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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Anna Karollynne de Souza Pina
LEI MARIA DA PENHA : INCONSTITUCIONAL OU CONSTITUCIONAL?
CURITIBA,
2017.
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Anna Karollynne de Souza Pina
LEI MARIA DA PENHA:INCONSTITUCIONAL OU CONSTITUCIONAL?
Trabalho Científico apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito final para obtenção do Diploma de Graduação em Direito. 
Profª. Orientadora: CRISTIANE DUPRET FILIPE PESSOA, Me.
CURITIBA,
2017. 
RESUMO
O trabalho em questão tem o objetivo de concluir se a Lei 11.340/06, Lei Maria da Penha, é Constitucional ou inconstitucional. Para que seja possível a conclusão, será analisado o contexto histórico das mulheres, como ocorreu o surgimento da lei Maria da Penha, os benefícios alcançados diante do ordenamento jurídico, os procedimentos e as medidas protetivas utilizadas para resguardar a mulher vitima de violência doméstica ou familiar. Será verificado também, as críticas feitas contra a lei e os motivos de muitos Doutrinadores afirmarem que a mesma é inconstitucional, alegando que o principio da igualdade está sendo afrontado e desrespeitado, algo que seria inaceitável, tendo em vista que os princípios constitucionais devem ser integralmente resguardados . É Observado a diferença de igualdade formal e material, para que possa ser compreendido o real significado da igualdade. Por fim, será exposto uma das decisões do STF e seu posicionamento sobre a constitucionalidade da lei Maria da Penha. 
Palavras-Chaves: Lei Maria da Penha. Violência doméstica. Constitucional. Inconstitucional. Princípio da igualdade. 
SUMÁRIO
1 introdução. 2 contexto histórico: lei Maria da Penha. 2.1 benefícios introduzidos pela Lei 11.340/06 no ordenamento jurídico. 2.2 procedimentos e medidas protetivas de urgência. 3. Críticas feitas a Lei Maria da Penha- confronto com a constituição e o princípio da igualdade. 3.1 princípios da igualdade: formal e material. 3.2 conclusão. 3.3 referencias.
1 INTRODUÇÃO
A lei 11.340/06, Lei Maria da Penha, surgiu para suprir a lacuna que existia no código Penal e para alterar a Lei 9.099/05, Juizado especial, pois a mulher que sofria violência doméstica, não tinha o devido amparo da lei. 
Todavia, quando entrou em vigor a Lei Maria da Penha, lei que defende exclusivamente o gênero feminino, iniciou-se uma série de críticas, pois, para alguns afronta princípios da Constituição Federal, fazendo com que a mesma seja inconstitucional. Por outro lado, existe quem defenda que a lei foi um avanço no Brasil, defendendo a isonomia de cada pessoa, mesmo que seja voltado apenas para um gênero. 
Assim, o presente trabalho tem o intuito de mostrar como surgiu a Lei Maria da Penha, qual foi o benefício que a lei trouxe para o ordenamento jurídico e se realmente afronta algum princípio Constitucional, em especial o princípio da igualdade e sua potencial inconstitucionalidade. 
O trabalho foi embasado em bibliografias, artigos, pesquisas da internet, código penal e Jurisprudência.
Para que o artigo seja melhor compreendido, o trabalho foi dividido em duas partes. A primeira, fala sobre o contexto histórico e como surgiu a lei, seguindo de subseções que falam sobre os benefícios que a lei Maria da Penha trouxe e os procedimentos que acompanham a mesma. Na segunda parte, será exposto as críticas feitas à lei 11.340/06, ocorrendo a explicação do princípio da igualdade, da igualdade material e formal. Deste modo, será possível concluir sobre a Constitucionalidade debatida sobre a Lei. Podendo ser observado também, uma das decisões do STF, sobre o assunto. 
