Ct por 273 CtT . A constante R é a constante universal dos gases que tem o valor KmolJR ./314,8 . A constante M é a massa molecular do gás (ou seja, a massa de um mol do gás), que para o ar é molKgxM /1029 3 , Guia de Estudo – FÍSICA II 37 e é uma constante que depende da espécie do gás e tem o valor 1,4 para o ar. Calcular a velocidade do som no ar a (a) 0ºC e (b) 20ºC. Solução: (a) A temperatura absoluta correspondente à temperatura Celsius 0ºC é KtT C 2732730273 . A velocidade do som a 0ºC é, portanto, sm molKgx KKmolJ M RT v /331 /1029 )273)(./31,8)(4,1( 3 . (b) A fim de achar a velocidade a 20ºC = 293K, observamos que a velocidade do som é proporcional à raiz quadrada da temperatura absoluta. O seu valora 293K, 293v , está então relacionado ao seu valor a 273K, 273v , por 273 293 273 293 v v ou smsmv /343)/331( 273 293 . ONDAS SONORAS HARMÔNICAS As ondas sonoras harmônicas podem ser geradas por uma fonte que vibra com um movimento harmônico simples, como um diapasão, ou um alto-falante excitado por um oscilador de áudio. A fonte vibratória provoca a oscilação das moléculas de ar que estão nas suas vizinhanças, e essas moléculas se movem com um movimento harmônico simples em torno das posições de equilíbrio. Estas moléculas colidem com as moléculas que estão um pouco mais afastadas e provocam também a oscilação destas moléculas, e assim se propaga a onda sonora. O deslocamento das moléculas ),( txs pode ser escrito Guia de Estudo – FÍSICA II 38 )(),( 0 tKxsenstxs onde 0s é o deslocamento máximo de uma molécula de gás em relação à sua posição de equilíbrio, K é o número de onda 2 K , e é a freqüência angular T f 2 2 . Como ocorre com todas as ondas harmônicas, a velocidade da onda é igual à freqüência vezes o comprimento de onda: K fv . O ouvido humano pode perceber sons dentro de uma faixa de freqüência que vai de 20Hz a 20.000Hz (embora muitas pessoas tenham audição muito limitada acima de 15.000Hz). Se a velocidade do som no ar for de 340 m/s, quais são os comprimentos de onda que correspondem a estas freqüências extremas? Solução: Se a velocidade do som no ar for 340 m/s, o comprimento de onda correspondente à freqüência audível mais baixa é m Hz sm f v 17 20 /340 , e a correspondente à freqüência audível mais alta é cm Hz sm f v 7,1 000.20 /340 . Guia de Estudo – FÍSICA II 39 ONDAS EM TRÊS DIMENSÕES – INTENSIDADE O movimento de um conjunto de frentes de onda pode ser indicado pelos raios, que são retas perpendiculares às frentes de onda (ver figura). No caso de ondas circulares, ou de ondas esféricas, os raios são retas radiais. Se uma fonte puntiforme emite uniformemente ondas em todas as direções, a energia a uma distância r da fonte estará uniformemente distribuída sobre uma superfície esférica de raio r e área 24 r . Se P for a potência emitida pela fonte, a potência por unidade de área à distância r da fonte será 24/ rP . A potência média por unidade de área, perpendicular à direção de propagação, é a intensidade: A P I m . As unidades da intensidade são watt por metro quadrado. A uma distância r da fonte puntiforme, a intensidade é 24 r P I m . A intensidade de uma onda tridimensional varia inversamente com o quadrado da distância à fonte puntiforme. Há uma relação simples entre a intensidade de uma onda e a energia por unidade de volume no meio por onde passa a onda. Consideremos a onda esférica que atingiu a distância 1r (ver figura). O volume no interior da esfera de raio 1r contém energia em virtude de as partículas, nesta região, estarem oscilando com movimento harmônico simples. A região externa da região 1r não contém energia, pois a onda ainda não atingiu esta região. Depois de um curto intervalo de tempo t , a onda se move para além de 1r e Guia de Estudo – FÍSICA II 40 percorre uma pequena distância tvr . A energia total no meio aumenta pela energia na casca esférica de área superficial A, espessura tv e volume tAvv . A energia adicional na casca esférica é tAvvE , onde é a energia média por unidade de volume na casca que agora passou a ter energia. A taxa de aumento de energia é a potência injetada na casca esférica. A fonte dessa energia é a energia gerada no centro da esfera de onde a onda está