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Direito Penal Prof. Leonardo Pantaleão Matéria: Regressão do Regime Prisional/ Remição/ Detração Penal/ Pena Restritiva de Direitos/ Pena de Multa/ Concurso de Crimes – Material e Formal. 19/05/2011 Regressão do Regime Prisional: É a transferência do condenado de um regime prisional menos severo para um mais gravoso. A regressão do regime prisional tem previsão na própria Lei de Execução Penal 7.210/84. O Art. 118 da Lei de Execução Penal trata das hipóteses que ensejam a regressão de regime prisional, dentre as quais: - Prática de crime dolodo; - Prática de falta grave (Art. 50 – rol taxativo, p.ex: fulga, participação em rebelião etc.) - Nova condenação, cuja soma com a pena anterior torne incabível o regime atual. Remição (Art. 126, da lei): A remição consiste no resgate da reprimenda por meio do trabalho desenvolvido pelo condenado que esteja em regime fechado ou semi-aberto, à razão de para cada 3 dias trabalhados, será reduzido 1 dia da pena. Análise, do Art. 126, da lei: - A remição só é cabivel – se o indivíduo estiver cumprindo pena no regime fechado ou semi-aberto. - A remição (redução da pena), somente será declarada pelo juiz da Vara de Execução Penal. - A remição é considerada para – os efeitos de progressão de regime e liberdade condicional. Detraçao Penal (Art. 42, CP): É o desconto existente entre a pena fixada e o tempo já cumprido pelo condenado na prisão provisória no Brasil ou no exterior, tendo por finalidade evitar o “bis idem”. Art. 42 – “Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.” Espécies de Penas no Direito Brasileiro: 1. Pena Privativa de Liberdade (aula passada); 2. Pena Restritiva de Direitos; 3. Pena de Multa. 2. Penas Restritivas de Direitos: Pode surgir em substituição de uma pena privativa de liberdade, desde que, preenchidos os requisitos necessários para a sua aplicação. Requisitos Necessários para aplicação das Penas Restritivas de Direitos: - Só pode substituir uma pena de reclusão (crimes doloso), quando: a pena privativa de liberdade não ultrapassar 4 anos. Obs: Nos crimes culposos, admite-se a substituição para as penas restritivas de direitos, independentemente do prazo fixado na pena. - O condenado, não pode ser reincidente em crimes dolosos. - As circunstâncias do Art. 59, do CP – devem ser favoráveis. - Tempos de duração da pena restritiva de direitos, será igual ao tempo de duração da pena privativa de liberdade. Espécies de Penas Restritivas de Direitos: 1º Prestação Pecuniária: Segundo o texto legal, a pena de prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. Obs.: A prestação pecuniária não se confunde com a pena de multa. A prestação pecuniária se destina a vítima do crime, enquanto que a pena de multa será o Estado (Poder Público) beneficiário do valor recebido. 2º Perda de Bens e Valores: A outra pena restritiva de direitos é a perda de bens e valores pertencentes ao condenado, em favor ao Fundo Penitenciário Nacional, considerando-se como teto, o prejuízo causado pela infração penal ou o proveito obtido pelo agente ou por terceiro em conseqüência da prática do crime. A perda de bens e valores trata-se, mais uma vez, de medida inteligente, que terá um repressivo real. Retira-se do agente o benefício que obteve com ato delituoso, além de privá-lo da vantagem, diminui seu patrimônio e desestimula a reiteração. Isso é resultado da constatação de que a atividade criminosa não gera lucro, além de enfrentar seu poder econômico, servindo até para desconstituir uma eventual estrutura já existente para o cometimento dos ilícitos. 3º Prestação de Serviços à Comunidade: A prestação de serviços à comunidade é relacionada com o dever de prestar determinada quantidade de horas de trabalho não remunerado (serviços gratuitamente prestados) e útil para a comunidade durante o tempo livre, em benefício de pessoas necessitadas ou para fins comunitários. A pena de prestação do serviço à comunidade, somente poderá substituir uma pena privativa de liberdade com condenação superior a 6 meses. O tempo de prestação do serviço à comunidade será de 1 hora por dia. Sendo que, o condenado que tiver definida contra si uma pena privativa de liberdade superior a 1 ano, poderá cumprir mais que 1 hora por dia da pena de prestação do serviço à comunidade – tendo por finalidade encerrá-la em menor tempo, desde que não inferior à metade da pena originariamente imposta na sentença. 4º Interdição Temporária de Direitos: Enquanto as outras são genéricas, esta é específica, pois se aplica a determinados crimes, sendo de alcance preventivo especial quando ao afastar do tráfego motoristas negligentes e ao impedir que o sentenciado continue a exercer a atividade no desempenho da qual mostrou-se irresponsável ou perigoso, estará impedindo que se produzem as condições que poderiam, naturalmente, levar à reincidência. Por outro lado, é a única sanção que restringe efetivamente a capacidade jurídica do condenado, justificando, inclusive a sua denominação. As interdições temporários, previstas no Art. 47, incisos I e II, do CP, somente podem ser aplicadas nas hipóteses de crimes praticados com abuso ou violação dos deveres inerentes ao cargo, função, profissão, atividade ou ofício. É primordial que o delito praticado esteja diretamente relacionado com o uso do direito interditado. Ao contrário, a pena violaria o direito do cidadão de desenvolver livremente a atividade lícita que eleger, além de ser prejudicial à obtenção de meios para o sustento pessoal e de seus familiares. 