CONTEXTO HISTÓRICO: LEI MARIA DA PENHA
Durante os séculos, houve a divisão de papéis entre o homem e a mulher. A imagem que a mulher deveria ser íntegra, cuidar da família e obedecer as ordens, se tornando submissa, sempre esteve presente na sociedade. 
Com o passar do tempo, os movimentos feministas começaram a surgir, fazendo com que o gênero que ao longo da história considerado como frágil mostrasse que não admitia mais viver em uma sociedade patriarcal, comandada pelo homem e submetendo-se as vontades deles. 
Carmen Hein Campos,diz : (CAMPOS, 2012, p. 36-37).
É nesse campo que o tema da violência praticada por parceiros íntimos e as propostas feministas de intervenção para sua contenção surgem. Como já mencionado, o tema não é novo para o feminismo e surge da necessidade de estancar interpretações e práticas jurídicas (e não jurídicas) de naturalização da violência conjugal. Em nossa tradição jurídico-penal, até muito recentemente, aceitava-se a tese da legítima defesa da honra masculina para absolver homens que matavam mulheres em suposto adultério; o estupro para ser punível exigia uma determinada condição da vítima (honesta, de boa família, etc.), cuja punibilidade era extinta se a vítima casasse com o estuprador; a violência contra mulheres era considerada delito de menor potencial ofensivo, isto é, teses, categorias e interpretações jurídicas que criavam sujeitos de direito distintos, conceitos jurídicos e campos que limitavam a intervenção na ‘vida privada’ e nos ‘costumes’. Somente com a ação feminista é que essas interpretações passam a ser questionadas e a intervenção do estado no âmbito da família para proteger as mulheres passa a ser uma exigência .
Em 1985, foi criado a primeira delegacia de defesa a mulher, mais um feito histórico, sendo que muitos países como Afeganistão, Armênia e Haiti, não obtém proteção contra violência a mulher, ainda. 
Diante dessas conquistas, surge uma que trouxe mudanças significativas ao Código Penal, que é a Lei Maria da Penha. A lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, protege a mulher de qualquer tipo de violência doméstica, sendo ela física, psicologia, moral, sexual ou patrimonial.
Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
O nome da Lei foi inspirado no nome de Maria da Penha Fernandes, farmacêutica, que sofria constantemente agressões físicas, moral e psicologia de seu marido, o professor universitário Colombiano Marco Antônio Heredia Viveros. Maria da Penha sofreu duas tentativas de homicídio. A primeira ocorreu em 1983, enquanto dormia, levando um tiro de espingarda, cujo deixo paraplégica. Depois de alguns meses de recuperação, ocorreua segunda tentativa. Seu marido tentou eletrocuta-la enquanto estava no chuveiro. Então, se deu início as investigações no mesmo ano do ocorrido, porém a denúncia foi apresentada depois de alguns meses para o Ministério público Estadual. O primeiro julgamento ocorreu depois de 8 anos, entretanto, o mesmo foi anulado. Apenas em 1996, seu marido foi condenado, mas conseguiu recorrer. Sendo preso apenas em 2002. 
O caso foi extremamente repercutido na mídia e várias ONGS de proteção a mulher, denunciaram o Brasil, para a Comissão interamericana dos Direitos Humanos, que acatou a denúncia e condenou o Brasil por omissão e negligência. Assim, se iniciou a criação da lei.
2.1 Benefícios introduzidos pela Lei 11.340/06 no ordenamento jurídico.
Antes da introdução da Lei Maria da Penha no ordenamento, já existia a lei 9.099/05 que criou os juizados especiais civil e criminal. Os juizados tratavam das infrações de menor potencial ofensivo, da qual abrangia as questões familiares e domésticas. Ocorre que por causa desses fatores, a lei começou a ser criticada e até mesmo acusada de ser um dos motivos do aumento de violência doméstica, pois, quando inserida a lesão corporal, ameaça, maus tratos entre outros no rol de menor potencial ofensivo, as vítimas desistiam do ato de processar seu cônjuge, tendo em vista que a punição seria branda, como o pagamento de cestas básicas, serviço comunitário ou pagamento pecuniário. 