sendo irradiada. Então, a potência média incidente é Av t E Pm , e a intensidade da onda é v A P I m . Assim, a intensidade é igual ao produto da velocidade da onda v pela energia média por unidade de volume . Esse resultado vale para todas as ondas. O ouvido humano pode perceber uma extensa faixa de intensidade de ondas sonoras, desde cerca de 10-12 W/m2 (que se toma usualmente como limiar da audição) até cerca de 1 W/m2 (que provoca a sensação de dor na maioria das pessoas). As variações de pressão que correspondem a estas intensidades extremas vão desde 3 x 10-5 Pa para o limiar da audição até 30Pa no limiar doloroso. INTENSIDADE SONORA E NÍVEL DE INTENSIDADE Em virtude da enorme faixa de intensidade a que o ouvido é sensível e também em virtude de a sensação psicológica da intensidade sonora não variar diretamente com a intensidade, mas, com melhor aproximação, com o logaritmo da intensidade, usa-se uma escala logarítmica para descrever o nível de intensidade de uma onda sonora. O nível de intensidade medido em decibéis (dB) se define por Guia de Estudo – FÍSICA II 41 0 log10 I I onde I é a intensidade do som, e 0I é um nível de referência, que tomaremos como o do limiar da audição: 212 0 /10 mWI . Neste caso, o limiar da audição é dB I I 0log10 0 0 , e o limiar de audição dolorosa é dB12010log10 10 1 log10 12 12 . Então, a faixa de intensidade sonora vai de 212 /10 mW até 2/1 mW , o que corresponde a uma faixa de níveis de intensidade de 0 dB até 120dB. Na tabela abaixo, estão os níveis de intensidade de algumas fontes sonoras comuns. Guia de Estudo – FÍSICA II 42 Um cachorro, ao ladrar, emite cerca de 10-3 W de potência. (a) Se esta potência estiver uniformemente distribuída em todas as direções, qual o nível de intensidade a uma distância de 5 m? (b) Qual seria o nível de intensidade de dois cachorros latindo em uníssono, cada qual emitindo 10-3 W de potência? Solução: (a) A intensidade a uma distância de 5m é a potência dividida pela área: 26 2 3 /1018,3 )5(4 10 4 mWx m W r P I . O nível de intensidade a esta distância é: 12 6 0 10 1018,3 log10log10 x I I )1018,3log(10 6x )10log18,3(log10 6 = 10(0,50+6) = 65,0dB. (b) Se forem dois os cachorros latindo, ao mesmo tempo, a intensidade será duas vezes maior, ou seja, 2526 /1036,6)/1018,3(2 mWxmWxxI . Então 0/ II será 6 0 1036,6 x I I , e o nível de intensidade será dBx 0,68)1036,6log(10 6 . Podemos ver, por este exemplo, que se a intensidade for duplicada, o nível de intensidade aumentará 3 dB. Um absorvedor de som atenua 30 dB do nível sonoro. Qual o fator pelo qual a intensidade diminui? Guia de Estudo – FÍSICA II 43 Solução: Pela tabela das intensidades e nível de intensidade de alguns ruídos, podemos ver que para cada 10dB de diminuição no nível de intensidade, a intensidade diminui por um fator de 10. Então, uma queda de 30 dB corresponde a uma diminuição da intensidade por um fator de 103 = 1000. A sensação de sonoridade depende da freqüência e também da intensidade do som. A figura ao lado é um gráfico do nível de intensidade contra a freqüênciapara sons de igual sonoridade ao ouvido humano. Nesta figura, a freqüência está plotada numa escala logarítmica a fim de cobrir o largo intervalo de freqüência que vai de 20 Hz até 10 KHz. A curva mais baixa corresponde ao limiar de audição de pessoas com o ouvido muito sensível. Podemos ver que o limiar da audição é 0 dB a 1KHz, mas cerca de 50 dB a 60 Hz. Aproximadamente 1% da população tem esse limiar da audição muito baixo. A segunda curva de baixo para cima, é uma curva de limiar de audição mais típica, que vale para cerca de 50% da população. A curva superior assinala o limiar da audição dolorosa. Esta curva não varia tanto com a freqüência, como as curvas que estão mais embaixo. Observa-se nesse gráfico, que o ouvido humano é mais sensível a cerca de 4 KHz, para todos os níveis de intensidade. REFLEXÃO, REFRAÇÃO E DIFRAÇÃO Na propagação do som, observam-se os fenômenos gerais da propagação ondulatória. Dada sua natureza longitudinal, o som não pode ser polarizado; sofre, entretanto, os demais fenômenos, a saber: difração, reflexão, refração, interferência e efeito Doppler. DIFRAÇÃO A difração depende do comprimento