Administracao rural pqnas propriedades

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Caderno Profissional de Administração – UNIMEP, v.5, n.1, 2015 
 
Caderno Profissional de Administração – UNIMEP 
Mestrado Profissional e Doutorado em Administração 
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ELEMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO RURAL AVALIADOS EM PEQUENAS 
PROPRIEDADES RURAIS DE ALEGRE – ES 
 
Jamilli Almeida Salume 
E-mail: jamilli.almeida@hotmail.com 
 
Elaine Cristina Gomes Silva 
E-mail: ecristinags@gmail.com 
 
Bruno Fardim Christo 
E-mail: brunochristo@hotmail.com 
 
RESUMO 
 
A administração rural surgiu da necessidade de gerenciar uma propriedade rural, visando maior 
dinamicidade para obter resultados favoráveis à condução da propriedade rural. Entretanto, para a 
condução correta do processo de administrar uma pequena propriedade rural, é importante que se 
oriente por meio de suas premissas e funções. Com base no exposto, o objetivo geral deste trabalho 
é avaliar a aplicação das premissas básicas e funções da administração rural nas pequenas 
propriedades dos representantes das comunidades rurais da cidade de Alegre-ES. Para a realização 
deste trabalho, balizou-se na pesquisa de caráter exploratório e descritivo, apresentando uma 
abordagem qualitativa e quantitativa dos dados. Ao final, pôde-se concluir que os produtores rurais 
representantes das comunidades não estão utilizando a maioria das premissas da administração rural 
bem como a adequada utilização das áreas funcionais que podem contribuir para a gestão eficiente 
das pequenas propriedades rurais. 
 
Palavras-chave: Agricultura Familiar; Gestão Rural; Pequenos Produtores. 
 
 
 
 
 
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ABSTRACT 
 
Rural Administration arose from the need to manage a farm, aiming more favorable dynamics for the 
conduct of rural property results. However, for the proper conduct of running a small farm process, 
it is important to advise through their assumptions and functions. Based on the above, the aim of this 
study is to evaluate the application of the basic premises and functions of management in small rural 
properties of representatives of rural communities in the city of Alegre-ES. For perform this work, 
buoyed up on the research of exploratory and descriptive, presenting a qualitative and quantitative 
data approach. At the end, it was concluded that the farmers community representatives are not using 
most of the premises of rural management, as well as the appropriate use of functional areas that can 
contribute to the efficient management of small farms. 
 
