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Direito Penal Prof. Leonardo Pantaleão Matéria: Crime Continuado/ Sursis/ Livramento Condicional/ Medida de Segurança. 26/05/2011 Concurso de Crimes: - Material (aula passada); - Formal (aula passada); - Continuado. Crime Continuado: Também se relaciona a um concurso de crimes, porque temos mais de uma ação delitiva. O crime continuado está definido no caput do Art. 71, do CP: “quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.” Portanto, crime continuado é aquele que é constituído por duas ou mais violações jurídicas da mesma espécie, praticadas por uma ou pelas mesmas pessoas sucessivamente e sem ocorrência de punição em qualquer daquelas, as quais constituem um todo unitário, em virtude da homogeniedade objetiva. Neste caso impõe-se lhe pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas. Requisitos para caracterização do crime continuado: 1º Os delitos praticados devem ser da mesma espécie, ou seja, previsto no mesmo tipo penal, independentemente de ser tentado, qualificado, consumado etc. 2º Tem que ter sido utilizado o mesmo modo de execução em todos os crimes. 3º Mesma condição de tempo. Qual é o intervalo máximo que pode haver entre uma conduta e outra – para continuar sendo considerado crime continuado? Quando o intervalo de tempo entre as condutas não passar de 30 dias. 4º Estes crimes tem que ser cometidos no mesmo local. Obs.: O mesmo local referido no dispositivo, entende-se também por bairro diferente dentro da mesma cidade, como também em comarcas contíguas (cidades vizinhas). Crime Continuado Qualificado (paragrafo único, do Art. 71, do CP): Considera-se crime continuado qualificado, quando o sujeito atinge interesses personalíssimos de vítimas diferentes, com violência ou grave ameaça, consequentemente o aumento da pena é de 1/6 à 2/3. Art. 71 Parágrafo único – “Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do Art. 70 e do Art. 75 deste Código.” Sursis – Suspensão Condicional da Pena: Atualmente, só se aplica o sursi quando não for possível aplicar a pena restritiva de liberdade por restritivas de direitos. Obs.: Sempre irá prevalecer a substituição por restritivas de direito, salvo quando não couber a sua aplicação – diante desta circunstância aplica-se o sursi, desde que, preenchido os seus requisitos. No sursi a pena é imposta, porém o indivíduo nem chegará a cumpri-la. Espécies de Sursis: - Simples; - Especial; - Humanitário; - Etário. O sursi só se aplica a pena privativa de liberdade, jamais para as demais penas. Para ocorrer à aplicação do sursi simples e o especial – o indivíduo não pode ter sido condenado em um crime por período superior a 2 anos. Diante, desta circunstância o juiz irá suspender a pena (período que varia de 2 a 4 anos) e o sentenciado deverá cumprir algumas condições, que serão arbitradas pelo juiz na sentença em conformidade com o diploma penal. Esse período de condenação será convertido em período de prova, onde após seu devido cumprimento, será extinta, com o magistrado liberando o réu da imposição da pena corporal e da responsabilidade penal, extinguindo a pena. Para ocorrer à aplicação do sursi humanitário e o etário – o indivíduo não poderá ter sido condenado em um crime com pena superior a 4 anos. Diante, desta circunstância o juiz irá suspender a pena (período que varia de 4 a 6 anos) e o sentenciado deverá cumprir algumas condiçoes, que serão arbitrados pelo juiz na sentença em conformidade com o diploma penal – para após ser extinta a pena. O suris pode ser revogado. Caso ocorra a revogação – o condenado voltará a cumprir a pena originariamente imposta na privativa de liberdade, desde o começo. Obs.: O tempo do sursi não se computa, diante da revogação deste instituto. Para o Poder Público é uma obrigação oferecer a possibilidade do sursi, desde que, preenchido os requisitos, porém para o réu trata-se de uma faculdade à aceitação ou não do sursi. Audiência admonitória é uma audiência em que o magistrado estabelece as condições para o cumprimento do sursi ao condenado, se desobedecidas estas condiçõe, pode ocorrer a revogação do instituto. Estarão presentes o magistrado, representante do ministério público, condenado e seu advogado. As condições são dadas ou anunciadas ao condenado que deverá estar acompanhado necessariamente do seu advogado nesta audiência. Peculiaridades das Espécies: 1. Sursis Simples (Art. 78, p.1º, do CP) Têm-se como condições legais: - Durante o primeiro ano – obrigatoriamente deverá se submeter: ou a limitação dos finais de semana ou a prestação de serviços à comunidade. Art. 78 § 1º - “No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48).” 2. Sursis Especial (Art. 78, p.2º, do CP) O condenado deverá reparar o dano causado à vítima, consequentemente ficando dispensado da prestação de serviços à comunidade e da limitação aos finais de semana. Art. 78 § 2º - “Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do Art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de freqüentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.” 3. Sursis Humanitário (Art. 77, p.2º, do CP) É concedido quando o condenado está cometido de enfermidade considerada grave (problemas de saúde). 