de onda; é a propriedade que a onda apresenta em contornar (devido ao modelo de fontes secundárias, posto na teoria da ondulatória, no princípio de Huyghens) os obstáculos que encontra durante sua propagação. Como o comprimento de onda () das ondas sonoras é bastante grande (enorme, em relação ao comprimento de onda da luz), a difração sonora é intensa. Guia de Estudo – FÍSICA II 44 REFLEXÃO A reflexão de uma onda é seu retorno ao meio de origem após incidir em outro meio. A freqüência f da onda refletida é igual à da onda incidente e o valor v da velocidade de propagação também é igual para ambas. Consequentemente, o comprimento de onda também se mantém após a reflexão. Leis da Reflexão Na figura a seguir temos uma superfície refletora na qual uma onda incide e sofre reflexão. Nesta figura, temos: RI : raio incidente RR: raio refletido N: reta normal (perpendicular) à superfície refletora, passando pelo ponto de incidência i. i: ângulo de incidência (é o ângulo entre RI e N) r: ângulo de reflexão (é o ângulo entre RR e N) 1ª. Lei: RI, RR e N são coplanares. 2ª. Lei: i = r Reflexão de Ondas em Superfícies Líquidas Para as ondas bidimensionais, os princípios gerais da reflexão de ondas continuam válidos. O estudo se simplifica se analisarmos o comportamento dos raios de onda, em vez das frentes de onda. Na figura abaixo, mostra-se esta simplificação. Guia de Estudo – FÍSICA II 45 Reflexão de Ondas Transversais em Cordas Quando a reflexão se dá numa extremidade fixa, ocorre inversão de fase: Esta inversão de fase explica-se pelo Princípio da Ação e Reação. Ao atingir a parede (extremidade fixa), o pulso agiu neste ponto com a força F , tendendo a produzir um deslocamento para cima. A parede reagiu com a mesma intensidade, porém de sentido oposto F , que age sobre a corda, produzindo a onda refletida invertida. Guia de Estudo – FÍSICA II 46 Quando a reflexão se dá numa extremidade livre, não ocorre inversão de fase: Neste caso, quando o pulso chega no anel, por este ser leve e estar livre, não reage sobre a corda, comportando-se como qualquer ponto da corda, o anel sobe e desce, e o pulso retorna à corda (reflete) sem inverter-se e, com velocidade v. Ocorre, portanto, uma reflexão sem inversão de fase quando a extremidade for livre. Reflexão do Som: Eco e Reverberação Consideremos uma pessoa diante de uma parede. Quando a pessoa grita, ela ouve dois sons: um ao gritar e outro que chega a ela após sofrer reflexão na parede. Se este último demorar mais de 0,1s para ir até a parede e voltar à pessoa, ele será ouvido separado do primeiro: é o eco. Se demorar menos que 0,1s será percebido como uma continuação do primeiro: é a reverberação. A reverberação atrapalha o entendimento de conversas, e a audição musical. Por isso, os auditórios são projetados de modo que suas paredes absorvam intensamente o som, reduzindo as reflexões. Consideremos que o som propaga-se no ar a 340 m/s, em 0,1s ele percorrerá 34m. Portanto, para se perceber o eco, a parede deve estar a mais de 17m da pessoa. Quando recebemos um som, a sensação sonora persiste em nós por aproximadamente 0,1s. A esse fenômeno dá-se o nome de persistência acústica. Quando o som, propagando-se num meio (ar, por exemplo), incide num outro meio mais rígido (uma parede, por exemplo), sofre reflexão com inversão de fase. Guia de Estudo – FÍSICA II 47 REFRAÇÃO A refração é a passagem de uma onda de um determinado meio para outro de características diferentes, sempre ocorrendo com isso uma alteração do valor da velocidade de propagação da onda. Um fato extremamente importante na refração é que a freqüência da onda refratada é igual à da onda incidente. Suponhamos, por exemplo, uma emissora de rádio transmitindo ondas que se propagam pelo ar com freqüência de 89 MHz. Se essas ondas penetrarem na água (refração), a freqüência delas continuará igual a 89 MHz. Assim, se um banhista mergulhar com um rádio (protegido) sintonizado nessa emissora, ele continuará ouvindo a mesma emissora. Lembrando da expressão fv . e sabendo que f não se altera e que v se altera, concluímos que o comprimento de onda também se altera na refração. Sempre que ocorre refração, na fronteira entre os meios