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Direito do Trabalho Prof. Andre Veneziano Matéria: Da Rescisão (Extinção do Contrato de Trabalho) – Aviso Prévio, Modalidades de Rescisão, Verbas Rescisórias e Burocracias da Rescisão. 29/06/2011 Da Rescisão: - Aviso Prévio; - Modalidades de Rescisão; - Verbas Rescisórias; - Burocracia da Rescisão do Contrato de Trabalho. Análise do Aviso Prévio (Art. 487, da CLT e Art. 7º, XXI, da CF): É o ato que deve ser praticado pela parte que deseja rescindir o vínculo contratual, tendo por finalidade impedir que a outra parte seja colhida de surpresa, possibilitando ao empregado arrumar outro emprego e ao empregador recolocar outro profissional no lugar daquele que pretende se desligar da empresa. Portanto, o aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa. O aviso prévio só é cabível nos contratos de trabalho regidos por prazo indeterminado, pois as partes não sabem quando ele será rescindido, razão pela qual devem ser avisadas quando existir o desejo de uma das partes de encerra-lo. Prazo: O Art. 7º, XXI, da CF, unificou o prazo mínimo do aviso prévio para 30 dias. Art. 7º XXI – “Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.” O aviso prévio pode ser indenizado (substituído o cumprimento do trabalho, por prazo de 30 dias) pelo pagamento. Se o empregado pedir demissão, ele terá que avisar o empregador com 30 dias de antecedência ou pagar o restante do período correspondente. Obs.: Reciprocidade – tanto o trabalhador faz jus ao aviso prévio, como o empregador, conforme o Art. 487, p.1º e p.2º, da CLT. Art. 487 § 1º “A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. § 2º A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.” Reconsideração: É facultativo à parte notificante propor a reconsideração do aviso prévio (desistir de encerrar o contrato), e, à notificada tem o direito de aceitar ou não a reconsideração. Em caso positivo, ou continuando a prestação de serviço após o término de prazo de aviso, o contrato continuará a vigorar plenamente como se o aviso prévio não tivesse sido dado. Nota-se, que a reconsideração depende necessariamente – da aceitação. *Redução da Jornada: No curso do aviso prévio (30 dias) haverá uma redução da jornada de 2 hrs por dia ou 7 dias corridos (opção do empregado), no caso de dispensa. Este direito é destinado ao empregado dispensado, facilitando a busca para arrumar outro emprego. Posto isto, quando o empregado pedir para sair do emprego (pedido de demissão), ele não recebe a redução da jornada. *A falta grave cometida no curso do aviso prévio, enseja à dispensa com justa causa, exceto na ocorrência do abandono de emprego (posição do TST). Obs.: O abandono de emprego – não será caracterizado como uma conduta de falta grave. O tempo do aviso prévio é computado como tempo de serviço para todos os efeitos de cálculos trabalhistas (verbas rescisórias), ainda que, o aviso prévio tenha sido indenizado. Modalidades de Rescisão: Resilição: É o término do contrato sem motivo. Na esfera trabalhista temos resilição, por: - Dispensa sem justa causa (o empregador manda embora o empregado, por motivos pessoais); - Demissão (o empregado pede para sair do emprego); - Distrato: PDV (pedido de demissão voluntário – quando as duas partes fazem um acordo, para finalizar o contrato). Resolução: É a decisão com motivo (motivada). Na esfera trabalhista temos resolução, por: - Dispensa com justa causa (culpa do empregado); - Rescisão indireta, também denominada por despedida indireta (culpa do empregador); - Culpa recíproca (culpa da ambos). Além destas modalidades de rescisão, existem outros tipos de término do contrato, são eles: - Por força maior (Art. 501, da CLT): Trata-se de um evento superior as forças do empregador, pelo qual ele não contribuiu, ocasionando o rompimeno do contrato de trabalho. Exs.: Incêndio, inundação que inviabilize o prosseguimento da atividade empresarial etc. Obs.: Não precisa ser necessariamente um evento da natureza para a caracterização da rescisão do contrato por força maior, p.ex: “apagões” (problemas na rede de transmissão de energia), ocasionam problemas para as empresas que contém produtos refrigerados. Art. 501. “Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direita ou indiretamente.” - “Factum Principis”: É a situação em que, por ato da Administração Pública, há a impossibilidade da execução dos contratos – por interesse público do Estado. Neste caso, a indenização passa a ser de responsabilidade do Poder Público (Estado). - Contrato à Prazo: Atingido o termo final, o contrato será rescindido (extinto). - Morte do Empregado: Com a morte do empregado, o contrato de trabalho é extinto, em razão do contrato ser firmado no “intituitu personae”, todavia as verbas rescisórias serão devidamente pagas aos herdeiros. - Morte do Empregador: A empresa (pessoa jurídica) continua existindo normalmente, porém se a firma for individual – é facultado (pode) o empregado rescindir o contrato, conforme o Art. 483, p.2º, da CLT. Art. 483 § 2º “No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregador rescindir o contrato de trabalho.” *Obs.: Na lei do doméstico, quando ocorrer a morte do empregador – é considerado extinto o contrato (rescisão contratual). Análise da Falta Grave (Art. 482 e Art 483, da CLT – além destes artigos existem outros esparsos na CLT): - A falta grava tem esta prevista em lei (rol taxativo); - A punição tem que ser atual (imediata); - 1 falta = 1 pena (vedado o “bis in idem”); - Presença de nexo de causalidade. Falta Grave do Empregado (Art. 482, da CLT): - Desídia do empregado no desempenho das respectivas funções: Desídia significa desleixo, preguiça, descuido, má vontade, desatentação. Obs.: Esta desídia tem que ser habitual. - Improbidade: Ímprobo é aquele que não é honesto, ou seja, é o trabalhador que age com má-fé, dolo, malícia etc. Para o conceito trabalhista, improbidade é a manifestação desonesta do empregado que constitui atentado ao patrimônio, ou mais precisamente, aos bens materiais. - Embriaguez: A embriaguez é a violação específica de execução do contrato de trabalho, motivada pelo uso de bebida alcoólicas ou substâncias tóxicas – bastando uma única vez no serviço para ser configurada. A embriaguez fora do serviço tem que ser habitual para ser configurada. Obs.: A dependência química não deve ser punida, mas tratada, conforme o consenso da jurisprudência. - Insubordinação: É o descumprimento de ordens diretas e pessoais. - Indisciplina: É o descumprimento de uma ordem geral. - Ofensa física ou a honra: De superior hierarquico (onde quer que seja – dentro ou fora da empresa); ou de colega do trabalho dentro da empresa (podem discutir fora da empresa). - Incontinência de conduta: É o desregramento de comportamento ligado à vida sexual (fato ligado a sexo). Ex.: Exibição de fotografias pornográficas no ambiente de trabalho, inclusive a troca de e-mails pornográficos. Faltas do Empregador (Art. 483, da CLT): - Exigir do empregado serviços alheios ao contrato: São tarefas que o empregado não esteja obrigado por força do contrato que celebrou. - Exigir do empregado serviços contrários aos bons costumes (ferindo a moral) ou proibidos em lei: Enseja em indenização por danosmorais. - Expor o empregado à perigo. - Ofender a honra ou fisicamente o empregado. Verbas Rescisórias: - Salário: Se houver um saldo (um período que não foi pago); - Férias Integrais (quando o empregado tiver mais de 12 meses trabalhados); *Obs.: O salário e as férias – são devidos em todas as modalidades de rescisão, inclusive na justa causa, uma vez que geram direitos adquiridos ao empregado. - Férias Proporcionais: 1/12 por mês ou fração de 15 dias; - 13º Salário: 1/12 por mês ou fração de 15 dias. *Obs.: As férias proporcionais e o 13º salário – não são devidos na dispensa por justa causa, ou seja, nas demais modalidades de rescisão elas são devidas. - Aviso Prévio: É devido pela parte que desejar rescindir o contrato, por prazo indeterminado. - Multa de 40% do FGTS: É devida quando o empregador dispensa sem justa causa. *Na culpa recíproca e na força maior – a indenização será devida pela metade. *No fato do príncipe – o Estado pagará a indenização. *O prazo para pagamento das verbas rescisórias está no Art. 477,p.6º e a multa por atraso no Art. 477, p.8º, ambos da CLT. Prazos de Pagamentos Rescisórios: Havendo extinção do contrato de trabalho, o pagamento das parcelas rescisórias, qualquer que seja o tempo de serviço do empregado na empresa, deverá ser efetuado nos seguintes prazos: - Até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, quando do cumprimento do aviso prévio; - Até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, sua indenização ou dispensa de seu cumprimento. Art. 477 § 6º “O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.” Obs.: O prazo para o pagamento das parcelas rescisórias independe do tempo de serviço do empregado na empresa, o qual só irá influir na obrigatoriedade, ou não, de homologar tal rescisão. Inobservância dos prazos – Multa do Art 477, p.8º, da CLT. Quando o empregador não observar os prazos fixados por lei a quintação dos direitos trabalhistas resultantes da rescisão contratual (qualquer que seja a forma de desligamento), responde por uma multa de um salário (corrigido pela variação da UFIR) em favor do trabalhador demitido, bem como à multa de 160 UFIR, por trabalhador, em favor da União (multa administrativa). Obs.: A multa não é de um salário mínimo, mas correspondente ao valor equivalente ao salário percebido pelo empregado. Art. 477 § 8º “A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.”
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