Keyword: Rural management; Small producers; Family farming. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Entre os diversos ramos da ciência da Administração e diante da necessidade de gerenciar 
uma propriedade agrária, surgiu o conceito de administração rural, um dos vários ramos da 
Administração, que orienta por meio de suas teorias e ferramentas a capacidade de gerir uma empresa 
agrícola visando maior dinamicidade para obter resultados favoráveis à condução da propriedade 
rural. 
A Administração rural surgiu com o intuito de ampliar as diversas técnicas agrícolas, aliado 
ao melhor aproveitamento da terra, justamente para organizar melhor os recursos financeiros (AZER, 
2009). 
No passado, o processo de gerenciamento das propriedades rurais se restringia a duas ou três 
atividades eminentemente laborais. Atualmente, é uma atividade complexa envolvendo múltiplas 
atividades notadamente intelectuais (BROZOVA et al., 2008). O sistema moderno de agribusiness 
ampliou os limites da atividade agrícola, de modo que a agricultura atual não se limita às porteiras da 
fazenda, mas abrange um conjunto muito mais amplo de atividades e setores. 
Hoffman (1987) simplifica o conceito de Administração Rural como ciência administrativa 
com atenção voltada para o ramo agrícola, que se destina ao maior aproveitamento das aptidões 
humanas para o campo. 
A administração em sua aplicação na área rural surge, principalmente, pela combinação dos 
fatores de produção que estão intimamente ligados ao próprio conceito de atividade administrativa 
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empresária: capital, insumos, tecnologia e mão de obra. Assim, para a eficiência da gestão desses 
fatores de produção na propriedade rural, é importante que as funções básicas da administração: 
planejar, organizar, dirigir e controlar sejam elaboradas e executadas pelo produtor para êxito nos 
resultados desejados. 
Além disso, como parte integrante de um processo de gestão adequado, faz-se necessário 
orientar as atividades da propriedade por meio das áreas funcionais da Administração, que contribuem 
estrategicamente com a eficiência e eficácia das mesmas. Essas áreas funcionais são divididas em: 
recursos humanos, produção e marketing/comercialização devido ao número de atividades 
diversificadas que a gestão de uma propriedade rural apresenta. 
É importante salientar que, a maior parte das pequenas propriedades rurais no Brasil provém 
da agricultura familiar. No Estado do Espírito Santo, 77% dos estabelecimentos rurais são familiares. 
Esse contingente de trabalhadores “com terra” detém 40% da área e gera 36% do valor da produção 
rural, conforme o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA, 2013). Por sua vez, 
a cidade de Alegre é caracterizada pela sua estrutura fundiária que retrata o predomínio das pequenas 
propriedades, de base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no 
regime de parcerias agrícolas (INCAPER, 2011). 
Sabe-se que a maior parte dessas parcerias supracitadas está associada ao SITRUA (Sindicato 
dos Trabalhadores Rurais de Alegre), que fornece informações, orientações e demais apoios políticos 
e organizacionais aos representantes das comunidades rurais (também denominados como líderes, 
pelo papel que exercem) e que repassam aos seus liderados as orientações obtidas em reuniões do 
SITRUA. 
Com base nesse contexto, percebe-se a importância de utilização, por parte dos produtores 
rurais, de modelos administrativos balizados nas premissas da administração, para que busquem a 
utilização correta de seus recursos (terra, capital e trabalho). Além disso, salienta-se que a 
transferência de orientações dos representantes das comunidades aos demais produtores, possam 
refletir no processo de gestão. 
Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho é avaliar a adoção das premissas básicas e 
das áreas funcionais da administração rural nas pequenas propriedades dos representantes das 
comunidades rurais da cidade de Alegre-ES. 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
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O objeto de estudo deste trabalho é o processo de gestão das pequenas propriedades rurais dos 
representantes comunitários do município de Alegre-ES. A gestão da propriedade rural é um processo 
que busca concretizar objetivos organizacionais, por meio de trabalho com pessoas e recursos. 
Os gestores rurais foram representados por líderes das comunidades localizadas nos distritos 
de Santa Angélica, Rive, Arraial do Café, São João do Norte, Anutiba, Araraí e Celina. O contato 
para o levantamento de informações ocorreu através do Sindicato de Produtores Rurais de Alegre 
(SITRUA) cujos produtores são associados. 
Os líderes dessas comunidades se reúnem uma vez por mês no SITRUA para debater pautas 
de interesse dos pequenos produtores da região e manter fortes as organizações sociais e a busca 
constante por informações e orientações que melhorem seus respectivos processosde gestão. O 
SITRUA não soube informar a quantidade correta de associados, pois nem todos os agricultores do 
município mantém um vínculo regular com o mesmo. Todos os membros que participam das reuniões 
do SITRUA são caracterizados como pequenos agricultores familiares. 
Os métodos de pesquisa abordados neste trabalho foram a pesquisa exploratória e a pesquisa 
descritiva. Pesquisa exploratória, pois buscou explorar a forma de gestão de algumas pequenas 
propriedades rurais da cidade de Alegre-ES. A pesquisa exploratória tem por objetivo proporcionar 
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver 
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. 
Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2007). 
A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que se deseja 
pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de uma determinada realidade 
(CERVO e BERVIAN, 2002). Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas 
de coleta de dados, tais como: o questionário e a observação sistemática. 
Orientando-se nessa opinião, este trabalho também é considerado como uma pesquisa 
descritiva, pois buscou descrever as informações sobre o processo de gestão nas propriedades dos 
pequenos produtores rurais da região estudada, obtidas no método exploratório. 
Este trabalho apresenta uma abordagem qualitativa, também conhecida como interpretativa, que visa 
investigar e qualificar as premissas e as funções da administração rural no processo de gestão em 
pequenas propriedades rurais do município de Alegre/ES. A pesquisa qualitativa não se preocupa 
com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo 
social, de uma organização, etc. (GERHARDT e SILVEIRA, 2009), 
Também apresenta uma simples abordagem quantitativa, pois, na descrição dos fenômenos 
qualitativos, as características investigadas (premissas e funções) foram quantificadas (apresentadas 
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por porcentagem). Seguindo as ideias de Richardson (1989), esse método se caracteriza tanto nas 
modalidades de coleta de informações quanto no tratamento destas. 
 A amostragem deste estudo é considerada como não probabilística por conveniência, onde os 
gestores das propriedades estudadas foram selecionados de acordo com o alcance da investigação. O 
número de representantes de cada comunidade rural do município de Alegre está listado na Tabela 1, 
sendo esse número igual ao número total de produtores que estavam presentes na reunião das 
comunidades ocorrida no SITRUA no dia 26/06/2014. 
 
