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Direito Penal Prof. Leonardo Pantaleão Matéria: Crimes contra o Patrimônio 13/06/2011 Furto (Art.155, do CP): subtração de coisa alheia móvel. Art.155: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. Objetividade Jurídica: Apodenrar-se da coisa de modo definitivo. Elemento Subjetivo: Modo definitivo. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário, uma vez que não dá para subtrair algo que já é dele. Sujeito Passivo: É a pessoa que tem a posse ou a propriedade. Tipo Objetivo: Subtrair. Caso seja uma coisa perdida irá constituir o crime de apropriação indébita. No entanto, não se constitui crime na subtração de coisa de ínfimo valor, conforme o princípico da insignificância, conhecido também por bagatela. Ex.: Furtar uma caneta= valor pequeno. Furtar a tampa da caneta = não tem valor, sendo algo totalmente insignificante. Tipo Subjetivo: É imprescindível o dolo. Sendo, possível a tentativa em qualquer modalide de furto. Consumação: Quando a coisa é retirada da esfera de vigilância da vítima. Trata-se de crime material, que exige o desfalque (prejuízo) no patrimônio da vítima. A tentativa é admissível. Furto de uso: Não é crime, mas deve seguir as características de crime. O legislador não tipificou o furto de uso já que a intenção do agente não é de apoderar-se definitivamente da coisa, mas apenas fazer uso momentâneo e a seguir restituí-la ou repô-la imediatamente no local onde se achava, configurando-se assim, fato atípico. Exige-se, todavia, que a coisa seja devolvida nas mesmas condições, pois caso contrário reconhece- se o furto simples. Furto Noturno (Art.155,p.1º, do CP): É uma forma de aumento de pena. Art. 155, § 1º: “A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno”. Noturno: Ausência natural de luz solar. Sendo, imprescindível estar respousando para gerar um acréscimo de pena (justificativa – vulnerabilidade da vítima). Furto Privilegiado (Art. 155, p.2º, do CP): Art. 155, § 2º: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”. Características do furto privilegiado: O réu tem que ser primário e o objeto de pequeno valor no decorrer dos fatos. Obs.: Objeto de pequeno valor nao poderá ultrapassar o valor de 1 salário mínimo. Furto de Energia (Art. 155, p. 3º, do CP): Art. 155, § 3º: “Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. Regra: O crime de furto é instantâneo. Exceção: O furto de energia – é um crime permanente. O furto de energia não se restringe apenas ao furto de energia elétrica e sim ao furto de energia e afins, p. ex. bytes dentre outros relacionados a informática, bem como o furto da TV acabo. Furto Qualificado (Art. 155, p. 4º, do CP): Art. 155, § 4º: “A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas”. I – Ex.: Réu que quebra o vidro do carro para roubar o toca fita vai ter a pena maior do que se ele roubar o carro inteiro que caracteriza em furto simples. II – Está relacionado muitas vezes pelo meio utilizado do agente e não apenas o valor do bem subtraído. Ex.: Empregada doméstica que trabalha em uma casa aonde a patroa tranca todas as portas ao sair, não existe o vínculo de confiança. Já se a empregada e a patroa possui vínculo de confiança entre elas, p. ex. a patroa mostra aonde guarda suas jóias e dinheiro, pressupõe que confia na mesma, caracterizando o crime de furto qualificado, através da utilização do abuso de confiança. III – Fraude é diferente de furto qualificado, uma vez que visa obter algo iludindo a vítima. Já no furto qualificado o agente visa subtrair algo, utilizando-se da diminuição da vigilância da vítima que tem pelo bem. IV- Escalada. Obs.: Não associar escalada somente com escada. Ex.: Furto do Banco do Brasil, via túnel, caracteriza em um furto qualificado, mediante a utilização da escalada. V- Destreza = Habilidade do agente. Ex.: Furto Punguista (batedor de carteira), caracteriza um furto qualificado, pelo meio empregado da destreza. VI - Emprego de chave falsa, p.ex: grampo de cabelo. Obs.: Cópia de chave verdadeira – é verdadeira ou falsa? Resp. Verdadeira. Furto de Veículo Automotor (Art. 155, p.5º) Art.155,§ 5º: “A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior”. Este crime foi acrescentado no ordenamento jurídico, porque muitos agentes furtavam carro em outro Estado para levar a outro Estado diverso ou para o exterior. Furto de Coisa Comum (Art.156, do CP) Art.156: “Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa”. Sujeito Ativo: Sendo um crime próprio, só pode ser o condômino, co-herdeiro ou sócio. Ex.: Moradora de um condomínio subtrai um quadro da sala de espera. Sujeito Passivo: São os demais condôminos, co-herdeiros ou sócios, que não o agente, assim