Segundo Lênio Luiz Streck: (1999, p. 94) 
Com o Juizado Especial criminal, o Estado sai cada vez mais das relações sociais. No fundo, institucionalizou a ‘surra doméstica’ com a transformação de delitos de lesões corporais de ação pública incondicionada para ação pública condicionada. [...] O Estado assiste de camarote e diz: batam-se que eu não tenho nada com isto, É o neoliberalismo do Direito, agravando a própria crise da denominada ‘teoria do bem jurídico’, própria do modelo do modelo liberal individual de Direito. 
	 Ocorre então, modificações na lei 9.099/05, sendo uma delas no parágrafo único do artigo 69, que permitiu que o juiz decretasse o afastamento do agressor de seu respectivo lar quando fosse comprovado a violência doméstica. Entretanto, o êxito ainda não havia sido alcançado. 
	Com a entrada em vigor da lei 11.340/06, foi retida dos Juizados especiais criminais a competência de julgar os casos relacionados com a violência doméstica contra a mulher, sendo determinado dessa maneira, a criação de Juizados especiais próprios para atender as demandas relacionadas com a família e com a violência contra a mulher. A partir desse momento, foi tipificado a violência familiar e doméstica e passou a ser proibido as penas pecuniárias, sendo que esse era um dos motivos que as mulheres desistiam da ação, como já demonstrado anteriormente.
	A lei passou a considerar a mulher como sujeito passivo e o homem como agressor. O agressor não era só o marido, mas também o pai, o filho, namorado e ex. Ou seja, acabou a delimitação e se estendeu as opções e resguardo. 
No código Penal, ocorreram mudanças no artigo 129, parágrafo 9, o qual mudou o nome do tipo especial de lesão leve para violência doméstica e aumentou a pena de 3 meses a 3 anos, e no artigo 61, que acrescentou a violência doméstica ao seu rol .
2.2 Procedimentos e medidas protetivas de urgência 
Na lei 9.099/05, era muito mais simples a desistência da ofendida, fazendo com que muitas vezes fosse coagida pelo seu companheiro ou deixando seu lado sentimental tomar frente da situação. Na lei 11.340/06, é diferente, pois a ofendida só poderá fazer a renúncia da representação, em audiência especialmente designada para tal ato, sendo que é necessário que a denúncia não tenha sido recebida e que o Ministério Público ainda não esteja ciente, ressalvando que a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia, assim como disposto no art.25, CPC.
Junto a lei, vieram, as medidas protetivas, um instrumento criado para assegurar e prevenir os direitos da mulher. As medidas são aplicadas após a Denúncia da vítima na Delegacia da polícia civil, cabendo ao juiz em até 48 horas após o recebimento do pedido, decidir as medidas que serão aplicadas ao caso, em seguida será comunicado o Ministério Público para que sejam tomadas as devidas providências, as quais poderão ser concedidas de imediato conforme a gravidade, mesmo que não tenha ocorrido a audiência, entretanto, a comunicação tem que ser de imediato. 
Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
	O agressor poderá ter sua prisão preventiva em qualquer estágio que se encontre o inquérito policial, sendo decretado pelo Juiz, Ministério Público ou pela autoridade policial. Todavia, o mesmo pode ocorrer em controvérsia, no caso, o Juiz poderá revogar a prisão, caso perceba que esta não é necessária.
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
 Diante de todos esses atos aplicados pela justiça, a ofendida estará sendo notificada sobre o que está acontecendo, incluindo a entrada e saída da prisão, conforme o artigo 21.
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único.  A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.
As medidas obrigam com que o agressor tenha que seguir diversas normas, fazendo com que a ofendida tenha sua segurança e de sua família resguardada. Ao ser constatada a violência doméstica e familiar, o juiz de imediato, poderá suspender ou restringir o porte de arma no agressor, afastá-lo do lar, decretar a proibição de aproximação da ofendida e de seus familiares, frequentação de determinados lugares, entre outras restrições. 