ocorre também uma reflexão parcial da onda incidente. Leis da refração Na figura ao lado, N é uma reta normal à fronteira F entre os dois meios 1 e 2. Ondas periódicas (ondas retas, por exemplo) propagando-se no meio 1 com velocidade v1 incidem na fronteira F e penetram no meio 2, onde passam a se propagar com velocidade v2. Notemos que v2 é menor que v1. De fato, à medida que uma frente de onda atravessa a fronteira, a parte que passa para o meio 2 se atrasa em relação à parte que ainda está se propagando no meio 1: isso explica o desvio da onda. Notemos também que 2 é menor que 1 , o que está de acordo com a expressão fv . , pois v2 é menor que v1 e f é constante. 1ª. Lei: Os raios incidente e refratado e a reta normal N que passa pelo ponto de incidência são coplanares. Guia de Estudo – FÍSICA II 48 2ª. Lei (Lei de Snell) Na figura temos: 1 : ângulo de incidência – é o ângulo entre o raio incidente e N ou entre a frente de onda incidente e F 2 : ângulo de refração – é o ângulo entre o raio refratado e N ou entre a frente de onda refratada e F A lei de Snell é expressa por: 2 1 2 1 2 1 v v sen sen . Para provar essa lei, observemos a figura acima. No mesmo intervalo de tempo t em que a onda se desloca 1S no meio 1, ela se desloca 2S no meio 2. Lembrando que t S v e, portanto tvS . , temos: No triângulo destacado no meio 1: AB tv sen AB S sen .1 1 1 1 (I) No triângulo destacado no meio 2: AB tv sen AB S sen .2 2 2 2 (II) Dividindo, membro a membro, a expressão (I) pela expressão (II), temos: 2 1 2 1 v v sen sen Então: 2 1 2 1 2 1 2 1 . . f f v v sen sen Refração de Ondas Transversais na Fronteira entre DuasCordas Esticadas Consideremos duas cordas homogêneas A e B interligadas. Suponhamos que a densidade linear da corda B seja maior que a da corda A: isso significa que a corda B possui mais massa que a corda A numa mesma unidade de comprimento (em 1 cm, por exemplo). Quando uma onda transversal incide na fronteira entre elas, ocorre refração e reflexão, havendo dois casos a considerar: Guia de Estudo – FÍSICA II 49 Na figura 1 temos a onda incidente dirigindo-se da corda de menor para a corda de maior densidade linear: a onda refratada está em fase com a onda incidente; a onda refletida está em oposição de fase em relação à onda incidente. Na figura 2 temos a onda incidente dirigindo-se da corda de maior para a de menor densidade linear: a onda refratada está em fase com a onda incidente; a onda refletida também está em fase com a incidente. Luz de freqüência f = 6,00.1014 Hz propagando-se no ar (meio 1) passa a se propagar num bloco de vidro (meio 2). Sendo v1 = 3,00 . 108 m/s e v2 = 2,13.10 8m/s as velocidades dessa luz no ar e no vidro, respectivamente: a) calcule o comprimento de onda da luz incidente; b) qual a freqüência, a velocidade e o comprimento de onda da luz refletida? c) qual o freqüência e o comprimento de onda da luz refratada. Solução: a) fv .11 14 1 8 10.6.10.3 m71 10.00,5 b) A freqüência não se altera, pois é característica exclusiva da luz utilizada. A velocidade de propagação e o comprimento de onda também não se alteram, porque o meio de propagação não mudou. c) A freqüência não se altera: Hzf 1410.00,6 . mfv 72 14 2 8 22 10.55,310.6.10.13,2. Guia de Estudo – FÍSICA II 50 INTERFERÊNCIA Quando duas ondas se propagam através de um meio, elas podem se encontrar numa dada região. Observa-se que, quando duas ondas se encontram elas agem independentemente uma das outras e continuam a se propagar posteriormente como se a outra não existisse, conservando características que possuíam inicialmente. No ponto em que as ondas se superpõem, os seus efeitos se superpõem dando origem ao fenômeno da INTERFERÊNCIA. Consideremos duas ondas de mesma amplitude se propagando numa corda na mesma direção e sentidos opostos. A amplitude de oscilação no ponto de encontro é a soma algébrica das amplitudes de cada onda agindo isoladamente. Assim, quando duas cristas (ou dois vales) se encontram, seus efeitos se somam; o efeito de uma onda é reforçado pelo efeito de outra. Esse fenômeno é chamado de interferência construtiva. Interferência construtiva: no encontro dos pulsos, há um reforço do efeito produzido pelas ondas. Mas, se