como terceira pessoa que tenha a posse legítima da coisa sobre a qual recaia o condomínio, a sociedade ou a herança. Exclusão do Crime (Art.156, p.2º, do CP): Art. 156, § 2º: “Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente”. Obs.: É imprescindível que esteja furtando quota parte que não lhe pertence (crime comum). Classificação do Crime de Furto: - Crime comum; - Crime de forma livre; - Crime material; - Crime instantâneo (exceto o furto de energia); - Crime de dano; - Crime plurissubsistente; - Crime unissubjetivo. Bem jurídico protegido = propriedade ou a posse da coisa. Se ocorrer o consentimento do indivíduo antes ou depois da conduta = o fato se torna atípico. Obs.: O ser humano não é coisa, mas é possível o furto de partes – como cabelo ou dentes, sempre com o intuito de lucro. Furto Famélico: Furto de alimento quando a pessoa está faminta e não tem recursos para arcar com a compra do alimento - não é crime. Como disciplina o Código Penal , em seu art. 23, o estado de necessidade que impõe à pessoa a praticar esta ação é considerado como excludente de ilicitude. Roubo (Art. 57, do CP): Art. 157: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”. Observa-se que o crime de roubo possui o mesmo verbo do crime de furto, “subtrair”, tendo por finalidade retirar da esfera de vigilância o objeto da vítima. A principal diferença entre furto e roubo é o emprego de violência ou grave ameaça utilizada pelo agente. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É o proprietário, possuidor ou detentor da coisa, bem como qualquer pessoa atingida pela violência ou grave ameaça. Se por um acaso eventualmente o bem não pertença a vítima (legítima proprietária), mas a detentora daquele bem. Tipo Objetivo: A conduta típica consiste em subtrair, empregando violência ou grave ameaça ou qualquer outro meio, que reduza a possibilidade de resistência da vítima. Distingue-se do furto qualificadoporque nele a violência é praticada contra a coisa e não contra a pessoa como no roubo. Obs.: Para o crime de roubo não há que se cogitar o princípio da insignificância. Não admite-se o roubo privilegiado. Diferença do Roubo e do Furto Qualificado: No crime de roubo a violência é contra a pessoa diretamente, enquanto que no crime de furto qualificado a violência é em relação ao obstáculo (escalada) que está impedindo a aquisição do objeto. Consumação: Quando a coisa é retirada da esfera de vigilância da vítima, ficando o agente na posse tranquila da coisa, ainda que passageira É admissivel a tentativa no crime de roubo. Roubo Próprio: É aquele em que à ameaça ou violência se dá concomitantemente com a subtração. Roubo Impróprio (Art. 157, p.1º, do CP): § 1º - “Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. É impróprio realizar a violência logo após a subtração, tendo o agente a idéia de assegurar a detenção do objeto subtraído, bem como a sua impunidade. Obs.: O termo “logo após” é o que caracteriza o crime de roubo impróprio. Obs.: As causas de aumento de pena servem tanto para o roubo próprio quanto para o roubo impróprio. Obs.: O crime de roubo é processado por uma Ação Penal Pública Incondicionada. Roubo Qualificado (Art. 157, p.2º, do CP): § 2º: “A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade”. Características: I – Observa-se que o Código Penal não específica o tipo de arma empregada pelo agente. O conceito de arma é amplo, abrangendo as armas próprias, destinadas de modo especial ao ataque e defesa, e também as armas impróprias, qualquer instrumento que possa lesar a integridade física, como barra de ferro, furador de gelo, estilete, etc. Arma de brinquedo qualifica ou não o roubo? Resp. Não qualifica mais – a Súmula 174/STJ foi derrubada, em favor do Recurso Especial/STJ 38.136. II – Concurso de Pessoas (duas ou mais pesssoas). III – O Estatuto Penal protege, aqui, aqueles que têm por ofício o transporte de valores. Valores são aqueles representados por dinheiro, ou qualquer outro bem valioso que se costuma transportar. Deve-se observar que o sujeito ativo deve conhecer a circunstância de o sujeito passivo estar em serviço de transporte de valores. Ex.: A vítima que transporta carro forte. IV – A subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Este inciso foi incluído pela Lei 9.426/96. V – Se o agente mantém a vítima em seu poder restringindo à sua liberdade – não é "sequestro-relâmpago", uma vez que para consumar a subtração não é necessário a restrição de liberdade da vítima. Ex.: Tranca no banheiro a vítima. Roubo com Resultado Lesão Corporal ou Morte - Latrocínio (Art.157, p.3º, do CP): § 3º: “Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa”. O crime de latrocínio trata-se de um