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Pode-se observar a cerca desse assunto, a decisão da 1ª câmara criminal de Terra roxa, decidiu ao constatar a necessidade de aplicação de medidas protetivas:
HABEAS CORPUS CRIME - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER - AMEAÇA (ART. 147, CP) - PRELIMINAR DA PROCURADORIA-GERAL DA JUSTIÇA PELO PARCIAL CONHECIMENTO - PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA - PREVISÃO EXPRESSA DE NÃO INCIDÊNCIA DE CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS - ART. 5º, LXXVII,DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - NÃO CONHECIMENTO - MÉRITO - APLICAÇÃO DE MEDIDAS DE PROTEÇÃO EM FAVOR DA VÍTIMA - DESCUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL - DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA - PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS - NECESSIDADE DA MEDIDA PARA GARANTIR A ORDEM PÚBLICA E A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA - EXCESSO DE PRAZO - TEMPO DE PRISÃO SUPERIOR À PENA MÍNIMA ABSTRATAMENTE PREVISTA PARA O CRIME IMPUTADO AO PACIENTE - CARACTERIZAÇÃO DO CONSTRANGIMENTO ILEGALRECONHECIDO - ORDEM CONCEDIDA.(TJPR - 1ª C.Criminal - HCC - 1641004-7 - Terra Roxa - Rel.: Clayton Camargo - Unânime - - J. 09.03.2017)
Importante destacar que sempre que haja necessidade, o juiz poderá aplicar novas medidas, sem que prejudique as já tomadas e aplicadas. 
Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
O ministério publica fará parte do processo, podendo fiscalizar e tomar todas as medidas cabíveis para assegurar a segurança da agredida.
Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Durante todo os atos processuais, a mulher e sua família estará amparada, devendo estar sempre acompanhada de seu advogado e tendo acesso a assistência judiciaria gratuita.
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
A vítima de violência doméstica e familiar, terá todo o auxílio psicológico, médico e jurídico, sendo que a equipe que estiver responsável pelo caso, deve fornecer todas as informações necessários ao juiz, ministério público e Defensoria Pública e as crianças e adolescentes envolvidas, devem ter uma atenção especial durante todo o tratamento e análise. 
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
3 CRITICAS FEITAS A LEI MARIA DA PENHA: CONFFRONTO COM A CONSTITUIÇÃO E O PRINCIPIO DA IGUALDADE. 
Uma das maiores críticas feitas a Lei 11.340/06, é a diferença que a lei faz entre o homem e a mulher. A lei trata de violência contra a mulher, excluindo o homem como potencial vítima. Assim, quando os papéis são invertidos e o homem passa ser a vítima, seu caso é amparado pela lei 9.099/95, não sendo oferecido os mesmos respaldos que a mulher, ou seja, não é aplicado a lei 11.340/06. Deste modo, é analisado o princípio da igualdade e a possível afronta contra a constituição. . 
	
Princípio da igualdade: formal e material 
O princípio da igualdade ou isonomia é totalmente significativo para Constituição. O princípio prevê que todas as pessoas devem ser tratadas da mesma forma perante a lei, possibilitando igualdade, sem que ocorra injustiça ou discriminação. Assim como descrito no Art. 5ª,Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Deste modo, a Lei Maria da Pena, estaria em confronto absoluto com a Constituição, a partir do momento que aplica uma lei em virtude de um gênero, desconsiderando a igualdade que deve existir entre eles. Todavia, quando se é falado de igualdade em termos jurídicos, se é feito a divisão em duas fases, a igualdade formal e a igualdade material. A igualdade formal, é o direito aplicado em lei. 
Segundo Luiz Pinto Ferreira (1983, p.770)
a igualdade perante a lei ou igualdade formal, deve ser entendida como igualdade diante da lei vigente e da lei a ser elaborada, devendo ser interpretada como um impedimento à legislação de privilégios de classes, como igualdade diante dos administradores e dos juízes.