Tabela 1 – Número de representantes por comunidade rural do Município de Alegre/ES, presentes na reunião SITRUA. 
Comunidade/Associação Número de representantes 
Bons Ares 2 
Santa Luzia 1 
Bom Sucesso dos Coqueiros 2 
Lagoa Seca 1 
São Esperidião 2 
Araraí 1 
Gabriel Vargas 1 
Anutiba 1 
Assentamento Floresta 1 
Total de questionários 12 
Fonte: Dados da autora. 
 
Antes da aplicação do questionário final, foi aplicado um pré-teste com objetivo de adequar 
as questões e ajustar o conteúdo para um diagnóstico correto acerca do tema abordado. O pré-teste 
foi constituído por (10) dez questionários com 34 (trinta e quatro questões), nas quais todas eram de 
múltipla escolha e fora aplicado numa reunião dos pequenos produtores familiares da região sul do 
Espírito Santo, no CRAS de Alegre (Centro de Referência da Assistência Social), no dia 04/06/2014. 
O número de questionários aplicados foi exatamente a quantidade de pequenos produtores presentes 
na referida reunião. A abordagem foi feita formalmente, com apresentação de um dos pesquisadores. 
Após avaliação do pré-teste, chegou-se a um questionário final com (26) vinte e seis questões, todas 
de múltipla escolha. 
Os resultados são apresentados e discutidos em três partes para melhor compreensão acerca 
da complexidade que o processo de gestão apresenta: 
• Na primeira parte são apresentadas as informações gerais dos produtores; 
• Na segunda são apresentadas as informações relativas às premissas de planejamento, 
organização, direção e controle; 
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• Na terceira etapa são apresentados os resultados derivados das áreas funcionais: 
Marketing, Finanças, Produção e Recursos Humanos. 
A Tabela 2 apresenta os dados que caracterizam o perfil dos entrevistados. 
 
Tabela 2 - Dados gerais sobre os produtores rurais 
Informações Gerais 
A. Idade 
< 20 anos 9% 
20 a 30 anos 16% 
30 a 40 anos 
40 a 50 anos 
0% 
43% 
 
50 a 60 anos 16% 
> 60 anos 16% 
Total 100% 
B. Escolaridade 
Ensino Fundamental 75% 
Ensino Médio 25% 
Total 100% 
C. Atividades Econômicas 
Café 33% 
Café, leite 8% 
Café, leite e hortaliças 16% 
Café, leite, milho, feijão e outros 43% 
Total 100% 
D. Área cultivada (ha) 
1 a 2 42% 
3 a 5 25% 
6 a 9 16,5% 
>10 16,5% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
A maioria dos produtores considerados nesta pesquisa é do sexo masculino (84%). A idade 
que predomina é entre 40 a 50 anos. Isso pode ser explicado pela caracterização fundiárias das 
propriedades do município de Alegre, que normalmente são herdadas e passadas de pais para filhos, 
e que ainda se confirma a cultura do homem como chefe de família e responsável pelo sustento da 
casa. 
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Com relação à escolaridade, 75% não terminaram o ensino fundamental, em sua maioria 
cursando até a 4ª série (antigo primário). Acredita-se que os conceitos, a cultura e a filosofia passados 
de geração para geração e a necessidade de trabalhar com a família fizeram com que esses indivíduos 
não se dedicassem aos estudos. Além disso, ressalta-se que até poucos anos atrás havia bem menos 
escolas na área rural do que há atualmente. 
O tamanho das propriedades e a diversidade de atividades são características inerentes à 
agricultura familiar, pois apresenta diversidade de produção. A diversidade da produção é importante 
para que o pequeno agricultor tenha diferentes opções para arrecadar renda. É necessário salientar 
que o conceito de agricultura familiar não determina limites máximos de área para as propriedades. 
A Tabela 3 traz informações a respeito da função Planejamento. 
 