crime contra o patrimônio, mesmo que exista o elemento morte, este tipo não será objeto de competência do Tribunal do Júri, uma vez que a eles compete julgar crimes dolosos contra à vida, conforme disposto na súmula 603, do STF. Súmula 603: “A competência para o processo e julgamento do latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri”. A consumação e a tentativa no latrocínio só é pacífica em duas situações: quando há morte e subtração consumadas, há o latrocínio consumado; quando há morte e subtração tentadas, há latrocínio tentado. Súmula 610: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a sutração de bens da vítima”. Classificação: - Crime comum; - Crime de forma livre; - Crime material (conforme a doutrina tradicional), porém o STJ e o STF já proferiram posicionamento que trata-se de um crime formal. Obs.: Segundo, o Prof. devemos adotar que trata-se de um crime material. - Crime instantâneo; - Crime plurissubsistente; - Crime de dano; - Crime unissubjetivo. Extorção (Art. 158, do CP): Art. 158: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”. O núcleo do crime de extorção é contranger, bem como sendo sinônimo de exigir. Obs.: Trata-se de um crime pluriofensivo, pois atinge o patrimônio e a integridade física e a liberdade individual Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É qualquer pessoa sujeita a violência ou grave ameaça e que deixa de fazer ou tolera que se faça algo ou ainda que sofra prejuízo econômico. Tipo Objetivo: A conduta típica consiste em constranger (forçar, coagir, compelir) a vítima mediante violência ou grave ameaça capaz de intimidá-la. No crime de extorsão a exigência tem que ser indevida (sem justificativa nenhuma). Caso a exigência seja justa, afasta a extorsão, mediante sequestro, caracterizando o crime de exercício arbitrário das próprias razões. Tipo Subjetivo: É o dolo (existe a intenção). Consumação: Ocorre com o comportamento positivo ou negativo da vítima fazendo, deixando de fazer, ou tolerando que se faça algo. Não é necessário para a consumação a obtenção de indevida vantagem econômico pelo agente. A tentativa é admissível. Obs.: No crime formal ele se consuma independentemente do resultado. A extorsão é processda pela Ação Penal Pública Incondicionada. Extorsão Qualificada (Art.158, p. 1º, 2º e 3º, do CP): § 1º - “Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”. 1º O emprego de arma imputa maior temor à vítima, diminuindo-lhe a capacidade de resistência. Arma, deve-se salientar, não é apenas aquele instrumento destinado ao ataque ou à defesa (arma própria), mas também qualquer outro instrumento que possa ser utilizado com o fim de diminuir a capacidade de resistência da vítima (arma imprópria). O emprego de arma, mesmo que não efetue disparo, propicia ao agente maior êxito na ação delituosa, acentuando a gravidade do injusto, bastando, pois, que o sujeito ativo porte a arma ostensivamente, isto é, não é preciso que faça uso da arma. 2º Aplica-se-à extorsão praticada mediante violência o disposto no p.3º do artigo anterior. 3º Deve-se, contudo, tomar cuidado com o erro quanto à pessoa (artigo 20, p.3º): se o agente, pretendendo matar a vítima, acabar matando o co-autor, responde pelo crime de extorsão qualificada, como se tivesse atingido quem realmente queria atingir. Obs.: O sequestro-relampago se enquadra no p.3º, do CP. Obs.: Se ocorrer a morte – pena é de 24 a 30 anos, bem comoenquadrando-se como crime hediondo (Art.1º,III, Lei 8.072/90). Principais diferenças entre Roubo e Extorsão: Na extorsão é exigida a vantagem indevida (interesse daquela vantagem), enquanto que no roubo é subtrair. Obs.: A violência ou a grave ameaça – constitui um meio. Diferentemente, do roubo, a extorsão não pode ser praticada mediante a violência imprópria. Classificação da Extorsão: - Crime comum; - Crime de forma livre; - Crime instantâneo; - Crime plurissubsistente; - Crime unissubjetivo; - Crime de dano; - Crime material (conforme a doutrina tradicional), porém conforme posicionamento do STJ e do STF trata-se de um crime formal. Obs.: Na prova deve-se adotar que trata-se de um crime material. Sequestro X Cárcere Privado: Sequestro: Se dá com a restrição da liberdade da vítima, através do confinamento. Cárcere Privado: O agente mantém a vítima em local restrito, através de um enclausuramento. O crime de extorsão mediante sequestro – abrange o sequestro e o cárcere privado. Extorsão Mediante Sequestro (Art. 159, do CP): Art. 159: “Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena: reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos”. Os bens jurídicos tutelados são o patrimônio do indivíduo, a liberdade pessoal e a integridade física e psíquica