 
Por outro lado, temos a igualdade material que tem por finalidade igualar os desiguais. Aristóteles explicou que ‘’a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, dando a cada um o que é seu’’. Portanto, quando se busca alcançar a isonomia em um conceito material de igualdade, o legislador acaba criando distinções que ajuda os menos favorecidos.
Por conta disso, quando se é analisado a lei 11.340/06, é possível perceber que houve um balanceamento entre a igualdade formal e material, pois, diante do contexto histórico das mulheres e de sua vitimização diante dos séculos, é necessário uma forma de proteção exclusiva para as mulheres. 
Assim, o STF julgou a Ação declaratória de Constitucionalidade nº19, procedente em favor da lei, pois a lei tende a defender a dignidade da pessoa humana, proibir a violência familiar e doméstica contra as mulheres, não demonstrando nenhuma inconstitucionalidade com a lei e equilibrandoa igualdade perante todos. 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a Constituição Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações familiares. (ADC 19, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 28-04-2014 PUBLIC 29-04-2014)
Diante do exposto, é possível perceber e que o princípio da igualdade, tem um índice alto de interpretações errôneas, pois, quando se trata de igualdade, é necessário se analisar os parâmetros, as condições e o contexto. Devido a existência desta igualdade, surgiu a Lei Maria da Penha, uma lei totalmente constitucional e que está mostrando que os direitos devem ser defendidos, independente da raça, opção sexual, gênero ou cor.
CONCLUSÃO
Neste trabalho, foi abordado os aspectos, procedimentos, medidas e a potencial inconstitucionalidade da lei 11.340/06, tendo em vista que para alguns Doutrinadores, a Lei Maria da Penha, estaria em constante confronto com a Constituição e o principio da Igualdade.
Contudo, foi analisado que a igualdade não se baseia em tratar todos da mesmas forma, mas sim isoladamente, sendo que a igualdade de algumas pessoas, não é a mesma de outras.
Assim, quando se volta ao contexto histórico e é observado as agressões e discriminações que as mulheres passaram e passam, é facilmente percebido que é necessário uma lei que proteja as mulheres e lhe dê o devido respaldo juridico.
Deste modo, conclui-se que a lei Maria da Penha é Constitucional, não afrontando o princípio da Dignidade, pois a Lei está protegendo o princípio da Dignidade das mulheres, proibindo a violência familiar e doméstica, fazendo fazendo com que haja um equilíbrio entre todos.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFIA
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Brasilia, 7 de Agosto de 2006; 185º da Independência e 118º da Republica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm - acesso em 11 de Março de 2017.
CAMPOS, Carmem Hein de. Teoria Feminista do Direito e Violência Íntima Contra Mulheres. R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 15, n. 57 (Edição Especial), p. 33-42, jan.- mar. 2012
DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça: a efetividade da Lei n. 11.340/2006 de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/sobre-a-lei-maria-da-penha - Acesso em: 1 de Março de 2017.
http://www.observe.ufba.br/lei_mariadapenha – Acesso em: 3 de Março de 2017.
MONTENEGRO, Marilia. Lei Maria da Penha: uma análise criminológica – critica/ Marilia Montenegro. – 1. Ed- Rio de Janeiro : Reven,2015
PINTO FERREIRA, Luis. Princípios gerais do direito Constitucional moderno. São Paulo : Saraiva, 1983, p.770
STRECK, Lênio Luiz. Criminologia e feminismo In: CAMPOS, CARMEN Hein de (org.) Criminologia e feminismo. Porto Alegre: Sulina, 1999, p.94
VECCHIATTI, Paulo Roberto Lotti. Da Constitucionalidade e da conveniência da Lei Maria da Penha. Disponível em: <htto://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11030>. Acesso em 10 de Abril de 2017.
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