Tabela 3 – Avaliação da função Planejamento 
Planejamento 
1. Sabem fazer planejamento 
Sabem 58% 
Não Sabem 42% 
Total 100% 
2. Fazem planejamento 
Fazem 42% 
Não Fazem 50% 
Nunca Pensaram 8% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
A pesquisa constatou que apesar da maioria dos produtores alegaram saber fazer planejamento 
referente à atividade produtiva, eles não fazem. A maioria dos produtores citou apenas o 
planejamento do ciclo da cultura empregada no campo, ou seja, tem-se o controle de quando plantar 
e de quando colher, o resto das práticas realizadas, como época de adubação, quantidade de mudas 
ou sementes, irrigação, produtividade esperada, entre outras, não há controle. 
É importante destacar que o planejamento adequado é importante para o desempenho de toda 
a capacidade produtiva da propriedade, bem como para o alcance dos objetivos que o produtor espera 
atingir. 
Devido à grande concentração de atividades administrativase operacionais e o reduzido 
número de funcionários, no caso da agricultura familiar, pressupõe-se que os três níveis de 
planejamento (estratégico, tático e operacional) são executados pela mesma pessoa, ou por poucas da 
mesma família. Sendo assim, a maior parte do tempo do produtor rural é dedicado ao nível 
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operacional, deixando de aproveitar inúmeras oportunidades que o meio oferece (SOUZA et al., 
1990). 
A Tabela 4 traz os resultados referentes à função organização. 
 
 
Tabela 4 – Informações acerca da função Organização 
Organização 
3. Possuem máquinas e instalações adequadas 
Sim 75% 
Não 25% 
Total 100% 
4. Possuem acesso a máquinas que auxiliam na produção 
Sim 75% 
Não 25% 
Total 100% 
5. Como é dado o acesso a máquinas e equipamentos 
Recurso próprio 75% 
Vizinhos 17% 
Cooperativas 8% 
Total 100% 
Fonte: Dados da autora 
 
Observou-se, na Tabela 4, que a maior parte dos produtores possui acesso a máquinas e 
consideram que as suas instalações são adequadas. A forma como é dado o acesso às máquinas e 
equipamentos é por meio de recursos próprios. 
A organização de uma propriedade rural envolve tanto aspectos físicos como organização de 
pessoal (coordenar as atividades de trabalho). 
A utilização de máquinas e equipamentos é importante para o produtor rural, visto que é 
preciso aperfeiçoar a produção para abastecer de forma mais regular o mercado consumidor, 
garantindo assim renda, mantendo a presença do homem no campo e tornando-o competitivo frente 
a outros produtores. 
Com base nas ideias de Garcia Filho (1999), a atividade agrícola e o meio rural apresentam 
como características predominantes complexidade e diversidade de organização e produção. A 
complexidade ocorre dos prováveis modos de utilização do ambiente diante das potencialidades e 
limitações em que a produção está inserida. 
No que diz respeito à Direção, a Tabela 5 traz os resultados referentes a essa função. 
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Tabela 5 – Questões sobre a função Direção 
Direção 
6. Buscam informações para melhoria da condução da propriedade 
Sim 100% 
Total 100% 
7. Locais onde buscam informações 
Palestras 7% 
Cursos 13% 
INCAPER* 20% 
Sindicatos 27% 
UFES** 10% 
IFES*** 13% 
Total 100% 
8. Orientação sobre os trabalhadores da propriedade cerca das atividades que executam 
Sim 50% 
Não 50% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
* Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural 
** Universidade Federal do Espírito Santo 
*** Instituto Federal de Educação 
 