da pessoa. Verifica-se, de plano que se trata de modalidade especial do delito de extorsão: muda-se o verbo constranger pelo verbo sequestrar, de modo que a finalidade é a mesma: obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica. De se ressaltar que tal vantagem serve como condição ou como preço do resgate do sequestrado. Na extorsão mediante sequestro o momento consumativo ocorre com o sequestro da vítima, de modo que se torna desnecessária a obtenção de indevida vantagem econômica, de modo que é suficiente que seja insinuada. Para haver, efetivamente, o sequestro, é preciso que o agente atue com a intenção de sequestrar, ou seja, é necessária a presença do dolo específico de privar a pessoa de sua liberdade. O crime de extorsão mediante sequestro é um crime hediondo. Trata-se de um crime complexo, pois ocorre a fusão da extorsão – sequestro e cárcere privado. Obs.: O sujeito passivo tem que ser um ser humano, pois se for um animal – cai em um crime de extorsão (e não extorsão mediante sequestro). Este crime só é admitido na forma dolosa (admite-se a tentativa). Este crime é processado por uma Ação Penal Pública Incondicionada. Formas Qualificadas da Extorsão Mediante Sequestro (Art. 159, p.1º,2º e 3º, do CP): § 1º - “Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos”. Delação Premiada (Art. 159, p.4º, do CP): § 4º - “Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”. A delação premiada também é prevista em crimes hediondos, conforme o Art. 7º, da Lei 8.072/90. Obs.: É imprescindível que haja a facilitação. Extorsão Indireta (Art. 160, do CP): Art. 160: “Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”. Obs.: A extorsão indireta é sinônimo da chantagem. Sendo que, a pena é menor do que a extorsão propriamente dita, uma vez que a vítima deu causa para a sua ocorrência. A extorsão indireta ocorre quando o sujeito ativo exige (ordena) ou recebe (aceita), como garantia de dívida, abusando da situação do sujeito passivo, um documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra o próprio sujeito passivo ou contra terceiro. O delito em tela tem dois momentos consumativos, a depender do verbo do tipo que é praticado. Se o agente exigir que a vítima lhe dê, como garantia de dívida, um documento, a simples exigência já é apta para consumar o delito de extorsão indireta, de modo que a entrega de documento é mero exaurimento da consumação. Se o agente receber documento como garantia de dívida, a consumação só ocorrerá com a entrega do documento. Classificação do Crime de Extorsão: - Crime comum; - Crime de forma livre; - Crime formal; - Crime permanente; - Crime plurissubsistente; - Crime de dano; - Crime unissubjetivo. Apropriação Indébita (Art. 168, do CP): Art. 168: “Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. Para que se configure este delito é necessário que inicialmente o agente receba a posse ou detenção lícita da coisa sem ter ainda o propósito de cometer o crime. Mas quando está na posse inverte o ânimo em relação a coisa e não a restitui, passando à agir como se fosse dono. Ex.: Empresta o carro para um conhecido, que por sua vez o recebe de forma lícita, mas quando o proprietário decide busca-lo devolta, o conhecido por sua vez não o devolve. A posse lícita (legítima) é convertida para a posse ilícita (propriedade ilegítima). Ex.: Depósito errado. Ex.: Locadoras de DVDs. Consumação: Consuma-se quando o agente dispõe da coisa como se fosse sua (crime material). Obs.: Tem certa semelhança com o furto, porém o agente já possui a posse da coisa, não precisando subtraí-la. Formas Qualificadas (Art. 168, p.1º, do CP): § 1º: “A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão”. Pressuposto: Quebra da confiança (inversão do animus da posse). Requisito: -Entrega voluntária do bem pela vítima. - Posse desvigiada. - Boa-fé do agente ao tempo do recebimento do bem e sua posterior modificação. Elemento subjetivo – dolo. Em tese admite-se a tentativa Obs.: Apropriação indébita de uso e furto de uso = são impuníveis. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (na forma genérica do “caput”). Já nas modalidades previstas no p.2º - o agente tem que estar necessariamente envolvido com um negócio. Ex.: Para receber vantagem da seguradora o agente precisa ser um segurado. A apropriação indébita é processada pela Ação Penal Pública Incondicionada. Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168 – A, do CP): Art. 168-A: “Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo é forma legal ou convencional: Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa”. Foi acrescentada pela Lei 9.983/00, visando tutelar os benefícios da previdência social. Extinção da Punibilidade (Art. 168 –A, p.2º, do CP): § 2º: “É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuiç6es, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do inicio da ação fiscal.” É uma exceção do arrependimento ao crime consumado posterior. Perdão Judicial ou Pena Exclusivamente de Multa (Art. 168 – A – p.3º, do CP): § 3º - “É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II - o valor da contribuição devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais”. A caracterísitica principal é que o agente seja primário. Apropriação de Coisa Achada (Art.169, parágrafo único, II, do CP): II – “Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias”. Obs.: Coisa abandonada não é crime. Classificação: - Crime comum; - Crime material; - Crime de forma livre; - Crime unissubjetivo; - Crime plurissubsistente; - Crime instantâneo. Estelionato (Art. 171, do CP): Art. 171: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa”. Vale a ressalva de que, para que exista o delito de estelionato, faz-se mister a existência dos quatro requisitos citados no artigo acima mencionado: obtenção de vantagem, causando prejuízo a outrem; para tanto, deve ser utilizado um ardil, induzindo à alguém a erro. Se faltar um destes quatro elementos, não se completa tal figura delitiva, podendo, entretanto, formar-se algum outro crime. Ex.: Alguns crimes comuns que são enquadrados como estelionato são o golpe do bilhete premiado e o golpe do falso emprego. O estelionato é capitulado como crime de cunho patrimonial. Tipo Objetivo: para a sua configuração é necessário: 1. Emprego pelo agente de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento; 2. Induzimento ou manutenção da vítima em erro; 3. Obtenção de vantagem patrimonial ilícita, pelo agente; 4. Prejuízo alheio; Diferenças de furto mediante fraude com estelionato: No furto mediante fraude a vítima diminui a vigilância de um bem e o agente o furta. Já no estelionato a vítima entrega o bem voluntariamente ao agente em decorrência da fraude empregada pelo agente. Ex.: manobrista. Apropriação indébita com estelionato: No estelionato, o dolo do agente é anterior à posse ou detenção da coisa, sendo o meio fraudulento utilizado para propiciá-la. Na apropriação indébita, ao contrário, o agente recebe a coisa de boa-fé, resolvendo dela apropriar-se, oportunidade em que inverte o animus da posse anteriormente legítima. Estelionato Privilegiado (Art. 177, p.1º, do CP): § 1º: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no Art. 155, § 2º”. Se o réu é primário ou o prejuízo é de pequeno valor permite-se a substituição da pena de reclusão pela pena de detenção, redução de 1/3 a 2/3 ou multa. Diz-se de pequeno valor o prejuízo que não excede o valor de um salário mínimo. Estelionato Qualificado (Art.171, p.3º, do CP): § 3º: “A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência”. Para as causas de aumento da pena – a vítima deve ser: Entidade de Direito Público; Instituto de Econômia Popular; Associação; Beneficiente. Obs. Emitir cheque dolosamente sem previsão de fundos é estelionato. STF Súmula nº 521 - Competência - Processo e Julgamento - Estelionato - Cheque Sem Fundos: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.” Para cheque sem fundo – previsão na súmula 48/STJ. STJ Súmula nº 48 - Competência - Juízo - Estelionato – Cheque: “Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.” Se o agente falsificar para praticar o estelionato – o crime de estelionato absorve a falsificação. STJ Súmula nº 17 - Estelionato - Potencialidade Lesiva: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.” Princípio da consunção, conhecido também como princípio da absorção, é um princípio aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência, de acordo com tal princípio o crime mais grave absorve o crime menos grave. Ex.: Falsificação de documento para praticar estelionato. Se o crime de falsificação for um crime meio para concretizar um crime fim (estelionato). Obs.: Clonagem de cartão de crédito: é um crime de furto, pois o crime de estelionato exige-se uma vítima certa e determinada. Obs.: Cola eletrônica (ponto de escuta em prova): é um fato atípico, não é estelionato. A reparação do dano, não apaga o crime de estelionato, tendo como consequência apenas o benefício do arrependimento posterior. Classificação do Estelionato: - Crime comum; - Crime de forma livre; - Crime material de duplo resulatdo (vantagem indevida e dano à vítima); - Crime instantâneo; - Crime de dano; - Crime plurissubsistente; - Crime unissubjetivo. Competência: Regra: Justiça Estadual; Exceção: Justiça Federal (ex.: Crime praticado contra a Caixa Econômica Federal).
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