Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Penal Prof. Leonardo Pantaleão Matéria: Aplicação da Lei Penal/ Lugar do Crime/ Competência Jurisdicional / Princípios/ Prazos Penais/ Teoria Geral dos Crimes. 24/03/2011 Aplicação da Lei Penal: Ex.: Na data do fato o agente criminoso tinha 17 anos. No entanto, no dia seguinte o mesmo alcança a plena maioridade penal. Após uma semana a vítima do crime morre no hospital, ou seja, consumando o fato da conduta delitiva. Diante do problema qual será a maneira de sanciona-lo – pelo ECA ou pelo CP? O tempo do crime é o momento em que o agente realizou a conduta, independentemente que seja diferente o momento do resultado. Resp.: Portanto, o autor do crime responderá com base no ECA. O Brasil adota a Teoria da Atividade, porque o momento do crime decorre da atividade criminosa do agente – ação ou omissão, pouco importando o momento do resultado. Em que momento começa a correr a prescrição do exemplo formulado acima? Resp. Não aplica a Teoria da Atividade para cálculo prescricional (que leva em consideração o tempo da conduta), mas a prescrição corre no momento em que o crime foi consumado (conta-se da consumação para frente). Lugar do Crime: Ato executório iniciado no Brasil e consumado em outro território (fora do país) – aplica- se ou não a lei brasileira? Resp. A pergunta se refere ao crime a distância, também denominado de crime de espaço máximo (aquele pelo qual o ato executório se dá em um país e o resultado em outro diverso). Qual é a Teoria adotada pela lei brasileira no que se refere ao lugar do crime? Resp.: O Brasil adota a Teoria da Ubiguidade – basta que o crime toque o território nacional (em qualquer fase do “iter criminis” – a lei brasileira será aplicada, conforme o Art. 6º - “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” Ex.: Um estelionato é perpetrado em nosso país e consumado em um país vizinho (Uruguai) ou mesmo vice-versa. Por ora, o regramento adotado é o do Art. 6º, do CP, desde que: 1º Aqui tenha sido praticado todos ou algum dos atos executórios (“lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte”). 2º Ou mesmo aqui se tenha produzido o resultado do comportamento criminoso (“bem como onde se produziu....o resultado”). Dica: LUTA – LU = Lugar/Ubiguidade e TA = Teoria da Atvidade. Competência Jurisdicional: A competência jurisdicional é tratada na matéria de Direito Processual Penal (Art. 70, do CPP). Art. 70 – “A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.” Ex.: Crime iniciado em Porto Alegre e consumado em Goiás – o foro competente é o de Goiás. Obs.: Na tentativa o foro competente será aquele em que se deu o último ato executório. Aplicação da Lei Penal no Espaço: - Territorialidade da Lei Penal; - Extraterritorialidade da Lei Penal. Território Nacional para fins jurídicos: É o local geográfico em que o Brasil excerce a sua soberania. Territorialidade da Lei Penal: Diz respeito a viabilidade da aplicação da lei brasileira dentro do território nacional. A territorialidade da lei penal não é absoluta, uma vez que existe exceções. No Brasil adota-se a Teoria da Territorialidade Mitigada, também denominada por Temperada. Ex.: Imunidade de diplomatas – não se aplica a lei brasileira, mesmo que ocorrido o crime em território nacional. Extraterritorialidade da Lei Penal: Quando aplica a lei penal brasileira fora do território nacional? Em duas situações pontuais, são elas: - Extraterritorialidade Incondicionada (Art. 7º, I + parágrafo único 1º, do CP); - Extraterritorialidade Condicionada (Art. 7º, II + parágrafos 2º e 3º, do CP). Art. 7º - “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.” Princípios que norteiam a extraterritorialidade: 1. Princípio da Justiça Universal / Cosmopolita: A gravidade do fato ou relevância do bem jurídico violado justificam a punição do fato, independentemente do local em que tenha sido praticado. 2. Princípio da Defesa Real: Sempre que no estrangeiro ocorrer ofensa a um bem jurídico nacional de origem pública. 3. Princípio da Nacionalidade Ativa: Cada país tem interesse em punir os seus nacionais, independentemente do local que tenha sido cometida a infração (o Brasil está preoucupado com o autor do crime). 4. Princípio da Nacionalidade Passiva: Decorre do interesse do Brasil nos crimes em que a vítima é brasileira. 5. Princípio da Representação / Bandeira: A lei brasileira se aplica às embarcações ou aeronaves que carreguem a nossa bandeira. Como funciona a extraterritorialidade na Lei da Tortura / Lei 9.455/97? Resp.: Ocorre em duas hipóteses, são elas: - Mesmo que o crime seja praticado fora do território nacional a lei penal brasileira será aplicada: quando um crime praticado envolver uma vítima brasileira. - Será aplicada a lei brasileira quando o agente estiver dentro da jurisdição brasileira (aplica lei brasileira), independentemente de nacionalidade. Art. 2º “O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.” Quando existir um crime praticado – p.ex.: Uruguai (sentença com pena de 8 anos) e no Brasil (sentença com pena de 12 anos) – para não ocorrer “bis idem”: será aplicada somente a diferença de 4 anos quando pisar no território nacional. Art. 8º - “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” A EC/2004 definiu que a competência para homologar a sentença estrangeira é do STJ (Supremo Tribunal de Justiça), conforme Art. 105, I, “i”, da CF. Art. 105 – “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.” PrazoPenal: O prazo penal é aquele que reflete o direito de punir do Estado “ius puniendi”. A forma de contagem do prazo penal (Art. 10, do CP), inclui-se o dia do começo (“a quo”) e exclui-se o dia do vencimento (“ad quem”). Ex.: Pena equivalente a 10 dias – inicia-se o cumprimento da pena no dia 10 e termina no último minuto do dia 19. Obs.: O prazo do Direito Processual Penal é diferente do prazo do Direito Penal, no qual conta-se excluindo o dia do começo e incluindo o dia final. Salienta-se, ainda que, os prazos processuais admitem prorrogação (Ex.: quando cair em finais de semana e feriado, prorroga-se para o dia útil), enquanto que os prazos penais são fatais. Art. 10 – “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” Obs.: Decadência, prescrição e perempção são considerados prazos penais (e não processuais). Art. 11 – “Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.” Teoria Geral dos Crimes: Crime é fato típico e antijurídico (concepção bipartida) ou fato típico, antijurídico e culpável (concepção tripartida). Observa-se que existe dois conceitos analíticos, sendo que o Prof. adota que o crime é fato típico e antijurídico. Os doutrinadores que se pautam no crime como fato típico e antijurídico se apoiam nos crimes de: legítima defesa (excludente de culpabilidade) e escusas absolutórias (o crime existe, no entanto a pena desaparece .O agente é isento de pena em razão da política criminal. Utiliza-se desta expressão para conceituar circunstâncias legais que afastam a aplicação da pena, acarretando os mesmos efeitos dos casos legais de extinção da punibilidade). Quando que uma determinada conduta caracteriza-se em crime? Análise de crime: 1. Conduta: comissiva ou omissiva; 2. Resultado; 3. Nexo Causal (é o elo existente entre a conduta e o resultado).
Compartilhar