4. Sursis Etário (Art. 77, p.2º, do CP) É concedido ao condenado com idade superior a 70 anos de idade. Art. 77 § 2º - “A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.” Hipóteses de Revogação: - Obrigatória: Art. 81 “caput”, do CP. Art. 81 – “A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do Art. 78 deste Código.” - Facultativa: Art. 81, p.1º, do CP. Art. 81 § 1º - “A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.” Audiência de Justificação: O condenado esclarece os motivos pelo qual não cumpriu aquela condição ou as condições impostas pelo juiz na concessão do sursi. Requisitos do Sursi: 1º Pena não superior a 2 anos; 2º Que o condenado não seja reincidente em crimes dolosos; 3º Circunstâncias judiciais favoráveis; 4º Não seja cabível a substituição por pena restritivade direitos. Livramento Condicional. Só se livra o indivíduo que já estava cumprindo a pena, mediante o atendimento de algumas condições. Obs.: Nota-se que o livramento condicional é diferente do sursi, pois para ser concedido o condenado deve ter cumprido uma parte da pena, enquanto que no sursi o condenado sequer chegar a cumprir a pena. Requisitos do Livramento Condicional: Objetivos: 1º Pena superior a 2 anos; 2º Crimes Comuns: O condenado deve ter cumprido + de 1/3 da pena (no caso de ser um agente dotado de bons antecedentes). Obs.: Se for reincidente e não tiver bons antecedentes – deverá ter cumprido 1/2 da pena. Caso o crime cometido for hediondo – deverá ter cumprido 2/3 da pena, para obter o livramento condicional. Quando o indivíduo for reincidente específico em crime hediondo – não poderá pleitear o livramento condicional. 3º Parecer do conselho penitenciário e do Ministério Público. Subjetivos: 1º Comportamento satisfatório, durante o período em que permaneceu no estabelecimento penitenciário. 2º Bom desempenho no trabalho que lhe for atribuído. 3º Demonstração de aptidão para manter a própria subsistência fora do estabelecimento prisional, mediante trabalho honesto. 4º Constatação de que o acusado apresenta condições pessoais que faz presumir que não voltará delinquir. Condições Legais (Art. 85, do CP): A sentença irá fixar as condições legais para o livramento condicional. Obs.: Esta é a sentença para o pedido do pleito para o livramento condicional. O juiz que avalia é o da Vara da Exceução. Se ele entender que foram cumpridos todos os requisitos – prolata uma sentença concessiva, que impõe as condições que o condenado irá cumprir o instituto. Art. 85 – “A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.” Revogação do Livramento Condicional (Art. 86, do CP): Art. 86 – “Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: I - por crime cometido durante a vigência do benefício; II - por crime anterior, observado o disposto no Art. 84 deste Código.” Se a nova condenação ocorreu em tempo anterior – aproveita o tempo. Se a nova condenação decorrer de um crime praticado após o beneficio – volta e cumpri a pena originária do zero. Revogação Facultativa (Art. 87, do CP): Art. 87 – “O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.” Efeitos da Revogação (Art. 88, do CP): Art. 88 – “Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.” Medida de Segurança Não é pena! A medida de segurança é uma providência do Poder Público em face daquele indivíduo que se encaixa na figura do Art. 26 “caput”, do CP. Art. 26 – “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” A medida de segurança não decorre de uma sentença condenatória, mas de uma sentença absolutória imprópria. Portanto, a medida de segurança tem natureza de uma sentença absolutória imprópria. Diferença: - Pena: condenatória, com finalidade de previnir e reprovar. - Medida de Segurança: absolutória imprópria, com finalidade curativa. Obs.: O Direito busca curar a periculosidade do agente e não a patologia que lhe à cometi. Espécies: 1. Medida de Segurança Detentiva: Internação em Manicômio Judiciário ou Similares. 2. Medida de Segurança Restritiva: É aquela pela qual o indivíduo se submete a um tratamento ambulatorial. Critério para Optar entre a Medida de Segurança Detentiva ou Restritiva: Se o crime cometido seria apenado com reclusão – a Medida de Segurança será Detentiva. Se o crime cometido seria apenado com detenção – a Medida de Segurança será Restritiva. Tempo de Duração: O legislador apenas definiu o tempo mínimo para a Medida de Segurança – varia de 1 a 3 anos. E o tempo máximo? - O entendimento predominante: Permanece que o tempo de duração irá se fixar diante de um documento pericial que comprove que o indivíduo não é mais considerado perigoso. Estes laudos são realizado anualmente. - Outro posicionamento: Dispõe que o tempo de duranção não pode ultrapassar 30 anos. - Posição minoritária: Entende que o tempo da medida de segurança deverá acompanhar o prazo do crime praticado. Causas que acarretam a extinção da punibilidade (Art. 107, do CP): A punibilidade será extinta quando ocorrer: - Morte do agente, pois a responsabilidade é pessoal e intransferível. - Anistia, graça e indulto.
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