5º Limitação ao Final de Semana: A limitação de fim de semana, consiste na obrigação de o condenado permanecer aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em “casa de albergado” ou em estabelecimento adequado, de modo a permitir que a sanção penal seja cumprida em dias normalmente dedicados ao descanso, sem prejudicar as atividades laborais do condenado, bem como a sua relação sócio-familiar. A finalidade desta, é impedir que os efeitos diretos e indiretos recaiam sobre a família do condenado, particularmente as consequências econômicas e sociais tem produzido grandes reflexos em pessoas que não devem sofre os efeitos da condenação ou seja, busca-se garantir o sagrado princípio da personalidade da pena. Só que é impossível a aplicação desta modalidade de pena, na imensa maioria das comarcas brasileiras, pela absoluta falta de local adequado para sua execução. Regras de Aplicação (Art. 44, p.2º, do CP): Se a pena privativa de liberdade for igual ou menor à 1 ano = o juiz pode aplicar uma pena restritiva de direito ou uma multa. Obs.: Nota-se, pela expressão “ou” – que é uma faculdade do juiz a opção. Já se a pena for maior que 1 ano = o juiz pode aplicar 2 restritivas de direitos ou 1 restritiva de direitos + multa. Art. 44 § 2º “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.” 3. Pena de Multa: O destinatário principal (beneficiário com o seu cumprimento): Poder Público (Estado). Espécies - Pena de Multa: 1º Aquela que já vem prevista no próprio tipo penal. 2º Vicariante ou Substitutiva: A multavicariante substitui a pena de prisão aplicada, ou seja, imposta como forma de substituir uma pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (1 ano). Cálculo da Pena de Multa – Etapas de Fixação: 1. O juiz análise a quantidade de dias-multa: A quantia fixada na sentença é calculada em dias-multa, sendo, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. 2. O juiz análise o valor de cada dia multa: O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes desse salário. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. Critério Trifásico do Cálculo de Pena: A pena deve ser aplicada de acordo com o critério trifásico instituído pelo art. 68 do CP. Art. 68 – “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do Art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.” 1ª Fase: Circunstâncias Judiciais (Art. 59, do CP): Define a pena base; 2ª Fase: Depois, examina-se a presença de agravantes e atenuantes (Arts. 61, 62,65 e 66, do CP); 3ª Fase: Por último, devem ser observadas as causas de aumento e de diminuição de pena (espalhas pelo Código). Obs.: A pena só pode ficar à quem do mínimo ou além do máximo, somente durante a última fase do critério trifásico, jamais na 1ª fase ou na 2ª fase. Concurso de Crimes: Ocorre quando o mesmo agente, por meio de uma ou mais ações ou omissões, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. O concurso de crimes pode ser material ou formal. Concurso Material: Ocorre quando há duas ou mais condutas (comissivas ou omissivas), que resultam em dois ou mais crimes, idênticos ou não. O concurso material pode ser: - Homogêneo: Quando os crimes decorrentes da conduta – forem os mesmos. Portanto, os crimes são idênticos (Ex.: roubo em duas datas diferentes). - Heterogêneo: Quando os crimes decorrentes da conduta – forem diferentes. Portanto, os crimes não são idênticos (Ex.: roubo seguido de estupro). Consequência: As penas são somadas (+ de todas as penas de cada crime) de acordo com o sistema da cumulatividade, conforme o Art. 69, p.1º e p.2º, do CP. Obs.: Se um dos crimes tiver preenchido os requisitos de direito, não caberá para os demais. Concurso Formal: Ocorre quando há uma única conduta (ação ou omissão) em uma pluralidade de crimes (2 ou mais crimes). Aplica-se uma única pena, aumentada de um sexto até a metade – tanto para a espécie: homogênea quanto heterogênea. O concurso formal se divide em: - Homogêneo: O juiz aplica a pena de um único crime, com o aumento de 1/6 até a 1/2, porque os crimes são idênticos com resultados iguais (Ex.: um acidente com várias mortes). - Heterogêneo: O juiz pega a pena mais grave, e aumenta de 1/6 até a 1/2, porque os crimes não são idênticos (Ex.: um acidente com uma morte e uma lesão corporal). Obs.: Nunca o resultado do concurso formal pode ser superior do que seria no concurso material. Caso isto ocorra – será imposto o concurso material benéfico.
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