Todos os produtores relataram buscar informações para a condução da propriedade. As 
informações que os produtores buscam variam das mais básicas, como uma nova cultivar, adubos, 
defensivos e outros insumos, às informações mais complexas, como novas maneiras de produzir, 
novos mercados, produtos, controle de custos, etc. 
O acesso a tais informações, como visto na Tabela 5, acontecem por organizações sociais, 
como sindicatos e órgãos públicos como o INCAPER. Além disso, os produtores mostram bastante 
interesse em buscar novas informações por meio de cursos e palestras em universidades e institutos 
federais. 
Constatou-se, ainda, que alguns proprietários não se preocupam com o treinamento e 
orientação acerca das tarefas que o empregado irá executar. Os motivos apontados pelos agricultores 
que não dão orientação é que estes partem do pressuposto que as pessoas que vivem no meio rural já 
sabem o que tem de ser feito, e por serem criadas nesse ambiente não precisam de orientações para 
executar suas atividades. 
Sobral et al., (2012) completam afirmando que a função Direção envolve orientação, 
motivação, comunicação e a liderança dos trabalhadores, e busca compatibilizar os objetivos 
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destes com o desempenho da organização. Cabe ainda a tal função o desenvolvimento de boas 
condições de trabalho, de um ambiente propício à cooperação entre os membros organizacionais, e a 
resolução de eventuais conflitos que podem surgir. 
A Tabela 6 traz os resultados referentes à função Controle. 
 
Tabela 6 – Questões sobre a função Controle 
Controle 
9. Fazem controle das perdas de produção 
Sim 17% 
Não 75% 
Nunca pensaram 8% 
Total 100% 
10. Fazem controle de estoque 
Sim 50% 
Não 50% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
A Tabela 6 mostra que a maioria dos produtores não tem controle sobre as perdas de produção 
dentro da propriedade, fato que pode ser agravado com a falta de controle de estoque da metade dos 
entrevistados. Além disso, outra parcela respondeu que nunca pensou em fazer controle da perda de 
produção. 
O resultado reflete diretamente em outros aspectos da gestão da propriedade. A falta de 
controle de estoque e das perdas de produção acarreta perdas financeiras e mostram como é frágil 
uma parte do processo produtivo. É importante que o produtor saiba usar as ferramentas de controle 
que são a contabilidade, o controle de mão de obra, o registro de venda e consumo, o controle de 
insumos e o controle de perdas e estoque. 
A função Controle está inteiramente ligada ao sucesso de uma propriedade. É a partir do 
controle que se alguma coisa não acontecer, como o planejado, tem-se a chance de resolver e optar 
por alternativas. Possíveis erros e perdas devem ser esperados, em razão das incertezas presentes na 
produção agrícola, mas é importante verificar a magnitude dessas perdas o mais cedo possível. 
Complementando esse pensamento, Silva (2009) entende que o controle é uma atividade 
vital dentro da empresa rural, uma vez que permite que erros sejam sanados a tempo, evitando que 
se comprometam as demais funções de produção. 
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Na terceira e última parte dos resultados, é apresentado os dados sobre as áreas funcionais da 
administração rural (Financeira, Marketing e Comercialização, Recursos Humanos e Produção). A 
respeito da área Financeira, a Tabela 7 traz os resultados das questões 12 a 16. 
 
 
Tabela 7 – Questões sobre a área funcional finanças 
 Área Financeira 
11. Possuem empréstimos em andamento 
Sim 58% 
Não 42% 
Total 100% 
12. Conhecem financiamentos com taxas mais baixas para agricultores 
Sim 75% 
Não 25% 
Total 100% 
13. Possuem capital de giro 
Sim 50% 
Não 42% 
Não sabe o que é 8% 
Total 100% 
14. Reinvestem o lucro na propriedade 
Sim 67% 
 
Parte do lucro 33% 
 
Total 100% 
15. Consideram que a propriedade possui bom controle financeiro 
Sim 67% 
 
Não 25% 
 
Nunca pensou 8% 
 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
A pesquisa mostrou que os produtores familiares do município de Alegre, em sua maioria, 
possuem empréstimos bancários em andamento. A minoria afirmou não ter conhecimento sobre as 
taxas mais baixas oferecidas por essas instituições. 
A maioria dos entrevistados também conhece as facilidades e fazem uso do crédito bancário 
com taxas mais baixas. Os produtores que não fazem uso de capital de giro correspondem a 42%, não 
mantendo assim, uma reserva de valor. 
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Metade dos produtores afirmou não possuir capital de giro, e alguns ainda afirmam não saber 
o que significa. Porém, todos reinvestem de alguma maneira, total ou em parte, o lucro obtido em 
melhorias para a propriedade. 
Um bom controle financeiro está ligado a um adequado sistema de registros agrícolas que 
disponibilize as informações anteriormente mencionadas. A maioria dos produtores considera que a 
propriedade possui um bom controle financeiro. Porém, a porcentagem de produtores que nunca 
pensaram nesse aspecto somado aos que não consideram a gestão adequada se torna preocupante 
diante da importância de um bom controle financeiro para uma produção agrícola. 
A gestão financeira é responsável por manter fundos para atender as necessidades da unidade 
produtiva, uma das ferramentas é o capital de giro, que segundo o SEBRAE-MG (2014), é definido 
como a soma dos recursos financeiros aplicados no caixa, bancos, estoques e valores a receber de 
clientes. 
Sobre a área funcional de Marketing e Comercialização, a Tabela 8 traz os resultados das 
questões 16 a 18. 
 