uma crista e um vale de mesma amplitude se encontram, o efeito de uma onda é compensado pelo efeito de outra onda na região de encontro e, portanto, não há oscilação naquela região. Esse fenômeno é chamado de interferência destrutiva. Guia de Estudo – FÍSICA II 51 Interferência destrutiva: no encontro dos pulsos há um enfraquecimento do efeito produzido pelas ondas (um completo aniquilamento, se as amplitudes forem iguais e de sinal contrário). Dois pulsos propagam-se numa corda flexível, superpondo-se no ponto P. Determine: a) a amplitude do pulso resultante no instante da superposição b) qual a configuração da corda após a superposição. Solução: a) O pulso da esquerda apresenta amplitude +1cm e o da direita -5cm. O pulso resultante no ponto P é dado pelo princípio da superposição: a = a1 + a2 a = +1 + (-5) a = -4cm b) Após a superposição, os pulsos originais se reconstituem e seguem sua trajetória independentemente um do outro. Assim, a configuração seria: Guia de Estudo – FÍSICA II 52 EFEITO DOPPLER O efeito Doppler é a conseqüência do movimento relativo entre o observador e a fonte sonora, o que determina uma modificação aparente na altura do som recebido pelo observador. Quando um se move em direção ao outro, a freqüência observada é maior que a freqüência da fonte; quando os dois se afastam, a freqüência observada é menor que a freqüência da fonte. Exemplo comum deste efeito é o da mudança da altura de uma buzina de carro quando o carro está se aproximando ou afastando. Consideremos inicialmente o caso de uma fonte em movimento. Neste caso, as ondas na frente da fonte estão comprimidas, de modo que as frentes de onda estão mais próximas do que estariam no caso da emissão por uma fonte estacionária, enquanto atrás da fonte as frentes de onda estão mais afastadas. Podemos calcular o comprimento de onda na frente da fonte f e o comprimento da fonte atrás da fonte a como segue. Seja 0f a freqüência da fonte. Num certo intervalo de tempo, t a fonte emite um número de ondas N dado por tfN 0 . A primeira frente de onda desloca-se à distância tv , enquanto a fonte se desloca tuS , onde Su é a velocidade da fonte em relação ao meio. Uma vez que as N ondas emitidas estão contidas na distância tuv S )( , o comprimento de onda na frente da fonte se calcula pela divisão desta distância por N: tf tuv N tuv SS f 0 )()( ou v u f v f uv SS f 1 00 . Atrás da fonte, as N ondas ocupam a distância tuv S )( , e então o comprimento de onda atrás da fonte é v u f v f uv SS a 1 00 . A velocidade v das ondas depende somente das propriedades do meio e não do movimento da fonte. No caso de uma fonte que se aproxima do receptor, a freqüência 'f que as ondas passam por um meio em repouso em relação ao meio é, então, vu fv f Sf /1 0' Guia de Estudo – FÍSICA II 53 (Fonte se aproximando) No caso de uma fonte afastando-se do receptor, a freqüência é (Fonte se afastando) Quando a fonte estiver em repouso e o receptor em movimento em relação ao meio, não há variação no comprimento de onda, mas a freqüência com que as ondas chegam ao receptor aumenta quando o receptor se move em direção à fonte e diminui quando o receptor se afasta da fonte. O número de ondas que passam pelo receptor estacionário, num intervalo de tempo t ,é igual ao número de ondas na distância tv , ou seja, /tv . Quando o receptor estiver em movimento em direção à fonte, com velocidade ru , recebe também um número adicional de ondas /tur . O número total de ondas que passam pelo receptor no intervalo de tempo t é, então, t uvtutv N rr . A freqüência observada é igual a este número de ondas dividido pelo intervalo de tempo: ruv t N f ' ou (Receptor se aproximando) Se o receptor estiver se afastando da fonte, com velocidade ru , raciocínio semelhante leva à freqüência ( (Receptor se afastando) Quando a fonte e o receptor estiverem em movimento em relação ao meio, as equações acima podem ser combinadas: vu fv f Sa /1 0' v u ff 10 ' v u ff r10 ' 0 ' )/1( )/1( f vu vu f S r Guia de Estudo – FÍSICA II 54 A escolha correta dos sinais mais e menos é fácil de memorizar observando que a freqüência aumenta quando a fonte e o receptor se
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