Tabela 8 – Questões sobre a área funcional marketing e comercialização 
 Marketing e Comercialização 
16. Consideram a quantidade de clientes satisfatória 
Sim 42% 
Não 58% 
Total 100% 
17. Locais que comercializam os produtos 
Feiras 18% 
Atacados 12% 
Supermercados 6% 
Cooperativas 18% 
Outros (venda direta) 46% 
Total 100% 
18. Como consideram o preço pago pelo produto 
Abaixo da média 8% 
Acima da média 17% 
Na média 75% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
A maioria dos produtores afirmou que vendem seus produtos diretamente ao consumidor, e 
os que não vendem diretamente ao consumidor possuem compradores fixos dos seus produtos, é o 
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caso da maioria dos produtores de café, que na maioria das vezes, vendem para atravessadores, 
mesmo assim, 58% dos produtores afirmam que a quantidade de clientes não é satisfatória. Para os 
que comercializam seus produtos em feiras, quitandas e varejões, o número de clientes nesses casos 
é variável. 
O preço pago pelos produtos agrícolas varia de acordo com as características do negócio do 
agricultor familiar. É a partir dessas características, que vai ser estabelecido o método de 
comercialização mais adequado. 
Em geral, todos consideram o preço pago por seus produtos na média do mercado. Porém, 
uma opção muito utilizada pela agricultura familiar para diminuir o problema de risco de preços é 
compor a renda familiar com outros tipos de trabalhos não ligados à atividade agrícola. 
A área de Marketing e Comercialização está relacionada com esse conjunto de atividades 
expostas na Tabela 8, que se agem desde a captação de clientes para venda de seus produtos, quanto 
o processo de comercialização e entrega entre o produtor e o consumidor intermediário ou final. 
Sobral et al., (2012) afirmam que a área comercial e de marketing está ligada com as 
atividades, cujo objetivo é captar e manter os clientes da organização. O principal foco é a satisfação 
do cliente, procurando influenciar seu comportamento e, assim, alcançar a intenção da organização. 
A área comercial e de marketing é responsável por diversas funções e atividades 
organizacionais, entre elas: pesquisa de mercado, produto, preço, distribuição, comunicação e vendas. 
 Sobre a área funcional de Recursos Humanos, a Tabela 9 traz os resultados acerca dessa área. 
 
Tabela 9 – Questões sobre a área funcional Recursos humanos 
Área de Recursos Humanos 
19. Possuem mão de obra familiar 
Sim 83% 
Não 17% 
Total 100% 
20. Mão de obra complementar 
Nenhuma 84% 
Apenas 1 membro familiar 8% 
Entre 2 a 5 membros da família 8% 
Total 100% 
21. Possuem equipamentos de segurança para os trabalhadores 
Sim 50% 
Não 50% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
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A pesquisa mostrou que quase todos os pequenos agricultores da unidade de estudo utilizam 
de mão de obra familiar. Entretanto, sabe-se que a contratação de colaboradores é dada em ocasiões 
especiais, como exemplo, colheita do café, quando é preciso que se tenha maior volume de pessoas 
colaborando com o serviço. Os colaboradores são contratados por meio de contratos informais e não 
possuem nenhum direito trabalhista assegurado. Sendo este último uns dos principais motivos pelo 
qual os pequenos produtores evitam a contratação por meio de contratos formais (Batalha e Souza 
Filho, 2005). Entretanto, o número de trabalhadores que não são membros da família é reduzido, não 
chegando a cinco, nas propriedades analisadas. 
Quanto ao uso de equipamentos de segurança para os trabalhadores, a metade dos 
entrevistados afirmou usar os equipamentos e a outra metade afirmou não usar, pois o próprio 
produtor desconhece algumas técnicas relacionadas à segurança e bem-estar. 
Batalha e Souza Filho (2005) ressaltam que o produtor deverá avaliar a mão de obra disponível 
na propriedade e na região em relação à mão de obra exigida pela atividade. A agricultura familiar é 
caracterizada pelo intenso uso de mão de obra dos próprios membros da família. No entanto, 
atualmente as famílias são pequenas, o que dificulta e reduz a força de trabalho familiar na 
propriedade. 
A mão de obra composta por membros da família destaca-se por ser um dos pilares que faz a 
agricultura familiar se desenvolver. É indispensável para o treinamento e a motivação de pessoas no 
campo que o trabalho seja realizado de forma correta e dentro de padrões de segurança, para assim, 
alcançar os objetivos de forma satisfatória, respeitando e valorizando o trabalho do homem no campo. 
 A Tabela 10 traz os resultados referentes à área funcional de Produção. 
 
Tabela 10 – Questões sobre a área funcional Produção 
Área de Produção 
22. Conhecem o custo de produção 
Sim 42% 
Não 58% 
Total 100% 
23. Fazem investimento para melhorar a qualidade do produto 
Sim 50% 
Não 50% 
Total 100% 
24. Acreditam que a forma de produzir pode não ser a mais adequada 
Sim 92% 
Não 8% 
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90 
Total 100% 
25. Armazena de forma adequada o produto 
Sim 67% 
Não 25% 
Não Armazena 8% 
Total 100% 
Fonte: Dados da pesquisa. 
 
Cada sistema de produção familiar possui suas próprias características, que variam conforme 
os recursos disponíveis e as circunstâncias em que a família se encontra. Contudo, foi observado na 
pesquisa que a maioria dos produtores acha que a forma com que produzem não é a mais adequada, 
porém afirmam que não sabem como melhorar. 
Metade dos proprietários alega que já tentaram e ainda tentam melhorar a qualidade do 
produto investindo em novas tecnologias e formas mais sustentáveis de produção. Também se 
observa que a maioria desconhece o custo de produção, e não possuem nenhum controle sobre esse 
fator. 
 O armazenamento adequado de um produto está diretamente ligado à durabilidade do mesmo 
e da qualidade que esse produto vai apresentar. A maioria dos produtores afirmou armazenar de forma 
adequada os produtos produzidos, o que confere uma preocupação da parte do produtor em oferecer 
um produto de qualidade ao consumidor. 
A funçãoprodução envolve fatores, como: terra, capital, insumos, benfeitorias e instalações; 
é preciso que todos esses fatores se correlacionem de forma positiva, pois, se não são adequadamente 
planejados e controlados, acarretaram grandes perdas. É preciso que cada agricultor adapte sua 
realidade com a utilização adequada desses recursos, tornando a adoção de novas tecnologias 
economicamente viáveis, para se alcançar índices satisfatórios de produção. 
Segundo Souza e Vieira (1992), para que se alcance a eficiência é importante o produtor rural 
estar atento a quatro pontos básicos: produtividade, produção, custo e qualidade. 
Para se conseguir eficácia, alguns aspectos devem ser bem observados e transformados em 
uma constante preocupação do empresário rural. O planejamento de produção, por exemplo, 
antecipando como, quando e onde produzir sua atividade agrícola. 
 
3 CONCLUSÕES 
 
Após análise dos resultados e discussão acerca do objetivo proposto neste estudo, pôde-se 
concluir que as premissas básicas da administração rural não estão sendo usadas em sua maioria, 
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91 
embora os produtores executem algumas práticas pelo conhecimento empírico adquirido por gerações 
passadas. Entretanto, destacam-se pela busca de informações constante para melhorar os seus 
processos administrativos, pois sabem o quão é importante, mesmo tendo baixa escolaridade. 
As áreas funcionais demonstraram não ser planejadas e exercidas corretamente. A área de 
Finanças demonstrou que não há controle adequado. A área de produção apresentou falta de 
planejamento, organização e controle, embora tenham demonstrado interesse em melhorar as técnicas 
de produção. Já as áreas de Marketing e Comercial demonstraram falta de controle já que a carteira 
de clientes precisa melhorar. Na área de Recursos Humanos, não se percebeu muita aplicabilidade 
das premissas da Administração, pois a maioria da mão de obra é familiar e só contratam outros 
trabalhadores em ocasiões especiais. 
 
 
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